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IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS ESTRANGEIROS – II

1 – COMPETÊNCIA E SUJEITO ATIVO

O art. 153, I, da CF, estabelece ser de competência da União a


instituição do II:

Art. 153. Compete à União instituir imposto sobre:

I – importação de produtos estrangeiros.

§ 1º. É facultado ao Poder Executivo, atendidas as


condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas do imposto sobre a importação.

O Imposto de Importação, também conhecido como Tarifa Aduaneira,


grava a inserção, no território nacional, de bens procedentes de outros países
(art. 19 do CTN). A competência tributária está adstrita à União, uma vez que
somente esta, no exercício pleno de sua soberania, pode impor um critério
uniforme de tratamento em relação às importações praticadas e todo o
território nacional.

O Imposto de Importação é um dos mais antigos no mundo, possuindo,


hodiernamente, função eminentemente extrafiscal, ao visar proteger a indústria
nacional, como verdadeira arma de política econômica e fiscal.

2 – SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo está previsto no art. 19 do CTN e no art. 31 do DL n.


37/66.

Podem ser sujeitos passivos:

I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados;

III – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo


remetente;

IV – o adquirente de mercadoria em entrepostos aduaneiros.

3 – FATO GERADOR

É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional,


cabendo ao intérprete assimilar o elemento temporal do fato gerador, à luz de
uma ficção jurídica, como o momento do início do despacho aduaneiro, assim
entendido o momento da apresentação ou registro da Declaração do Imposto
ou documento que lhe faça substituir (e demais documentos pertinentes ao
desembaraço), perante a autoridade aduaneira (Receita Federal do Brasil) para
a liberação da mercadoria estrangeira entreposta ou depositada.

A alíquota aplicável é aquela contemporânea da efetiva introdução do


produto estrangeiro no território nacional.

Para efeito de cálculo do imposto os valores em moeda estrangeira


devem ser convertidos em moeda nacional, à taxa de câmbio vigente no
momento da entrada, no país, da mercadoria importada. O próprio CTN, no art.
143, trata do tema:

Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário quando o


valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no
lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao
câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.

Ressalte-se que a incidência do imposto ocorrerá em casos de


permanência definitiva do bem no território, não englobando as mercadorias
estrangeiras que ingressam no território nacional, temporariamente, a fim de
que cumpram finalidades esporádicas.

Considerar-se-á ocorrido o fato gerador nas situações de retorno da


mercadoria. Tal regra, no entanto, não prevalecerá nos casos seguintes, os
quais repudiam o recolhimento, quando houver:

a) retorno de mercadoria enviada em consignação, e não vendida no prazo


autorizado;
b) retorno de mercadoria (= devolução), por motivo de defeito técnico,
para reparo ou substituição;
c) retorno da mercadoria, em face de modificações na sistemática de
importação no país importador;
d) retorno da mercadoria, por motivo de guerra ou calamidade pública;
e) retorno da mercadoria, por outros fatores, alheios à vontade do
exportador.

4 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do imposto de importação será:

a) a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na


Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB), quando a alíquota for especifica.
b) A expressão monetária do produto importado – valor aduaneiro previsto
no inciso VII, n.2, do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio
(GATT – Decreto n. 92.930/86), quanto a alíquota for ad valorem. Tal
expressão monetária geralmente consta da fatura comercial no lugar da
expedição da mercadoria, acrescentando-se ao custo as despesas de
frete e seguro, até a entrega no porto ou local de destino no Brasil.
c) o preço da arrematação do bem adquirido em licitação. Não é o preço
normal ou de referência da mercadoria.

5 – ALÍQUOTAS

As tarifas podem ser:

a) específicas: valor em dinheiro que incide sobre uma unidade de medida


prevista em lei, que pode referir-se à metragem, peso, etc. Por exemplo,
R$ 42,00 por metro cúbico;
b) ad valorem: aplicação de alíquota sobre determinado valor de
operação. Por exemplo: 10% de R$ 15.000,00;
c) mista: combinação das duas formas acima. Por exemplo: 10% sobre R$
5.000,00 e R$ 5,00 por kg.

6 – NOTAS GERAIS

a) o art. 153, § 1º, da CF/88 assevera que é facultado ao Poder Executivo,


atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do
imposto de importação. Portanto, no concernente à alteração da alíquota, o
imposto está excepcionado do Princípio Constitucional da Legalidade.

Por sua vez, o § 1º do art. 150, do texto constitucional, determina que a


alteração das alíquotas do II não se submete ao Princípio Constitucional da
Anterioridade.

Com o advento da EC n. 42/2003, o II, que já era uma exceção ao


período de anterioridade anual (art. 159, § 1º, parte inicial, da CF), passou a
ser, igualmente, uma exceção ao período de anterioridade qualificada ou
nonagesimal (art. 150, § 1º, in fine, das CF).

b) ZFM – ZONA FRANCA DE MANAUS: a zona franca como uma área de livre
comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, criada
pelo Decreto-lei n. 288/67. Foi ela concebida com a finalidade de criar, no
interior da Amazônia, um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de
condições econômicas que permitissem seu desenvolvimento.

c) DRAWBACK: forma de proteção da indústria nacional pela qual o produtor,


quando exporta o produto acabado, é ressarcido do II incidente sobre a própria
importação de insumos de origem estrangeira. Assim, faculta-se ao importador
obter a devolução dos tributos alfandegários pagos pela matéria-prima quando
reexportada ou exportada.
d) DUMPING: invasão de mercadoria estrangeiras por preços abaixo do custo
praticado na indústria nacional, em potencial prática de lesão às leis de trabalho
e comerciais do país destinatário do bem.

e) GATT – ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS E COMÉRCIO: pacto que visa


estabelecer e administrar regras para o procedimento em comércio
internacional, ajudar os governos a reduzir tarifas alfandegárias ou aduaneiras
e abolir as barreiras comerciais entre as partes contratantes.

IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO, PARA O EXTERIOR, DE PRODUTOS


NACIONAIS OU NACIONALIZADOS – IE

1 – COMPETÊNCIA E SUJEITO ATIVO

O art. 153, II, da CF, estabelece ser de competência da União a


instituição do IE.

Art. 153. Compete à União instituir imposto sobre:

II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou


nacionalizados. É facultado ao Poder Executivo, atendidas
as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas do imposto sobre a exportação.

É imposto de competência da União, sendo marcadamente caracterizado


por sua função econômica ou extrafiscal. Incide sobre a exportação de produtos
nacionais ou nacionalizados.

2 – SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo do IE é o exportador – qualquer pessoa que promova a


saída do produto nacional ou nacionalizado do território nacional (art. 27 do
CTN e art. 5º do DL n. 1.578/77).

3 – FATO GERADOR

O fato gerador do IE é a saída do território nacional para o exterior, de


produtos nacionais ou nacionalizados, cabendo ao intérprete assimilar o
elemento temporal do fato gerador como o momento da liberação pela
autoridade aduaneira ou a data de embarque ou saída constante na Declaração
de Exportação. Portanto, o fato gerador é a saída do território, mas o momento
(ficção jurídica) em que se materializa é o da expedição da guia de exportação
ou documento equivalente, podendo sua exigibilidade acontecer mesmo antes
que se opere a saída do produto, a critério da Receita Federal, nos termos do
art. 1º, § 1º, do Decreto-lei n. 1.578/77.

O sistema constitucional tributário brasileiro, ao se referir a produtos,


utiliza o vocábulo em sentido estrito, ou seja, de bens corpóreos resultantes da
transformação progressiva de elementos da natureza. Excluem-se desta forma,
os bens que não têm existência física, como aqueles transferidos por download.

O produto nacional, por sua vez, é aquele produzido dentro do território


nacional.

A nacionalização da mercadoria representa a sequência de atos que


transferem a mercadoria da economia estrangeira para a economia nacional,
conforme se depreende do § 1º do art. 221 do Decreto n. 91.030/85, que
preconiza: considera-se nacionalizada a mercadoria estrangeira importada a
título definitivo.

4 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do imposto é o preço normal que a mercadoria, ou sua


similar, alcançaria ao tempo da exportação, em uma venda em condições de
livre concorrência no mercado internacional.

A base de cálculo do imposto de exportação será:

a) a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na


Tarifa Aduaneira do Brasil (TAF), quando a alíquota for específica.

b) a expressão monetária do produto exportado, isto é, o preço normal – valor


aduaneiro previsto no inciso VII, n. 2, do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras
e Comércio (GATT – Decreto n. 92.930/86), quando a alíquota for ad valorem.

A base de cálculo, desse modo, é o preço normal que o produto


alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência no mercado
internacional. Portanto o fisco não está vinculado ao valor consignado na fatura
comercial.

O preço à vista do produto – FOB (Free on Board: livre ou posto a bordo)


– é indicativo do preço normal, em caso de transporte marítimo. Por ele, o
exportador ou vendedor do produto se compromete a colocar a mercadoria
“livre a bordo” no porto de partida, correndo por sua conta todos os custos e
riscos até o embarque da mercadoria naquele porto. O importador, por sua vez,
assume todos os custos e riscos a partir do momento em que a mercadoria
ingressou no navio.
Por meio do indicador CIF (Cost, Insurance and Freight ou custo, seguro
e frete), o exportador responderá por todos os custos e riscos até a colocação
da mercadoria a bordo do veículo que a transportará para o exterior e, mais,
por todos os custo atinentes ao frete internacional e riscos (seguro
internacional) até o porto de destino.

c) o preço da arrematação do produto adquirido em licitação, que não é o preço


normal ou de referência da mercadoria.

5 – ALÍQUOTAS

Estão previstas na TAB (Tarifa Aduaneira do Brasil), podendo ser:

a) específicas: valor em dinheiro que incide sobre uma unidade de medida


prevista em lei, que pode referir-se à metragem, ao peso etc. Por
exemplo: R$ 42,00 por metro cúbico.
b) ad valorem: aplicação alíquota sobre determinado valor de operação.

Atualmente a alíquota do IE é de 30%, sendo facultado ao Poder


Executivo aumentá-la em até cinco vezes, conforme a Lei n. 9.716/98.
Portanto, a alíquota máxima poderá atingir até 150%.

6 – NOTAS GERAIS

a) ressalva a princípio constitucional: o art. 153, § 1º, da CF/88 assevera


que é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do IE. Portanto, no concernente à
alteração da alíquota, o imposto está excepcionado do princípio constitucional
da legalidade.

Por sua vez, o § 1º do art. 150 da CF determina que a alteração das


alíquotas do IE não se submete ao princípio constitucional da anterioridade.

Com o advento da EC n. 42/2003, o IE, que já era uma exceção ao


período de anterioridade anual (art. 150, § 1º, parte inicial, da CF), passou a
ser, igualmente, uma exceção ao período de anterioridade qualificada ou
nonagesimal (art. 150, § 1º, in fine, da CF).

b) desoneração e incidência: esse imposto é pouco cobrado nos países,


uma vez que retira a competitividade do produto nacional no comércio
internacional. No Brasil, o texto constitucional prevê regras de isenção sobre a
exportação para o ISS (art. 156, § 3º, II, CF), a par de regras de imunidade
para o ICMS (art. 155, § 2º, X, CF) e para o IPI (art. 153, § 3º, III, CF).

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