Você está na página 1de 3

Direito do Trabalho II – Práticas

CP- RETRIBUIÇÃO: FEV 2022

Caso Prático 1:
António é vendedor e foi-lhe confiada uma viatura para o desempenho das suas funções,
regalia que constava do seu contrato, no qual também se fixava que os encargos com o seguro,
IUC etc. seriam suportados pelo empregador (B).
B informou o trabalhador que, se quisesse, poderia utilizar essa viatura para uso pessoal.
Descontente com algumas atitudes de António, certo dia B informa-o que a partir desse dia
deveria entregar a viatura no final de cada dia de trabalho.
A indigna-se com aquela ordem, qualificando-a como sendo ilícita uma vez que é proibida
a redução da retribuição.
Em face dos dados fornecidos, quem tem razão?
Resolução:
❖ Em primeiro lugar, é necessário ver se estamos perante um caso de retribuição;
❖ Verificar o artigo 258º/ 4 do Código do Trabalho;
❖ Qualificar a regalia como retributiva ou não retributiva.
Critérios de qualificação das prestações:
➢ Presume-se que esta regalia era retribuição, e sobre o empregador cabe o ónus de
provar que não é retribuição.
1º critério: O conceito de prestação que dará origem à retribuição pode ser patrimonial ou
em espécie, no caso de uma viatura, esta pode ser considerada uma prestação patrimonial
em espécie.
2º critério: verificar se a prestação é regular e periódica – este critério está preenchido
pois o trabalhador andava sempre com o carro.
3º critério: verificar a obrigatoriedade
4º critério: ser contrapartida do trabalho prestado.
→ Nos termos contratuais, o carro era um instrumento de trabalho, logo não era
contrapartida do trabalho prestado;
→ Dever de entregar – o empregador recusa a utilização do veiculo ara uso pessoal,
logo, se passa a ser para uso estritamente profissional, torna-se contrapartida do
trabalho;
→ A utilização do veiculo para uso pessoal não era obrigatória – liberalidade – só
usava se quisesse;
* Nesta situação seria pertinente abordar o principio da irredutibilidade, verificar as
características da retribuição e realçar que na falha de um critério, não se verifica um caso
de retribuição, logo não se aplica o referido principio.
→ Falhando o caracter obrigatório, o empregador teria razão.
Direito do Trabalho II – Práticas

Caso Prático 2:
Em 2020, pelo facto de os seus lucros terem subido astronomicamente e os seus trabalhadores
terem conseguido um desempenho particularmente bom, em Dezembro desse ano a empresa
atribuiu a cada um deles, à semelhança do que acontecera no ano anterior, um bónus de
valor equivalente a 50% da RM como reconhecimento do sucesso alcançado e como
incentivo para o futuro. Em 2021, apesar da situação ser semelhante, a empresa não pagou
qual quer bónus.
Poderão os seus trabalhadores reclamar o se pagamento?
Resolução:
Neste caso, é necessário verificar se o bónus tem caracter retributivo – verificar os
critérios.
Artigo 260º do CT – em regra os prémios não possuem caracter retributivo.
Este é um prémio geral, para todos os trabalhadores.
Artigo 260º/ 1 b) ou artigo 260º/ 3 b):
É necessário verificar se esta referida gratificação era ou não obrigatória.
→ Artigo 260º/ 1 b) – regra geral, as gratificações não são retribuição;
→ Artigo 260º/ 3 b) – se resulta de um «animus durandi» estava na livre disposição
do empregador pagar ou não, pois não temos enunciado suficiente para determinar
a obrigatoriedade.
Artigo 258º/ 2 e 4 – o empregador tem razão e os trabalhadores não podem de reclamar.
Caso Prático 3:
Suponha um trabalhador que aufere a seguinte retribuição:
Retribuição base – € 2.000,00
Subsídio de refeição - € 180,00
IHT (Isenção do Horário de Trabalho) - €600,00
Comissões – valor variável mas média 400.00/mensal
Premio semestral - € 500,00 (pagamento fixado no contrato)
Calcule o valor do SN, RF e SF a pagar ao trabalhador.
Resolução:
Cálculo dos ganhos mensais:
2000 + 180 + 600 + 400 = 3180€.
Calculo do subsidio de natal:
O cálculo do subsidio de natal é igual à retribuição base, ou seja, 2000€.
Direito do Trabalho II – Práticas

Calculo das férias:


Retribuição base = 2000€
IHT = 600€
Artigo 265º do CT – os titulares de cargos de direção podem renunciar.
Comissões (400€): o valor medio é calculado pelo artigo 261º do CT – integra uma
retribuição.
Prémio: sendo semestral, não é regular nem periódico, logo não entre.
Resumindo:
Retribuição de férias = 2000 + 600 + 400 = 3000€.
Calculo do subsidio de férias:
IHT – é paga como contrapartida da execução especifica de trabalho (600€);
Comissões – não são devidas em condição especifica de trabalho (não entre no calculo);
Resumindo:
Subsidio de férias = 2000 + 600 = 2600€
Caso Prático 4:
Suponha que a IHT acordada vem a cessar por acordo das partes? Deverá o empregador
manter o pagamento do subsídio de IHT?
O pagamento do IHT é considerado retribuição – artigo 265º do CT
A IHT não é uma regalia mas sim um sacrifício para o
trabalhador, pois é exigível a este uma maior disponibilidade.
→ O acordo de isenção cessa por acordo entre as partes;
→ Se o trabalho deixa de ser prestado com a maior disponibilidade e passa a ter um
horário de trabalho normal e previamente definido, o pagamento da IHT deve
cessar juntamente com a mesma.

Você também pode gostar