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Direitos Humanos

02-10-2020

Secção I: Direito Internacional dos Direitos Humanos:

Disciplina que se automatiza em direito internacional e que é fruto de necessidade do


aperfeiçoamento do sistema de proteção dos direitos humanos. É só no século XX que os direitos
humanos se tornam num ramo de direito internacional.

Entende-se por direitos humanos os direitos inerentes a todos os seres humanos


independentemente da raça, nacionalidade, etnia, religião ou qualquer outra condição.

Conceito Antigo: A ideia de Direitos Humanos vem de muito longe, desde a altura em que o ser
humano passou a tomar consciência da sua transcendência entre outros seres vivos. Existem
determinados que têm de ser respeitados e tem o seu fundamento na dignidade da pessoa
humana, que nasce com cada um e faz parte da essência de cada um. O conceito de direitos
humanos é uma conquista gradual no sentido em que estes foram pouco a pouco conquistados,
e permanente porque podem ser postos em causa em qualquer altura da historia, visto que já
desde as mais antigas civilizações que se fala em direitos humanos.

Secção II: Revolução Inglesa:

Importante evento que contribuiu para a evolução dos direitos humanos porque tem um
movimento precoce e dinâmico que reivindica vários direitos. O Reino unido tem uma
constituição costumeira, isto é, não está escrita, o que é considerado algo raro.

Magna Carta (1215): Raízes do movimento revolucionário inglês, o rei da época era o Rei João
sem terra, que foi extremamente duro no seu reinado impondo a todo o reino uma politica
tributaria extremamente elevada. O Rei consultava os barões cada vez que precisava de cobrar
impostos. Em 1204 perde terras no norte da Europa e introduz novos impostos sem consultar
os barões, o que era contrario a lei e aos costumes feudais já estabelecidos, posto isto, os barões
revoltaram-se e em 1215 tomaram Londres com o apoio do Clero, fazendo com que o rei fosse
forçado a assinar a Magna Carta, sendo esta um documento solene assinado entre os Barões e
o Rei João que determinava que barões os barões aceitavam a fidelidade ao rei e o rei teria de
aceitar as leis e costumes, respeitando-as, basicamente, pretendiam que o Rei parasse de abusar
do seu poder. A Magna Carta tornou-se assim o símbolo da liberdade do povo, sendo a primeira
conquista contra o que era chamado de absolutismo real, estabelecendo também as premissas
de separação dos poderes (porque o rei aceta o principio essencial do consentimento ao
imposto, não podendo a partir daí criar impostos sozinho) e as premissas da proteção dos
direitos humanos. Encontram-se ainda na Magna Carta diversos direitos fundamentais como o
facto da igreja ser livre de interferências do poder politico, é reconhecido que Londres e as
outras cidades devem poder disfrutar das suas liberdades, tinha ainda o facto de que os
comerciantes não poderem ser submetidos a impostos injustos, e ainda, por fim, o facto de que
todos os cidadãos devem ser livres de possuírem e herdarem propriedade.

Petition of Right (1628): Instrumento dirigido ao rei Carlos I, pelo parlamento, que permitiu
desenvolver o conceito de Estado democrático e Estado de direito. A petition of right adotada
depois de protestos contra a criação de impostos sem o consentimento do Parlamento e
também contra a prisão arbitraria, que era uma pratica que conduzia a abusos frequentes da
prerrogativa real. Temos aqui o principio da não detenção e prisão de nenhum cidadão sem
causa.
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Habeas Corpus Act (1679): Acontecimento de grande importância para o desenvolvimento dos
direitos humanos. É então uma lei adotada pelo Parlamento e que foi assinada pelo rei Carlos II,
este instrumento procurava definir e reforçar o Habeas Corpus (expressão latina que significa
que tenhas o teu corpo para que este seja apresentado ao juiz).

Bill of Rights (1689): Declaração dos direitos, é um instrumento importante porque é


considerado como o ponto de partida do regime parlamentar e do sistema democrático
britânico, permitindo a consolidação de regras e é o resultado de duas revoluções, uma de 1648
e depois de 1688, e basicamente o inicio de ambas aconteceu porque o Parlamente se revelou
contra a vontade absolutista da monarquia. A 1ª Revolução foi marcada por uma guerra civil
entre os partidários do Rei ( Carlos I ) e entre os partidários do Parlamento, esta guerra começou
em 1642 e acabou com a condenação à morte do rei em 1649, sendo este declarado culpado de
traição por não respeitar a constituição. Temos depois a 2ª Revolução, conhecida como Gloriosa
pois nesta não houve mortos, ao contrario da 1ª, e foi uma guerra muito mais breve, entre 1688
e 1689, e tínhamos aqui a Inglaterra como um reino protestante mas desde 1685 tinha como
monarca um rei católico, Jaime II Stuart, que estava a começar a adotar algumas medidas em
detrimento da sua religião e passou a ser visto como uma ameaça para o Parlamento (que era
essencialmente constituído por protestantes), sob o prossuposto de combater esta ameaça, foi
engendrada uma evasão à Inglaterra que chegou para o Rei aceitar sair do trono e passa-lo para
a sua filha (que era protestante), no entanto, tinha condições, e a condição era aceitar o Bill of
Rights, que tinha previsto dois pontos fundamentais: o principio do voto anual do imposto pelo
Parlamento e ainda o reconhecimento do conjunto de direitos fundamentais civis e políticos,
tais como a proibição de desapropriação das propriedades privadas, o reconhecimento da
liberdade de expressão, entre outros. O Bill of Rights consistia ainda na obrigação dos restantes
monarcas terem como religião a protestante.

Secção II: As revoluções americana e francesa e os direitos da CP

Ambas deram um contributo decisivo para a consolidação dos direitos humanos e o


reconhecimento da categoria dos direitos civis e politicas (CP) chamados também de direitos de
1ª geração.

Revolução Americana: Tem inicio no quadro de reivindicações das 13 colonias contra a


metrópole, nesta revolução foram adotados 3 documentos que possuíram um papel muito
importante:

1. Declaração da Independência dos Estados Unidos de 1776: O congresso dos EUA aprova
a declaração de independência.
2. Constituição dos EUA de 1787: foi redigida em Filadélfia e é a lei fundamental do sistema
do país, sendo este organizado de uma forma especifica por ser um sistema federal,
muitas vezes é considerada a constituição mais antiga escrita ainda em vigor. Esta
constituição é composta por apenas sete artigos que indicam que o Governo está
dividido em três poderes, o legislativo (congresso), o executivo (presidente e vice) e
poder judicial (supremo tribunal e tribunais federais).
3. Bill of Rights (1789): é constituído pelas 10 primeiras emendas à constituição federal
que foram adotadas, todas elas, num só bloco, prevendo várias liberdades e vários
direitos reconhecidos aos indivíduos, como a liberdade de expressão de religião, entre
outras.
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Revolução Francesa e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: Passou-se para uma
monarquia despótica insensível aos desenvolvimentos na Grã-Bretanha. A monarquia francesa
rejeitou as propostas do Terceiro Estado, e estes juntaram-se para formar um parlamento
fazendo propostas a Rei em busca de mais liberdades, que foram rejeitadas. Foi tal rejeição que
originou a Revolução Francesa com a tomada da bastilha, foi aqui que se decidiu a abolição dos
privilégios feudais. Á tomada da Bastilha seguiu-se a declaração dos direitos do Homem e do
Cidadão, essencial para o aperfeiçoamento do Estado democrático e de Direito. Liberdade,
propriedade, segurança e resistência à opressão foram alguns dos principais direitos defendidos
na declaração. No entanto, as declarações tinham deficiências, uma delas era não prever todos
os direitos e liberdades.

Secção IV: AA Revolução Industrial do século XIX e a emergência dos Direitos ESC
(económica, social e cultural) – de 2ª geração

Movimentos Feministas: defenderam uma declaração dos direitos das mulheres, um dos
movimentos mais conhecidos foi o movimento sufragista, que reivindicava o direito ao voto para
as mulheres.

Movimentos abolicionistas: Apealavam à abolição da escravidão que era uma pratica antiga que
se transformou numa empresa comercial globalizada, negando os direitos humanos e
transmitindo um sofrimento extremo, daí muitos autores se posicionarem contra a escravidão.

Movimentos nacionalistas: Ao longo dos séculos XIX e XX invocavam os princípios das


declarações para exigir a autodeterminação e a independência dos países que ainda se
encontravam colonizados.

Movimentos socialistas: Nascem do contexto da revolução industrial, depois da vitoria do


individualismo burgues com a criação de vários maquinismos como por exemplo a máquina a
vapor que deu origem a uma proletarização de grandes massas de indivíduos nas empresas. O
Estado liberal transformou-se num Estado Social, criando vários direitos como a boas condições
de trabalho, a um salário justo, descanso semanal, liberdade sindical, o direito à segurança
social, a proteção da saúde e também o direito à educação e à cultura.

Secção V: A Primeira Guerra Mundial e a Sociedade das Nações

A primeira guerra mundial aconteceu devido a disputas técnicas entre países e esta concorrência
desencadeou este movimento trágico de guerra. Teve um impacto histórico elevado devido a
ser a 1ª vez que houve uma guerra com impacto globalizado e tudo isto levou a uma tomada de
consciência sobre o respeito pelos direitos humanos de cada um. Após a guerra, verificou-se
uma enorme miséria, o que levou à existência de diversos estados de foro fascista.

Posto isto, os Estados sentiam necessidades de criação de organizações mundiais para os ajudar
a nível social e económico, daí a criação da Sociedade das Nações, criada em 1920, que teve
como papel fundamental salvaguardar a paz e a segurança internacionais, de maneira a prevenir
a existência de outra guerra mundial tendo esta o papel de promover a cooperação internacional
de modo a alcançar a paz mundial.

O pacto da SDN (Sociedade das Nações) não continha um mandato explicito de Direitos
Humanos e a linguagem do seu preambulo correspondia ao paradigma tradicional da soberania
dos Estados. Todavia, a Sociedade das Nações estabeleceu um sistema de proteção de minorias.
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Secção V: A Segunda Guerra Mundial e a Organização das Nações Unidas

Carta das Nações Unidas (1945): o objetivo foi estabelecer uma organização internacional
efetiva e construir um sistema de segurança coletivo onde todos os Estados participam para
manter a paz mundial. Com esta carta temos a internacionalização definitiva dos direitos
humanos, isto é, deixam de ser do domínio da soberania dos estados e passam a ser um assunto
internacional. (art. 1º n.3; art. 55º e 56º; art. 68º

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948): Foi adotado pela assembleia geral das
Nações Unidas e constitui a base de todo o sistema do Direito Internacional dos Direitos
Humanos.

Os Pactos (1966): PIDCP (pacto internacional dos direitos civis e políticos) onde os Estados se
comprometem a aceitar e respeitar esses direitos, sendo um tratado universal pois tem 173
ratificações, e o PIDESC (pacto internacional dos direitos económicos, sociais e culturais) tem
menos retificações 171) e tem 171 Estados-partes, aqui também temos uma serie de direitos
como direito ao trabalho, saúde, educação entre outros. Para cada um dos pactos foi criado um
Comité, um dos direitos humanos e outro dos direitos económicos, sociais e culturais, o papel
destes comités é monitorar e fiscalizar a conformidade dos Estados Membros com as suas
obrigações internacionais.

Direitos Humanos de 3ª a 4ª Geração : no final da década de 1970, no contexto de movimentos


lojistas, pacifistas e de movimentos liderados pelo 3º Mundo temos a expressão de direitos de
solidariedade para identificar direitos humanos de 3ª geração. Estes são novos direitos que
apresentam algumas originalidades sendo diferentes dos anteriores porque têm uma natureza
coletivista em torno da solidariedade internacional. Visão proteger uma cooperação inter e
intra-internacional, ou seja, ligam todos os membros da comunidade mundial humana.

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