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Direito Tributário II-

Impostos sobre o
comércio exterior
Profª. Msc Anna Dolores Sá Malta
Impostos (recapitulando...)
 REGRAS GERAIS
 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
 I - impostos;
 É um tributo não vinculado, ou seja, o fato gerador dos impostos não está vinculado a nenhuma
atuação estatal.
 Art. 16. Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
 Não há no pagamento de impostos uma contraprestação específica estatal, vale dizer, não se sabe,
ao certo, qual a DESTINAÇÃO do dinheiro. Em virtude disso, as receitas dos impostos também não
serão vinculadas, ou seja, o dinheiro não custeará nenhuma despesa específica, mas sim despesas
gerais.
 Exemplo: João se torna proprietário de um veículo automotor, ele paga o IPVA; Maria presta
determinado serviço – ela paga ISS; Nós nos tornamos proprietários de uma fazenda; nós pagamos
o ITR.
 STF declarou uma lei paulista inconstitucional, pois previa destinação específica para a receita
advinda de imposto.
 Art. 167, IV CF: princípio da não afetação dos impostos. Todavia, há exceções, no mesmo art. 167 –
Direito Financeiro. Uma afirmação “os impostos NUNCA serão vinculados”, estaria errada.
Continuando...
 Art. 167. São vedados
 IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do
produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de
crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste
artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
 Por que, então, somos obrigados a pagar impostos? Porque realizamos condutas que manifestam
riqueza. O fato gerador do imposto é sempre uma manifestação de riqueza pelo sujeito passivo (art.
145, §1º), sendo essa manifestação desvinculada de uma atuação do Estado. O imposto tem
caráter contributivo, baseado na ideia de solidariedade social. Quando o indivíduo manifesta
riqueza ele demonstra para o Estado que tem capacidade contributiva.
 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
 § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
 Os impostos são criados, em regra, por lei ordinária (competência tributária), mas apesar disso, a
CF, em seu art. 146, III, ‘a’ diz que os elementos gerais dos impostos devem ser definidos em lei
complementar (competência para legislar sobre direito tributário).
Continuação...
 Exige-se lei complementar, pois essas leis têm a finalidade de regular diretamente os dispositivos
constitucionais.
 Essa obrigação de criação de LEI COMPLEMENTAR para estabelecimento de características
gerais do tributo (definir fato gerador, base de cálculo e contribuinte) se restringe aos IMPOSTOS e
tem a finalidade de uniformizar a forma de cobrança do tributo no território nacional, dando
concretude ao princípio da isonomia.
OBS: ao ente encarregado de instituir o imposto, cabe apenas a criação da lei instituidora e a definição
da alíquota, porquanto os demais elementos já foram definidos em lei geral.
 Que lei complementar é essa? Em regra, é o CTN (diz-se em regra, pois há impostos cuja definição
das normas gerais encontram-se em outra LC, como no caso do ISS e ITR), que terá a função de
uniformizar em todo o território nacional as regras de tributação dos impostos. O CTN não cria o
imposto, mas apenas regulamenta-o.
 E o que acontece quando o imposto é criado sem que o CTN tenha regulamentado? É o caso
do IPVA. O STF (AI 167.777) decidiu que a situação de resolve pelo art. 24, §3º. Onde a União é
omissa nas normas gerais, o Estado pode suplementá-la (competência complementar supletiva),
exercendo a competência legislativa plena. Sobrevindo a norma federal, a norma estadual deve ter
sua eficácia suspensa, naquilo que for contrária à norma geral.
Discriminação de competências
Imposto de Importação
 O art. 19 do CTN estabelece que a entrada de produto estrangeiro em território nacional é causa
do nascimento da respectiva obrigação tributária.
 O CTN dá o regramento geral e após busca-se o Decreto-Lei n. 37, de 18 de novembro de
1966, que dispõe sobre Imposto de Importação.
 Segundo o art. 1º do DL 37/66, o imposto sobre a importação incide sobre mercadoria
estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no Território Nacional.
CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEIS PELO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
 Segundo o art. 31 do DL 37/66, é contribuinte do imposto de importação:
• Importador: é qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território
Nacional;
• Destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente;
• Adquirente de mercadoria entrepostada (mercadoria retida na alfândega e que é comprada por
um terceiro, o qual pagará o imposto de importação).
Imposto de Importação (continuação...)

 No caso de produtos que tenha ingressado ilegalmente no Brasil, há a apreensão do produto e o


perdimento desses bens. Esses bens serão levados à leilão. Quem irá adquirir esses bens, como o
arrematante, será o sujeito passivo da obrigação tributária e do Imposto de Importação.
 O art. 32 do DL 37/66 trata dos responsáveis pelo imposto de importação.
 São responsáveis pelo imposto de importação:
• O transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle
aduaneiro, inclusive em percurso interno;
• O depositário, assim considerado qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob
controle aduaneiro.
Será responsável solidário:
• O adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto;
• O representante, no Brasil, do transportador estrangeiro;
• O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por
sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Imposto de Importação
(continuação...)

BASE DE CÁLCULO
 Base de cálculo é o valor que será tido como referência para efetuar o cálculo
do tributo devido. A base de cálculo é definida com base no tipo de alíquota que
será utilizada:
• Alíquota específica: quando a base de cálculo é uma quantidade de mercadoria,
utilizando uma unidade de medida que indique esta tarifa. Ex.: m², m³, etc.
• Alíquota ad valorem: a base de cálculo não leva em conta o tipo de mercadoria.
Nesse caso, a base de cálculo será o valor da mercadoria, é o valor aduaneiro,
pelo qual ela entrou no país. Quando se tratar de produto levado à leilão, a base de
cálculo será o preço de arrematação.
 Percebe-se que a base de cálculo irá variar com base na alíquota.
Imposto de Importação (continuação)

ALÍQUOTAS
 As alíquotas do Imposto de Importação poderão ser alteradas por decreto do Poder Executivo,
dentro dos limites e condições estabelecidas em lei. Há aqui uma exceção ao princípio da
legalidade, eis que o ato infralegal poderá alterar a alíquota.
 Além disso, o imposto de importação não se submete aos princípios da anterioridade e da
anterioridade nonagesimal. Essa exceção será aplicada inclusive se houver a revogação de
benefícios fiscais.
LANÇAMENTO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
 Consoante o art. 23, quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, considera-se
ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, dessa declaração de
importação.
 O parágrafo único diz que a mercadoria ficará sujeita aos tributos vigorantes na data em que a
autoridade aduaneira efetuar o correspondente lançamento de ofício, no caso de:
• Falta, na hipótese a que se refere o § 2o do art. 1o; e
• Introdução no país sem o registro de declaração de importação, a que se refere o art. 1º, inciso III, §
4o.
 O momento da ocorrência do fato gerador é a data do registro dessa declaração. Para
efeito de lançamento, será aplicada a legislação vigente à época do registro da importação.
Imposto de Importação
(continuação...)

TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA
 Com exceção do ICMS, Imposto de Importação e Imposto de Exportação, nenhum outro
imposto pode incidir sobre operações relativas a:
• Energia elétrica;
• Serviços de telecomunicações;
• Derivados de petróleo;
• Combustíveis;
• Minerais.
Imposto de Exportação

FATO GERADOR
Regido pelo Decreto-Lei nº 1.578, de 11 de outubro de 1977
 O fato gerador do Imposto de Exportação é a saída da mercadoria do território nacional.
 Para calcular o imposto, será considerado ocorrido o fato gerador da saída da mercadoria do
território nacional a data do registro da exportação no Sistema Integrado do Comércio Exterior
(SISCOMEX).
CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEIS
 O contribuinte do Imposto de Exportação é o exportador.
 Será responsável:
• Depositário;
• Transportador.
BASE DE CÁLCULO
 a base de cálculo do imposto de exportação é:
• Alíquota específica: a unidade de medida adotada pela lei tributária;
• Alíquota ad valorem: o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempoda
exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Imposto de exportação (continuação)

ALÍQUOTAS
 Com relação às alíquotas, o regulamento aduaneiro, no art. 215, diz que o imposto será
calculado com a aplicação da alíquota com 30% sobre a base de cálculo.
 Contudo, para atender aos objetivos de política cambial, de comércio exterior, a Câmara de
Comércio Exterior poderá alterar essa alíquota, reduzindo ou aumentando a alíquota do
Imposto de Exportação.
 Todavia, no caso de elevação da alíquota, esta alíquota do Imposto de Exportação não poderá
ser superior a 150%. É o que diz o Decreto-Lei nº 1.578, de 11 de outubro de 1977.
LANÇAMENTO
 Será considerado ocorrido o fato gerador no momento em que é expedida a guia de
exportação ou um documento equivalente.
 Com o SISCOMEX, não é necessária a guia de exportação. Essa necessidade foi substituída
pelo registro da exportação. Ou seja, com o registro da exportação é que se entende que
houve o fato gerador do Imposto de Exportação.
 É a legislação vigor neste momento que vai orientar o lançamento ocorrido.
Descaminho X Contrabando

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