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DIREITOS HUMANOS

UNIDADE I

1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.

A origem dos Direitos Humanos relaciona-se à transição da comunidade feudal


para a sociedade moderna.
Feudalismo – ordem estamental (tradição e dever de obediência – Igreja como
ferramenta de controle).
Sociedade moderna - ordenamento sócio-político baseado na razão e no contrato
social. As declarações de direitos erguidas desse movimento serviram para materializar
os valores da liberdade e da igualdade, construindo na coletividade uma racionalidade
fundada no respeito à dignidade da pessoa humana.

O primeiro registro escrito no campo da política a medir o grau de efervescência


que se formou no homem medieval e que sinalizou para o que viria a ocorrer nos séculos
seguintes foi a Magna Carta ou Carta dos Barões ingleses de 1215, que expressava a
insatisfação dos nobres feudais contra as exorbitâncias reais, especialmente na cobrança
de tributos centralizada pelo Rei.

A princípio, sendo a Magna Carta originária do primeiro estamento (a


nobreza), afirmava a ordem feudal e a manutenção de seus privilégios, mas, com o
passar do tempo, foi ampliando seu alcance e minando o próprio regime estamental do
feudalismo.

Para Comparato (2003), a Magna Carta inglesa de 1215, ao tempo que conferia
direitos para a nobreza e o clero que independiam da vontade do soberano, limitava o
poder real, estabelecendo os preceitos enunciadores da democracia moderna. Sua
importância atravessou o tempo e foi reconhecida quando da independência dos Estados
Unidos da América e a consequente Declaração de direitos de Virgínia de 1776, que
consolidou as bases do regime democrático moderno.

Outro documento que seguiu a mesma linha da Magna Carta e correspondeu à


sua ampliação, no que trata de direitos reconhecidos aos súditos reais ingleses, foi a Bill
of Right (declaração de direitos) de 1689, elaborada num momento de profunda
agitação e indefinição política na Europa, mais especificamente na Inglaterra, marcada
por guerras, revoltas e intolerâncias religiosas.

Segundo Comparato (2003), a Bill of Right de 1689 pôs fim à monarquia


absolutista na Inglaterra e instaurou a monarquia parlamentar. O Parlamento incumbiu-
se da tarefa de legislar, defender os súditos perante o soberano e aplicar tributos, o que
exigia a necessidade de uma proteção especial que lhe garantisse o exercício dessas
atividades, a resguardo da coação do chefe de Estado.

Com a Bill of Right inglesa de 1689 há, pela primeira vez, os direitos civis
incorporados a um sistema político perfeitamente funcional, ou seja, politicamente
integrado aos anseios dos cidadãos. Todavia, apesar de tais direitos representarem o
estágio gestacional dos direito de liberdade, seus princípios ficaram restritos ao
indivíduo nascido na Inglaterra, desprovido, assim, do princípio supremo, caracterizador
dos Direitos Humanos – o universalismo.

Os direitos individuais prenunciados na Bill of Rights inglesa foram


consagrados nas declarações de direitos do século XVIII, tanto na Declaração de
Virgínia dos Estados Unidos da América, de 1776, quanto na Declaração francesa dos
Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Esses dois documentos consistem no
reconhecimento dos valores de liberdade, na acepção negativa do termo, ou seja, na
garantia daqueles institutos de proteção do indivíduo contra as exorbitâncias do poder
político instituído. Eis ai o nascedouro dos DH contemporâneos.

É importante ressaltar que tais declarações representam a consolidação do


Estado de Direito e a origem da polícia moderna, uma vez que a formação da força
pública foi a condição necessária para a garantia das liberdades do indivíduo, bem como
do funcionamento harmonioso das instituições políticas e sociais. Vejamos o que
prescreviam as declarações de Virgínia e francesa respectivamente:

Art. 1º: Todos os homens nascem igualmente livres e independentes [...]


art. 13º: Uma milícia bem organizada, composta de gente do povo,
treinada no manejo das armas, constitui a defesa apropriada, natural e
segura de um Estado livre. (1776)

Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos


direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a
liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão [...]
art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de
uma força pública; esta força é, pois, instituída para fruição por todos,
e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada. (1789)

Portanto, os direitos de liberdade representam o primeiro elemento da


cidadania moderna a contrastar as desigualdades sociais. O reconhecimento deles
passou pela formação do Estado de Direito no século XVIII, o que para MARSHAL
“ajudara a guiar o progresso para o caminho que conduzia diretamente às políticas
igualitárias do século XX” (1967, p. 84).

2. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO PÓS-GUERRA

Bobbio (2004) considera que a gênese e a consolidação dos Direitos Humanos


têm três momentos distintos. O primeiro compreende a fase de abstração dos direitos do
homem, o segundo diz respeito à positivação desses valores nas declarações do século
XVIII em diante, e o terceiro corresponde à configuração do Sistema Jurídico
Internacional de Proteção dos Direitos Humanos na contemporaneidade, processo que
se iniciou com a Carta de Princípios da ONU, adotada em 10 de dezembro de 1948, e
com as Quatro Convenções de Genebra de 1949.
Como já pontuado nesse estudo, Direitos Humanos é uma ideia bastante antiga
e que nos dias de hoje se cristalizam em forma de tratados e instrumentos
internacionais, e mesmo de legislação nacional. É nesse contexto que se tem feito uso
do direito internacional de modo a aprimorar e fortalecer o grau de proteção dos
direitos consagrados.

Assim, podemos dizer que direito internacional - direito internacional público


- consiste no corpo de regras que governam as relações entre os Estados, mas
compreende também normas relacionadas ao funcionamento de instituições ou
organizações internacionais, a relação entre elas e a relação delas com o Estado e os
indivíduos.

O direito internacional regula muitos aspectos das relações internacionais e


inclui regras sobre os direitos territoriais dos Estados (relativas a: terra, mar e espaço
aéreo), proteção do meio ambiente, comércio internacional, uso da força pelos Estados,
o Direito Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional
Humanitário.

Inicialmente, em nosso curso, vamos abordar o direito internacional no que se


refere ao Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) e o Direito
Internacional Humanitário (DIH) e, posteriormente, mergulharemos em outros
aspectos relacionados a nossa missão constitucional, como é o caso do uso da força.

O Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) e o Direito Internacional


Humanitário (DIH) são os dois ramos do Sistema Jurídico Internacional que tratam do
respeito e da promoção dos direitos fundamentais em situações de guerra ou de paz.
Enquanto o DIDH cuida do respeito e da promoção desses valores em qualquer tempo,
o DIH está voltado para as situações de conflitos armados e de distúrbios ou tensões
internas marcadas pela violência indiscriminada e pela incapacidade do Estado de
preservar a ordem e o respeito ao Estado de direito.

Direito Internacional Humanitário (DIH) - tem origem embrionária na


primeira Convenção de Genebra, organizada em 1864, por iniciativa de um grupo de
cidadãos genebrinos comovidos com os sofrimentos causados aos combatentes em
situações de conflitos armados. De lá até 1949, organizaram-se Quatro Convenções,
cristalizando este ramo do Direito Internacional. O DIH baseia-se em princípios
humanitários destinados a proteger a pessoa humana contra todo tipo de violência física
e psicológica.

Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) - como ensina Moraes


(2000, p. 35), a necessidade primordial de proteção e efetividade aos direitos humanos
possibilitou em nível internacional, o surgimento de uma disciplina autônoma ao direito
internacional público, denominada Direito Internacional dos Direitos Humanos, cuja
finalidade precípua consiste na concretização da plena eficácia dos direitos humanos
fundamentais, por meio de normas gerais tuteladoras de bens da vida primordiais (vida,
dignidade, segurança, liberdade, honra, moral, entre outros) e previsão de
instrumentos políticos e jurídicos de implementação dos mesmos.
Sendo assim, é possível concluir que o Direito Internacional dos Direitos
Humanos é um ramo do direito internacional público, criado para proteger a vida, a
saúde, e a dignidade dos indivíduos.

O DIDH surgiu no momento em que o mundo lamentava os efeitos catastróficos


da Segunda Guerra Mundial (1939-45) contra a humanidade. Como resposta, os países
vencedores da guerra cuidaram de criar mecanismos para a manutenção da paz e para o
desenvolvimento econômico fundado na autodeterminação e na solidariedade mundial.
Tal resposta se concretizou com a criação das Nações Unidas em 1945, e com a
elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) em 1948,
iniciando-se assim, o processo de internacionalização dos direitos fundamentais da
pessoa humana.

Para atingir seus objetivos, a ONU cuidou da elaboração da DUDH como


estratégia política para a solução dos problemas sociais e a promoção de programas e
políticas internacionais de ajuda humanitária, desenvolvimento econômico e
valorização cultural.

‘Desde sua criação, a DUDH passou a ser considerado o documento mais


importante para a afirmação dos Direitos Humanos na comunidade internacional.
Mesmo sem força jurídica que obrigue os Estados a respeitarem os direitos
fundamentais, seus princípios serviram de eixo para a elaboração dos diversos Tratados
do Sistema Jurídico Internacional de Proteção aos Direitos Humanos, assumindo, assim,
a postura de uma verdadeira Carta Magna mundial.

Na atualidade, o ordenamento jurídico global de proteção aos Direitos Humanos


é constituído de três instrumentos principais e um protocolo facultativo: a) a própria
Declaração Universal de 1948; b) o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos (PIDCP), elaborado em 1966; c) o Pacto Internacional sobre os Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), também elaborado em 1966; d) o Primeiro
Protocolo Facultativo referente ao PIDCP.

Paralelamente ao desenvolvimento do sistema normativo global de Direitos


Humanos, organizou-se o sistema normativo regional nos diversos continentes, a
exemplo das convenções americana, africana e europeia de respeito aos Direitos
Humanos. Segundo Piovessan (2003), os sistemas normativos de alcance global e
regional não são dicotômicos, pois contêm preceitos que objetivam um mesmo fim: a
proteção dos direitos fundamentais, cujos princípios estão enunciados na Declaração
Universal de 1948.

É reconhecido o impacto da Declaração Universal no direito doméstico dos


Estados membros da ONU. Pode-se dizer que algumas dessas práticas obtiveram, desses
Estados, uma confirmação da obrigação legal, o que tem levado à formação do
entendimento de que alguns dos princípios da Carta da ONU de 1948 (a proibição do
Genocídio, da discriminação racial, da tortura e da escravidão) impõem-se, hoje, como
parte do direito internacional consuetudinário.
A Declaração Universal tornou-se, então, um instrumento pedagógico de
conscientização dos indivíduos quanto aos valores estruturantes da democracia e da
convivência harmoniosa entre as nações do mundo inteiro, marcando a fase de
universalização dos Direitos Humanos, relativizando a soberania dos Estados nas
relações internacionais e iniciando uma nova fase na história da humanidade.

Na visão de Bobbio (1992, p. 27), a Declaração Universal foi o modo pelo qual
os valores passaram a ser humanamente e universalmente fundados. Segundo o filósofo,
“com essa declaração, um sistema de valores é – pela primeira vez na história – universal
[...] explicitamente declarado”. Bobbio considera que a DUDH resolveu o problema da
busca do fundamento absoluto dos Direitos Humanos, mas ao mesmo tempo adverte
para o problema político da necessidade de efetivação desses institutos na sociedade
globalizada.

3. CARACTERÍSTICAS DOS DH NA CONTEMPORANEIDADE

Na esteira da Declaração Universal foi realizada, em 1993, em Viena, a II


Conferência Mundial dos Direitos Humanos. Desse evento resultou a Declaração e
Programa de Ação de Viena, que reuniu uma série de recomendações aos Estados-
membros da ONU, visando à adoção de estratégias, nos campos da educação, saúde e
meio ambiente, que possibilitem a construção de um modelo de desenvolvimento mais
articulado com o respeito e a promoção dos Direitos Humanos, especialmente daqueles
voltados à defesa dos grupos que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Os preceitos estabelecidos na DUDH e na Declaração de Viena estabelecem as


características dos Direitos Humanos na contemporaneidade, a saber:

Historicidade - valores que se voltam para a liberdade e para a emancipação da


pessoa humana (não surgiram todos ao mesmo tempo, são frutos de conquistas
históricas);
Multidimensionalidade - posto que indivisíveis e interdependentes (são
indivisíveis e complementares);
Inalienabilidade - fundamento na dignidade da pessoa humana (os DH não
podem ser comercializados ou transferidos);
Inviolabilidade - o que implica fiel cumprimento das obrigações assumidas
pelos Estados (impossibilidade de desrespeito por atos das autoridades públicas);
Fundamentabilidade - uma vez que se constituem em institutos legais que
exigem respeito e proteção do Estado de direito;
Universalidade - pertencem a todos, sem distinção de qualquer natureza (raça,
cor, nacionalidade, sexo, religião).
Imprescritibilidade - são permanentes. Os DH não se perdem pelo decurso de
prazo;
Irrenunciabilidade - não são renunciáveis. Não se pode exigir que alguém
renuncie à vida ou a liberdade, por exemplo.
Efetividade - cabe ao Poder Público atuar de modo a garantir a efetivação dos
direitos e garantias fundamentais.
Interdependência - as várias previsões constitucionais e infraconstitucionais
não podem se chocar com os DF. Devem se relacionar de modo a atingirem suas
finalidades.
Complementaridade - os DH fundamentais não devem ser interpretados
isoladamente, mas sim de forma conjunta, com a finalidade de sua plena realização.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Karel VasaK propôs em 1979, em uma conferência do Instituto Internacional


de Direitos Humanos, uma classificação dos direitos humanos em gerações, inspirado
no lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade).

Direitos Humanos de Primeira Geração;


Classificação dos DH Direitos Humanos de Segunda Geração;
Direitos Humanos de Terceira Geração;

Direitos Humanos de Primeira Geração - seriam os direitos de liberdade,


compreendendo os direitos civis, políticos e as liberdades clássicas.

Direitos Humanos de Segunda Geração - ou direitos de igualdade - constituiriam os


direitos econômicos, sociais e culturais.

Direitos Humanos de Terceira Geração - chamados direitos de fraternidade. Estariam


relacionados ao direito ao meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida,
progresso, paz, autodeterminação dos povos e outros direitos difusos.

5. RESPONSABILIDADE DOS ESTADOS


Uma vez que um Estado assume obrigações no âmbito da comunidade
internacional, por exemplo, assinando e ratificando tratados, convenções e protocolos,
muitas vezes isso significa que concordou em cumprir suas obrigações de maneira
específica (assegurando que seu governo, sua constituição e suas leis o possibilite a
cumprir suas obrigações internacionais).

Frequentemente é esse o caso na área dos direitos humanos, onde os Estados


assumiram a responsabilidade de fazer com que certas condutas, como por exemplo a
tortura e o genocídio, sejam consideradas crimes, e de puni-las por meio de seus
sistemas jurídicos nacionais.

A responsabilidade existe nos casos onde o próprio Estado - por intermédio dos
poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário, suas normas ou atos de qualquer outra
autoridade - é o perpetrador e em situações onde a conduta de uma pessoa ou órgão
pode ser imputada a esse Estado. O Estado não é responsável perante o direito
internacional pela conduta de uma pessoa ou grupo de pessoas que não agem em seu
nome.
É um princípio do direito internacional que qualquer inobservância ou
violação de um compromisso resulta na obrigação de fazer uma reparação.

A reparação deve, tanto quanto possível, eliminar todas as consequências do ato


ilegal, e restaurar a situação que teria existido, com toda a probabilidade, não fosse o ato
cometido.

6. DEFINIÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


De acordo com Rover (2005, p. 72) um direito é um título. É uma reivindicação
que uma pessoa pode fazer para com outra de maneira que, ao exercitar esse direito, não
impeça que outrem possa exercitar o seu.

Assim sendo, os Direitos Humanos são títulos legais que toda pessoa possui
como ser humano. São universais e pertencem a todos, ricos ou pobres, homens ou
mulheres.

7. CONCEITO DE ESTADO DE DIREITO


O Instituto Interamericano de Direitos Humanos (IIDH) estabelece que o Estado
de Direito é um sistema jurídico-político, no qual o poder é subordinado ao direito (leis),
e que existe amplo respeito aos direitos humanos de todas as pessoas.

Estado de Direito = império da lei para governantes e governados.

O Estado de Direito e a democracia são pilares fundamentais da vigência


dos direitos humanos, tornando esses dois conceitos indissolúveis e
interdependentes.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 1°,


estabelece que o Estado Brasileiro constitui-se em Estado Democrático de Direito,
tendo como fundamentos:
I. a soberania;
II. a cidadania; I
II. a dignidade da pessoa humana;
IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V. o pluralismo político.

Acrescenta, ainda, em seu Parágrafo único que:

“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Aos Alunos CFSD consultar o Art. 21 da DUDH.

Para finalizar essa Unidade será apresentado um paralelo entre alguns direitos
consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH e os respectivos
artigos em nossa Carta Magna (CF/88) que positivou esses direitos.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH)

Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (Resolução


217ª A III) de 10 de dezembro de 1948.

Artigo 1° - Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.


São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito
de fraternidade.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à segurança e a propriedade nos termos seguintes:(...)

Artigo 2°
I. Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Art. 5º - I – os homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos
termos desta Constituição:
VII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política. (...)

II. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política,
jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate
de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer
outra limitação de soberania.
Artigo 3° - Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à segurança e a propriedade nos termos seguintes:(...)

Artigo 4° - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o


tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas.
Art. 5º - II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei.
XLVII – não haverá penas:
...c) de trabalhos forçados:
...e) cruéis.

Artigo 5° - Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo


cruel, desumano ou degradante.
Art. 5º - III – Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo
cruel, desumano ou degradante.

Artigo 7° - Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção,
a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação
que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à segurança e a propriedade nos termos seguintes:(...)

5. EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM
Apresentação de vídeo com flagrante violação dos DH por profissionais de
segurança pública no Brasil. O objetivo é a identificação dos DH violados pelos
funcionários e as consequências para a vítima, para os violadores diretos e para o país.

Considerando a universalização dos DH, é importante ressaltar a repercussão


negativa desses atos no mundo inteiro. Os alunos devem pesquisar na imprensa
internacional.

De acordo com o vídeo apresentado em sala de aula, assinale com um X os DH


violados na ação policial.
( ) vida
( ) liberdade
( ) direito de propriedade
( ) dignidade humana
( ) direito a um julgamento justo
( ) direito a educação
( ) direito de defesa
( ) direito ao lazer
( ) outros direitos violados

UNIDADE II

1. ÉTICA POLICIAL MILITAR


Na Unidade anterior estudamos a evolução histórica dos DH, suas
características e sua classificação, além da internacionalização desses Direitos,
destacando a importância da elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) em 1948, instrumento que marcou a fase da universalização dos DH.

O contato com a temática de direitos humanos servirá para que você,


profissional de Segurança Pública, reflita sobre a real dimensão de sua profissão e sua
missão numa sociedade democrática, reconhecendo-se como a primeira linha do Estado
para o respeito e a proteção dos direitos humanos e dos direitos fundamentais das
pessoas das comunidades onde atua.

Nessa Unidade abordaremos as contribuições jurídicas, referentes aos direitos


humanos no âmbito do direito internacional e do direito brasileiro, relacionando-os com
a atividade e a conduta esperada de profissional de segurança pública, numa democracia.
Ações como a prevenção do crime, a investigação policial, a manutenção e a preservação
da ordem pública ganham mais importância a cada momento, pois elas permitem que os
direitos e obrigações de todas as pessoas possam ser usufruídos nos limites estabelecidos
em normas e princípios de convivência humana.

O profissional encarregado de aplicar a lei, para servir e proteger a sociedade,


deve fazê-la conhecendo o alcance e o limite dos poderes conferidos pelo Estado, bem
como que há mecanismos e instrumentos para sua supervisão e apuração, caso sejam
violados.

Passados os tempos em que os Polícias Militares eram consideradas braço armado do


Estado, vivemos hoje uma nova realidade. No Estado Democrático de Direito, os policiais militares
assumem o papel de parceiros da sociedade e de promotores dos direitos humanos. São verdadeiros
agentes da cidadania (Polícia Cidadã).

É nessa perspectiva de parceria, e buscando reforçar a função policial de proteger os


direitos fundamentais de todos os cidadãos e cidadãs, que vamos seguir em nosso curso.

O POLICIAL CIDADÃO - O policial é a


primeira linha de defesa dos direitos humanos e da
segurança da comunidade na qual trabalha.

A ONU tem um Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
(CCFRAL).

CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS RESPONSÁVEIS


PELA APLICAÇÃO DA LEI (CCEAL)

Resolução 34/169 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 17 de dezembro


de 1979.
Artigo 1.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir,
a todo o momento, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo
todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de
responsabilidade que a sua profissão requer.
Artigo 2.º - No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os
direitos fundamentais de todas as pessoas.
Artigo 3.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem
empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para
o cumprimento do seu dever.
Artigo 4.º - As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o
cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro
comportamento.
Artigo 5.º - Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode
inflig+ir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento
cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais
excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional,
instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação
para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar
a proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar medidas
imediatas para assegurar a prestação de cuidados médicos sempre que tal seja
necessário.
Artigo 7.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem
cometer qualquer ato de corrupção. Devem, igualmente, opor-se rigorosamente e
combater todos os atos desta índole.
Artigo 8.º - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar
a lei e o presente Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e
opor-se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do Código. Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que se produziu
ou irá produzir uma violação deste Código, devem comunicar o facto aos seus superiores
e, se necessário, a outras autoridades com poderes de controlo ou de reparação
competentes.
A polícia existe para proteger os direitos humanos de todas as pessoas. Os direitos de
cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências
do bem comum.

O POLICIAL DEVE PROTEGER:


 A vida e a integridade física de todas as pessoas;
 A liberdade de locomoção, de pensamento, de manifestação, de consciência ou crença.
 O direito à igualdade e não discriminação em razão do gênero, da raça ou etnia, da idade,
da orientação sexual ou de deficiência física ou mental.

MISSÃO E PODERES POLICIAIS

MISSÕES POLICIAIS:
 prevenir, detectar e reprimir delitos;
 manter e preservar a ordem pública;
 apurar e investigar infrações;
 prestar auxílio e assistência em emergências.

PODERES POLICIAIS
Para proteger a sociedade, os policiais têm poderes, de acordo com a lei, para:
 abordar e revistar pessoas, sempre que presenciarem alguma atitude suspeita;
 prender e apreender pessoas, desde que em flagrante ou com ordem judicial;
 empregar a força e as armas de fogo, quando necessário e de forma proporcional à ameaça
sofrida.

USO DA FORÇA E DE ARMAS DE FOGO

A ONU tem um conjunto de princípios que devem ser observados em relação ao uso da
força e de armas de fogo pela polícia:

1) Use meios não-violentos, na medida do possível, antes de recorrer ao uso da força e armas de fogo.
2) Só é aceitável o uso da força e armas de fogo quando os outros meios se revelarem ineficazes ou
incapazes de produzirem o resultado legal pretendido.
3) Caso o uso legítimo da força e de armas de fogo seja inevitável, o policial deve:
(a) Exercê-las com moderação e agir na proporção da gravida- de da infração e do objetivo legítimo a
ser alcançado;
(b) Minimizar danos e ferimentos, respeitar e preservar a vida humana;
(c) Assegurar que qualquer indivíduo ferido ou afetado receba assistência e cuidados médicos o mais
rápido possível;
(d) Garantir que os familiares ou amigos íntimos da pessoa ferida ou afetada sejam notificados o mais
depressa possível.

Antes de empregar os poderes que a lei lhe confere, faça a você mesmo, sempre, as três
perguntas:
1) O poder ou a autoridade que estou utilizando nesta situação têm fundamento na legislação?
2) O exercício deste poder ou autoridade é estritamente necessário ou existem alternativas?
3) O poder ou a autoridade utilizados são proporcionais à seriedade do delito e do objetivo legal a ser
alcançado?

LEGALIDADE E RESPONSABILIDADE
 Quando você se deparar com infratores da lei somente utilize procedimentos e táticas legais.
 A função policial é levar os infratores à justiça e não “fazer justiça”.
 Não improvise, seja profissional.

GRUPOS QUE MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL I

O policial cidadão entende as diferenças, não discrimina e promove a tolerância e o respeito.

MULHERES
 As revistas pessoais e das vestimentas de mulheres serão sempre feitas por uma policial feminina.
 Mulheres detidas ou presas devem ser mantidas, em todas as circunstâncias, separadas dos
homens detidos.
 Mulheres e meninas vítimas de crime sexual devem receber atendimento, sempre que possível,
de policiais femininas.
 Quando envolvem violência, brigas de marido e mulher são assuntos de polícia. Os policiais não
devem hesitar em interferir.
 Sempre que houver caracterização de crime sexual, constrangimento ilegal, ameaça, crimes
contra a honra ou lesão corporal, os policiais devem adotar providências legais de imediato.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 Criança é toda pessoa de até doze anos de idade incompletos; adolescente é toda pessoa entre doze
e dezoito anos de idade incompletos.
 A forma segura de saber a idade de uma pessoa é conferindo seu documento de identidade.
 Conforme estabelece a Constituição Federal, crianças e adolescentes são pessoas em peculiar fase
de desenvolvimento e, portanto, não devem ser tratados como adultos.
 Crianças e adolescentes não podem ser tratados de modo atentatório à sua dignidade ou com risco
à sua integridade física ou mental.
 A proibição do uso de algemas e do transporte em comparti- mento fechado de veículos deve ser
tratada como regra.
 Em caso de apreensão, o adolescente não poderá ser coloca- do com presos adultos.
 Quando a apreensão se der em virtude de ordem judicial, o adolescente deverá ser imediatamente
encaminhado ao juiz e não à autoridade policial.
 Sempre que houver repartição policial especializada, o adolescente apreendido em flagrante de ato
infracional deverá ser a ela encaminhado, ainda que o ato infracional tenha sido come- tido em co-
autoria com maior de idade.

ATENÇÃO: Comunique os responsáveis pela criança ou adolescente sobre sua


apreensão e o local onde se encontra.

IDOSOS
 Considera-se idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
 As pessoas idosas demandam especial atenção dos agentes e autoridades policiais e devem ser
tratadas com respeito e conforto.
 Ao abordar-se uma pessoa idosa deve-se levar em consideração suas especificidades físicas e
sensoriais decorrentes de sua condição etária, de modo que a ação policial não represente risco à sua
integridade física.

GRUPOS QUE MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL II

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA- são todas as pessoas que têm algum tipo de limitação
física, mental ou sensorial, que reduza a sua capacidade de exercer as atividades da vida
diária.

CADEIRANTES OU PESSOAS COM OUTRAS LIMITAÇÕES MOTORAS


 A cadeira de rodas é um equipamento complementar ao corpo da pessoa com deficiência; não se
apoie ou segure nela.
 Fique no mesmo nível dos olhos da pessoa com deficiência. Não é confortável para ninguém
ficar olhando para cima.
 Não estacione a viatura nas vagas reservadas a veículos que conduzam pessoas com deficiência
física.
 A descida em uma inclinação deve ser feita de ré, para evitar que a pessoa caia para frente.
 Quando se tratar de pessoa suspeita, o cadeirante deve sofrer busca pessoal, bem com sua cadeira
ou outros materiais de apoio.
ATENÇÃO: Antes de auxiliar uma pessoa com deficiência, pergunte se ela precisa de
ajuda e como você pode ajudar.

PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL


• Ao falar com uma pessoa cega ou com baixa visão, se faça anunciar, para que ela saiba que você
está se dirigindo a ela.
• Identifique-se logo no início da comunicação.
• Utilize o tom normal da voz, pois o cego não tem deficiência auditiva.
• Sempre que sair de perto de uma pessoa cega, avise-a para que não converse sozinha.
• Ao guiar uma pessoa cega deixe que ela segure seu braço para que possa ser conduzida; no caso
de direcioná-lo até uma cadeira, coloque a mão dela no braço ou encosto da cadeira para que ela sente
sozinha.
• Em uma ocorrência, não despreze informações prestadas pelo cego, que tem outros sentidos muito
desenvolvidos que com- pensam a falta de visão.
• Se for necessário submeter pessoa cega a busca pessoal, avise o que vai fazer.

PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA


• Para se comunicar com uma pessoa surda, fale sempre de frente para ela, para que ela possa ver
seus lábios. Muitos surdos fazem leitura labial.
• Fale com o surdo clara e pausadamente e não grite, pois ele não o ouvirá e sua expressão
parecerá agressiva.
• Gestos ajudam muito na compreensão da mensagem.
• Se não entender o que o surdo estiver falando, solicite que repita ou, em último caso, que
escreva a mensagem.
• Mesmo que a pessoa surda esteja acompanhada por um intérprete, fale diretamente com ela e não
com o intérprete.

PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL


 Não use termos pejorativos quando se referir a uma pessoa com deficiência intelectual.
 Trate a pessoa com deficiência intelectual de acordo com sua idade INTELECTUAL.
 A linguagem deve ser clara para facilitar a sua compreensão.

GRUPOS QUE MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL III

GAYS, LÉSBICAS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – GLBT

A orientação sexual das pessoas não pode ser motivo de discriminação.

 A população GLBT tem os mesmos direitos que todas as pessoas e não deve ser desrespeitada,
violada ou humilhada.
 Respeite a orientação sexual de cada um e não faça gracejos ou críticas.
 Todas as denúncias de pessoas que aleguem ser vítima de crime devem ser registradas,
independentemente de sua orientação sexual.
 Pergunte à pessoa abordada como deseja ser chamada.
 Não constranja ou humilhe o travesti ou transexual lendo em voz alta o seu nome constante da
carteira de identidade.
 Ao referir-se a travestis e transexuais, utilize pronomes femininos.
CONDIÇÕES DE TRABALHO DO POLICIAL MILITAR - Policiais também têm
direitos!

• É responsabilidade dos governos e das corporações policiais fornecer aos profissionais


equipamentos de proteção individual, como escudos, capacetes, veículos e coletes à prova de bala, a
fim de protegê-los.
• A ONU considera o trabalho policial de alta relevância e incentiva os governos a manter e melhorar
suas condições de trabalho.

LEMBRE-SE: se os direitos dos policiais forem violados também há violação dos Direitos
Humanos.

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