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AC Ética Profissional Militar

UD I: Evolução Histórica, Importância e Taxionomia dos Direitos Humanos

 Conceito de Direitos Humanos:


→ existe um rol de direitos;
→ uma definição: conjunto moral normativo, originado de valores, independente da existência
de prévias regras postas, envolvendo faculdades que o Direito atribui a pessoas e aos grupos
sociais em relação a diversos aspectos: vida, liberdade, igualdade, participação social, etc;
→ diferença entre declaração e convenção: declaração não é obrigatória; exemplo: declaração
universal dos dh e tratado dos dh (só se torna obrigação quando se assina o tratado = convenção);

 Importância dos DH para as operações militares:


→ DH e operações militares nada têm de divergências = o primeiro legitima o segundo e dá
eficácia operacional às atividades militares (conflitos armados externos, missões de paz, missões
internas, GLO);

Principais marcos históricos da evolução dos DH:

 ILUMINISMO (Séc XVII):


→ já tecia considerações quanto a um direito inalienável do homem: a dignidade;
→ influenciou da Revolução Inglesa até a Revolução Industrial, Revolução Francesa e
Independência Americana;
→ ideais iluministas: revisao dos códigos penais violentos, tratamento mais brando dos
prisioneiros, oposição à escravidão e à guerra, maior simpatia pelas classes inferiores, revolta contra
as bases sobrenaturais da moral cristã, procura de uma nova base para a moral (calçada nos instintos
naturais do indivíduo ou em consideração de utilidade social);

 REVOLUÇÃO INGLESA (1642 – 1689):


→ inúmeros conflitos, entre 1642 e 1689 que envolveram a decadência do absolutismo inglês, a par
da progressiva ascensão da burguesia e do parlamentarismo;
→ ideal revolucionario inglês contribuiu pra Independência Americana e Revolução Francesa;

 INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1775 – 1776):


→ processo historico que se desenvolveu da onda do iluminismo;
→ movimento de libertação da colônia inglesa na América.

 REVOLUÇÃO FRANCESA (1789 – 1799):


→ acabou de vez com o absolutismo;
→ direitos menos patrimonialistas e mais voltados à dignidade humana;
→ seu ideário deu origem as 3 primeiros dimensoes / gerações de direitos do indivíduos:
(1) LIBERDADE: primeira dimensao; direitos individuais, envolvendo direitos civis e
politicos (liberdade politica, de expressao religiosa e comercial);
(2) IGUALDADE: segunda dimensao; direitos coletivos, abrangendo os direitos sociais,
econômicos e culturais;
(3) FRATERNIDADE: terceira dimensao; direitos de toda a humanidade;

 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1760):


→ decorreu de progressos técnicos, como a invenção e aplicação da máquina a vapor; da
relativização do poder absoluto dos soberanos em beneficio da iniciativa privada, condições
politicas e sociais atingidas com a revolução inglesa;
→ promoveu um grande êxodo rural, com a população empregada como mão de obra nas
indústrias, em ambiente de trabalho insalubre;
→ essa realidade serviu como palco pra primeira aplicação histórica da segunda dimensão dos
direitos (legislação de cunho social), destinada a melhorar a vida dos trabalhadores;

 1ª GUERRA MUNDIAL (1914 – 1918):

→ parte das nações sentiu a necessidade do estabelecimento de limites internacionais de tutela


do ser humano = a Liga das Nações foi uma tentativa nesse sentido;

 REVOLUÇÃO COMUNISTA RUSSA (1917):


→ durante a primeira guerra, na Rússia, teve início a Revolução de Outubro, sob a inspiração
ideológica do Manifesto Comunista de Karl Marx, fundador do comunismo;
→ a implantação do comunismo na Rússia e a tentativa de exportar o seu ideário ao mundo
capitalista resultou em milhões de mortos;

 2ª GUERRA MUNDIAL (1939-1945):


→ conflito mais violento e devastador da história;
→ constituiu-se em elemento histórico fundamental para os movimentos que a humanidade
daria na procura da paz entre as nações;

 O ADVENTO DA ONU:
→ a ruptura com os direitos humanos, ocorrida na II GM, desenvolveu uma demanda entre as
nações por sua tutela legal;
→ em 1945, a ONU veio a existir, por ter sua Carta sido ratificada pelas “5 maiores potências
dos aliados (os 5 membros permanentes atuais do Conselho de Segurança) e pela maioria dos outros
46 membros signatários”;
→ principais objetivos da ONU: manter a paz internacional, garantir os DH, promover o
desenvolvimento sócio econômico das nações, incentivar a autonomia das etnias dependentes,
tornar mais fortes os laços entre países soberanos;
→ criação da ONU: veio suprir o que se intentou com a Liga das Nações e proporcionou as
condições para o advento do direito internacional dos direitos humanos;

 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH):


→ aprovada em 1948;
→ conjunto de direitos e faculdades diversificado, sem os quais um ser humano não pode
desenvolver a personalidade física, moral e intelectual;
→ embora sua natureza jurídica seja de declaração, sem força jurídica cogente, é um marco
incontestável, em torno de uma causa que é de todos;
→ é um retorno aos ideais da Revolução Francesa;
→ em função da sua força, os Estados passaram a construir um verdadeiro sistema
internacional de proteção dos DH (convenções, tratados e outros atos internacionais);

 DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS (DICA) – 1984:

→ sugeriu medidas destinadas a diminuir o sofrimento das vítimas em guerras;


→ por sua iniciativa criou-se o sistema das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do
Crescente Vermelho;
→ As ideias de Dunant prosperaram e desenvolveram duas principais vertentes, com inúmeras
convenções e tratados:
(1) Direito de Haia: limitação dos meios e dos métodos de combate;
(2) Direito de Genebra: maior proteção às vítimas da guerra;
 O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e o Pacto Internacional
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC):
→ 1966: ONU completa a ideia de uma Carta Internacional de Direitos Humanos, aprovando:
(1) o PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (PICDP): deu
eficácia jurídica aos direitos civis e políticos da DUDH;
(2) o PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
(PIDESC): permite estabelecer, sob forma de direitos, as condições sociais, econômicas e
culturais para a vida digna;
→ a Carta Internacional dos Direitos Humanos é uma construção doutrinária que resgata a ideia
inicial da ONU e compreende a DUDH, o PIDCP e o PIDESC;

Uma Taxionomia para os DH:

 embora não seja fácil, é necessário submeter os DH a uma classificação: direitos do


homem, direitos humanos e direitos fundamentais;

 Direitos do Homem:
→ valores ligados à dignidade da pessoa humana;
→ valores ainda não positivados em lei;
→ valores ético-políticos anteriores ao direito positivo e orientadores dos arcabouços jurídicos por
eles suscitados;
→ podem vir a ser a matéria prima dos direitos humanos e dos direitos fundamentais;
→ exemplo: valores ético-políticos que embasaram as acusações do Tribunal Militar Internacional
de Nuremberg e do Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente (Tokio);

 Direitos Humanos:
→ defendem a dignidade da pessoa humana por meio de atos internacionais (Declaração
Universal dos Direitos Humanos, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Convenção
Relativa ao Estatuto dos Refugiados);
→ esses direitos “aspiram à validade universal, para todos os povos e em todos os lugares, de
tal sorte que revelam um caráter supranacional (internacional) e universal”;
→ “direitos previstos em tratados e demais documentos internacionais, que resguardam a
pessoa humana de uma série de ingerências que podem se praticadas pelo Estado ou por outras
pessoas, bem como obrigam o Estado a realizar prestações mínimas que assegurem a todos
existência digna (direitos sociais, econômicos, culturais); ainda que não incorporados ao
ordenamento jurídico de um país, são tidos como direitos humanos, e são capazes de
influenciar o Direito Constitucional de todos os lugares”;

 Direitos Fundamentais:
→ pretendem assegurar, mínimas condições de vida e da personalidade humana, estabelecidos
por normas internas, geralmente constitucionais, dispostas contra o arbítrio do poder estatal;
→ exemplos: o direito à vida, o direito à dignidade da pessoa humana, o direito à liberdade, o
direito à propriedade, o direito à igualdade, os direitos sociais, econômicos e culturais, o direito à
solidariedade, o direito à fraternidade, o direito à democracia, o biodireito, o direito do
consumidor;

UD II: Tutela Internacional dos DH

 Os Sistemas Global e Regionais de Proteção dos DH


→ tiveram início com a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 e decorreram da
universalização desses direitos;
→ a partir de então, formou-se uma base legal internacional ou regional e respectivas bases
institucionais;
→ Base Legal Internacional ou Regional: conjunto de tratados internacionais para tutelar a
dignidade da pessoa humana;
→ Base Institucional: criação de organismos internacionais e regionais, para dar efetividade à
tutela normativa positivada;

 O Sistema Global de proteção dos DH:


→ formado pelo conjunto de tratados internacionais editados pela ONU e pelas instituições
criadas por essa organização, para assegurar o seu respeito;

 Base legal do Sistema Global:


→ engloba muitos Atos Internacionais (exemplos: Carta das Nações Unidas que criou a ONU;
DUDH, Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio; Pacto Internacional dos
Direitos Humanos e Civis);
→ a base legal permite:
(1) a formação de um consenso internacional sobre a necessidade de adotar parâmetros mínimos
de proteção aos DH;
(2) a imposição de deveres jurídicos aos Estados, de respeitar, proteger e implementar os DH;
(3) a instituição de órgãos de proteção, como meios de proteção dos direitos assegurados (Comitês,
Comissões, Cortes);
(4) o estabelecimento de mecanismos de monitoramento sobre a implementação dos direitos
(relatórios, comunicações interestatais, petições individuais);

 Base institucional do Sistema Global:


→ a base institucional: engloba vários órgãos (exemplos: Alto Comissariado das Nações Unidas
para os DH – ACNUDH; Conselho de DH das Nações Unidas – UNHRC/CDH; Comitê de DH;
Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais);
→ os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, no âmbito da ONU, são
monitorados institucionalmente por Comitês, que são órgãos instituídos pelos próprios
tratados;

 Os Sistemas Regionais de proteção dos DH:


→ são complementares ao Sistema Global;

 O Sistema Interamericano de DH:


→ implementado pela OEA;
→ a OEA foi criada pela Carta da Organização dos Estados Americanos, em 1948, numa
Conferência na Colômbia, onde também foi adotada a Declaração Americana dos DH (que
precedeu a DUDH da ONU);
→ constituído de normas e organismos, dos quais se destacam o tripé legal e institucional do
Sistema Interamericano: a Convenção Americana, a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (Comissão IDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH);
→ contribui em 3 áreas: fortalecimento do Estado de Direito, adequação de regras nacionais aos
parâmetros de direitos humanos e consolidação de novos direitos;

 Convenção Americana dos DH (CADH):


→ Pacto de São José da Costa Rica;
→ criada pela OEA em 1969 (entra em vigor em 1978);
→ maior instrumento do Sistema Interamericano de Direitos Humanos;
→ criou os dois principais órgãos do Sistema Interamericano de DH: a Comissão IDH e a
Corte IDH;
→ se divide em 3 partes: a primeira, estabelece os direitos dos indivíduos e os deveres dos
Estados; a segunda, cria o sistema de proteção e os mecanismos de monitoramento da
Convenção, e a terceira, trata de regras gerais de ratificação, reservas e denúncias;
→ reconhece um rol de direitos civis e políticos semelhantes ao PIDC (direito à vida, à liberdade, a
um julgamento justo, etc);

 Comissão IDH:
→ formada por 7 membros eleitos pela OEA;
→ órgão da OEA, quase jurídico e autônomo;
→ funções principais:
(1) promover o respeito e a defesa dos DH;
(2) formular recomendações aos governos para adoção de medidas em favor dos DH;
(3) atender as consultas formuladas (função consultiva) pelos Estados membros sobre questões
relacionadas com os DH;
(4) submeter casos à Corte IDH;

 Corte IDH:
→ composta por 7 juízes;
→ o reconhecimento de sua jurisdição é facultativo;
→ tem competência contenciosa e consultiva;
→ competência contenciosa: competência de julgar casos;
→ competência consultiva: interpretação e aplicação dos dispositivos da Convenção Americana;

 Sistema europeu de DH:


→ criada em 1950;
→ entrou em vigor em 1953;
→ base legal: Convenção Europeia dos DH (CEDH);
→ base institucional:
(1) Comissão Europeia de DH: fazia a triagem/investigação das denúncias e tinha legitimidade
para propor uma ação contra um Estado-Parte; foi extinta;
(2) Tribunal Europeu de DH (corte): julga as denúncias, assumiu quase todas atribuições da
Comissão; passou a admitir demandas de indivíduos, tornando-se um verdadeiro tribunal
constitucional europeu;

 Sistema Africano de DH:


→ base legal: constituição da União Africana (UA), que reconhece direitos individuais (1ª e 2ª
dimensões) e direitos dos povos (3ª dimensão) e apresenta deveres;
→ base institucional:
(1) Comissão Africana de DH e Direitos dos Povos;
(2) Mecanismo Africano de Revisão dos Iguais (MARI);
(3) Tribunal Africano dos DH e dos Povos;

 Sistema Árabe de DH:


→ sistema regional árabe: incipiente (iniciante);
→ dificuldades: membros da Liga Árabe dispersos pelos continentes asiático/africano e
instabilidade político-religiosa traz reflexos negativos para alcançar mecanismos legais/criar
instituições regionais de tutela dos DH;
→ cria uma Comissão Árabe de Direitos Humanos e uma Corte Árabe de Direitos Humanos,
com as mesmas características das correspondentes europeias;
A recepção dos Atos Internacionais pelo sistema jurídico brasileiro:

→ os AI celebrados pelo Brasil, para serem recepcionados pelo ordenamento jurídico pátrio,
obedecem um caminho constitucionalmente estabelecido; são antecedidos por sua celebração,
cujo regramento está estabelecido pela Convenção de Viena;

 O papel do MRE (Ministério das Relações Exteriores):


→ algumas das competências do MRE na recepção dos AI:
(1) assistência ao Presidente da República nas relações com Estados estrangeiros e com
organizações internacionais;
(2) participação em negociações com Estados estrangeiros e com organizações internacionais, em
articulação com os demais órgãos competentes;

 Atos Internacionais:
→ AI é todo instrumento, pelo qual um Estado ou Organização Internacional, por exemplo,
assume obrigações e adquire direitos, por escrito, sobre determinada matéria, perante outra ou
outras Pessoas de Direito Internacional;
→ as nações valem-se dos AI como um dos mais importantes instrumentos da sua política
externa;
→ a DAI/MRE (Divisão de Atos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores) é
responsável pela guarda de todos esses atos que obrigam internacionalmente o Brasil;

 Características e competência de celebração dos AI:


→ no BR, o AI necessita, para a sua conclusão, da participação dos Poderes Executivo (PR) e
Legislativo (Congresso);
→ segundo a Constituição, celebrar tratados, convenções e atos internacionais é competência
privativa do Presidente da República, que pode, entretanto, delegar esta atribuição; porém,
estão sujeitos ao referendo do Congresso Nacional, a quem cabe resolver definitivamente =
embora o PR seja o titular das dinâmicas internacionais, a aprovação do poder legislativo é
necessária;
→ competência de celebração: somente a União está legitimada a manter relações, fazer
acordos com Estados estrangeiros, ação que é vedada aos estados-membros;

 Principais tipos de AI:


(1) Tratado:
→ ato bilateral ou multilateral, ao qual se deseja atribuir relevância política;

(2) Convenção:
→ atos multilaterais, oriundos de conferências internacionais e que versem sobre assunto de
interesse geral;
→ tipo de instrumento internacional destinado, em geral, a estabelecer normas para o
comportamento dos Estados;

(3) Acordo:
→ expressão de uso livre e de alta incidência na prática internacional, embora alguns juristas
entendam que acordos são atos internacionais com reduzido número de participantes e
importância relativa;
→ podem ser firmados entre países ou entre estes e uma organização internacional;

 A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969):


→ conquista da ONU na codificação do Direito Internacional aplicada aos tratados;
(1) âmbito de aplicação:
→ a convenção aplica-se aos tratados entre Estados (o fato de não se aplicar a acordos
internacionais concluídos entre Estados e outros sujeitos de Direito Internacional ou a acordos
internacionais que não sejam concluídos por escrito, não prejudicará a aplicação da Convenção
às relações entre Estados, reguladas em acordos internacionais em que sejam igualmente
partes outros sujeitos de Direito Internacional (ex: ONU, OEA);
(2) forma de celebração: deve ser por escrito;
(3) reservas:
→ qualquer Estado, diante de um tratado internacional, tem a opção de não fazer parte do
acordo ou aceitar, mesmo que não concorde com todo o texto, podendo declarar que se exclui de
compromissos relacionados a disposições que não merecem a sua concordância (pode não
concordar com tudo);
→ no decreto de promulgação o Brasil facultou-se ao direito de estabelecer reservas aos arts. 25 e
66;

(4) norma jus cogens:


→ é aquela norma imperativa de Direito Internacional geral, aceita e reconhecida pela sociedade
internacional em sua totalidade, como uma norma cuja derrogação é proibida e só pode sofrer
modificação por meio de outra norma que trata do mesmo assunto;
→ ao surgir uma norma imperativa de direito internacional geral, todos os tratados que
conflitem com a mesma serão considerados nulos;
→ exemplos: os DH relacionados na DUDH; Art. 4.2 do Pacto sobre os Direitos Civis e Políticos
(vedação da suspensão do conteúdo dos Arts. 6º, 7º e 8º que tratam de espécies de DH); Art. 15.2
da Convenção Europeia de Direitos Humanos (vedação da suspensão do art. 2º, que trata de
DH); Art. 24 da Convenção Americana sobre DH (trata da igualdade de todos perante a lei);

 Processo (fases) de tramitação e internalização dos AI ao sistema jurídico nacional:


(1) Projeto e assinatura:
→ PR ou plenipotenciário;
(2) Submissão ao Congresso Nacional (art. 49, I/CF):
→ aprovação mediante promulgação por Decreto Legislativo;
(3) Ratificação (art. 84, VIII/CF):
→ PR, mediante carta de ratificação (ou de adesão) que vincula o país internacionalmente;
(4) Promulgação pelo Executivo:
→ PR, mediante decreto de promulgação, que dá eficácia interna;
(5) Registro:
→ MRE encaminha para o Secretariado da ONU ou ao país depositário, nos atos multilaterais;

 Hierarquia normativa dos tratados:


(1) Tratado convencional (comum):
→ tratado comum é aquele cujo objeto não versa sobre direitos humanos;
→ a incorporação legislativa do ato internacional ao ordenamento pátrio, segundo uma hierarquia
normativa ordinária (ou comum) dos tratados, infraconstitucional e paritária às leis ordinárias;
→ são aprovados por meio de decreto legislativo, por maioria simples, conforme artigo 49,
inciso I da CF/88 e posteriormente, ratificados pelo PR;
→ possuem status de uma lei ordinária e se situam no nível intermediário, ao lado dos atos
normativos primários;

(2) Tratados de DH:


→ é aquele que tem como objeto DH;
→ Emenda Constitucional 45, de 8 de dezembro de 2004;
→ antes da criação dessa emenda, considerava-se que os tratados internacionais de Direitos
Humanos teriam a mesma hierarquia das normas constitucionais, por força do disposto no
parágrafo 2° artigo 5° da CF/88;
→ com o advento da emenda, criou-se um 3º parágrafo ao artigo 5º, determinando que os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, pelo
Congresso, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros (mesmo
procedimento previsto para as emendas), serão equivalentes à emenda constitucional;
→ os tratados de DH podem ser, portanto:
(1) materialmente constitucionais e supra legais (art. 5º, § 2º): com aprovação por maioria
simples;
(2) formalmente constitucionais (art. 5º, § 3º), com status de EC, com aprovação por maioria
qualificada;

 Amparo legal de recepção dos tratados de DH: art. 5º, §§ 1°, 2° e 3º:
§ 1º → aplicação imediata;
→ não dispensa as fases da tramitação
→ por si, não faculta eficácia plena aos tratados de DH, pois demanda pela legislação
infraconstitucional que os complemente;

§ 2º → Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros


→ estabelece que é “ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito”; art. 5º, inciso LXVII da CF/88
→ tratados de DH passaram a ser recepcionados como norma supralegais e materialmente
constitucionais;

§ 3º → Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados


por três quintos dos votos, serão equivalentes às emendas constitucionais.”
→ os tratados são elevados à hierarquia formal constitucional;
→ natureza jurídica de cláusula pétrea;
 Eficácia externa e interna dos tratados de DH:
→ Eficácia externa: a partir da ratificação/adesão;
→ Eficácia interna: a partir do decreto de promulgação do PR;

 Impacto das normas de DIDH recepcionadas pelo sistema jurídico brasileiro:


→ o direito enunciado no tratado reproduz direito já assegurado na Constituição = reforça o
valor jurídico da norma constitucional;
→ o direito enunciado no tratado inova o universo de direitos constitucionalmente previstos =
complementa a declaração dos direitos já existentes na Consituição, podendo eventual vítima
invocar a norma internacional pelo princípio da auto aplicabilidade imediata da norma internacional
de direitos humanos;
→ o direito enunciado no tratado contraria norma constitucional = pode prevalecer a norma
mais favorável à vítima, mediante pronunciamento do STF (ex.: art. 7º da CADH);

 A Declaração Universal dos DH (DUDH):


→ proclamada em 1948;
→ amplitude: conjunto de direitos e faculdades diversificado e de largo espectro;
→ universalidade: aplicável a todas as pessoas em todos os países, raças, religiões e sexos, seja
qual for o regime político dos territórios nos quais incide;
→ indivisibilidade: conjuga direitos civis e políticos com direitos econômicos, sociais e culturais;
→ aspectos jurídicos:
(1) tecnicamente, não é um tratado ou convenção = é uma recomendação da Assembleia Geral
aos membros da ONU, não possuindo, formalmente, força legal vinculante ou cogente;
(2) é jus cogens;
→ sua força jurídica reside no fato de que é fonte do Direito Costumeiro Internacional e constitui a
interpretação autorizada da expressão DH na Carta da ONU;

 A Convenção Americana sobre DH ou Pacto de São José da Costa Rica (1969):


→ somente para membros da OEA;
→ AI mais importante do sistema interamericano de DH;
→ objeto (art 1º) → impõe aos Estados a obrigação de respeitar as liberdades e direitos
reconhecidos na Convenção
→ ratificada e promulgada pelo BR em 1992, mas somente reconheceu a jurisdição da Corte IDH
em 1998;
→ não enuncia, expressamente (só genericamente), direitos econômicos, sociais e culturais,
que só foram incluídos mais tarde com o Protocolo de San Salvador, em 1988;
→ se estrutura em 3 partes = Obrigações dos Estados e direitos protegidos, Meios de proteção e
mecanismos de monitoramento e Disposições gerais e transitórias;
→ assegura direitos civis e políticos similares aos do PIDCP (direito à vida, à liberdade, de não ser
submetido à escravidão, etc);
→ como consequências jurídicas da internalização ao sistema jurídico brasileiro da Convenção
têm-se a proibição da prisão civil por dívida, exceto a alimentar;
→ (art. 2º)→ internalização das normas
→ o Estado ao ratificar/aderir a CADH não poderá alegar omissão ou incompatibilidade de lei
interna como argumento para descumprir seus preceitos;
→ estabelece um aparato de monitoramento e implementação dos direitos e liberdades previstos
por meio da Comissão IDH e da Corte IDH;

 Comissão IDH:
→ o Estado, ao ratificar a CADH, automaticamente, se sujeita à competência da Comissão
IDH;
→ competência para denúncias/queixas → (art. 44 da CADH)
→ competência para fazer denúncias e submeter casos à Corte IDH → (Arts. 52, 1. e 61, 1.);
→ função principal: promover o respeito e a defesa dos DH; → Art. 41
→ outras funções e atribuições:
(1) Consultiva → (art. 41, e);
(2) Conciliação: ao compor conflitos entre governos e grupos sociais reclamantes (art. 48, f);
(3) Assessoria → (art. 41, b);
(4) Crítica: informa sobre a situação dos DH, em um Estado-Parte (art. 41, g);
(5) Legitimadora: quando um governo decide sanar as violações (art. 41, f);
(6) Promotora: quando efetua estudos sobre direitos humanos, visando promover o seu respeito e
estimulando a consciência nos povos (art. 41, a), b) e c) );
(7) Protetora: quando intervém em casos urgentes de violações de direitos humanos (art. 41, f);

 Corte IDH:
→ órgão jurisdicional do sistema regional interamericano de proteção dos DH;
→ tem competência consultiva e contenciosa;
→ competência consultiva da Corte (art. 62, 3.) = tem competência para conhecer de qualquer
caso relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção que lhe seja
submetido;
→ competência para consultar (art. 64, 1.) = Estados-Partes poderão consultar a Corte sobre a
interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos DH;
→ função de controle da convencionalidade das leis (art. 64, 2.) = a pedido de um Estado-
Membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas
leis internas e os mencionados instrumentos internacionais;
→ exemplo de competência consultiva: a Corte emitiu parecer dizendo não à adoção da pena de
morte pela Guatemala, para crimes que o país não considerava puníveis com essa pena, no
momento em que ratificou a Convenção Americana, ainda que o mesmo tivesse feito reserva à
Convenção, sobre esse assunto específico;
→ competência contenciosa:
(1) (art. 62, 3.) = só terá essa competência se o Estado reconhecer sua jurisdição;
(2) competência para submeter casos à corte: só Estados-Partes e a Comissão têm direito de
submeter caso à decisão da Corte; (Art. 61 - 1)
(3) se, após analisar o caso, a corte decidir que a violação ocorreu, pode determinar ao Estado a
adoção de medidas visando a reparação do direito, e/ou condenar o Estado a pagar uma
compensação à vítima; (Art. 63 - 1)
→ sobre as decisões da Corte:
(1) não se destinam a reformar ou cassar decisões internas (não é uma “quarta instância”)
porém, os atos internos dos Estados podem passar pela Corte e ela apontará onde aqueles
contrariam a CADH;
(2) em tese, tem força jurídica vinculante (aplicável a todos os casos) e obriga o Estado a
imediato cumprimento;
(3) as indenizações fixadas pela Corte tem força de título executivo contra o Estado, sem
precisar de novo processo de execução interno;
(4) a própria Corte se encarrega de fiscalizar o cumprimento de suas decisões

 A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (ER) e o Protocolo sobre ER:


→ existem 3 vertentes da Proteção Internacional da Pessoa Humana e o Direito dos Refugiados
(DIR) é uma delas (outras duas = Direito Internacional dos Direitos Humanos – DIDH e Direito
Internacional dos Conflitos Armados – DICA);
→ art. 14 da DUDH: direito de asilo em sentido amplo = todo ser humano, vítima de
perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países; esse direito não pode ser
invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas;
→ art. 15 da DUDH: direito à nacionalidade = todo ser humano tem direito a uma nacionalidade
e ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade;
→ se existem refugiados = DH estão sendo violados no seu estado de origem = não está tendo
proteção;
→ se os DH são universais e indivisíveis, os refugiados são titulares destes, independente de
lugar;
→ antes do DIDH, um apátrida (sem nenhuma nacionalidade, pelo fato de tê-la perdido no
país de origem) jamais poderia obter a cidadania; POREM, com a DUDH (Arts. 14 e 15) e
do DIDH, não há impedimento de que possa ser reconhecida a cidadania de um apátrida por
outro Estado;

 Refúgio x Asilo Político:


→ asilo é um gênero que tem duas espécies = refúgio e asilo político;
→ refúgio:
(1) possui natureza jurídica internacional, com alcance universal e carater humanitario, que
atende a multiplos motivos de perseguição;
(2) não tem previsao constitucional, porém tem uma lei;
(3) obteve definição jurídica com a aprovação do Estatudo do Refugiado, em 1951;
(4) fundado temor de perseguição;
(5) não recebe: residente no Brasil, naturalizado, já protegidos pela ONU, quem cometeu crimes de
guerra/contra a humanidade/ terrorismo, traficantes de drogas, culpados de atos contrários ONU;
(6) instrumento apolítico, humanitário e de caráter convencional, internacional e universal;
(7) é requerido ao CONARE;
(8) exclui possibilidade de extradição pelo princípio de non refoulement;

→ princípio do non-refoulement (não devolução) = é eixo estrutural do sistema jurídico protetor


do refugiado (art. 33 da Convenção); o Estado se compromete a não expulsar ou devolver um
refugiado, a não ser que ele mesmo o queira (repatriação); é obrigação mínima do Estado;

→ asilo político:
(1) essencialmente político, de caráter latino americano, destinado a perseguidos politicos;
(2) se classifica em territorial ou diplomático;
(3) asilo político territorial: o Estado recebe o estrangeiro em seu território, oferecendo-lhe
proteção;
(4) asilo político diplomático ou extraterritorial: concedido na representação diplomática do país
ao qual é pedido o asilo, no próprio país do solicitante;
(5) previsto na CF;
(6) não recebe: perseguido por prática de crimes comuns ou atos atentatórios aos interesses e
princípios da ONU;
(7) pedido diplomático nas embaixadas/concedido pelo Chefe da Missão Diplomática;
(8) pedido de asilo político é concessão do PR;
(9) não evita a extradição;

 Convenção de 1951 (Convenção de Genebra) e seu protocolo:


→ como a DUDH é protetiva quanto ao direito humano do asilo, mas não tem caráter obrigatório
e vinculante, foi necessária a elaboração de um instrumento jurídico capaz de fazer com que os
Estados reconhecessem a um estrangeiro ou a um apátrida, a condição de refugiado;
→ art. 1º → definição de refugiado
→ criou o documento de viagem para os refugiados (art. 28 da Convenção), o que torna
desnecessária a expedição de documento de identidade pelo Estado de refúgio = garante a proteção
internacional ao refugiado;
→ estabeleceu o princípio do non-refoulement (não devolução);
→ no Brasil:
(1) a Convenção foi promulgada com reservas aos artigos 15º (dar tratamento mais favorável às
associações de refugiados) e Art. 17º (dar tratamento mais favorável ao exercício das profissões
assalariadas) = por que as reservas? = para respeitar o princípio da isonomia, e não dar
tratamento favorável a ninguém;
(2) foi criada uma lei que regulamentou sua aplicação e instituiu o CONARE (Comitê Nacional
para os Refugiados) = base legal é a lei, base constitucional é o CONARE;

 ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, 1949):


→ presta assistência e busca soluções para os problemas dos refugiados e aplicação do DIR:
→ tem finalidade distinta do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) cuida da aplicação do
DICA;

 Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Racial:
→ racismo: ligado a teorias ou crenças de hierarquia entre etnias ou raças, possui forte apelo
cultural;
→ preconceito racial: opinião ou sentimento motivado pela generalização de uma ideia imposta
pelo meio ou fruto de experiência pessoal, gerando intolerância;
→ discriminação racial: efetiva quebra do princípio da igualdade, mediante a exclusão, distinção,
restrição ou preferência baseada em raça ou etnia;
→ o racismo ou o preconceito racial levam à discriminação racial;
→ art 1º: definição de discriminação racial;
→ a convenção não se limita a verificar a motivação racista do ato (discriminação direta),
basta o simples resultado de prejuízo aos direitos humanos em função de distinção étnica,
mesmo não aparente (discriminação indireta);
→ estados que ratificaram essa Convenção (como o Brasil) se comprometeram, internacionalmente,
a eliminar a discriminação racial, de forma progressiva;
→ a Convenção ao mesmo tempo reprime os atos de discriminação e promove a igualdade
mediante a inclusão de grupos ou indivíduos socialmente vulneráveis;
→ as ações afirmativas (discriminação positiva), previstas no art. 1º, § 4º, promovem a
igualdade e tem por objetivo a rápida ascensão social dos grupos vulneráveis e equiparação
aos demais, com caráter temporário;
→ exemplo de ações afirmativas: sistema de cotas
→ principais Direitos explicitados na Convenção:
(1) acesso aos serviços públicos;
(2) acesso ao tratamento justo perante o Poder Judiciário;
(3) direito à igualdade perante a lei sem distinção de raça, cor, origem, nacionalidade ou etnia;
→ Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial: monitoramento e cumprimento da
Convenção = examina petições elaboradas por indivíduos, relatórios dos Estados contratantes e
comunicações entre Estados; publica suas decisões em relatório anual encaminhado à Assembléia
Geral da ONU;

 Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou


Degradantes (1984):
→ art. 1º: definição de tortura;
→ segundo a Convenção, a tortura é caracterizada por 3 elementos essenciais:
(1) a aplicação deliberada de dor ou sofrimentos físicos ou mentais;
(2) a finalidade do ato
(3) vinculação do agente ou responsável, direta ou indiretamente, com o Estado;
→ exemplos de penas ou tratamentos degradantes ou cruéis: decepar mão de ladrão, castração de
condenados por crimes sexuais;
→ consagra o direito de não extradição ou expulsão para um Estado onde há risco da pessoa
sofrer tortura;
→ dá direito à indenização em caso de tortura e proteção contra atos de tortura e outras formas de
tratamento cruel;
→ Art. 2º, 2: proibição de torturar é incontestável (não pode ser anulada);
→ Art. 4º: inserção do crime de tortura na lei penal interna (no Brasil se deu por uma lei),
inexistindo qualquer circunstância que sirva de justificativa para a tortura;
→ Arts 5º a 8º:
(1) compulsoriedade de jurisdição: Estados devem processar e punir torturadores
independente do local e da nacionalidades, seja do torturador, seja da vítima;
(2) universalidade de jurisdição: Estado onde se encontra o suspeito de tortura deverá processá-lo
e extraditá-lo para outro Estado contratante que o solicite e tenha o direito de fazê-lo ,
independente de acordo bilateral sobre extradição;
→ Comitê contra a Tortura: instrumento de monitoramento; pode iniciar investigação própria
ao receber informações de que determinado Estado contratante pratica sistematicamente a tortura;

 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura:


→ é uma base legal contra tortura e faz parte do Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos
Humanos;
→ ratificada e promulgada pelo Brasil em 1989;
→ Brasil já tinha previsto no seu art 5º inciso XLIII a proibição de tortura = essa convenção
vem pra consolidar, reforçar, disciplinar o que já estava previsto;
→ arts. 1º ao 6º: reforçaram a necessidade de criação de uma lei que tipificasse a tortura = lei
9.455/97;
→ essa lei revogou o Art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que não definia
o termo tortura e era aplicável somente nos casos de vítimas menores de 18 anos, e aumentou a
pena para o crime cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
de 60 anos;
→ a convenção trata dos atos e omissões de funcionários ou empregados públicos ou de outras
pessoas, por instigação ou consentimento da tortura e cuida, eminentemente, de proteger as pessoas,
que estejam sob custódia do poder público;
→ ela define a tortura de modo semelhante à Convenção contra a Tortura da ONU, porém aqui não
se admite a modalidade culposa (sem intenção) = “é um conjunto de práticas que produzam,
dolosamente, sofrimento físico ou mental…”;
→ a Comissão Interamericana definiu que o estupro conduzido por funcionário público ou por
alguém que aja como tal é uma forma de tortura;
→ art. 8º: prevê o princípio do esgotamento dos recursos internos para que um caso de tortura
seja submetido à jurisdição internacional, caso o Estado tenha se submetido à Corte da OEA: a
Corte IDH o considera durante o juízo de admissibilidade de uma ação que denuncie essa violação
aos DH;
 Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado:
→ entrou em vigor no Brasil em 1996;
→ o desaparecimento forçado de pessoas viola o direito à vida = viola outros direitos humanos;
→ embora a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em seu art. 4º, já previa a
proibição ao desaparecimento forçado de pessoas, a OEA entendeu ser necessária a edição de
um texto específico, que detalhasse essa proibição;
→ art. 2º: define desaparecimento forçado
→ art. 3º: determina a tipificação na legislação interna, que é considerado crime permanente
enquanto não determinado o paradeiro ou destino da vítima;
→ Art. 7º: considera a imprescritibilidade da ação penal e do cumprimento da pena para
aqueles que cometeram esse crime.
(1) para atenuar a rigidez dessa regra, o próprio artigo prevê que, se o Estado possuir em sua
Constituição uma norma que impeça a imprescritibilidade criminal, poderá prever que a
prescrição para esse crime deverá ser equivalente à do delito mais grave previsto na lei penal;
→ Art. 8º: trata da inadmissibilidade da alegação de obediência a ordens ou instruções
superiores como fundamento para redução de pena ou exclusão de punibilidade = aqueles que
receberem ordens de executar um desaparecimento forçado possuem então o poder-dever de
não as cumprir (ordem absurda, que contraria a lei; não adianta falar que o superior
mandou);
→ Art. 9º: polêmica proibição da jurisdição militar para o julgamento de pessoas acusadas desse
crime (fator que reduziu o número de adesões à Convenção) = não pode ser julgado pela Justiça
Militar;

 Convenção Internacional para Proteção de todas as Pessoas Contra o Desaparecimento


Forçado (2010):
→ ratificada e promulgada pelo Brasil em 2010;
→ veta o desaparecimento forçado, mesmo em situação de guerra;
→ define a prática sistemática do desaparecimento forçado como crime contra a Humanidade,
mas não o considera imprescritível, como a Convenção Interamericana sobre Desaparecimento
Forçado;
→ não exclui a competência da jurisdição militar;
→ todos os afetados pelo desaparecimento forçado (parentes, por exemplo) têm o direito de
conhecer a verdade sobre as circunstâncias do crime, resultados de investigações e o destino do
desaparecido;
→ o cumprimento da Convenção é monitorada pelo Comitê da ONU para Desaparecimentos
Forçados;

 Declaração e Convenção sobre os Direitos da Criança:


→ a Assembleia Geral da ONU promulgou em 1959 a Declaração dos Direitos da Criança, que deu
origem em 1989 à Convenção sobre os Direitos da Criança;
→ é o Tratado internacional de DIDH com maior número de ratificações (exceto Somália e
EUA);
→ Art. 1º define a criança
→ atribui à criança proteção especial; exemplos: direito à vida, proteção contra a pena de morte, à
nacionalidade, proteção em caso de separação dos pais, proteção para não ser levada ilicitamente ao
exterior, proteção contra a exploração econômica ou sexual, idade mínima para trabalhar;
→ é instrumento abrangente, atendendo a todas as áreas de DH (civis, políticos, sociais, culturais
e econômicos);
→ Artigo 227 CF/88: coerente com a Convenção (criança como sujeito de direitos, com especial
proteção);
→ Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): especifica e diferencia criança (até 12 anos
incompletos) e adolescente (12 anos completos até 18 anos incompletos);
→ 25 Maio de 2000: adoção de dois Protocolos Facultativos:
(1) o Protocolo Facultativo sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia Infantil impõe
que os Estados proíbam a venda de crianças, a prostituição e pornografia infantis, além de
determinar que essas condutas sejam tipificadas na legislação penal dos Estados;
(2) o Protocolo Facultativo sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados determina que
os Estados-Partes devem tomar todas as medidas para garantir que os membros de suas forças
armadas que não tenham atingido os 18 anos não participem diretamente dos combates, além
de proibir a participação em grupos armados;
→ Brasil ratificou a Convenção e os dois Protocolos Facultativos;
→ estabeleceu o Comitê sobre os Direitos da Criança: instrumento de controle internacional
→ importante: artigo 40º da Convenção (!!!): trata das infrações cometidas por crianças e dos
direitos mínimos que lhe são garantidos;

 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as


Mulheres:
→ estabeleceu a obrigação dos Estados em eliminar a discriminação e assegurar a igualdade
entre os sexos;
→ Art. 1º: define o que é discriminação contra a mulher:
→ combate à discriminação direta (intencional) e indireta (de que resulta prejuízos à mulher,
independente de intenção) = se tenho direta ou indireta, estou admitindo a modalidade
culposa (em que não há intenção);
→ prevê a possibilidade de implementação de ações afirmativas (discriminação positiva), de
caráter temporário e compensatório, para acelerar o processo de obtenção da efetiva igualdade
entre os gêneros;
→ a Convenção não trata da violência contra a mulher;
→ Sistema de monitoramento: Comitê específico;
→ a Convenção e o Protocolo Facultativo foram ambos ratificados pelo Brasil;
→ o sistema jurídico nacional conta com importantes instrumentos legais de qualidade, que
atendem o objetivo da Convenção:
(1) Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher
(2) lei nº 13.104, que alterou o art. 121 do Código Penal, acrescentando o inciso VI (feminicídio)
ao § 2º (qualificador do homicídio);

 Convenção Interamericana contra o Racismo, Discriminação Racial e Formas


Correlatas de Intolerância (2013):
→ Brasil: aprovada pelo Congresso Nacional pelo Dec Legislativo nº 1, de 18 Fev de 2020, nos
termos do § 3º, do art. 5º, da CF = materialmente e formalmente constitucionais, ou seja,
entra como emenda constitucional;

UD III: Legislação Nacional de Tutela dos DH e do Emprego da tropa na GLO e Ações


Subsidiárias
bizu: marcar os artigos importantes no vade mecum; caso o vade mecum não tenha alguma das
leis, imprime separado e leva pra prova;

assuntos a e b:

 Constituição Federal de 1988:


→ trouxe inovações: como privilégio topográfico constitucional dos direitos fundamentais e a
previsão dos direitos fundamentais como cláusulas pétreas;
→ destaque para o Art 5º e todos seus incisos: trata sobre o respeito à integridade física e moral
do indivíduo, respeito ao próximo, respeito à vida, etc;

 Estatuto dos Militares (Lei 6.880/1980):


→ fonte dos princípios éticos profissionais a serem seguidos;
→ destaque para o art. 28, III;

assunto c:

 Crime de Genocídio (Lei 2889/1956):


→ essa lei teve origem com a Convenção sobre a Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio, de
1948;
→ Art. II dessa convenção = define o que é genocídio;
→ é um crime contra a humanidade e a ordem internacional;
→ crime que afeta o direito do ser humano de:
(1) pertencer a uma religião diferente, a uma outra raça, etnia ou grupo nacional;
(2) defender ideias políticas contrárias;
(3) ter uma cultura diversa;
→ existem 3 espécies de genocídio:
(1) genocídio físico: assassinato e/ou atos que causem mortes
(2) genocídio biológico: esterilização ou separação de membros de um grupo
(3) genocídio cultural: atentado contra o direito ao uso da própria língua ou destruição de
monumentos e instituições de arte, história ou ciência;
→ Art 5º do Estatuto de Roma traz que o Tribunal Penal Internacional (TPI) tem competência
para julgar crime de genocídio (bem como outros crimes graves, como crimes contra a
humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão);
→ Art 1º da lei 2889/56: dispõe sobre o tipo penal = o que caracteriza crime de genocídio;
→ importante: a lei não especifica as penas para cada infração = elas são definidas no Código
Penal (CP);
→ exemplo: no Art 1º, letra a diz: “matar membros do grupo”; abaixo do Art 1º, então, vem
escrito: “será punido com as penas do Art. 121, § 2º, do CP, no caso da letra a” = assim, só olhar no
CP qual a pena estipulada;
→ Art 2º: associação de mais de 3 pessoas no cometimento do crime;
→ Art 3º: incitar alguém a cometer os crimes;
→ Art 4º: agravamento da pena = agrava de um terço as penas dos crimes cometidos por
governante ou funcionário público (militares entram aqui);
→ obs.: não existem modalidade culposa desse crime (quais são as 3 modalidades culposas? =
negligência, imprudência e imperícia);
→ genocídio é um crime hediondo (Art 1º, parágrafo único da Lei dos Crimes Hediondos);
→ caso de genocídio no Brasil: 1993, garimpeiros contra ianomâmis Haximu = “massacre de
Haximu”, em RR;

 Crime de Tortura (Lei 9455/1997):


→ bem jurídico tutelado: a dignidade da pessoa humana e a integridade física e psíquica dos
indivíduos;
→ a tipificação desse crime no Brasil está ligada à ratificação de 2 convenções = internacional e
interamericana;
→ sujeito ativo: na convenção contra tortura, somente agente público podia cometer o crime; já na
legislação nacional não é necessário que o agente seja servidor público para cometer o crime
de tortura (qualquer pessoa pode cometer), mas essa condição agrava a pena;
→ a tortura é um crime equiparado a hediondo (Art. 2º da Lei 8072/90, dos Crimes
Hediondos);
→ Art 1º, caput: define crime de tortura; tipos penais;
→ Art 1º, § 3º: tortura qualificada pelo resultado = se o crime resulta em lesão corporal grave ou
gravíssima = a lesão corporal ou a morte são consequências culposas da tortura (não há a intenção
de lesar ou matar);
→ Art. 1º, §4º: causas majorantes (aumento da pena);
obs.: legislador se refere à criança como os menores de 12 anos; no caso de gestante,
torturador deve ter ciência da gravidez; a deficiência pode ser física ou mental;
→ Art. 1º, § 5º: perda de cargo, função ou emprego público;
→ Art. 1º, §6º: o crime de tortura é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia;
→ Art. 1º, §7º: antes era obrigatório o cumprimento da pena sob o regime iniciamente fechado;
essa obrigatoriedade foi suspensa = é possível iniciar o cumprimento da pena em regime
semiaberto (jurisprudência do STJ sobre o regime inicialmente fechado = deve analisar o
caso);
→ diferença entre tortura e maus tratos (Art. 136 do CP):
(1) maus tratos = expor a pessoa ao perigo, para fins de educação, ensino, tratamento = privar de
cuidados, de alimento, sujeitar a trabalho excessivo, abusar do meio corretivo ou discplinar;
(2) o agente abusa de seu direito de corrigir;
→ competência para julgar a tortura praticada por militar das Forças Armadas = Justiça
Militar (Art. 9º do CPM);

 Lei de Drogas (Lei 11.343/2006):


→ trouxe inovações no tratamento ao usuário de drogas e ao traficante = estabeleceu penas mais
duras para o tráfico e despenalizou a conduta do usuário (relativizou as penas = tem penas, mas
são mais leves, sem privação de liberdade), visando a sua educação;
→ importante: no CPM, as penas para o crime de tráfico de drogas são mais leves;
→ portar ou traficar drogas é crime = assim, o material encontrado com a pessoa deve ser
apreendido, não importando a quantidade;
→ obs.: se um policial (por exemplo) apreender algo que parece droga, por mais que tenha 100%
de certeza de que a substância é alguma droga, precisa levar para ser realizada uma perícia pra
confirmar (e conduz o suspeito à delegacia = não existe prisão em flagrante nesse caso);
→ Art 1º § único: conceito de drogas;
→ essa é uma norma penal em branco (heterogênea) = necessita de complemento, ou seja, de
outra lei;
→ Portaria 344/1998, do Ministério da Saúde: ato normativo mais importante que complementa a
lei de drogas = relaciona as substâncias e produtos capazes de causar dependências, referidos
no §1º;
→ tráfico de drogas = crime equiparado à hediondo, inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia (Art 5º, XLIII / CF88 e Art 2º da Lei 8.072/90);
→ Art 28: trata do usuário = penas mais leves;
→ Art 48, § 2º: diz que o agente que pratica a conduta do Art 28 (consumo pessoal) não pode
ser preso em flagrante, por se tratar de uma infração de menor potencial ofensivo = deve ser
levado à delegacia para lavar o termo circunstanciado;
→ tráfico de drogas: Art 33 caput, Art 33 § 1º incisos I, II e III, e Art 34 (bizu ler todos) =
qualquer conduta que não se encaixe em algum desses artigos, não é crime de tráfico de
drogas;
→ Art 33 inciso IV: flagrante provocado não é crime de tráfico de drogas;
→ tipos penais autônomos = Art 33 §2º (indução ao uso de drogas) e §3º (oferecer drogas sem
objetivo de lucro à pessoa próxima para consumirem juntos);
→ Art 33 § 4º: sofreu uma mudança = anteriormente tinha uma parte que vedava o juiz de
transformar a pena de prisão em outra pena mais leve = depois da mudança, passou a poder;
→ Art 40, incisos I a VII: causas de aumento de pena para os crimes dos Arts 33 a 37; exemplo:
transnacionalidade do delito, se aproveitar de função pública, cometer o crime em locais como OM,
hospitais, escolas, ect;

 Lei de Terrorismo (Lei 13.260/2016):


→ crime equiparado a hediondo, inafiançável e insuscetível de anistia, graça e indulto (Art 5º,
inciso XLIII / CF88 e Art 2º, incisos I e II da lei 8.072/90);
→ Art 2º: conceito de terrorismo (um ou mais indivíduos);
→ Art 2º § 1º: informa quais são os atos de terrorismo e suas penas;
→ Art 3º: organização terrorista = embora esse artigo não tenha fornecido o número de pessoas
que caracterizam uma organização, toma-se como base 4 ou mais pessoas (baseado no Art 1º, §1º
da lei 12.850/13, que trata do conceito de organização criminosa);
→ Art 5º: preparação do terrorismo = atos preparatórios (não caracteriza terrorismo mas é crime);
→ Art 6º, caput e § único: financiamento ao terrorismo e às organizações terroristas;
→ Art 11: competência para julgamento = os interesses sobre o assunto são da União, logo,
Polícia Federal investiga e Justiça Federal julga;

 Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990):


→ seu objetivo foi endurecer as penas e aumentar o tempo para progressão de regime,
livramento condicional e prisão temporária;
→ Art 1º → rol taxativo dos crimes hediondos
→ Art 1º, inciso I-A: lesão corporal contra autoridade = considera também a lesão corporal contra
integrantes das Forças Armadas;
→ Art 1º, § único, incisos I a V → crimes equiparados a hediondos 3T (tortura, terrorismo,
tráfico de drogas);
→ Art 2º: crimes hediondos e equiparados a hediondos são insuscetíveis de anistia, graça, indulto
e fiança (obs.: indulto x graça = indulto é o perdão generalizado e graça é o perdão nominal,
individual);
→ Art 2º, §1º: foi considerado inconstitucional (estabelecia que a pena por crime previsto nesse
artigo deveria ser cumprida inicialmente em regime fechado);
→ Art 2º, §3º
→ Art 2º, §4º --> prisão temporária = para os crimes hediondos, o prazo é de 30 dias, prorrogável
por mais 30;
→ Art 3º: estabelecimentos penais de segurança máxima para presos muito perigosos;
→ Art 5º: acrescentou um inciso ao Art 83 do CP, que fala de livramento condicional = esse
inciso aumentou o requisito temporal do livramento condicional dos crimes hediondos e
equiparados; requisitos:
(1) condenação à pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
(2) precisa ter cumprido mais de dois terços da pena;
(3) apenado não pode ser reincidente em crimes dessa natureza (hediondos);

 Estatuto do Índio (Lei 6.001/1973):


→ CF/88 trouxe um novo tratamento à questão indígena = reconhece as identidades culturais de
seus povos, assegura o direito destes permanecerem como índios e considera o usufruto das terras
que tradicionalmente ocupavam como um direito originário (a lei garante aos índios o uso das
terras, porém elas pertencem à União e são insuscetíveis de serem usucapidas = Art 20, inciso
XI da CF/88);
→ Arts. 3º e 4º: definições e classificações dos indígenas;
→ Art. 7º: regime de tutela pelo Estado;
→ Art. 17: definição de terras indígenas;
→ Arts. 56 e 57: tratamento penal dado aos índios;
→ Arts. 58 e 59: crimes cometidos contra os índios;
→ Art 58 § único: agravamento da pena em um terço se o crime for cometido por funcionário ou
empregado da FUNAI;
→ Art 59: agravamento da pena em um terço se o crime for cometido contra índio isolados, não
integrados ou contra comunidades indígenas;

 Lei do Racismo (Lei 7.716/1989):


→ Brasil ratifica a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, de 1965, e, assim, assume o dever jurídico de adotar políticas de eliminação
do racismo;
→ previsão constitucional: Art 3º, inciso IV, Art 4º incisos II e VIII e Art 5º, incisos XLI e
XLII, todos da CF/88;
→ Art 1º da lei do racismo: objeto da lei-→ estabelece os critérios para adequação das
condutas: raça, cor, etnia, religião, precedência nacional.
→ conceitos importantes:
(1) discriminação: tratar de modo preferencial (ação);
(2) preconceito: opinião preconcebida (opinião);
→ principais crimes: Arts 3º, 5º, 6º, 7º, 11, 12, 13 e 20;
→ obs.: a homofobia e a transfobia, mesmo não estando escrito, são apenados nessa lei = é crime
de racismo;

 Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990):


→ Art 1º: objeto da lei = proteção integral à criança e ao adolescente;
→ revogou o antigo “Código de Menores”
→ Art 2º: critério etário de criança e adolescente:
(1) criança: até 12 anos (11 anos, 11 meses e 29 dias);
(2) adolescente: 12 anos (a partir das 00:00h do dia que faz aniversário = não interessa a hora
em que nasceu, independende disso é a partir das 00:00);
(3) adulto: 18 anos (a partir das 00:00h do dia que faz aniversário);
→ Art 13, caput: suspeita de maus tratos (comunicar o conselho tutelar obrigatoriamente);
→ Arts 15 a 18-A: direito à liberdade, ao respeito e à dignidade = prevenir abusos contra crianças e
adolescentes no seio familiar e por autoridades policiais;
→ Arts 81 e 82: proíbem a venda de produtos como armas, munições, etc, bem como a
hospedagem em hotéis sem autorização;
→ Arts 83 a 85: regulam as condições / autorização para viajar sem os pais e para sair do país com
estrangeiros;
→ importante: ATO INFRACIONAL (cuidado com pegadinhas na prova);
→ Art 103: criança e adolescente não cometem crimes, e sim podem vir a cometer atos
infracionais;
→ Art 104: são penalmente inimputáveis
→ Art 104 § único: deve ser considerada a idade do adolescente na data em que ocorreu o
fato;
→ Arts 106 a 109: direitos individuais;
→ obs.: únicos 2 motivos que resultam em cerceamento da liberdade para adolescente é em caso
de flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente;
→ Arts 171 a 190: procedimentos de apuração dos atos infracionais;
→ obs.: no caso de revistas em crianças e adolescentes deve haver fundada suspeita do
cometimento do ato infracional ou flagrante do ato;
→ obs.: o adolescente é apreendido, e não preso;
→ Art 173 (!!): procedimentos em caso de flagrante do ato infracional cometido mediante violência
ou grave ameaça;
→ Art 178: adolescente não pode ser transportado em compartimento fechado de veículo policial;
→ Arts 225 a 244-B: crimes contra a criança e o adolescente;
→ Art 227: os crimes dessa lei são de ação pública incondicionada = dispensa autorização ou
representação de alguém para a sua promoção, bastando a denúncia do Ministério Público;
→ Arts principais: 230, 232, 240, 241, 241-A, 241-B, 242, 243 e 244;
→ Lei Henry Borel (Lei Nº 14.344): ampliou o rol protetivo do ECA:
(1) objetivo: enfrentamento da violência doméstica contra a criança e o adolescente;
(2) atribui tarefas e procedimentos de coordenação entre as instituições do poder público para dar
efetividade ao rol de direitos da criança e do adolescente;
(3) acrescenta ao CP o inciso IX, no Art 121 = homicídio contra menor de 14 anos = passa a
ser crime hediondo (!!);

 Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/: 2003):


→ bem jurídico tutelado: segurança coletiva;
→ existem 2 grandes sistemas de controle das armas de fogo (bancos de dados): Sinarm e Sigma;
→ Sinarm:
(1) âmbito Polícia Federal;
(2) mantém o cadastro nacional das armas de fogo de uso permitido adquiridas por qualque cidadão
autorizado e por alguns órgãos: PF, PRF, senados municipais, FNSP, polícias civis, etc;
→ Sigma:
(1) âmbito do Comando do Exército;
(2) mantém o cadastro nacional das armas de fogo de uso restrito e as institucionais das Forças
Armadas, polícias militares, etc;
→ Art 4º: requisitos para a aquisição de arma de fogo;
→ Art 5º: certificado de registro de arma de fogo permite a posse, mas não autoriza o porte);
→ Art 6º: trata do porte;
→ Art 12: posse irregular;
→Art 14: porte ilegal (era crime inafiançável, mas a inafiançabilidade foi declarada
inconstitucional);
→ Art 15: disparo de arma de fogo (era crime inafiançável, mas a inafiançabilidade foi declarada
inconstitucional);
→ Art 16: posse e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (se for posse de arma de fogo de uso
proibido, é crime hediondo);
→ Art 17: comércio ilegal de arma de fogo (crime hediondo);
→ Art 18: tráfico internacional de arma de fogo (crime hediondo);
→ Art 28: idade mínima;
→ Art 2º da Portaria nº 137, de 2019 do COLOG: aquisição de armas por militares das FA (ativa,
reserva ou reformados) = até 6 armas de uso permitido ou restrito;

 Lei Maria da Penha (Lei Nº 11.340/2006):


→ até sua edição, os casos de violência contra a mulher eram tratados como infração de menor
potencial ofensivo, passível de transação penal (podia pagar com serviço comunitário);
→ Art 1º: objeto da lei;
→ obs.: se o crime for cometido contra mulher desconhecida, não se encaixa na Lei Maria da
Penha;
→ Art 5º: conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher;
→ Art 7º: formas de violência doméstica e familiar (envolvem desde a mais simples violência até
a mais drástica = feminicídio);
→ medidas protetivas de urgência:
(1) que obrigam o agressor: Art 22, incisos I a VII e §§1º ao 4º);
(2) voltadas diretamente para a vítima (Arts 23, incisos I a V e Art 24, incisos I a IV e § único)
→ outras inovações da lei = criação de aparato estadual específico:
(1) Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
(2) Delegacias Policiais de Atendimento à Mulher;
(3) Política de prevenção da violência contra a mulher;
→ alterações mais recentes:
(1) crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência; trata-se do único tipo penal
previsto na lei (Art 24-A);
(2) acrescentou o Art 12-C, permitindo que a autoridade policial determine o afastamento do
agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima quando o município não for
sede de comarca, ou seja, quando não há autoridade judicial para impor a medida;
→ jurisprudência do STJ:
(1) SÚMULA 600: para se encaixar nessa lei, não é necessário que autor e vítima morem juntos;
(2) SÚMULA 589: juiz não pode aplicar o princípio da insignificância (desconstitui o tipo
penal, relativiza a pena) nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito
das relações domésticas;
(3) SÚMULA 588: para crimes contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico, não é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
(4) SÚMULA 542: a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada (não precisa da denúncia da própria ofendida
= qualquer pessoa pode denunciar e vai valer);

 Lei de Migração (Lei 13.445/2017):


→ Art 1º: objeto da lei;
→ migrante: pessoa que se transfere de seu lugar habitual, de sua residência comum, ou de seu
local de nascimento, para outro lugar, região ou país; envolve tanto o imigrante como o emigrante;
→ garante aos imigrantes os mesmos direitos dos cidadãos brasileiros;
→ Art 1º § 1º: conceitua imigrante, emigrante e visitante;
→ Art 3º,4º,6º
→ Art 12 (!!!): dos tipos de visto:
I – de visita (Art 13);
II – temporário (Art 14) = ex: cadetes de nações amigas;
III – diplomático (Arts 15 a 18) = ex: agentes da diplomacia; embaixadores;
IV – oficial (Arts 15 a 18) = ex: presidente, representantes da corte;
V – de cortesia (Arts 15 a 18) = ex: empregado doméstico de um embaixador;
→ concessão de asilo: Art 4º, inciso X da CF88;
→ Art 27, 28 e 29: asilo político;
→ Art 38: fiscalização (quem fiscaliza é a PF);
→ Arts 46 a 62: medidas de retirada compulsória (!!!);
→ REPATRIAÇÃO (Art 49):
(1) alguém tenta entrar ilegalmente no Brasil e é barrado na fronteira;
(2) estrangeiro não chegou a se instalar no país;
(3) estrangeiro indocumentado / que não possui visto / possui visto divergente da finalidade para a
qual veio ao Brasil;
→ DEPORTAÇÃO (Art 50):
(1) retirada compulsória de estrangeiro em situação ilegal (já está instalado no país);
(2) ex: estrangeiro tem visto temporário mas venceu;
(3) competência da PF;
→ EXPULSÃO (Art 54):
(1) retirada compulsória de migrante ou visitante com impedimento de regresso por um prazo
determinado;
(2) §1º: motivos que podem dar causa à expulsão;
→ EXTRADIÇÃO (Art 81):
(2) é a medida de cooperação internacional pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa
que está em julgamento / condenação ou para fins de instrução de processo penal em curso;
(3) tem previsão constitucional CF/88 = Art 5º (não concessão de extradição); Art 22 (só a União
pode legislar sobre extradição); e Art 102 (STF que processa e julga obrigatoriamente a extradição
solicitada por estado estrangeiro);
(4) Art 82 → hipóteses de não concessão da extradição;
→ Art 115: crime de promoção de migração ilegal = acrescenta o Art 232-A: promover por
qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em
território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro;

 Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015):


→ Art 1º: objeto da lei
→ Art 2º: definição de pessoa com deficiência (deficiência deve ser a longo prazo);
→ Arts 4º a 8º: do direito da igualdade e da não discriminação;
→ Arts 88 a 91: dos crimes e infrações administrativas;

 Lei do Acesso a Informações (Lei 12.527/2011):


→ Art 1º: objeto da lei;
→ previsão constitucional: Art 5º, inciso XXXIII(direito a informação, exceto as de sigido
imprescritível) ; Art 37, §3º, inciso II e Art 216, §2º, da CF/88;
→ Art 2º: aplicação da lei às entidades privadas sem fins lucrativos;
→ o acesso à informação como regra e dever do Estado = o advento dessa lei mudou um
paradigma = o acesso à informação passou a ser a REGRA e o sigilo EXCEÇÃO;
→ Art 9º, inciso I, alíneas a), b) e c): prevê a criação de um Serviço de Informação ao Cidadão;
→ Art 11, §§ 1º e 2º: prazos para conceder o acesso a informação = a autorização / concessão do
acesso deve ser imediata ou em até 20 dias, prorrogáveis por mais 10 dias;
→ Art 12
→ Arts 23 e 24: classificação da informação quanto ao grau e prazos de sigilo:
(1) ultrassecreta: 25 anos;
(2) secreta: 15 anos;
(3) reservada: 5 anos;
→ Art 27, inciso I, alínea d: o Cmt EB pode classificar em ultrassecreta e inferiores;
→ Art 31, §§ 1º, 2º, 3º
→ Art 32, seus incisos e §1º: descreve os crimes pelo uso indevido das informações pessoais;
→ Art 32, §1º, inciso I: as condutas descritas no caput serão consideradas, para as Forças
Armadas, transgressões militares médias ou graves, desde que não tipificadas em lei como
crime ou contravenção penal;

 Lei do Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019)


→ militares das FA: como agentes públicos, devem basear suas condutas no Estatuto dos Militares
bem como nessa lei;
→ Art 1º: objeto da lei;
→ Art 1º, §1º: dolo específico = para constituir crime de abuso de autoridade precisa:
(1) prejudicar outrem;
(2) beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU
(3) por mero capricho ou satisfação pessoal;
→ Art 2º: sujeito ativo
→ competência para julgar: se um militar das FA comete crime de abuso de autoridade nas
condições dessa lei, será julgado pela Justiça Militar;
→ crimes e penas: Art 9º a Art 38;
→ Art 9º:
→ um Cmt OM não pode determinar uma medida de privação da liberdade de um militar
fora dos parâmetros estabelecidos pela legislação castrense, ultrapassando os limites da
discricionaridade;
→ Art 10: condução coercitiva de alguém para prática de ato processual
→ obs.: STF proibiu a condução coercitiva de investigados (no curso de um inquérito policial)
e de acusados (no curso de uma ação penal) para a realização de interrogatório, invocando o
direito ao silêncio, previsto na CF = exemplo: encarregado de IPM, cujo investigado se recuse a
comparecer ao seu interrogatório, NÃO pode decretar sua condução coercitiva, sob pena de
responder pelo crime de abuso de autoridade; ATENÇÃO: esta proibição NÃO alcança a
testemunha que, se for intimada a depor e não comparecer ao ato e nem justificar a sua ausência,
PODE ser conduzida coercitivamente;
→ Art 12: deixar de comunicar prisão em flagrante (direcionado basicamente às autoridades
policiais) = exemplo: oficial encarregado de IPM não pode deixar de comunicar,
injustificadamente, a prisão em flagrante de um militar ao Juiz Federal da Justiça Militar sob pena
de cometer abuso de autoridade;
→ Art 13: constranger o preso mediante violência ou ameaça (destinado a autoridades que têm sob
sua custódia um preso ou um detento) = exemplo: Cmt Guarda não pode constranger, mediante
violência, um soldado preso à disposição da Justiça Militar, submetendo-o a situação vexatória, sob
pena de cometer crime de abuso de autoridade; obs.: não confundir com crime de tortura, que é
muito mais grave e com penas maiores;
→ (!!!) Art 15 caput e seu § único: constranger a depor pessoa que deva guardar sigilo = exemplo
sobre o § único, incisos I e II: o encarregado de IPM que prosseguir com o interrogatório de um
investigado, mesmo após ele ter optado pelo direito ao silêncio ou de ser assistido por advogado,
comete abuso de autoridade; obs.: esse dispositivo revoga o art. 305, § único do CPPM (ainda
prescreve que as perguntas deixadas de ser respondidas pelo investigado devam ser
consignadas nos autos do IPM);
→ Art 18: submeter o preso a interrogatório durante período de repouso noturno (período noturno
= das 21:00 às 05:00, segundo Art 22, § 1º, inciso III);
→ Art 21: manter presos de ambos o sexo na mesma cela
→ Art 22: invasão de imóvel alheio;
→ Art 22, §1º, inciso III: incorre na mesma pena quem cumpre mandado de busca e
apreensão domiciliar após 21:00 ou antes das 05:00;
→ Art 27: instauração de investigação de crime inexistente (esse artigo pune a autoridade que
requisita a instauração e aquela que efetivamente instaura o procedimento investigatório sem
haver indício da prática de crime).
→ Art 27, § único: não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada;
→ Art 32: negar autos ao interessado (importante para o sindicante e encarregado de IPM);
→ Art 38: difusão de culpa antes da conclusão da apuração ou da denúncia.

 Descaminho e Contrabando (Arts 334 e 334-A, do CP):


(1) Art 334: crime de descaminho:
→ é o crime cometido contra Administração Pública quando não se paga o imposto devido pela
compra de mercadoria estrangeira (lícita), seja ela para consumo ou na entrada e saída do país;
→ a exigência de pagamento desse imposto sobre as compras de mercadorias estrangeiras, desde
que lícitas, é determinada pela Administração Pública (União) = assim, sempre que ocorrer o não
pagamento, com intenção de “iludir” (cometer fraude, enganar) o Estado (União, Estados,
Municípios), se caracterizará o crime de descaminho;
→ Art 334, §1º, incisos I, II, III, IV, §2º e §3º = outras condutas que caracterizam o
descaminho;

(2) Art 334-A: crime de contrabando:


→ é o crime de importar ou exportar mercadoria proibida;
→ Art 334-A, §1º, incisos I, II, III, IV, V, §2º e §3º = outras condutas que caracterizam o
contrabando;
→ obs.: contrabando de drogas: pelo princípio da especialidade (a norma especial se aplica em
detrimento da norma geral) aplica-se a Lei de Drogas quando se verificar a entrada de substâncias
proibidas no país;
→ obs.: contrabando de armas de fogo: da mesma forma, o crime previsto no art. 18 do Estatuto
do Desarmamento absorve a hipótese de contrabando;

assunto d:

 Segurança Pública:
→ Art 144, caput, CF/88:
√ a segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos;
√ presta-se a preservar e garantir a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio público e privado;
→ Sistema Único de Segurança Pública (Susp): instituído em 2018;

 Os Órgãos de Segurança Pública:


→ são aqueles que exercem a segurança pública e que estão definidos taxativamente (só existem
esses) nos incisos do Art 144 da CF/88:
√ polícia federal;
√ polícia rodoviária federal;
√ polícia ferroviária federal;
√ polícias civis;
√ polícias militares e corpos de bombeiros militares.
√ polícias penais federal, estaduais e distrital;

→ Art 144, § 8º, da CF/88: municípios podem instituir as Guardas Municipais destinadas à
proteção de seus bens, serviços e instalações;

 Competências dos Órgãos Públicos:


(1) Polícia Federal (Art 144, § 1º incisos I a IV, da CF/88);
(2) Polícia Rodoviária Federal (§ 2º, do art. 144, da CF/88):
√ responsável pelo patrulhamento ostensivo das rodovias FEDERAIS;
(3) Polícia Ferroviária Federal (§ 3º, do art. 144, da CF/88):
√ responsável pelo patrulhamento ostensivo das ferrovias federais;
(4) Polícias Civis (§ 4º, do art. 144, da CF/88):
√ incumbidas das funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
EXCETO as militares;
(5) Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (§ 5º e 6º, do art. 144, da CF/88):
√ polícias militares: policiamento ostensivo e preservação da ordem pública;
√ corpos de bombeiros militares: atividades de defesa civil;
√ ambos subordinam-se aos governadores dos estados, DF e territórios;
(6) Polícias Penais Estaduais e Distrital (§ 5º-A, do art. 144, da CF/88):
√ segurança dos estabelecimentos penais;

 Força Nacional de Segurança Pública (FNSP):


→ natureza jurídica:
√ se estruturam com base nos arts 144 e 241 da CF/88, no princípio da solidariedade
federativa e no decreto nº 5.289 de 2004;
√ constitui-se em um programa de cooperação federativa;
→ competência (arts 2º e 2º-A incisos I a VI, do decreto nº 5.289/2004):
√ preservação da ordem pública e da incolumidade (tranquilidade, paz) das pessoas e
do patrimônio = obs.: não é um órgão de segurança pública, mas pode atuar com a mesma
finalidade (quando eles não puderem cumpri-la ou quando estiverem fragilizados);

→ atuação dos servidores civis nas atividades da FNSP = quais missões podem caber aos civis em
uma FNSP:
√ ações de polícia judiciária estadual na função de investigação de infração penal;
√ ações de inteligência;
√ atividades periciais e de identificação civil e criminal;
√ auxílio na ocorrência de catástrofes ou desastres coletivos;
√ ações que visem à proteção de indivíduos, grupos e órgãos da sociedade;
√ atividades de conservação e policiamento ambiental;

→ em 2008, as atribuições da FNSP foram ampliadas, abrangendo também a cooperação com os


órgãos de segurança federais;
→ e em 2021, uma portaria do Ministério da Justiça dispôs sobre o emprego episódico da FNSP
em apoio ao Ibama, nas ações de fiscalização e de repressão ao desmatamento ilegal e demais
crimes ambientais, e de combate aos incêndios florestais e queimadas, na área que compreende
a Amazônia Legal, por duzentos e sessenta dias, a contar da publicação dessa portaria”;

 A missão constitucional das Forças Armadas da GLO:


→ art 142 da CF/88: traz como dever das FA a defesa da pátria, garantia dos poderes
constitucionais e garantia da lei e da ordem (equiparados em importância, não se fala em
hierarquia);
→ art 142, § 1º: dispõem que o emprego geral das FA será regulado por lei complementar;
→ obs.: o art 142 fala sobre a garantia da lei e da ordem e não sobre operações de garantia da lei e
da ordem (GLO) = são coisas diferentes;
→ art 144, CF/88: FA pode assumir as funções dos órgãos de segurança públicos em caso de
esgotamento de suas capacidades (!!!);

 Natureza militar das atividades de GLO:


→ as atividades de GLO e subsidiárias são consideradas como de natureza militar para fins de
aplicação da Justiça Militar = art. 124 da CF/88 e § 7º, art. 15, da LC 97/99;
→ art. 124 da CF/88: JM processa e julga os crimes militares previstos em lei (!!!);
→ § 7º, art. 15, da LC 97/99: é considerada atividade militar para os fins do art 124 da CF/88
a atuação do militar nos casos previstos nos arts 13, 14, 15, 16-A, 17 (incisos IV e V), 18
(incisos VI e VII);

 As modalidades de emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (!!!):


→ Op Glo, Op Segurança Eleitoral, Op Proteção Ambiental e outras missões com presunção de
perturbação da ordem;
 Situações de emprego das FA na GLO:
(1) em situação de normalidade constitucional = regulado pela legislação pertinente;

(2) em situação de não normalidade = regulado pela legislação pertinente e pelo art. 8º, do Dec
nº 3.897/01:
√ para o emprego das Forças Armadas em uma intervenção federal, estado de defesa e
estado de sítio da Constituição, o Presidente da República editará diretrizes específicas (!!!);

 Operações de GLO:
→ definição de GLO: operação militar determinada pelo PR e conduzida pelas Forças Armadas de
forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de
esgotamento dos instrumentos para isso previstos no art. 144 da Constituição ou em outras em
que se presuma ser possível a perturbação da ordem;

→ parâmetros para emprego da tropa em GLO (!!!)


(1) DECISÃO DE EMPREGO:
√ decisão do Presidente da República;
√ art. 15, caput e § 1º, da LC 97/99;
√ art. 2º, caput, do Dec 3897/01;

(2) MOTIVAÇÃO:
√ iniciativa própria, ou de qualquer dos Poderes constitucionais, ou ainda quando o
governador de Estado solicitar;
√ § 1º, do art. 15 caput, da LC 97/99;
√ art. 1º e § 1º, do art. 2º, do Dec 3.897/01;

(3) QUANDO:
√ quando inexistentes, insuficientes ou indisponíveis os órgãos responsáveis pela
segurança pública;
√ art. 144 da CF/88; §§ 2º e 3º;
√ art. 15, da LC 97/99;
√ § ú, do art. 3º, caput, do Dec 3.897/01;

(4) ONDE:
√ em áreas delimitadas;
√ § 4º, do art. 15, da LC 97/99;
√ art. 5°, do Dec 3.897/01;

(5) PERÍODO:
√ por tempo limitado e de forma episódica;
√ art. 15, § 4º, da LC 97/99;
√ art. 5º, do Dec 3.897/01;

(6) COMO:
√ de acordo com as diretrizes baixadas pelo PR, observados os limites legais
impostos às polícias militares;
√ § 5º, do art. 144, da CF/88;
√ § 2º, do art. 15, da LC 97/99;
√ art. 8º, do Dec 3.897/01;
(7) FORMA:
√ desenvolver ações de polícia ostensiva, preventiva ou repressiva, que se
incluem na competência constitucional e legal das Polícias Militares, podendo assumir o Ct Op total
ou parcial das PM e outros meios;
√ §§ 5º e 6º, do art. 15, da LC 97/99;
√ art. 3º, caput, e §§ 1º e 2º, do art. 4º do Dec 3.897/01;

→ alterações da LC nº 97/99 :
√ autorização de utilização de áreas públicas ou privadas (mediante cessão do
proprietário) para planejamento e execução de exercícios operacionais (§ 2º, do art. 13);
√ transferência do Centro de Operações dos órgãos de segurança pública local para a
autoridade encarregada das operações, que constituirá um Centro de Coordenação das Operações
(§§ 5º e 6º, do art. 15);
√ possibilidade de realizar revistas de veículos terrestres, embarcações e aeronaves bem
como prisões em flagrante delito no emprego das FA em eventos oficiais e na segurança de
autoridades nacionais e estrangeiras em missões oficiais (§ ú, do art. 16-A);

→ princípios balizadores das Op GLO:


(1) Razoabilidade: compatibilidade entre meios e fins da medida; as ações devem ser
comedidas e moderadas;
(2) Proporcionalidade: correspondência entre a ação e reação do oponente, de modo a não
haver excesso por parte do integrante da tropa empregada na operação;
(3) Legalidade: necessidade de que as ações devem ser praticadas de acordo com os
ditames legais, sob pena de praticar-se ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e
criminal, conforme o caso;

 Operações de Segurança Eleitoral:


→ art 5º, Dec nº 3.897/2001: o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem abrange
a realização de pleitos eleitorais;

→ Código Eleitoral = lei 4.737/1965:


√ Art 23, inciso XIV: compete ao Tribunal Superior requisitar a força federal necessária
para garantir a votação e apuração;
√ Art. 139: ao presidente da mesa receptora e ao juiz eleitoral cabe a polícia dos trabalhos
eleitorais;
√ Art. 140: somente podem permanecer no recinto da mesa receptora os seus membros, os
candidatos, um fiscal, um delegado de cada partido e o eleitor;
√ Art. 141 (!!!): a força armada conservar-se-á a 100 metros da seção eleitoral e não
poderá aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa;
√ Art. 236: nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e até 48 horas depois do
encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em
virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-
conduto;
√ Art 236, § 1º: os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o
exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da
mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 dias antes da eleição;
√ Art 236, § 2º: ocorrendo qualquer prisão, o preso será imediatamente conduzido à
presença do juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a
responsabilidade do coator;
√ crimes eleitorais: arts 296, 297, 298, 299, 302, 305, 309, 317, 339;
 Operações de Proteção Ambiental:
→ art. 7º, I, f), do Dec nº 3.897/01: admite como modalidade de GLO a atuação das Forças
Armadas na proteção ambiental;
→ arts. 7º e 8º, do Dec nº 7.957/2013: regulamentam a atuação das Forças Armadas na proteção
ambiental;

 Outras missões com presunção de perturbação da ordem:


→ art. 5º, do Dec nº 3.897/2001: o emprego das FA na GLO abrange, além das já previstas, outras
missões com presunção em que se presuma ser possível a perturbação da ordem;
→ § ú do art. 16-A da LC 97/99 (!!!): as FA, ao zelar pela segurança pessoal das autoridades
nacionais e estrangeiras em missões oficiais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos
do Poder Executivo, poderão exercer revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações
e de aeronaves bem como prisões em flagrante delito;

 As ações subsidiárias gerais das FA:

→ LC 97/99:
√ Art 1º, parágrafo único: sem comprometimento de sua destinação constitucional,
cabe também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas nesta lei;
√ Art 16 caput e parágrafo único: cabe às FA, como atribuição subsidiária geral, cooperar
com o desenvolvimento nacional e a defesa civil; integra essas ações a participação em
campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse social;
√ Art 16-A: FA atuam na faixa de fronteira (terrestre, marítima e nas águas interiores)
contra delitos transfronteiriços e ambientais, executando, por exemplo, patrulhamento, revista de
pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves e prisões em flagrante delito;
√ em missões de GLO, de segurança pessoal das autoridades nacionais e estrangeiras em
missões oficiais, as FA armadas também podem fazer uso das ações de revista de pessoas, veículos
terrestres, embarcações e aeronaves e de prisões em flagrante delito;

→ obs (!!!): faixa de fronteira = é a faixa de 150 km de largura, medida a partir da linha de
fronteira internacional, em direção ao interior do território nacional e que é considerada
fundamental para a defesa do país (Art. 20 § 2º, CF/88) = nessa faixa, temos poder de polícia;

→ Portaria 061, de 2005, do Cmt do EB: enumera, em relação exemplificativa, os principais


ilícitos objeto de prevenção e repressão por parte da Força Terrestre;
→ principais delitos transfronteiriços:
√ entrada (e/ou tentativa de saída) ilegal no território nacional de armas, munições,
explosivos e demais produtos controlados;
√ tráfico ilícito de entorpecentes;
√ contrabando e o descaminho;
√ tráfico de plantas e de animais;
√ entrada (e/ou saída) no território nacional de vetores em desacordo com as normas de
vigilância epidemiológica;
→ principais delitos ambientais:
√ prática de atos lesivos ao meio ambiente;
√ exploração predatória ou ilegal de recursos naturais;
√ prática de atos lesivos à diversidade e à integridade do patrimônio genético;

 Atribuições subsidiárias particulares da Marinha e Força Aérea:


→ da Marinha: Art 17, incisos I a V e parágrafo único da LC 97/99;
→ da Força Aérea: Art 18, incisos I a VII e parágrafo único da LC 97/99;

 Ações subsidiárias particulares do Exército:


→ Art 17-A, LC 97/99:

UD IV: Direito Internacional dos Conflitos Armados


assuntos “a” e “b”:
 Direito Internacional dos Conflitos Armados:
→ conjunto de normas internacionais, de origem convencional ou consuetudinária (costumes),
destinado a ser aplicado nos conflitos armados, internacionais ou não internacionais;
→ finalidade (!!!): limitar a violência aos níveis estritamente necessários para que se atinja o
objetivo da batalha, que não deve ser outro além do enfraquecimento do potencial militar do
inimigo = DICA não objetiva impedir a ação de comando ou limitar a eficiência das partes em
combate, mas evitar a ocorrência do “caos no caos”:
√ não proíbe o uso da violência;
√ não consegue proteger todas as pessoas afetadas pelo conflito armado;
√ não se refere a quem faz a guerra justa, ou às razões do conflito (direito de ir à guerra) é
dirigido, especificamente, aos combatentes e vítimas (direito na guerra);
√ não pode proibir que uma das partes triunfe sobre o inimigo;
→ 3 denominações possíveis (são o mesmo direito):

(1) Direito de Guerra ou Leis de Guerra:


√ as declarações de guerra passaram a subordinar-se a um formalismo complexo e
excessivo, pois a ONU limitou as possibilidades de uma declaração formal de guerra às
hipóteses = declarar guerra é proibido, porém há 3 exceções (!!!):
a) de legítima defesa;
b) do exercício do direito à autodeterminação dos povos em guerras de libertação
nacional;
c) das intervenções militares autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU;

(2) Direito Internacional dos Conflitos Armados:


√ termo mais antigo;

(3) Direito Internacional Humanitário:


√ termo mais recente que passou a ser dominante na doutrina;

 diferenças entre DICA e DIDH (!!!):


→ a proteção internacional da pessoa humana apresenta três vertentes: DIDH, DICA e DIR;
→ DICA é um “ramo” do DIDH = DIDH é mais amplo, DICA mais restrito;
(1) O Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH):
√ proteção do ser humano em todos os aspectos, englobando direitos civis e políticos e
também direitos sociais, econômicos e culturais;

(2) O Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA):


√ proteção do ser humano na situação específica dos conflitos armados (internacionais e
não internacionais);

(3) O Direito dos Refugiados (DIR):


√ proteção dos refugiados, desde a saída do seu local de residência, trânsito de um país a
outro, concessão do refúgio no país de acolhimento e seu eventual término (!);

DICA DIDH
√ Aplicável em tempo de conflito armado; √ Aplicável em qualquer tempo ou lugar;
√ Protege especificamente as pessoas afetadas √ Protege as pessoas em qualquer situação
por um conflito armado: população civil, (direi-tos civis, econômicos, sociais e culturais);
feridos, doentes, prisioneiros de guerra, pessoal
médico/sanitário, etc;
√ Protege contra infrações graves de √ Protege os indivíduos de violações de agentes
instituições do próprio Estado ou de outros de seu próprio Estado;
Estados em conflitos armados internacionais;
√ Nunca pode ser suspenso ou derrogado; √ O exercício de certos direitos (liberdade de
imprensa) pode ser suspenso durante a
vigência do estado de sítio;

√ Entretanto, há outros direitos que nunca


podem ser suspensos ou derrogados, como o
direito à vida e a um julgamento imparcial;
√ Concebido especificamente para √Garante a cada indivíduo, em tempo de paz, o
salvaguardar e manter os direitos respeito pelos seus direitos e pelas suas
fundamentais das vítimas, combatentes ou não liberdades;
combatentes, em conflitos armados;

tabela importante = vai cair (!!!)

 Distinção entre o jus ad bellum, o jus in bello e o jus post bellum;


(1) Jus ad bellum (ou contra bellum) = direito ANTES da guerra:
→ a partir de 1945, a Carta da ONU passou a tutelar o direito de fazer a guerra = estabeleceu que
declarar guerra é ilegal, com exceção de 3 casos (já foi citado antes):
√ ações militares de segurança coletiva (uso da força contra Estados que representem
ameaça à paz ou segurança internacionais, com o aval do Conselho de Segurança da ONU);
√ guerras de legítima defesa (direito de defesa contra agressão armada);
√ guerras de libertação nacional (direito à autodeterminação dos povos, excluindo-se
guerras internas de cunho revolucionário);
→ o Jus ad bellum refere-se às condições em que os Estados poderiam recorrer à guerra ou ao
uso de força armada em geral;
→ elementos básicos: a proibição do emprego da força entre Estados e as suas exceções,
estabelecidas na Carta da ONU = o livre uso da força pelos Estados passou a constituir-se em
ilegalidade, excetuando-se os motivos permitidos pela Carta da ONU;
→ disto decorreu o jus contra bellum, ou o direito contra a guerra;

 Jus in bello = direito NA guerra:


→ regulamenta a conduta das partes envolvidas em um conflito armado;
→ função: minimizar o sofrimento das partes envolvidas, protegendo e auxiliando todas as
vítimas do conflito na maior medida possível;
→ configura o que restou do antigo Direito da Guerra;
→ é composto por duas vertentes (!!!):
√ Direito de Haia: limita meios e métodos de combate;
√ Direito de Genebra: destinado à proteção das vítimas da guerra;
→ o jus in bello independe do jus ad bellum (!) = isso porque não lhe cabe avaliar se as razões dos
conflitos armados são justas ou não;
→ seja qual for a causa, o jus in bello deve ser respeitado;

 Jus post bellum = direito DEPOIS da guerra:


→ constitui-se em um direito de pós-guerra;
→ está regulado no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional;
→ nasceu dos tribunais internacionais ad hoc, instaurados para apurar crimes praticados em
conflitos armados (exemplo: Tribunais de Nuremberg, de Tóquio, de Ruanda, da antiga Iugoslávia);
→ com a positivação preestabelecida de tipos penais pelo Estatuto de Roma, evitou-se o que a
doutrina tem denominado de justiça dos vencedores;

 Distinção entre o Direito de Haia, Direito de Genebra, Direito de Nova York e Direito
de Roma:
(1) Direito de Haia:
→ é o conjunto de normas que estabelece os direitos e as obrigações dos beligerantes na condução
das hostilidades e limita / controla os meios e métodos de guerra;

(2) Direito de Genebra:


→ é o conjunto de normas que protege as vítimas de conflitos armados, como militares que
estão fora de combate e civis que não participam ou que tenham deixado de participar
diretamente das hostilidades;
→ obs.: aquele militar que está combatendo não entra aqui (!!!);
→ principais atos internacionais do Direito de Genebra: Primeira Convenção, Segunda
Convenção, Terceira Convenção, Quarta Convenção, Protocolo Adicional I e Protocolo Adicional
II;

(3) Direito de Nova York (ou direito misto !!!):


→ surgiu no pós-guerra;
→ é um direito misto, unindo normas inspiradas em Haia e Genebra, com maior participação da
ONU = vertente do DICA que aborda tanto a regulação da guerra quanto a proteção da vítima
da guerra, configurando um direito misto;

(4) Direito de Roma:


→ em 1998 foi assinado o Estatuto de Roma, tratado internacional que criou o Tribunal Penal
Internacional (TPI) = tem competência para julgar indivíduos por crime de genocídio, crimes
de guerra, crimes contra a humanidade e crime de agressão;
→ o TPI, com sede em Haia, na Holanda, tem como pilares a cooperação internacional e a
complementariedade às jurisdições nacionais, somente atuando quando os Estados não
cumprirem, ou não cumprirem bem, sua obrigação primária de processar e julgar criminosos
internacionais (só vai atuar se o próprio país não resolver);

assunto “c”

 Espécies de competências na aplicação do DICA:


(1) Âmbito Material (o quê/como?):
→ a competência material distingue a espécie do conflito armado passível de aplicação do
DICA em: Conflitos Armados Internacionais e Conflitos Armados Não Internacionais;
→ nessa competência, cabe à Sociedade Internacional apontar a classificação do conflito e cabe
à potência protetora salvaguardar os interesses das respectivas partes em conflito (Art 5, comum
às CG I, II, III; Art 9, da CG IV; e Art 2, alínea c, do PA I);
→ potência protetora = quando 2 países estão em conflito, por exemplo, eles podem eleger um
outro país, uma potência protetora, que não está envolvida no conflito, para “falar” por eles;

1.1) CAI (Conflitos Armados Internacionais):


→ confronto armado entre, no mínimo, dois Estados e são regulados pelas CG;
→ se divide em 4 categorias:
√ guerra declarada (guerra formal);
√ confronto armado de fato, sem que uma parte reconheça o estado de guerra;
√ ocupação militar não resistida: não há confronto armado, podendo ser total ou parcial
(art. 2, comum, às 4 CG);
√ guerras de libertação nacional: lutas contra o domínio colonial, ocupação estrangeira e
regimes racistas (art. 1, § 4, do PA I);

1.2) CANI (Conflitos Armados Não Internacionais):


→ os Estados têm dificuldades em assumir a existência de um CANI, pela possibilidade de
perda do controle interno (não assumem porque é como se dissessem que perderam o controle);
→ existem 3 noções distintas de CANI:
a) no art. 3º comum às 4 CG e no Protocolo Adicional II, de 1977:

b) no art. 1 do PA II:

c) no art. 8, f), do Estatuto de Roma:


√ CANI é o conflito armado prolongado entre autoridades governamentais e grupos
armados organizados ou entre esses grupos

1.3) Tensões e Distúrbios Internos:


→ o DICA não é aplicado às tensões e perturbações internas a um Estado (!!!);
→ na tensão interna, a tropa é empregada para manter de forma preventiva a lei e a ordem.
→ nos distúrbios ou perturbações internas, caso mais grave, com a tropa sendo empregada para
manter, de forma repressiva, a lei e a ordem;
→ as tensões e perturbações internas caracterizam-se:
√ por situarem-se no limiar inferior aos conflitos armados;
√ pelo Estado usar a força para manter de forma repressiva a lei e a ordem;
√ pela instabilidade institucional estar presente (não confundir com o emprego da tropa
em GLO: caso de normalidade institucional);
√ por não aplicação do DICA, sendo a proteção dada pelo DIDH, segundo o direito
internacional (direitos humanos inderrogáveis), e pela legislação interna;

1.4) Conflitos armados internacionalizados:


→ são originados dos CANI;
→ podem transformar-se em CAI com o passar do tempo: ampliam-se as regras de proteção
(mais relevantes no caso dos CAI);
→ classificam-se em:
a) conflito armado interno com secessão: uma parte do território se torna independente,
como resultado de um CANI, e a partir daí, surge um CAI, entre o Estado origem e o novo Estado
(exemplo: Vietnã do Norte e do Sul, quando da divisão temporária, em 1954);
b) conflito armado interno com intervenção de um ou mais Estados estrangeiros:
intervenção militar de um ou mais Estados em um CANI, onde tropas estrangeiras combatem ao
lado de uma das partes (exemplo: Guerra Civil Espanhola);

(2) Âmbito Pessoal:


→ existem 4 categorias de sujeitos: Estados, Movimentos de Libertação Nacional, Entidades Não
Estatais e Indivíduos;
2.1) Estados:
→ devem tomar as medidas necessárias para respeitar o DICA e fazê-lo respeitar por parte dos
outros Estados-Partes nos Tratados e nos Protocolos Adicionais;
→ são os principais destinatários desse Direito, pois possuem Forças Armadas;
2.2) Movimentos de Libertação Nacional:
→ podem aderir ao DICA mediante emissão de declaração unilateral (art. 96, § 3, do PA I);
2.3) Entidades Não Estatais:
→ são os grupos que detém o controle de parte do território de um Estado;
2.4) Indivíduos:
→ são os sujeitos ativos do DICA e podem ser processados por crimes de guerra ou outras
violações;

(3) Âmbito Espacial:


→ territórios dos Estados envolvidos;
→ território onde se leva a cabo a luta de libertação nacional contra Potência Colonial;
→ parte do território de um Estado (CANI);
→ onde houver campos de PG;

(4) Âmbito Temporal:


→ desde o começo das hostilidades até o seu fim;
→ o fim é caracterizado pela efetiva cessação dos combates, pelo fim das prisões ou internamento
de civis (o DICA é aplicado aos mesmos até a libertação ou repatriação) e pelo fim da ocupação
militar (art. 6, G IV);

 O corpo principal do DICA e seus princípios fundamentais:


→ as 4 Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais I e II constituem o corpo jurídico
principal do DICA de onde se destacam:
a) os 5 princípios fundamentais (!!!):
√ Limitação;
√ Humanidade;
√ Necessidade militar;
√ Proporcionalidade;
√ Distinção;
b) uma norma de aplicação geral: a Cláusula Martens;

(1) PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO:


→ previsão legal: PA I, art. 35, §§ 1., 2. e 3.; H IV R, arts. 22, 23;
→ o direito das Partes beligerantes na escolha dos meios para causar danos ao inimigo não é
ilimitado, sendo imperiosa a exclusão de meios e métodos que levem ao sofrimento
desnecessário e a danos supérfluos;
→ a aplicação do princípio da limitação se subdivide em limitação de acordo com: as pessoas, os
lugares e as condições;
→ o princípio da limitação de acordo com:
a) as pessoas:
√ necessidade de distinção permanente entre civis e combatentes;
b) os lugares:
√ proteção de localidades não defendidas;
√ proteção de bens de elevado valor cultural ou religioso;
√ proibição de atacar instalações que contém forças perigosas;
c) as condições:
√ proibição de ataques indiscriminados;
√ proibição da utilização de armas que causem danos excessivos;
√ proibição de ações que afetem o ambiente de forma extensiva;
√ proibição do uso da fome e dos métodos de guerra baseados na traição, uso
indevido de sinais distintivos, entre outros;

(2) PRINCÍPIO DA HUMANIDADE:


→ refere-se à proibição de provocar sofrimento às pessoas e destruição de propriedades, se
esses atos não forem necessários para forçar o inimigo a se render;
→ veda ataques exclusivamente contra civis, admitindo, entretanto, vítimas eventuais entre estes
e devendo ser empregadas todas as precauções para minorar tais efeitos;
→ aplicado residualmente através da Cláusula Martens (exemplo: o Art. 75 do PA I que estabelece
restar, sempre, o tratamento com humanidade, mesmo quando não existe nenhuma outra norma
protetiva);

(3) PRINCÍPIO DA NECESSIDADE MILITAR:


→ tem a ver com a capacidade de realizar atos tidos como indispensáveis em relação ao
objetivo individual de vencer o adversário;
→ este princípio só deve ser aplicado para justificar a imperiosa necessidade de restringir o
DICA diante de outra necessidade, a da sobrevivência estatal;
→ exemplo: uma hipotética suspensão do deslocamento de pessoal de socorro, nos termos do art 71
do PA I, em caso de “necessidade militar imperiosa”, quando, da passagem do ataque para o
aproveitamento do êxito, o imprescindível ímpeto da ação ofensiva possa vir a ser interrompido
para que o socorro aos feridos;

(4) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:


→ representa o equilíbrio entre a necessidade militar e a humanidade;
→ o meio ou forma de ataque proporcional deve ser o mais adequado, ou razoável, capaz de
atingir o fim visado, mediante o menor dano possível (eficiência);
→ caracteriza-se como não atendido o princípio quando prejuízos e sofrimentos forem maiores
que o ganho militar esperado;
→ proibição de causar males supérfluos e sofrimento desnecessário;
→ aplicação: Art. 57, § 3, do PA I = quando é possível eleger entre vários objetivos militares para
se obter uma vantagem militar equivalente, optar-se-á pelo objetivo cujo ataque, segundo seja de
prever, apresente menor perigo para as pessoas civis e os bens de caráter civil;

(5) PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO:


→ previsão legal: PA I, art. 44, § 3. e art. 52, § 2;
→ aplica-se a pessoas e bens e deriva do princípio da limitação:
√ somente os objetivos militares podem ser alvejados, devendo, para tanto, distinguir-se os
bens de caráter civil dos militares;
√ é necessário distinguir a população civil de combatentes;
√ o ataque a não combatentes reveste o ato de ilegalidade, sujeitando os agentes à
responsabilização penal;
→ exemplo de aplicação: PA I, Art. 51, §§ 1. a 7.:
√ proibido o ataque ou represália a pessoas e bens civis;
√ proibido o ataque indiscriminado ou represália que cause danos colaterais a pessoas e
bens civis;
√ proibido o ataque indiscriminado que cause danos excessivos;

(6) CLÁUSULA MARTENS:


→ é uma norma de aplicação geral e atua como cláusula de exclusão e complementar;
→ objetivo: aplicar o princípio da Humanidade às lacunas existentes = o que não é proibido não
está automaticamente permitido;
→ PA I, art 1, parágrafo 2: “nos casos não previstos no presente Protocolo ou por outros
acordos internacionais, as pessoas civis e os combatentes ficarão sob a proteção e autoridade dos
princípios de direito internacional, tal como resulta do costume estabelecido, dos princípios
humanitários e das exigências da consciência pública”;

assunto “d”

 Direito de Haia:
→ fundamenta-se no princípio da limitação;
→ objetivo: regular a condução da guerra, restringindo meios e métodos de combate;
→ natureza: preventiva, e se destina aos combatentes, reforçando, principalmente, o que não deve
ser feito nos conflitos armados;
→ não se limita somente à H IV e H IV R = existem diversos outros instrumentos internacionais,
versando sobre a condução das hostilidades, tais como a Convenção de Genebra, de 1980, e seus
quatro protocolos (proibições e restrições, ao emprego de certas armas convencionais, que podem
ser consideradas como excessivamente lesivas ou geradoras de efeitos indiscriminados);

 Principais regras do Direito de Haia (restrição aos meios de combate);


→ proibição de: atacar civis, atacar bens civis, ataques indiscriminados, atacar bens culturais e
lugares de culto, ataque a outros locais;
(1) Proibição de atacar civis:
→ a população civil não será objeto de ataque: PA I, art. 51, parágrafos 1 e 2;
→ obs.: civil é todo aquele que não é combatente, de acordo com o Estatuto próprio (!!!);
→ a participação do civil diretamente nas hostilidades retira dele a proteção que o Direito de
Genebra lhe faculta (!!!): PA I, art. 51, parágrafo 3;
→ é proibido usar a população civil como escudo humano (PA I, art. 51, parágrafo 7);

(2) Proibição de atacar bens civis:


→ Art 52, parágrafo 1, PA I: os bens de caráter civil não serão objeto de ataques nem de
represália;
→ Art 52, parágrafo 2, PA I: os ataques limitar-se-ão estritamente aos objetivos militares;
→ Art 52, parágrafo 3, PA I: em caso de dúvida a respeito de um bem que normalmente se
presta a fins civis estar sendo utilizado para contribuir eficazmente para a ação militar, será
presumido que não está sendo utilizado com tal propósito = exemplo: se tenho dúvida (não
tenho certeza) se uma igreja, escola, hospital, etc, está sendo utilizado para fins militares, não posso
atacar, pois, na dúvida, presume-se que está sendo utilizados para fins civis somente;

(3) Proibição de ataques indiscriminados:


→ o que são ataques indiscriminados:
√ aqueles que não são dirigidos contra um objetivo militar específico;
√ aqueles que empregam métodos ou meios de combate que não se podem dirigir contra
um objetivo militar específico; ou
√ aqueles que empregam métodos ou meios de combate cujos efeitos não seja possível
limitar conforme o exigido pelo presente Protocolo; e que em consequência, em qualquer de tais
casos possam atingir indistintamente a objetivos militares e as pessoas civis ou a bens de caráter
civil.”;
→ são considerados indiscriminados os seguintes tipos de ataque, entre outros:
√ os ataques por bombardeio e que considerem como um único objetivo militar, vários
objetivos militares precisos, claramente separados situados em uma cidade, um povoado, uma
aldeia ou outra área em que haja concentração análoga de pessoas civis ou bens de caráter
civil;
√ os ataques quando se pode prever que causarão incidentalmente mortos e ferimentos
entre a população civil, ou danos a bens de caráter civil, ou ambas as coisas, e que seriam
excessivos em relação a vantagem militar concreta e diretamente prevista;

(4) Proibição de atacar bens culturais e lugares de culto:


→ definição de bens culturais: bens culturais são os bens, móveis ou imóveis, que têm grande
importância para o patrimônio cultural dos povos; exemplo: monumentos arquitetônicos ou
históricos, os sítios arqueológicos, as obras de arte, os livros e os edifícios cujo destino principal e
efetivo seja conter bens culturais;
→ HCP: Convenção para a proteção dos bens culturais em caso de conflito armado, Haia,
1954;
→ H CP P II: Segundo Protocolo para a proteção de bens culturais em caso de conflito
armado;
→ o H CP P II foi criado e aprovado para aprimorar a proteção dos bens culturais em caso de
conflito armado e para estabelecer um sistema reforçado de proteção para bens culturais = foi
criado para aperfeiçoar a proteção que já existia através do HCP (visto que suas disposições não
haviam sido aplicadas sistematicamente);
→ outras previsões legais: Protocolos Adicionais I e II (PA I e PA II) da Convenção de Genebra
contêm dispositivos que protegem bens culturais = PA I: art. 38, parágrafo 1, art. 53, (a), (b) e
(c); e PA II: art. 16;
→ Art 53 do PA I: proibição de ataques contra monumentos históricos, obras de arte, etc, proibição
de utilizar esses bens em apoio ao esforço militar e proibição de fazer desses bens objetos de
represália (atacar um desses bens em resposta a um ataque do inimigo);

(4.1) Diferentes sistemas de proteção dos bens culturais (!!!):


→ a HCP e seus protocolos constituíram diferentes sistemas de proteção dos bens culturais:
Proteção Geral (na HCP), Proteção Especial (na HCP) e Proteção Reforçada (na HCPP II);

a) Proteção Geral:
√ todos os bens culturais devem ser beneficiados, no mínimo, de uma “proteção geral”;
√ os Estados Partes cuidarão de seus próprios bens culturais contra os efeitos previsíveis de
um conflito armado = art. 3, da HCP;
√ a proteção geral poderá ser indicada por simbologia própria (!!!) = art. 16,
parágrafos 1 e 2, da HCP;

√ Art. 4, parágrafo 1, da HCP: os Estados Partes também respeitarão todos os bens


culturais, privando-se de utilizá-los para fins que podem expor tais bens à destruição ou
deterioração em caso de conflito armado e de todo ato de hostilidade a respeito de tais bens;
√ a obrigação de respeitar bens culturais poderá deixar de ser cumprida = EXCEÇÕES
(!!!):
- no caso de existir uma “necessidade militar imperativa” = art. 4, parágrafo 2,
da HCP; art. 6, alínea a) do HCPP II;
- quando esses bens tenham sido transformados em objetivo militar e não exista
outra alternativa = art. 6, alínea a), (i), do HCPP II;
- desde que não haja uma alternativa possível para obter uma vantagem militar
equivalente = art. 6, alínea a), (ii) do HCPP II;
√ obs.: quando a obrigação de respeitar bens culturais deixar de ser cumprida, sempre que
as circunstâncias o permitam, será dado aviso com a devida antecedência = art. 6, alínea d), do
HCPP II;
√ Art. 8, alíneas a) e b), do HCPP II: na medida do possível, as Partes em conflito
deverão afastar os bens culturais das vizinhanças de objetivos militares ou evitar a localização dos
objetivos militares nas proximidades de tais bens;
√ Art. 5, parágrafo 1, do HCP: os Estados Partes que ocupem um território estrangeiro
deverão salvaguardar os bens culturais nesse território;

b) Proteção Especial:
√ art. 9, da HCP: as Altas Partes Contratantes se comprometem a garantir a imunidade dos
bens sob proteção especial, abstendo-se de qualquer ato de hostilidade;
√ art. 17, parágrafos 1 a 4, da HCP: possui simbologia própria (!!!);
√ requisitos do bem ara a proteção especial (!!!):
- deve encontrar-se a uma distância apropriada de um grande centro industrial ou
de qualquer objetivo militar importante = Art. 8, parágrafo 1, alínea a), da HCP;
- não pode estar sendo utilizado para fins militares = art. 8, parágrafo 1, alínea
b), da HCP;
- deve ter registro na UNESCO = Art. 8, parágrafo 6, art. 12, parágrafos 1 a 3, e
art. 13, parágrafos 1 a 3, da HCP;
√ suspensão da imunidade da proteção especial: art. 11, parágrafo 1, da HCP e art. 11,
parágrafo 2, da HCP;

c) Proteção Reforçada:
√ art. 10 e seguintes, HCPP II;
√ se a um bem foi outorgada a proteção especial e a reforçada, cumulativamente, somente
será aplicada a proteção reforçada = Art. 4, do HCPP II;
√ requisitos = Art 10, alíneas a), b) e c), da HCPP II:
- tratar-se de um patrimônio cultural da maior importância para a humanidade;
- ser protegido por medidas internas, jurídicas e administrativas, adequadas, que
reconhecem seu valor histórico e cultural excepcionais e asseguram-lhe o mais alto nível de
proteção;
- não ser utilizado para fins militares ou para proteger locais militares, e a Parte
que tenha controle sobre o bem cultural fizer uma declaração confirmando que o mesmo não será
utilizado para esse fim;
√ arts. 11, parágrafos 1 a 11, e 27, parágrafos 1 a 3 e respectivas alíneas, do HCPP II:
Lista de Bens Culturais sob Proteção Reforçada;
√ art. 12, do HCP II: imunidade dos bens culturais sob proteção reforçada;
√ art. 13, parágrafos 1 e 2, do HCPP II: perda da proteção reforçada;
√ art 13 parágrafo 1: um bem cultural sob proteção reforçada só perde essa proteção:
- se a proteção for suspensa ou anulada;
- se, e enquanto, o bem tiver sido, pela sua utilização, transformado num objetivo
militar;
√ art 13 parágrafo 2: quando um bem cultural passa a ser um objetivo militar, apenas
pode ser o objeto de ataque se:
- o ataque for o único meio possível de por um fim à utilização do bem para fins
militares;
- todas as precauções possíveis tiverem sido tomadas na escolha dos meios e dos
métodos de ataque, com vistas a por um fim a essa utilização e a evitar ou, pelo menos, minimizar
os danos causados a esse bem cultural;
- em virtude de exigências de legítima defesa (a ordem de atacar tiver sido dada no
mais alto nível de comando operacional; uma advertência prévia tiver sido feita ao inimigo exigindo
o fim da utilização do meio para fins militares; um tempo razoável for concedido ao inimigo para
reverter a situação);

(5) Proibição de ataques a outros locais:


→ o Direito de Haia proíbe ataques a:
a) unidades e estabelecimentos sanitárias e organizações de defesa civil:
√ Art 8, (e), do PA I;
√ Art 19, da CG I;
√ Arts. 12, parágrafo 1, do PA I;
√ desde o início de um conflito e durante o mesmo as partes interessadas poderão
concluir entre si acordos para o reconhecimento das zonas e localidades sanitárias que tenham
criado;
√ Art. 61, (a), do PA I;
√ Art. 62, parágrafos 1 e 3, do PA I;
√ Art. 52, parágrafo 1, do PA I;

b) zonas e localidades sanitárias:


√ Art 23 da CG I;

c) localidades não defendidas:


√ Art. 59, parágrafos 1 e 2, do PA I;

d) Zonas Neutras:
√ Art. 15, alíneas a) e b), da CG IV;
√ um acordo concluído pelas Partes em conflito poderá estabelecer zonas neutras
(destinadas a proteger enfermos, feridos, civis que não tomarem parte nas hostilidades);

e) bens indispensáveis à sobrevivência das populações civis:


√ Art. 54, parágrafos 2 e 3;
√ exemplos: plantações de alimento;
√ exceções: essa proibição não se aplica se o inimigo utiliza tais bens
exclusivamente como meios de subsistência para os membros de suas Forças Armadas bem como
em apoio direto a uma ação militar;

f) obras e instalações contendo forças perigosas:


√ Art. 56, parágrafos 1, 2, 4 e 7, do PA I;
√ instalações contendo forças perigosas = aquelas que, se atingidas, podem causar
consequências drásticas, catástrofes, perdas severas para a população civil;
√ exemplos: usinas nucleares, represas, diques;
√ exceção: se sua destruição consistir no único meio viável de acabar com a
vantagem militar inimiga, e se o inimigo se aproveita efetivamente desses bens para atender as suas
necessidades militares, o ataque é permitido;
√ possuem simbologia para serem identificados (!);

 Simbologia adotada (!!!):


→ para serviço sanitário/pessoal, religioso, militar e civil e instalações da Cruz Vermelha;
→ defesa / proteção civil:

→ bens culturais de proteção geral:

→ bens culturais de proteção especial:

→ obras e instalações que contêm forças perigosas:

→ bandeira branca de parlamento (negociação ou rendição: atenção


para o duplo sentido = não necessariamente significa que o inimigo
se rendeu) = inimigo fora de combate/interrupção dos combates:

→ zona sanitária ou de segurança:

→ lugares de culto, monumentos históricos, museus, etc:

→ campo de prisioneiros de guerra:


→ campo de internamento de civis:

→ guerra marítima: lugares de culto, monumentos históricos, museus, etc:

 Armas proibidas:
→ projéteis de força explosiva ou inflamável com peso inferior a 400 g;
→ armas envenenadas;
→ projéteis do tipo “dum-dum”;
→ armas químicas, asfixiantes ou tóxicas;
→ armas bacteriológicas;
→ armas de fragmentação;
→ armas incendiárias;
→ armas cegantes a laser;
→ minas terrestres;

 Métodos de combate proibidos:


(1) proibição da PERFÍDIA:
→ PA I, art. 37, parágrafos 1 e 2;
→ meios perfídios: atos que, apelando para a boa fé de um adversário e com a intenção de
atraiçoá-lo, deem a entender a este que tem direito à proteção, ou que está obrigado a
concedê-la;
→ a perfídia trata-se de
√ estelionato bélico: é crime de guerra;
√ tentativa de obter proteção indevida, com base no DICA, com o objetivo verdadeiro de
matar, ferir ou capturar o adversário ludibriado;
→ exemplos:
√ simular a intenção de negociar sob uma bandeira de armistício ou de rendição;
√ simular incapacidade por ferimentos ou enfermidades;
√ simular a condição de pessoa civil, não combatente; e
√ simular que possui condição de proteção, pelo uso de sinais, emblemas ou uniformes;
→ atenção (!!!): PERFÍDIA x ESTRATAGEMAS
√ estratagemas: atos que têm por objeto induzir a erro um adversário ou fazer com que
este cometa imprudências, porém que não infrinjam nenhuma norma de Direito Internacional
aplicável aos conflitos armados;
√ exemplos: a camuflagem, os engodos, as operações simuladas e as informações falsas;
√ os estratagemas NÃO são proibidos = cuidar pra não confudir com perfídia;

(2) proibição da DENEGAÇÃO DE QUARTEL:


→ Art 40, PA I: guarida = proibido ordenar que não haja sobreviventes, ameaçar com isto o
adversário ou conduzir as hostilidades em função de tal decisão;
→ assim, proibem-se:
√ ordens para que não haja sobreviventes (eliminação);
√ ameaça ao adversário de que não haverá sobreviventes;
√ condução das operações de modo que a decisão de não haver sobreviventes se torne real
(morte inevitável);
(3) proibição do RECRUTAMENTO OU ALISTAMENTO DE MENORES DE 18 ANOS:
→ Art 77, parágrafo 2, do PA I: proteção das crianças;
→ não há proibição expressa ao recrutamento ou alistamento, porém recomenda-se que menores
de 15 anos não participem diretamente do conflito;
→ se houver recrutamento de menores entre 15 e 18 anos os mais velhos deverão ser empregados
primeiro;

(4) proibição do emprego da FOME OU INANIÇÃO DE CIVIS COMO MÉTODO DE


GUERRA:
→ PA I, art. 54, parágrafos 1, 3, alíneas a) e b) e 5;
→ exceções: quando o inimigo usar os bens exclusivamente como meio de subsistência para as
Forças Armadas ou em apoio direto a uma ação militar e, ainda, em caso de necessidade militar
imperiosa;

(5) proibição do uso da REPRESÁLIA ARMADA:


→ o DICA não proíbe a represália como punição ao inimigo que não cumpre as normas legais;
PORÉM, ela não pode ser empregada contra:
√ pessoas e bens protegidos (art. 20, do PA I);
√ bens civis em geral (art. 52, parágrafo 1, do PA I);
√ bens culturais e locais de culto (art. 53, alinea c), do PA I);
√ bens indispensáveis à sobrevivência da população civil (art. 54, parágrafo 4, do PA I);
√ meio ambiente natural (art. 55, parágrafo 2, do PA I);
√ obras e instalações que contenham forças perigosas (art. 56, parágrafo 4, do PA I);

(6) proibição de GRAVES DANOS AO MEIO AMBIENTE NATURAL E ANTRÓPICO:


→ PA I, arts. 35, parágrafo 3, e 55, parágrafo 1;

(7) proibição de ATOS TERRORISTAS:


→ PA I, art. 51, parágrafo 2;

assunto e

 Atores e regimes de proteção em um conflito armado:


→ temos inúmeros atores distintos (combatentes, prisioneiros de guerra, espiões, etc) e,
dependendo do ator, há de se aplicar a proteção distinta do DICA, DIR, DIDH ou a
convergência entre os 3;

 Inimigo fora de combate:


→ Art 42, §1 e 2 do PA I;
→ pessoa fora de combate: se reconhecida que está fora de combate, não pode ser objeto de
ataque;
→ condições em que uma pessoa se encontra fora de combate: §2 do Art 41;
→ se a pessoa pegar em armas ou retornar para o combate, perde a proteção do DICA;

 Proteção inalienável dos feridos e enfermos:


→ Art 7º comum à CG I, II e III;
→ NÃO são combatentes;
→ feridos, enfermos, pessoal sanitário e religioso: não podem renunciar ao fato de que não são
combatentes = não podem simplesmente pegar e dizer que “a partir de agora eu deixei de ser
médico e sou combatente”, “agora voltei a ser médico”;

 Passos para o estabelecimento do regime de proteção:


→ o tipo de combate condiciona o regime de proteção conferido pelo DICA;
→ para estabelecer o regime de proteção deve-se:
√ 1º: analisar o tipo de conflito ocorrido (CAI ou CANI);
√ 2º: identificar o tipo de sujeito de direitos protegido (PG, médico militar, feridos, mortos,
civis, deslocados, refugiados, estatuto duvidoso etc);
√ 3º: identificar se esse sujeito possui proteção ou estatuto específicos;
√ 4º: não existe a possibilidade da proteção zero (aplica-se, no mínimo, a proteção
residual do Art. 75 do PA I = cláusula martens, direito da humanidade);

 Combatentes Legítimos:
→ possuem proteção do Direito de Genebra;
→ membro das Forças Armadas (§1 do Art 43, do PA I);
→ membro das Froças de Resistência;
→ milícias;
→ população;
→ Art 13 das CG I e II, Art 4 da CG III e Arts 43 e 44 do PA I;
→ possuem status de prisioneiro de guerra (CG III);

 Combatentes Ilegítimos:
→ não possuem proteção do Direito de Genebra
→ mercenários;
→ espião;
→ terrorista;
→ combatente irregular;

 Forças Armadas (§1 e 2, do Art 43, do PA I):


→ os membros das FA de uma parte em conflito, EXCETO aqueles que são parte do pessoal
sanitário e religioso, são combatentes = tem direito a participar das hostilidades, não é considerado
criminoso por estar envolvido no conflito, não significa que não possa cometer outros crimes,
podem ser regulares ou equiparados;
→ caracterizações das FA: organização, disciplina, uniforme, armamento visível;

 Combatentes regulares:
→ §1, 2, 3 e 6, de “A”, do Art 4, da CG III;
→ FA, mílica, corpo de voluntários;
→ condições para as milícias ou corpos de voluntários serem considerados combatentes regulares:
a), b), c) e d), do §2 do Art 4 da CG III;

 Combatentes equiparados:
→ parágrafos 4 e 5, de “A”, do art. 4 das CG III;
→ membros civis das tripulações de aviões militares, correspondentes de guerra, membros de
unidades de trabalho ou de serviços encarregados do bem-estar das FA, aprendiz da marinha, etc =
todos que estiverem trabalhando em prol das FA em um CAI ou CANI;

 Estatuto do Prisioneiro de Guerra (G III e terceira parte do PA I):


→ proteção jurídica do PG por ter participado do conflito armado;
→ ser PG significa estar juridicamente protegido e não responder criminalmente por ter participado
do conflito;
→ a proteção é consequência da sua pré-condição de combatente;
→ são PG os combatentes regulares e equiparados que tenham caído em poder do inimigo;
→ Estatuto duvidoso (Art 5º da G III): em caso de dúvida, se um prisioneira é PG ou não, aplica-
se o Estatuto Duvidoso = considero ele PG até eu ter certeza do que ele é;
→ art 12, da G III: PG ficam em poder da potência inimiga e não da tropa que o captura;
→ art 13, da G III: PG devem ser tratados com humanidade (não pode ser submetido e mutilação
física, experiência médica, científica, etc);
→ art 13, da G III: proibição de represália contra PG = “seu país fez algo contra o meu, vou matar
um PG”;
→ art 14, da G III: PG tem direito ao respeito por sua pessoa e honra; respeito à mulher;
→ art 14, da G III: PG conservam sua capacidade civil, potência detentora não pode limitar esse
exercício;
→ art 15, da G III: direito a sustento e cuidados médicos;
→ art 16, da G III: tratamento igual, sem distinção;
→ art 17, da G III: interrogatório = PG só é obrigado a dizer seu sobrenome, nome próprio,
graduação, data de nascimento e número de matrícula;
→ art 18, da G III: todos os bens e objetos de uso pessoal (exceto arma, cavalo, eqp e documentos
militares) ficam em poder dos prisioneiros;
→ art 21, da G III: restrições à liberdade = PG pode ser posto em liberdade em algumas
condições;
→ art 22, da G III: locais de internação de PG;
→ art 23, da G III: segurança dos PG;
→ art 25, da G III: alojamento;
→ art 26, da G III: alimentação;
→ art 27, da G III: vestuário;
→ art 28, da G III: cantinas;
→ art 29, da G III: higiene;
→ arts 30 e 31 da G III: assistência médica;
→ art 33, da G III: pessoal médico e religioso = não será considerado PG, continuarão a exercer
suas funções junto aos PG;
→ art 34, da G III: religião;
→ art 40, da G III: insígnias e condecorações;
→ arts 44 e 45, da G III: tratamento de oficiais e de outros prisioneiros;
→ arts 49 e 50, da G III: trabalhos autorizados;
→ art 62, da G III: remuneração de trabalho;
→ art 71, da G III: correspondência;
→ art 79, da G III: representantes dos PG;
→ arts 82, 87, 89, 90, 92, da G III: sanções disciplinares;
→ art 92, da G III: evasão fracassada;
→ art 99, da G III: processos judiciais;
→ art 100, da G III: pena de morte;
→ art 106, da G III: recursos judiciais;
→ art 118 e 119, da G III: libertação e repatriamento;
→ art 120, da G III: enterro;
→ art 126, da G III: visita dos delegados da Potência Protetora ou CICV;

 Estatuto próprio do pessoal sanitário e religioso:


→ arts 24 a 30, da G I;
→ § 3, alíneas a), b) e c), do art. 8 a 15 e 16, do PA I;
→ não são combatentes;
→ necessitam de maior liberdade de locomoção para bem cumprir suas missões;

(1) Pessoal Sanitário:


→ art 8, § 3, do PA I: definição;
→ diferença entre pessoal sanitário PERMANENTE (se retido, não é PG) e TEMPORÁRIO (se
retido, é PG) = art 8, §11, do PA I:
√ pessoal sanitário permanente: se destinam exclusivamente a finalidades sanitárias por
um período indeterminado; exemplo: médico e enfermeiro militares, pessoal de missão médica da
Cruz Vermelha;
√ pessoal sanitário temporário: se dedicam exclusivamente a finalidades sanitárias por
períodos limitados e durante a totalidade de tais períodos; exemplo: soldado servente de uma peça
de artilharia, com a função de “também padioleiro”;

(2) Pessoal Religioso:


→ art 8, § 4, do PA I: definição;
→ diferença entre pessoal religioso PERMANENTE (se retido, não é PG) e TEMPORÁRIO (se
retido, é PG):
√ é permanente o pessoal (civil ou militar) religioso designado exclusivamente com função
prevista no parágrafo 4, do art. 8, do PA I; exemplo: capelão militar, pessoal religioso de entidade
internacional reconhecida pelas partes;
√ é temporário aquele designado para cumprir eventualmente essas funções em caso de
necessidade (art. 25, da G I); exemplo: um combatente que recebeu a missão de conduzir um culto
religioso;

 O tratamento ao pessoal sanitário e religioso:


→ proteção: arts 24, 25 e 26;
→ art 28, da G I: pessoal sanitário e religioso PERMANENTE retido NÃO é PG (!!!);
→ art 29, da G I: pessoal sanitário e religioso TEMPORÁRIO retido É PG (!!!);
→ § 1 e § 2, alínea a), do art. 13, PA I: cessação da proteção das Unidades Sanitárias Civis;
→ art 21, PA I: proteção aos veículos sanitários;
→ art 22, da G II: proteção aos navios-hospitais militares;
→ art 24, da G II: proteção aos navios-hospitais das sociedade nacionais da Cruz Vermelha e
outras reconhecidas;
→ art 24, PA I: proteção de aeronaves sanitárias;
→ art 8, §12, PA I: identificação do pessoal sanitário e religioso;

 Espião:
→ aquele que se comporta de maneira deliberadamente clandestina ou atuando sob falsos
pretextos;
→ é um combatente ilegítimo;
→ art 46, §1 a 4, PA I: tratamento do espião;
→ qualquer membro das FA de uma Parte em conflito que caia em poder de uma Parte adversa
enquanto realize atividades de espionagem não terá direito ao estatuto de prisioneiro de
guerra e poderá ser tratado como espião;
→ NÃO É ESPIÃO: o membro das Forças Armadas de uma Parte em conflito que, em favor dessa
Parte, recolha ou tente recolher informação dentro de um território controlado por uma Parte
adversa sempre que, ao fazê-lo, esteja usando o uniforme das Forças Armadas a que pertence;
→ NÃO É ESPIÃO: o membro das Forças Armadas de uma Parte em conflito que seja residente
em território ocupado por uma Parte adversa e que, em favor dessa Parte de que depende,
recolha ou tente recolher informação de interesse militar dentro desse território, EXCETO se o
fizer mediante falsos pretextos ou proceder de modo deliberadamente clandestino (aí é espião);
 Mercenário:
→ caracterização: art 47, §§1 e 2, do PA I;
→ não são combatentes nem PG;
→ se tiver dúvida se um prisioneiro é ou não mercenário: aplicar o Estatuto Duvidoso;
→ condições pra ser considerado mercenário:
a) ter sido especialmente recrutado, no local ou no estrangeiro, a fim de combater em um
conflito armado;
b) de fato, tomar parte direta nas hostilidades;
c) tomar parte nas hostilidades motivado essencialmente pelo desejo de obter um ganho
pessoal;
d) não ser nacional de uma Parte em conflito nem residente em um território
controlado por uma Parte em conflito;
e) não ser membro das Forças Armadas de uma Parte em conflito;
f) não ter sido enviada em missão oficial como membro de suas Forças Armadas por um
Estado que não é Parte em conflito;

 Regra de aplicação geral a quem não tem direito ao Estatuto do PG:


→ o tratamento deverá ser pautado: pelo art 75 do PA I (cláusula martens, princípio da
humanidade), pela G IV, e pelas garantias de procedimento judiciais previstas na G III;

 Náufragos:
→ definição: art 8, § 2, do PA I;
→ protegidos pela G II;
→ Estatuto do Náufrago perdura até o final do salvamento (Art 8, §2, do PA I e Art 12, da PA
I );
→ ao final do salvamento, o náufrago tem direito ao Estatuto do PG;

 Mortos:
→ mortos: art 17, da G I; art 20, da G II; e art 34, do PA I;
→ morte de PG: G III, 120, 121;

 Desaparecidos:
→ mesmas disposições previstas para os mortos;
→ art 33, §§ 1 a 4, do PA I;

 Ocupantes das Aeronaves (!!!):


→ art 42, §§ 1 a 3, do PA I;
→ nenhuma pessoa que salte em paraquedas de uma aeronave em perigo será atacada
durante sua descida;
→ ao chegar ao solo em território controlado por uma Parte adversa, a pessoa que tenha saltado em
paraquedas de uma aeronave em perigo deverá ter a oportunidade de render-se antes de ser
atacado, a menos que seja manifesto que está realizando um ato hostil;
→ as tropas aerotransportadas não são protegidas por este Artigo;

 Tropas aerotransportadas e aeroterrestres (!!!):


→ art 42, § 3, do PA I;
→ o paraquedista regularmente lançado não está protegido, pois estará em atitude hostil,
podendo ser atacado antes de aterrar;
→ tanto as aeronaves que transportam os paraquedistas como os que forem lançados podem
ser atacados;
→ se o ataque à aeronave for bem sucedido, aplica-se o procedimento relativo aqueles que
saltam de aeronave em perigo, pois a motivação do abandono da aeronave passa a ser outra, qual
seja, salvar a própria vida; nesse entendimento, o ataque ao paraquedista em voo ferirá o DICA por
violar o direito à vida;

 Proteção aos Civis no Direito de Genebra:


→ pessoas protegidas: art 4, da G IV;
→ civis nacionais do próprio estado estarão protegidos apenas pelo DIDH e pela respectiva
legislação nacional;
→ proteção geral às populações dos efeitos da guerra: título II da G IV:
√ arts 13 a 22: tratam da proteção;
√ arts 25 e 26;
→ estatuto e tratamento das pessoas protegidas: título III, da G IV:
√ art 27, 1ª parte: pessoas protegidas;
√ art 27, da G IV e art 76, do PA I: mulheres;
√ art 50, da G IV e art 77, do PA I: crianças;

→ art 33, da G IV: resopnsabilidade individual, penas coletivas, proibição de pilhagem e


represália;
→ art 34, da G IV: reféns;
→ art 51, da G IV: alistamento e trabalho = a Potência ocupante não poderá forçar as pessoas
protegidas a trabalhar, salvo se tiverem idade superior a dezoito anos e apenas em trabalhos
necessários às exigências do exército de ocupação ou em serviços de utilidade pública relacionados
com a alimentação, vestuário, transportes públicos ou saúde da população do país ocupado;
→ art 64, da G IV: legislação penal;
→ art 78, da G IV: medidas de segurança, internamento e residência fixa = o tratamento aos
internados, guardadas as diferenças, muito se assemelha ao tratamento do PG;
→ art 4, da G III e art 79, do PA I: JORNALISTAS = são civis (não são correspondentes de
guerra), recebem as mesma proteções;

 Refugiados:
→ art 73, do PA I: refugiados e apátridas = as pessoas que, antes do início das hostilidades, foram
consideradas como apátridas ou refugiados serão pessoas protegidas em todas as circunstâncias e
sem nenhuma distinção;
→ art 44, da G IV;
→ deslocado interno: são pessoas, ou grupos de pessoas, forçadas ou obrigadas a fugir ou
abandonar as suas casas ou seus locais de residência habituais e que não tenham atravessado
uma fronteira internacionalmente reconhecida de um Estado;
→ fundamentos que caracterizam o deslocamento interno:
√ movimento involuntário de pessoas;
√ permanência dessas pessoas dentro das fronteiras do país de origem;
→ motivo do deslocamento interno: catástrofe natural, conflito armado, ou mesmo por violações de
Direitos Humanos por parte de seu próprio Estado;
→ Princípios Orientadores dos deslocados internos (conjugam em um só documento normas já
existentes de DIDH, DIR e DICA, materializando a convergência das três vertentes da proteção
jurídica à pessoa humana):
√ não possuem estatuto próprio (por isso a ONU criou os Princípios Orientadores);
√ não constituem um tratado internacional (!), não possuem força obrigatória, porém,
vários Estados e organizações têm atuado de acordo com suas disposições;
√ possuem a força legal derivada da obrigatoriedade das normas que os compõe;

→ aplicação das normas do DIDH:


√ antes do deslocamento: proíbem o Estado de conduzir o deslocamento forçado de
pessoas, salvo para proteger a segurança nacional e a ordem, saúde, moral públicas, bem como os
direitos e liberdades de outras pessoas;
√ durante o deslocamento: atua em relação às pessoas que já iniciaram o deslocamento;
deslocados internos não podem ficar confinados em campos sem que se comprove que fora do
campo de deslocados eles estariam menos seguros;

→ aplicação das normas do DICA: são aplicadas aos deslocados na medida em que protegem os
civis afetados; conflitos armados são a maior causa do deslocamento interno no mundo;

→ aplicação das normas do DIR:


√ não se aplica diretamente aos deslocados, como o DICA e DIDH, mas é aplicado por
analogia, ou seja, para situações semelhantes proteções semelhantes (somente se as normas de
DIR forem mais benéficas aos deslocados do que as normas internas do Estado);
√ princípio do non refoulement (!!!): proíbe o retorno forçado do deslocado para o
local onde ele teme ser perseguido ou onde sua segurança não é garantida;

assunto f

 Direito Penal Internacional (DPI):


→ ramo do direito internacional concebido para definir crimes internacionais e impor aos Estados a
obrigação de processar e julgar esses crimes;
→ crimes transnacionais: aqueles que repercutem além das fronteiras dos Estados;
→ aplicação do DPI se dá:
√ pela vinculação dos Estados a tratados internacionais destinados a processar e julgar
criminosos internacionais = país tem que aceitar colocar em sua legislação interna = não são todos
os países que aceitam = só pode julgar países que tenham ratificado o tratado;
√ por tribunais penais internacionais;
→ DPI é um regime penal COMPLEMENTAR = vai julgar complementarmente, pois a
responsabilidade de julgar, primeiramente, é do Estado;
→ evolução do DPI: avançou principalmente após as 1ª guerra mundial = viu-se a necessidade da
investigação e julgamento de crimes de guerra;
→ organismos internacionais assumiram essa função, no lugar dos Estados;
→ 1º tribunal penal internacional da história: Tribunal de Nuremberg;
→ tribunais ad hoc criados pela ONU: por exemplo, no Conflito dos Bálcãs = tribunais para julgar
os responsáveis por graves violações de DIH (um problema / polêmica: esse tipo de tribunal, assim
como os crimes julgados, é criado após os fatos já terem acontecido !!!);
→ responsabilidade penal no DPI é sempre INDIVIDUAL: julga indivíduos (não pode Estados;
→ responsabilidade em geral: são considerados culpados de um crime de guerra tanto aquele que
ordena como aquele que executa;
→ responsabilização por ato de subordinado por cometimento de infração ou infração grave
previstas nas CG e no PA I:
√ infrações graves são as previstas nos: Art. 50, I CG; Art. 51, II CG; Art. 130, III CG; Art.
147, IV CG e Art. 85 do PA I;
√ as infrações graves como crimes de guerra (§ 5, do art. 86, do PA I);
√ omissões: § 2, do Artigo 86 do PA I;
√ responsabilidade do comandante: §§ 1 a 3, do art. 87, do PA I;
→ DPI reprime as violações aos direitos do DIDH e DICA;
→ SISTEMAS DE APLICAÇÃO DO DPI: sistema de aplicação direta e indireta:
√ sistema de aplicação indireta: processo e julgamento dos crimes internacionais PELOS
ESTADOS (é obrigação dos Estados julgar os crimes internacionais);
√ sistema de aplicação direta: aplica-se o DPI por intermédio de Tribunais Penais
Internacionais (é complementar ao sistema indireto);

 Estatuto de Roma do TPI:


→ prevê, em um único instrumento, normas penais, processuais e administrativas, orientando a
condução do inquérito, organizando o Tribunal, estabelecendo competências, definindo crimes e
penas e regulando o processo penal e o julgamento;
→ não admite reservas (reserva = algum país não concordar com algum parágrafo do tratado e
assiná-lo mesmo assim = aqui não pode);
→ em caso de denúncia do Tratado, esta somente terá efeitos um ano após a notificação feita
pelo Estado, e não o isenta das obrigações assumidas enquanto membro;

 Tribunal Penal Internacional:


→ é uma instituição (preâmbulo e art 1º do ER): PERMANENTE, INDEPENDENTE e
COMPLEMENTAR às jurisdições penais internacionais;
→ crimes julgados pelo TPI (!!!):
√ genocídio;
√ contra a humanidade;
√ de guerra;
→ 3 casos de acionamento do TPI (!!!):
1) país decreta que não tem capacidade para julgar e pede ajuda ao TPI;
2) promotor do TPI pede para investigar o caso que está acontecendo em determinado país;
3) Conselho de Segurança da ONU pode pedir para investigar = e, nesse caso, pode ser
tanto os países que ratificaram o tratado como aqueles que não o fizeram;
→ irretroatividade da lei penal (Art 24): atos anteriores à entrada em vigor do ER não são
atingidos;
→ competência TEMPORAL (prospectiva):
√ julga os crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto;
√ Art 40, do ER: se um Estado aderir após a data acima, o TPI somente terá competência
em relação a esse Estado a contar da data de adesão;

→ competência de LUGAR:
√ o TPI somente poderá investigar, processar e julgar crimes de sua competência cometidos
no território de um Estado parte;
√ Estado que não ratificou o ER pode aceitar a jurisdição do TPI sobre um nacional seu
(Art. 12, 2. b) e 3, do ER);
√ crimes cometidos por nacional de um Estado parte em qualquer outro Estado: pode
ser requerida a extradição pelo Estado de nacionalidade do autor (arts. 12 e 13 (b) do ER);

→ possibilidade de acesso do TPI a qualquer Estado membro da ONU: mediante ação do


Conselho de Segurança da ONU (art. 13, b), com o aval dos 5 membros permanentes, ampliando o
alcance do TPI;
→ competência em razão de PESSOA:
√ limitada à responsabilidade penal individual;
√ exclui os menores de 18 anos (Arts. 25 e 26): responsabilidades serão apuradas com base
na legislação interna de cada Estado;
√ o TPI responsabiliza autores, coautores e partícipes;

→ chefe militar e político (civil) são tratados de formas diversas:


√ chefe militar: responde por crimes de que tinha conhecimento, deveria ter conhecimento,
por negligência e tanto por dolo como culpa;
√ político: só é responsabilizado quando tem conhecimento e somente responde por dolo;
→ obediência hierárquica: subordinado somente é inimputável penalmente em caso de
enfermidade ou doença mental, intoxicação involuntária, legítima defesa, coação irresistível e
estado de necessidade;
→ art 33, do ER: somente deixa de responder pelo crime quem, cumulativamente:
1) está obrigado por lei a obedecer ordens superiores;
2) não tem conhecimento da ilegalidade da ordem;
3) a ordem não é manifestamente ilegal;

→ ordem dada para cometer genocídio ou quaisquer dos crimes contra a Humanidade, previstos no
ER, é manifestamente ilegal;

 Tipos penais mais relevantes:


→ penas: art 77 do ER;
→ penas variam de acordo com o crime;
→ até 30 anos de prisão ou prisão perpétua (no Brasil, é inconstitucional);
→ multas e perda dos bens oriundos do crime;
→ tipos penais: genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra;

(1) Genocídio:
→ art 6º do ER;
→ tanto tempo de guerra como de paz;
→ exemplo: Ruanda, 1944;

(2) Crimes contra a humanidade:


→ art 7º, do ER;
→ DEVE ser cometido no quadro de um ATAQUE GENERALIZADO OU SISTEMÁTICO
(!!!) contra população civil;
→ exemplos: homicídio, extermínio, escravidão, tortura, etc;

(3) Crimes de Guerra:


→ art 8º, do ER;
→ NÃO é necessário (!!!) o contexto exigido para os crimes contra a Humanidade (ataque
generalizado) = um ATO ISOLADO de um único soldado pode configurar crime de guerra;
→ existência de um CAI ou CANI é condição para a imputação penal, além do nexo entre o ato
criminoso e o próprio conflito;

 Aspectos da cooperação internacional:


→ o TPI depende da cooperação dos Estados partes;
→ necessidade dos Estados adequarem suas legislações;
→ principal embaraço: possibilidade de entrega de um nacional ao TPI (art. 102 ER diferencia a
entrega da extradição);
→ TPI pode pedir a prisão provisória ou preventiva, bem como a entrega de uma pessoa;
→ o pedido de entrega ao TPI tem prioridade sobre pedido de extradição feita a um Estado
parte da ER;
→ o TPI indicará um Estado para receber o condenado (art. 103 do ER);
→ o Estado não pode rever a pena imposta pelo TPI (art. 105);

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