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COMÉRCIO

INTERNACIONAL
OMC e Acordos da Rodada Uruguai

Livro Eletrônico
Comércio Internacional
OMC e Acordos da Rodada Uruguai
Thális Andrade

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
OMC e Acordos da Rodada Uruguai.. ......................................................................................................................4
1. Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)..................................................................................................4
1.1. Origem do GATT. . ........................................................................................................................................................4
1.2. Rodadas do GATT. . ....................................................................................................................................................7
1.3. Princípios Básicos do GATT...............................................................................................................................11
2. Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)...................................................................................21
3. Acordo de Inspeção Pré-Embarque (AIPE)................................................................................................ 28
4. Acordo sobre Regras de Origem (ARO)........................................................................................................30
5. Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importação (ALI). .............................34
6. Acordo sobre Facilitação do Comércio (AFC)............................................................................................38
Resumo................................................................................................................................................................................45
Questões de Concurso................................................................................................................................................48
Gabarito...............................................................................................................................................................................52
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................53

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OMC e Acordos da Rodada Uruguai
Thális Andrade

Apresentação
Olá, futuro(a) concursado(a).
Seja bem-vindo(a)! Na aula de hoje continuaremos com o assunto Organização Mundial de
Comércio (OMC), mas agora mergulharemos nos acordos temáticos que constam de nosso
edital. Portanto, nesta aula, abordaremos em detalhes 6 (seis) acordos. São eles:
1) o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT/1994);
2) Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT);
3) Acordo sobre Inspeção Pré-embarque;
4) Acordo sobre Regras de Origem;
5) Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importações;
6) o Acordo sobre Facilitação de Comércio.
Sigam meus bons.

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Thális Andrade

OMC E ACORDOS DA RODADA URUGUAI

1. Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)

1.1. Origem do GATT


Podemos dizer que o sistema multilateral de comércio teve origem no final da Segunda
Guerra Mundial, quando os países vencedores desse confronto bélico se reuniram em Bret-
ton Woods em 1944 para instituírem órgãos reguladores da economia internacional que fora
devastada pela guerra. Ao final do encontro, os aliados consentiram em criar três instituições
para reconstruir a economia mundial:
1) um fundo monetário que pudesse resguardar as economias nacionais contra as
crises cambiais (FMI);
2) um banco que financiasse a reconstrução europeia e o desenvolvimento dos países
(Banco Mundial – BIRD); e,
3) uma organização internacional do comércio que regulamentasse os fluxos comerciais
por meio da criação da Organização Internacional do Comércio (OIC).
Todavia, a OIC de 1947 não saiu do papel em razão de a maioria republicana do
congresso americano ter impedido sua aprovação, não sendo aprovado o seu tratado
constitutivo, denominado Carta de Havana. Os EUA temiam que a liberalização comer-
cial por meio dessa organização colocasse em risco o emprego dos seus trabalhadores
(lembre-se da quebra da Bolsa de Nova Iorque e a crise que assolou o país na década de
30 que falamos na última aula).
Com a não concretização de uma organização internacional de personalidade jurídica
naquela época (OIC), o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) entrou em vigor por
meio de um protocolo provisório assinado em 30 de outubro de 1946, que se tornou efetivo
em 1º de janeiro de 1948. As 23 Partes Contratantes1 à época (inclusive Brasil) aceitaram
aplicar provisoriamente o GATT até que a OIC fosse criada e definitivamente pusesse sua
administração sobre o sistema que estava sendo implantado.

1
São os signatários originais de 1947: África do Sul, Austrália, Bélgica, Birmânia (ou Myanmar), Brasil, Canadá, Ceilão (atual
Sri Lanka), Chile, China, Cuba, Checoslováquia, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Líbano, Luxemburgo, Nova Zelân-
dia, Noruega, Paquistão, Reino Unido, Rodésia do Sul (atual Zimbábue) e Síria. Perceba que vários países que o assinaram
entraram em Revolução Comunista pouco depois, saindo do GATT nos anos seguintes, como a China e Cuba. Por sua vez,
Síria não é membro da OMC até hoje.

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Fonte: www.eastendbookexchange.com e www.unmultimedia.org

E que “provisório”, amigo(a)!


O GATT/1947 está vigente até hoje e, apesar de não ser uma organização com personali-
dade jurídica, foi o instrumento jurídico internacional que auxiliou a liberalização internacional
do comércio entre as suas partes contratantes por quase cinco décadas!
Somente quando a OMC foi criada em 1994 (em vigor em 1º/01/95) é que o GATT foi
incorporado ao pacote de acordos por um Organização Internacional, esta, sim, com persona-
lidade jurídica internacional. A organização vem então rebatizada como Organização Mundial
do Comércio (OMC), no lugar da OIC que nunca saiu do papel.
Portanto, atualmente convivem dois Acordos GATT dentro da OMC: a versão de 1947 e a
versão de 1994. O primeiro é a versão original negociada após a 2ª Guerra; o segundo, uma
versão atualizada com todas as melhorias ao longo das décadas que se sucederam.
Sobre esse assunto, vale resolver a primeira questão de nossa aula:

001. (FGV/OAB/2011) A Conferência de Bretton Woods (1944), realizada no ocaso da Segunda


Guerra Mundial, é considerada um marco na história do Direito Internacional no século XX porque:
a) estabeleceu as bases do sistema econômico e financeiro internacional, por meio da criação
do Banco Mundial – BIRD, do Fundo Monetário Internacional – FMI e do Acordo Geral de Tarifas
Aduaneiras e Comércio – GATT.
b) inaugurou uma nova etapa na cooperação política internacional ao extinguir a Liga das Nações
e transferir a Corte Internacional de Justiça para a estrutura da então recém-criada Organização
das Nações Unidas – ONU.
c) criou o sistema internacional de proteção aos direitos humanos, a partir da adoção da De-
claração Universal dos Direitos Humanos, do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e
do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
d) criou o Tribunal de Nuremberg, corte ad hoc responsável pelo julgamento dos principais co-
mandantes nazistas e seus colaboradores diretos pelos crimes de guerra cometidos durante a
Segunda Guerra Mundial.
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Como dissemos, Bretton Woods foi a conferência que idealizou as instituições que redesenharam
o Sistema Econômico Multilateral, propondo 3 instituições: a OIC, Banco Mundial e FMI. Estas
duas últimas deram certo. Já no lugar da OIC apenas o Acordo GATT vingou como um acordo
provisório. Correta, portanto, a letra “a”.
O erro das demais alternativas é que a Conferência de Bretton Woods foi um concerto para o
sistema econômico multilateral, não abordando tribunais da ONU, de Direitos Humanos ou de
julgamento de crimes de guerra.
Letra a.

002. (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO DA CÂMARA/2014) Embora a OMC tenha sido


criada apenas na Rodada Uruguai, a regulação do comércio internacional já era exercida pe-
las normas do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) desde 1947, acordo do qual o
Brasil foi membro originário.

Correto o item pois o Brasil era um dos 23 Países Contratantes, ao lado de África do Sul, Austrá-
lia, Bélgica, Birmânia (Myanmar), Canadá, Ceilão, Chile, China, Cuba, Checoslováquia, Estados
Unidos, França, Holanda, Índia, Líbano, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Reino
Unido, Rodésia do Sul e Síria.
Certo.

003. (CESPE/RIO BRANCO/2014) O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) passou
a vigorar depois da Segunda Guerra Mundial, diante do fracasso no estabelecimento da OIC,
não se constituindo, entretanto, como organismo formal até a criação da OMC.

A questão foi dada como certa, mas, a meu ver, deveria ser falsa, pois a questão dá a entender
que depois da OMC o GATT virou organismo formal.
Ora, sabemos que o GATT não é organismo formal, funcionando como uma organização de fato
até 1994. O que acontece então? A OMC é criada nesta data, assumindo o papel de organização
internacional formalmente.
E o que aconteceu com o GATT?
Mesmo depois da OMC, ele continua sendo apenas um acordo internacional sem personalidade
jurídica, mas agora incorporado pela instituição OMC. Portanto, OMC e GATT não são sinônimos:
o primeiro é uma organização internacional com personalidade jurídica (organismo formal) e o
segundo um acordo que regula comércio de bens, sem personalidade (organismo não formal),
que está contido na OMC.
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Entendeu essas razões? A questão deveria ter sido dada como incorreta, mas acredito que
ninguém levantou essa bola na época.
Certo (errado para o professor).

004. (CESPE/RIO BRANCO/2004) Em que pese a agressiva retórica protecionista expressa


por quase todos os países, as duas últimas décadas do século passado assistem à plena aber-
tura dos mercados. Era a economia deixando de ser internacional para se tornar efetivamente
mundial, o que exigiu o fim de instâncias reguladoras do comércio, como foi o caso do GATT.

Questão clássica e que você não pode errar. O GATT não foi extinto! Ele foi incorporado pela OMC.
Na verdade, irão existir 2 Acordos GATT.
Isso mesmo! Um GATT/1947 com validade jurídica distinta do GATT/1994. O primeiro é a versão
original negociada após a 2ª Guerra; o segundo, uma versão atualizada com todas as melhorias
ao longo das décadas seguintes.
Portanto, questão errada!
Errado.

Vejamos o que dispuseram as rodadas do GATT

1.2. Rodadas do GATT


As regras do GATT/1947 foram se desenvolvendo por meio de uma série 8 rodadas mul-
tilaterais de comércio que, nos primórdios, alcançavam apenas desgravações tarifárias em
mercadorias. Mais tarde, conforme falamos na aula anterior, outras rodadas encamparam
outros assuntos como as Barreiras Não Tarifárias (BNTs).
A última rodada da era GATT, que durou de 1986 a 1994, denominada Rodada Uruguai
(disparada a mais importante de todas!), culminou com a criação da Organização Mundial do
Comércio (OMC) em 1995 e só então neste ano, passou a existir uma organização mundial
do comércio, de alcance multilateral, e com personalidade jurídica, para tratar de assuntos
relativos à liberalização do comércio internacional. Confiram o quadro que resume as rodadas
e os temas negociados em cada rodada:

Rodadas multilaterais de negociação

Ano Lugar Temas abordados Partes

1947 Genebra Tarifas 23


1949 Annecy Tarifas 13
1951 Torquay Tarifas 38
1956 Genebra Tarifas 26

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Rodadas multilaterais de negociação


1960-1961 Genebra (Rodada Dillon) Tarifas 26
1964-1967 Genebra (Rodada Kennedy) Tarifas e medidas antidumping 62
Tarifas, barreiras não-tarifárias, e outros acordos:
Primeiras negociações em barreiras não tarifárias;
1973-1979 Genebra (Rodada Tóquio) 102
Criação de códigos plurilaterais; e
Criação da Cláusula de Habilitação
Tarifas, barreiras não-tarifárias, regras, serviços,
1986-1994 Genebra (Rodada Uruguai) propriedade intelectual, solução de controvérsias, 123
têxteis, agricultura, criação da OMC etc.

Pois bem. Do seguinte quadro tiramos as seguintes conclusões:

EXEMPLO
Na década de 60 (6ª Rodada do GATT) surge preocupação em melhor se regulamentar a bar-
reira do Antidumping.
Na década de 70 (7ª Rodada do GATT) há grande preocupação em se regulamentar temas
não tarifários, por conta do crescimento generalizado das Barreiras Não Tarifárias (BNTs). No
entanto, era ainda a era do GATT à la carte, pois, as Partes Contratantes poderiam escolher qual
acordo queriam aderir. Por não serem obrigatórios aos signatários do GATT, esses acordos são
chamados de Plurilaterais. Também são conhecidos como os Códigos da Rodada Tóquio.
No começo dos anos 90, a Rodada Uruguai (8ª Rodada do GATT) dá desfecho ao mais amplo pro-
cesso de negociação multilateral, tornando obrigatória a adesão à imensa maioria dos acordos da
OMC. Por serem obrigatórios aos membros da OMC, esses acordos são chamados de Multilaterais.

Como você pode perceber, com o final da 8ª (e última) rodada do GATT/1947, diversos
temas ligados ao comércio foram contemplados, destacando-se 13 acordos ligados ao
comércio de bens (barreiras não-tarifárias, agricultura, medidas sanitárias e fitossanitárias,
práticas desleais de comércio etc.), medidas de investimentos relacionadas ao comércio
(TRIMS), regras para operacionalizar o sistema de solução de controvérsias, mecanismo de
revisão de políticas comerciais. Além disso, os países desenvolvidos lograram êxito em suas
demandas de liberalização comercial de serviços, obtendo Acordo de comércio de serviços
(GATS) e o Acordo de Proteção da Propriedade Intelectual, isto é, que cuida de aspectos do
comércio relacionados com propriedade intelectual (TRIPS)
Percebam que à medida que vai ocorrendo a desgravação tarifária, vai aparecendo outros
Códigos para regulamentar o uso de Barreiras-Não Tarifárias, como Código Antidumping,
Acordo de Valoração Aduaneira, Acordo de Barreiras Técnicas. Isso porque o protecionismo
vai ganhando uma feição não tarifária depois da segunda metade do século XX.
Também foi definitivamente criada a OMC (Organização Mundial do Comércio), entidade
com personalidade jurídica de direito internacional.
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Além desses diversos acordos temáticos, essa Rodada criou o GATT/1994, texto que
incorporou o GATT/1947 com todas as alterações ocorridas entre 1947 e 1994, além das
decisões tomadas pelas partes contratantes no período e os memorandos de entendimento,
para interpretar pontos do acordo que suscitavam dúvidas de interpretação.
Assim, como vimos, a OMC é organização distinta, com personalidade jurídica própria,
segundo artigo VIII do acordo que instituiu a OMC. Isso não a impede de cooperar com outras
organizações internacionais (art. V), tampouco de manter coerência com a elaboração das po-
líticas econômicas mundiais, cooperando adequadamente com o FMI e Banco Mundial (art. III).
Como se não bastasse, a OMC surgiu décadas depois da ONU, com adesão inicial de 123
membros (e não somente países como ocorre na ONU); não há, portanto, nenhuma disposição
sobre a OMC na Carta da ONU (Carta de São Francisco). As disposições nela existentes sobre
comércio internacional são tomadas pela UNCTAD, essa é a organização intergovernamental
sobre comércio que possui vinculação com a ONU.
Portanto, OMC não está vinculada à ONU.
Vale lembrar que a OMC é uma organização composta por membros, sejam Estados ou
territórios aduaneiros com política comercial autônoma. Nessa medida, só essas entidades que
fizeram o trâmite de acessão à organização podem demandar e serem demandadas na OMC,
não havendo possibilidade de investidores privados figurarem como partes numa controvérsia.
Portanto, grave isso...

DICA
O GATT não é nem nunca foi organização internacional “de di-
reito” – não possui personalidade jurídica – mas é reconhecida
como uma organização “de fato”.
O GATT/1994 não extinguiu o GATT/1947, mas sim o incorpo-
rou! No entanto, quando invocamos o GATT/1947, estamos nos
referindo a uma versão distinta juridicamente do GATT/1994.
Portanto, existem 2 (dois) Acordos GATT: o GATT/1947 (texto
original de Bretton Woods) e o GATT/1994 (texto com todos os
melhoramentos negociados entre 1948 e 1994.
Só a OMC tem personalidade jurídica “de direito”.
A OMC não tem vinculação com a ONU.
Diferente do FMI e do Banco Mundial, a OMC não é uma institui-
ção de Bretton Woods (1944), mas sim, organização que surgiu
décadas depois.
A OMC deve guardar coerência com FMI e Banco Mundial.
Entidades privadas como pessoas físicas, investidores, empresas
não fazem parte da OMC.
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Tudo certo até aqui? Belezura? Seguimos então.


Vejamos outro ponto digno de nota.
Apesar da ampliação de temas cobertos pela OMC, muitos não foram contemplados em
acordos multilaterais.
Vamos sintetizar isso para a prova:

Temas INCLUÍDOS na OMC TEMAS NÃO INCLUÍDOS na OMC


Antidumping;
Medidas Compensatórias;
Defesa da concorrência (truste, cartel,
Salvaguardas;
monopólio);
Agricultura;
Direito ambiental;
Medidas de Investimentos relacionadas ao
Proteção extensiva ao Investimento estrangeiro;
Comércio de Bens (TRIMS);
Energia;
Propriedade Intelectual (TRIPS);
Desenvolvimento sustentável;
Serviços (GATS);
Selos verdes;
Barreiras Técnicas;
Créditos de carbono;
Barreiras Sanitárias;
Direitos sociais/trabalhistas;
Valoração Aduaneira;
Direito humanitário;
Licenciamento de Importação;
Responsabilidade corporativa;
Entendimento para Solução de Controvérsias;
Câmbio.
Tratamento Especial e Diferenciado para Países
em Desenvolvimento.

Na verdade, muitos desses temas já existem acordos bilaterais ou regionais, mas nenhum
deles está na normativa multilateral da OMC.
Vamos a uma questão sobre o assunto...

005. (ESAF/AFRF/2002-1) No que se refere ao comércio internacional, a década de noventa


foi caracterizada pelo(a)
a) recrudescimento do protecionismo em virtude do contexto recessivo herdado da década anterior.
b) preponderância das exportações de serviços aos países desenvolvidos.
c) tendência à liberalização impulsionada por medidas unilaterais, por acordos bilaterais e re-
gionais bem como por compromissos assumidos multilateralmente.
d) fracasso das negociações multilaterais no marco do GATT.
e) proliferação de acordos de integração econômica entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

a) Errada. A década de 90 foi marcada por diversos movimentos de liberalização, seja por meio
de negociações multilaterais (OMC) ou regionais (MERCOSUL, NAFTA), e não de aumento (re-
crudescimento) do protecionismo.
b) Errada. Os países desenvolvidos é que exportam mais serviços, e por essa razão demanda-
vam um acordo de liberalização de serviços na OMC: o GATS.
c) Certa. Houve impulso liberal em todas as frentes.
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d) Errada. A década de 90 foi marcada pela Rodada Uruguai do GATT, que foi um sucesso.
e) Errada. A maioria dos acordos de integração ocorre entre países com semelhante nível de
desenvolvimento nos anos 90. Pense no NAFTA entre EUA e Canadá (posteriormente México),
ou Mercosul entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Letra c.

Passamos agora para as noções do GATT mais cobradas em prova e, posteriormente,


para os acordos da OMC solicitados em nosso edital...

1.3. Princípios Básicos do GATT


Como dissemos, o GATT/1994 incorporou o GATT/1947 com todos os seus melhora-
mentos, tais como:
• Os artigos do GATT/1947, anexo à Ata Final adotada ao fim do segundo período de sessões
da Comissão Preparatória da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Emprego,
retificadas, emendadas ou modificadas pelos termos dos instrumentos jurídicos que te-
nham entrado em vigor com anterioridade à data da entrada em vigor do Acordo da OMC;
• Protocolos e certificações relativas às concessões tarifárias;
• Protocolos de adesão;
• Decisões sobre isenções outorgadas com base no artigo XXV do GATT/ 1947 ainda
vigentes (waiver);
• Demais decisões das PARTES CONTRATANTES do GATT/1947;
• Entendimentos de interpretação (ex.: interpretação do § 1 (b) do art. II do GATT/1994;
interpretação do artigo XVII do GATT/1994; sobre disposições do GATT/1994 em matéria
de balanço de pagamentos; interpretação do artigo XXIV do GATT/1994 etc.).
• Protocolo de Marraquexe anexo ao GATT/1994.

Portanto, todas essas normas fazem parte do GATT/1994, acordo distinto juridica-
mente do GATT/1947.
Seguindo adiante temos a cláusula da nação mais favorecida, um dos pilares da não dis-
criminação trazidos pelo GATT/1947. Esse tema despenca em prova. Portanto, fique atento(a)!

1.3.1. Cláusula da Nação mais Favorecida

Podemos dizer que o tratamento não discriminatório nos acordos comerciais data do
século XII, e o primeiro registro da frase “NMF” apareceu no final do século XVII. A aparição
do conceito de não discriminação adveio do desejo de ligar tratados comerciais ao longo do
tempo e entre Estados.
Até a formação do GATT, cláusulas bilaterais e plurilaterais da NMF lidavam com formas
condicionais de seu exercício, ou seja, concessões só eram estendidas aos demais caso hou-
vesse a contrapartida adequada. No entanto, a onda do liberalismo que contagiou a Europa na
segunda metade do século XIX acabou por difundir o uso da NMF sob uma base incondicional,
surgindo assim a figura dos “caronas” nestas preferências (free rider).
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Nessa época, após o final da segunda Guerra Mundial, os EUA experimentaram um con-
siderável aumento na demanda por suas exportações pela Europa e assim modificaram sua
política da “NMF condicional” praticada nos anos 20 para uma política de “NMF incondicional”.
Dessa forma, buscavam persuadir outros países a fazerem o mesmo em relação aos EUA,
reduzindo a discriminação contra suas exportações. Portanto, a versão moderna da NMF,
consagrada nas regras da OMC, é descendente direta das cláusulas NMF incondicionais pre-
vistas em tratados bilaterais firmados entre os EUA e seus parceiros comerciais.
Sua definição encampada nos acordos da OMC consiste na ideia de que os membros
dessa organização não podem, em regra, discriminar comercialmente seus pares. Vejamos
a parte relevante do Artigo I:1 do GATT:
Qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma Parte Contratante [membro
da OMC] em relação a um produto originário de ou destinado a qualquer outro país, será imediata
e incondicionalmente estendido ao produto similar, originário do território de cada uma das outras
Partes Contratantes [membros da OMC] ou ao mesmo destinado. [...]

Em outras palavras, se um membro da OMC garante a algum país (seja ou não membro
da OMC) uma vantagem comercial (ex.: redução tarifária sobre determinado produto), esse
membro deve estender essa benesse imediatamente e incondicionalmente para todos
os membros da OMC.
Por exemplo, no período do GATT/1947, a Espanha (membro da OMC) concedia melhor
tratamento tarifário (vantagem) para a importação de café da Colômbia (membro também a
OMC), não a estendendo imediatamente e incondicionalmente para o café (produto similar)
do Brasil (membro da também da OMC).
A vantagem foi questionada pelo Brasil contra a Espanha como violação ao artigo I:1 do
GATT e o Brasil ganhou a disputa.

Portanto, tenham a NMF fresca na cabeça de vocês, ok?


Vejam que a vantagem concedida por um membro pode ser para qualquer país (membro
ou não do sistema). Mas é claro que só os demais membros gozarão da extensão imediata
e condicional dessa vantagem!
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Para sua caracterização, exige-se, por exemplo, que exista realmente alguma vantagem
a ser concedida em favor dos produtos originados em determinado Membro ou desti-
nado aos territórios de outros Membros. Se houver, ela então deve ser imediatamente e
incondicionalmente estendida.
Assim, quando um membro da OMC dá um privilégio para qualquer país (seja ou não
membro da OMC), os demais membros devem receber prontamente essa mesma benesse
para seus produtos similares, sem a exigência de qualquer contrapartida! Em outras palavras,
não há necessidade de reciprocidade no funcionamento da NMF.
Para haver essa extensão, também é fundamental que o membro reclamante possua um
bem similar ao do país que gozou da preferência. Temos assim a caracterização da similaridade
(likeness) dos produtos em discussão. Ainda sobre a análise de similaridade, apesar de ela
ser feita caso a caso, é importante destacar que o Órgão de Solução de Controvérsias da OMC
já tem sinalizado na sua jurisprudência alguns critérios para essa caracterização, tais como:
• propriedades, natureza e qualidade do produto;
• verificação de uso do produto a determinado mercado;
• consideração em relação aos hábitos e gostos dos consumidores, com mudança de país
para país (lembre-se das novas teorias de comércio);
• classificação fiscal do produto (ex.: mesma posição até 4 dígitos do Sistema Harmonizado).

Vamos a um exemplo:

EXEMPLO
Para ilustrar a hipótese, costumamos dizer que os membros da OMC são como sócios de um
“clube”. Dessa forma, devem garantir aos outros sócios desse “clube” o melhor tratamento pos-
sível concedido a outro parceiro comercial, seja ou não sócio do “clube”.
Imaginem, por exemplo, que o Brasil tenha concedido por meio de um acordo bilateral com a Síria
(ainda não membro da OMC) uma redução tarifária de 20% para 5% no imposto de importação para
o gás oriundo desse país. Nessa hipótese, caso a Bolívia deseje exportar o gás (produto similar)
que produz em seu território para o Brasil, a Bolívia – enquanto membro da OMC – poderá também
aproveitar imediatamente, e sem observância de qualquer condição ou contraprestação (incondicio-
nalmente), essa redução de imposto de importação (vantagem). Na verdade, a Bolívia – e demais
membros da OMC – pegarão “carona” nessa vantagem (free rider), pois farão jus a essa benesse
sem que fizessem concessão alguma para gozar do benefício tarifário.

Haverá então a “multilateralização” da preferência concedida.


Aliás, a ideia de multilateralizar preferências por meio da NMF visava de certa forma acabar
com a discriminação promovida pelos acordos regionais. Ao se igualar as vantagens comer-
ciais, a vantagem deixa de ser uma vantagem, não é mesmo? Há, portanto, nivelamento das
“regras do jogo”, permitindo-se que a Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo
seja efetivamente aplicada.
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Apesar da grande diminuição das barreiras tarifárias realizada, a NMF permanece sendo
a pedra angular do GATT/1994 e um dos pilares da OMC.
Seguindo adiante, temos que a racionalidade por detrás da cláusula da NMF busca, em síntese:
• Maximizar eficiência;
• Minimizar custos de transação (regras relacionadas para emissão de certificados de ori-
gem, exigências para embarque direto e outros procedimentos administrativos relevantes
podem impor significantes custos para empresas e governo, mas, segundo a NMF, os
países aplicarão as mesmas regras para as importações de todos os países);
• Promover mais liberalização recíproca entre as partes (beneficia particularmente os
pequenos países em desenvolvimento);
• Minimizar custos de negociações comerciais (negocia-se um acordo multilateral ao invés
de inúmeros acordos bilaterais).

Vamos exercitar esse conteúdo:

006. (INÉDITA/2022) Os EUA, principal importador de petróleo, adquire o produto de vários


países, entre eles o Brasil, Irã e Síria. No entanto, para defender sua indústria petrolífera,
os EUA decidem majorar tarifa do petróleo vindo do Brasil, mantendo a tarifa antiga para o
produto similar oriundo do Irã e Síria. Considerando que Irã e Síria não fazem parte da OMC,
assinale a alternativa correta:
a) O Brasil não poderia reclamar a invalidade desse aumento.
b) O Brasil poderia reclamar a invalidade desse aumento, com base no Princípio do Tra-
tamento Nacional.
c) Por haver discriminação entre origens, o Brasil pode alegar desrespeito a tarifa consolidada
por parte dos EUA.
d) Sendo Irã e Síria países que diante do caso concreto gozam de um privilégio frente as expor-
tações de petróleo do Brasil, essa preferência deveria ser imediatamente estendida ao Brasil.
e) Não é possível o uso da NMF, pois Irã e Síria não são membros da OMC e, portanto, não pos-
suem essa cláusula em seu ordenamento.

a) Errada. O Brasil pode, sim, reclamar a invalidade, pois ele é o “menos favorecido” quanto à
medida comercial e faz jus à extensão desse privilégio para exportações de seu petróleo.
b) Errada. Tratamento Nacional cuida da não discriminação entre produto importado frente ao
similar nacional. Aqui, o caso é de NMF, discriminação entre fornecedores estrangeiros de um
produto similar.
c) Errada. O caso não se trata de violação à tarifa consolidada. Lembrem que esta violação está
no âmbito do Artigo II do GATT, enquanto a NMF é o Artigo I do GATT.
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d) Certa. A NMF reza que se um membro da OMC (ex.: EUA) deu preferência para qualquer
outro país (ex.: Síria e Irã), os demais sócios da OMC (ex.: Brasil) também gozarão do mesmo
tratamento para seu produto similar, de forma imediata.
e) Errada. Quem vai invocar a NMF será um membro da OMC (portanto, que possui a NMF em seu
ordenamento jurídico) em face do outro membro da OMC que violou a regra da qual também aderiu.
Letra d.

007. (ESAF/AFRF/2005) A adoção da cláusula da nação mais favorecida pelo modelo do Acordo
Geral de Tarifas e Comércios (GATT) teve como indicativo e desdobramento a pressuposição
da igualdade econômica de todos os participantes do GATT, bem como, no plano fático:
a) a luta contra práticas protecionistas, a exemplo da abolição de acordos bilaterais de preferência.
b) a manutenção de barreiras alfandegárias decorrentes de acordos pactuados entre blocos
econômicos, a exemplo do trânsito comercial entre membros do MERCOSUL e da União Europeia,
criando-se vias comerciais preferenciais frequentadas e protagonizadas por atores globais que
transcendem o conceito de estado-nação.
c) a liberação da prática de imposição de restrições quantitativas às importações, por parte dos
estados signatários que, no entanto, podem manter políticas de restrições qualitativas.
d) a liberalização do comércio internacional, mediante a vedação de quaisquer restrições dire-
tas e indiretas, fulminando-se a tributação na exportação, proibida pelas regras do GATT, que
especificamente vedam a incidência de quaisquer exações nos bens e serviços exportados, de
acordo com tabela anualmente revista, e que complementa as regras do Acordo.
e) o descontrole do comércio internacional, mediante a aceitação de barreiras tarifárias, per-
mitindo-se a tributação interna, medida extrafiscal que redunda na exportação de tributos,
instrumento de incentivo às indústrias internas e de manutenção de níveis ótimos de emprego,
evidenciando-se as preocupações da Organização Mundial do Comércio em relação a mercados
produtores e consumidores internos.

a) Certa. A NMF, de fato, buscava acabar com as preferências tarifárias levadas a efeito pelos
acordos bilaterais.
b) Errada. A NMF não tem condão de manter qualquer barreira comercial. Pelo contrário, aquele
que der vantagem comercial terá que estender a todos.
c) Errada. Restrições quantitativas são barreiras ao comércio, não ajudando na sua liberalização,
mas sim, na sua proteção.
d) Errada. O GATT não proíbe tributação exportação. Percebam que a NMF se aplica à exportação
também. Ela tão somente proíbe que haja discriminação dos parceiros comerciais na aplicação
deste tributo na exportação.
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e) Errada. O enunciado é bastante confuso. Em primeiro lugar, a NMF não busca controlar o co-
mércio internacional. Ela também não cuida da tributação interna, pois essa questão é tratada
na regra de tratamento nacional. A tributação interna também não implica necessariamente
em medida extrafiscal.
Letra a.

008. (INÉDITA/2022) A Cláusula da Nação Mais Favorecida estabelece:


a) a Nação Mais Favorecida nas tarifas de seu produto de exportação deve manter o seu mer-
cado aberto para os demais produtos
b) os privilégios concedidos ao produto exportado de qualquer país a determinado um membro de-
vem ser estendidos por este membro aos demais parceiros da OMC que exportarem produto similar
c) a Nação Mais favorecida é a que obtém os privilégios de uma rodada de redução tarifária
sem abrir o seu mercado para as demais
d) a ideia de que uma Nação deve se abster de obter vantagens injustificáveis ou praticar um
comércio injusto com os demais países
e) o direito de alguns países obterem vantagens no comércio com outros países

Perfeita e definição da letra “b”. A NMF prega que um “membro” deve estender privilégios con-
cedidos a um terceiro “país” para todos os demais “membros” da OMC. O privilégio dado a um
só passará a ser de todos os membros...
Letra b.

009. (INÉDITA/2022) Após a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu-se o Acordo Geral sobre
Tarifas e Comércio (GATT), para reorganizar as relações econômicas internacionais e libe-
ralizar o comércio internacional. O seu pilar em vigor até hoje é a “Cláusula da Nação Mais
Favorecida” (NMF), que em essência tem por objetivo:
a) A nação mais favorecida dentro do GATT assegura que um país possa ser mais favorecido
que os demais dentro do sistema GATT/OMC.
b) É a NMF que assegura o direito de criar acordos preferenciais de comércio.
c) A NMF pressupõe que a aplicação de medidas não tarifárias devem ser feitas em caráter preferencial.
d) ao prescrever que qualquer favor dado por um membro deve ser estendido aos demais
concorrentes, as preferências passam a ser multilateralizadas, de modo que aproveita a todos
os membros da OMC.
e) O país reconhecido como “nação mais favorecida” tem o dever de consolidar sua tarifa.
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Segundo a parte relevante do Artigo I:1 do GATT (NMF), o membro que der vantagem para um
país, deve estender a vantagem para qualquer outro membro fabricante do produto similar. Ao
fazer isso, ele acaba estendendo toda e qualquer preferência, sendo correto falar em multila-
teralização das preferências, tratando os membros de forma indistinta, isonômica. Correto,
portanto, o item “d”.
Letra d.

010. (ESAF/AFRF/2002-1) Todas as vantagens, favores, privilégios ou imunidades concedidos


por uma parte contratante a um produto originário ou com destino a qualquer outro país serão,
imediatamente e incondicionalmente, estendidos a qualquer produto similar originário ou com
destinação ao território de quaisquer outras partes contratantes. (GATT-1994, artigo 1, parágrafo 1).
O excerto acima destacado (caput do parágrafo 1 do artigo 1) define uma cláusula conhecida,
internacionalmente, como:
a) cláusula de tratamento preferencial.
b) cláusula da nação mais favorecida.
c) cláusula de favorecimento comercial.
d) cláusula de país aderente a Acordo Comercial.
e) cláusula de definição comercial.

Questão tranquila. É a redação da NMF, portanto, letra “b” é o gabarito.


Letra b.

1.3.2. Cláusula do Tratamento Nacional

Sob a égide do princípio da não discriminação, também existe a cláusula do Tratamento


Nacional, que consiste na proibição de um membro da OMC favorecer produto doméstico
em detrimento do importado originário dos membros da OMC uma vez que ele tenha entrado
no seu mercado doméstico.
O Artigo III:2, primeira sentença, cuida agora do pilar da nação discriminação sob a regra
do Tratamento Nacional – podendo assumir diversos sinônimos como cláusula da paridade,
isonomia, equivalência, nivelamento. Ela proíbe a discriminação de tributos internos entre
bens importados e similares nacionais:
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2. Os produtos do território de qualquer Membro, importados por outro Membro, não estão sujeitos,
direta ou indiretamente, a impostos ou outros tributos internos de qualquer espécie superiores aos
que incidem, direta ou indiretamente, sobre produtos nacionais. [grifou-se]

Vejamos o seguinte exemplo:

Já no Art. III:4, em sua parte final, temos a ideia de não discriminação para outros regulamentos:

Os produtos de um território de qualquer membro importados ao território de qualquer outro membro


deve ter acordado tratamento não menos favorável do que o acordado para os produtos similares
de origem nacional em relação a todas as leis, regulamentos, transporte, e requerimentos que
afetem sua venda interna, oferta para venda, pedido, distribuição ou uso. [grifou-se]

Veja que o conceito é bem amplo, abrangendo não só aspectos fiscais, mas também
canais de distribuição que possam garantir uma vantagem para mercadoria nacional em
detrimento da importada!
Portanto, o princípio do Tratamento Nacional busca evitar uma discriminação de trata-
mento (fiscal ou de qualquer outro tipo) entre o produto nacional e o importado, ao passo que
o princípio da nação mais favorecida evita a discriminação entre as vantagens concedidas a
qualquer país, estendendo-as automaticamente aos demais membros da OMC.
Portanto, não se esqueça

DICA
NAÇÃO MAIS FAVORECIDA: Evita discriminação de vantagens con-
cedidas ao produto importado/exportado de um país em relação
ao produto similar de outros membros vendedores/compradores.
TRATAMENTO NACIONAL: Evita discriminação entre produto
similar nacional de um país e o importado por esse país.

Vamos exercitar esse conteúdo...

011. (INÉDITA/2022) A Cláusula de Tratamento Nacional (art. III, do GATT) estabelece:

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a) Uma nação menos favorecida terá extensão de privilégios concedidos a mais favorecida.
b) um membro estende ao produto importado de outro membro os privilégios (ex.: meios de
distribuição, condições de venda) concedidos ao produto similar nacional.
c) os privilégios só alcançam benefícios tributários
d) o produto nacional deve ter o mesmo preço que o importado.
e) países que não fazem parte da OMC, não podem discriminar entre produto importado e nacional.

a) Errada. O item cuida da NMF.


b) Certa. A alternativa está perfeita, pois o Tratamento Nacional cuida tanto de não discrimi-
nação de tributos (art. III:2, GATT) como de regulamentos que afetam vendas, distribuição etc.
(art. III:4, GATT). Por essa razão, errado também o item “c”.
d) Errada. Não há regra alguma que exija equiparação de preço. Isso é o mercado que
impõe livremente.
e) Errada. Países que não são membros da OMC, em princípio, não aderiram ao GATT, não
possuindo a regra de Tratamento nacional em seu ordenamento. Portanto, podem discriminar
entre produto importado e similar nacional.
Letra b.

012. (CESPE/AFRE-ES/2008) Os acordos da OMC, que englobam o GATT 1947 e os resultados


da Rodada Uruguai, fixam as regras que devem ser observadas no comércio internacional, em
que tais normas são pautadas pelos próprios objetivos da OMC, que repetem os princípios
do referido GATT. Acerca desses princípios, julgue o item seguinte:
O princípio da reciprocidade consagra a necessidade de tratamento igual entre produtos impor-
tados e produtos nacionais similares, no que tange a tributos ou a outros encargos.

O CESPE deu como correto o item, mas ele é anulável. A regra em questão não é da reciproci-
dade, mas sim do Tratamento Nacional. Reciprocidade é princípio de negociação, previsto no
Art. XXVIII do GATT.
Portanto, o item deveria ter sido considerado errado.
Certo (errado para o professor).

013. (ESAF/AFRF/2005) O estado X, principal importador mundial de brocas helicoidais, adquire


o produto de vários países, entre eles os estados Y e Z. Alegando questões de ordem interna, o
estado X, num dado momento, decide majorar o imposto de importação das brocas helicoidais
provenientes de Y, e mantém inalterado o tributo para as brocas helicoidais oriundas de Z. Consi-
derando que os países X, Y e Z fazem parte da Organização Mundial do Comércio, com base em
que princípio da Organização o estado Y poderia reclamar a invalidade dessa prática?
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a) Princípio da transparência.
b) Princípio do tratamento nacional.
c) Respeito ao compromisso tarifário.
d) Cláusula da nação mais favorecida.
e) Princípio da vedação do desvio de comércio.

Questão tranquila, pois majorar Imposto de Importação de um membro que exporta produto
similar (brocas helicoidais, no caso) a outro país, dá ensejo à aplicação da NMF.
Letra d.

014. (FUNDAÇÃO UNIVERSA/APEX/2009) O GATT foi um acordo celebrado em 1947, entre


23 países, que adotaram apenas um segmento da Carta de Havana relativo às negociações
de tarifas e regras sobre o comércio. Assinale a alternativa incorreta sobre o tema.
a) Pela Cláusula da Nação Mais Favorecida, o país A só está obrigado a conceder um favor,
vantagem ou privilégio ao país B se este último der ao país A o mesmo tratamento.
b) Tratava-se de um conjunto de regras de regulação daquele comércio, aceitas e assinadas
pelos países contratantes.
c) Desde 01/01/95, o GATT foi substituído pela OMC, criada em 1993 quando do encerramento
da Rodada Uruguai.
d) Os países participantes do GATT promoviam negociações multilaterais, onde eram definidas
as reduções tarifárias.
e) A Rodada Tóquio, cujo término ocorreu em 1979, negociou, além de tarifas, uma série de
acordos para reduzir a incidência das barreiras não-tarifárias.

A letra “a” foi dada como gabarito, pois, de fato, está incorreta. A NMF deve ser aplicada “in-
condicionalmente”, ou seja, sem depender de reciprocidade de tratamento, podendo todos os
demais membros da OMC exportadores de produto similar pegarem “carona” no privilégio.
No entanto, veja que a letra “c” também deveria ter sido dada como incorreta, pois o GATT não foi
substituído. Ele continua em pleno vigor, dentro da OMC. Portanto, também está errado este item.
Assim, a questão deveria ter sido anulada, pois há duas alternativas incorretas. As demais al-
ternativas não apresentam equívocos.
Letra a (anulável para o professor).

015. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/2013) Entre os princípios básicos da Organização Mundial


do Comércio, estão a imposição de barreiras não comerciais e a discriminação comercial em
função do nível de desenvolvimento dos países.
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Estes não são princípios pregados pelo GATT/OMC. Na verdade, a Nação Mais Favorecida e o
Tratamento Nacional buscam justamente acabar com discriminação na concessão de trata-
mentos comerciais entre produtos similares.
Errado.

016. (CESPE/AFRE-ES/2008) Pelo princípio da transparência, qualquer vantagem, favor,


imunidade ou privilégio concedido por uma parte contratante em relação a um produto ori-
ginário de ou destinado a qualquer outro país será imediata e incondicionalmente estendido
ao produtor similar, originário do território de cada uma das outras partes contratantes ou ao
mesmo destinado.

O item é falso, pois a ideia de transparência vem com o Anexo 3 e o Mecanismo de Revisão de
Políticas Comerciais, quando analisamos OMC. O princípio descrito no enunciado chama-se
Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF).
Errado.

Outro detalhe importante do GATT/1994 se refere a eventual conflito entre as normas do


GATT/1994 e demais acordos multilaterais de bens (anexo 1A).
A Nota Interpretativa do GATT/1994 estabelece uma relação de hierarquia dos acordos
multilaterais específicos de bens sobre o GATT/1994, dispondo que “em caso de conflito entre
um dispositivo do GATT 1994 e um dispositivo de um outro Acordo do Anexo 1A, este [acordo
específico] prevalece em relação àquele [acordo GATT/1994] no conflito”.
Assim, um dispositivo do Acordo de Valoração Aduaneira, pelo critério da especialidade,
prevalece sobre o Artigo VI do GATT que também cuida de valoração aduaneira. O mesmo
ocorre com o Acordo Antidumping e a prevalência sobre o Artigo VI do GATT que cuida de
antidumping, e assim por diante...
Passamos então aos demais acordos da OMC solicitados no edital e previstos no Anexo
de Bens (anexo 1A).

2. Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)


O Acordo TBT (Agreement on Technical Barriers to Trade) fortalece e esclarece as dispo-
sições do Acordo Plurilateral firmado em 1979 na Rodada Tóquio, sobre Barreiras Técnicas
para Regulamentos e normas que regem o comércio. Portanto, a versão da Rodada Uruguai
entra em vigor em 1º de janeiro de 1995 como um dos acordos sob o Anexo 1A do Acordo de
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Marraquexe, que cria a OMC, sendo, agora, acordo multilateral. Como tal, o acordo TBT passa
a ser obrigatório para todos os membros da OMC e compartilha muitos de seus fundamentos
princípios com outros acordos da OMC, tais como o princípio da não discriminação, promo-
vendo previsibilidade de acesso a mercados e assistência técnica e tratamento especial e
diferenciado para países em desenvolvimento na implementação do Acordo.
No entanto, o Acordo TBT também inclui recursos específicos para a preparação e aplicação
de regulamentos, medidas que afetam o comércio de bens, encorajando fortemente o uso de
regulamentos e enfatizando a necessidade de evitar barreiras desnecessárias ao comércio.
Além disso, contém disposições detalhadas para esclarecer toda a processo de preparação,
adoção e aplicação Medidas TBT (o ciclo de vida regulatório). Essas disposições – com a
orientação desenvolvida pelos membros de forma passo a passo ao longo dos anos – per-
mitiram que o Acordo TBT tornar-se um instrumento multilateral único para abordar medidas
regulamentares relacionadas com o comércio.
Vamos entender um pouco como ele funciona na prática...
O Acordo TBT faz parte de uma categoria de acordos da OMC que tratam de Barreiras Não
Tarifárias (BNTs). As BNTs incluem regulamentos técnicos, normas e procedimentos de ava-
liação de conformidade, impondo uma série de desafios para OMC. Por um lado, os governos
dos países membros contam com as BNTs para alcançar seus objetivos de política pública,
incluindo a proteção de saúde humana e o meio ambiente. O fato de o comércio ser afetado
é consequência normal dessa regulamentação. Por outro lado, as BNTs podem ser usadas
para proteger produtores de concorrentes estrangeiros, ou eles pode ser desnecessariamente
restritivo ao comércio. Além disso, as BNTs costumam ser tecnicamente complexas, pouco
transparentes e são barreiras mais difíceis de se quantificar do que as tarifas.
Dessa forma, o Acordo TBT foi elaborado para lidar com esses desafios. Suas disciplinas
ajudam os membros da OMC a distinguir entre motivações “legítimas” e protecionistas. Assim,
o Acordo é uma ferramenta importante para melhorar a coerência entre livre comércio e as
políticas internas. Em suma, as disciplinas do Acordo TBT destinam-se a ajudar os governos
alcançarem um equilíbrio entre defender, objetivos e política regulatória legítima. Para isso,
devem respeitar as disciplinas do Acordo que, dentre outras, determina que se deve evitar a
criação de obstáculos desnecessários ao comércio internacional.

TBT, Art. 2.2. Os Membros assegurarão que os regulamentos técnicos não sejam preparados,
adotados ou aplicados com o objetivo ou efeito de criar obstáculos desnecessários ao comércio
internacional. Para esse fim, os regulamentos técnicos não devem ser mais restritivos ao comércio
do que o necessário para cumprir um objetivo legítimo, levando em consideração os riscos que o
não cumprimento poderia criar.
Esses objetivos legítimos são, dentre outros: requisitos de segurança nacional; a prevenção de
práticas enganosas; proteção da saúde ou segurança humana, da vida ou saúde animal ou vege-
tal ou do meio ambiente. Ao avaliar esses riscos, os elementos relevantes a serem considerados
são, dentre outros: informações científicas e técnicas disponíveis, tecnologia de processamento
relacionada ou usos finais pretendidos dos produtos.

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Todavia, os países possuem o direito de estabelecer os níveis que julguem apropriados à


proteção, e.g. saúde e vida das pessoas e animais, vegetais, bem como meio ambiente. Por
conseguinte, o TBT permite que os países usem normas internacionais quando apropriadas,
mas não exige que modifiquem seu nível de proteção como consequência da normatização.
É de se ressaltar a relação do acordo de TBT com o acordo de Medidas Sanitárias e Fitos-
sanitárias da OMC (Acordo SPS2). Assim, o Artigo 1.5 do Acordo TBT exclui as medidas SPS
de seu escopo, de forma que uma medida TBT não pode ser uma medida SPS e vice-versa.
TBT, Art. 1.5 As disposições deste Acordo não se aplicam às medidas sanitárias e fitossanitárias
definidas no Anexo A do Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias.

Dessa forma, deve se fazer um passo a passo para saber em que acordo da OMC uma
medida pode ser contestada. Primeiramente, deve se verificar o seguinte:
A medida é aplicada para proteger:
• vida humana ou animal de riscos decorrentes de aditivos, contaminantes, toxinas ou
organismos causadores de doenças em seus alimentos, bebidas, rações?
• a vida humana de doenças transmitidas por plantas ou animais (zoonoses)?
• vida animal ou vegetal de pragas, doenças ou causadores de doenças organismos?
• um país de danos causados pela
​​ entrada, estabelecimento ou propagação de pragas?

Em caso afirmativo, ela deverá ser examinada sob a ótica do Acordo SPS.
Em caso negativo, é preciso passar para os seguintes questionamentos...
A medida é?
a) um documento que estabelece o produto, características ou seus processos e méto-
dos relacionados à produção, incluindo as regras administrativas, cuja conformidade seja
obrigatória? Em caso afirmativo, a medida será examinada pelo Acordo TBT como sendo um
Regulamento Técnico3.
b) um documento aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum
e repetido, regras, diretrizes ou características para produtos, ou métodos e processos rela-
cionados à produção, cuja conformidade não seja obrigatória? Em caso afirmativo, a medida
será examinada pelo Acordo TBT como sendo um padrão técnico de conformidade (standard)4.

2
Agreement on Sanitary and Phytosanitary measures.
3
O Regulamento Técnico estabelece requisitos cujo cumprimento é obrigatório. Por exemplo, níveis permitidos de chumbo em
tintas usadas em brinquedos, proibição de uso de certos aditivos em produtos de tabaco. Pode ainda assumir uma forma
mais genérica como, por exemplo, critérios para a rotulagem de produtos agrícolas, orgânicos, ou para emissão de motores
diesel. O que eles têm em comum é que, através de alguma forma de intervenção do governo (lei, regulamentação, decreto,
ato), o acesso ao mercado é dependente do cumprimento dos requisitos previstos no regulamento técnico.
4
São desenvolvidos diversas entidades como a ISO (International Standard Organization) vinculada às Nações Unidas. Podem
ser celebrados por órgãos governamentais e não governamentais. Ao contrário dos regulamentos técnicos, eles não são
obrigatórios. Os padrões são, no entanto, muitas vezes usado como base para regulamentos técnicos e conformidade proce-
dimentos de avaliação e, nesses casos, os requisitos estabelecidos na norma tornar-se obrigatório por força da intervenção
do governo intervenção. Vale ainda destacar que há uma obrigação dos membros da OMC de usar os “padrões” quando
esses estiverem disponíveis para o produto, em virtude de os padrões conferirem o “benchmark” relativo ao obstáculo des-
necessário ao comércio

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c) qualquer procedimento usado, diretamente ou indiretamente, para atender a padrões


técnicos de conformidade ou requisitos relevantes de regulamentos técnicos. Em caso afirma-
tivo, a medida será examinada pelo Acordo TBT como sendo um procedimento de avaliação
de conformidade5.
Se a medida não se encaixar em nenhuma dessas opções, ele poderá ainda ser questio-
nada pelas regras do GATT.

DICA
Portanto, em se tratando de uma medida de governo, é pre-
ciso primeiro verificar se a medida se encaixa em algum dos
acordos especializados:
1º) Se a medida está do escopo do Acordo SPS;
2º) se não for SPS, se a medida está no escopo do acordo TBT
(regulamento técnico, padrão, ou procedimento de avaliação
de conformidade);
3º) se também não estiver neste escopo, se é um regulamento
não técnico que possa ser questionável perante o princípio da
não discriminação do GATT.

Agora, estando a medida no escopo do Acordo TBT, uma das principais obrigações para
o membro que regula é justamente garantir a não discriminação do regulamento.
Assim, as medidas, para serem questionadas pelo Acordo TBT, precisam ser aplicadas
(ou patrocinadas) pelos Estados-membros da OMC, não podendo ser simplesmente padrões
privados (private standards).
Se for padrão privado, sem influência estatal, não pode ser demandado na OMC. Há muitos
padrões privados hoje sendo adotados pelo mercado.
Só de barras de chocolate eu já reconheço alguns desses (rsrs).
Veja se você também reconhece algum...

5
Os procedimentos de avaliação de conformidade são usados para determinar se mercadorias como brinquedos, eletrô-
nicos, alimentos e bebidas atendem os requisitos estabelecidos por regulamentos ou normas técnicas. Servem para dar
aos consumidores confiança na integridade de produtos e agregar valor aos fabricantes. A conformidade inclui testes,
procedimentos de inspeção e certificação. Dado que diferentes tipos de avaliação de conformidade procedimentos afetam
o comércio de maneira diferente, uma questão fundamental da perspectiva da OMC é a escolha de qual procedimento de
avaliação de conformidade a usar em uma determinada situação. Vale ressaltar também que o país pode celebrar “acordos
de reconhecimento mútuo” com o intuito de reduzir o número de avaliações de conformidade às quais um produto expor-
tado está sujeito, na medida em que os signatários de tal acordo irão se comprometem a reconhecer e aceitar avaliações
de conformidade produzidas pelas entidades acreditadas (ex.: laboratórios) do país fornecedor.

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Obs.: Nos últimos anos, houve alguma discussão no Comitê TBT sobre o tema “padrões
privados”. Esses tipos de padrões são desenvolvidos por entidades não governa-
mentais (ONGs), por exemplo, para gerenciar cadeias de suprimentos ou responder
às preocupações dos consumidores. Eles podem incluir especificações ambientais,
sociais, de segurança alimentar ou éticas.
 Por não serem impostos por lei, os padrões privados são considerados “voluntários”,
mas podem de fato afetar o acesso ao mercado. Assim, alguns países em desenvolvi-
mento levantaram preocupações sobre os efeitos restritivos do comércio dos padrões
privados na OMC. Entre essas preocupações estão o nível mais alto de rigor associado
aos requisitos estabelecidos em padrões privados em comparação com os regula-
mentos, a rápida proliferação de padrões privados e a falta de transparência (porque
essas medidas não são notificadas no Acordo TBT). No Comitê SPS, os membros
concordaram em certas ações para compartilhar informações sobre padrões privados.

Por fim, cumpre destacar a regra da não discriminação no acordo TBT, que é sua a prin-
cipal disciplina. Veja:
TBT, Regulamentos Técnicos:
2.1. Os Membros assegurarão que, com relação aos regulamentos técnicos, os produtos importados
do território de qualquer Membro recebam tratamento não menos favorável do que o concedido a
produtos similares de origem nacional e a produtos similares originários de qualquer outro país.
Avaliação de conformidade:
Art. 5.1.1. procedimentos de avaliação de conformidade são preparados, adotados e aplicados
de modo a conceder acesso a fornecedores de produtos similares originários dos territórios de
outros Membros em condições não menos favoráveis ​​do que aquelas concedidas a fornecedo-
res de produtos similares de origem nacional ou originários de qualquer outro país, em situação
comparável; o acesso implica o direito dos fornecedores à avaliação da conformidade às regras
do procedimento, incluindo, quando previsto por este procedimento, a possibilidade de realizar
atividades de avaliação da conformidade no local das instalações e receber a marca do sistema;

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Padrões:
Anexo 3.D. Com relação aos padrões, o organismo de padronização concederá tratamento aos
produtos originários do território de qualquer outro Membro da OMC não menos favorável do que
o concedido aos produtos similares de origem nacional e aos produtos similares originários de
qualquer outro país.

Os governos regulamentam os produtos por vários motivos, seja para proteger a saúde
e a segurança humana, cuidar do meio ambiente ou para fornecer aos consumidores infor-
mações sobre vários aspectos dos produtos. Neste sentido, um governo pode exigir que os
eletrodomésticos exibam uma etiqueta com informações sobre sua eficiência energética ou
pode proibir a venda de brinquedos que contenham substâncias perigosas, afetando inevita-
velmente o comércio internacional. Nestes casos, o órgão anuente que vai exigir certificado
de avaliação de conformidade nestas importações será o INMETRO (Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia). É possível que em outros casos, como exigências de que
a importação de determinada vacina atenda os regulamentos técnicos de processo produtivo
aprovado no Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) será o ponto focal,
intervindo como órgão anuente.
O que é importante do ponto de vista comercial é evitar que os regulamentos sejam esta-
belecidos arbitrariamente e garantir que eles não sejam usados ​​para proteger os produtores
domésticos da concorrência estrangeira. Respeitar essas disciplinas fundamentais é um
meio essencial para garantir que os países possam atingir seus objetivos de política pública
enquanto se beneficiam do comércio aberto.
Vamos então a um exemplo hipotético...
Imagine que o governo brasileiro – por intermédio da ANVISA – proíba a produção e co-
mercialização cigarros aromatizados de cravo (“cigarros de Bali”) porque estes causam maior
consumo e incidência de câncer de pulmão entre os jovens. Esse regulamento inevitavelmente
impactará o comércio internacional destes dispositivos, pois o banimento da comercialização
abrange também as importações e exportações. Na perspectiva comercial, o que é importante
se destacar é que os regulamentos não podem ser impostos arbitrariamente, devendo asse-
gurar que não sejam usados para privilegiar os produtores domésticos – como, por exemplo,
os cigarros produzidos e vendidos pela Souza Cruz dentro do Brasil.
Assim, o governo do Brasil deveria assegurar que as importações não tenham tratamento
menos favorável que o concedido para o produto similar nacional, seja em termos de regula-
mentos técnicos, padrões ou procedimentos de avaliação de conformidade.
Caso semelhante ao nosso exemplo já foi analisado pela OMC em 2012, quando da
disputa trazida pela Indonésia contra a barreiras técnicas impostas pelos EUA na importa-
ção de cigarros6.

6
WT/DS406, US – Clove Cigarettes.

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EXEMPLO
A disputa dizia respeito a uma proibição dos Estados Unidos da produção ou venda de cigarros
contendo sabores diferentes de tabaco, ou mentol. O objetivo da medida era reduzir o tabagis-
mo entre os jovens. A Indonésia, embora não conteste a importância de reduzir o tabagismo,
reclamou que a medida a impedia de exportar cigarros com sabor de cravo para os EUA. Argu-
mentou, entre outras coisas, que a proibição de um sabor (cravo), mas não do outro (mentol),
era discriminatória. Com base na relação de concorrência entre os produtos, a decisão final
determinou que os cigarros de cravo importados da Indonésia e os cigarros mentolados pro-
duzidos nos Estados Unidos eram “similares”. Em última análise, a proibição de cigarros com
sabor de cravo, produzidos principalmente na Indonésia, mas não de cigarros com sabor de
mentol, produzidos principalmente nos Estados Unidos, implicou em discriminação contrária
às regras do Acordo TBT.

Vamos então exercitar o que foi visto sobre o acordo TBT.

017. (INÉDITA/2022) O Acordo de Barreiras Técnicas foi criado originalmente ainda na 7ª


Rodada do GATT (Rodada Tóquio), ocasião em que era de adesão facultativa.

O Acordo TBT surgiu originalmente em 1979, sendo um acordo plurilateral, de adesão facultati-
va. Passou a ser obrigatório somente em 1995, com a entrada em vigor da OMC, sendo desde
então um acordo multilateral do Anexo 1A, de comércio de bens.
Certo.

018. (INÉDITA/2022) O Acordo de Barreiras Técnicas se aplica também para medidas sani-
tárias, como aquelas que põem em risco a vida humana ou animal de riscos decorrentes de
aditivos, contaminantes, toxinas ou organismos causadores de doenças em seus alimentos,
bebidas, rações.

O artigo 1.5 do Acordo TBT explicitamente afasta sua aplicação nestes casos, devendo ser
aplicado o Acordo de barreiras Sanitárias e Fitossanitárias (SPS).
Errado.

019. (INÉDITA/2022) O acordo TBT tem aplicação no caso de padrões técnicos usados pe-
los países, ou seja, no caso de documentos aprovados por um organismo reconhecido, que
fornece, para uso comum e repetido, regras, diretrizes ou características para produtos ou
métodos e processos relacionados à produção, de observância obrigatória.
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Os regulamentos técnicos é que são de observância obrigatória. Os padrões, em princípio, se


não forem convertidos em regulamento técnico, não são de conformidade obrigatória.
Errado.

020. (INÉDITA/2022) Os membros da OMC devem assegurar que, com relação aos regula-
mentos técnicos, os produtos importados do território de qualquer Membro recebam trata-
mento não menos favorável do que o concedido a produtos similares de origem nacional e a
produtos similares originários de qualquer outro país.

Há o princípio da não discriminação na aplicação de regulamentos técnicos por parte dos


membros da OMC (art. 2.1, acordo TBT).
Certo.

3. Acordo de Inspeção Pré-Embarque (AIPE)


As atividades de inspeção pré-embarque são todas as atividades relacionadas à verificação
da qualidade, da quantidade, do preço, incluindo taxa de câmbio e condições financeiras, e/ou
classificação fiscal de mercadorias a serem exportadas para o território do Membro usuário7.
É, portanto, a prática de contratar empresas privadas especializadas (ou “entidades inde-
pendentes”) para verificar os detalhes do embarque de mercadorias encomendadas no exterior,
assegurando que os produtos estejam prontos para serem enviados ao mercado importador.
Usado por governos de países em desenvolvimento, o objetivo é proteger os interesses
financeiros nacionais (prevenir fuga de capitais, fraude comercial e sonegação de direitos
aduaneiros, por exemplo) e compensar inadequações nas infraestruturas administrativas.

EXEMPLO
Imagine, por exemplo, que os laboratórios brasileiros precisem importar da China um insumo que
deva estar sempre abaixo de 20º Celsius, sob pena de ineficácia do princípio ativo do medicamento.
Neste caso, um modo de assegurar a qualidade do produto é justamente a inspeção pré-embarque.

O AIPE é um dos acordos do Anexo 1A, ou seja, sobre comércio de bens, sendo de adesão
obrigatória para todos os membros da OMC por ser um acordo multilateral.

7
Acordo de Inspeção Pré-Embarque, art. 1.3.

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Este acordo reconhece que os princípios e obrigações do GATT se aplicam às atividades


das agências de inspeção pré-embarque dirigidas por governos. As obrigações impostas aos
governos que usam inspeções pré-embarque incluem:
• não discriminação8;
• transparência;
• proteção de informações comerciais confidenciais9;
• evitar atrasos injustificados;
• usar diretrizes específicas para conduzir a verificação de preços; e,
• evitar conflitos de interesse por parte dos órgãos de inspeção.

As obrigações dos membros exportadores em relação aos países que usam a inspeção
pré-embarque incluem a não discriminação na aplicação das leis e regulamentos domésti-
cos10, a publicação imediata dessas leis e regulamentos11 e a prestação de assistência técnica
quando solicitada12.
O AIPE estabelece também um procedimento de revisão independente:
Art. 4. Os Membros devem encorajar entidades de inspeção pré-embarque e exportadores a resol-
verem suas disputas mutuamente. No entanto, dois dias úteis após a apresentação da reclamação
de acordo com as disposições do parágrafo 21 do Artigo 2, qualquer uma das partes pode submeter
a disputa a revisão independente.
Os membros devem tomar as medidas razoáveis ​​que estiverem ao seu alcance para assegurar que
os seguintes procedimentos sejam estabelecidos e mantidos para esse fim:
a) esses procedimentos serão administrados por uma entidade independente constituída con-
juntamente por uma organização que representa as entidades de inspeção pré-embarque e uma
organização que representa os exportadores para os fins deste Acordo.

A entidade independente mencionada no dispositivo é a parceria entre a Federação Inter-


nacional de Agências de Inspeção (IFIA), representando as agências de inspeção, e a Câmara
de Comércio Internacional (CCI) de Paris, representando os exportadores. Seu objetivo é
resolver disputas entre um exportador e um órgão fiscalizador.
Vamos então exercitar esse conteúdo:

8
AIPE, Art. 2.1. Os Membros usuários devem assegurar que as atividades de inspeção pré-embarque sejam realizadas de maneira
não-discriminatória e que os procedimentos e critérios empregados na condução dessas atividades sejam objetivos e aplicados
de forma isonômica entre todos os exportadores afetados por tais atividades. Devem, ainda, assegurar a realização uniforme da
inspeção por todos os inspetores das entidades de inspeção pré-embarque por eles contratadas ou mandatadas.
9
AIPE, Art. 2.9. Os Usuários Membros devem garantir que as entidades de inspeção pré-embarque tratem todas as informa-
ções recebidas durante a inspeção pré-embarque como confidenciais de negócios, na medida em que tais informações
ainda não estejam publicadas, geralmente disponíveis para terceiros ou de outra forma em domínio público. Os Membros
Usuários devem assegurar que as entidades de inspeção pré-embarque mantenham procedimentos para este fim.
10
Art. 3.1. Os Membros exportadores devem assegurar que suas leis e regulamentos relativos às atividades de inspeção pré-
-embarque sejam aplicados de maneira não discriminatória.
11
Art. 3.2. Os Membros exportadores devem publicar prontamente todas as leis e regulamentos aplicáveis ​​relativos às ativi-
dades de inspeção pré-embarque de forma a permitir que outros governos e comerciantes se familiarizem com eles.
12
Art. 3.3. Os Membros exportadores se oferecerão para fornecer aos Membros usuários, se solicitado, assistência técnica
voltada para a consecução dos objetivos deste Acordo em termos mutuamente acordados.

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021. (INÉDITA/2022) A inspeção pré-embarque pode ser definida como sendo todas as ati-
vidades relacionadas à verificação da qualidade, da quantidade, do preço, incluindo taxa de
câmbio e condições financeiras, e/ou classificação fiscal de mercadorias a serem exportadas
para o território do Membro usuário

Item perfeito. É a definição do artigo 1.3 do Acordo de Inspeção Pré-Embarque da OMC.


Certo.

022. (INÉDITA/2022) Por se tratar de um acordo plurilateral, o Brasil não aderiu ao Acordo
de Inspeção Pré-Embarque da OMC.

O acordo faz parte do Anexo 1A, ou seja, é acordo multilateral, integrante do anexo de bens,
sendo de adesão obrigatória, inclusive pelo Brasil.
Errado.

Esse acordo de inspeção é bem curtinho mesmo...


Seguimos agora com o Acordo de Regras de Origem.

4. Acordo sobre Regras de Origem (ARO)


As Regras de Origem determinam onde o produto foi colhido, acondicionado, fabricado, ou
até transformado. Assim, um acordo de regra de origem estabelece as regras para se atestar
onde ele, de fato, possa ser considerado produzido (originário).
Existe uma grande variação na prática dos governos no que diz respeito às regras de origem.
Embora a exigência de transformação substancial seja universalmente reconhecida, alguns
governos aplicam o critério de mudança de classificação tarifária (salto de posição)13, outros
o critério de porcentagem ad valorem e outros ainda o critério de operação de fabricação ou
processamento. Em um mundo globalizado, tornou-se ainda mais importante que um grau de
harmonização seja alcançado nas práticas dos Membros na implementação de tal requisito.
Mas quais são as aplicações práticas das regras de origem?
As regras de origem são usadas:
• implementar medidas e instrumentos de política comercial, como direitos antidumping,
medidas compensatórias;

13
Veremos na aula de classificação fiscal que “posição” se refere à identificação de uma mercadoria de acordo com os 4 pri-
meiros dígitos da NCM.

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• determinar se os produtos importados devem receber tratamento de nação mais favore-


cida (NMF) ou tratamento preferencial;
• para efeitos de estatísticas comerciais;
• para a aplicação dos requisitos de rotulagem e marcação; e
• para determinar origem em compras governamentais (licitação internacional).

No entanto, nosso edital não pediu todas as regras de origem existentes, mas sim, a re-
gulamentação no marco do Acordo de Regra de Origem da OMC. Por essa razão, precisamos
distinguir as regras preferenciais e não preferenciais...
A regra de origem preferencial se trata das regras contidas em acordos de preferência
tarifária, por exemplo, o Mercosul, ALADI, CAN. Como se trata de uma preferência (desconto)
na tarifa aplicada somente entre os signatários do bloco econômico, cada acordo preferencial
de comércio é que estabelecerá suas próprias regras e critérios para se considerar a merca-
doria originária de um país daquele bloco.
Por sua vez, a regra de origem não preferencial (essa sim regulada por um Acordo da
OMC), é aquela que visa certificar a origem de um produto por uma questão que não envolva
aplicação de preferência tarifária, mas sim, outro motivo, como, por exemplo, aplicação de
medidas direitos antidumping e ou compensatórios.
Sobre esta última, o Acordo da OMC14 visa harmonizar em longo prazo as normas de
origem (não preferenciais), e velar para que essas normas não criem obstáculos desneces-
sários ao comércio.
Ele contém ainda um programa de harmonização de regras não-preferenciais que, ao
final, prevê que as partes contratantes guardem na implementação das normas de origem:
transparência, imparcialidade, previsibilidade, não causem restrição, distorção ou perturbação
ao comércio internacional.
Vejamos:

Art. 9.1. Com os objetivos de harmonizar as regras de origem e, dentre elas, proporcionar maior
segurança na condução do comércio mundial, a Conferência Ministerial deve realizar o programa
de trabalho abaixo definido em conjunto com o OMA, com base nos seguintes princípios:
a) as regras de origem devem ser aplicadas igualmente para todos os fins, conforme estabele-
cido no Artigo 1;
b) as regras de origem devem estabelecer que o país a ser determinado como a origem de um
determinado bem seja o país onde o bem foi totalmente obtido ou, quando mais de um país esti-
ver envolvido na produção do bem, o país onde foi realizada a última transformação substancial;
c) as regras de origem devem ser objetivas, compreensíveis e previsíveis;

14
Não há regra específica sobre origem no GATT. Por essa razão, se fez necessário a negociação de um acordo de regras de
origem multilateral, capaz de harmonizar o modo de elaboração das regras de origem.

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d) não obstante, a medida ou instrumento a que possam estar vinculadas, as regras de origem não
devem ser utilizadas como instrumentos para se buscar direta ou indiretamente objetivos comerciais.
As regras não devem criar efeitos restritivos, distorcidos ou perturbadores no comércio internacio-
nal. Também não devem impor requisitos excessivamente rígidos ou exigir o cumprimento de uma
determinada condição não relacionada à fabricação, ou processamento como pré-requisito para a
determinação do país de origem. No entanto, custos não diretamente relacionados à fabricação ou
processamento podem ser incluídos para fins de aplicação de um critério percentual ad valorem;
[...]

Trata-se de trabalho a ser feito pela Conferência Ministerial num período de 3 anos após
seu início, em parceria com a Organização Mundial de Aduanas (OMA). Para tanto, é criado
um “Comitê Técnico” vinculado à OMA, para cuidar deste trabalho de harmonização e cuidar
dos problemas técnicos relativos às regras de origem15.
Este Comitê Técnico não se confunde com o Comitê de Regras de Origem da OMC, este
sim vinculado ao Conselho de Bens da OMC, aberto a todos os seus membros, que se reúne
pelo menos uma vez por ano para revisar a implementação e operação dos acordos16.
Constata-se, portanto, que as regras de origem devem ao menos estabelecer o seguinte:
a) que o país a ser determinado como a origem de um determinado bem seja o país onde
o bem foi totalmente obtido17; ou,
b) quando mais de um país estiver envolvido na produção do bem, o país onde foi realizada
a última transformação substancial18.
As regras ainda devem ser administradas de modo coerente, uniforme e razoável, e se-
jam baseadas em critérios “positivos”. Um critério positivo, portanto, é prescrever em que
situações se confere origem a um produto, e não descrever as situações em que se nega a
atribuição de origem.

Art. 9.1. Com os objetivos de harmonizar as regras de origem e, dentre elas, proporcionar maior
segurança na condução do comércio mundial, a Conferência Ministerial deve realizar o programa
de trabalho abaixo definido em conjunto com o OMA, com base nos seguintes princípios:
[...]
f) as regras de origem devem ser coerentes;
g) as regras de origem devem ser baseadas em um padrão positivo. Padrões negativos podem ser
usados ​​para esclarecer um padrão positivo.

Assim, em exemplo hipotético, um país pode editar a seguinte regra de origem positiva,
esclarecendo-a por meio de uma negativa:

15
ARO, Art. 4.2 e Anexo I.
16
ARO, Art. 4.1.
17
Por exemplo, frutas, vegetais, alimentos em geral, além de produtos industrializados que sofreram processo industrial, mas
usando 100% de insumos nacionais.
18
Aqui são os casos em que as mercadorias foram industrializadas em tal grau, que assumiram uma nova individualidade (ex.:
borracha comprada do exterior foi transformada em sandália).

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EXEMPLO
Art. X. Serão considerados originários para fins de aplicação de antidumping, os produtos cujo
custo de matéria-prima represente ao menos 20% do valor final do bem importado;
Parágrafo único. Não serão contabilizados no custo de fabricação para determinação de origem
a despesa relativa à matéria-prima que comprovadamente não for naturalmente encontrada ou
disponibilizada no país de fabricação.

Essa necessidade de harmonização das regras de origem é aceita por todos os países.
Há, portanto, um senso comum de que facilita o fluxo do comércio internacional quando a
definição das regras de origem a serem aplicadas por todos os países sejam as mesmas, seja
qual for a finalidade para a qual são aplicadas. De fato, o uso indevido das regras de origem
pode transformá-las em uma barreira comercial por si só, em vez de apenas atuar como um
dispositivo para apoiar um instrumento de política comercial.
No entanto, a variedade de regras de origem existentes fazem da harmonização um
exercício complexo.

Obs.: Em 1981, o Secretariado do GATT preparou uma nota sobre as regras de origem e,
em novembro de 1982, os Ministros concordaram em estudar as regras de origem
utilizadas pelas Partes Contratantes do GATT. Pouco trabalho foi feito sobre regras de
origem até o início das negociações da Rodada Uruguai. No final da década de 1980,
desenvolvimentos em três áreas importantes serviram para concentrar mais atenção
nos problemas colocados pelas regras de origem:
 a) Aumento do número de acordos comerciais preferenciais;
 b) Aumento do número de disputas de origem;
 c) Aumento do uso de normas antidumping.

Vejamos a definição de Regra de Origem constante do Acordo:

Art. 1. Para os propósitos das Partes I a IV deste Acordo, as regras de origem serão definidas como
aquelas leis, regulamentos e determinações administrativas de aplicação geral aplicadas por qualquer
Membro para determinar o país de origem das mercadorias, desde que tais regras de origem não
sejam relacionados a regimes comerciais contratuais ou autônomos que conduzam à concessão
de preferências tarifárias que vão além da aplicação do parágrafo 1º do Artigo I do GATT 1994.

A regra, portanto, deixa claro que seu escopo não é regulamentar a origem dos acordos
de preferência tarifária, mas sim, qualquer outra questão que não envolva exceção à regra da
Nação Mais Favorecida, como medidas de defesa comercial, aplicação de restrições quanti-
tativas por origem, cotas tarifárias por país etc.
Vamos então treinar esse conteúdo.
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023. (INÉDITA/2022) A respeito do Acordo sobre Regras de Origem da OMC, podemos afirmar
que cuida da harmonização de regras de origem preferenciais.

O acordo da OMC cuida da harmonização das prescrições de origem que não sejam relativas
a acordos preferenciais de comércio (art. 1º do ARO).
Errado.

024. (INÉDITA/2022) O Acordo sobre Regras de Origem da OMC orienta os membros da


organização a editarem regras usando um padrão, as regras de origem devem ser baseadas
em um padrão positivo, podendo, no entanto, usar padrões negativos para esclarecer um
padrão positivo.

O acordo da OMC determina que os membros devem buscar dizer o que confere origem e
não o que não a confere. Eventualmente, podem usar uma regra negativa para esclarecer
uma regra positiva.
Certo.

Seguimos então com o Acordo de Licenciamento de Importação...

5. Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importação (ALI)


As regras sobre Licenciamento de Importações foram originalmente negociadas na Rodada
de Tóquio, sendo um dos acordos de barreiras não-tarifárias concluídos durante as negocia-
ções realizadas entre 1973 e 1979. O código da época então entra em vigor em 1º de janeiro
de 1980 com o objetivo de impedir que procedimentos de licenciamento de importações pre-
judicassem desnecessariamente o comércio internacional. Como um acordo independente
(plurilateral), obrigava apenas os países que o assinaram e ratificaram.
Durante a Rodada Uruguai, foi revisado para fortalecer as disciplinas sobre transparência
e notificações. O Acordo revisado entrou em vigor em 1º de janeiro de 1995, sendo agora
obrigatório para todos os Membros da OMC (multilateral).
Embora pouco usado no passado, hoje o Acordo de Licenciamento de Importação submete
os sistemas de importação às suas regras. Assim, o acordo dispõe que o procedimento deve
ser simples, transparente e previsível.
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Por exemplo, o ALI exige que os governos publiquem informações suficientes para que os
importadores saibam como e por que as licenças são concedidas. Também descreve como
os países devem notificar a OMC quando introduzem novos procedimentos de licenciamento
de importação ou alteram os procedimentos existentes. O ALI oferece orientação sobre como
os governos devem avaliar os pedidos de licenças.
Mas afinal, o que é uma Licença de Importação?
Vejamos o que diz o artigo 1º do ALI:
Art. 1. Para os fins deste Acordo, o licenciamento de importação é definido como procedimentos
administrativos utilizados para a operação de regimes de licenciamento de importação que exigem
a apresentação de um pedido ou outra documentação (que não seja a exigida para fins aduaneiros)
ao órgão administrativo competente como condição prévia para importação no território aduaneiro
do Membro importador. [grifou-se]

Portanto, toda exigência legal feita por algum órgão de fiscalização, que não tenha caráter
aduaneiro – isto é, que não seja feita pela própria RFB – será operacionalizado via Licença de
Importação, seja ela automática ou não automática.
A diferença entre Licença Automática e Não Automática é importante...

DICA
LICENCIAMENTO AUTOMÁTICO = se certas condições são
alcançadas. O acordo define ainda critérios para que o licen-
ciamento automático não restrinja o comércio. No Brasil, são
deferidas em até 10 dias e usadas para monitorar a importação
de insumos no Regime Aduaneiro Especial de Drawback.
LICENCIAMENTO NÃO AUTOMÁTICO = Os órgãos anuentes
devem normalmente em até 30 dias apreciarem o pedido, ou
em 60 dias se todos os pedidos forem considerados ao mesmo
tempo. Este é o caso mais comum no Brasil, que envolve a aná-
lise pelos órgãos anuentes na importação, que possuem até 60
dias do registro para se manifestarem. O indeferimento de uma
Licença de Importação (LI) equivale à proibição de importar,
impedindo-se o registro de uma Declaração de Importação (DI)

Além disso, os critérios para deferimento de licenças automáticas não devem implicar
em restrição ao comércio, podendo serem solicitados por qualquer pessoa que preencha os
requisitos para importar, sejam apresentados em qualquer dia útil anterior ao desembaraço
da mercadoria e sejam analisados em no máximo até 10 dias úteis19.
Por sua vez, a carga administrativa nas licenças não automáticas deve se limitar ao ab-
solutamente necessário para administrar as medidas a que se apliquem20. O prazo máximo
de análise é de 60 dias21.

19
ALI, Art. 2.2, a.
20
ALI, Art. 3.2.
21
ALI, Art. 3.5, f.

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ALI, Art. 3.5, a) Os Membros fornecerão, a pedido de qualquer Membro que tenha interesse no
comércio do produto em questão, todas as informações relevantes sobre:
I – a administração das restrições;
II – as licenças de importação concedidas em período recente;
III – a distribuição dessas licenças entre os países fornecedores;
IV – sempre que possível, estatísticas de importação (ou seja, valor e/ou volume) com relação aos
produtos sujeitos a licenciamento de importação. Não se espera que os Membros em desenvolvi-
mento assumam ônus administrativos ou financeiros adicionais por conta disso;

No caso de uso de Licenças Não Automáticas para administração de cotas tarifárias, os


membros devem ainda publicar o montante global das cotas a serem aplicadas, quantidades,
valor, datas22, a alocação de cotas entre fornecedores23. Não pode haver discriminação entre
os solicitantes de modo que, se uma licença for recusada, o solicitante, mediante solicitação,
deverá informar o motivo da recusa e terá o direito de recurso da decisão24. A validade de uma
licença deve ser de duração razoável e não tão curta que impeça importações, inclusive de
países distantes25. A plena utilização das cotas não deve ser desencorajada26 e as licenças
devem ser emitidas em quantidades econômicas27.
De modo geral, os Membros ainda devem aplicar os procedimentos de licenciamento de
importação de forma neutra e administrá-los de maneira justa e equitativa28. Os pedidos
não devem ser recusados ​​por pequenos erros de documentação, nem ser penalizados pesa-
damente por quaisquer omissões ou erros na documentação, ou procedimentos obviamente
feitos sem intenção fraudulenta ou negligência grave29.
O ALI também dispõe sobre regras de tolerância, de modo que as importações licencia-
das não devem ser recusadas por pequenas variações no valor, quantidade ou peso do valor
indicado na licença por razões compatíveis com as práticas comerciais normais30. Esse é o
caso, por exemplo, de mercadoria a granel licenciada, mas que sofreu extravio por condições
climáticas durante o seu percurso (“quebra carga”).
As normas e todas as informações sobre os procedimentos para a apresentação de pe-
didos, incluindo os critérios de elegibilidade dos requerentes, os órgãos administrativos a
serem abordados e as listas de produtos sujeitos a licenciamento de importação devem ser
publicados, sempre que possível, 21 dias antes da data da entrada em vigor do requisito, mas
em todos os casos, nunca depois da data de sua entrada em vigor31.

22
ALI, Art. 3.5, b.
23
ALI, Art. 3.5, c.
24
ALI, Art. 3.5, e.
25
ALI, Art. 3.5, g.
26
ALI, Art. 3.5, h.
27
ALI, Art. 3.5, i.
28
ALI, Art. 1.3.
29
ALI, Art. 1.7.
30
ALI, Art. 1.8.
31
ALI, Art. 1.4, a.

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Os pedidos de LI e de sua renovação devem também ser simples32. Os requerentes devem


ainda ter um prazo razoável para apresentar pedidos de licença e, nos casos em que exista uma
data limite para as candidaturas, este prazo deve ser de, pelo menos, 21 dias. A exigência simul-
tânea de LI na importação de uma mercadoria não deve exceder três órgãos administrativos33.
É hora então de treinar esse conteúdo:

025. (INÉDITA/2022) O Acordo de Licenciamento de Importações de OMC permite que os


membros usem a Licença de Importação Não Automática para administrarem alocação de
cotas tarifárias, devendo o pedido ser analisado em até 10 dias.

Licenças Não Automáticas devem ser analisadas em até 60 dias.


Errado.

026. (INÉDITA/2022) O licenciamento de importação é definido como procedimentos admi-


nistrativos utilizados para a operação de regimes de licenciamento de importação que exigem
a apresentação de um pedido ou outra documentação ao órgão administrativo competente
como condição prévia para importação no território aduaneiro do Membro importador, desde
que essa solicitação não seja a exigida para fins aduaneiros.

Cuida-se da definição contida no artigo 1º do ALI.


Certo.

027. (INÉDITA/2022) A administração de Licenças de Importação deve ser feita de forma justa
e equitativa, podendo o Brasil conceder prazo menor de análise para determinados países.

Um tratamento, justo e equitativo, pressupõe não discriminação na análise, não podendo a LI


servir como instrumento de política comercial.
Errado.

Finalmente, passamos para o último de nossa aula: o AFC.

32
ALI, Art. 1.5.
33
ALI, Art. 1.6

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6. Acordo sobre Facilitação do Comércio (AFC)


De muitas maneiras, o envolvimento da OMC na facilitação do comércio começou na
Conferência Ministerial de Singapura em dezembro de 1996, quando os membros da OMC
orientaram o Conselho para o Comércio de Bens “a realizar trabalho exploratório e analítico
sobre a simplificação dos procedimentos comerciais, a fim de avaliar o alcance das regras da
OMC nesta área”.
Este tópico então foi apresentado também na Rodada de Doha em 2001, na 4ª Conferência
Ministerial da OMC. Após muito tempo de trabalho exploratório, os membros da OMC acorda-
ram formalmente a lançar negociações para facilitação do Comércio em 2004, numa base de
modalidades contidas no Anexo “D”, conhecido como “Pacote de julho” (July Package). Sob
este mandato, os membros deveriam esclarecer e aperfeiçoar as disposições dos seguintes
dispositivos do GATT:
• Artigo V – Liberdade de Trânsito;
• Artigo VIII – Despesas e Formalidades de importação/exportação;
• Artigo X – Publicação e Administração de regulamentos comerciais.

Centenas de propostas foram feitas e após meses de revisões se chegou ao texto final
do Acordo de Facilitação do Comércio acordado pelos membros da OMC na Conferência
Ministerial de Bali em 2013. A revisão legal foi concluída pelos membros em julho de 2014 e
em 27 de novembro de 2014, os membros adotaram um “Protocolo de Emenda” para inserir
o novo Acordo na estrutura jurídica existente da OMC. Ele estipulou que o AFC entraria em
vigor assim que dois terços (2/3) de todos os membros da OMC concluíssem seus procedi-
mentos domésticos de ratificação, o que foi alcançado em 22 de fevereiro de 2017, quando
a OMC recebeu o 110º depósito, permitindo a entrada em vigor do AFC. O Brasil, por sua vez,
ratificou o acordo somente em 2018, quando da sua internalização por meio do Decreto n.
9.326, de abril de 2018.
Este é o primeiro acordo multilateral negociado em mais de 20 anos, após a Rodada
Uruguai. Foi, portanto, uma vitória pessoal do brasileiro Roberto Azêvedo, que era Diretor-Ge-
ral da OMC à época.
O Acordo é composto de 3 seções:
Seção I – contêm as regras substantivas de facilitação comercial, que cuidam da pronta
movimentação, liberação e desembaraço de bens, incluindo bens em trânsito. Ele esclarece e
melhora os relevantes artigos V, VIII e X do GATT/1994 e estabelece regras para cooperação
aduaneira. Essa seção é que contém as disposições substanciais do AFC que veremos em
detalhes adiante.
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Seção II – contêm regras de Tratamento Especial e Diferenciado (TED) que permitem


Países em Desenvolvimento (PED) e Países de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR)
implementarem individualmente as regras do AFC em prazo mais largo, além de identificar
provisões que somente serão aptas a implementar sob assistência técnica e suporte para
capacitação. Para se beneficiar do TED, o membro deve reconhecer e notificar os demais
membros da OMC o momento de implementação de cada provisão do acordo. Para isso, os
membros devem notificar as obrigações do AFC dentro de uma das três categorias específicas:
• Categoria A: provisões de que o membro vai implementar no momento que o AFC entrar
em vigor, ou no caso de PMDR dentro de 1 (um) ano depois da entrada em vigor.
• Categoria B: provisões de que o membro vai implementar após o período de transição
da entrada em vigor do AFC.
• Categoria C: provisões que o membro vai implementar nada data após o período de tran-
sição da entrada em vigor do AFC, além de precisar de ajuda e suporte para capacitação.

A respeito dessas categorias, cumpre salientar que


Seção III – dispõe sobre a criação de um Comitê Permanente e Específico para Facilitação
do Comércio na OMC, e requer aos membros que tenham Comitê Nacional para Facilitar Coor-
denação Doméstica e implementação das regras do Acordo. No Brasil, este Comitê Nacional é
denominado CONFAC, estando regulamentado pelo Decreto n. 10.373, de 26 de maio de 2020.
Interessante destacar que o Brasil notificou apenas 4,2% dos compromissos na categoria
B34, e o restante (95,8%) notificou na categoria A (implementação imediata). Dessa forma,
o Brasil, em que pese ser um país em desenvolvimento, não notificou nenhum compromisso
na categoria C, ou seja, Brasil dispensou qualquer assistência técnica da OMC na implemen-
tação dos compromissos.
Vamos falar um pouquinho dos compromissos substantivos do AFC tratados na Seção I...
No seu artigo 1º, temos a obrigação dos membros em dar publicidade de suas informa-
ções de comércio exterior, bem como as disponibilizar pela Internet, de forma acessível. Não
é por outra razão que no Brasil o Portal Único serve como essa grande fonte de informação.

AFC, Art. 1.1.1. Cada Membro publicará imediatamente as seguintes informações, de maneira
não discriminatória e facilmente acessível, a fim de permitir que governos, comerciantes e outros
interessados possam conhecê-las:
a) os procedimentos para a importação, exportação e trânsito (inclusive procedimentos em portos,
aeroportos e outros pontos de entrada) e os formulários e documentos exigidos;
b) as alíquotas aplicadas de direitos e tributos de qualquer gênero incidentes sobre importações
ou exportações, ou em conexão a estas;

34
Brasil indicou na categoria B apenas os compromissos de implementação do: a) processamento do despacho de forma ante-
cipada à chegada da mercadoria no país (artigo 7.1), b) a concessão de 3 benefícios para o Operador Econômico Autorizado
(artigo 7.3); e, o processamento antecipado do Regime Aduaneiro Especial de Trânsito (artigo 11.9). De qualquer forma, o
período de transição já expirou em 31 de dezembro de 2019.

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c) as taxas e os encargos cobrados por ou para órgãos governamentais incidentes sobre importa-
ções, exportações ou trânsito, ou em conexão a estes;
d) as regras para a classificação ou a valoração de bens para fins aduaneiros;
e) as leis, regulamentos e decisões administrativas de aplicação geral relativos a regras de origem;
f) as restrições ou proibições à importação, exportação ou trânsito;
g) as disposições sobre penalidades em caso de descumprimento de formalidades para importa-
ção, exportação ou trânsito;
h) os procedimentos de recurso ou de revisão;
i) os acordos ou partes de acordos com qualquer país, ou países em matéria de importação, ex-
portação ou trânsito; e
j) os procedimentos relativos à administração de quotas tarifárias.

Exemplo desse esforço de publicação das informações pode ser encontrado na página
do Portal Único de Comércio Exterior (Pucomex)35, e no seu sistema “Classif” de identificação
das obrigações incidentes sobre a importação36.
No artigo 2º, o AFC determina que os governos deem oportunidade para formular comen-
tários, informação antes da entrada em vigor e promovam Consulta Pública prévia, ou seja,
antes de pôr em vigência sua legislação de comércio exterior:

AFC, Art. 2.1.1. Cada Membro concederá, na medida do razoável e de forma consistente com seu
direito interno e seu sistema jurídico, oportunidades e um período de tempo adequado para que os
comerciantes e outras partes interessadas formulem comentários sobre propostas de introdução
ou alteração de leis e regulamentos de aplicação geral relacionados com a circulação, liberação e
despacho aduaneiro de bens, inclusive bens em trânsito.

Veja que este compromisso se alinha com a Lei do Ambiente de Negócios37, que determina
não só a consulta pública para imposição de licenças ou autorizações como requisito para
importações/exportações, mas também a Avaliação de Impacto Regulatório.
O 3º dispositivo cuida da chamada “Solução Antecipada”, que nada mais é do que a So-
lução de Consulta da Receita Federal do Brasil:

AFC, Art. 3.1. Cada Membro emitirá, de modo razoável e em prazo pré-determinado, uma solução
antecipada para o requerente que tenha apresentado um requerimento por escrito que contenha
todas as informações necessárias. Se um Membro se recusar a emitir uma solução antecipada,
ele notificará imediatamente o requerente, por escrito, expondo os fatos pertinentes e os funda-
mentos da sua decisão.

35
Para maiores informações, visite: https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/.
36
O sistema pode ser encontrado na página https://portalunico.siscomex.gov.br/classif/#/sumario?perfil=publico.
37
Lei n. 14.195/2019, Art. 10. Somente será admitida a imposição de licenças ou de autorizações como requisito para impor-
tações ou para exportações em razão de características das mercadorias quando tais restrições estiverem previstas em lei
ou em ato normativo editado por órgão ou por entidade competente da administração pública federal.
§ 1º As propostas de edição ou de alteração dos atos normativos a que se refere o caput deste artigo serão objeto de consulta
pública prévia e da análise de impacto regulatório de que trata a Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019.

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Detalhamos o conteúdo de consultas em nossa matéria de Legislação Aduaneira, pois lá


constou explicitamente para sua prova o tópico.
No artigo 4º, temos delineado procedimentos de recurso ou revisão, em que se deve garantir
o direito a recurso administrativo a uma autoridade administrativa superior (dentro da própria
Receita Federal) ou independente da autoridade ou repartição que tenha emitido a decisão,
podendo alternativamente garantir ao menos uma revisão ou recurso judicial da decisão.

AFC, Art. 4.1. Cada Membro assegurará que qualquer pessoa para quem a Aduana emita uma
decisão administrativa 4 tenha o direito, dentro de seu território, a:
a) uma revisão ou recurso administrativo a uma autoridade administrativa superior ou independente
da autoridade ou repartição que tenha emitido a decisão; e/ou
b) uma revisão ou recurso judicial da decisão. [grifou-se]

Aqui um ponto de atenção:

Obs.: Note que, pelo AFC, ainda posso manter a pena de perdimento apenas com direito
de revisão em instância única, pois a norma fala em possibilidade de revisão admi-
nistrativa, “ou” judicial, não empregando o “e” como aditivo obrigatório. No entanto,
a Convenção de Quioto Revisada (CQR), também internalizada pelo Brasil, exige grau
recursal administrativo para uma instância independente a partir de março de 2023.

No Artigo 5º temos outras medidas para aumentar a imparcialidade, a não discriminação


e a transparência, como as notificações de controles ou inspeções reforçadas, direito de
retenção38 de mercadorias e procedimentos de teste.
Na disciplina do artigo 6º, há regulamentação sobre taxas39 e encargos incidentes sobre
a importação ou exportação, ou em conexão a estas:

AFC, Art. 6.2. As taxas e encargos incidentes sobre o processamento aduaneiro:


I – serão limitadas ao custo aproximado dos serviços prestados ou relacionados com a operação
de importação, ou exportação específica; e
II – não estarão obrigatoriamente vinculados a uma operação de importação ou exportação es-
pecífica, desde que sejam cobrados por serviços estreitamente relacionados ao processamento
aduaneiro de bens.

O artigo 6º ainda prescreve normas para as infrações e penalidades aduaneiras:

AFC, Art. 6.3.2. Cada Membro assegurará que as penalidades em caso de violação de uma lei,
regulamento ou ato normativo procedimental de caráter aduaneiro sejam impostas unicamente
sobre os responsáveis pela infração em conformidade com a legislação do Membro.
Art. 6.3.3. A penalidade imposta dependerá dos fatos e circunstâncias do caso e serão compatíveis
com o grau e gravidade da infração.

38
AFC, Art. 5.2. Um Membro informará imediatamente ao transportador ou importador em caso de retenção para inspeção,
pela Aduana ou qualquer outra autoridade competente, de bens declarados para importação.
39
Veja que o artigo 6.2, I, do AFC se aproxima muito da redação do fato gerador das taxas (Art. 145, II, da CF/1988 e Art. 77 do CTN).

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Pela sua redação, a penalidade dependerá dos fatos e circunstâncias do caso e serão
compatíveis com o grau e gravidade da infração e deve ser imposta unicamente sobre os
responsáveis pela infração em conformidade com a legislação do Membro. Tal disposição
muda o paradigma da responsabilidade em matéria de penalidades aduaneiras, pois o AFC
demanda responsabilização subjetiva, enquanto o Regulamento Aduaneiro afirma que a res-
ponsabilidade independe da intenção do agente (responsabilidade objetiva).
No artigo 7º encontramos disposições sobre a Liberação e despacho aduaneiro de bens,
como o processamento antecipado (despacho sob águas)40:

AFC, Art. 7.1.1. Cada Membro adotará ou manterá procedimentos que permitam a apresentação de
documentos correspondentes à importação e outras informações necessárias, inclusive manifestos
de carga, a fim de iniciar o processamento antes da chegada dos bens, com o objetivo de agilizar
a liberação de bens quando da sua chegada.
Art. 7.1.2. Cada Membro permitirá, conforme o caso, a apresentação antecipada de documentos
em formato eletrônico para o processamento antecipado desses documentos.

Há ainda comandos específicos para pagamento eletrônico dos direitos de importa-


ção, separação entre a liberação dos bens e a determinação final dos direitos aduaneiros,
tributos e encargos, não e falando mais em desembaraço de mercadorias, mas sim, “li-
beração”. Há ainda diretrizes sobre “gestão de risco” (parametrização), uso de auditoria
pós-despacho aduaneiro, estabelecimento e publicação do tempo médio de liberação (o
chamado Time Release Study feito pela RFB), e necessidade de concessão de três bene-
fícios 41 para empresas certificadas com Operadores Econômicos Autorizados (OEA) 42,
regras para remessas expressas, isto é, aquelas operadas por empresas de courier e
correios, além de regras sobre bens perecíveis.
Destacam-se ainda o artigo 8º que versa sobre “Cooperação entre órgãos de fronteira” e
artigo 9º, sobre circulação sob controle aduaneiro de bens destinados à importação.

40
Essa obrigação ainda não está totalmente implementada pelo Brasil, em que pese ter expirado o prazo de transição da noti-
ficação na categoria B.
41
Essa obrigação ainda não está totalmente implementada pelo Brasil, em que pese ter expirado o prazo de transição da noti-
ficação na categoria B.
42
Art. 7.3. As medidas de facilitação do comércio estabelecidas nos termos do parágrafo 7.1 incluirão pelo menos três das
seguintes medidas:
a) menor exigência de documentação e informação, conforme o caso;
b) menor índice de inspeções e exames físicos, conforme o caso;
c) tempo de liberação agilizado, conforme o caso;
d) pagamento diferido de direitos, tributos e encargos;
e) utilização de garantias globais ou garantias reduzidas;
f) uma declaração aduaneira única para todas as importações ou exportações realizadas em um determinado período; e
g) despacho aduaneiro dos bens nas instalações do operador autorizado ou em outro lugar autorizado pela Aduana.

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Na disciplina do artigo 10, por sua vez, temos regras sobre as formalidades relacionadas
à importação, exportação e trânsito, tais como documentação, aceitação de cópias, encoraja-
mento de uso de normas internacionais, o estabelecimento do “Guichê Único” (Portal Único) de
Comércio Exterior43, regras sobre Inspeção pré-embarque, Despachantes Aduaneiros, rejeição
de bens admissão temporária e procedimentos comuns de fronteira.
Por fim, há ainda regras de Liberdade de Trânsito (artigo 11)44 e Cooperação Adua-
neira (artigo 12).
Bom pessoal, essa foi uma explanação sobre o AFC, suficiente para sua prova.
“Bora” então exercitar...

028. (INÉDITA/2022) O Acordo sobre a Facilitação de Comércio é um acordo plurilateral,


sendo obrigatório apenas para aqueles membros da OMC que quiserem aderir, de modo que
o Brasil ainda não fez essa opção.

O item está errado, pois o AFC é um acordo multilateral, sendo o primeiro a ser negociado e
aceito após a Rodada Uruguai. Assim, todos os membros da OMC precisam aderir. Aliás, o
acordo já está em vigor na OMC e o Brasil o internalizou em 2018.
Errado.

029. (INÉDITA/2022) Podemos dizer que o Brasil já implementou todos os compromissos


previstos no Acordo sobre a Facilitação de Comércio da OMC, tendo em vista que o período
de transição daqueles notificados em categoria B já expiraram.

De fato, o prazo de implementação da categoria B já expirou, mas alguns compromissos, como


despacho antecipado, trânsito antecipado, e concessão de 3 (três) benefícios para empresas
certificadas como OEA, seguem ainda pendentes de implementação pelo Brasil.
Errado.

43
Art. 10.4.1. Os Membros envidarão esforços para estabelecer ou manter um guichê único que permita aos comerciantes
apresentar documentos e/ou informações exigidas para a importação, a exportação ou o trânsito de bens por meio de um
único ponto de entrada para as autoridades ou órgãos participantes. Após o exame dos documentos e informações por parte
das autoridades ou órgãos participantes, os resultados serão comunicados tempestivamente aos requerentes por meio do
guichê único.
44
A obrigação, na parte que envolve fiscalização antes da chegada do bem ao país, ainda não está totalmente implementada,
apesar de ter sido notificada na categoria B e já ter expirado o prazo de transição: “Art. 11.9. Os Membros permitirão e pro-
verão a apresentação e o processamento antecipados da documentação e das informações relativas aos bens em trânsito
antes da sua chegada”.

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030. (INÉDITA/2022) Dentre as regras do Acordo sobre a Facilitação de Comércio da OMC


podemos citar a determinação de recurso administrativo, ainda que não seja necessário o
envio para uma autoridade independente da que proferiu a decisão.

Em matéria recursal, o AFC ainda não obriga recurso administrativo para instância independente.
O grau recursal administrativo independente é obrigatório apenas na redação da Convenção de
Quioto Revisada, que não constou de nosso edital de Comércio Internacional.
Certo.

031. (INÉDITA/2022) Podemos dizer que o Acordo sobre a Facilitação de Comércio da OMC
visa aprimorar determinadas regras do GATT, como as formalidades e encargos relacionados
à importação/exportação (art. VIII), liberdade de trânsito (art. V) e transparência (art. X).

O AFC busca justamente delinear com mais precisão os compromissos contidos nestes 3 dis-
positivos do GATT.
Certo.

Ufa, chegamos ao fim dessa jornada.


Não deixe de treinar as questoes adicionais e memorizar nossa revisão sugerida...
Qualquer dúvida, te encontro no fórum de dúvidas.
Forte abraço!

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RESUMO
1) Bretton Woods (1944) logrou criar FMI e BIRD (Banco Mundial), mas OIC não saiu do papel.
2) GATT/1947 é criado como acordo provisório.
3) GATT/1947 não possui personalidade jurídica (organização “de facto”)
4) Brasil é um dos 23 signatários do GATT/1947
5) GATT/1947 é incorporado à OMC em 1995.
6) Existem dois Acordos GATT: a versão de 1947 e de 1994.
7) Houve 8 Rodadas de negociações na era do GATT/1947. A partir da 6ª Rodada (anos
60), começam os acordos para regulamentar as Barreiras Não Tarifárias.
8) Na 7ª Rodada do GATT (Tóquio) que encerra em 1979, surgem acordos plurilaterais
diversos, como ALI, TBT, Valoração Aduaneira, etc.
9) A 8ª Rodada do GATT/1947 (Uruguai) é a mais ampla rodada de negociações multila-
terais, reunindo 123 membros. Tem como resultados importantes: criação da OMC, Acordo
GATT/1994, GATS, TRIPS, Acordo de Agricultura, novo procedimento de solução de contro-
vérsias, entre muitos outros.
10) OMC não é vinculada à ONU
11) OMC possui personalidade jurídica
12) Cláusula da Nação Mais Favorecida: Evita discriminação de vantagens concedidas ao
produto importado/exportado de um país em relação ao produto similar de outros membros
vendedores/compradores.
13) Cláusula de Tratamento Nacional: Evita discriminação entre produto similar nacional
de um país e o importado por esse país.
14) Acordo TBT (Agreement on Technical Barriers to Trade) surge na Rodada Tóquio como
acordo plurilateral, esse torna multilateral na Rodada Uruguai.
15) O TBT prescreve o princípio da não discriminação para na aplicação de regulamentos
técnicos, padrões e procedimentos de avaliação de conformidade.
16) Os regulamentos não devem ser adotados ou aplicados com o objetivo, ou efeito de
criar obstáculos desnecessários ao comércio internacional.
17) Os regulamentos técnicos não devem ser mais restritivos ao comércio do que o ne-
cessário para cumprir um objetivo legítimo, considerando os riscos que o não cumprimen-
to poderia criar.
18) Regulamento Técnico é um documento que estabelece o produto, características ou
seus processos e métodos relacionados à produção, incluindo as regras administrativas, cuja
conformidade seja obrigatória.
19) O padrão (standard) é um documento aprovado por um organismo reconhecido, que
fornece, para uso comum e repetido, regras, diretrizes ou características para produtos, ou
métodos e processos relacionados à produção, cuja conformidade não seja obrigatória.
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20) O procedimento de avaliação de conformidade é qualquer procedimento usado, direta


ou indiretamente, para atender a padrões técnicos de conformidade ou requisitos relevantes
de regulamentos técnicos.
21) Medidas Sanitárias e Padrões Técnicos Privados não estão no escopo do acordo TBT.
22) As atividades de inspeção pré-embarque são todas as atividades relacionadas à
verificação da qualidade, da quantidade, do preço, incluindo taxa de câmbio e condições
financeiras, e/ou classificação fiscal de mercadorias a serem exportadas para o território
do Membro usuário.
23) As obrigações impostas aos governos que usam inspeções pré-embarque incluem:
não discriminação; transparência; proteção de informações comerciais confidenciais; evitar
atrasos injustificados; usar diretrizes específicas para conduzir a verificação de preços; e,
evitar conflitos de interesse por parte dos órgãos de inspeção.
24) As regras de origem são usadas: implementar medidas e instrumentos de política
comercial, como direitos antidumping, medidas compensatórias; determinar se os produtos
importados devem receber tratamento de nação mais favorecida (NMF) ou tratamento prefe-
rencial; para efeitos de estatísticas comerciais; para a aplicação dos requisitos de rotulagem
e marcação; e, para determinar origem em compras governamentais.
25) O Acordo da OMC sobre origem cuida apenas da regra de origem não preferencial,
que é aquela que visa garantir a origem de um produto por uma questão que não envolva
a aferição para fins de aplicação de preferência tarifária, mas sim, outro motivo, como, por
exemplo, aplicação de medidas direitos antidumping e ou compensatórios.
26) O Acordo sobre regras de origem da OMC contém um programa de harmonização de
regras não-preferenciais que prevê que as partes contratantes guardem na implementação
das normas de origem: transparência, imparcialidade, previsibilidade, não causem restrição,
distorção ou perturbação ao comércio internacional.
27) O Acordo sobre regras de Origem da OMC cria um Comitê Técnico vinculado à OMA
(que vai cuidar do programa de harmonização das regras de origem) e um Comitê de Regras
de Origem vinculado à OMC.
28) As regras de origem devem ao menos estabelecer o seguinte: a) que o país a ser
determinado como a origem de um determinado bem seja o país onde o bem foi totalmente
obtido; ou, b) quando mais de um país estiver envolvido na produção do bem, o país onde foi
realizada a última transformação substancial.
29) As regras ainda devem ser administradas de modo coerente, uniforme e razoável, e
sejam baseadas em critérios “positivos”. Um critério positivo, portanto, é prescrever em que
situações se confere origem a um produto, e não descrever as situações em que se nega a
atribuição de origem.
30) Acordo Sobre Procedimentos de Licenciamento de Importação (ALI) surge na Rodada
Tóquio como acordo plurilateral, esse torna multilateral na Rodada Uruguai.
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31) As regras de licenciamento devem ser simples, transparentes e previsíveis.


32) O licenciamento de importação é definido como procedimentos administrativos utiliza-
dos para a operação de regimes de licenciamento de importação que exigem a apresentação
de um pedido ou outra documentação (que não seja a exigida para fins aduaneiros) ao órgão
administrativo competente como condição prévia para importação no território aduaneiro do
Membro importador.
33) Licenciamento Automático = se certas condições são alcançadas. O acordo define
ainda critérios para que o licenciamento automático não restrinja o comércio. No Brasil, são
deferidas em até 10 dias e usadas para monitorar a importação de insumos no Regime Adua-
neiro Especial de Drawback.
34) Licenciamento Não Automático = Os órgãos anuentes devem normalmente em até 30
dias apreciarem o pedido, ou em 60 dias se todos os pedidos forem considerados ao mesmo
tempo. Este é o caso mais comum no Brasil, que envolve a análise pelos órgãos anuentes na
importação, que possuem até 60 dias do registro para se manifestarem. O indeferimento de
uma Licença de Importação (LI) equivale à proibição de importar, impedindo-se o registro de
uma Declaração de Importação (DI).
35) O Acordo sobre a Facilitação de Comércio era um item da Agenda de Doha e foi ne-
gociado na Conferência Ministerial de Bali (2013).
36) O AFC esclarece disposições sobre Liberdade de Trânsito (art. V), Despesas e
Formalidades de importação/exportação (art. VIII) e Publicação e Administração de
regulamentos comerciais (art. X).
37) O AFC possui três categorias de compromissos A, B e C. Categoria A: provisões de
que o membro vai implementar no momento que o AFC entrar em vigor, ou no caso de PMDR
dentro de 1 (um) ano depois da entrada em vigor; Categoria B: provisões de que o membro vai
implementar após o período de transição da entrada em vigor do AFC; Categoria C: provisões
que o membro vai implementar nada data após o período de transição da entrada em vigor
do AFC, além de precisar de ajuda e suporte para capacitação.
38) O Brasil não notificou compromissos na categoria C, mas apenas alguns poucos na
categoria B, ficando mais de 95% na categoria A.
39) O Brasil internalizou o AFC em 2018, e dentre os seus dispositivos, aparece publicida-
de, solução antecipada, recurso administrativo, regulamentação de taxas, responsabilidade
por infrações etc.

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QUESTÕES DE CONCURSO

001. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, a estrutura da OMC prevê um Conselho do Grupo Comum, que se reúne
para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias estabelecido no enten-
dimento sobre solução de controvérsias.

002. (ESAF/AFRF/2002-1) Sobre o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), é correto


afirmar que:
a) foi o organismo internacional que precedeu a Organização Mundial do Comércio.
b) consagrava, como princípios fundamentais, a equidade, o gradualismo e a flexibilidade no
comércio internacional.
c) tinha o propósito de monitorar as trocas internacionais e a aplicação irrestrita do Sistema
Geral de Preferências (SGP).
d) mesmo após a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) mantém-se como com-
ponente fundamental do sistema multilateral de comércio.
e) seus dispositivos contemplam apenas a eliminação das barreiras tarifárias.

003. (ESAF/AFRFB/2009) O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as


regras que permitem aos países Membros a aplicação de medidas antidumping, desde que
verificada a existência de subsídios.

004. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio


estabelece padrões uniformes de qualidade e de segurança a serem aplicados internacio-
nalmente, de modo a facilitar a circulação de bens por meio das fronteiras e a remoção de
obstáculos não tarifários ao comércio.

005. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) O acompanhamento da implementação do Acor-


do sobre Barreiras Técnicas ao Comércio e de novas medidas adotadas pelos países que o
integram no plano da normalização técnica é de competência da Organização Internacional
de Padronização.

006. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) As primeiras negociações multilaterais acerca


do referido assunto, que resultaram na celebração do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao
Comércio, ocorreram durante a Rodada Uruguai como parte do esforço de enfrentamento ao
protecionismo não tarifário.

007. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) As partes do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao


Comércio asseguram que regulamentos e normas técnicas não são fontes de discriminação
entre produtos nacionalmente produzidos e produtos similares importados.
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008. (FUNRIOR/CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS/2008) A Organização Mundial do Comércio


(OMC) iniciou suas atividades em 1995, a partir de uma decisão tomada durante a Rodada
Uruguaia de Negociações Comerciais Multilaterais, ocorrida no período entre 1986 e 1994. A
OMC refinou o mecanismo de disputas comerciais, de monitoramento das respectivas políti-
cas e incentivou a assistência técnica aos países menos desenvolvidos.
Ao estabelecerem a OMC, os países negociaram, em 1994, o Acordo sobre Barreiras Técni-
cas ao Comércio (TBT Agreement), de cumprimento obrigatório por todos os países-mem-
bros da organização.
De acordo com o Artigo 2, item 2.2, do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, “Os membros
assegurarão que os regulamentos técnicos... não serão mais restritivos ao comércio do que o necessário
para realizar um objetivo legítimo, tendo em conta os riscos que a não realização criaria”.
Dentre as alternativas relacionadas a seguir, aquela que NÃO se refere a um objetivo legítimo,
previsto pelo Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, da OMC é a
a) segurança nacional.
b) prevenção de práticas enganosas.
c) proteção da saúde ou segurança humana.
d) proteção do meio ambiente.
e) proteção do mercado interno contra a entrada de produtos estrangeiros.

009. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Os acordos de reconhecimento mútuo reduzem o


número de avaliações de conformidade às quais um produto exportado está sujeito, pois os
signatários do acordo se comprometem a reconhecer e aceitar avaliações de conformidade
produzidas pelos organismos acreditados do país fornecedor.

010. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Normas e regulamentos técnicos somente cons-


tituem barreiras técnicas quando as exigências neles contidas vão além do aceitável.

011. (FUNRIO/CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS/2008) Levando-se em consideração a defini-


ção de Barreiras Técnicas às Exportações, assinale a alternativa que NÃO promove a criação
de barreiras técnicas, tendo em vista que essas barreiras comerciais podem ter origem em
diferentes práticas:
a) regulamentos técnicos não transparentes.
b) inspeções excessivamente rigorosas.
c) procedimentos de avaliação da conformidade demasiadamente dispendiosos.
d) normas nacionais baseadas em normas internacionalmente aceitas.
e) não observância dos objetivos legítimos.

012. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Considerando-se a redução das tarifas do comér-


cio internacional, verifica-se que, atualmente, os países têm lançado mão em especial das
barreiras técnicas para protegerem seus mercados.
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013. (CESPE/CEBRASPE/MAPA/2001) As prescrições acerca de rotulagem, valor nutricional de


alimentos e tipos de embalagens, por regra, não estão sujeitas ao acordo sobre a aplicação de me-
didas sanitárias e fitossanitárias (SPS/OMC) e sim ao acordo sobre barreiras técnicas (TBT/OMC).

014. (ESAF/ATRFB/2009) O Acordo sobre Regras de Origem compôs o pacote de acordos


fechados no marco da Rodada Uruguai e integra, consequentemente, o marco normativo da
Organização Mundial do Comércio. Sobre o mesmo, é correto afirmar que:
a) o Acordo estabelece os princípios e as condições segundo as quais as normas de origem
possam ser legitimamente empregadas como instrumentos para a consecução de objetivos
comerciais e estabelece como objetivo tornar uniformes os critérios empregados pelos países
individualmente para a determinação da nacionalidade de um bem importado.
b) o Acordo, visando a efetiva implementação dos compromissos e obrigações nele previstos,
estabeleceu um prazo de três anos para que os países membros harmonizem entre si as regras
de origem que aplicam, instaurando, para coordenar essa tarefa, o Comitê de Regras de Origem,
vinculado diretamente ao Conselho para o Comércio de Bens.
c) o Acordo abrange primordialmente as regras de origem empregadas em instrumentos pre-
ferenciais, como acordos de livre comércio e o Sistema Geral de Preferências Comerciais, não
alcançando instrumentos comerciais não referenciais como salvaguardas, direitos antidumping
e acordos de compras governamentais.
d) a supervisão da aplicação do Acordo pelos países parte é feita diretamente pelo Conselho
de Comércio de Bens da Organização Mundial do Comércio, no que é assistido por um Comitê
Técnico constituído especificamente para tal fim.
e) são objetivos essenciais do Acordo harmonizar as regras de origem e criar condições para
que sua aplicação seja feita de forma imparcial, transparente e previsível e para que as mesmas
não representem obstáculos desnecessários ao comércio.

015. (CESPE/PERITO CRIMINAL/2004) Como o licenciamento das importações realizadas


no âmbito do regime de drawback não é automático, esse licenciamento é conduzido poste-
riormente ao despacho aduaneiro de importação.

016. (CESPE/INMETRO/2007) O GATT, criado em 1947, foi, de um lado, uma forma contratual
possível ante seu ambiente de criação e, de outro, um arranjo temporário que serviria como
parâmetro para as décadas seguintes.

017. (ESAF/ACE/2012/ADAPTADA) A aprovação dos resultados da Rodada Uruguai, em


1995, envolveu novos acordos no âmbito do sistema multilateral do comércio. Um dos acordos
obrigatórios para os Membros da OMC, e que estabelece regras sobre medidas governamen-
tais relativas aos investimentos estrangeiros relacionados ao comércio de bens, que violem
o Artigo III (tratamento nacional) e/ou o Artigo XI (eliminação de restrições quantitativas) do
GATT, recebeu a denominação de Acordo de Licenciamento de Importações.
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018. (CESPE/INMETRO/2009) O GATT, embora não fosse um órgão internacional, atuou no


sentido de estabelecer regras fundamentais para as trocas comerciais e promover a progres-
siva liberalização destas, mediante sucessivas rodadas de negociações multilaterais.

019. (CESPE/INMETRO/2007) Ao ser lançada em 1986, a Rodada do Uruguai teve como


objetivos precípuos encerrar o ciclo histórico do GATT e criar a OMC.

020. (CESPE/INMETRO/2007) A passagem do GATT para a OMC, em 1995, representou


modificação institucional com baixa relação com as grandes transformações verificadas na
ordem internacional.

021. (CESPE/INMETRO/2009) A Organização Internacional do Comércio, concebida durante a


Conferência de Bretton Woods, cuja carta constitutiva não foi ratificada pelos Estados Unidos
da América (EUA), acabou não sendo criada, tomando seu lugar o GATT.

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GABARITO

1. E
2. d
3. E
4. E
5. E
6. E
7. C
8. e
9. C
10. E
11. d
12. C
13. C
14. e
15. E
16. C
17. E
18. C
19. E
20. E
21. C

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GABARITO COMENTADO

001. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, a estrutura da OMC prevê um Conselho do Grupo Comum, que se reúne
para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias estabelecido no enten-
dimento sobre solução de controvérsias.

Conforme vimos neste tópico sobre a estrutura da OMC, não existe órgão algum com nome de
Conselho do Grupo Comum. A banca tentou misturar algumas palavras relativas aos órgãos do
MERCOSUL para confundir o candidato. Na OMC, basicamente, temos, por ordem de importân-
cia: Conferência Ministerial, Conselho Geral, Conselho de Bens, Serviços e PI, além de Comitês!
Errado.

002. (ESAF/AFRF/2002-1) Sobre o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), é correto


afirmar que:
a) foi o organismo internacional que precedeu a Organização Mundial do Comércio.
b) consagrava, como princípios fundamentais, a equidade, o gradualismo e a flexibilidade no
comércio internacional.
c) tinha o propósito de monitorar as trocas internacionais e a aplicação irrestrita do Sistema
Geral de Preferências (SGP).
d) mesmo após a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) mantém-se como com-
ponente fundamental do sistema multilateral de comércio.
e) seus dispositivos contemplam apenas a eliminação das barreiras tarifárias.

a) Errada. O GATT não foi organismo internacional, mas somente um acordo. Ainda que se pu-
desse se falar numa organização “de facto”, nas questões de prova será falsa a assertiva que
defender que o GATT foi – pura e simplesmente – uma Organização Internacional (OI), pois
quando se fala que foi uma OI assume-se que tenha valor jurídico (de direito).
b) Errada. O princípio fundamental previsto no GATT é o da Não-Discriminação nas mais di-
versas formas. A ideia de equidade, gradualismo e flexibilidade são princípios do MERCOSUL,
previstos no Tratado de Assunção. Neste contexto, vale dizer que o propósito do GATT não era
aplicar preferências tarifárias (veremos adiante as exceções à NMF como o art. XXIV), mas
sim estender (multilateralizar) para todas as partes contratantes as desgravações tarifárias
que fossem concedidas.
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c) Errada. O GATT também não tinha o condão de monitorar trocas internacionais, pois o GATT
carecia de estrutura institucional para tanto (não é organização de direito, lembram?). A monito-
ração das trocas só apareceu efetivamente com a criação da OMC (com o órgão de revisão de
políticas comerciais) e um secretariado específico para a condução deste trabalho permanente.
d) Certa. A alternativa está perfeita, pois, apesar de o GATT ser colocado ao lado de outros inú-
meros acordos específicos quando da criação da OMC, ele continua tendo valor inestimável na
promoção da não discriminação, sendo ainda a pedra fundamental do sistema.
d) Errada. Além da simples desgravação tarifária, o GATT/1947 contemplou diversas ques-
tões como regulamentação de acordos sobre antidumping, subsídios, salvaguardas, regras
de origem, valoração aduaneira, etc. A Rodada Uruguai, que foi a última da era do GATT/1947
(as quais veremos a seguir), cristalizou para todos os seus membros, diversos acordos que já
existiam há anos.
Letra d.

003. (ESAF/AFRFB/2009) O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as


regras que permitem aos países Membros a aplicação de medidas antidumping, desde que
verificada a existência de subsídios.

O acordo de TBT cuida de regulamentos técnicos, padrões e procedimentos de avaliação de


conformidade, não havendo qualquer relação com instrumentos de defesa comercial como
antidumping (combate o dumping) ou medidas compensatórias (combate subsídios).
Errado.

004. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio


estabelece padrões uniformes de qualidade e de segurança a serem aplicados internacio-
nalmente, de modo a facilitar a circulação de bens por meio das fronteiras e a remoção de
obstáculos não tarifários ao comércio.

O acordo TBT não impõe nenhum padrão. Os padrões são voluntários. O que ele determina é
que se um membro determinar sua aplicação obrigatória, eles não possam ser aplicados de
forma discriminatória entre produtos nacionais e importados.
Errado.

005. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) O acompanhamento da implementação do


Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio e de novas medidas adotadas pelos paí-
ses que o integram no plano da normalização técnica é de competência da Organização
Internacional de Padronização.
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A implementação do acordo TBT é pela própria OMC, seja pelo seu comitê ou pelo Órgão de
Solução de Disputas, em caso de controvérsia.
Errado.

006. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) As primeiras negociações multilaterais acerca


do referido assunto, que resultaram na celebração do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao
Comércio, ocorreram durante a Rodada Uruguai como parte do esforço de enfrentamento ao
protecionismo não tarifário.

As primeiras discussões – e primeira versão do Código TBT – surgiu ainda na Rodada


Tóquio, em 1979.
Errado.

007. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2009) As partes do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao


Comércio asseguram que regulamentos e normas técnicas não são fontes de discriminação
entre produtos nacionalmente produzidos e produtos similares importados.

Perfeito o item. O princípio da não discriminação de normas técnicas consta do acordo TBT,
no seu artigo 2.1. Há previsão semelhante para procedimentos de avaliação de conformidade
(art. 5.1.1) e para padrões internacionais (Anexo 3.D).
Certo.

008. (FUNRIOR/CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS/2008) A Organização Mundial do Comércio


(OMC) iniciou suas atividades em 1995, a partir de uma decisão tomada durante a Rodada
Uruguaia de Negociações Comerciais Multilaterais, ocorrida no período entre 1986 e 1994. A
OMC refinou o mecanismo de disputas comerciais, de monitoramento das respectivas políti-
cas e incentivou a assistência técnica aos países menos desenvolvidos.
Ao estabelecerem a OMC, os países negociaram, em 1994, o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Co-
mércio (TBT Agreement), de cumprimento obrigatório por todos os países-membros da organização.
De acordo com o Artigo 2, item 2.2, do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, “Os membros
assegurarão que os regulamentos técnicos... não serão mais restritivos ao comércio do que o necessário
para realizar um objetivo legítimo, tendo em conta os riscos que a não realização criaria”.
Dentre as alternativas relacionadas a seguir, aquela que NÃO se refere a um objetivo legítimo,
previsto pelo Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, da OMC é a
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a) segurança nacional.
b) prevenção de práticas enganosas.
c) proteção da saúde ou segurança humana.
d) proteção do meio ambiente.
e) proteção do mercado interno contra a entrada de produtos estrangeiros.

O acordo TBT não permite a discriminação para proteger o mercado interno, pois este é exa-
tamente o propósito do acordo, manter a neutralidade nos regulamentos técnicos, de forma a
não discriminar produto importado e similar nacional.
Letra e.

009. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Os acordos de reconhecimento mútuo reduzem o


número de avaliações de conformidade às quais um produto exportado está sujeito, pois os
signatários do acordo se comprometem a reconhecer e aceitar avaliações de conformidade
produzidas pelos organismos acreditados do país fornecedor.

Perfeito o item. O reconhecimento mútuo entre os países visa justamente acreditar a produção
e testes no parceiro estrangeiro, de modo a reduzir a burocracia a facilitar o reconhecimento
das avaliações de conformidade
Certo.

010. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Normas e regulamentos técnicos somente cons-


tituem barreiras técnicas quando as exigências neles contidas vão além do aceitável.

Questão excelente. Regulamento Técnico é um documento que estabelece o produto, caracterís-


ticas ou seus processos e métodos relacionados à produção, incluindo as regras administrativas,
cuja conformidade seja obrigatória. Não possui relação alguma com o fato de a exigência ser
além do “aceitável” (irrazoável). O fato dela ser ou não razoável poderá ser contestado pelo art.
2.2. do TBT por ser obstáculo desnecessário comércio internacional, não havendo relação com
a definição de regulamento técnico em si.
Errado.

011. (FUNRIO/CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS/2008) Levando-se em consideração a defini-


ção de Barreiras Técnicas às Exportações, assinale a alternativa que NÃO promove a criação
de barreiras técnicas, tendo em vista que essas barreiras comerciais podem ter origem em
diferentes práticas:
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a) regulamentos técnicos não transparentes.


b) inspeções excessivamente rigorosas.
c) procedimentos de avaliação da conformidade demasiadamente dispendiosos.
d) normas nacionais baseadas em normas internacionalmente aceitas.
e) não observância dos objetivos legítimos.

Questão muito boa também. Caso o membro da OMC adote um padrão internacionalmente
aceito, este é uma referência internacional de boas práticas, que não cria obstáculos desne-
cessários ao comércio.
Letra d.

012. (CESPE/CEBRASPE/INMETRO/2007) Considerando-se a redução das tarifas do comér-


cio internacional, verifica-se que, atualmente, os países têm lançado mão em especial das
barreiras técnicas para protegerem seus mercados.

O “neo” protecionismo é justamente aquele feito por meio de barreiras não tarifárias (BNTs),
sendo as barreiras técnicas um exemplo.
Certo.

013. (CESPE/CEBRASPE/MAPA/2001) As prescrições acerca de rotulagem, valor nutricional de


alimentos e tipos de embalagens, por regra, não estão sujeitas ao acordo sobre a aplicação de me-
didas sanitárias e fitossanitárias (SPS/OMC) e sim ao acordo sobre barreiras técnicas (TBT/OMC).

A questão de rotulagem (labelling) é caracterizada como um regulamento técnico de produtos,


submetendo-se, portanto, ao acordo TBT.
Certo.

014. (ESAF/ATRFB/2009) O Acordo sobre Regras de Origem compôs o pacote de acordos


fechados no marco da Rodada Uruguai e integra, consequentemente, o marco normativo da
Organização Mundial do Comércio. Sobre o mesmo, é correto afirmar que:
a) o Acordo estabelece os princípios e as condições segundo as quais as normas de origem
possam ser legitimamente empregadas como instrumentos para a consecução de objetivos
comerciais e estabelece como objetivo tornar uniformes os critérios empregados pelos países
individualmente para a determinação da nacionalidade de um bem importado.
b) o Acordo, visando a efetiva implementação dos compromissos e obrigações nele previstos,
estabeleceu um prazo de três anos para que os países membros harmonizem entre si as regras
de origem que aplicam, instaurando, para coordenar essa tarefa, o Comitê de Regras de Origem,
vinculado diretamente ao Conselho para o Comércio de Bens.
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c) o Acordo abrange primordialmente as regras de origem empregadas em instrumentos pre-


ferenciais, como acordos de livre comércio e o Sistema Geral de Preferências Comerciais, não
alcançando instrumentos comerciais não referenciais como salvaguardas, direitos antidumping
e acordos de compras governamentais.
d) a supervisão da aplicação do Acordo pelos países parte é feita diretamente pelo Conselho
de Comércio de Bens da Organização Mundial do Comércio, no que é assistido por um Comitê
Técnico constituído especificamente para tal fim.
e) são objetivos essenciais do Acordo harmonizar as regras de origem e criar condições para
que sua aplicação seja feita de forma imparcial, transparente e previsível e para que as mesmas
não representem obstáculos desnecessários ao comércio.

a) Errada. A única possibilidade deste item estar errada é a ESAF ter considerado o termo “uni-
formizar” no sentido de “padronizar”, “igualar”, enquanto o acordo fala apenas em “harmonizar”,
isto é, não tornar conflitante, “reconciliar”.
b) Errada. A conferência ministerial em conjunto com a OMA é que irão conduzir esse trabalho.
O Comitê Técnico de Regras de Origem é vinculado à OMA, sendo, inclusive, presidido pelo
secretariado da OMA.
c) Errada. O Acordo não harmoniza regras preferenciais, mas somente as não preferenciais.
d) Errada. A supervisão é pelo Comitê Técnico vinculado à OMA e não pelo Comitê de Regras
de Origem da OMC.
e) Certa. Dar transparência e previsibilidade para que as regras não representam obstáculos
desnecessários faz parte do objetivo do acordo.
Letra e.

015. (CESPE/PERITO CRIMINAL/2004) Como o licenciamento das importações realizadas


no âmbito do regime de drawback não é automático, esse licenciamento é conduzido poste-
riormente ao despacho aduaneiro de importação.

As importações amparadas pelo Regime Aduaneiro Especial de Drawback atualmente contam


com licenciamento automático, devendo ocorrer em até 10 dias úteis, e sempre antes do des-
pacho aduaneiro (sem LI deferida não se registra DI).
Errado.

016. (CESPE/INMETRO/2007) O GATT, criado em 1947, foi, de um lado, uma forma contratual
possível ante seu ambiente de criação e, de outro, um arranjo temporário que serviria como
parâmetro para as décadas seguintes.
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Diante da falta de consenso entre as partes contratantes de Bretton Woods para se criar uma
Organização voltada ao Comércio Internacional, o GATT foi a saída encontrada para se regu-
lamentar as trocas comerciais provisoriamente. O provisório durou quase 50 anos, e acabou
ainda sendo encampada pela OMC em 1995.
Certo.

017. (ESAF/ACE/2012/ADAPTADA) A aprovação dos resultados da Rodada Uruguai, em


1995, envolveu novos acordos no âmbito do sistema multilateral do comércio. Um dos acordos
obrigatórios para os Membros da OMC, e que estabelece regras sobre medidas governamen-
tais relativas aos investimentos estrangeiros relacionados ao comércio de bens, que violem
o Artigo III (tratamento nacional) e/ou o Artigo XI (eliminação de restrições quantitativas) do
GATT, recebeu a denominação de Acordo de Licenciamento de Importações.

O Acordo de Licenciamento de Importações não possui qualquer relação com medidas de


governo ao investimento estrangeiro. Esse acordo é o TRIMS, cujo nome é Trade Related
Investment Measures.
Errado.

018. (CESPE/INMETRO/2009) O GATT, embora não fosse um órgão internacional, atuou no


sentido de estabelecer regras fundamentais para as trocas comerciais e promover a progres-
siva liberalização destas, mediante sucessivas rodadas de negociações multilaterais.

O GATT nunca teve personalidade jurídica de organização internacional, promovendo liberali-


zação comercial diante das sucessivas rodadas de negociação
Certo.

019. (CESPE/INMETRO/2007) Ao ser lançada em 1986, a Rodada do Uruguai teve como


objetivos precípuos encerrar o ciclo histórico do GATT e criar a OMC.

O GATT foi (e é) tão importante que continua vigente após a criação da OMC. Convivem, inclu-
sive, duas versões: o GATT/1947 e o GATT/1994.
Errado.

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020. (CESPE/INMETRO/2007) A passagem do GATT para a OMC, em 1995, representou


modificação institucional com baixa relação com as grandes transformações verificadas na
ordem internacional.

A modificação institucional foi o principal avanço com a criação da OMC em 1995, pois a OIC
que seria criada pela Carta de Havana não logrou êxito em 1944, quando da reunião de Bretton
Woods, restando apenas o GATT como instrumento durante essas décadas.
Errado.

021. (CESPE/INMETRO/2009) A Organização Internacional do Comércio, concebida durante a


Conferência de Bretton Woods, cuja carta constitutiva não foi ratificada pelos Estados Unidos
da América (EUA), acabou não sendo criada, tomando seu lugar o GATT.

Foi exatamente isso que ocorreu. Todavia, lembre-se que o GATT não é organização internacional.
Certo.

Thális Andrade
Advogado inscrito na OAB/SC, mestre em Direito Internacional e Econômico pela Universidade de Berna
(2014), mestre em Direito Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009), especialista
em Comércio Internacional pela Universidade de Buenos Aires (2007), especialista em Comércio Exterior
e Direito Aduaneiro pela UNIVALI (2008). Desde 2008 é servidor público federal integrante da carreira
de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Professor de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em cursos de pós-graduação pelo Brasil e
em cursos preparatórios para as carreiras da RFB. Autor de livros e artigos sobre comércio internacional e
legislação aduaneira.

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