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COMÉRCIO

INTERNACIONAL
Acordo Constitutivo da OMC

Livro Eletrônico
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Acordo Constitutivo da OMC
Thális Andrade

Sumário
Apresentação da Aula.. ..................................................................................................................................................4
Acordo Constitutivo da OMC. . ....................................................................................................................................5
1. Origem da OMC. . .............................................................................................................................................................5
2. Funções da OMC.. ..........................................................................................................................................................7
3. Estrutura da OMC..................................................................................................................................................... 10
4. Conferência Ministerial. . .........................................................................................................................................11
4.1. 1ª Sessão – Conferência Ministerial de Cingapura.............................................................................12
4.2. 2ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra. ...............................................................................13
4.3. 3ª Sessão – Conferência Ministerial de Seattle. .................................................................................13
4.4. 4ª Sessão – Conferência Ministerial de Doha......................................................................................14
4.5. 5ª Sessão – Conferência Ministerial de Cancún. .................................................................................15
4.6. 6ª Sessão – Conferência Ministerial de Hong Kong. .........................................................................16
4.7. 7ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra...............................................................................16
4.8. 8ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra. ...............................................................................17
4.9. 9ª Sessão – Conferência Ministerial de Bali..........................................................................................17
4.10. 10ª Sessão – Conferência Ministerial de Nairóbi.............................................................................18
4.11. 11ª Sessão – Conferência Ministerial de Buenos Aires. .................................................................21
4.12. 12ª Sessão – Conferência Ministerial de Nursultan........................................................................21
5. Conselho Geral........................................................................................................................................................... 24
5.1. Órgão de Revisão de Políticas Comerciais (ORPC).............................................................................25
5.2. Órgão de Solução de Controvérsias (OSC).............................................................................................26
6. Conselhos......................................................................................................................................................................32
7. Comitês...........................................................................................................................................................................32
8. Tomada de Decisões na OMC.............................................................................................................................33
9. Processo de Acessão.. ............................................................................................................................................37
10. Outros Aspectos Importantes da OMC......................................................................................................40
11. Panorama Geral dos Acordos Abrangidos pela OMC.........................................................................42

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Resumo................................................................................................................................................................................57
Questões de Concurso................................................................................................................................................58
Gabarito...............................................................................................................................................................................63
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................64
Referências........................................................................................................................................................................ 73

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Apresentação da Aula
Bem-vindo(a) a segunda etapa de nossa jornada. Na aula de hoje falaremos da Organização
Mundial de Comércio (OMC), bem como o acordo de Marraquexe que estabelece essa organi-
zação. Além disso, será abordada sua estrutura, destacando-se as Conferências Ministeriais,
dentre elas a Rodada de Doha prevista em nosso edital.
Mãos à obra então, porque há muito o que estudar.

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ACORDO CONSTITUTIVO DA OMC

1. Origem da OMC
Quando falamos da reunião de Bretton Woods na última aula, vimos que houve um esfor-
ço entre os países aliados para se reconstruir os Sistema Econômico Multilateral, criando-se
o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e buscava-se uma Organização
Internacional do Comércio (OIC). No entanto, os EUA não concordaram com a aprovação da
organização comercial em 1947, pois vinham de uma grande recessão da década de 30 e
temiam perder espaço para o manejo de sua política comercial. No entanto, 23 Partes Contra-
tantes – inclundo os EUA – concordaram com a assinatura de um acordo provisório, chamado
Acordo Geral de Tarifas e Comércio de 19471.
Esse acordo teve 8 rodadas sucessivas – que veremos na próxima aula – e em cada uma
delas havia desgravação tarifária. Mas com o avanço das barreiras não tarifárias (BNTs), hou-
ve a necessidade de se criarem acordos que regulamentassem a aplicação dessas medidas,
razão pela qual começam a surgir acordos temáticos, como Valoração Aduaneira, Barreiras
Técnicas, etc.
Na última Rodada do Gatt (Rodada Uruguai) que ocorreu entre 1986-1994, os acordos
temáticos passaram a ser obrigatórios para todos os signatários, de modo que, naquela
sessão, assinavam o chamado Acordo de Marraquexe2. Este acordo estabelece finalmente a
OMC, uma organização que seria a instituição que não havia sido aceita no final da década
de 40. Portanto, a OMC não é agência vinculada à ONU, diferente do FMI e Banco Mundial.
Na ocasião de sua criação, os 123 membros (e não mais chamados de Partes Contratan-
tes) que se faziam presente na 8ª Rodada do GATT (Rodada Uruguai), autorizaram a criação
da mais importante organização internacional voltada ao comércio.

Fonte: www.commons.wikimedia.org e www.chinadaily.com.cn

1
No inglês, General Agreement on Tariffs and Trade (GATT).
2
O Brasil internalizou os Resultados da Rodada Uruguai por meio do Decreto n. 1.355/1994.

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Segundo o preâmbulo descrito no Acordo Constitutivo da OMC (que é o acordo que institui
a organização, aborda suas funções, estrutura e finalidades), as Partes Contratantes atestam
os objetivos que pretendem alcançar por meio do sistema multilateral do comércio:
• Aumentar os padrões de vida;
• Assegurar o pleno emprego;
• Assegurar um grande e progressivo volume de crescimento de ingressos reais e da de-
manda efetiva; e;
• Expandir a produção do comércio em bens e serviços, enquanto permite o uso ótimo dos
recursos naturais em observância aos objetivos do desenvolvimento sustentável.

O acordo também reconhece a necessidade de esforços positivos que assegurem aos


Países em Desenvolvimento (PD), e especialmente aos Países de Menor Desenvolvimento
Relativo (PMDR)3, uma parcela no crescimento do comércio internacional comensurado com
seu desenvolvimento econômico.
Nessa medida, o preâmbulo do Acordo da OMC destaca que as partes no presente acordo:

Reconhecendo que suas relações na esfera da atividade comercial e econômica devem tender a elevar
os níveis de vida, a alcançar o pleno emprego e um volume considerável e em constante aumento
de ingressos reais e demanda efetiva e a acrescentar a produção e o comércio de bens e serviços,
permitindo ao mesmo tempo a utilização ótima dos recursos mundiais em conformidade com o
objetivo de um desenvolvimento sustentável e procurando proteger e preservar o meio ambiente
e incrementar os meios para fazê-lo, de maneira compatível com suas respectivas necessidades
e interesses segundo os diferentes níveis de desenvolvimento econômico,
Reconhecendo ademais que é necessário realizar esforços positivos para que os países em de-
senvolvimento, e especialmente os menos desenvolvidos, obtenham uma parte do incremento do
comércio internacional que corresponda às necessidades de seu desenvolvimento econômico,
Desejosos em contribuir para o alcance desses objetivos mediante a celebração de acordos des-
tinados a obter, sobre a base da reciprocidade e de mútuas vantagens, a redução substancial das
tarifas aduaneiras e dos demais obstáculos ao comércio, assim como a eliminação do tratamento
discriminatório nas relações comerciais internacionais (…)

Veja as intenções dos signatários de forma objetiva:


• 1º parágrafo – crescimento econômico aliado ao desenvolvimento sustentável;
• 2º parágrafo – perspectiva desenvolvimentista, reconhecendo-se as diferenças entre os
membros da OMC;
• 3º parágrafo – eliminação da discriminação como pedra angular de todo o sistema.

3
A categoria dos PMDR foi estabelecida pela Assembleia Geral da ONU em 1971 como um reconhecimento da comunidade
internacional de que medidas especiais de apoio eram necessárias para ajudar os menos desenvolvidos entre os países em
desenvolvimento.

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Esses objetivos da OMC não são completamente diferentes dos contidos no preâmbulo
do GATT/1947. Apesar das semelhantes intenções, muitos desses objetivos se relacionam
com liberalização do comércio e OMC. No entanto, é importante destacar que, por incrível que
pareça, a liberalização do comércio entre as partes contratantes não consta expressamente
como objetivo.

Mas pode isso, Thális?

Pode sim. Explico-me.


A ausência deste objetivo expressamente no texto da OMC não implica dizer que a orga-
nização não busque o livre comércio.
Pelo contrário...
Da leitura dos acordos é possível inferir que as substanciais reduções tarifárias e outras
barreiras comerciais prescritas para eliminação do tratamento discriminatório no comércio
internacional, vão ao encontro da ideia de livre comércio, tudo isso porque o liberalismo eco-
nômico é subjacente a todos os acordos encampados pela OMC.
Quanto às diferenças entre o GATT/1947 e a OMC, cabe destacar que a OMC revela três
novas dimensões e objetivos que não eram preocupações quando da pactuação do GATT/1947:

DICA!
a) Expansão da produção e comércio de bens e serviços levando
em consideração a extensão dos temas da OMC;
b) Aparece novas preocupações como a busca pelo desen-
volvimento sustentável, proteção e preservação do ambiente
e incremento dos meios de alcançar essa tarefa; (Importante:
OMC não possui acordo sobre meio ambiente, mas há apenas
alguns dispositivos que expressam essa preocupação como o
artigo XX do GATT).
c) A ideia de “desenvolvimento” como forma a ajudar os países
em desenvolvimento e especialmente os menos desenvolvidos a
participarem do comércio internacional, bem como tirar proveito
desse comércio, progredindo economicamente.

Analisado o preâmbulo, vejamos as funções da organização...

2. Funções da OMC
Seguindo em frente, para o alcance dos objetivos encampados pela OMC, emergem as
funções delineadas para a organização:

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• Administrar os acordos comerciais entre seus membros;


• Servir como fórum para negociações comerciais;
• Solucionar controvérsias comerciais pertinentes aos acordos negociados;
• Revisar a política comercial de seus membros;
• Cooperar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Percebam que objetivos e funções são tratados como sinônimos!


O Artigo III do Acordo da OMC esclarece as funções da organização e elas despencam
em provas. Gravem, portanto, essas funções:

a) A OMC facilitará a aplicação, administração e funcionamento do presente Acordo e dos Acor-


dos Comerciais Multilaterais e favorecerá a consecução de seus objetivos, e constituirá também
o marco para a aplicação, administração e funcionamento dos Acordos Comerciais Plurilaterais.
b) A OMC será o foro para as negociações entre seus Membros acerca de suas relações comerciais
multilaterais em assuntos tratados no marco dos acordos incluídos nos Anexos do presente Acordo.
A OMC poderá também servir de foro para outras negociações entre seus Membros acerca de suas
relações comerciais multilaterais, e de marco para a aplicação dos resultados dessas negociações,
conforme a Conferência Ministerial decida;
c) A OMC administrará o Entendimento relativo às normas e procedimentos pelos que se rege a
solução de controvérsias (Entendimento sobre Solução de Controvérsias ou ESC) que figura no
Anexo 2 do presente Acordo;
d) A OMC administrará o Mecanismo de Exame das Políticas Comerciais (MEPC) estabelecido no
Anexo 3 do presente Acordo;
e) Com o fim de alcançar uma maior coerência na formulação das políticas econômicas em escala
mundial, a OMC cooperará, segundo proceda, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com
o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e seus organismos conexos
(Banco Mundial).

Apesar de não constar do acordo constitutivo, o site da OMC destaca a função de treina-
mento dos países para usufruírem dos acordos que assinaram (building trade capacity). Sobre
a alínea “a”, cabe ainda mencionar que os acordos multilaterais são os de adesão obrigatória
para qualquer membro, enquanto os plurilaterais, somente para os países que quiserem aderir.
Como você pode perceber, a OMC é uma instituição que se traduz num fórum permanente
para negociações comerciais entre seus membros. Essas negociações podem já estar abran-
gidas por algum acordo multilateral ou simplesmente lançar para discussão um novo tema
que futuramente será disciplinado pelos acordos OMC.
Por exemplo, diplomatas e representantes da Autoridade de Defesa Comercial da Secex
vão à Genebra participar das reuniões no Comitê de Regras em Defesa Comercial. Isso por-
que existe um mandato negociador para que se tente avançar nesses temas, obrigando os
membros a negociarem periodicamente (ainda que não obtenham êxito).

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A OMC vai também ter comitês para administrar a implementação dos acordos por ela
negociados, recebendo questionamentos, apresentando soluções, enfim, auxiliando os mem-
bros a tirarem melhor proveito daquilo que fazem parte.
Além do mais, a OMC passa a ser um foro para solução de controvérsias entre seus
membros sobre qualquer aspecto dos acordos encampados pela OMC que esteja sendo des-
respeitado. Quando os seus membros não alcançarem uma solução mutuamente aceitável,
uma controvérsia pode ter início. No entanto, ela não fica ao livre arbítrio das partes, mas sim,
observa um rito procedimental previsto no Entendimento de Solução de Controvérsias (ESC),
Anexo 2 do Acordo OMC. Aliás, vocês devem lembrar das manchetes do ano de 2010 sobre
o caso dos subsídios ao algodão americano. O Brasil ganhou a questão e estava em fase im-
plementação da decisão, levando-a até o fim para fazer valer o direito conquistado pelo país4.
Além de dirimir as controvérsias entre os membros da OMC, o caráter permanente da
instituição também permite que a organização alcance transparência dos membros que a
integram na medida em que ela fiscaliza periodicamente as políticas comerciais mediante
argüição pelos seus parceiros comerciais, garantindo transparência nas restrições ao comér-
cio aplicadas.
Esse expediente foi acordado pelas partes contratantes por volta da metade da Rodada
Uruguai, numa mini-ministerial realizada em Montreal no ano de 1988 (Mid-Term Review), que
pretendia esboçar alguns acertos realizados até então em assuntos em que já existia claro
consenso. Esses acordos, então, poderiam, desde cedo colherem os resultados iniciais obti-
dos (Early Harvest), ainda que fosse sob uma base provisória.
Sobre o procedimento dessa monitoração ela ocorre por meio do envio de questionários
para cada um dos membros periodicamente, em que todos questionam determinados pro-
gramas e políticas adotados pelo membro que esta sendo sabatinado pelos seus pares. É o
famoso TPR (Trade Policy Review).
Ao final, a OMC divulga um relatório, compilando as informações apresentadas. Via de
regra, os países com maior peso no comércio internacional (“the Quad” – EUA, Japão, UE,
China) são questionados de 2 em 2 anos; os próximos 16 países em termos de participação
no comércio mundial (dentre os quais inclui o Brasil) são questionados de 4 em 4 anos; os
demais são questionados com periodicidade de 6 em 6 anos, podendo os países de menor
desenvolvimento relativo terem prazo ainda maior. Trata-se da implementação da ideia de
transparência que a OMC faz valer.
Por fim, cabe reiterar o princípio da coerência da OMC com outras organizações interna-
cionais como o FMI e Banco Mundial. Essa coerência é essencial na medida em que os mem-
bros da OMC observam, quando das suas negociações, o desenho de padrões regulatórios
em conjunto com as políticas econômicas. Isso não significa que a OMC fornecerá recursos
para os seus membros, a exemplo do que FMI e Banco Mundial fazem.

4
PROMIDIA, OMC autoriza Brasil a retaliar os EUA. 31.08.2009, Disponível em: https://youtu.be/g2krgptJfqU.

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Vamos fazer uma breve questão sobre o assunto...

001. (FGV/DETRAN-RN/2010) Há alguns meses se falou muito no Brasil sobre a Organização


Mundial do Comércio que autorizou nosso país a interpor sanções contra os Estados Unidos
por causa dos subsídios que o governo americano concedeu a seus produtores de algodão.
Sobre esta importante organização internacional, marque V para as afirmativas verdadeiras
e F para as falsas:
( ) Criado nos primeiros anos da Organização das Nações Unidas, ou seja, na década de 1950,
é uma das instituições vinculadas a esta entidade com sede em Nova York, como a Unesco.
( ) Tem entre suas funções administrar e aplicar os acordos comerciais multilaterais e plurilate-
rais, que de um modo geral, configuram às normas e procedimentos que regulam as soluções
de controvérsias.
( ) Entre seus objetivos estão a elevação dos níveis de vida, a expansão da produção e do co-
mércio de bens e serviços, além do pleno emprego.
A sequência está correta em:
a) F, F, V
b) V, V, V
c) V, F, V
d) F, V, V
e) F, V, F

Primeiro item está errado. OMC não tem vínculo com a ONU.
Segundo item está correto, pois ela administra acordos plurilaterais e multilaterais, este último,
obrigatório para todos os membros.
Terceiro item correto. É exatamente um dos dizeres do preâmbulo do Acordo de Marraquexe.
Letra d.

Entendido até aqui, nobre estudante?


Vamos conhecer agora a estrutura dessa organização.

3. Estrutura da OMC
Estudados os seus objetivos e funções, fica fácil visualizar a estrutura da OMC arquiteta-
da para atender a esses propósitos. Os membros da OMC estabeleceram uma estrutura de
trabalho de modo a monitorar a implementação dos acordos abarcados pela organização.
Para nossa prova, essa estrutura pode ser assim resumida:
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Conferência Ministerial
Conselho Geral (exerce funções de OSC5 e ORPC6)
Conselho de Bens (GATT), Serviços (GATS), Propriedade Intelectual (TRIPS)
Comitês
Órgãos Subsidiários

No entanto, para os curiosos (rsrs), retirei este organograma do site oficial da OMC, no qual
temos o detalhamento da estrutura, desde os comitês específicos até os grupos de trabalho!

Vejamos então, por ordem de relevância, os órgãos da OMC que podem cair na sua prova!

4. Conferência Ministerial
A Conferência Ministerial é o órgão de máxima autoridade na tomada de decisão na OMC.
Ela é composta pelas representações de todos os membros da OMC e deve se reunir, pelo
menos, a cada 2 (dois) anos, resultando numa declaração final.

5
Órgão de Solução de Controvérsias
6
Órgão de Revisão de Políticas Comerciais

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Ela tem poderes para tomar decisões sob quaisquer temas atinentes aos acordos multila-
terais de comércio, em conformidade com os procedimentos de tomada de decisão contidos
no Acordo OMC.
Até o momento, ocorreram 12 (doze) Conferências Ministeriais. No entanto, além das 8
Rodadas da era GATT, na era OMC somente tivemos uma Rodada (Rodada de Doha, lançada
na 4ª ministerial). Assim, o que temos hoje em termos de conferência ministerial são desdo-
bramentos daquela agenda, buscando-se um desfecho para os temas lançados!
Portanto, não confunda: Conferência Ministerial ≠ Rodada
Vejamos as 10 sessões ministeriais que tivemos até hoje...

4.1. 1ª Sessão – Conferência Ministerial de Cingapura


A primeira Conferência Ministerial da OMC ocorreu em Dezembro de 1996. Na ocasião os
ministros adotaram a Declaração Ministerial de Cingapura, na qual reforçaram o compromisso
de levar em consideração as regras da OMC em suas relações comerciais. Isso porque, no
antigo sistema GATT, as regras de Direito Internacional acordadas eram facilmente despidas
de sua eficácia, por exemplo, quando da adoção de uma recomendação do painel em seu
sistema de solução de controvérsias.
Nessa Conferência, os ministros decidiram ainda iniciar a exploração de outros quatro
tópicos, denominados então de Temas de Cingapura:
• Comércio e Investimentos;
• Comércio e Política da Concorrência;
• Facilitação do Comércio; e
• Transparência em Compras Governamentais.

Também foi adotado um compreensivo e integrado plano de ação da OMC para os Países
de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR) ou do inglês, “Least Developed Countries” (LDCs).
Esse plano se tornou o alicerce para um esforço coordenado em facilitar a integração desses
países menos desenvolvidos junto à economia mundial.
Para levar adiante esse plano, no ano de 1997 a OMC teve colaboração de algumas enti-
dades como a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento),
Centro Internacional de Comércio, Banco Mundial, Programa das Nações Unidas para Desen-
volvimento (PNUD) e assistência do Fundo Monetário Internacional, culminando no estabe-
lecimento de programa integrado de assistência ao desenvolvimento.
É importante também destacar a existência da Declaração Ministerial plurilateral para
um Acordo em Tecnologia da Informação (ATI), como forma de expandir o comércio na área
de Tecnologia da Informação, criando um acordo plurilateral que reduz a 0% a tarifa de im-
portação sobre determinados produtos de tecnologia, para queles países em aderiram. Essa
adesão é facultativa, de modo que o Brasil não faz parte dele.

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4.2. 2ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra


A segunda sessão ministerial ocorreu em Maio de 1998, na cidade sede da OMC, quan-
do se comemorou os 50 anos de criação do sistema GATT. A ocasião serviu para reforçar a
importância de um sistema multilateral de comércio baseado em regras, e também reafirmar
os compromissos assumidos em Cingapura.
Também teve destaque a adoção de uma Declaração na área de Comércio Eletrônico Glo-
bal, a qual lançou base para discussões sobre questões relacionadas a esse nicho comercial,
além de reiterar o compromisso de não impor direitos aduaneiros nas transações eletrônicas,
compromisso que vem sendo prorrogado até hoje.

4.3. 3ª Sessão – Conferência Ministerial de Seattle


Em Dezembro de 1999, a terceira ministerial sediada em Seattle (EUA) foi marcada por
uma série de protestos, que impediram que os ministros alcançassem algum consenso ou
adotassem decisões ou declarações.
Contribuiu muito para o fracasso da reunião a rigidez demonstrada pelos EUA em temas
sensíveis para os países em desenvolvimento: a inclusão dos temas ambientais e trabalhistas
na agenda de negociações7.

O consentimento e apoio do próprio presidente Bill Clinton à presença das ONG´s, com a
nítida finalidade promocional de campanha, acabou tendo efeito contrário. Pode se dizer que,
nessa conferência, “atores” das Relações Internacionais influenciaram em grande medida
para que o evento fracassasse.

7
Se você é cinéfilo, confira o trailer do filme a “Batalha de Seattle“, que tem como pano de fundo o insucesso da 3ª Conferên-
cia Ministerial da OMC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AoZ7BxbLhtU.

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4.4. 4ª Sessão – Conferência Ministerial de Doha


A quarta Conferência Ministerial teve lugar em Doha, em Novembro de 2001. Após os
atentados de 11 de Setembro nos EUA e o tumulto ocorrido em Seattle em 1999, houve um
esforço para que o comércio internacional levasse adiante uma agenda mais ambiciosa, re-
sultando na primeira rodada de negociações da “era OMC”, chamada de Rodada Doha.
Ganhou o nome de “Rodada” porque definiu uma ampla agenda chamada DDA (Doha De-
velopment Agenda), ou seja, Agenda Doha para o Desenvolvimento. Essa Rodada deveria ter
sido lançada na conferência anterior, mas os protestos a impediram. Assim, ganhou a alcunha
de “Rodada do Milênio”.
Ela conteve uma agenda mais ampla que as conferências anteriores, abrangendo negocia-
ções previstas pelas disposições dos Acordos OMC e seus anexos, além de reiterar tentativa
de acordo em outros temas e questões que teriam seu prazo de negociação expirado, sem
sequer alcançar seus objetivos.
Foi destaque também a adoção da declaração relacionada ao Acordo TRIPS (Trade Related
Aspects of Intellectual Property Rights) e Saúde Pública que esclareceu o relacionamento entre
a necessidade da proteção dos direitos da propriedade intelectual e o direito dos governos
em proteger a saúde pública, de maneira que acordo não proibiria o governo dos membros
da OMC de tomar medidas para proteger a saúde pública. O Brasil, aliás, teve papel de des-
taque nessas negociações em 2001, pois buscava flexibilizar os direitos de patente sobre
remédios que integram o coquetel para combate ao HIV. Além disso, houve decisão relativa
às preocupações relacionadas às dificuldades encontradas por alguns membros no contexto
da implementação de diversas regras contidas no Acordo OMC e seus Anexos.
Cabe registrar ainda a decisão que concedeu derrogação (waiver) do regime geral da
Cláusula da Nação Mais Favorecida para que se mantivesse a parceria entabulada entre a
União Europeia e os países do Caribe, África e Pacífico (EU-ACP Partnership Agreement). Essa
decisão permitiu que os produtos oriundos dos países da África, Caribe e Pacífico continuas-
sem a gozar de acesso preferencial aos mercados europeus até 31 de Dezembro de 2007,
sem que esse tratamento fosse estendido automaticamente aos demais membros da OMC.
Essa 4ª Conferência Ministerial determinou um mandato negociador, ou seja, que os
membros da OMC, sob a supervisão do Conselho Geral, criassem Comitês de Negociações
Comerciais sobre cada tema que fosse necessário.
Essas negociações demandaram a criação de três novos grupos:
• Acesso a Mercados;
• Regras da OMC (antidumping, subsídios, acordos regionais de comércio);
• Facilitação do comércio.

Além desses, outros grupos já estabelecidos foram mantidos como:

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• Agricultura: em sessões especiais do Comitê de Agricultura;


• Serviços: em sessões especiais do Conselho de Serviços;
• Indicações Geográficas (sistema multilateral de registro): em sessões especiais do Conse-
lho de TRIPS, além de outros temas que envolvem Propriedade Intelectual encaminhadas
para as reuniões regulares do Conselho de TRIPS;
• Entendimento de Solução de Controvérsias: em sessões especiais do órgão de Solução
de Controvérsias;
• Meio Ambiente: em sessões especiais do Comitê de Meio Ambiente; e
• Negociações em questões de implementação: em órgãos relevantes de acordo com
parágrafo 12 da Declaração Ministerial de Doha.

Não se pode esquecer da considerável ênfase dedicada na questão do tratamento es-


pecial e diferenciado para os países em desenvolvimento, princípio integrante dos Acordos
abarcados pela OMC e que norteia a agenda de trabalho da Rodada Doha. O parágrafo 44 da
Declaração de Doha, inclusive, estabelece que as provisões relativas ao tratamento especial
e diferenciado devem ser revisadas pelo Comitê de Comércio e Desenvolvimento de modo a
se tornarem mais precisas, efetivas e operacionais.
Vamos treinar esse assunto.

2. (2021/CESPE/DIPLOMATA) O Brasil foi um dos principais patrocinadores da Declaração sobre


o Acordo TRIPS e a Saúde Pública, adotada em 2001, que estabeleceu regras mais flexíveis para
que países em desenvolvimento pudessem ter maior acesso a medicamentos.

Item correto. Brasil foi um dos grandes patrocinadores desta causa em 2001, quando da 4ª mi-
nisterial da OMC, apesar de não ter tido grande participação na 12ª ministerial na flexibilização
de patentes para fabricação de vacinas contra Covid-19.
Certo.

4.5. 5ª Sessão – Conferência Ministerial de Cancún


Em Setembro de 2003, a Conferência toma lugar em Cancún, cuja principal tarefa era
avaliar os esforços quanto ao progresso da Agenda Doha; para tanto, adotaram um discurso
no qual reafirmaram seus compromissos em completar as negociações da Agenda Doha. Por
outro lado, não houve consenso quanto ao modo de alcançar êxito em áreas sensíveis como
agricultura, tampouco se avançou nos “Temas de Cingapura”.

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4.6. 6ª Sessão – Conferência Ministerial de Hong Kong


Em dezembro de 2005, aconteceu em Hong Kong, China, a sexta ministerial. Da mesma
forma que a reunião de Cancún, sua tarefa era dirimir os impasses que ainda obstruíam o
andamento da Agenda Doha iniciada em 2001. O encontro culminou com a adoção de uma
Declaração Ministerial que reafirmou a decisão do Conselho Geral de 1º de Agosto de 2004.
Essa decisão sobrepôs o impasse ocorrido em Cancún deixando de lado os “Temas de Cin-
gapura”, além do tema da Facilitação do Comércio; assim, poderia construir um programa de
discussão e concentrar esforços para elevar as negociações pendentes a um novo patamar.
A declaração também fez constar progressos em alguns temas:
• Prescreveu uma data limite para a eliminação de todos os subsídios à exportação na
agricultura (tema que teve desfecho em Nairóbi!);
• Acordo para que os países de menor desenvolvimento relativo tenham livre acesso aos
mercados de algodão dos países desenvolvidos, isentos de direitos aduaneiros ou quotas;
• Um compromisso para conceder aos 32 países de menor desenvolvimento relativo acesso
aos mercados dos países desenvolvidos livre de direitos aduaneiros ou quotas em pelo
menos 97% das suas linhas tarifárias (duty-free-quota free);
• Agenda para acesso a mercados em todas as modalidades em agricultura e acesso a
mercados de produtos não-agrícolas (Non-Agricultural Market Access – NAMA); e,
• e) Em serviços, acordo em texto pontuando positivamente o avanço das negociações.

Diversos outros encontros ocorreram com o propósito de concluir a Agenda Doha. Ao


final de Junho de 2006, houve um encontro em Genebra para tentar reduzir os subsídios à
exportação agrícola (especialmente os programas da UE e dos EUA), e baixar as tarifas para
produtos industrializados por parte dos países em desenvolvimento. Não obtendo sucesso,
houve novo encontro em Potsdam em Junho de 2007, que igualmente não obteve êxito, por-
quanto subsistiu o impasse nos subsídios agrícolas e mercados industriais.
A essa altura das negociações, a reunião passa a se realizar entre um grupo reduzido
composto por EUA, União Europeia, Brasil e Índia (G-4). Em 21 de julho de 2008, as negocia-
ções começaram de novo na sede da OMC em Genebra sobre a Rodada Doha, mas estagnou
após nove dias de negociações sobre a recusa de compromisso sobre o mecanismo de sal-
vaguarda especial.

4.7. 7ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra


Após 4 anos sem uma Conferência Ministerial propriamente dita (fugindo da regra da pe-
riodicidade a cada 2 anos), entre 30 de novembro e 2 de dezembro de 2009, em Genebra, foi
prevista a sétima reunião ministerial regular. A decisão tomada pelos membros da instituição

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no Conselho Geral da organização foi marcada para tratar do sistema multilateral de comércio
e o atual contexto econômico global (crise financeira mundial)8.
O ponto crucial que levou ao agendamento de reunião do órgão máximo da organização
foi deixar claro que o encontro não fosse confundido com uma reunião negociadora no marco
da Rodada Doha. Além do mais, de antemão, os membros da organização não emitiriam uma
declaração final da reunião ministerial, desde que uma forma alternativa registrasse o que
aconteceu durante o evento.

4.8. 8ª Sessão – Conferência Ministerial de Genebra


Recentemente tivemos em Dezembro de 2011 a 8ª Conferência Ministerial, também ocorrida
em Genebra. A grande novidade do encontro foi a acessão dos membros Samoa, Montenegro
e Rússia à organização. Num período de protecionismo e recessão econômica em grandes
potências, o Brasil tentou novamente endereçar o tema câmbio no âmbito da OMC, havendo
uma leve menção sobre o assunto no discurso de encerramento.

4.9. 9ª Sessão – Conferência Ministerial de Bali


Quando o brasileiro Roberto Azevedo assumiu como Diretor-Geral da OMC ele já sabia da
missão que teria pela frente. Conseguir um resultado em Bali seria decisivo para manutenção
da reputação da organização. E ele conseguiu. Em poucos meses à frente da OMC, a Ministerial
de Bali foi considerada um sucesso, pois há anos não se conseguia um acordo significativo.

Fonte: www.businesstoday.in. O Diretor Geral da OMC na abertura da Conferência de Bali.

8
Mais uma dica do prof... O filme “a grande aposta” retrata como começou a crise dos “subprimes” nos EUA. https://www.
youtube.com/watch?v=SLDImPR03BI.

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Os resultados das negociações em Bali compreendem três grandes blocos:


• Acordo de Facilitação do Comércio;
• Conquistas nos setores da Agricultura e do Algodão;
• c) Questões relacionadas ao desenvolvimento.

Sobre a facilitação do comércio, este foi o coração da 9ª Conferência Ministerial da


OMC, pois, após a Rodada Uruguai do GATT, este foi oprimeiro acordo multilateral negociado,
mostrando que essa função negociadora da OMC ainda consegui produzir bons resultados.
O acordo basicamente cuida da redução da burocracia nos procedimentos aduaneiros ao
regulamentar dispositivos antigos do GATT como liberdade de trânsito (art. V), transparência
(art. X) e encargos e formalidades relacionados à importação e exportação (art. VIII).
Já a manutenção de políticas públicas (demanda do governo Indiano) para armazenagem
de comida de modo a garantir alimentação à baixo custo para sua população (food security).

Fonte: www.livemint.com. Um dos armazéns públicos para estocagem da comida para indianos.

Quanto às questões de desenvolvimento, os PMDR ainda contarão com aumento do acesso


de mercadorias aos mercados de países desenvolvidos (por exemplo, Duty-Free/Quota-Free)
e serviços (por exemplo, “waiver”). Além disso, houve resultados nas áreas de algodão e de
“mecanismo de monitoramento”.

4.10. 10ª Sessão – Conferência Ministerial de Nairóbi


A Declaração Ministerial da 10ª Conferência Ministerial realizada em Dezembro de 2015
tem 3 partes que podem ser assim resumidas:

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Na parte I da Declaração temos um preâmbulo enfatizando a recuperação da crise financeira


internacional de 2008. Essa parte I ainda destaca que a Conferência marca o 20º aniversário
da OMC, ressaltando as seguintes conquistas e desafios...
a) O papel dos órgãos da OMC em prover informações e compartilhar experiências para
efetiva implementação de suas provisões, incluindo o monitoramento de políticas comerciais.
b) A continuidade da OMC como fórum de negociação de regras multilaterais.
c) Destaque para a 4ª Sessão em que foi lançada pela primeira vez na história do GATT e
da OMC uma Rodada do Desenvolvimento: o Programa de Trabalho de Doha. Nele, se destaca
a adoção do Protocolo emendando o Acordo TRIPS e o Acordo de Facilitação de Comércio
como o 1º Acordo multilateral negociado desde a criação da OMC.
d) O OSC como meio para solução de conflitos ainda único no comércio internacional. O
sistema lida com um conjunto crescente de disputas o que revela a confiança dos membros
neste sistema. Vale destacar também o aumento da complexidade das disputas.
e) Resgata ainda os compromissos feitos nas sessões anteriores bem como na 4ª Confe-
rência da ONU para os PMDR (Países de Menor Desenvolvimento Relativo) em Istambul para
ajudar aos PMDR a garantir efetiva integração deles no sistema multilateral de comércio e
economia global.
f) Reconhece a contribuição de um “Marco Integrado e melhorado” (do inglês, “Enhanced
Integrated Framework”) como peça-chave para desenvolver as políticas de desenvolvimento
nos PMDR de sua capacitação para o comércio internacional. Reconhece ainda a iniciativa
de “Assistência para o Comércio” ajudando membros em desenvolvimento a construir sua
capacidade enquanto fornecedores bem como a infraestrutura necessária para o comércio.
g) Destaca também que foi completada a acessão de Cazaquistão, Iêmen e República
das Seicheles.
h) Destaca ainda o término dos procedimentos de acessão junto à OMC da Libéria e
Afeganistão.
Na parte II da Declaração temos os avanços no trabalho regular no Conselho Geral...
Foram adotadas as seguintes decisões:
• Programa de trabalho para pequenas economias
• Reclamações de Situação e Não violação do Acordo TRIPS
• Programa de Trabalho sobre Comércio Eletrônico (não imposição de direitos aduaneiros
sobre comércio eletrônico até próxima Ministerial em 2017)

Foram estendidos alguns prazos para aplicação de alguns artigos do TRIPS para PMDR em
certas obrigações relativas a produtos farmacêuticos, bem como foi concedido um “waiver”
(derrogação) de outros 2 dispositivos do TRIPS para os PMDR.
Sobre a Agenda de Desenvolvimento de Doha foi bem recebido o progresso que houve
nos seguintes temas:

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• AGRICULTURA

a) Os países em desenvolvimento poderão recorrer a um Mecanismo de Salvaguarda Es-


pecial (MSE) segundo prevê o § 7 da Declaração Ministerial de Hong Kong.
b) Os Membros atuarão com espírito construtivo para negociar e fazer esforços para
adotar uma solução permanente para a questão armazenagem pública de comida com o fim
de garantir alimentos (food security)
c) Membros decidem usar com moderação o recurso a todas as formas de subsídios à
exportação e medidas de exportação com efeito equivalente.
Agora sem dúvida a maior conquista foi a seguinte:

Obs.: Os países desenvolvidos se comprometeram a eliminar imediatamente os subsídios


às exportações que ainda restem em suas listas a partir da data de adoção desta
decisão. Já os países em desenvolvimento deverão eliminar seus subsídios à expor-
tação para fins de 2018. Os membros devem ainda não outorgar quaisquer formas
de crédito às exportações de produtos agrícolas.

• ALGODÃO

Sendo uma demanda especialmente formulada por Benin, Burkina Faso, Chade e Mali
(“Cotton Four”), destaca-se o progresso feito voluntariamente dos países desenvolvidos em
conceder tarifa zero e quota zero (Duty-Free/Quota-Free) para algodão e produtos obtidos a
partir de algodão quando produzidos e exportados por PMDR. Destaca-se também a elimi-
nação imediata de subsídios à exportação de algodão por países desenvolvidos e, até 1º de
Janeiro de 2017, por países em desenvolvimento.
Ressaltam-se ainda os mecanismos e assistências fornecidas para os produtos de algo-
dão dos PMDR.

• TEMAS REFERENTES AOS PMDR

“Regras de Origem Preferenciais para PMDR”: elenca critérios que podem ser considera-
dos como transformação suficiente ou substancial para conferir origem de um produto aos
PMDR. Como exemplo, as Regras de Origem Preferenciais negociadas podem permitir que,
para serem produtos originários de PMDR, as mercadorias tenham até 75% de materiais não
originários dos PMDR. Ademais, para comprovação por salto tarifário é possível que seja tanto
em nível de posição como em nível de subposição no SH (5 a 6 dígitos).
Quanto à Implementação de Tratamento Preferencial em favor dos serviços e seus fornece-
dores de PMDR e aumento da participação dos PMDR no Comércio de Serviços foi estendido
até 2030 a derrogação da regra da Nação Mais Favorecida no setor, permitindo preferências
para os PMDR, dentre outras medidas.
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Na parte III foi destacado...


O comprometimento quando à marginalização dos PMDR no Comércio Internacional e o
aumento da sua efetiva participação no sistema multilateral de comércio.
Se reconhece que vários membros reafirmam a Agenda do Desenvolvimento de Doha, e
as Declarações e Decisões adotadas nas Conferências Ministeriais desde então, e reafirmam
o seu total comprometimento em concluir esta agenda. Por outro lado, outros membros não
reafirmam o mandato negociador de Doha, e acreditam que novas abordagens sejam neces-
sárias para se obter progresso nas negociações multilaterais. Aliás, os membros divergem
ainda como negociar esse processo.
Isso não obstante, todos os membros da OMC continuam engajados em negociar pontos
remanescentes de Doha tais como o tripé agricultura, ajuda doméstica, acesso a mercados
e concorrência na exportação, bem como NAMA, serviços, desenvolvimento, TRIPS e regras.

4.11. 11ª Sessão – Conferência Ministerial de Buenos Aires


A Declaração Ministerial da 11ª Conferência Ministerial realizada em Dezembro de 2017
trabalhou 5 eixos temáticos: Uma decisão ministerial sobre subsídios à pesca, um programa
de trabalho sobre comércio eletrônico, a questão de reclamações de não violação ao TRIPs,
programa de trabalho para pequenas economias, além de criar o grupo de trabalho para
acessão do Sudão do Sul.

4.12. 12ª Sessão – Conferência Ministerial de Nursultan


A 12ª Conferência Ministerial deveria ter acontecido há 2 anos, no Cazaquistão, mas a
pandemia fez com que ela só acontecesse em junho de 2022, mais especificamente entre os
dias 12-17 de junho. Inicialmente prevista para terminar em 15 de junho, a reunião ministerial
foi prorrogada por dois dias para permitir mais tempo para negociações e acordos.
Essas negociações ininterruptas entre as delegações produziram o chamado “Pacote de
Genebra”. O pacote adotado pelos membros inclui um documento final e um pacote sobre a
resposta da OMC a emergências, compreendendo:
• Acordo Multilateral sobre subsídios à pesca;
• Declaração Ministerial sobre a Resposta de Emergência à Insegurança Alimentar;
• Decisão Ministerial sobre Isenções de Compras de Alimentos do Programa Mundial de
Alimentos (PAM) de Proibições ou Restrições à Exportação;
• Declaração Ministerial sobre a Resposta da OMC à Pandemia de COVID-19 e Preparação
para Pandemias Futuras;
• Decisão Ministerial sobre o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual
Relacionados ao Comércio;
• Decisão sobre a Moratória do Comércio Eletrônico e Programa de Trabalho

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Na declaração final, constou o compromisso de se trabalhar na reforma institucional da


OMC em suas 3 funções fundamentais:
− Negociação;
− Monitoramento;
− Solução de controvérsias

Sobre esta última, os membros declararam que pretendem ter um sistema funcionando
por completo em 2024.
Sobre subsídios à pesca, tivemos de fato a negociação de mais um acordo internacional.
Este assunto foi lançado em Doha (2001), com o fim de esclarecer e aprofundar as regras
sobre o tema. Em 2021 foi submetido o rascunho e, depois de mais de 20 anos de negocia-
ção (isso mesmo, 20 anos!), o texto foi assinado na Conferência Ministerial de 2022. O tema
ainda é item da Meta de Desenvolvimento Sustentável n. 14.6 da ONU. Trata-se, portanto, do
segundo acordo multilateral de comércio após a Rodada Uruguai.
Sobre segurança alimentar, cuja proposta de uma regra permanente para subsídios ilimita-
dos destinados a estoques públicos de alimentos era capitaneada por Índia e Indonésia, pouco
se avançou, pois Brasil, EUA, e o Grupo Cairns (17 exportadores agrícolas) fizeram oposição.
Houve apenas uma declaração de intenções. Nela constou, por exemplo, a importância de
não se impor restrições às exportações de alimentos. Foi afirmado ainda que os estoques de
alimentos podem contribuir para a concretização dos objetivos estatais de segurança alimen-
tar, encorajando membros que tenham excedentes a disponibilizar os mesmos no mercado
internacional, de forma consistente com as regras da OMC. Foi também mantida a proibição
de subsídios às exportações agrícolas conquistada na ministerial de Nairóbi (2015). Ao que
parece, o não retrocesso do tema foi visto como uma vitória para o Brasil.
Vale ainda destacar que foi veiculada Decisão Ministerial para não se aplicar nas compras
de alimentos do Programa Mundial de Alimentos (PAM) qualquer proibição ou restrição às
exportações de alimentos. A PAM é a maior agência humanitária do mundo, subsidiária da
ONU, sediada em Roma, fundada em 1961.
Sobre resposta da OMC à Covid-19, esse era um tema que desde 2020 Índia e África do
Sul pressionavam a OMC para obter suspensão provisória de patentes relacionadas às vacinas
contra a Covid-19, pois, como é de se imaginar, países mais pobres têm mais dificuldade de
acesso às vacinas. Ainda em 2020, foi apresentada proposta no Comitê de TRIPS da OMC,
tendo os EUA apoiado a quebra de patentes das vacinas conta a Covid-19, demonstrando uma
postura mais alinhada ao direito à saúde e não somente defendendo o interesse financeiro da
indústria farmacêutica, que depende da manutenção do monopólio autorizado pelas patentes
para garantirem retorno aos investimentos em pesquisa. O Brasil, por outro lado, não havia
se alinhado explicitamente com essa bandeira de quebra de patente das vacinas para países
em desenvolvimento, mas fez parte do consenso no final.

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Diante desse cenário, na 12ª ministerial foi possível chegar a uma conclusão contendo
autorização para que os países possam sem a autorização do detentor da patente, limitar
direitos de exploração sobre a produção e fornecimento de vacinas. Mecanismo semelhan-
te, no entanto, não existe para remédios contra a Covid-19. A ideia dos membros da OMC
foi justamente defender a transferência de tecnologia por meio da quebra das patentes das
vacinas e a diversificação dos locais de produção delas, para acelerar a imunização global
contra a Covid-19.
Para as futuras pandemias, houve apenas uma declaração de intenções, no sentido de
reafirmar as regras do TRIPs e a Declaração do Acordo TRIPs e Saúde Pública firmado em
2001 em Doha.
Houve ainda a renovação da moratória para não se cobrar direitos aduaneiros sobre
transmissões eletrônicas (comércio eletrônico) até 31 de dezembro de 2023, ou até a próxima
Conferência Ministerial, podendo a moratória se estender até 31 de março de 2024.
Segundo a Diretora-Geral da organização, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala:

o pacote de acordos que vocês alcançaram fará a diferença na vida das pessoas ao redor do
mundo. Os resultados demonstram que a OMC é, de fato, capaz de responder às emergências de
nosso tempo. Eles mostram ao mundo que os membros da OMC podem se unir, através das linhas
geopolíticas, para resolver os problemas dos bens comuns globais e para reforçar e revigorar esta
instituição. Eles nos dão motivos para esperar que a competição estratégica possa existir ao lado
do crescimento estratégico cooperação.

O resultado, portanto, foi visto como uma vitória para a Diretora-Geral que expressou a
sua convicção de que

o comércio é parte da solução para as crises do nosso tempo e observou que a OMC “pode e
​​ deve
fazer mais para ajudar o mundo a responder à pandemia, enfrentar os desafios ambientais e pro-
mover uma maior inclusão econômica”.

No entanto, Okonjo-Iweala observou que as diferenças em algumas questões agrícolas,


incluindo estoque público para fins de segurança alimentar, apoio doméstico, algodão e acesso
a mercados “significavam que não poderíamos chegar a um consenso sobre um novo roteiro
para trabalhos futuros”. No entanto, ela acrescentou, “os membros encontraram um senso de
propósito renovado: eles estão determinados a mantê-lo com base nos mandatos existentes,
com o objetivo de alcançar resultados positivos no MC13”.
Além disso, os ministros adotaram duas decisões – sobre o Programa de Trabalho sobre
Pequenas Economias e sobre as reclamações de não violação e situação do TRIPS – e uma
Declaração Sanitária e Fitossanitária para a Décima Segunda Conferência Ministerial da OMC:
Respondendo aos Desafios Modernos de SPS.
Analisadas as Conferências Ministeriais, “bora” exercitar:

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002. (FGV/FUNSAÚDE/2021) Desde 2020, um grupo de países em desenvolvimento, liderado


pela Índia e África do Sul, pressionam a Organização Mundial do Comércio (OMC) para obter
a suspensão provisória de patentes relacionadas a vacinas e medicamentos no combate ao
coronavírus. A proposta – apresentada pela primeira vez ao Conselho de Propriedade Inte-
lectual da entidade no fim de outubro – é questionada por países desenvolvidos (Adaptado
de https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/11/19).
As afirmativas a seguir identificam corretamente os principais posicionamentos na controvérsia
entre emergências humanitárias e direitos de propriedade sobre medicamentos, à exceção de
uma. Assinale-a:
a) Os países em desenvolvimento alegam que a manutenção das patentes para vacinas e me-
dicamentos contra o coronavírus, impacta os países mais pobres, dificultando a imunização
de suas populações.
b) O governo brasileiro defende o alinhamento à Índia e à África do Sul, ao solicitar, de imediato,
a quebra de patentes das vacinas contra a Covid-19, em função da gravidade da crise sanitária.
c) Os laboratórios donos das patentes das vacinas contra a Covid- 19 afirmam que a quebra das
patentes impede o retorno dos investimentos que fizeram e desestimula esse tipo de pesquisa
no futuro.
d) O governo norte-americano apoia as negociações na OMC para a quebra de patente das va-
cinas contra a Covid-19, superando o seu tradicional protecionismo da propriedade intelectual.
e) A OMC defende a transferência de tecnologia por meio da quebra das patentes das vacinas e
a diversificação dos locais de produção das mesmas, para acelerar a imunização global contra
a Covid-19.

Como se bem sabe, o Brasil teve uma postura desleixada na pandemia, o que implicou a demora
na obtenção de vacinas. Portanto, a única alternativa equivocada é a letra B
Letra b.

5. Conselho Geral
O Conselho Geral é o segundo órgão na hierarquia de tomada de decisão na OMC. Dife-
rente da Conferência Ministerial que se reúne ocasionalmente (representação temporária),
geralmente a cada 2 anos, o Conselho Geral é uma representação permanente dos membros
junto à OMC.
A composição é, em regra, formada por representantes de todos os membros da OMC, na
pessoa dos embaixadores ou representações em Genebra. O órgão também adota decisões
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em nome da Conferência Ministerial quando essa não está reunida. Como tem caráter per-
manente, o Conselho Geral acumula outras funções em que é demandado freqüentemente
para atingir aqueles objetivos propostos pela OMC. É portanto, um orgao com função híbrida,
que conduz ao mesmo tempo:
• Órgão de Revisão de Políticas Comerciais (ORPC), com um diferente presidente, realiza
exames de política comercial conforme o determinado pela decisão em mecanismo de
revisão de políticas comerciais; e,
• Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), com um diferente presidente, administra as
regras do Entendimento em Regras e Procedimentos que Governam a Solução de Contro-
vérsias (ESC). Da mesma forma que o ORPC, o OSC é a representação de todos os mem-
bros da organização. Assim, tem autoridade para estabelecer painéis, adotar relatórios
dos painéis e do Órgão de Apelação, supervisionar a implementação dos regulamentos
e recomendações, e autorizar a suspensão de concessões e outras obrigações sob o
acordo para o qual as disputas possam ser dirimidas no ESC.

5.1. Órgão de Revisão de Políticas Comerciais (ORPC)


Conforme falamos anteriormente, o Conselho Geral, atuando como Órgão de Revisão de
Políticas Comerciais, implementa a ideia de transparência da organização. Isso porque per-
mite que os membros sejam sabatinados pelos demais, periodicamente, a respeito de todas
as políticas comerciais que implementam. Isso é feito por meio de questionários e culmina
num relatório elaborado pelo Secretariado da OMC chamado de TPR (Trade Policy Review).
É claro que a informação ali contida não pode servir como prova num eventual contencio-
so da OMC, pois, do contrário, os membros não teriam motivo para falar sobre suas políticas
comerciais, não é mesmo?
Não servindo então de prova para o que “fazem de errado”, os membros fornecem respos-
tas para seus pares mediante um canal institucionalizado pela OMC.
Via de regra, os países com maior participação no comércio internacional (“The Quad” –
EUA, Japão, UE, China) são questionados de 2 em 2 anos; os próximos 16 países em termos
de participação no comércio mundial (dentre os quais inclui o Brasil) são questionados de
4 em 4 anos; os demais são questionados com periodicidade de 6 em 6 anos, podendo os
países de menor desenvolvimento relativo terem prazo ainda maior (8 anos). O Brasil teve
sua última sabatina do TPR publicada no final de 20229.

9
WTO, Trade Policy Review: Brazil, disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/tpr_e/tp532_e.htm.

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5.2. Órgão de Solução de Controvérsias (OSC)


Por outro lado, quando o Conselho Geral atua como Órgão de Solução de Controvérsias,
ele o faz a requerimento de um membro ou mais, decidindo se uma medida aplicada pelos
países está em desconformidade com um dos Acordos da OMC, seja no âmbito dos acordos
para comércio de Bens, Serviços, Propriedade Intelectual, ou ainda, algum Acordo Plurilate-
ral para aqueles membros que deles fazem parte (ex: Tecnologia da Informação, Compras
Governamentais).
Como a OMC é uma organização dirigida por membros (member-driven), somente os
membros – na condição de países ou territórios aduaneiros como autonomia comercial – é
que podem acionar o mecanismo do OSC. No entanto, o OSC já permitiu em diversas disputas
que atores privados submetam manifestações em casos de grande repercussão, na condição
de amigos da corte (Amicus Curiae).
São os estágios para solução de um conflito na OMC:
1º) Consultas – O membros devem em 60 dias tentarem resolverem por si só o pleito.
Caso não consigam, pode se pedir a instauração de um Grupo Especial (Painel) de 3 árbitros
para decidir a questão. É possível nesta fase, os membros da OMC que tiverem interesse na
discussão, pedirem sua intervenção como terceiros interessados, podendo se manifestar sobre
os pontos em discussão. Como o objetivo é encerrar a disputa, a qualquer tempo, as partes
podem encerrar, suspender ou resolver a disputa por outros meios como bons ofícios, mediação
e conciliação. Cabe destacar que o OSC tem, excepcionalmente, autorizado a atores privados
apresentarem submissões escritas, apesar de não serem membros da OMC. O primeiro caso
foi a disputa envolvendo pesca do camarão que causava mortalidade de tartarugas marinhas.
2º) Painel (Grupo Especial) – o Painel é um grupo temporário (ad hoc), composto por 3
árbitros, que vai decidir a questão de fato e de direito entre 6 a 9 meses e depois circular seu
relatório ao Órgão de Solução de Controvérsias para ser adjudicado, isso se as partes não
tiverem manifestado interesse em recorrer da decisão. Geralmente seu início se dá com o
estabelecimento do termo de referência em que vai se acordar o exame da questão à luz das
regras relevantes em seus respectivos acordos abarcados. Essas regras permitirão ao OSC
obter suas conclusões e formular recomendações, além de balizar os limites para interpretação.
3º) Apelação – Se as partes tiverem manifestado a intenção em recorrer, o Órgão de
Apelação, de caráter permanente e composto por 7 (sete) árbitros, irá decidir somente as
questões de direito, em até 90 dias. O OSC também indica pessoas para servir como membros
do Órgão de Apelação (4 anos prorrogáveis por mais 4). Não cabe recurso por parte dos 3ºs
interessados, mas somente dos membros envolvidos na disputa.
O relatório final então é circulado na reunião do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC)
e só pode ser rejeitado se houver consenso de todos os membros, inclusive a parte ganhado-

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ra (regra do consenso reverso ou consenso negativo)10. Essas recomendações não podem


diminuir ou aumentar os direitos e obrigações do Membros.
4º) Implementação – Adotada a Recomendação, a parte perdedora deve promover as
medidas e modificações legislativas necessárias para se por em conformidade aos acordos
da OMC. No entanto, pode haver dúvidas sobre o prazo razoável para se promover essas al-
terações, o que pode ensejar uma arbitragem sobre prazo razoável. Achado o prazo razoável,
mas não promovidas as modificações pela membro vencido, a parte vencedora pode pedir
ao OSC autorização para suspender concessões feitas para o país perdedor (retaliação).
Se houver dúvidas quanto ao montante de comércio afetado pela retaliação pode haver
nova arbitragem para solucionar esta questão (arbitragem sobre suspensão de concessões).
Se a retaliação não for suficiente, pode o vencedor pedir para retaliar em outros acordos que
envolvam valores mais expressivos de comércio, como Serviços e Propriedade Intelectual. A
isso chamamos de “retaliação cruzada”.
Vale ainda destacar que em quase 30 anos de existência, o OSC era tido como o tribunal
internacional de maior êxito da história, contando com mais de 600 disputas notificadas, um
índice de cumprimento das recomendações de mais de 80%, e o Brasil sendo um dos países
em desenvolvimento que mais ativos do sistema.
Antes de seguirmos adiante, é preciso destacar um ponto importante que pode cair em
sua prova: o esvaziamento do Órgão de Apelação da OMC.
Como dissemos anteriormente, o Órgão de Apelação é constituído por 7 árbitros, com
mandato de 4 anos renováveis por mais 4 anos. No entanto, a administração do ex-presi-
dente Donald Trump impediu a nomeação de novos juízes, o que vem se prolongando até os
dias de hoje.
Confira uma notícia que resume bem a manobra norte-americana:

Este 10 de dezembro de 2019 marca um ponto de inflexão importante na história da governança


global das relações econômicas. Morreu hoje, aos 24 anos, o Órgão de Apelação da OMC. Foi
assassinado pelos EUA, por asfixia.
Desde 2017, a administração Trump vem bloqueando a formação do consenso necessário para
nomear os sete juízes do tribunal recursal. Com o término do mando de dois dos últimos tres juízes
remanescentes, a partir de hoje o Órgão de Apelação deixa de ter o quórum mínimo para emitir
julgamentos e, portanto, deixa de ser operacional.
Descanse em paz.
As razões para o homicídio são claras. Os EUA sempre forma maus perdedores e não raro resis-
tiam em implementar decisões desfavoráveis emitidas pelo Órgão de Apelação, particularmente

10
Na época do GATT, o consenso para implementação de um relatório deveria ser positivo, ou seja, todos deveriam se manifes-
tar pela sua adoção, inclusive a parte perdedora. É claro que este foi um dos problemas que tornava frágil este mecanismo
na época do GATT. Agora, com a OMC o Entendimento de Solução de Controvérsias, deve haver “consenso negativo” para a
não implementação de um relatório, devendo o membro ganhador também concordar com a não adoção do relatório.

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em disputas relativas à aplicação de medidas de defesa comercial (salvaguardas, antidumping e
antissubsídios).
Para os americanos, o Órgão de Apelação não era suficientemente deferente às decisões emiti-
das por suas agências especializadas. Os EUA também consideram que os acordos da OMC têm
natureza contratual e, portanto, cabe aos jogadores – e não ao juiz – interpretar as regras do jogo.
Assim, sempre que o Órgão de Apelação adotava interpretações divergentes de cláusulas delibe-
radamente ambíguas, os americanos pediam falta e reclamavam de usurpação indevida de sua
soberania.
Apesar dessas dificuldades, nas duas primeiras décadas da OMC os americanos entenderam que
a barganha ainda lhes era favorável. O relativo desconforto em matéria de defesa comercial era
compensado pelos ganhos obtidos em outros temas, como direitos de propriedade intelectual e
comércio de serviços.
O fator que mudou este cálculo para os americanos foi a ascensão econômica e comercial da
China desde sua acessão à OMC, em 2001. Donald Trump foi eleito com um claro mandato para
combater o modelo de “economia socialista de mercado” chinês e assim reverter o processo de
desindustralização em setores pouco eficientes de sua economia.
Para esses grupos, o Órgão de Apelação era um empecilho à habilidade americana de combater
práticas desleais de comércio chinesas, e a barganha originalmente negociada em 1995 não valia
mais a pena. Foi o princípio do fim.
Não estou entre aqueles que consideram que o fim do Órgão de Apelação prenuncia um total es-
vaziamento do sistema multilateral de comércio, ou mesmo do mecanismo de solução de contro-
vérsias da OMC. A organização continua ativa como foro negociador em temas importantes como
subsídios à pesca, comércio digital e ambiente, e seu membros continuam utilizando o mecanismo
de solução de controvérsias.
No entanto, sem o Órgão de Apelação, a função de resolução de conflitos da OMC se torna menos
previsível e mais assimétrica. As grandes economias terão a alavancagem necessária para resolver
suas disputas comerciais dentro do sistema, ao passo que as economias menores ficarão a ver
navios. Quem pode mais chorará menos11.

Com o órgão esvaziado, dois desdobramentos importantes sobrevieram. Primeiro, foi


criado um arranjo plurilateral (MPIA)12 entre diversos membros da OMC (atualmente 52 dos
164) para decidir, interinamente, eventuais recursos às recomendações dos painéis da OMC.
Trata-se, portanto, de um sistema alternativo para julgar as apelações relativas às decisões
dos painéis da OMC, na ausência de juízes no Órgão de Apelação da OMC.

Obs.: Os membros da OMC podem recorrer ao uso do MPIA nos termos do Artigo 25 do
Entendimento de Solução de Controvérsias da OMC, como um mecanismo alternativo
para solução de controvérsias. O MPIA incorpora as regras de revisão de apelação da

11
BENTES, Pablo. Morre hoje, aos 24 anos, o Órgão de Apelação da OMC, Folha de São de Paulo, 10.12.2019. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/12/morre-hoje-aos-24-anos-o-orgao-de-apelacao-da-omc.shtml.
12
No inglês, Multi-Party Interim Appeal Arbitration Arrangement (MPIA).

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OMC e, em uma disputa entre membros, substituirá os processos de apelação ante-


riores e também se aplicará a futuras disputas entre membros.
 Ao notificar o Órgão de Solução de Controvérsias, qualquer membro da OMC pode
ingressar no MPIA e o sistema provavelmente permanecerá em vigor enquanto o
Órgão de Apelação não estiver funcionando.
 Em uma etapa final de operacionalização do MPIA, em julho de 2020 dez árbitros
foram nomeados para ouvir os recursos dos relatórios do painel da OMC no âmbito
do MPIA. Para disputas entre os membros que fazem parte dele, o MPIA serve como
uma solução temporária para o impasse do Órgão de Apelação da OMC13.

Em segundo lugar, aqueles que não fazem parte do MPIA e saem perdedores em painéis,
passaram a “apelar no vazio” (appeal into de void), para um tribunal sem juízes, impedindo a
implementação das decisões dentro das regras do jogo. Como resposta a isso, o Brasil editou
a Lei da Retaliação Unilateral para estes casos (Lei n. 14.535, de 26 de maio de 2022). Assim,
mesmo num caso de apelação pendente de análise (e consequentemente sem autorização
da OMC para retaliar), o Brasil poderá de forma unilateral usar da retaliação (suspensão de
concessões da OMC) como instrumento de pressão.
A Lei, portanto, dispõe sobre procedimentos de suspensão de concessões ou de outras
obrigações na hipótese de descumprimento de obrigações multilaterais por membro da OMC.
A Lei aborda a competência da Camex para suspender concessões numa disputa normal,
isto é, com painel ou apelação circulados e adotados entre os membros (com autorização do
Órgão de Solução de Controvérsias pelo não cumprimento da decisão). Além disso, traz para
a Camex a competência para dispor sobre suspensão de concessões (retaliação) quando
houver apelação pela parte perdedora, que não possa ser analisada (no vazio), e depois de
esgotado prazo de 60 dias da notificação de intenção de suspensão de concessões:

Art. 1º Esta Medida Provisória dispõe sobre procedimentos de suspensão de concessões ou de


outras obrigações na hipótese de descumprimento de obrigações multilaterais por membro da
Organização Mundial do Comércio – OMC.
Art. 2º Compete à Câmara de Comércio Exterior – CAMEX suspender concessões ou outras
obrigações do País, nas seguintes hipóteses de descumprimento de obrigações multilaterais por
membro da OMC:
I – quando a República Federativa do Brasil for autorizada pelo Órgão de Solução de Controvérsias
da OMC a suspender a aplicação de concessões ou de outras obrigações para o referido membro
previstas em acordos da OMC; ou
II – quando o relatório de grupo especial da OMC confirmar, no todo ou em parte, as alegações
apresentadas pela República Federativa do Brasil, na condição de parte demandante, desde que:

13
GENEVA TRADE PLATFORM. Multi-Party Interim Appeal Arbitration Arrangement (MPIA). Disponível em: https://wtoplurilate-
rals.info/plural_initiative/the-mpia/.

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a) exista apelação pelo membro da OMC, na condição de parte demandada, nos termos do disposto
no Artigo 17 do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias,
constante do Anexo 2 à Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de Negociações
Comerciais Multilaterais do GATT, promulgada pelo Decreto n. 1.355, de 30 de dezembro de 1994;
b) a apelação não possa ser apreciada pelo Órgão de Apelação ou o relatório deste último não
possa ser aprovado pelo Órgão de Solução de Controvérsias da OMC; e
c) tenha decorrido o prazo de sessenta dias após notificação da República Federativa do Brasil ao
membro da OMC demandado sobre a intenção de suspensão de concessões ou de outras obrigações.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso II do caput, a suspensão de concessões ou de outras
obrigações não será superior à anulação ou aos prejuízos causados aos benefícios comerciais do
País pelo referido Membro da OMC.
Art. 3º No que se refere a medidas de suspensão de concessão ou de outras obrigações relativas a
direitos de propriedade intelectual, será observado o disposto na Lei n. 12.270, de 2010. [grifou-se]

Ademais, a Lei altera a Lei n. 12.270, de 24 de junho de 2010, marco legal da retaliação
instituído em 2010 por força do contencioso do algodão entre o Brasil e os EUA, autorizando
suspensão de concessões de forma unilateral pelo Brasil, inclusive na forma de retaliação em
outros acordos como de propriedade intelectual (TRIPS), em casos de “apelação no vazio”.
Portanto, para a retaliação unilateral pelo Brasil, são necessárias 3 (três) condições:
• que haja apelação pela parte perdedora;
• que este recurso não possa ser analisado pelo Órgão de Apelação (“Apelação no Vazio”); e,
• que se esgote o prazo de 60 dias da notificação de intenção de suspensão de concessões.

Na prática, a Lei permite ao país retaliar nos casos contra Indonésia (disputa do frango)
e Índia (disputa do açúcar), servindo como elemento de pressão contra esses países para se
colocarem em conformidade à decisão da OMC de primeira instância (painel), em que pese
a retaliação não tenha sido legitimada por autorização do OSC.
Por fim, cumpre destacar que, tal como prescreve as normas de retaliação da OMC, essa
suspensão das concessões como forma de retaliação não pode ultrapassar o montante dos
prejuízos causados ou benefícios comerciais obtidos pelo país que aplicou a medida repro-
vada pela OMC.
Perceba que demos bastante detalhes aqui sobre esse tema, pois ele pode ser um “pra-
to cheio” para sua prova discursiva. Portanto, você não vai errar uma questão que cobre o
acordo constitutivo da OMC e a paralisação de parte da sua estrutura dedicada à solução de
controvérsias...
Vamos então resolver algumas questões sobre nossa matéria...

003. (FGV/OAB/2017) O mecanismo de solução de controvérsias atualmente em vigor no


âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi instituído em 1994 por meio do En-
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tendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias, constantes


do Tratado de Marrakesh, e vincula todos os membros da organização.
A respeito do funcionamento desse mecanismo, assinale a afirmativa correta.
a) Uma vez acionado o mecanismo de solução de controvérsias, os Estados em disputa ficam
impedidos de recorrer a formas pacíficas de solução de seus litígios, tais como bons ofícios,
conciliação e mediação.
b) A decisão, por consenso, acerca da adoção de um relatório produzido pelo grupo especial,
integra o rol de competências do Órgão de Solução de Controvérsias, ainda que as partes em
controvérsia escolham não apelar ao Órgão Permanente de Apelação.
c) As recomendações e decisões do Órgão de Solução de Controvérsias poderão implicar a
diminuição ou o aumento dos direitos e das obrigações dos Estados, conforme estabelecido
nos acordos firmados no âmbito da OMC.
d) As partes em controvérsia e os terceiros interessados que tenham sido ouvidos pelo grupo
especial poderão recorrer do relatório do grupo especial ao Órgão Permanente de Apelação.

A) Errada. Sempre é incentivada a solução do conflito, por qualquer forma pacífica. Por isso,
bons ofícios, mediação e conciliação podem resolver a disputa em qualquer tempo.
B) Certa. Qualquer relatório – seja do painel ou do órgão de apelação – é uma manifestação do
Conselho Geral da OMC, que nada mais é do que a voz de todos os membros da organização.
Portanto, ele é uma manifestação do consenso da OMC, que só pode deixar de se aplicado se
houver consenso em sentido contrário, pela sua não aplicação, inclusive do ganhador da disputa.
Isso pode ser usado quando todos os membros da OMC, inclusive o ganhador da disputa, não
queira que determinado relatório forme jurisprudência.
C) Errada. É claro que o que foi negociado não pode ser aumentado ou diminuído em um con-
tencioso. Há proibição expressa no Entendimento de Solução de Controvérsias para o chamado
“ativismo judicial”. Aliás, essa é uma das críticas dos EUA ao OSC.
D) Errada. As terceiras partes não possuem direito de recurso, não podendo também implementar
ou fazer parte de qualquer retaliação se não estiverem na disputa na condição de Reclamante
ou Reclamado.
Letra B

004. (FGV/OAB/2013) A Organização Mundial do Comércio (OMC) não abre a possibilidade


de participação de atores privados no contencioso, como amici curiae.

Item falso. A OMC já abriu em algumas disputas a possibilidade de entidades privadas submete-
rem seu ponto de vista a respeito de determinado contencioso, mesmo sem o OSC ter solicitado

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essas opiniões. Cita-se, por exemplo, a disputa envolvendo os EUA e as medidas relacionadas
à pesca do camarão, que implicam mortalidade de tartarugas marinhas.
Errado.

Vamos falar então dos órgãos ligados ao Conselho Geral...

6. Conselhos
Há ainda outros três conselhos que, cada qual lidando com uma área diferente do comér-
cio, reportam-se diretamente ao Conselho Geral. Como seus próprios nomes indicam, esses
conselhos fragmentam-se nos temas cobertos pelas três subdivisões do anexo 1. Assim, são
responsáveis, respectivamente, pelo Comércio de Mercadorias (Anexo 1A); Serviços (Anexo
1B); e, Propriedade Intelectual (anexo 1C).
• a) O Conselho para o Comércio de Mercadorias (ou Conselho de Bens) supervisiona não
só os temas do GATT, mas sim, todos os temas relacionados a cada um dos acordos
relativos ao comércio de mercadorias. Assim, o Conselho de Mercadorias se subdivide
em 11 comitês de trabalho em assuntos específicos (e.g. agricultura, acesso a mercados,
subsídios e medidas antidumping). Esses comitês são compostos por todos os mem-
bros. Atualmente esta estrutura será composta por mais um Comitê, totalizando 12 para
o comércio de bens14.
• b) O Conselho para o Comércio de Serviços supervisiona os assuntos relativos ao Acordo
GATS. Seu Conselho tem órgãos que lidam com serviços financeiros, regulamentações
domésticas, regras do GATS e compromissos específicos15.
• c) O Conselho para os Aspectos do Comércio Relacionados à Propriedade Intelectual
(Conselho TRIPS) supervisiona temas relacionados ao Acordo TRIPS.

Da mesma forma que o Conselho Geral, esses Conselhos são órgãos de caráter perma-
nente, compostos por todos os membros da OMC, podendo ainda se subdividir.

7. Comitês
O Comitê de Negociações Comerciais foi criado pela Declaração Ministerial de Doha com
o propósito de acompanhar a nova rodada de negociações, possuindo, inclusive, poderes para

14
Há ainda 5 outros comitês e 1 Subcomitê que são ligados diretamente ao Conselho Geral, cuidando não da implementa-
ção de acordos específicos, mas sim, de temas que permeiam a OMC: Comitê de Acordos Regionais; Comitê de Comércio
e Desenvolvimento contendo o Subcomitê de Países de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR); Comitê de restrições à
Balanço de Pagamentos; e, Comitê de Orçamento, Finanças e Adminstração. Há ainda ligado ao Conselho Geral o Comitê
de Negociações Comerciais.
15
Conta com Comitê de Comércio de Serviços Financeiros.

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criar órgãos subsidiários, capazes de lidar individualmente com temas em pauta da Agenda
Doha. Atuam, ainda, sob a autoridade do Conselho Geral.
Seis outros órgãos se reportam ao Conselho Geral. Se sua abrangência temática for redu-
zida, tratam-se então de comitês. Mesmo assim, esses órgãos são representações de todos
os membros da OMC.
São exemplos de comitês temáticos, vinculados ao Conselho Geral:
• Comércio e Desenvolvimento;
• Comércio e Meio Ambiente;
• Acordos Regionais de Comércio;
• Restrições a Balanço de Pagamentos
• Orçamento, Finanças e Administração.

Outros comitês criados na Conferência de Cingapura foram:


• Relação entre comércio e investimento (inativo)
• Relação entre comércio e política da concorrência; (inativo)
• Transparência em compras governamentais (inativo)
• Facilitação do comércio (vinculado ao Conselho de Bens).

Os três primeiros foram desativados em razão das diferenças de opiniões que suas te-
máticas envolviam. Já o comitê de facilitação do Comércio continuou ativo e obteve maior
relevância a partir da negociação do Acordo de Facilitação do Comércio.
Além desses, dois órgãos subsidiários lidam com os acordos plurilaterais, ou seja, aqueles
acordos que não fazem parte do “compromisso único” (single undertaking) e, portanto, não
são obrigatoriamente assinados por todos os membros da OMC. Dentre eles, podemos citar:
• Comitê de Compras Governamentais
• Comitê sobre o Acordo de tecnologia da Informação
• Comitê sobre o Comércio de Aeronaves Civis

Brasil não aderiu a nenhum destes três acordos plurialterais, ou seja, não participa como
membro efetivo destes respectivos comitês que cuidam da sua implementação. Analisada a
estrutura da OMC, passemos então ao seu processo de tomada de decisões.

8. Tomada de Decisões na OMC


Outro aspecto importante que você devem ter em mente diz respeito ao processo decisó-
rio na OMC. Conforme analisado em sua estrutura, você deve ter visto que as Conferências,
Conselhos, Comitês, são sempre compostos por todos os membros da organização.

Ora Professor, quer dizer que a OMC, apesar de possuir personalidade jurídica própria, tem
como base de sustentação os membros que a integram?
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Exato.
É assim com todas as organizações internacionais, por conta da sua personalidade jurí-
dica derivada da vontade dos Estados. Nesse contexto, o processo decisório não poderia ser
diferente senão baseado em consenso16 de seus membros: Essa é a regra!
Uma decisão por consenso, sobre um assunto submetido a sua consideração, ocorrerá
quando nenhum dos membros presentes à reunião se manifestar formalmente contrário à
decisão a ser tomada.

Se o consenso não puder ser alcançado, será permitida a votação.


Nesse caso, o artigo IX do Acordo OMC estabelece que as reuniões da Conferência Mi-
nisterial e do Conselho Geral, serão realizadas contabilizando-se um voto para cada Estado
membro (voto equitativo, por membro) e as decisões deverão ser tomadas pela maioria dos
votantes, a não ser que o Acordo OMC, ou outro relevante Acordo Multilateral de Comércio,
prescreva forma diferente:
• ¾ da maioria dos membros da OMC da Conferência Ministerial ou do Conselho Geral
podem adotar uma interpretação do Acordo OMC e dos Acordos Multilaterais;
• em circunstâncias excepcionais, a Conferência Ministerial pode decidir derrogar (waive)
um obrigação imposta no Acordo OMC ou qualquer Acordo Multilateral do Comércio por
¾ dos seus Membros, se o consenso não for alcançado;

Já as decisões sobre emendas às provisões dos Acordos Multilaterais de Comércio, de-


pendendo da prescrição do acordo, serão tomadas:
• 1ª possibilidade – por consenso.
• 2ª possibilidade – se o consenso não puder ser alcançado, 2/3 dos Membros. (Art. X)

16
Diferente da unanimidade, em que todos votam no mesmo sentido, o consenso é quando não houve objeção sobre deter-
minado ponto de votação, ainda que não tenha tido manifestação de todos.

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Quanto às decisões sobre a acessão de novos membros (e.g., Irã, Síria, ainda não fazem
parte da OMC), essas deverão ser tomadas pela Conferência Ministerial, por maioria de 2/3
dos seus membros (Artigo XII).
As regras sobre as finanças e o orçamento anual estimado, por sua vez, são aprovadas
por maioria de 2/3 dos membros da OMC no Conselho Geral, desde que presente mais da
metade dos membros da OMC.
Então você não pode esquecer:

QUÓRUM SITUAÇÃO

Consenso Como regra, busca-se em todas as decisões.

- derrogação (waiver) de obrigações


¾
- interpretação de acordos
- acessão de novos membros
2/3 - emendas aos acordos
- aprovação de finanças e orçamento

Como muitas vezes, o consenso numa organização que possui, atualmente, 164 mem-
bros e diversos temas abordados é bem difícil, as reuniões informais, realizadas em grupos
menores, são vitais para que se alcance resultados concretos, bem como as Conferências
Ministeriais não ocorram em vão.
No entanto, devem ser realizadas com cautela uma vez que deve restar assegurada sua
transparência, bem como oportunidade de manifestação de quaisquer membros interessa-
dos em contribuir, garantindo o caráter “inclusivo” desses encontros. Essas reuniões são
informalmente conhecidas como “green room”, por conta das cores da sala de conferência
do Diretor-Geral.
Ou você acha que os países chegam sem costurar nada nos bastidores? Ora, é no “cafe-
zinho” onde tudo acontece, não é mesmo? rsrs
Vejamos algumas questões sobre o assunto:

005. (ESAF/ACE-MDIC/2012) Sobre o processo decisório da Organização Mundial do Co-


mércio (OMC), é correto afirmar que:
a) todas as decisões devem ser tomadas por consenso.
b) as decisões são tomadas por maioria de 3/4 dos membros, para pedidos de derrogação
temporária de obrigações por um membro e em casos envolvendo a interpretação de medidas
previstas nos acordos, e de 2/3 para casos que envolvam a modificação dos acordos e a aces-
são de novos membros.

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c) o consenso é a regra básica e quando não alcançado adota-se a votação por maioria simples,
de modo a conferir agilidade à Organização.
d) apenas as decisões relativas a modificações no Acordo constitutivo da própria Organização
e ao processo decisório são tomadas por consenso.
e) o consenso é regra básica para as decisões tomadas na Conferência Ministerial e no Con-
selho Geral, por serem as instâncias superiores de decisão na OMC, sendo a maioria de 3/4
necessária para a tomada de decisões nos demais Conselhos, Comitês e no Órgão de Solução
de Controvérsias.

a) Errada. Nem todas as decisões são por consenso. A regra é que haja consenso, mas alguns
assuntos específicos podem adotar o quórum de 2/3 ou ¾ dos membros.
b) Certa. De fato, 3/4 é o quórum para pedidos de derrogação temporária e casos de interpre-
tação; já o de 2/3 é para casos de modificação dos acordos e a acessão de novos membros.
c Errada. Não há previsão de votação por maioria simples.
d Errada. A maioria dos assuntos são por consenso. No entanto, modificação dos acordos é
possível pelo voto de 2/3.
e Errada. Consenso é a regra para qualquer instância da OMC, não havendo distinção de quóruns
por órgão da estrutura da OMC.
Letra b.

006. (ESAF/2012/AFRFB) Sobre o sistema multilateral de comércio e a Organização Mundial


do Comércio (OMC), assinale a opção incorreta.
a) A acomodação institucional dos acordos regionais de comércio dentro da OMC é fundamen-
tada no artigo XXIV do GATT 1994.
b) A partir da Rodada Tóquio do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), foi adotada a
cláusula de habilitação, aplicável aos países em desenvolvimento.
c) As decisões na OMC são, como regra geral, adotadas por consenso, inclusive com os votos
dos países de menor desenvolvimento relativo.
d) Na estrutura orgânica da OMC, o órgão máximo é a Conferência Ministerial, composta por
representantes de todos os membros.
e) Novos membros da OMC, em seu processo de acessão à Organização, devem denunciar os
acordos regionais que tenham assumido anteriormente.

a) Certa. O assunto da letra “A” será tratado na aula de integração e já vimos algo na última aula,
mas podemos afirmar de antemão é que sim no art. XXIV que se encontra um dos fundamentos
para acordos regionais na OMC. Certo o item.

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b) Certa. A “B” está correta, pois na Rodada Tóquio é que entra definitivamente a Claúsula de
Habilitação, que será outra permissão para criação de acordos regionais, agora com enfoque
nos países em desenvolvimento.
c) Certa. A “C” está perfeita, pois a regra de votação se baseia no consenso, e cada membro tem
o peso de um voto, não importando sua capacidade econômica ou participação no comércio
internacional.
d) Certa. A letra “D” está correta porque a Conferência Ministerial é a autoridade máxima da OMC.
e) Errada. A letra “E” é o gabarito da questão, pois está errada. Os países não precisam denun-
ciar os acordos regionais que tenham assumido antes de entrarem na OMC. Pelo contrário,
todos os membros da OMC fazem parte de pelo menos um acordo regional! São duas formas
de liberalização comercial que coexistem.
Letra e.

Cuidemos agora do processo de acessão (entrada) na OMC...

9. Processo de Acessão
Ao final da Rodada Uruguai e a consequente criação da OMC, 123 membros à época
acordaram em fazer parte dessa organização, aderindo a um equilibrado pacote de direitos
e obrigações. Esse pacote é o conhecido compromisso único (single undertaking), em que
todos os membros da organização, bem como os membros que pleiteiam a adesão a ela,
devem obrigatoriamente aderir, incluindo-se os Anexos 1A, 1B, 1C, 2, 3.
Assim, todos os membros da OMC possuem o mesmo arcabouço jurídico, ou seja, a Vene-
zuela tem a mesma legislação de defesa comercial que os EUA, que tem a mesma legislação
de TRIPS que a Taiwan, e assim por diante.

Peraí? Taiwan? Mas afinal, quem pode aderir à OMC?

Boa pergunta!
Segundo o Acordo da OMC, “todo Estado ou território aduaneiro que desfrute da plena
autonomia na aplicação de suas políticas comerciais” pode aderir à OMC.
Assim, Taipé Chinês (Taiwan) não tem sua soberania política reconhecida e autônoma
em relação à China, não sendo um sujeito de Direito Internacional clássico. No entanto, isso
não impede Taiwan de aderir como um membro distinto da China na OMC, pois, apesar de
não ser sujeito de Direito Internacional, é um território aduaneiro que possui autonomia na
aplicação de suas políticas comerciais e, ao manifestar essa vontade junto à OMC, aderiu
como membro da organização.
Vejamos a ilustração a seguir:

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Perceba que Hong Kong, que é importante centro financeiro da China, também aderiu
como membro da OMC, uma vez que também preenche essas condições! O mesmo ocorre
com Macau!
Então temos 4 membros – ou 4 origens distintas – com políticas comerciais autônomas
na OMC e, enquanto territórios aduaneiros separados, puderam aderir à OMC isoladamente.
Todavia, são pertencentes a uma só soberania política: a China!
Não me vá errar essa questão, hein?
Repito: a leitura do acordo verifica-se que não somente os Estados (países) podem aderir
à OMC, mas também territórios aduaneiros com autonomia comercial, distintos de Estados
soberanos.
Para não esquecer...

DICA!
Não só Estados, mas também territórios aduaneiros possuem
personalidade jurídica no âmbito do Direito da OMC. Por sua
vez, a OMC possui personalidade jurídica no âmbito do Direito
Internacional.

Vamos caprichar então na pontaria...

007. (CESPE/RIO BRANCO/2004) A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma agên-


cia vinculada à ONU, com personalidade jurídica própria de direito internacional, criada para
regular o comércio internacional. Assim, a adesão da República de Benguela à OMC deveria
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ser subordinada ao atendimento dos seguintes requisitos: ser membro da ONU, adequar a
legislação interna aos acordos existentes no âmbito da OMC, fazer concessões nas tarifas
aduaneiras e ser aceita por todos os países membros da OMC.

Questão boa, mas que possui uma série de erros. Em primeiro lugar, a OMC não tem vinculação
com a ONU. Para um país ser membro da OMC ele não precisa ser membro da ONU, mas sim
ser um Estado ou território aduaneiro com política comercial autônoma.
Daí eu pergunto para vocês: Palestina é um Estado?
Resposta: Depende...
Para o Brasil é. Para os EUA não é. Ela também não é membro da ONU por resistência deste último.
Mas isso a impede de entrar na OMC?
Não. A Palestina, enquanto território aduaneiro autônomo, pode sim aderir à OMC, ainda que
não seja um Estado reconhecido por todos.
O último erro da questão é que não precisa da aceitação de todos os membros (consenso), mas
sim, basta que 2/3 a aceitem na OMC.
Errado.

008. (INÉDITA/2022) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.


a) O GATT é uma convenção internacional, surgida na Conferência de Genebra (de 1947), que
disciplina os princípios norteadores das relações mercantis entre os Estados, tem por finalidade
a promoção do pleno emprego, a expansão do comércio internacional e a melhoria no padrão
de vida dos povos e, embora não tenha celebrado qualquer acordo com a ONU, com ela man-
tém relações estreitas, razão por que é costume incluí-lo como uma organização internacional
especializada da ONU.
b) A OMC Organização Mundial do Comércio, com sede em Genebra, foi criada pelo acordo fir-
mado em Marrakech (Marrocos) em 1994, o qual foi aprovado no Brasil por Decreto Legislativo
no mesmo ano e, após a sua promulgação, entrou em vigor em 1995.
c) É competência exclusiva da Organização Mundial do Comércio fiscalizar e regulamentar os
padrões básicos de proteção ao trabalhador
d) Em que pese a agressiva retórica protecionista expressa por quase todos os países, as duas
últimas décadas do século passado assistem à plena abertura dos mercados. Era a economia
deixando de ser internacional para se tornar efetivamente mundial, o que exigiu o fim de instân-
cias reguladoras do comércio, como foi o caso do GATT.
e) Constitui objetivo da Organização Mundial do Comércio permitir a criação de zonas francas
de comércio.

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a) Errada. O GATT não é organização especializada da ONU. Falso o item “A”.


b) Certa. A letra “B” está perfeita, pois os resultados da Rodada Uruguai foram aprovados no
Brasil pelo Decreto Legislativo 30/94 e Decreto 1.355/94, passando a vigorar em 1995.
c) Errada. A letra “C” está errada, pois a OMC não regula direitos do trabalhador.
d) Errada. A letra “D” também está errada, pois o GATT não foi extinto, mas sim, incorpora-
do pela OMC.
e) Errada. A letra “E” está errada porque a OMC não tem este objetivo.
Letra b.

Superado o estudo da sua estrutura, seguimos para outros pontos importantes desta
organização...

10. Outros Aspectos Importantes da OMC


Antes de encerrar nossa jornada, vale à pena destacar alguns outros detalhes que já foram
objeto de prova.
A OMC possui 3 (três) idiomas oficiais: inglês, espanhol e francês. Assim, todos os acordos
possuem como versão autêntica nos 3 idiomas. Todos os documentos de trabalho, decisões,
relatórios, discursos, são traduzidos para essas línguas.
Com também dissemos, a OMC, enquanto entidade com personalidade jurídica, pode
celebrar “acordos de sede”. Isso permite que a OMC firme um acordo com a Suíça, determi-
nando onde será sediada sua sede. A partir deste acordo, o Estado que sedia a organização
irá garantir privilégios e imunidades para os que trabalham na OMC, garantir que arquivos,
comunicações e publicações não sofrerão restrição, imunidade do devido processo legal, etc.
Vale ainda lembrar que qualquer Membro poderá se retirar da OMC. Tal retirada aplicar-se-á
tanto a este Acordo como aos Acordos Comerciais Multilaterais e terá efeito ao fim de seis
meses, contados da data em que for recebida a comunicação pelo Diretor-Geral da OMC. No
entanto, não cabe expulsão de membros, a exemplo do que ocorre na ONU.
Sobre reservas, cabe ainda falar que pelo princípio do “single undertaking” (compromisso
único), nenhuma reserva poderá ser feita em relação a qualquer dispositivo deste acordo, mas
somente na medida em que assim permitem os acordos multilaterais de comércio. Assim, por
exemplo, o Acordo de Valoração Aduaneira permite que os membros incluam ou não como
despesas integrantes do valor aduaneiro o frete, seguro e manuseio.

O que vocês acham que o Brasil fez?

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Inseriu essas despesas, alargando a base de cálculo dos tributos aduaneiros.


Outro detalhe é a possibilidade de não aplicação do Acordo entre os membros. Assim,
o Acordo da OMC e os Acordos Multilaterais dos anexos 1 e 2 não se aplicarão entre mem-
bros que, ao tempo da acessão de um destes não consinta com sua aplicação. Sobre essa
faculdade é curioso destacar que, por conta da herança da guerra fria, Rússia e EUA haviam
manifestado inicialmente esta opção, buscando afastar a aplicação dos acordos da OMC
entre eles. No entanto, antes do final dos 18 anos de negociação da acessão da Rússia, os
países mudaram de opinião e aceitaram todo o pacote entre si. Portanto, aplicam-se todos
os acordos da OMC entre Rússia e EUA
Sobre conflito de regras, vale destacar que não há hierarquia entre fontes do Direito Inter-
nacional. No entanto, caso os próprios países estabeleçam uma hierarquia, essa pode existir.
E foi isso que ocorreu no âmbito da OMC em duas situações. Vejamos:
• 1º) Quando houver conflito entre o Acordo Constitutivo da OMC e o qualquer Acordo
Multilateral de Comércio (ex. TRIPS, GATS, GATT, Antidumping, valoração Aduaneira,
etc.) o Acordo de Marraquexe prevalecerá à extensão do conflito. Assim, se a regra da
reserva do Acordo de Marraquexe estiver em conflito com a reserva existente no Acordo
de Valoração Aduaneira, prevalecerá o Acordo Constitutivo da OMC.
• 2º) Quando houver conflito entre o Acordo GATT e Acordos específicos sobre comércio
de bens (Anexo 1A), a Nota Geral interpretativa ao Anexo 1ª dispõe que, a provisão deste
acordo específico prevalecerá frente ao GATT/1994 à extensão do conflito. Assim, se
o Artigo VI do GATT (que dispõe sobre Antidumping) estiver em conflito com o Acordo
Antidumping da OMC, este último prevalecerá.

“Bora” exercitar...

009. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, a OMC tem personalidade legal e recebe de seus membros a capacidade
legal necessária para exercer suas funções. Entretanto, não pode concluir acordo de sede.

O erro do enunciado é que a OMC pode sim concluir acordos que visam dispor sobre sua pró-
pria sede. Em geral, toda organização internacional com personalidade jurídica pode celebrar
tal acordo.
Errado.

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010. (INÉDITA/2022) Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), é correto afirmar que:
a) ela é uma organização internacional de Bretton Woods, não vinculada ao sistema das Na-
ções Unidas.
b) Não faz parte do sistema das Nações Unidas e, por essa razão, não deve guardar coerência
com FMI e Banco Mundial.
c) Não permite que empresas façam parte do sistema, mas somente Estados soberanos.
d) tem personalidade jurídica de direito internacional conferida pelo Acordo GATT/1994.
e) qualquer de seus membros poderá dela se retirar, após seis meses da notificação dessa
intenção ao diretor-geral da OMC.

a) Errada. A OMC não é vinculada à ONU, bem como não foi criada em Bretton Woods.
b) Errada. Apesar da OMC não ser das nações unidas, ela deve sim guardar coerência com FMI
e Banco Mundial.
c) Errada. Territórios aduaneiros com política autônoma também podem aderir. Lembram dos
casos de Taiwan, Hong Kong e Macau? Pois é. Estes exemplos caem nessa regra.
d) Errada. A personalidade foi conferida pelo Acordo Constitutivo da OMC e não pelo GATT.
e) Certa. A retirada é possível, gerando efeitos 6 meses após a notificação ao Diretor-Geral.
Letra e.

Belezura? 
Se não houver dúvidas, seguimos o “baile” de hoje, rsrs! Depois de detalhada as origens da
OMC, sua estrutura, seu funcionamento, vamos falar um pouco dos acordos que ela contempla.
“Simbora” então...

11. Panorama Geral dos Acordos Abrangidos pela OMC


Como já falamos nas aulas anteriores, além do próprio acordo que institui a OMC, vários
outros fazem parte da OMC e, sua imensa maioria, são obrigatórios para seus membros. Eles
tratam dos temas mais diversos e alguns já mencionamos quando falamos de barreiras não
tarifárias.
Eles foram contemplados sob o guarda-chuva da OMC, sendo em sua maioria resultado
da última Rodada do GATT (Rodada Uruguai), firmados na Reunião Ministerial de Marraquexe
em Abril de 1994.
Esse pacote inclui cerca de 60 acordos e decisões que totalizam 550 páginas, bem como
a maior revisão já feita quanto ao GATT/1947. Após as negociações de 1994, ainda foram
produzidos textos jurídicos como o Acordo para Tecnologia da Informação, Serviços e Pro-
tocolos de Acessão à OMC.

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Após a Ata Final assinada em Abril de 1994 em Marraquexe, o Acordo Constitutivo da


Organização Mundial do Comércio (Acordo de Marraquexe) serve como um verdadeiro guar-
da-chuva, pois é ele que fornece o “esqueleto” de toda a organização.
De acordo com o seu conteúdo, o Acordo da OMC estabelece o escopo, funções, estrutura,
bem como fornece personalidade jurídica de Direito Internacional à organização. Dessa forma, a
OMC pode se relacionar com outras organizações e desenvolver sua vida própria, por meio de seu
orçamento, e tomar suas decisões na forma estabelecida, bem como emendar seus textos legais.
O Acordo da OMC possui quatro Anexos: os de número 1, 2, e 3 são chamados de Acor-
dos Multilaterais de Comércio (ou seja, vinculam indistintamente todos os membros da
OMC). Nesse contexto, ainda que alguns acordos tenham sido criados antes de 1994, na era
GATT/1947 (e.g. Antidumping, Valoração Aduaneira), eles não tinham a mesma abrangência
de hoje. Só com a Rodada Uruguai esses acordos, juntamente com outros que foram criados,
passaram a vincular todos os membros da organização (single undertaking), inclusive os que
posteriormente pleiteiem a sua entrada na OMC.
Por sua vez, no que toca ao Anexo 4, que contém os Acordos Plurilaterais de Comércio, a
vinculação não foi mantida. Como o próprio nome diz, esses acordos não obrigam todos os
membros da organização, mas somente aqueles que desejaram aderir.
Por exemplo, o Brasil não é signatário do Acordo de Compras Governamentais, tampouco
do Acordo de Aviação Civil, ambos acordos plurilaterais.
Portanto, não confunda...

DICA!
MULTILATERAL X PLURILATERAL
Acordos Multilaterais: vinculam obrigatoriamente todos aqueles
que querem aderir à OMC. Chamamos isso da regra do compromis-
so único (single undertaking). São exemplos, acordos dos anexos
1A (comércio de bens), 1B (serviços), 1C (Propriedade intelectual),
2 (solução de disputas) e 3 (revisão de políticas comerciais).
Acordos Plurilaterais: vinculam apenas as partes que a eles
quiserem aderir ao acordo, não sendo necessária a assinatura
de todos os membros da OMC. São exemplos os Acordos do
Anexo 4 (ex: Compras Governamentais), Acordo de Tecnologia
de Informação.
Essa distinção decorre do fato de que um grupo de temas/
acordos foi consenso na OMC, exigindo participação de todos
os membros na negociação (MULTILATERAL). Outro grupo
de assuntos não houve consenso e seguiram apenas para se-
rem assinados entre as partes que chegaram ao consenso.
(PLURILATERAL)

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Vamos então detalhar um pouco mais da estrutura dos acordos multilaterais.


Comecemos pelo Anexo 1, que é composto por três subdivisões:
• Anexo 1A (Acordos Multilaterais em Comércio de Mercadorias);
• Anexo 1B (Acordo Geral de Comércio de Serviços – GATS); e
• Anexo 1C (Acordo em Aspectos Relacionados ao Comércio dos Direitos da Propriedade
Intelectual – TRIPS).

Cabe destacar que os três Anexos refletem a atuação dos três conselhos criados na OMC
que vimos no início desta aula, lembram?
O Conselho de Bens, Serviços e de Propriedade Intelectual, todos vinculados ao Conselho
Geral, que é composto por todos os membros da organização.
No anexo 1ª (comércio de bens), podemos ainda destacar 14 acordos específicos assina-
dos na Rodada Uruguai, 1 obtido na Conferência Ministerial de Bali em 2013 e 1 na Ministerial
de Nursultan em 2022:
• GATT/1994
− Deve ser lido com o GATT/1947
− Entendimento sobre outros direitos e encargos
− Comércio entre empresas estatais
− Entendimento sobre balanço de pagamentos
− Entendimento sobre Acordos regionais (art. XXIV, GATT)
− Entendimento sobre derrogações de obrigações
− Retirada de concessões
− Protocolo de Marraquexe ao GATT/1994
• Acordo de Agricultura (AA)
• Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS)
• Acordo sobre Têxteis e Vestuários (expirou em 2005)
• Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)
• Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS)
• Acordo Antidumping (ADA)
• Acordo de Valoração Aduaneira (AVA)
• Acordo de Inspeção Pré-Embarque
• Acordo sobre Regras de Origem (ARO)
• Acordo sobre Licenciamento de Importação (ALI)
• Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (ASMC)
• Acordo de Salvaguardas
• Acordo sobre Facilitação do Comércio (2013)
• Acordo de Subsídios à Pesca (2022)

Vale reiterar que o Acordo de Facilitação do Comércio é o primeiro acordo alcançado após
a criação da OMC:
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EXEMPLO
OMC fecha pacto histórico que ampliará comércio em até 1 trilhão de dólares (Deutsche Welle
07/12/13)
Primeiro acordo para liberalização do comércio global em quase 20 anos de existência da orga-
nização, “Pacote de Bali” envolve, além do tópico agricultura, uma série de medidas de ajuda a
países em desenvolvimento. Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou neste sábado
(07/12) um acordo classificado como histórico em cúpula realizada na ilha de Bali, na Indonésia.
O pacto, obtido após quatro dias de intensas negociações, vai permitir avanços na liberalização
do comércio internacional.
“Desta vez houve consenso entre todos os membros”, anunciou o diretor-geral da OMC, o bra-
sileiro Roberto Azevêdo. Especialistas calculam que o acordo poderá representar um aumento
de até um trilhão de dólares no comércio global e gerar até 21 milhões de novos postos de
trabalho. Entretanto, grupos antiglobalização afirmam que ele beneficiará principalmente as
grandes corporações. O chamado “Pacote de Bali”, um acordo de facilitação do comércio global
por meio da redução de barreiras comerciais − porém menos ambicioso do que o previsto na
Rodada Doha − envolve, além de questões envolvendo agricultura, um pacote de ajudas a países
em desenvolvimento.
Vale destacar que este acordo entrou em vigor em 2017.
Primeiro da história da OMC.
Esse acordo global é o primeiro na história da OMC, que nasceu após a conclusão da Rodada
do Uruguai, em 1994 em Marraquexe, no Marrocos. O encontro abriu caminho para a criação
da organização, um ano depois.
O Programa de Doha para o Desenvolvimento – também conhecido como Rodada Doha – surgiu
na capital do Catar em 2001 com o objetivo de liberalizar o comércio entre os países-membros
da OMC e está estagnado desde 2008.

No Anexo 2 temos o Entendimento de Solução de Controvérsias, que nada mais é um dos


acordos anexos em que estão estabelecidas as regras que governam a solução de disputas
entre membros da OMC, em relação a alguma medida governamental que esteja desconforme
algum dos acordos abarcados pela OMC.
O Anexo 3, por sua vez, aborda o Mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais. Ambos
os anexos 2 e 3 também refletem funções do Conselho Geral de que falamos na aula anterior,
evidenciando as importantes funções da OMC de revisar políticas comerciais e de solucio-
nar disputas. Este anexo ainda permite que haja transparência para todos os membros da
OMC ao divulgarem em relatórios periódicos as práticas comerciais adotadas por cada um
dos membros.
Por fim, o Anexo 4 contém os Acordos Plurilaterais. Inicialmente, eram quatro acordos:
• Acordo para o Comércio de Aeronaves Civis (Brasil não aderiu);

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• Acordo em Compras Governamentais (Brasil não aderiu);


• Acordo Internacional de Lácteos (expirou em 1997)
• Acordo Internacional de Carne Bovina (expirou em 1997)

Podemos ainda citar como textos legais relevantes na OMC o entendimento em Compro-
missos de Serviços Financeiros e o próprio GATT/1947 que foi incorporado pelo GATT/1994.
Como resultados pós a Rodada Uruguai, podemos citar no comércio de bens o “Acordo
de Tecnologia da Informação” e no comércio de serviços os protocolos em:
• 2 protocolos em Serviços Financeiros
• Movimento de Pessoas Naturais
• Telecomunicações básicas

Além disso, os Protocolos de Acessão também são textos importantes para os países
que entraram na OMC depois da Rodada Uruguai. Nele, os membros que entram na OMC
negociam com os “membros veteranos” da organização os termos da entrada e as listas de
compromissos.
Vejamos como estão estruturados estes acordos.

Estrutura dos Acordos da OMC


Acordo que estabelece a OMC
Mercadorias Serviços Propriedade Intelectual
Conteúdo abrangido
(Anexo 1A) (Anexo 1B) (Anexo 1C)
GATT/1994
Regras Básicas (incorporado o GATS TRIPS
GATT/1947)
13 Acordos para bens 4 Protocolos de
Detalhes
e anexos Serviços
Compromissos de
Compromissos de Acesso a Compromissos de
calendários dos países
Mercados calendários dos países
(e exceções à NMF)
Solução de Controvérsias Entendimento de Solução de Controvérsias (Anexo 2)
Transparência Mecanismo de revisão de Política Comercial (Anexo 3)
Compromissos Plurilaterais Acordos Plurilaterais (Anexo 4)

É hora então de exercitar...

011. (ESAF/AFRF/2003) No presente, o sistema multilateral de comércio está conforma-


do pelo(a):

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a) Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA) e pela União Europeia.


b) Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), celebrado no âmbito da Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
c) Sistema Geral de Preferências.
d) Organização Internacional do Comércio (OIC).
e) Organização Mundial de Comércio, tendo como pilar o Acordo Geral de Comércio e Tarifas
(GATT), tal como revisto em 1994.

Questão moleza que cobra o acordo principal da OMC: o GATT/1994. Gabarito letra “E”.
Letra e.

012. (ESAF/AFRF/2003) Com o surgimento do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT),


iniciou-se um movimento de progressiva liberalização das trocas comerciais em escala global;
ainda, após mais de cinco décadas, o protecionismo subsiste e apresenta-se sob novas rou-
pagens. São exemplos de formas contemporâneas de protecionismo observadas no âmbito
da Organização Mundial do Comércio (OMC):
a) restrições ao investimento e cláusulas sociais nos acordos de integração.
b) o recurso abusivo a medidas antidumping e à concessão de subsídios à produção e à
exportação.
c) a adoção de quotas e outras restrições de natureza quantitativa.
d) arranjos preferenciais bilaterais e acordos regionais de integração.
e) direitos compensatórios e regras sobre direitos de propriedade intelectual.

O gabarito é a letra “B”. O uso abusivo do antidumping e os subsídios é que hoje são reclamados
como novas formas de proteção.
Letra b.

013. (FUNDAÇÃO EUCLIDES DA CUNHA/CODEVASF/2003) Com a criação da Organização


Mundial do Comércio as novas matérias que foram introduzidos no sistema multilateral de
comércio foram:
a) pesquisa tecnológica e corrupção;
b) unificação monetária e harmonização tributária;
c) dumping social e proteção do meio ambiente;
d) concorrência internacional e investimentos estrangeiros;
e) prestação de serviços e propriedade intelectual.

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A criação do Acordo GATS (para serviços) e TRIPS (para propriedade intelectual) são as grandes
novidades temáticas no arcabouço jurídico da OMC. Correto, letra “E”.
Letra e.

014. (CESPE/ACE/2008) O sistema multilateral de comércio, fundamentado nos princípios


do GATT e subsequentemente da OMC, rege o comércio entre países. Acerca desse sistema,
julgue o item a seguir:
A exemplo da OMC, as normas e os acordos no âmbito do GATT aplicam-se ao comércio de
mercadorias, de serviços e de direitos de propriedade intelectual referentes ao intercâmbio
externo, sendo, pois, subscritos por todos os países.

Errado o item. Bela pegadinha do CESPE. Apesar de todos esses assuntos estarem regulados
por acordos que devem ser subscritos por todos os países membros da OMC, as regras do GATT
somente se aplicam ao comércio de mercadorias, parte do Anexo 1A. Por sua vez, o tema servi-
ços é coberto pelo GATS, acordo do Anexo 1B. Por fim, Propriedade Intelectual é tema regulado
pelo Anexo 1C. Portanto, está errado em se falar que o GATT se aplicaria para os segmentos
se serviços e PI também.
Errado.

015. (CESPE/DIPLOMATA/2003) Sucessora do GATT, a OMC é uma das mais conhecidas


instâncias multilaterais dos dias atuais, tendo, entre outras, a missão de elaborar as normas
reguladoras do comércio mundial, zelar pela sua observância e julgar os contenciosos entre
os atores do mercado mundial.

Apesar da pequena impropriedade em se falar sucessora, pois a OMC encampou o GATT dentro
de si, ela tem funções importantes como negociar, resolver disputas, dar transparência. Correto,
portanto, o item!
Certo.

016. (CESPE/DIPLOMATA/2008/ADAPTADA) A OMC conta hoje com 164 membros. Dentre


os membros plenos da OMC temos Bolívia, Equador, Cuba, Rússia, Venezuela, China, que se
submetem ao sistema de solução de controvérsias dessa organização.

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Todos os países ali indicados estão na OMC. Certo, portanto, o item.


Certo.

017. (CESPE/RIO BRANCO/2009) São desafios centrais para a conclusão da Rodada de Doha
a definição de modalidades de liberalização e redução de subvenções para produtos agrícolas,
bem como o fechamento de acordo sobre o acesso a mercados para produtos não-agrícolas.

São exatamente as questões centrais de Doha: redução de subsídios (subvenções) e acesso a


mercados para produtos industriais (não agrícolas). Certo o item.
Certo.

018. (ESAF/ACE-MDIC/2012) A aprovação dos resultados da Rodada Uruguai, em 1995,


envolveu novos acordos no âmbito do sistema multilateral do comércio. Um dos acordos
obrigatórios para os Membros da OMC, e que estabelece regras sobre medidas governamen-
tais relativas aos investimentos estrangeiros relacionados ao comércio de bens, que violem
o Artigo III (tratamento nacional) e/ou o Artigo XI (eliminação de restrições quantitativas) do
GATT, recebeu a denominação de:
a) GATS.
b) Acordo de Licenciamento de Importações.
c) Entendimento Adicional sobre Investimentos em Serviços.
d) TRIMS.
e) TRIPS.

A questão cuida do Acordo sobre Medidas de Investimento relacionadas ao Comércio de Bens,


ou seja, TRIMs. Certo o item “D”.
Letra d.

019. (CESPE/DIPLOMATA/2009) Os acordos da OMC versam, principalmente, sobre comér-


cio de bens e de serviços e aspectos de direitos de propriedade intelectual relacionados ao
comércio, ficando todos os países-membros sujeitos às disposições e aos compromissos
neles estabelecidos.

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O item está perfeito. Os acordos da OMC cuidam exatamente sobre isso.


Certo.

020. (TJ-RS/2013/ADAPTADA) A Organização Mundial do Comércio (OMC) pela primeira vez


na história, elegeu um latino-americano para ser o seu Diretor-Geral. Durante os últimos 15
anos esse brasileiro trabalhou de forma contínua como embaixador do Brasil perante a OMC,
sendo um dos poucos que teve a coragem para contestar os subsídios agrícolas america-
nos e europeus, fato que proporcionou ao Brasil e aos países em desenvolvimento vitórias
legais de grande significado. Como se chama o Diretor-Geral que ficou à frente da OMC entre
2013 e 2021?
a) Celso Amorim
b) Antônio de Aguiar Patriota
c) Pascal Lamy
d) Roberto Azevêdo

Apesar de ser uma questão jornalística, ela cuida da eleição do Diretor Geral da OMC, o brasileiro
soteropolitano, Roberto Azevedo. Desde de março de 2021, o cargo de Diretor-Geral é exercido
por uma mulher africana, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala.
Letra d.

021. (ESAF/AFRF/2002-1) Nas últimas décadas, por meio de sucessivas rodadas de nego-
ciação conduzidas no âmbito do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, em especial a partir das
duas últimas – a Rodada Tóquio e a Rodada Uruguai -, as barreiras tarifárias foram gradual-
mente reduzidas. Nesse período, produziram-se normas, regras e acordos específicos que hoje
conformam o sistema multilateral de comércio. Sobre o alcance das disciplinas comerciais
ora vigentes no âmbito da OMC é correto afirmar que:
a) estão contempladas apenas questões tarifárias, o tratamento das barreiras não-tarifárias e
as práticas desleais de comércio.
b) além da liberalização do comércio de bens e de serviços, os compromissos firmados no
âmbito da OMC, incorporam temas relativos aos vínculos entre comércio, investimentos e pro-
priedade intelectual.
c) restringem-se, tais disciplinas, às práticas desleais de comércio e à resolução de disputas
comerciais.
d) a normativa multilateral não se aplica ao comércio de produtos agrícolas.

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e) estão contemplados, além dos temas comerciais, compromissos estritos sobre desenvolvi-
mento sustentável.

a/c/d) Erradas. Cuidado com o termo “apenas”. A OMC é rica de temas que são regulados por
seus acordos, desde serviços, agricultura, propriedade intelectual, valoração aduaneira, etc.
Portanto, erradas letras “A”, “C” e “D”.
b) Certa. A letra “B”, por sua vez, está perfeita, pois menciona de forma abrangente os temas
contemplados na OMC, falando de investimentos da única forma que podemos considerar dentro
da OMC: acordo que cuida de “vínculos” entre comércio e investimentos.
e) Errada. A letra “E”, por fim, está errada, pois não há compromissos de desenvolvimento
sustentável.
Letra b.

022. (CESPE/RIO BRANCO/2014) A Rodada Uruguai produziu o primeiro acordo multilate-


ral voltado para o comércio internacional de produtos agrícolas. No tocante ao acesso aos
mercados, tarifas foram convertidas em cotas, e, em relação ao apoio doméstico, buscou-se
reduzir subsídios, que elevam os preços internacionais.

A questão está errada pelo fato de, na verdade, as cotas terem sido convertidas em tarifas
(processo de tarificação). Além disso, os subsídios reduzem os preços internacionais, mas de
forma distorcida, com ajuda do governo.
Errado.

023. (CESPE/TJ-CE/2009) A OMC administra acordos multilaterais de comércio, como o


acordo TRIPS, que engloba os aspectos de direitos de propriedade intelectual relativos ao
comércio, e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).

O item está correto. A OMC engloba os acordos GATT, GATS, TRIPS, entre outros.
Certo.

024. (CESPE/CADE/2014) A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada para a libe-
ralização do comércio, de modo a possibilitar um fórum em que os governos possam negociar
acordos comerciais e resolver disputas. Tal procedimento de solução de controvérsias da
OMC contribui para a estabilidade da economia global.

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A questão está correta, pois essas são algumas das funções da OMC. O fato de ter um meca-
nismo de disputa, de fato, faz com que prevaleça o direito no comércio internacional, dando
uma certa estabilidade nas relações entre os membros da OMC.
Certo.

025. (CESPE/ANTAQ/2014) A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização


internacional que pretende assegurar que o comércio entre os países ocorra com a máxima
liberdade, facilidade, equidade e previsibilidade possível.

Este item também está correto, pois a OMC acaba por dar estabilidade para seus membros,
liberalizando o comércio, facilitando as trocas, garantindo maior previsibilidade nas relações.
Certo.

026. (ESAF/AFRF/2002-1) O sistema multilateral de comércio, conformado pela Organização


Mundial de Comércio (OMC), está amparado em um conjunto de acordos em que se definem
normas e compromissos dos países quanto à progressiva liberalização do comércio interna-
cional. Sobre tais acordos, é correto afirmar-se que:
a) abrangem o comércio de bens e de serviços e compromissos relacionados a investimentos.
b) abrangem o comércio de bens e de serviços e compromissos em matéria de propriedade
intelectual.
c) são conhecidos como Acordos Plurilaterais, por envolver a totalidade dos membros da OMC
e abrangem o comércio de bens e de serviços.
d) embora conhecidos como Acordos Plurilaterais, não são necessariamente firmados por
todos os membros da OMC.
e) são conhecidos como Acordos Plurilaterais e abrangem o comércio de bens, serviços e
compromissos em matéria de propriedade intelectual.

a) Errada. O erro da letra “A” é que não há compromisso em matéria de investimentos, conforme
será visto na explicação sobre o acordo TRIMS. O que existe é um acordo de medidas relacio-
nadas ao comércio de bens, que afetam investimentos. Aliás, a regulação de investimentos é
um tema sensível e extremamente controvertido na OMC, e nunca teve um consenso sobre sua
disciplina em nível multilateral. Assim, os países celebram acordos bilaterais para cuidar deste
assunto. Por essa razão, este “Tema de Cingapura” foi esvaziado.

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b) Certa. A letra “B” está perfeita, pois os acordos abrangem comércio de bens (Anexo 1A),
serviços (Anexo 1B) e Propriedade Intelectual (Anexo 1C).
c/d) Erradas. O erro da “C” é que acordos plurilaterais não envolvem todos os membros, mas
somente aqueles que quiseram aderir ao acordo. O que obriga a todos os membros são os
acordos multilaterais. Por essas razões a letra “D” também está errada, pois a imensa maioria
dos acordos da OMC são do tipo multilateral.
e) Errada. Por fim, letra “E” está errada também porque acordos dos Anexos 1A, 1B e 1C, envol-
vendo, respectivamente, bens, serviços e PI, são acordos multilaterais.
Letra b.

027. (FUNDAÇÃO UNIVERSA/APEX/2009) Assinale a alternativa correta em relação à Orga-


nização Mundial do Comércio (OMC):
a) Fazem parte da OMC apenas os países do chamado G-20, as vinte nações mais ricas do planeta.
b) A OMC conta com o Entendimento para Solução de Controvérsias, que ajuda na vigilância
do cumprimento das normas contidas nos vários acordos que regem o sistema multilateral
de comércio.
c) A OMC é subordinada ao Conselho Geral das Nações Unidas e define, entre outras coisas, a
tarifação sobre exportações e importações das principais commodities de energia.
d) O Brasil obteve vitória no Órgão de Solução de Controvérsias, no painel do aço contra a China.
e) A OMC atua de forma global com representantes nos diversos países membros, com a função
principal de fomentar blocos econômicos regionais.

a) Errada. A OMC é composta por 164 membros, não havendo restrição a um grupo fechado.
b) Certa. De fato, o órgão de solução de disputas é o que garante essa estabilidade das normas
e seu cumprimento.
c) Errada. A OMC não tem vinculação com a ONU.
d) Errada. Não há nenhum lítigio na OMC entre estes dois países. A China, por ainda, ainda preza
pela filosofia de não litigar contra países em desenvolvimento.
e) Errada. A OMC não fomenta blocos regionais, mas também não proíbe.
Letra b.

028. (VUNESP/CEAGESP/2010) São funções da Organização Mundial de Comércio (OMC):


I – gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio;
II – servir de fórum para comércio internacional;
III – supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes acordos pelos membros da
organização.

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Está correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.

De fato, a OMC tem a função de gerenciar (administrar) os acordos que compõem o sistema
(item I). Isso equivale a dizer que há supervisão da adoção e implementação destes acordos
(item III). Além disso, acaba sendo um foro para promover novas negociações (item II). Portanto,
os 3 itens estão corretos.
Letra e.

029. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, uma das funções da OMC é cooperar, no que couber, com o Fundo Mo-
netário Internacional (FMI), com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD) e com os órgãos a eles afiliados, visando alcançar maior coerência na formulação das
políticas econômicas em escala mundial.

Perfeito o item. Apesar de a OMC ter sido criada décadas depois das instituições de Bretton
Woods (FMI e BIRD), ela deve ainda guardar coerência com estas instituições.
Certo.

030. (ESAF/AFRF/2002-1) Sobre a Organização Mundial de Comércio, é correto afirmar que:


a) sua criação se deu com a extinção do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) ao final
da Rodada Uruguai em 1994.
b) entre suas principais funções, está a administração de acordos comerciais firmados por seus
membros, a resolução de disputas comerciais e a supervisão das políticas comerciais nacionais.
c) tem como objetivo principal operacionalizar a implantação de um sistema de preferências
comerciais de alcance global.
d) promove a liberalização do comércio internacional por meio de acordos regionais entre os
países membros.
e) presta assistência aos governos nacionais na aplicação de barreiras não-tarifárias.

a) Errada. A OMC não extinguiu o GATT. Este passou a fazer parte de um dos anexos da Organização.

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b) Certa. De fato, são funções da OMC: administrar acordos; solucionar disputas, revisar políticas
comerciais. Podemos ainda acrescentar que ela serve como fórum de negociações.
c) Errada. O pilar da OMC ainda é o GATT e com ela a ideia de não discriminação. Portanto, as
preferências comerciais nascem como exceção à não discriminação. Veremos mais detalhes
quando chegarmos na aula sobre integração regional.
d) Errada. Está errada pelo mesmo motivo da letra “C”, pois promover acordos regionais não é
o foco da OMC. A ideia é liberalizar o comércio por meio da não discriminação.
e) Errada. A OMC não auxilia nenhum governo a ser mais protecionista. Isso iria ao contrário dos
seus princípios não é mesmo? Portanto, o auxílio que a OMC presta é no sentido de capacitar
governos para lidar com as regras do Comércio Internacional.
Letra b.

031. (CESPE/RIO BRANCO/2014) Na Rodada de Desenvolvimento de Doha de 2001, os mi-


nistros das relações exteriores e de comércio dos diferentes países buscaram a liberalização
comercial e o crescimento econômico, com especial atenção às necessidades dos países
em desenvolvimento.

Perfeito o item. A Rodada de Doha é a Rodada do Desenvolvimento.


Certo.

032. (CESPE/RIO BRANCO/2014) Um dos objetivos da Rodada de Desenvolvimento de Doha,


primeira a tratar de negociações multilaterais no âmbito da OMC, é assegurar tratamento es-
pecial e diferenciado aos países emergentes (BRICS). O Brasil e os demais latino-americanos
enfatizam as negociações de comércio de serviços e as questões relacionadas à propriedade
intelectual.

A Rodada de Doha é, de fato, a primeira da era da OMC. No entanto, o tratamento diferenciado


não é para os BRICS, mas sim, todos os países em desenvolvimento nesta organização.
Errado.

033. (CESPE/CONSULTOR LEGISLATIVO DA CÂMARA/2014) O estancamento da Rodada


de Doha, ao pôr em questão a efetividade da normativa multilateral, teve como consequência
direta a perda de relevância do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC.

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Pelo contrário. O impasse da Rodada Doha fez com que o mecanismo de solução de disputas
tivesse ainda mais utilização. Errado o item.
Errado.

Ufa, após essa bateria de questões, nada melhor que uma revisão e outra bateria de
questões...
Vamos lá então. Não deixe essa “peteca cair”
Qualquer dúvida, te encontro no fórum de dúvidas.
Forte abraço!

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RESUMO

1) OMC tem personalidade jurídica própria


2) OMC não tem vinculação com a ONU, nem é de Bretton Woods (1944).
3) A OMC deve guardar coerência com FMI e Banco Mundial
4) Membros da OMC = Estados e territórios aduaneiros autônomos
5) Funções da OMC = Administrar os acordos; fórum de para negociações; Solucionar
controvérsias; Revisar política comercial; agir com coerência junto ao FMI e BIRD; capacitação
(objetivo fora do Acordo de Marraquexe)
6) Estrutura = Conferência Ministerial (CM); Conselho geral; Conselhos (Bens, Serviços,
PI), Comitês.
7) 4º CM = Rodada Doha (1ª da era OMC). Entraves = subsídios exportação + apoio do-
méstico + acesso a mercados versus Acesso a bens industriais
8) 9ª CM (Bali, 2013) = Acordo de Faciiltação do Comércio
9) 10ª CM (Nairóbi, 2015) = Extinção dos subsídios à exportação de bens agrícolas
10) 11ª CM (Buenos Aires, 2017) = grupo de trabalho para acessão do Sudão do Sul.
11) 12ª CM (Genebra/Nursultan, 2022) = Acordo de Subsídios à pesca; moratória tributa-
ção serviços (comércio eletrônico); revisão do OSC.
12) Acordos Multilaterais (adesão obrigatória dos membros) e Acordos Plurilaterais (ade-
são facultativa dos membros)
13) Votação: regra consenso; 2/3 acessão de novos membros + emendas aos acordos
+ aprovação de finanças e orçamento; ¾: derrogação (waiver) de obrigações, interpretação
de acordos
14) Idiomas oficiais: inglês, espanhol e francês
15) Pode a OMC celebrar “acordos de sede”
16) Retirada = notificação ao DG 6 meses antes
17) Reservas = cabíveis somente na medida que os acordos permitirem
18) Não aplicação do Acordo entre os membros é possível
19) Conflito de regras entre Acordo da OMC e Acordo Multilateral de Comércio = prevale-
cerá o Acordo Constitutivo da OMC.
20) Conflito de regras entre o Acordo GATT e Acordos específicos sobre comércio de bens
(Anexo 1A) = prevalecerá o acordo específico.
21) Acordos multilaterais são parte do pacote único (single undertaking) e obrigam todos
os 164 membros da OMC. Acordos Plurilaterais não obrigam todos os membros, mas apenas
quem aderiu. O acordo Plurilateral mais relevante é o Compras Governamentais, mas o Brasil
não faz parte dele.
22) A partir de 1995, após a 8ª rodada do GATT (Rodada Uruguai) o tema serviços e Pro-
priedade Intelectual entraram entre o rol de assuntos da OMC.
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QUESTÕES DE CONCURSO

001. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, a estrutura da OMC prevê um Conselho do Grupo Comum, que se reúne
para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias estabelecido no enten-
dimento sobre solução de controvérsias.

002. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A dinamização


do comércio internacional tem trazido modificações importantes no direito internacional. A
Organização Mundial do Comércio (OMC), criada para substituir o sistema de comércio fundado
nas regras contidas no GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), é uma das promotoras
dessa dinâmica. Acerca da OMC, julgue o próximo item. Nesse sentido, considere que a sigla
SSC, sempre que empregada, se refere ao Sistema de Solução de Controvérsias da OMC.
a) A adoção da regra do consenso invertido, que dá efetividade ao SSC, baseia-se na ideia do
consentimento absoluto do direito internacional, pelo que os Estados-membros devem aprovar
as decisões por unanimidade.

003. (ESAF/AFRF/2003/ATUALIZADA) No presente, os membros da Organização Mundial


do Comércio totalizam 164, o que, ademais da extensão de sua agenda comercial, torna mui-
to complexas as rodadas de negociações multilaterais conduzidas em seu âmbito. Em tais
rodadas, as decisões são tomadas por:
a) maioria simples
b) maioria qualificada
c) consenso
d) single undertaking
e) voto de liderança

004. (ESAF/ATRFB/2009) Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os acordos


firmados em seu âmbito, pode-se afirmar que:
a) a OMC foi originada nos Acordos de Bretton Woods, juntamente com o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e Banco Mundial.
b) o processo decisório da OMC tem sua maior instância nas conferências ministeriais, e ba-
seia-se geralmente no consenso entre seus Membros.
c) o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as regras que permitem aos países
Membros a aplicação de medidas antidumping, desde que verificada a existência de subsídios.
d) o Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionado a Comércio (TRIMS) regulamenta
extensivamente a proteção ao investimento estrangeiro nos países Membros da OMC, pela
aplicação da Cláusula do Tratamento Nacional.

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e) ao sistema de solução de controvérsias da OMC têm acesso os Membros, os investi-


dores sediados em seus territórios e, em situações excepcionais, os países em processo
de acessão.

005. (IADES/2021/DIPLOMATA) Em razão de o comércio exterior ter impacto relativamente


pequeno para a economia brasileira, disputas comerciais no âmbito do Mecanismo de Solução
de Controvérsias da OMC não constituem prioridade para a atuação do Brasil na organização.
Sendo assim, o OSC em pouco contribuiu para a resolução de disputas comerciais de impacto
financeiro relevante para o setor privado brasileiro.

006. (IADES/2021/DIPLOMATA) Regras mais rígidas para limitar subsídios agrícolas na


modalidade de apoio interno e a proibição dos subsídios à exportação de produtos agríco-
las faziam parte dos objetivos centrais do Brasil desde o início das negociações da Rodada
Doha. Apesar da não conclusão da rodada em sua integralidade, alguns temas da negocia-
ção avançaram, sendo objeto de acordos específicos. Entre esses temas, figura a proibição
de subsídios à exportação de produtos agrícolas, alcançado na X Conferência Ministerial da
OMC, em Nairóbi, em 2015.

007. (IADES/2022/DIPLOMATA) Durante a Conferência Ministerial de Cingapura em 1996,


foram iniciadas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), discussões a respeito dos
chamados “Temas de Cingapura” (investimentos, políticas de concorrência, transparência
em compras públicas e facilitação de comércio). Na ocasião, o Brasil apoiou a proposta ca-
nadense de discussão do tema dos investimentos no âmbito da OMC e foi criado um grupo
de trabalho específico concernente ao assunto.

008. (IADES/2022/DIPLOMATA) A posição brasileira na Conferência Ministerial de Bali, em


2013, foi favorável à inclusão do tema de facilitação ao comércio no pacote de resultados
antecipados da Rodada Doha.

009. (IADES/2022/DIPLOMATA) Opiniões consultivas são solicitações que Estados-partes


podem dirigir ao Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul. De igual maneira, o Órgão de
Apelação da OMC possui competência para apreciar opiniões consultivas a ele encaminhadas
por Estados-membros dessa organização.

010. (CESPE/2021/APEX-BRASIL) As regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)


permitem que seus Estados-membros estabeleçam normas domésticas de proteção ambiental.
Os desacordos resultantes da implementação da exceção geral são dirimidos pelo Órgão de
Solução de Controvérsias (OSC) e pelo Comitê sobre Comércio e Meio Ambiente (CTE), que
atuam como tribunal internacional para a definição de jurisprudência de compatibilização entre
os instrumentos internacionais de proteção ambiental e o sistema multilateral de comércio.
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Thális Andrade

011. (CESPE/CODEVASF/2021) A constituição da Organização Mundial do Comércio (OMC)


foi uma decorrência da Rodada Uruguai de Negociações Multilaterais do GATT, tendo esse
ato de constituição sido internalizado pelo governo brasileiro.

012. (CESPE/2021/APEX-BRASIL) Considerando o contexto, os antecedentes, as principais


discussões e os balizadores da Rodada do Uruguai, assinale a opção correta.
a) A despeito de medidas liberais propostas, a Rodada do Uruguai teve pouco impacto no ar-
cabouço comercial vigente.
b) A Rodada do Uruguai teve como foco o comércio de bens e serviços.
c) A Rodada do Uruguai teve papel fundamental na constituição da Organização Mundial do
Comércio (OMC).
d) O objetivo da Rodada do Uruguai era melhorar a situação do balanço de pagamentos dos
países participantes.

013. (FEPESE/2021/ADMINISTRADOR-PREFEITURA DE BC) Um elemento central da glo-


balização é o livre-comércio, ou seja, a criação de um sistema em que bens e serviços são
comercializados sem restrições tarifárias. Um dos instrumentos desse crescimento foi a
criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995.
Analise as afirmativas abaixo sobre a OMC:
1. A OMC tem sua sede em Londres, na Inglaterra.
2. A OMC teve como objetivo abrir as economias nacionais, eliminar o protecionismo e facilitar
o livre trânsito de mercadorias.
3. Uma função muito importante na OMC é o sistema de resolução de controvérsias, ou seja,
solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre
os membros da OMC, garantindo a estabilidade e concorrência entre os países.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 2.
b) É correta apenas a afirmativa 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

014. (INSTITUTO AVANÇA SÃO PAULO/2021/AGENTE DE TRÂNSITO) No mês de fevereiro


de 2021, Ngozi Okonjo-Iweala se tornou a primeira mulher e a primeira africana a ocupar a
liderança da Organização Mundial de Comércio. A economista, de 66 anos, é proveniente de(a):
a) Namíbia.
b) Nigéria.
c) Serra Leoa.
d) Ruanda.
e) República Centro-africana.

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015. (SELECON/EMGEPRON/2021) São instituições criadas a partir dos acordos de


Bretton Woods:
a) Banco Mundial (BM) e Organização Mundial do Comércio (OMC)
b) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco Mundial (BM)
c) Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
d) Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvol-
vimento (BIRD)

016. (CESPE/SEDUC-AL/2021) A OMC tem proporcionado avanços notórios para uma econo-
mia mais inclusiva, porque dispõe de autoridade sobre os acordos internacionais para garantir
sua magnanimidade para com o mercado internacional.

017. (CESPE/SEDUC-AL/2021) São funções da OMC facilitar a aplicação e o funcionamento


dos acordos comerciais e efetivar a realização dos objetivos destes; isso ilustra como essa
organização é importante para a regulação do mercado econômico.

018. (CESPE/SEDUC-AL/2021) A OMC é conhecida pelo empenho em auxiliar os países


menos desenvolvidos economicamente; nesse sentido, os acordos multilaterais provenientes
da organização revelam que tais países tendem a ter influência significativa nas decisões do
órgão, o que, consequentemente, contribui para beneficiar o próprio comércio dessas nações.

019. (FUNDAÇÃO CETAP/SEPLAD/2021) A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem


como papel principal:
a) monitorar somente os instrumentos tradicionais de comércio internacional: tarifas aduaneiras,
subsídios à exportação e restrições quantitativas.
b) monitorar somente as políticas nacionais de comércio.
c) monitorar o cumprimento dos acordos comerciais entre os países.
d) investigar os conflitos entre os países no que se refere às violações de regras comerciais
sem a adoção de procedimentos explícitos para apuração.

020. (INSTITUTO QUADRIX/ANALISTA TÉCNICO/2022) Para regular o comércio, existe a


Organização Mundial do Comércio (OMC), que elabora normas a serem seguidas pelos países,
zela por seu cumprimento e arbitra interesses conflitivos.

021. (CESPE/POLITEC-PE/2016) No que se refere à OMC, assinale a opção correta:


a) As normas da OMC são elaboradas pela direção da entidade e impostas aos Estados-membros.
b) A Conferência Ministerial da OMC realizada em Doha estabeleceu o mandato para o lança-
mento da primeira rodada negociadora feita no âmbito daquela organização.
c) O Conselho Geral é o órgão decisório mais importante da OMC.

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d) Desde o início de suas atividades, a OMC é qualificada como agência especializada da Orga-
nização das Nações Unidas, atuando como instância secundária na administração do sistema
multilateral de comércio.
e) Os Estados-membros da OMC podem participar do órgão de apelação e dos grupos especiais
de solução de diferenças da organização.

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GABARITO

1. E 8. C 15. d
2. E 9. E 16. E
3. c 10. E 17. C
4. b 11. C 18. E
5. E 12. c 19. c
6. C 13. d 20. C
7. C 14. b 21. b

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GABARITO COMENTADO

001. (CESPE/AFRE-ES/2008) Segundo o disposto no Acordo Constitutivo da Organização


Mundial do Comércio, a estrutura da OMC prevê um Conselho do Grupo Comum, que se reúne
para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias estabelecido no enten-
dimento sobre solução de controvérsias.

Conforme vimos neste tópico sobre a estrutura da OMC, não existe órgão algum com nome de
Conselho do Grupo Comum. A banca tentou misturar algumas palavras relativas aos orgãos do
MERCOSUL para confundir o candidato. Na OMC, basicamente, temos, por ordem de importân-
cia: Conferência Ministerial, Conselho Geral, Conselho de Bens, Serviços e PI, além de Comitês!
Errado.

002. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) A dinamização


do comércio internacional tem trazido modificações importantes no direito internacional. A
Organização Mundial do Comércio (OMC), criada para substituir o sistema de comércio fundado
nas regras contidas no GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), é uma das promotoras
dessa dinâmica. Acerca da OMC, julgue o próximo item. Nesse sentido, considere que a sigla
SSC, sempre que empregada, se refere ao Sistema de Solução de Controvérsias da OMC.
a) A adoção da regra do consenso invertido, que dá efetividade ao SSC, baseia-se na ideia do
consentimento absoluto do direito internacional, pelo que os Estados-membros devem aprovar
as decisões por unanimidade.

O item está errado. Esse tipo de questão sobre peculiaridades do Sistema de Solução de Con-
trovérsias é assunto de alta complexidade, cobrado em certames bem específicos. Na questão
em tela, o “consenso invertido” solicitado pelo CESPE é aquele consenso necessário para se
derrubar uma recomendação do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC. Assim, não se
faz necessário aprovar as decisões por unanimidade para que elas tenham eficácia. Portanto,
na era da OMC, o consenso seria necessário para se derrubar uma decisão proferida. Por outro
lado, na era do GATT, era necessário o consenso para se aprovar a decisão.
Errado.

003. (ESAF/AFRF/2003/ATUALIZADA) No presente, os membros da Organização Mundial


do Comércio totalizam 164, o que, ademais da extensão de sua agenda comercial, torna mui-

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to complexas as rodadas de negociações multilaterais conduzidas em seu âmbito. Em tais


rodadas, as decisões são tomadas por:
a) maioria simples
b) maioria qualificada
c) consenso
d) single undertaking
e) voto de liderança

Como falamos, a regra de votação é o consenso. No entanto, lembre-se que ele não é obrigatório
para todos os assuntos. Correto o item “C”.
Letra c.

004. (ESAF/ATRFB/2009) Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os acordos


firmados em seu âmbito, pode-se afirmar que:
a) a OMC foi originada nos Acordos de Bretton Woods, juntamente com o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e Banco Mundial.
b) o processo decisório da OMC tem sua maior instância nas conferências ministeriais, e ba-
seia-se geralmente no consenso entre seus Membros.
c) o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as regras que permitem aos
países Membros a aplicação de medidas antidumping, desde que verificada a existência de
subsídios.
d) o Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionado a Comércio (TRIMS) regulamenta
extensivamente a proteção ao investimento estrangeiro nos países Membros da OMC, pela
aplicação da Cláusula do Tratamento Nacional.
e) ao sistema de solução de controvérsias da OMC têm acesso os Membros, os investidores
sediados em seus territórios e, em situações excepcionais, os países em processo de acessão.

a) Errada. Falamos exaustivamente que a OMC não nasceu em Bretton Woods, 1944, mas sim,
na Rodada Uruguai, em Abril de 1994.
b) Certa. Conferência Ministerial é autoridade máxima e a regra básica é o consenso.
c) Errada. O Acordo TBT que detalharemos na próxima aula cuida de normas técnicas. Acordo
antidumping é para combater a prática desleal de dumping e também não tem nada a ver com
subsídios. Os Subsídios, são combatidos pelas medidas compensatórias. Também teremos
aulas específicas sobre estes acordos.
d) Errada. O TRIMs não regulamenta extensivamente a proteção ao investimento estrangeiro.
Esse tema é espinhoso e não houve consenso para que tivesse um acordo na OMC. Lembre

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que a relação entre Comércio e Investimentos foi um “Tema de Cingapura” que, no entanto, hoje,
está fora da agenda de negociações.
e) Errada. Investidores não tem acesso à OMC. Somente os Membros da Organização é que
podem dele se utilizar, com exceção de acesso a atores privados apresentarem, excepcional-
mente, submissões.
Letra b.

005. (IADES/2021/DIPLOMATA) Em razão de o comércio exterior ter impacto relativamente


pequeno para a economia brasileira, disputas comerciais no âmbito do Mecanismo de Solução
de Controvérsias da OMC não constituem prioridade para a atuação do Brasil na organização.
Sendo assim, o OSC em pouco contribuiu para a resolução de disputas comerciais de impacto
financeiro relevante para o setor privado brasileiro.

Item errado. O Brasil, até a entrada da China na OMC em 2001, era o país em desenvolvimento
mais ativo no OSC.
Errado.

006. (IADES/2021/DIPLOMATA) Regras mais rígidas para limitar subsídios agrícolas na


modalidade de apoio interno e a proibição dos subsídios à exportação de produtos agríco-
las faziam parte dos objetivos centrais do Brasil desde o início das negociações da Rodada
Doha. Apesar da não conclusão da rodada em sua integralidade, alguns temas da negocia-
ção avançaram, sendo objeto de acordos específicos. Entre esses temas, figura a proibição
de subsídios à exportação de produtos agrícolas, alcançado na X Conferência Ministerial da
OMC, em Nairóbi, em 2015.

Item correto. Foi só em 2015, na Ministerial de Nairóbi que houve compromisso com o fim dos
subsídios à exportação de produtos agrícolas
Certo.

007. (IADES/2022/DIPLOMATA) Durante a Conferência Ministerial de Cingapura em 1996,


foram iniciadas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), discussões a respeito dos
chamados “Temas de Cingapura” (investimentos, políticas de concorrência, transparência
em compras públicas e facilitação de comércio). Na ocasião, o Brasil apoiou a proposta ca-
nadense de discussão do tema dos investimentos no âmbito da OMC e foi criado um grupo
de trabalho específico concernente ao assunto.

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Item correto. O tema “Investimentos” não foi consenso na Rodada Uruguai, de modo que entrou
na 1ª ministerial de Cingapura, como um tema a ser discutido. Atualmente, o tema não está
mais na agenda, tendo o Comitê sido desativado.
Certo.

008. (IADES/2022/DIPLOMATA) A posição brasileira na Conferência Ministerial de Bali, em


2013, foi favorável à inclusão do tema de facilitação ao comércio no pacote de resultados
antecipados da Rodada Doha.

Em Bali, 2013, houve a negociação do primeiro acordo multilateral após a Rodada Uruguai,
entregando-se uma pequena parte do mandato de Doha. A Facilitação do Comércio foi uma
dessas entregas, contando com o apoio do Brasil.
Certo.

009. (IADES/2022/DIPLOMATA) Opiniões consultivas são solicitações que Estados-partes


podem dirigir ao Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul. De igual maneira, o Órgão de
Apelação da OMC possui competência para apreciar opiniões consultivas a ele encaminhadas
por Estados-membros dessa organização.

Item errado. Diferente do Tribunal do Mercosul (veremos na aula sobre Mercosul), o Órgão de
Apelação da OMC não possui função consultiva.
Errado.

010. (CESPE/2021/APEX-BRASIL) As regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)


permitem que seus Estados-membros estabeleçam normas domésticas de proteção ambiental.
Os desacordos resultantes da implementação da exceção geral são dirimidos pelo Órgão de
Solução de Controvérsias (OSC) e pelo Comitê sobre Comércio e Meio Ambiente (CTE), que
atuam como tribunal internacional para a definição de jurisprudência de compatibilização entre
os instrumentos internacionais de proteção ambiental e o sistema multilateral de comércio.

Item errado. A OMC não possui acordos ou regras sobre meio ambiente. Apenas há menção
sobre desenvolvimento sustentável no preâmbulo do Acordo de Marraquexe, e a exceção do
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artigo XX o GATT, que permite como justificativa de inconsistência as medidas necessárias à


conservação de recursos naturais esgotáveis e proteção à vida vegetal. No entanto, não há um
acordo de preservação de meio ambiente! O que o Comitê de Comércio e meio ambiente da
OMC faz é analisar o impacto das medidas ambientais no comércio internacional.
Errado.

011. (CESPE/CODEVASF/2021) A constituição da Organização Mundial do Comércio (OMC)


foi uma decorrência da Rodada Uruguai de Negociações Multilaterais do GATT, tendo esse
ato de constituição sido internalizado pelo governo brasileiro.

O Brasil internalizou os resultados da Rodada Uruguai por meio do Decreto n. 1.355/1994.


Certo.

012. (CESPE/2021/APEX-BRASIL) Considerando o contexto, os antecedentes, as principais


discussões e os balizadores da Rodada do Uruguai, assinale a opção correta.
a) A despeito de medidas liberais propostas, a Rodada do Uruguai teve pouco impacto no ar-
cabouço comercial vigente.
b) A Rodada do Uruguai teve como foco o comércio de bens e serviços.
c) A Rodada do Uruguai teve papel fundamental na constituição da Organização Mundial do
Comércio (OMC).
d) O objetivo da Rodada do Uruguai era melhorar a situação do balanço de pagamentos dos
países participantes.

a) Errada. Foi a maior abertura comercial já vista na história.


b) Errada. Apesar de bens e serviços terem feito parte importante das negociações, houve di-
versos outros pontos importantes como a criação da própria OMC, introdução de acordos de
proteção à Propriedade Intelectual, Acordo de Agricultura, etc.
c) Certa. De fato, a maior conquista da Rodada Uruguai foi a criação da OMC. Sem ela, não seria
possível muitas das outras novidades, como melhoria da transparência, solução de disputas,
entre outros acordos temáticos.
d) Errada. Não havia essa preocupação como pano de fundo.
Letra c.

013. (FEPESE/2021/ADMINISTRADOR-PREFEITURA DE BC) Um elemento central da glo-


balização é o livre-comércio, ou seja, a criação de um sistema em que bens e serviços são

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comercializados sem restrições tarifárias. Um dos instrumentos desse crescimento foi a


criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995.
Analise as afirmativas abaixo sobre a OMC:
1. A OMC tem sua sede em Londres, na Inglaterra.
2. A OMC teve como objetivo abrir as economias nacionais, eliminar o protecionismo e facilitar
o livre trânsito de mercadorias.
3. Uma função muito importante na OMC é o sistema de resolução de controvérsias, ou seja,
solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre
os membros da OMC, garantindo a estabilidade e concorrência entre os países.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 2.
b) É correta apenas a afirmativa 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

Item 1 errado. A sede da OMC é em Genebra, Suíça.


Item 2 correto. A abertura comercial, liberdade de trânsito, regulamentação de barreiras comer-
ciais, são regras previstas no GATT, acordo-chave da OMC.
Item 3 correto. A solução de disputas foi por muito tempo a função mais utilizada da OMC.
Letra d.

014. (INSTITUTO AVANÇA SÃO PAULO/2021/AGENTE DE TRÂNSITO) No mês de fevereiro


de 2021, Ngozi Okonjo-Iweala se tornou a primeira mulher e a primeira africana a ocupar a
liderança da Organização Mundial de Comércio. A economista, de 66 anos, é proveniente de(a):
a) Namíbia.
b) Nigéria.
c) Serra Leoa.
d) Ruanda.
e) República Centro-africana.

Questão molezinha. Ngozi é nigeriana.


Letra b.

015. (SELECON/EMGEPRON/2021) São instituições criadas a partir dos acordos de


Bretton Woods:

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a) Banco Mundial (BM) e Organização Mundial do Comércio (OMC)


b) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco Mundial (BM)
c) Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
d) Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvol-
vimento (BIRD)

Questão curta e direta ao ponto. Não houve consenso para criação de uma organização voltada
ao comércio durante o encontro de Bretton Woods. Dessa reunião, restou apenas o acordo do
GATT e duas instituições vinculadas à ONU: o FMI e o Banco Mundial (BIRD).
Letra d.

016. (CESPE/SEDUC-AL/2021) A OMC tem proporcionado avanços notórios para uma econo-
mia mais inclusiva, porque dispõe de autoridade sobre os acordos internacionais para garantir
sua magnanimidade para com o mercado internacional.

Item errado. A OMC não é entidade supranacional, mas sim organização conduzida pelos pró-
prios membros (member-driven).
Errado.

017. (CESPE/SEDUC-AL/2021) São funções da OMC facilitar a aplicação e o funcionamento


dos acordos comerciais e efetivar a realização dos objetivos destes; isso ilustra como essa
organização é importante para a regulação do mercado econômico.

A OMC tem como funções: administrar/auxiliar a implementação/aplicação dos seus acordos;


solucionar disputas, negociação de acordos multilaterais, revisar políticas comerciais, agir com
coerência com FMI e Banco Mundial, além de cooperação técnica. Isso permite que a OMC
promova a regulação do comércio internacional, entendido aqui na questão como “mercado
econômico”.
Certo.

018. (CESPE/SEDUC-AL/2021) A OMC é conhecida pelo empenho em auxiliar os países


menos desenvolvidos economicamente; nesse sentido, os acordos multilaterais provenientes
da organização revelam que tais países tendem a ter influência significativa nas decisões do
órgão, o que, consequentemente, contribui para beneficiar o próprio comércio dessas nações.

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A OMC, de fato, possui diversos acordos com Tratamento Especial e Diferenciado para Países
em Desenvolvimento (PD) ou Países de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR). No entanto,
a influência destes países ainda é muito pequena, dependendo sempre de grupos de coalização
e algum player em desenvolvimento importante.
Errado.

019. (FUNDAÇÃO CETAP/SEPLAD/2021) A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem


como papel principal:
a) monitorar somente os instrumentos tradicionais de comércio internacional: tarifas aduaneiras,
subsídios à exportação e restrições quantitativas.
b) monitorar somente as políticas nacionais de comércio.
c) monitorar o cumprimento dos acordos comerciais entre os países.
d) investigar os conflitos entre os países no que se refere às violações de regras comerciais
sem a adoção de procedimentos explícitos para apuração.

A OMC conta com uma infinidade de atribuições. Portanto, apesar de o conteúdo das letras A
e B estarem correto, o termo “somente” invalida as assertivas. Por sua vez, o erro da letra D é
que há sim procedimentos específicos de apuração de violação às regras comerciais, por meio
do Entendimento de Solução de Controvérsias.
Portanto, só a letra C pode ser a resposta.
Letra c.

020. (INSTITUTO QUADRIX/ANALISTA TÉCNICO/2022) Para regular o comércio, existe a


Organização Mundial do Comércio (OMC), que elabora normas a serem seguidas pelos países,
zela por seu cumprimento e arbitra interesses conflitivos.

Questão fácil. Veja que o termo “arbitrar” não está errado, pois pode ser entendido como flexão
do termo arbitragem, que justamente é o modo de solução de conflitos no OSC da OMC. Portan-
to, não possui o sentido de arbitrariedade (ilegal/irrazoável), mas sim, de arbitragem (método
de solução de conflitos).
Certo.

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021. (CESPE/POLITEC-PE/2016) No que se refere à OMC, assinale a opção correta:


a) As normas da OMC são elaboradas pela direção da entidade e impostas aos Estados-membros.
b) A Conferência Ministerial da OMC realizada em Doha estabeleceu o mandato para o lança-
mento da primeira rodada negociadora feita no âmbito daquela organização.
c) O Conselho Geral é o órgão decisório mais importante da OMC.
d) Desde o início de suas atividades, a OMC é qualificada como agência especializada da Orga-
nização das Nações Unidas, atuando como instância secundária na administração do sistema
multilateral de comércio.
e) Os Estados-membros da OMC podem participar do órgão de apelação e dos grupos especiais
de solução de diferenças da organização.

a) Errada. São os próprios membros que elaboram as normas por meio de negociações comer-
ciais. Lembre-se que é uma organização conduzida pelos membros (member-driven)
b) Certa. Apesar das 12 Conferências Ministeriais que já ocorreram, somente uma delas pode
ser considerada Rodada de Negociações, que foi a 4ª Ministerial em Doha, no ano de 2001. Até
hoje, as ministeriais buscam destravar os itens daquela agenda, tendo obtido êxito em alguns
pontos, como Acordo de Facilitação de Comércio, Acordo de Subsídios à Pesca, extinção de
subsídios na exportação de bens agrícolas.
c) Errada. O Conselho Geral é o 2º órgão mais importante. O primeiro é a Conferência Ministerial,
que ocorre a cada 2 anos.
d) Errada. OMC não é agência especializada da ONU.
e) Errada. O Órgão de Apelação é composto apenas por pessoas, ou seja, juízes indicados pelos
próprios Membros da OMC.
Letra b.

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REFERÊNCIAS
BENTES, Pablo. Morre hoje, aos 24 anos, o Órgão de Apelação da OMC, Folha de São de Paulo,
10.12.2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/12/morre-hoje-aos-
-24-anos-o-orgao-de-apelacao-da-omc.shtml.

GENEVA TRADE PLATFORM. Multi-Party Interim Appeal Arbitration Arrangement (MPIA). Dispo-
nível em: https://wtoplurilaterals.info/plural_initiative/the-mpia/.

PROMIDIA, OMC autoriza Brasil a retaliar os EUA. 31.08.2009, Disponível em: https://youtu.be/
g2krgptJfqU.

WTO, Trade Policy Review: Brazil, disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/tpr_e/


tp532_e.htm.

Thális Andrade
Advogado inscrito na OAB/SC, mestre em Direito Internacional e Econômico pela Universidade de Berna
(2014), mestre em Direito Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009), especialista
em Comércio Internacional pela Universidade de Buenos Aires (2007), especialista em Comércio Exterior
e Direito Aduaneiro pela UNIVALI (2008). Desde 2008 é servidor público federal integrante da carreira
de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Professor de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em cursos de pós-graduação pelo Brasil e
em cursos preparatórios para as carreiras da RFB. Autor de livros e artigos sobre comércio internacional e
legislação aduaneira.

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