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Economia Política

Aula 2 - O mercado (consumidores e


produtores) e intervenções do Estado
INTRODUÇÃO

Conhecer como os consumidores e os produtores interagem no mercado é importante para estabelecer a regulação do
mercado. Em uma situação em que os produtores ofertam uma quantidade maior que a demanda verificada, medidas
que estimulem o aumento da demanda se tornam necessárias. Aspectos legais podem estar envolvidos, como a
redução de tributos, por exemplo, evitando-se uma queda da produção ou do nível de emprego.

O processo de intervenção do Estado na economia pode ocorrer de maneira direta ou indireta. O governo, através das
empresas estatais, produz em setores que são considerados estratégicos para a economia.
Por outro lado, cada vez mais existe o afastamento do governo do processo produtivo atuando, entretanto, como
regulador da atividade econômica. O advogado poderá participar desse processo regulatório conhecendo, de forma
mais efetiva, seus aspectos legais.

É sobre isso que vamos falar a partir de agora. Bons estudos!

OBJETIVOS

Examinar como o consumidor e o produtor interagem no mercado;

Analisar como o mercado tende a um equilíbrio;

Identificar as formas de intervenção do Estado na economia.


MICROECONOMIA E MACROECONOMIA
Vamos iniciar esta aula conhecendo os conceitos de microeconomia e macroeconomia. Veja:

Saiba Mais
, Mercado é o lugar onde os compradores (demandantes) de bens ou serviços se encontram com os vendedores (ofertantes) dos
mesmos com o objetivo de concretizar a transação.

FATORES DETERMINANTES DA DEMANDA, OBJETIVO DO


CONSUMIDOR E LEI GERAL DA DEMANDA

Fonte da Imagem: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock

Um dos fundamentos da análise da demanda ou procura é o conceito de utilidade, que é subjetivo, mas representa a
qualidade e a satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que se pode adquirir no mercado,
variando de consumidor para consumidor.

A partir disto, podemos definir demanda de mercado ou procura como:

A quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam e podem adquirir em determinado
período de tempo.

Existem variáveis que influenciam a escolha do consumidor, e, consequentemente, sua demanda por um bem ou
serviço. São elas:
Atenção
, Para estudar a influência dessas variáveis, utiliza-se a hipótese do coeteris paribus, ou seja, é usada para lembrar que todas as
variáveis, que não aquelas que estão sendo utilizadas são mantidas constantes.

RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE PROCURADA E O PREÇO DO BEM


A chamada Lei Geral da Demanda evidencia uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o
preço do bem, coeteris paribus. Dessa forma:

Fonte: Blan-k / Shutterstock e vectorbest / Shutterstock

Outras variáveis que afetam a demanda por um bem:

Os bens podem ser divididos em:


FATORES DETERMINANTES DA OFERTA, OBJETIVO DA FIRMA E LEI
GERAL DA OFERTA

Fonte da Imagem: Rachael Arnott / Shutterstock

Oferta de mercado são as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado
período de tempo.

Em relação à lei da oferta, a quantidade ofertada de um produto (ou serviço) é diretamente relacionada com seu preço,
coeteris paribus. Se o preço de um bem aumenta, haverá uma expansão na quantidade ofertada.

A oferta depende de vários fatores, entre eles:

• O preço do bem em questão;


• Os demais preços;
• O preço dos fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra);
• As preferências dos empresários;
• As alterações tecnológicas;
• O aumento do número das empresas no mercado.

Atenção
, Vale ressaltar que a relação entre a oferta e os custos dos fatores de produção é inversamente proporcional. Exemplo: um
aumento nos salários, tudo o mais constante, provoca uma retração da oferta de um produto., , Entretanto, uma melhoria
tecnológica é diretamente proporcional, ou seja, tudo o mais constante, deve provocar uma expansão da oferta., , O objetivo da
firma é definido como, partindo-se de uma análise tradicional, o empresário sempre busca maximizar o lucro total, otimizando a
utilização de todos os recursos que dispõe.

TENDÊNCIA DE EQUILÍBRIO
O equilíbrio no mercado é definido como o preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores com as
quantidades ofertadas pelos vendedores. Dessa forma, o mercado regula os interesses de produtores e consumidores
da seguinte maneira:
Fonte: vladwel / Shutterstock; Iconic Bestiary / Shutterstock; Axsimen / Shutterstock e Anna Frajtova /
Shutterstock

O resultado desse processo são os preços de equilíbrio, ou seja, é o patamar em que os consumidores e os produtores
realizam seus interesses. Assim:

Em uma situação de escassez do produto, as quantidades demandadas serão maiores que as ofertadas, o que
resultará em elevação de preços e/ou no aumento da quantidade ofertada, até atingir-se o equilíbrio.

Entretanto, em uma situação de excedente de produção, resultará em uma competição entre os produtores,
conduzindo a uma redução dos preços ou na quantidade ofertada, até que se atinja o ponto de equilíbrio.

Assim sendo, quando há competição tanto dos


compradores (demandantes) quanto dos vendedores
(ofertantes), há uma tendência natural no mercado para se
chegar a uma situação de equilíbrio.

Os compradores e vendedores conduzem


automaticamente o mercado para um equilíbrio. Uma vez
atingido esse equilíbrio, os compradores e vendedores
estão satisfeitos e, portanto, não há pressão sobre o preço.

A rapidez e velocidade desses ajustes variam de mercado


para mercado. Nos mercados de concorrência pura, o
excesso e a escassez são apenas temporários e o ajuste
tende a ser mais rápido. É necessário ponderar que podem
ocorrer as imperfeições de mercado, ou seja, situações nas
quais os preços não são determinados isoladamente em
cada mercado.

Fonte: Praneat / Shutterstock

POLÍTICAS DE PREÇOS: CONGELAMENTO, PREÇOS MÍNIMOS E


TABELAMENTO
Na análise das imperfeições de mercado, verificam-se situações nas quais os preços não são determinados
isoladamente em cada mercado. No âmbito microeconômico, o governo intervém na formação de preços de mercado
quando:

Fixa imposto e subsídio;

Estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo;


Fixa preços mínimos para produtos agrícolas;

Decreta tabelamentos ou, ainda, congelamento de preços e salários.

Fonte da Imagem: Zurbanov Alexei / Shutterstock

A política de preços mínimos na agricultura consiste em uma política governamental, que visa dar uma garantia de
preços ao produtor agrícola, com o objetivo de resguardá-lo contra os riscos eventuais advindos de variação nos
preços de mercado, evitando que uma acentuada queda de preços possa causar um desestímulo ao produtor e sérios
prejuízos à renda e à produção agrícola.

O governo oferece um preço mínimo que ele pagará ao produtor agrícola após a produção. Se os preços mínimos
forem superiores aos preços de mercado, por ocasião da produção, o produtor deverá vender seu produto para o
governo ao preço mínimo fixado.

Com o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, tem-se um excedente de produto em poder do governo,
que, possivelmente, será utilizado como estoque regulador nos períodos da entressafra.

O governo poderá implantar um tabelamento de preços, visando impedir abusos por parte dos vendedores. Entretanto,
se o governo tabelar o preço em um valor inferior ao de equilíbrio, resultará em escassez do produto, com o surgimento
de filas, ágio e no mercado paralelo.

IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS DE OFERTA E DEMANDA PARA O


CURSO DE DIREITO

Fonte da Imagem:

A legislação do consumidor amplamente empregada em nossa sociedade tem uma relação direta com os conceitos de
oferta e demanda.
Podemos citar, como exemplo, a oferta insuficiente de determinados produtos básicos, como medicamentos, que
podem causar sérios danos à população dependente desses produtos. Dessa forma, estudar o mercado desses bens
poderá evitar sua escassez por meio de medidas que venham a incentivar a produção. Aspectos jurídicos estão
presentes nessas análises e nas formas de incentivo.

Analisar a oferta de um determinado produto permite aos agentes tomarem decisões que impeçam prejuízos à
sociedade. Uma empresa poderá estar sujeita à insolvência por um desequilíbrio entre oferta e demanda de seus
produtos. O advogado não atua somente no aspecto jurídico da Recuperação Judicial, mas deverá ser capaz de
participar das discussões sobre as alternativas disponíveis para a empresa.

Por sua vez, a atuação do empresário no mercado deverá ser regulada para impedir abusos que possam desequilibrar
a relação entre os compradores e os produtores.

Os tabelamentos de preços ocorridos durante a década de 1980, no Brasil, causaram sérios transtornos às pessoas,
que se viram privadas de seu direito básico de consumidor. Essas decisões causaram prejuízos ao Estado, que ainda
teve que conviver com inúmeras ações judiciais de reposição das perdas. O Plano Real, que estabilizou os preços, foi
articulado com a participação de juristas renomados, fator que contribuiu para seu sucesso.

Situações de escassez em que a demanda é superior à oferta pode requerer medidas como o incentivo à importação.
Esse procedimento é importante para evitar que a pressão de demanda venha a impactar os preços do produto. O
processo de importação envolverá uma série de decisões relativas à legislação aduaneira.

Fonte: Biro Emoke / Shutterstock

FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA


As formas de intervenção do Estado na atividade econômica podem ser definidas da seguinte maneira:

ABSORÇÃO
Nesse caso, o governo atua de forma monopolista na atividade econômica.
O caput e inciso V do art. 177 da Constituição Federal Brasileira de 1988, estabelece que “Constituem monopólio da União, a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de
permissão […]”.

PARTICIPAÇÃO
O governo atua em conjunto com a inciativa privada na realização de determinada atividade econômica. O art. 199 e & 1o. da
Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece que “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições
privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de
direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos”.
O sistema de atuação concomitante entre setor público e setor privado também ocorre com a Educação. Conforme o art. 209 e
incisos I e II da Constituição Federal brasileira de 1988, “o ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;


II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder público”.

DIREÇÃO
Nessa situação, o Estado atua na economia por meio de edição de leis, utilizando seu poder de pressão.
O art. 174 da Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece que “como agente normativo e regulador da atividade econômica,
o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado”.

INDUÇÃO
O governo, nesse caso, atua na atividade econômica concedendo benefícios fiscais, oferecendo crédito por meio do sistema
financeiro ou mesmo estimulando o desenvolvimento através de instituições oficiais de fomento.

INTERVENÇÃO DIRETA E INDIRETA


O Estado pode atuar de forma direta ou indireta no domínio econômico.

Intervenção Direta
A intervenção de forma direta ocorre por meio das empresas públicas e como sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias. A intervenção direta é permitida, quando necessária, aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo.

Fonte da Imagem: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock

O art. 173 da Constituição Federal de 1988, & 1º e inciso I, prevê que a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre sua função social e formas de fiscalização pelo
Estado e pela sociedade.

Esse artigo, prevê, ainda, que: “ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta da atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definido em lei”.

Na atuação direta, o Estado atua como empresário comprometido com a geração de atividade econômica, sendo
guiado por um regime concorrencial (glossário) ou por um regime monopolístico (glossário).

Por meio da intervenção direta, o Estado passa a concorrer com as empresas privadas, seja como empresa pública ou
como sociedade de economia mista, atuando na economia como empresário, não podendo gozar de privilégios fiscais
não extensivos às do setor privado.

Saiba Mais
, A partir dos anos 1960, inicia-se o questionamento do custo e da eficiência da intervenção direta do estado na Economia
associado a uma depreciação dos serviços públicos oferecidos uma vez que ocorre um esgotamento da capacidade estatal de
investir em novas tecnologias., , Após 1985, verifica-se no Brasil, assim como no mundo, o fenômeno de desregulamentação. Não
que o Estado seja eliminado, mas ele assume novas funções e transfere à iniciativa privada atividades até então exploradas pelo
Estado. O Direito Econômico, como um conjunto de normas que regem a organização do mercado, cria, aplica e preside as novas
regras de conduta de mercado.

Intervenção Indireta
A intervenção indireta ocorre com o Estado assumindo o papel de agente normativo e regulador da atividade
econômica. O art. 174 (glossário) da Constituição Federal de 1988 estabelece que o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento.

A atuação indireta permite ao Estado executar a política econômica, procurando assegurar o desenvolvimento
sustentado da economia, com pleno emprego dos fatores de produção, estabilidade de preços, e distribuição de renda.
Fonte da Imagem: Dacian G / Shutterstock

O Estado, na atuação indireta, adota políticas econômicas para conduzir, estimular e apoiar a atividade econômica
empreendida pelos particulares. Dessa forma, os objetivos principais dessas políticas econômicas são:

Assegurar o crescimento sustentável da economia;

Assegurar o elevado nível de emprego, relativa estabilidade de preços;

Garantir o equilíbrio das contas externas.

Para atingir esses objetivos, o Estado adota uma série de medidas econômicas que são instrumentos para atingir
esses objetivos fundamentais, já que a adoção de uma política econômica pode levar a um conflito com o objetivo de
outra. Por exemplo, uma adoção de uma política energética pode levar conflitos com os objetivos da política ambiental.

Vamos exercitar os seus conhecimentos!

1. Em uma análise tradicional do Objetivo da Firma, o empresário busca:

Reduzir a possibilidade de crescimento da concorrência.

Ampliar sempre o tamanho de sua firma.

Maximizar o lucro total.

Explorar novos mercados.

Atingir a maior eficiência possível.

Justificativa
2. Na hipótese em que a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio, encontramos em uma situação
de:

Escassez

Excedente

Excesso

Deficiência

Competitividade

Justificativa

3. Em uma situação em que a quantidade ofertada estiver acima do ponto de equilíbrio, irá conduzir:

A um aumento dos preços ou redução na quantidade ofertada.

A uma redução dos preços ou aumento na quantidade ofertada.

A um aumento de preços ou na quantidade ofertada.

A uma redução dos preços ou na quantidade ofertada.

A uma situação inflacionária.

Justificativa
4. NÃO é considerada imperfeição de mercado em que o governo intervém na formação de preços de mercado:

A livre flutuação da taxa de câmbio sujeito as condições de mercado.

A fixação de preços mínimos para produtos agrícolas.

A decretação de congelamento de preços e salários.

A fixação de imposto e subsídio.

O estabelecimento de critérios de reajuste do salário mínimo.

Justificativa

Glossário
REGIME CONCORRENCIAL

Podemos citar, como exemplo, a Caixa Econômica Federal.

REGIME MONOPOLÍSTICO

Podemos citar, como exemplo, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – monopólio estabelecido no art. 21 , X da
Constituição Federal de 1988.

ARTIGO 174

O artigo 174 da Constituição Federal brasileira de 1988 tem como redação: “como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante
para o setor público e indicativo para o setor privado”.

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