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14/09/2021
O direito das obrigações apoia-se em duas bases, o direito constitucional e o direito civil. Este
direito é um dos quatro ramos do direito civil, e é o primeiro a ser lecionado apos a parte geral
do Código Civil.
O Direito das Obrigações é então sinonimo do Direito de Créditos uma vez que o direito das
obrigações é o conjunto das normas jurídicas que regulam as relações de crédito, sendo que
estas relações têm, de um lado, um sujeito designado de credor que é titular de um direito
subjetivo, e por outro lado, um sujeito passivo que é designado por devedor e a Este é atribuído
um dever de prestar. Assim, temos um sujeito ativo (o credor) que é titular de um direito
subjetivo, e temos depois um sujeito passivo (o dever) que possui o dever de prestar.
É este dever de prestar que torna específico o direito das obrigações em relação ao esquema
geral, distinguindo a relação jurídica obrigacional de outras relações jurídicas (como as reais,
entre outras). O direito das obrigações vai se dedicar o estudo de todas as relações de crédito
encontrando soluções para as mesmas.
As fontes das obrigações são o facto constitutivo (jurídico) da relação jurídica obrigacional. São
elas então:
1. Contratos;
2. Negócios jurídicos unilaterais;
3. Gestão de negócios;
4. Enriquecimento sem causa;
5. Responsabilidade civil.
A matéria de direito das obrigações está consagrada no Livro II do Código Civil, entre os
artigos 397º e 1250º do mesmo. As obrigações constituem uma matéria que é também regulada
por outras disciplinas jurídicas, como por exemplo o direito comercial.
As obrigações constituem uma rede importante de vínculos jurídicos que protegem não só a
vida em sociedade, como também a vida económica, disciplinando a alienação, a oneração e a
circulação de serviços e bens, assim como a regulação do funcionamento e organização das
sociedades, a prevenção de riscos individuais capazes de afetarem a economia pessoal, familiar
ou de empresa (por exemplo, contrato de seguro ou arrendamento), a reparação patrimonial dos
danos sofridos em consequência da violação de um contrato, caso haja violação de direitos
absolutos, entre outros aspetos.
Analisando qualquer relação jurídica obrigacional de forma isolada (por exemplo, a relação do
comprador de um bem e o vendedor quanto à entrega do preço) verifica-se que a obrigação se
vai traduzir no sacrifício que é imposto a uma das partes (comprador) a fim de proporcionar
uma vantagem patrimonial à outra (credor) sob pena de uma culminação de sanções próprias da
respetiva matéria. Coloquemos agora duas situações:
Imaginemos que A atropela B, com ou sem culpa, e causa danos B.
Imaginemos ainda que C, trabalhador, fere-se gravemente enquanto trabalhava na
fábrica de D.
Se A e D forem considerados responsáveis, e, por conseguinte, tiverem de indemnizar B e C,
respetivamente, isso significa que a lei, através do instituto da responsabilidade civil, esta a
impor a A e D um sacrifício patrimonial que diz respeito à entrega da soma correspondente ao
dano, com o fim de proporcionar a estes uma vantagem patrimonial.
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Direito das Obrigações
O direito das obrigações não pode ignorar a autonomia da vontade (autonomia privada),
destacando-se ainda o facto deste direito se caracterizar pela estabilidade no tempo e
uniformidade no espaço, uma vez que o direito das obrigações, de modo geral e
comparativamente aos outros ramos, é o ramo jurídica que tem vindo a sofrer menos alterações
ao longo do tempo. É também o ramo jurídico com menos influencias, como as religiosas ou
políticas.
No direito das obrigações temos três princípios fundamentais – o princípio da autonomia da
vontade, o princípio da boa-fé, e o princípio da proteção da parte mais fraca. O princípio da boa-
fé ganhou mais amplitude a partir de 1966, sobretudo no que se refere à formação e preparação
dos contratos (artigo 227º) e na questão do cumprimento da obrigação e respetivo exercício
desse direito (artigo 762º). Com a reforma de 1966, passou também a existir condenação
explicita do abuso do direito e deu-se a importância ao dever de restituir em todas as situações
do enriquecimento sem causa (artigo 334º), dando-se também reconhecimento às obrigações
naturais como figura de caracter geral, assim como a introdução da questão da resolução ou
modificação do contrato por alteração anormal das circunstancias (artigo 437º e seguintes),
houve também o alargamento do âmbito de aplicação dos negócios usuários.
O direito subjetivo é a faculdade de exigir de outrem um determinado comportamento, positivo
ou negativo. Este direito, na sua concessão ampla, divide-se em direito subjetivo propriamente
dito e direito potestativo, neste último, o sujeito passivo está apenas num estado de sujeição.
O dever jurídico é a necessidade imposta pelo direito a uma pessoa, de observar determinado
comportamento, sendo assim uma ordem ou comando. Normalmente, no dever jurídico, a
exigência da sua realização é acompanhada de uma culminação, e este é tutelado por essa
sanção por motivos de interesse da coletividade, interesses do estado, interesses de uma
generalidade de pessoas ou de um conjunto determinado. Este dever jurídico corresponde
sempre a um direito subjetivo.
Na relação jurídica obrigacional, o sujeito ativo possui um direito subjetivo que se traduz num
direito à prestação e, do lado do sujeito passivo, há uma restrição, pois o sujeito passivo da
relação obrigacional tem o dever específico de prestar, de modo a satisfazer a vantagem
patrimonial do credor.
O direito potestativo é a faculdade que o sujeito ativo tem de produzir certos efeitos jurídicos
mediante a declaração de vontade, normalmente o exercício desta faculdade é feito por via
judicial, sendo deste modo diferente do dever jurídico.
O ónus jurídico consiste na necessidade de observância de determinado comportamento com o
fim de obtenção ou manutenção de uma vantagem para o próprio onerado.
Conceito de obrigação – artigo 397º do Código Civil - «é o vínculo jurídico por virtude do qual
uma pessoa fica adstritiva à realização de uma prestação»
Diz-se obrigação a relação jurídica por virtude da qual uma ou mais pessoas pode exigir à outra
a realização de uma prestação. (Manuel Andrade)
21/09/2021
Distinção entre relação jurídica obrigacional una/ simples e relação jurídica obrigacional
complexa/ múltipla:
Uma relação jurídica em geral é una ou simples quando corresponde ao direito subjetivo do
sujeito ativo e ao respetivo dever jurídico ou estado de sujeição do sujeito passivo. É constituída
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
Há duas características que os direitos reais possuem e que não existem nos direitos
obrigacionais – a prevalência e a sequela. O que significa que, como o próprio nome indica, no
direito de preferência o titular do direito real irá prevalecer sobre os direitos obrigacionais.
A sequela é outra característica, e esta confere ao titular do direito real a possibilidade de
perseguir a coisa onde quer que ela se encontre, mesmo que já esteja na posse de outro sujeito.
As prestações quanto ao objeto podem ser prestação de facto – só têm um objeto imediato, que é
a prestação em si mesmo – e as prestações de coisa – tem um objetivo imediato, que é a
prestação, e um objeto mediato, que é a própria coisa que deve ser prestada ao credor.
No direito das obrigações, o princípio fundamental é o da autonomia da vontade, que se traduz
na liberdade das partes celebrarem ou não u determinado negócio jurídico, e na liberdade da
delimitação do conteúdo jurídico da relação obrigacional [artigo 398º n.1 do Código Civil].
Nos direitos reais vigora o princípio da tipicidade e taxatividade do conteúdo, o que significa
que só existem os direitos reis previstos na lei, e embora as partes tenham a liberdade de
constituir esses direitos, elas não podem alterar o conteúdo.
Em relação à publicidade social típica, não existe nos direitos de crédito as chamadas garantias
naturais ou organizadas de forma ou substância ligadas à constituição dos direitos reais.
Direitos Pessoais de Gozo:
Os direitos pessoais de gozo possibilitam ao seu titular o gozo (uso e a fruição) direto e
autónomo de determinada coisa. Por exemplo, são entendidos como direitos pessoais de gozo a
situação do contrato de locação (arrendamento) pois atribui ao arrendatário a possibilidade de
usar e fruir da coisa, no caso, do imóvel.
A posição maioritária é a de que os direitos pessoais de gozo são direitos relativos, pois só tem
eficácia entre o senhorio e o arrendatário, ou seja, interpartes, e se forem violados apenas
originam responsabilidade contratual.
De acordo com Andrade Mesquita, que confira os direitos pessoais de gozo, ele defende que
estes são constituídos por um núcleo central que é constituído pelo direito de retirar certas
utilidades da coisa, e uma a zona periférica é constituída pelas obrigações positivas ou negativas
que são indispensáveis à constrição e ao exercício do núcleo central. Por exemplo, o núcleo será
a fruição de coisa arrendada, e a zona periférica engloba o poder do arrendatário exigir da
senhoria determinados comportamentos positivos (realização de obras) e determinados
comportamentos negativos (exigir que pratique determinados atos que impeçam o gozo da
coisa).
Artigo 407º do Código Civil – Numa primeira teoria vai prevalecer o contrato que foi celebrado
em primeiro lugar, portanto o contrato de arrendamento celebrado em janeiro, mesmo que a
pessoa só tenha que ir para lá habitar depois, vai prevalecer um contrato de arrendamento
celebrado primeiro lugar.
Numa segunda teoria, em primeiro lugar só a partir do cumprimento é que nasce o direito
pessoal de gozo em sentido estrito e não à data em que ele é constituído.
Nota: O direito das obrigações, o direito da família e direito das sucessões: no âmbito do direito
da família vão nascer obrigações. No direito da família, as suas normas, ao contrário do que
acontece com o direito de todas as obrigações, que é um direito essencialmente patrimonial,
algumas das normas do direito da família são formadas conforme a sociedade. Nas sucessões
também vão nascer relações jurídicas obrigacionais, por exemplo a obrigação que vai recair
sobre o cabeça de casal ou as obrigações que estão relacionadas com os encargos da herança.
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Direito das Obrigações
28/09/2021
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Direito das Obrigações
A parcialidade ativa é quando um do credor só pode exigir ou manter a parte que lhe compete
no crédito.
A parcialidade passiva é quando cada um dos devedores só responde pela parte que lhe
compete como devedor.
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Direito das Obrigações
sentido unitário da prestação. Neste tipo de obrigação, cada um dos credores pode exigir a
totalidade do crédito, e cada um dos devedores pode responder pela totalidade do debito.
Exigência da Prestação
Artigo 528º n.2 do Código Civil – Há situações em que o devedor demandado pode prestar a
cada um dos credores a parte que lhes cabe no crédito comum ou satisfazer a algum dos outros
credores a prestação com dedução da parte do demandante.
Imaginemos que há uma impossibilidade de realizar a prestação por facto imputável ao devedor:
de acordo com o artigo 529º do Código Civil vai se manter a solidariedade relativamente à
obrigação de indemnizar.
Artigo 332º do Código Civil – Formas de satisfazer o direito de crédito a um dos credores.
Artigo 530º do Código
Civil – A prestação de um
dos créditos pode ser
invocada pelo devedor
comum em fase dos
demais credores.
Artigo 512º n.1, 1ª parte do Código Civil – é a definição dos efeitos da solidariedade passiva.
Artigo 813º do Código Civil – A situação em que o um devedor quer realizar a liquidação total
da divida, em que todos os outros devedores iriam sair favorecidos, leva o devedor a entrar em
mora.
Artigo 516º do Código Civil – a cada devedor ou credor solidário correspondem partes iguais na
divida ou no crédito.
Artigo 649º do Código Civil – exemplo de solidariedade passiva legal, o caso dos fiadores.
Quanto ao caso julgado que existe entre o credor e um dos devedores, de acordo com o artigo
522º do Código Civil, não é oponível aos restantes. O objetivo deste artigo consiste em evitar
que os codevedores não acionados sofram os efeitos da negligencia do demandado ou até
situações de simulações ou fraude com o credor.
Quanto à prescrição, no caso dos débitos do devedor, em regra, e conforme o artigo 521º do
Código Civil, não aproveita aos restantes, portanto temos uma situação em que a prescrição
corre autonomamente em relação a cada um dos codevedores.
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Direito das Obrigações
Caso Prático:
O António é credor do Belmiro, do Carlos, do Daniel e do Eduardo, por uma dividida comercial
de 200 mil €. O António exigiu judicialmente o pagamento ao Belmiro, sendo que este foi
condenado, mas o credor não viu judicialmente satisfeito o seu crédito uma vez que o Belmiro,
entretanto ficou insolvente. Na celebração deste contrato de empréstimo ficou estipulado que os
devedores respondiam solidariamente pela divida.
1. O António pretende agora obter o pagamento do Carlos, será que o pode fazer?
2. E se Carlos vier a pagar aquela quantia, que direitos terá em relação aos outros
devedores? Sabendo que o Daniel era menor à data da celebração do contrato que
resultou a divida.
Resolução:
Classificar a obrigação:
obrigação plural uma vez que tem mais do que dois sujeitos da relação jurídica
obrigacional;
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Direito das Obrigações
2. Efeitos internos [relações internas] da solidariedade passiva – Carlos pode exigir aos outros
devedores a parte que cada um deveria pagar, pois foi Carlos que pagou a totalidade da
prestação [200 mil €] com base no direito de regresso – artigo 516º do Código Civil –
assim, dos 200 mil €, a cada devedor ia competir 50 mil €.
O artigo 526º diz-nos que como o B está insolvente no pode cumprir obrigação de restituir e
este prejuízo será suportado pelos outros codevedores, ou seja, os 50 mil € pertencentes a B, tem
de ser divididos entre C, D e E.
Daniel, sendo menor, há uma incapacidade negocial de exercício, assim, possui um meio de
defesa pessoal. A menoridade é então um meio de defesa pessoal porque só diz respeito ao
Daniel e não pode ser invocado por qualquer outro dos codevedores. Como o negócio será
sujeito a anulação por força da menoridade, Daniel não terá de cumprir a obrigação de restituir.
Assim, isto significa a quota arte do D tem de ser dividida por E e C, que terão de suportar o
valor a pagar da divida. Desta fora, conclui-se que C e E teriam de pagar 100 mil € por esta
prestação.
Para concluir, C, enquanto devedor, nas relações externas, podia ser chamado por A para efetuar
o pagamento de forma integral uma vez que estamos perante uma obrigação solidaria. Assim, C
passa a ter o direito de regresso em relação aos demais.
No entanto, existiam particularidade, o facto de D ser menor e B estar insolvente. Assim, a
divida só seria suportada por dois devedores, C e E.
Prestação
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Direito das Obrigações
Determinação ou Determinabilidade:
Artigo 400º conjugado com o 280º n.1 do Código Civil – o conteúdo da prestação, em regra,
deve ficar inicialmente determinado ou, quando muito, deverá ser determinável em momento
posterior através de um critério fixado pelas partes ou pela própria lei.
Devem ser tidos em consta juízos de equidade se não tiverem sido considerados critérios pelas
partes.
Conteúdo digno de tutela jurídica:
O conteúdo terá de corresponder sempre a um interesse digno de tutela jurídica e a prestação
não tem de corresponder necessariamente a um valor pecuniário [não necessita de ser avaliada
em dinheiro].
12/10/2021
Caso Prático:
O António, caçador amador, e proprietário de um pequeno terreno, combinou com o seu
vizinho, o Bruno, que possui um terreno muito maior, a possibilidade de na época de caça entrar
na propriedade de Bruno para caçar. Em troca, o António deverá dar a Bruno metade do que
apanhar na caça.
1. Classifique estas prestações quanto à distinção entre obrigações de prestação de facto e
obrigações de prestação de coisa.
Em primeiro lugar, podemos começar por dizer que para o Direito das Obrigações, a prestação é
o objeto imediato da relação jurídica obrigacional que se traduz na atividade ou comportamento
que o devedor deve desempenhar [ação] ou abster-se de desempenhar, caso se trate de uma
omissão.
Neste caso concreto, encontramos duas prestações – de um lado temos o Bruno, que é o
proprietário do terreno maior, compromete-se com o António a deixá-lo entrar no seu terreno,
ou seja, Bruno tolera que António possa ir para o seu terreno caçar – esta situação diz respeito a
uma obrigação de prestação de facto uma vez que só temos objeto mediato nesta relação jurídica
obrigacional.
Por outro lado, a outra prestação diz respeito à entrega de metade do resultado obtido com a
caça, estamos perante uma obrigação de prestação de coisa, uma vez que existe objeto mediato
[conduta do devedor, propriamente dita] e imediato [a coisa, propriamente dita].
Trata-se aqui de uma coisa de natureza futura, conforme o artigo 211º em conjunto com o artigo
399º do Código Civil – coisa futura é aquela que não existe ou não está na disposição do
alienante no momento do negócio jurídico e pode ser objeto da relação jurídica obrigacional.
Facto jurídico da relação obrigacional:
Podemos ter três tipos de factos:
1. Constitutivos;
2. Modificativos;
3. Extintivos.
Factos jurídicos constitutivos da relação jurídica obrigacional:
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dinheiro para pagar a B., todavia, A tinha estabelecido outra relação jurídica com C em que o A
era o credor e o C era o devedor.
Como A não tem dinheiro para pagar a B, A pode transmitir o seu crédito, que tem na
relação com C, para pagar esta divida e, portanto, o A pode transmitir o seu crédito a B,
através da cessão de créditos, ficando o B na posição de credor para com o C.
Imaginemos que Ernesto vendeu uma quinta ao Francisco pelo valor de 60 mil €, Ernesto
vendeu esta quinta em boas condições por intermedio do Gustavo na celebração deste negócio
jurídico, que ajudou a que este corresse bem. Deste modo, Ernesto decide doar ao Gustavo, que
é um terceiro da relação jurídica, uma parte do seu crédito ao comprador [5 mil €, por exemplo],
há assim aqui uma transmissão parcial do crédito sobre o comprador, colocando o Gustavo
parcialmente na posição de credor daquele crédito.
Para que a cessão de créditos seja validamente sucedida, é necessário obedecer a requisitos
gerais e específicos, desde logo o requisito geral previsto no artigo 578º do Código Civil – o
contrato de cessão de créditos vai estar dependente quanto à verificação de requisitos e efeitos
do negócio jurídico que está na sua base.
Assim, sabemos que a cessão de créditos pode ser realizada a título oneroso ou a título gratuito,
e a obediência a estes preceitos do negócio jurídico base uma vez que o cedente [credor
originário] terá que garantir ao cessionário a existência do crédito transmitido e, portanto, se o
negócio jurídico base determinar a observância de determinada forma, o contrato da cessão de
forma também terá que seguir essa forma. Alem disso, os direitos do cessionário vão derivar do
negócio que lhe serve de base.
Requisito específicos da cessão de créditos:
Credibilidade ou Transmissibilidade do Crédito
Esta relacionado com a possibilidade de se poder transmitir o crédito – a regra é que todos os
créditos são transmissíveis, uma vez que esta subjacente o poder de disposição que é atribuído à
generalidade dos direitos de ordem patrimonial.
Há exceções em que a lei proíbe a transmissão de créditos, como os créditos referentes ao
direito de alimentos [artigo 2008º do Código Civil], o direito de preferência [artigo 220º do
Código Civil], nestes casos a lei proíbe a transmissão de créditos.
O credor e o devedor podem estipular a não possibilidade de cessão de créditos, por vontade dos
mesmos, e esta estipulação pode ser expressa ou tácita, tento algumas limitações.
Além do crédito ser possível de transmissão, não pode estar em causa um crédito com caracter
litigioso – artigo 579º do Código Civil – não pode estar em causa um crédito que tenha sido
contestado judicialmente.
Exceções à proibição – artigo 581º do Código Civil:
A proibição da cessão dos créditos ou direitos litigiosos não tem lugar nos casos seguintes:
a) Quando a cessão for feita ao titular de um direito de preferência ou de remição relativo ao
direito;
b) Quando a cessão se realizar para defesa de bens possuídos pelo cessionário;
c) Quando a cessão se fizer ao credor em cumprimento do que lhe é devido. Um outro requisito
é a possibilidade da cessão de créditos futuros, mas para tal é necessário que este crédito futuro
seja determinável nos termos do artigo 399º do Código Civil.
Efeitos na relação entre o credor originário [cedente] e o novo credor [cessionário]:
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Direito das Obrigações
Para que a cessão de créditos produza efeitos ao devedor, tem de existir a notificação ou a
aceitação. Neste caso concreto, quando Belmiro foi interpelar Carlos para p pagamento da
divida, o mesmo não o conheceu, e este comportamento pode traduzir-se em duas situações:
1. Ou porque este não teve conhecimento da cessão de créditos;
2. Ou este não aceitou a mesma cessão de créditos.
Na hipótese de Carlos não conhecer a cessão de créditos, sabemos que este contrato, em relação
ao cedente e ao cessionário, produz os efeitos desde o momento da sua celebração, no entanto,
em relação ao devedor, esse contrato só lhe é oponível a partir da notificação ou aceitação, o
que significa que Carlos só terá de pagar a Belmiro a partir do momento em que lhe for
notificada a cessão de créditos.
Na hipótese de Carlos ter sido notificado, mas não aceitar a cessão de créditos, esta recusa não
produz efeitos uma vez que é irrelevante a aceitação do devedor. Carlos terá então de pagar ao
novo credor e o primeiro efeito em relação ao cessionário é então a transmissão de créditos,
podendo este exigir a prestação do devedor, perdendo o cedente esse direito.
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Direito das Obrigações
Imaginemos que:
A pede 5 mil € emprestado a B, e vamos supor que B só empresta esse dinheiro se A lhe
apresentar um fiador. Então A arranja C como seu fiador. Tinha sido estipulado neste contrato
que o pagamento do dinheiro iria acontecer ao final de um ano.
Findo o prazo do pagamento, o B exige o pagamento a C, fiador, uma vez que A não estava em
condições de pagar naquele momento. O fiador, ao pagar o valor a B, pode sub-rogar-se nos
direitos do credor, ou seja, o fiador, neste caso, porque pagou no lugar do A, pode exigir ao A o
pagamento dos 5 mil €.
Imaginemos que:
C compra um prédio a D por 80 mil €, ficando esse prédio desde logo hipotecado ao credor para
garantia do pagamento do preço. Na data em que se vence a obrigação de pagamento, o
comprador encontrava-se em serias dificuldades económicas, tendo recorrido a um amigo que
aceitou pagar em seu lugar ou então aceitou emprestar o dinheiro ao comprador mas, só aceitou
fazer o pagamento/ empréstimo se o credito ficasse com a mesma garantia hipotecaria, para tal,
o devedor pode sub-rogar este terceiro nos direitos do credor, ou seja, a hipoteca agora é
beneficiada pelo amigo [terceiro da relação] – artigo 593º do Código Civil.
Transmissão ou Assunção de Dividas – artigo 595º do Código Civil:
Vamos estar a falar de uma mudança operada em função do devedor. Aqui há a substituição do
devedor originário.
A assunção de dividas consiste então no ato pelo qual um terceiro se vincula perante o credor a
efetuar uma prestação devida por outrem. A ideia subjacente a esta figura a de transferência de
divida do devedor antigo para um novo devedor, mantendo-se a mesma relação jurídica
obrigacional.
A transmissão da posição do devedor pode ser feita de duas formas:
1. Por acordo – artigo 595º do Código Civil - entre o antigo e o novo devedor ou entre o
novo devedor e o credor;
2. Transmissão da posição contratual – artigo 424º do Código Civil.
A assunção de divida pode ser cumulativa ou privativa:
Cumulativa – o antigo devedor não é exonerado, ou seja, o antigo e o novo devedor
respondem solidariamente perante o credor;
Privativa – o antigo devedor é exonerado e só o novo devedor responde perante o
credor.
A regra, conforme o artigo 595º n.2, é a da assunção cumulativa.
A transmissão de dividas depende da vontade e do consentimento do credor, e este
consentimento tem de ser dado através de uma declaração expressa.
Transmissão/ Cessão da Posição Contratual:
Neste caso, é tudo transferido em bloco, ou seja, direitos e obrigações, do credor e do devedor.
Trata-se então da faculdade que é admitida a qualquer um dos contraentes em contratos com
prestações recíprocas de transmitir a sua inteira posição contratual, isto é, de transmitir o
complexo unitário constituído por créditos e dividas que resultam daquele contrato, e são
transferidos ao cessionário desde que o outro contraente consinta na transmissão – artigo 424º
do Código Civil.
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Direito das Obrigações
Por exemplo, um contrato de compra e venda possui prestações recíprocas, pois temos
simultaneamente um conjunto de deveres e obrigações para ambas as partes. Imaginemos que:
A é o vendedor e B o comprador. B tem a obrigação de entregar o preço, mas A, por sua vez,
tem a obrigação da entrega da coisa, logo há aqui prestações recíprocas. Aqui, A pode transmitir
a sua posição contratual a C, portanto este assume as posições de crédito, assim como os seus
direitos e as suas obrigações.
Desta forma, para que a transmissão da posição contratual seja valida, tem de obedecer a dois
requisitos:
1. Tem de estar em causa um contrato com obrigações recíprocas;
2. Exige-se o consentimento do outro contraente, consentimento este que pode ser
prestado antes ou depois da transmissão, de acordo com o artigo 424º n.2 do Código
Civil – se for antes, só irá produzir efeitos a partir da notificação ou reconhecimento.
Concluindo, as figuras mais utilizadas são a cessão de créditos e a sub-rogação.
Modificação Objetiva:
Neste caso, opera-se uma alteração do conteúdo ou objeto da relação jurídica obrigacional, e
esta modificação pode operar por vontade das partes ou por força da lei. Por exemplo, os
contratos em que alguma das partes pede para alterar ou o tempo de cumprimento da obrigação.
Modificação Legal: uma decisão judicial que reduz o valor da clausula penal – artigo 812º do
Código Civil.
Existe uma modificação objetiva no caso do negócio jurídico que é atingido por uma atração
normal das circunstâncias – artigo 437º do Código Civil.
NOTA: Para Manuel Andrade e Mota Pinto, estes apresentam como exemplo típico de
modificação objetiva da relação obrigacional a conversão do dever de prestar em dever de
indemnizar quando não é possível realizar a prestação por facto imputável ao devedor. Para
estes, um exemplo típico é quando há uma impossibilidade de cumprir a prestação e o dever de
prestar se transforma num dever de indemnizar.
Esta posição não é defendida por Gomes da Silva, pois este defende a autonomia do dever de
indemnizar, ou seja, para ele, quando não é possível cumprir o dever de prestar, este dever
extingue-se e nasce uma nova obrigação, que é a obrigação de indemnizar. Esta posição é
defendida com base em três argumentos principais:
1. Diferença na fonte;
2. Diferença do objeto;
3. Diferença do fim.
Gomes da Silva diz que o dever de prestar e o dever de indemnizar têm fontes distintas, o
primeiro tem como fonte um facto lícito, enquanto o dever de indemnizar tem como fonte um
facto ilícito.
Em relação à diferença do objeto, refere que ambos são diferentes e pode nem sequer
corresponder inteiramente à prestação, portanto, o objeto do dever de indemnizar não coincide
com o dever de prestar.
No que refere à diferença do fim, este autor diz-nos que o fim do dever de prestar consiste em
criar uma situação de facto ou de direito favorável para que seja realizada a prestação em favor
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
Nestas garantias, o titular do direito subjetivo [credor] pode recorrer ao uso da força própria
para fazer valer os seus direitos. Pertencem a estas garantias – ação direta – artigo 336º a 339º
do Código Civil, bem como outros institutos que tenham função coercitiva (façam pressão) no
sentido de forçar o devedor a cumprir o dever de prestar.
Segundo Calvão da Silva, para que se possam aplicar as garantias privadas, é necessário o
preenchimento de três requisitos:
1. Existir uma ameaça para incutir o medo;
2. O cumprimento tem de ser possível;
3. O credor tem legitimidade de atuar sem intervenção de um juiz.
Sempre que estes três requisitos estiverem preenchidos, o credor pode fazer uso da garantia
privada.
A coerção pode ser ofensiva, quando o credor atua ativamente fazendo pressão sobre o devedor
para o cumprimento ou sancionando-o pelo não cumprimento, por exemplo, através de clausulas
penais, que são um meio de coerção direta [artigo 810º e seguintes do Código Civil]; A
resolução do contrato permite que se uma de as partes não cumprir, a outra pode resolver o
contrato [artigo 801º n.2 do Código Civil].
A coerção pode ser defensiva o credor reage não fazendo nada, o que juridicamente se traduz na
exceção de não cumprimento.
Garantias. Publicas:
Nas garantias publicas o titular do direito subjetivo [credor] defende o seu direito através dos
meios do estado, ou seja, recorre à força publica. Este credor pode fazê-lo através de:
1. Ação judicial declarativa;
2. Ação judicial executiva.
Ação judicial declarativa:
Artigo 10º do Código de Processo Civil estabelece três tipos de ações declarativas:
1. Simples apreciação – pretende-se obter unicamente a declaração da existência ou
inexistência de um direito ou de um facto;
2. Condenação – exige-se a prestação de uma coisa ou de um facto prossupondo ou
prevendo a violação de um direito;
3. Constitutivas – autoriza-se uma mudança na ordem jurídica existente criando-se uma
nova relação jurídica.
No direito das obrigações, em regra, só temos ações de simples apreciação ou de condenação.
Quando o credor intenta uma ação de simples apreciação, ele pede ao tribunal que declare a
existência do direito de crédito; já nas ações de condenação [mais frequentes], o credor pede ao
tribunal que condene o devedor a cumprir a obrigação ou a indemnizá-lo por incumprimento.
Excecionalmente, podemos ter ações constitutivas quando a relação jurídica obrigacional tem
por objeto a prestação de um facto jurídico designadamente nas relações jurídicas obrigacionais
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Direito das Obrigações
constituídas por contrato promessa, neste caso, o credor pode intentar uma ação constitutiva que
lhe vai permitir transformar a relação jurídica do contrato de promessa num efetivo contrato de
compra e venda ou de outra natureza consoante o negócio.
Ação judicial executiva:
Permite ao credor, com ou sem vontade do devedor, e à custa do património do devedor, obter o
mesmo benefício ou benefício equivalente. A execução judicial é feita em três momentos:
1. Penhora dos bens do devedor;
2. Venda judicial dos bens penhorados;
3. Pagamento aos credores.
A ação executiva pode ser de dois tipos:
1. Ação de execução especifica – atribui-se ao credor o mesmo beneficio que lhe traria o
cumprimento voluntário – quando estamos perante uma obrigação de prestação de
coisa, esta execução vai consistir na apreensão da coisa para que seja entregue ao credor
– nas obrigações de prestação de facto, se for infungíveis não há nada a fazer, no caso
de ser positiva fungível a realização da prestação vai ser feita por outrem [artigo 828º
do Código Civil] – no caso de ser negativa, o artigo 829º do Código Civil eu está
relacionado para factos materiais coloca a questão de saber se é possível estender por
analogia a todos aqueles factos que são praticados pelo devedor, sejam eles materiais ou
não.
Por exemplo, será que o credor de uma obrigação de não concorrência poderá pedir o
encerramento do estabelecimento comercial que o devedor abriu?
A doutrina divide-se entre a pratica de atos materiais [doutrina maioritária] e a doutrina
de Pinto de Oliveira [doutrina minoritária] que considera que o artigo 829º se aplica a
todos os factos praticados pelo devedor, sendo que tal resultado principio geral que nos
diz que quem está obrigado a não praticar certo facto, se o praticar, poderá ser
condenado a repor as coisas no estado que se encontravam antes da infração [restituição
natural].
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
1. O crédito tem de ser anterior ao ato de impugnar [anterioridade do crédito] – artigo 610º
alínea a) do Código Civil.
Esta situação de exigência de o crédito ser anterior ao ato sofre uma restrição importante e
que se refere à possibilidade de ser impugnado ato anterior ao crédito quando se prove que
o ato praticado pelo devedor foi realizado dolosamente com o fim de impedir a satisfação
do direito do futuro credor.
Por exemplo: A conversa com B sobre a intenção de celebrar um contrato de mutuo
[empréstimo] pelo valor de 30 mil €, no entanto, durante o contrato, A decide vender a C todos
os seus bens, com o propósito fraudulento de se tornar insolvência e assim prejudicar o futuro
credor, que era B. nesta situação, o ato praticado por A é feito ainda antes da constituição do
credito, pode ser invocada a ação de impugnação pauliana – artigo 614º do Código Civil.
2. Agravamento da impossibilidade de satisfação integral do crédito – o ato praticado pelo
devedor agrava a impossibilidade de o credor conseguir a inteira satisfação do seu crédito,
portanto, para o credor intentar uma ação de impugnação pauliana, não basta o mero
interesse do credor. O ónus de prova cabe ao credor [artigo 611º do Código Civil] cabendo
ao devedor provar que possui bens que podem satisfazer o crédito em causa.
3. Má-fé – consciência do prejuízo que se está a causar ao credor pela celebração daquele ato,
normalmente associada a uma suspeita de fraude, mas este é um requisito que não se exige
em todos os negócios jurídicos, uma vez que se:
Se o ato praticado pelo devedor for oneroso, é sempre necessária a má-fé;
Se o ato foi gratuito, não é necessária a verificação deste requisito, ou seja, o
credor vai poder intentar uma ação pauliana independentemente da boa-fé quando
o ato tem natureza gratuita pois isto significa que no património do devedor não
entrou qualquer contraprestação.
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Direito das Obrigações
O adquirente de má-fé responde pelo valor dos bens que tenha alienado e mesmo por aqueles
que se podem ter danificado, exceto se em relação a estes se prove que teriam sido danificados
de igual forma se tivessem na posse do devedor.
O adquirente de boa-fé só responde na medida do enriquecimento sem causa.
Nas relações entre os credores – artigo 616º n.4 do Código Civil – a impugnação pauliana
apenas vai aproveitar ao credor que a tenha requerido e não aos demais credores do devedor.
Artigo 617º do Código Civil – efeitos nas relações com o devedor e distinção consoante o ato
tenha sido praticado a título gratuito ou oneroso, pois se o ato tem natureza gratuita, o devedor
responde para com o adquirente nos termos gerais do contrato de doação [artigo 956º do Código
Civil]; se o ato tiver sido praticado a título oneroso, o adquirente apenas pode exigir do devedor
aquilo que o devedor se enriqueceu à custa da celebração do negócio.
Ação de sub-rogação do credor e do devedor – artigo 606º a 609º do Código Civil – consiste na
faculdade de o credor reagir contra ações negligentes ou omissões do devedor substituindo-se
no exercício de direitos de conteúdo especial.
Por exemplo, um devedor insolvente é chamado, e este, ao invés de aceitar a herança, recusa,
pois, sabe que aquele património irá para o credor. Assim, há aqui um ato negligente, e para
evitar esta situação, o credor pode substituir-se ao devedor e aceitar a herança.
Requisitos:
1. Verificação da inercia do devedor que se traduz numa inatividade consciente;
2. A sub-rogação tem de ser essencial, ou seja, é indispensável esta ação à satisfação do
direito do credor – artigo 606º n.2 do Código Civil;
3. Quando a sub-rogação ocorre por via judicial, é necessária a citação do devedor – artigo
608º do Código Civil.
2. Garantias reais:
O credor tem direito de ver satisfeito o seu crédito com preferência sobre outros credores. Estas
garantias dividem-se em:
I. Garantias Legais:
Prestação de caução legal;
Hipoteca legal – confere ao credor o direito de ser pago em primeiro lugar pelo
valor de certas coisas imoveis ou moveis sujeitas a registo – artigo 704º do
Código Civil;
Privilégios creditórios – artigo 735º do Código Civil;
Direito de retenção – artigo 754º do Código Civil.
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Estes indícios correspondem a concretizações de deveres de atuar sob a aboa fé que, de acordo
com a teoria de Menezes Cordeiro, estes deveres de boa-fé podem classificar-se como deveres
acessórios de proteção, informação e lealdade.
No artigo 227º do CC, ao se estabelecer que as partes, tanto numa fase previa como na própria
formação do contrato, devem atuar segundo as regras da boa-fé, o legislador estabeleceu
deveres de proteção por forma a evitar que durante as negociações ocorram danos para alguma
das partes. Alem disso, estabeleceu também dever de informação com o objetivo de as partes
terem à sua disposição a informação esclarecida sobre objeto de negociação, estando também
previsto os deveres de lealdade, e deles resulta um dever de não romper injustificadamente as
negociações.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
Há ainda quem entenda o contrato como sendo propriamente limitado à relação jurídica que vai
nascer nesse contrato.
Há também quem entenda o contrato como sendo o expoente máximo do principio da
autonomia privada mas esta corrente doutrinaria entende o contrato como a possibilidade das
partes criarem normas reguladores dos seus conflitos de interesses, sendo sobretudo uma
concessão objetivista do contrato que é objeto de muitas criticas, pois as partes podem regular
determinadas situações da vida jurídica, mas não podem criar normas jurídicas.
A importância dos contratos está também associada a um valor económico que os contratos
representam na sociedade, embora nos últimos anos essa importância tenha diminuído, por um
lado, ou por outro lado alargou-se por outras áreas transcendendo a económica. Mais
recentemente, houve uma necessidade de adaptar o direito dos contratos às novas realidades que
fizeram emergir um conjunto de novas figuras contratuais.
Ultimamente, tem-se discutido uma figura que se denomina de «Relações Contratuais de
Facto» – neste tipo de relações não seria necessário um acordo de vontades, bastando a
verificação de uma relação contratual de facto para lhe ser aplicado o regime dos contar-tos.
Estas relações de facto são assentes em puras atuações de facto não nascendo de um negocio
jurídico, sendo assim uma nova categoria dogmática que se baseia na ideia de que no trafico
jurídico corrente de bens e serviços existem determinadas condutas que vão gerar vínculos
obrigacionais sem ser necessário duas declarações de vontade à produção do efeito jurídico.
Esta ideia das relações contratuais de facto está sobretudo associada à ideia de bens ou serviços
em massa que segundo um comportamento social típico tendem a produzir consequências
jurídicas que se configuram como uma atuação negocial mas que dela se distinguem. Por
exemplo, nos transportes coletivos, normalmente, não é exigida a obtenção previa de bilhete, a
pessoa que utiliza estes meios encontra-se obrigada ao pagamento do peço, adquirindo o direito
a ser transportada quando compra o bilhete, mas este procedimento é feito sem que corresponde
propriamente à declaração de duas vontades das partes de um contrato.
Responsabilidade civil pré-contratual [artigo 227º do CC] – relações jurídicas nascidas do
simples contacto social entre sujeitos antes do simples contrato configuram relações contratuais
de facto.
São ainda relações contratuais de facto aquelas que decorrem de negócios jurídicos ineficazes.
O que se tem apontado a esta teoria é que não é necessário configurar todas estas situações em
relações contratuais de facto, uma vez que o próprio direito apresenta em si soluções para as
resolver.
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Direito das Obrigações
A autonomia privada consiste num espaço de liberdade que vai, dentro dos limites da lei,
permitir que as partes desencadeiem a produção de certos efeitos jurídicos, e para a produção
desses efeitos jurídicos, será necessária a realização de um negocio jurídico.
Negócio Jurídico ≠ Simples ato jurídico
No simples ato jurídico existe apenas a liberdade de celebração uma vez que a produção dos
efeitos jurídicos vai decorrer imperativamente da lei; pelo contrario, no negocio jurídico, vamos
ver que existe tanto a liberdade de celebração como também a liberdade de determinar os efeitos
jurídicos desse negocio.
Liberdade Contratual – artigo 405º do CC:
A liberdade contratual pode ser dividida em:
Liberdade de celebração/conclusão de um contrato;
Liberdade de conformação/ fixação do conteúdo de um contrato.
Liberdade de celebração/conclusão de um contrato:
Esta liberdade de celebração traduz-se numa liberdade positiva de celebrar um contrato e
também a liberdade de escolher a contraparte, podendo ainda incluir aqui a liberdade de
modificação ou extinção do contrato [artigo 1406º do CC] sendo que, desta forma, esta
liberdade se vai traduzir na faculdade que é reconhecida a qualquer pessoa de criar acordos
destinados a regular os seus interesses.
Liberdade de conformação/ fixação do conteúdo de um contrato:
Esta liberdade permite às partes estabelecer o conteúdo do contrato, querendo isto verificar-se
através de três formas distintas:
1. Pela celebração de contratos que esteja, tipificados pela lei [contratos típicos ou
nominados] e são aqueles em que quando as partes o celebram, fazem-no nos exatos
termos em que eles estão tipificados;
2. As partes, por força da liberdade de conteúdo, tem a faculdade de aditar, a cada um
desses contratos tipificados, clausulas que entenderem mais adequadas de acordo com
os seus interesses e, neste caso, falamos de contratos atípicos ou inominados;
3. Faculdade de as partes celebrarem contratos distintos daqueles que não estão previstos
na lei, e elas podem-no fazer através da reunião de varias características de vários
contratos e quando estão reunidas todas elas num só contrato, utiliza-se a expressão
contratos mistos.
Ambas as liberdades não são absolutas, pois a liberdade tem de ser realizada dentro dos limites
da lei, existindo deste modo restrições:
Em relação à liberdade de celebração, existem um conjunto de restrições, sendo uma delas o
designado dever de contratar – neste dever, estamos perante situações em que as pessoas têm
um dever jurídico de contratar quando se verifiquem certos requisitos, o que significa que
quando não for cumprido este dever, está a ser praticado um ato ilícito que pode originar
responsabilidade perante quem deseja realizar o contrato.
Na promessa negocial de contratar [artigo 410º do CC] há uma promessa de contratar com certa
pessoa e celebrar um certo negocio jurídico.
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02/11/2021
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Direito das Obrigações
Vigora o principio da liberdade de forma – artigo 219º do Código Civil – para os negócios
jurídicos em geral. Por regra, um negocio jurídico pode ser celebrado por qualquer forma,
embora esta liberdade de forma tenha uma limitação, quando da própria lei é determinada a
exigência de se seguir uma determinada forma para a celebração do negocio jurídico.
Quando a lei exige determinada forma legal e a mesma não é observada, a consequência é a
nulidade do negocio jurídico, conforme os artigo 220º e 286º do Código Civil.
Principio da Força Vinculativa dos Contratos – artigo 406º do Código Civil:
Este principio vai manifestar-se quer nas relações internas quer nas externas. O artigo 406º do
Código Civil dá-nos a regra geral da eficácia dos contratos, que nos diz que uma vez celebrado
o contrato, o mesmo tem que ser imperativamente cumprido, e este principio divide-se:
Principio da pontualidade: por um lado, impõe que o contrato seja cumprido num prazo
estabelecido, por outro lado, significa que o contrato tem de ser cumprido ponto por ponto,
isto é, todas as clausulas desse contrato devem ser cumpridas.
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Direito das Obrigações
É legal nas situações em que é a própria lei que determina a resolução do contrato, e esta
resolução pode ocorrer também por forma tácita, não tendo que ser necessariamente por
declaração expressa. A lei admite a resolução por via da lei em casos como:
Perda de interesse do credor – artigo 808º do Código Civil;
Incumprimento definitivo imputável ao devedor – artigo 801º do Código Civil;
Artigo 434º do Código Civil – só pode ser feita a resolução do contrato se for possível devolver
aquilo que foi prestado, só quem estiver nestas condições de devolver a coisa é que pode
resolver, pois a resolução tem efeitos retroativos
Em regra, de acordo com o artigo 433º do Código Civil, a resolução vai produzir os mesmos
efeitos que terá uma declaração de nulidade ou anulabilidade do negocio.
No entanto, a resolução não vai ter eficácia retroativa [nulidade/anulabilidade] relativamente:
Às partes se essa retroatividade for contraria à vontade das partes ou à própria
finalidade da resolução – artigo 434º n.1 do Código Civil;
Nos contratos de execução continuada ou periódica, pois a resolução somente abrange
as prestações já efetuadas se na causa da resolução existir um vinculo que as legitime –
artigo 434º n.2 do Código Civil.
A resolução do contrato não prejudica os direitos entretanto adquiridos exceto se
respeitar a bens sujeitos a registo e se o registo da ação de resolução anteceder o desses
direitos – artigo 435º do Código Civil.
Revogação:
Permite a destruição do vinculo contratual mediante uma declaração dos contraentes oposta à
declaração inicial. Os efeitos da revogação só se verificam a partir do momento em que se
verifica/emite a declaração no sentido de revogar o contrato, não tendo efeitos retroativos.
A revogação pode acontecer por vários motivos:
Há um contrato ainda em curso, a ser executado, e uma das partes não quer permanecer
vinculada, e pode ocorrer por acordo das partes;
Por força da lei em situações como a prevista no artigo 969º n.1 do Código Civil;
Doações que podem ser revogadas por ingratidão do donatário, conforme o artigo 970º
e 978º n.2 do Código Civil.
Denuncia:
A denuncia do contrato vai se traduzir na declaração de vontade de uma das partes do contrato,
nomeadamente nos contratos de prestações duradouras, de não renovar/ continuar o contrato.
Esta denuncia não pode operar em qualquer momento, esta tem de se fazer no termo do prazo da
renovação destes contratos, exceto tratando-se de contratos por tempo indeterminado.
Imaginemos: um contrato de arrendamento por duração de 1 ano, que seria renovável por
períodos idênticos. No prazo final, se o arrendatário não quer continuar com aquela relação
contratual, tem que comunicar ao senhorio, fazendo-lhe o pré-aviso de denuncia, deixando claro
que quer fazer cessar aquela relação contratual. A denuncia não produz também efeitos
retroativos.
Desvios à mera eficácia interpartes, ou seja, o contrato produz efeitos erga omnes:
Contrato promessa com eficácia real – artigo 413º do Código Civil;
Pactos de preferência com eficácia real – artigo 421º do Código Civil;
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Contratos Mistos: são aqueles que vão reunir elementos de dois ou mais contratos, que podem
estar total ou parcialmente regulados na lei. O contrato misto não deve ser confundido com a
união de contratos.
Contratos Não Formais ≠ Contratos Formais ou Solenes
Contratos Não Formais:
Estes contratos são aqueles em que a sua validade não depende da observância de uma forma
especial, ou seja, estamos a falar de contratos em que a declaração negocial pode ser efetuada
por qualquer meio, incluindo verbalmente, e isto leva-nos ao principio da consensualidade.
Em regra, nos termos do artigo 219º do Código Civil, a validade da declaração negocial não
depende de uma forma especial.
Contratos Formais ou Solenes:
São aqueles que dependem de determinada forma sob pena de nulidade, estamos então a falar de
contratos cuja validade dispõe da observância de determinada forma – artigo 220º do Código
Civil.
Contratos Reais ≠ Contratos Consensuais
Contratos Reais:
São aqueles em que para a sua celebração está dependente da entrega da coisa, ou seja, nestes
contratos, para a sua celebração/ constituição é exigido a tradição ou a entrega da coisa de que
são objeto.
Contratos Consensuais:
São aqueles em que será dispensada a entrega da coisa.
Contratos Reais ≠ Contratos Obrigacionais
Contratos Obrigacionais:
São aqueles que me conduzem à criação, modificação ou extinção das relações creditícias sendo
a sua eficácia sobre a esfera jurídica das partes de forma imediata.
Contratos Reais:
São aqueles que vão gerar eficácia absoluta, e estamos a falar de efeitos no domínio de direitos
reais como contratos familiares e sucessórios que vão gerar um efeito que tem uma natureza
absoluta e também uma natureza oponível erga omnes.
09/11/2021
Artigo 409º do Código Civil – trata daquilo a que chamamos de «Clausula de Reserva de
Propriedade» que significa que as próprias partes de um contrato podem estipular que a
transferência da propriedade ocorra apenas quando há o cumprimento total ou parcial das
obrigações do adquirente ou por exemplo quando ocorre a entrega efetiva da coisa, ou mesmo
com a verificação de qualquer outro evento.
Esta clausula é muito frequente em contratos de compra e venda a prestações, pois acaba por
proteger o vendedor em caso de incumprimento ou eventual insolvência do credor. Assim, esta
clausula é uma exceção à regra geral da transferência da propriedade por mero efeito do
contrato.
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Direito das Obrigações
Nota introdutória:
Quer o contrato promessa quer o pacto de preferência são contratos preliminares, o que significa
que estes contratos são aqueles cuja execução prossupõe a celebração de um outro contrato –
artigo 410º e seguintes do Código Civil. No contrato promessa temos a assunção de uma
obrigação de celebrar um contrato definitivo. No pacto de preferência há uma obrigação de dar
preferência a outrem na celebração de um determinado contrato.
Contrato Promessa:
Tem em vista a celebração de um contrato definitivo, que também é designado por contrato
prometido, e quando se celebra o contrato promessa vai se assumir uma obrigação de no futuro
se vir a emitir uma declaração negocial no sentido de celebrar determinado contrato. O contrato
promessa tem a característica de possuir uma obrigação de contratar que se traduz, no futuro, na
celebração do contrato definitivo, e a obrigação de contratar é uma prestação de facto positiva e
jurídica
Pacto de Preferência:
Não há obrigação de celebrar um determinado contrato, o que há é a obrigação de, se
eventualmente decidir contratar, escolher determinada pessoa para se contratar.
Pactos de Opção:
Nestes casos, uma das partes emite logo uma declaração negocial correspondente ao contrato
que pretende celebrar enquanto a outra parte se vai reservar à faculdade de aceitar ou declinar o
contrato dentro de um determinado prazo. Se aceitar, o contrato vai se aperfeiçoar sem
necessidade de qualquer declaração da contraparte.
O pacto de opção distingue-se assi do contrato promessa unilateral em que é necessário um
acordo posterior para a celebração do contrato definitivo.
Este pacto de opção é um caso típico, por exemplo, de um comerciante que insiste com o cliente
para que ele fique com determinado produto, sendo que este cliente fica com a faculdade possa
desistir da contratação se não tiver a vontade de ficar com a coisa.
O contrato promessa pode ter duas modalidade – bilateral e unilateral:
No bilateral ambas as partes se vinculam à celebração de um contrato futuro. Por exemplo, A
promete vender a B determinado imóvel por certo preço, e simultaneamente o B compromete-se
a comprar esse mesmo imóvel.
No unilateral apenas uma das partes se vincula à celebração do contrato definitivo. Por
exemplo, A compromete-se a vender o imóvel por um certo preço a B, mas este B não se
compromete a comprar esse mesmo imóvel, ficando livre de o fazer ou não. Este contrato pode
ser remunerado conforme decorre do artigo 411º do Código Civil, e existe esta possibilidade
sempre que a outra parte assume a obrigação de pagar ao promitente determinada quantia como
contrapartida pelo facto de se manter durante certo tempo, vinculado à celebração de um
contrato – preço de imobilização.
Artigo 411º do Código Civil – no contrato promessa unilateral a lei considera que o contrato
definitivo deve ser celebrado dentro de um determinado prazo, ou seja, o promitente não pode
ficar vinculado ad eterno. Quando não há estipulação, é possível que seja o promitente a fixar
esse prazo, findo o qual o contrato promessa caduca.
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redução só não será possível se se mostrar que o contrato nunca teria sido celebrado sem a
parte viciada, ou seja, sem a parte com a falta de assinatura.
Houve um assento do Supremo Tribunal de Justiça, de 26 de novembro de 1989 que veio
pacificar, de certa forma, a solução quanto a saber se este contrato promessa era ou não valido.
Este assento vem então dizer que o contrato promessa bilateral assinado só por uma das partes é
nulo, embora se possa considerar válido como promessa unilateral.
A figura da redução é a única que permite a proteção e articulação com o regime do sinal, que
está regulado no artigo 442º do Código Civil pois esta redução vai permitir a manutenção do
sinal.
Como conclusão, sempre que faltar a assinatura de uma das partes no contrato promessa
bilateral, há uma nulidade de forma, porem, essa nulidade de forma, a partir da figura da
redução, permite o aproveitamento do contrato agora como promessa essa unilateral.
Requisito Especial:
«Artigo 410º - 3. No caso de promessa respeitante à celebração de contrato oneroso de
transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou fração autónoma dele, já
construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior deve
conter o reconhecimento presencial das assinaturas do promitente ou promitentes e a
certificação, pela entidade que realiza aquele reconhecimento, da existência da respetiva
licença de utilização ou de construção; contudo, o contraente que promete transmitir ou
constituir o direito só pode invocar a omissão destes requisitos quando a mesma tenha sido
culposamente causada pela outra parte.»
Aplica-se quando está em causa um contrato promessa que respeita a constituição ou
transmissão de direito real sobre um edifício ou fração autónoma. Neste caso, o documento
particular referido nos artigos anteriores, tem de ter as suas assinaturas reconhecidas
presencialmente e é ainda necessário a certificação pela entidade que efetua o reconhecimento
da existência de uma licença de utilização ou construção do prédio.
Este artigo consubstancia formalidades adicionais para o contrato promessa que têm por
objetivo um controlo publico neste tipo de contratos, de modo a evitar a celebração de contratos
promessa em caso de construções clandestinas.
Se não forem cumpridos os requisitos, existe mais uma causa de nulidade do contrato promessa,
no entanto esta nulidade possui um regime especial, uma vez que neste caso só pode invocar a
nulidade o promitente adquirente salvo se a invalidade foi provocada exclusivamente por culpa
sua, neste caso, o promitente alienante também pode invocar a nulidade. O tribunal não pode
reconhecer oficiosamente esta nulidade.
Assento do Supremo Tribunal de Justiça 15/94 de 28 de junho – veio dizer que a omissão destas
formalidades não pode ser invocada por qualquer interessado, ficando limitada à invocação
pelas partes do contrato promessa.
Assento do Supremo Tribunal de Justiça 3/95 de 1 de fevereiro – a omissão de formalidades não
pode ser invocada ou reconhecida oficiosamente pelo tribunal, daí ser excecional e um desvio à
regra.
Relativamente às normas que pela sua natureza não são compatíveis com o contrato promessa:
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Vão ser afastadas todas as normas do contrato definitivo que não sejam compatíveis com a
natureza do contrato promessa, ou seja, embora se tenha de aplicar o regime do contrato
definitivo, só se aplica desde que seja compatível com o contrato promessa.
Artigo 892º do Código Civil – normalmente a regra é que para a alienação e oneração de
direitos reais, tem que existir legitimidade, mas em relação à constituição de obrigações não
será exigida essa legitimidade, o que significa que ao contrato promessa não vai ser aplicado o
regime deste artigo.
Por exemplo: A, em janeiro de 2020, celebra com B um contrato promessa que tem por objeto a
obrigação futura de vir a celebrar um contrato de compra e venda de um automóvel. Entretanto,
em fevereiro, A celebra com C um contrato de compra e venda desse mesmo automóvel. Neste
momento, quem é o proprietário do automóvel? O proprietário é o C.
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O contrato promessa é um direito real de aquisição que permite ao seu titular, por força do
exercício deste direito, transformar o contrato promessa em contrato definitivo, opondo-se a
qualquer contrato que venha a ser celebrado após o registo do primeiro.
Confere ao seu titular o direito à celebração de um contrato definitivo, eu pode ser exercido
mesmo que as partes tenham constituído sinal ou estabelecido penalizações para o caso de
incumprimento.
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