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09/11/2021

Continuação da resolução de casos práticos:


Enunciado:
III - Ana, desempregada de muito longa duração, foi contratada pela empresa XXY em
1.2.2020 O contrato foi celebrado com observância de todas as formalidades legais,
tendo-se estabelecido o mesmo teria a duração de 12 meses e fixado uma remuneração
mensal ilíquida de 750€. Suponha que no dia 25 de Janeiro 2021, Ana recebe uma carta
da empresa em que lhe era comunicada a vontade desta fazer cessar o contrato que as
unia no dia 31 de Janeiro seguinte.
2. Suponha que o contrato caducou efetivamente no dia 31 de Janeiro de 2021. Que
importâncias poderia Ana reclamar da XXY em consequência dessa mesma cessação?
Resolução:
➢ O contrato caduca efetivamente a 31 de janeiro de 2021.
Há ou não lugar ao pagamento de compensação pela caducidade do contrato? Há sempre
lugar a este pagamento, exceto quando é o próprio trabalhador a cessar o contrato.
Fator dissuasor para a contratação a termo.
Caducidade: artigos 353º a) e artigo 344º n.2 do Código do Trabalho.
Compensação – artigo 366º do Código do Trabalho – esta varia em função da duração do
contrato, neste caso concreto, temos 1 ano, ou seja, 12 meses.
O calculo da compensação é feito de forma proporcional (recorremos a uma regra de três
simples), sabendo que por cada ano completo, 18 dias dizem respeito à retribuição base.

A retribuição ser composta por muitos efeitos/dados patrimoniais, no entanto, na


compensação apenas tem em conta a diuturnidade a retribuição base.

É calculada para beneficiar os trabalhadores mais antigos, a cada x número de anos de


trabalho, o trabalhador vê a sua remuneração aumentada.

Ordenado mensal = 750€ [artigo 366º n.2 c)]


750 ÷ 30 = 25€ - retribuição diária
28 × 18 = 450€ - 1 ano de retribuição

Se o caso concreto dissesse respeito a 6 meses ao invés de 12 meses, então:


12 meses = 450€
12 450€ 450× 6 2700
(=) (=) 225€
6 x 12 12

Caso Prático Extra:


Suponha que a empresa x, fabricante de equipamento de proteção individual, inicio a sua
atividade à 1/04/2019.
A 01/05/2020, com base nesse fundamento, contratou Alexandra ao abrigo do contrato a
termo de 6 meses com observância das formalidades legais.
Em fase de pandemia, a empresa decidiu mantê-la mais tempo ao seu serviço
comunicando-lhe verbalmente no final de setembro de 2020 que o seu contrato apenas
cessaria a 30/04/2021.
Será que o contrato cessa efetivamente a 30/04/2021?

Resolução:
O motivo justificativo deste contrato a termo diz respeito ao início da atividade da
empresa.
O contrato aqui presente diz respeito a um contrato a termo certo resolutivo, presente no
artigo 140º n. 4, alínea a) do Código do Trabalho, sendo que a lei só permite estes
contratos em casos específicos.
Conforme o artigo 140º e o 141º do Código do Trabalho, e tendo em conta o enunciado
exposto, os requisitos formais e materiais exigidos encontram-se preenchidos, logo o
contrato é válido.
Inicio da atividade – 01/04/2019
Celebração do contrato – 01/05/2020 – com 6 meses de contrato

Cessaria a 31/10 ou 01/11


Artigo 148 n 4º do Código do Trabalho: o contrato podia renovar mas não ia além de
1/04/2021 logo, por força deste artigo, a renovação automática implicaria a violação desta
norma.
Artigo 147 n. 2 alínea a) do Código do Trabalho: o contrato convertia se em contrato sem
termo.

Contrato a termo incerto:


No contrato a termo incerto o trabalhador vê-se colocado numa situação de maior
instabilidade, uma vez que as partes não preveem com exatidão a data em que o contrato
se irá extinguir, assim, o termo incerto caracteriza-se por ser um evento certo quanto à
sua verificação, mas incerto quanto à data em que a mesma poderá ocorrer.
Admissibilidade deste tipo de contrato:
As situações em que a lei permite que as partes acordem um termo incerto ao contrato de
trabalho encontram-se presentes no artigo 140º n. 3 do Código do Trabalho. Este contrato
possui uma tipificação taxativa, ou seja, só será admitida a celebração de contrato a termo
incerto caso se verifique alguma das situações contempladas no artigo anteriormente
referido.
Duração do termo incerto:
Tratando-se de um contrato a termo incerto este durará, em princípio, todo o tempo
necessário para a substituição do trabalhador ausente ou para a conclusão da atividade ou
obra cuja execução justifique a respetiva celebração deste tipo de contrato. Resumindo,
tudo dependerá do tempo necessário para substituir o trabalhador transitoriamente ausente
ou para concluir a atividade, tarefa, obra ou projeto previstos no respetivo contrato.
Caducidade do contrato a termo incerto:
Tendo em conta a natureza da cláusula de termo resolutivo incerto, compreende-se que
não haja aqui lugar para qualquer renovação do contrato. em bom rigor, poderá afirmar-
se que o contrato a termo incerto caduca, de forma automática, quando se verifica o
respetivo termo resolutivo do mesmo.
O código do trabalho procura evitar que o trabalhador seja surpreendido pela inesperada
extinção do seu contrato, e desta forma, de modo a proteger o trabalhador, obriga o
empregador a realizar um aviso prévio. conforme expressa o artigo 345º n. 1 do código:
«1 - O contrato de trabalho a termo incerto caduca quando, prevendo-se a ocorrência
do termo, o empregador comunique a cessação do mesmo ao trabalhador, com a
antecedência mínima de sete, 30 ou 60 dias conforme o contrato tenha durado até seis
meses, de seis meses a dois anos ou por período superior.»
No entanto, a falta de cumprimento deste dever patronal de proceder a um aviso prévio
não implica qualquer renovação do vinculo contratual nem significa, por si só, que o
contrato se irá transformar num contrato sem termo, tal como esclarece o n, 3 do artigo
anteriormente referido:
« 3 - Na falta da comunicação a que se refere o n.º 1, o empregador deve pagar ao
trabalhador o valor da retribuição correspondente ao período de aviso prévio em
falta.»
A verificação do termo resolutivo constitui, assim, condição necessária, mas também
condição suficiente para que o contrato caduque, isto significa que o aviso prévio patronal
não representa uma condição indispensável para a caducidade do contrato.
No caso de caducar o contrato a termo incerto, o trabalhador terá sempre direito a uma
compensação pecuniária, calculada conforme o artigo 345º n. 4, passando a citar:
«4 - Em caso de caducidade de contrato de trabalho a termo incerto, o trabalhador tem
direito a compensação que corresponde à soma dos seguintes montantes:
a) A 18 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade, no que respeita aos três primeiros anos de duração do contrato;
b) A 12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade, nos anos subsequentes.»

Conversão do contrato a termo incerto:


Converte-se em contrato de trabalho sem termo conforme o artigo 147º n. 2, passando a
citar:
« c) O celebrado a termo incerto, quando o trabalhador permaneça em atividade após
a data de caducidade indicada na comunicação do empregador ou, na falta desta,
decorridos 15 dias após a verificação do termo.»

A conversão do contrato a termo incerto num contrato sem termo dá-se caso aconteçam
duas hipóteses distintas:
▪ Havendo o aviso prévio, caso o trabalhador se mantenha ao serviço após a data de
produção de efeitos daquela comunicação;
▪ Não havendo aviso prévio, e caso o trabalhador ainda se mantenha ao serviço
decorridos os 15 dias após a verificação do termo resolutivo, isto é, a conclusão
da atividade ou o regresso do trabalhador substituído.

Em qualquer uma das hipóteses apresentadas, a lei leva a presumir que o trabalhador já
não se encontra a desempenhar a específica função para que havia sido contratado, logo,
o contrato a termo deixa de fazer sentido, transformando-se (convertendo-se) esse
contrato num contrato sem termo, isto é, passa a ser um contrato standard.
Uma nota importante a realçar neste seguimento é que mesmo existindo a comunicação
patronal, ou seja, o aviso prévio, a efetiva verificação do termo resolutivo é sempre
necessária para que o contrato caduque.

Continuação da resolução de casos práticos:


Enunciado:
IV- A foi contratado por B para trabalhar na construção de um hospital novo em Vila do
Conde. Celebrado em 1 Junho de 2017, com observância das formalidades legais, o
contrato extinguir-se-ia como constava do respetivo documento, logo que a obra
estivesse pronta. No dia 15 de Janeiro de 2021, a entidade empregadora comunicou a A
que o contrato se extinguiria no dia da data prevista para a conclusão da obra. No
entanto apesar da conclusão da obra, A mantém-se ao serviço de B até dia 4.3.2021, dia
em que este último lhe comunica que estaria dispensado.
1. Caracterize a situação contratual de a , tomando em consideração os elementos
apresentados.
Resolução:
➢ Para a resolução deste caso, iremos socorrer-nos do artigo 140º n.2 e 3 alínea h) do
Código do Trabalho.
➢ Este contrato foi celebrado a 1 de junho de 2017, tendo o seu termo na data em que a
obra terminar.
➢ A 15 de janeiro de 2021, a empresa comunica que o contrato se extinguiria a 1 de
março de 2021.
➢ Sabemos que os requisitos formais e materiais deste contrato estão preenchidos, logo
não existe qualquer invalidade.
➢ Conforme o artigo 148º n.5, é possível extinguir o contrato dentro do previsto.
➢ Recorrendo ao artigo 343 alínea a), é possível verificar se o termo.
➢ Neste caso, houve um aviso prévio parcial, pois conforme o artigo 345º n. 3, o prazo
estabelecido pela lei seria de 60 dias.

✓ Em conformidade com o artigo 147º n. 2 alínea c), o contrato não pode


permanecer além de 1/03/2021 para caducar, logo o contrato, nesta hipótese,
não caduca, convertendo-se.

2. Supondo que não existira, qualquer aviso prévio e que só no dia 4 de Março de 2021
B se dirige a A no sentido de o dispensar dos seus serviços dada a conclusão da obra no
dia 1 de Março, seria diferente a sua resposta?
3. Calcule os valores a pagar por B nas 2 hipóteses?
➢ O trabalhador, neste caso, é dispensado a 4/03/2021;
➢ não houve aviso prévio, sendo que a inexistência de aviso é regulada pelo artigo147º
n.2 alínea c) – se o termo se verifica-se de 1 de março até 16 de abril (15 dias) o
contrato podia caducar.
➢ As consequências desde caso seriam uma indemnização por falta de aviso prévio,
conforme o artigo 345º n.3.

Calculo da indeminização:
Imaginemos que ganha 1000€ por mês.
60 dias = 2 meses, logo: 1000 × 2 = 2000€ de indeminização.
Calculo da compensação por caducidade:
1000 ÷ 30 = 33,33€ - por dia
33,33 × 18 = 600€
600 × 3 = 1800€ 3 primeiros anos
Então: 33,33 × 12 = 399,96€ +/- 400€
Assim: 12 400 x = 400 × 9 3600
(=) (=) = 300€
9 x 12 12
1800 × 300 = 2100€ - a compensação pela caducidade seria de 2100€.

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