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História do pensamento econômico

Há um consenso em que a teoria econômica foi sistematizada, em 1776, com


Adam Smith.

Mas como era tratada a economia nos períodos anteriores?


Na antiguidade, a atividade econômica era tratada como parte da Filosofia,
Moral e Ética.

No século XVI, podemos destacar o mercantilismo, com as preocupações


sobre a acumulação de riquezas de uma nação pela quantidade de metais
preciosos que a nação possuía.

E, no século XVII, a fisiocracia, com a ideia da sustentação da economia


regida pela lei natural.

Mas foi Adam Smith que conseguiu sintetizar, estabelecer um corpo teórico
próprio.

Escola clássica
A Economia, como uma ciência específica, nasce com os economistas
clássicos. Para eles, o liberalismo e o individualismo estavam associados ao
bem comum: o homem, ao maximizar sua satisfação pessoal, como o mínimo
de esforço, estaria contribuindo para o máximo do bem-estar social.

Vamos destacar alguns pensadores da Escola Clássica:

Adan Smiths 1723 – 1790

2 principais ideias persistem até hoje A mão invisível e divisão de trabalho:

Por existir a pressão da concorrência e porque querem ser bem-sucedidos e ter


lucro. O interessante, na teoria de Smith, é que os agentes econômicos não
possuem plano prévio ou orientação externa, é a mão invisível! Ou seja, se
cada um procurar fazer o melhor, chega-se a uma situação que é a melhor
para a sociedade.

A ideia de Smith era a menor intervenção do governo na economia, mas não


uma ausência de governo. O governo tinha um papel importante, por exemplo,
nas áreas sociais e de infraestrutura.

Outro ponto a ser destacado é a divisão do trabalho. Ela traz a


especialização, uma maior produção por trabalhador (maior produtividade) e,
consequentemente, o barateamento do produto, pois se produz mais com o
mesmo número de trabalhadores.
O crescimento do mercado é o que impulsiona a especialização.

David Ricardo (1772 – 1823)

O trabalho de Adam Smith foi aperfeiçoado pelo discípulo David Ricardo. A


maior contribuição de Ricardo à teoria econômica foi provavelmente a teoria
das vantagens comparativas, apresentada no livro Princípios de Economia
política e tributação.

Para Ricardo, o país deveria se especializar no produto em que tem mais


vantagens comparativas.

O que significa isso?

Um país tem vantagem comparativa em um produto, quando o outro, com


quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, mesmo
sendo mais eficiente na produção.

A Economia Neoclássica
Alfred Marshall (1842-1924)

Ele escreveu o livro Princípios de Economia, que foi a base conceitual


fundamental da Microeconomia nas suas fórmulas matemáticas e
apresentação gráfica.

Como veremos com mais detalhes, a Microeconomia é o ramo da Economia


que estuda a interação, no mercado, entre empresas e consumidores.

Escola keynesiana
O destaque é para John Maynard Keynes, citado como o criador da
Macroeconomia.

John Maynard Keynes (1883-1946)

Na sua obra, Teoria geral do emprego, juro e moeda, ele criticava o


pensamento dominante da época, a Lei de Say. Para essa “lei”, toda oferta
gera sua demanda.

A “revolução keynesiana”, assim chamada às ideias de Keynes, mudou a forma


de pensar a economia e foi dominante até os anos 1970.
Microeconomia: Analisa o comportamento individual das unidades econômicas.

Macroeconomia: Analisa o funcionamento da Economia como um todo, de um


país. Realiza uma visão simplificada e abstrata da Economia.

Sistema econômico de mercado capitalista X Sistema econômico


centralizado ou planificado

De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois


grandes grupos:

Sistema econômico capitalista ou de mercado - O funcionamento da


economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a
propriedade privada dos fatores de produção.

Sistema econômico centralizado ou planificado - Organizado diretamente


por uma agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições
econômicas está vinculado diretamente às decisões desta entidade e onde os
meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela.

Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas. As trocas econômicas são


vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos
porque possibilitam a divisão e especialização da produção, da distribuição, da
comercialização e do consumo em uma organização econômica.

O que é mercado?
O mercado é o local onde atuam as forças de demanda e oferta em busca de
um equilíbrio

As trocas econômicas são realizadas nos mercados interno e externo. Nestes


mercados, atuam conjuntamente as forças da demanda e da oferta por
mercadorias ou produtos.

Então, os preços dos produtos podem ser definidos em função da quantidade


de reais (R$) necessários para obter em troca de uma determinada quantidade
de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos, o mercado permite a
coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade
do sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda .
Por isso é importante estudarmos sobre a demanda e a oferta. Ao estudar
Microeconomia, precisamos estabelecer em mente a hipótese de trabalho: a
hipótese de “tudo mais constante”.

O objetivo é isolar a uma determinada variável, cujo efeito se pretende


investigar, supondo-se que outras variáveis permanecem constantes, ou seja,
que não interfiram no fenômeno investigado.

Como exemplo, sabemos que a demanda (ou a procura) de um bem é afetada


pelo preço e pela renda dos consumidores.

Em um determinado momento, precisamos analisar o efeito do preço sobre a


demanda. Para analisar o efeito dessa variável (preço) sobre a demanda,
manteremos a renda dos consumidores constante (coeteris paribus), faremos a
alteração do preço e saberemos o resultado na demanda.

Entendendo a demanda e a procura


Por que precisamos adquirir bens e serviços?

Porque nos são úteis, ou seja, há uma satisfação para os consumidores


proporcionada pelo consumo. A demanda (ou a procura) de uma determinada
pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto indica o quanto esta
pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço, esse produto
em um determinado período de tempo.

A oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado) é a quantidade de


um produto X que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a
vender, a determinado preço, em um período de tempo.

Equilíbrio de mercado

O equilíbrio do mercado pode ser definido pela interação entre demanda e


oferta de mercado para um bem ou serviço.

Da interação entre essas curvas define-se um ponto de equilíbrio E, ao qual


correspondem o preço e a quantidade de equilíbrio.

Desse modo, a noção de equilíbrio de mercado corresponde à coincidência de


desejos entre consumidores e produtores, evidenciando uma situação onde
não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Neste ponto, os planos
dos compradores são consistentes com o plano dos vendedores.

Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços leva automaticamente


ao equilíbrio.

Nessas situações, não existe compatibilidade de desejos. No entanto, quando


ocorre excesso de oferta, os vendedores com estoques não planejados terão
que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores. Já
quando ocorre um excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a
pagar mais pelos produtos escassos. Estas ações resultam em ajustes de
preços, retornando-se a uma situação de equilíbrio no ponto E na qual são
eliminadas as pressões para alterar preços.

Interferência externa

Mas é importante salientar que essa “convergência” para o equilíbrio ocorre


sem qualquer interferência do governo ou de outro agente externo.

E o governo pode interferir nesse equilíbrio?

ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS

Um imposto sobre bens e serviços vai recair em um aumento de custos para a


empresa. Se quiser manter a quantidade ofertada, a empresa deverá aumentar
o preço do seu produto (repassando o imposto para o consumidor), ou reduzir
o custo em outra área de produção. Ou então, reduzir a quantidade ofertada.

POLÍTICA DE PREÇOS MÍNIMOS NA AGRICULTURA

A finalidade é garantir preço para as atividades agrícolas, pecuárias e


extrativas. O governo pode comprar os produtos dos produtores (atualmente
menos utilizado) ou conceder empréstimos para produtores ou cooperativas
para estocar seu produto e vender em um período mais favorável.

TABELAMENTO

Intervenção do governo na tentativa de coibir abusos de preços por parte dos


ofertadores e frear um processo inflacionário. Já foi utilizado aqui no Brasil no
Plano Cruzado, por exemplo.

Abordagem Microeconômica – Estrutura de mercado


Premissa

Na análise padrão, que fizemos de demanda e oferta, implicitamente estava


sendo suposta uma estrutura de mercado em um contexto de uma estrutura
chamada de “concorrência perfeita”.

As relações entre compradores e vendedores seguem padrões diferentes


dependendo do tamanho desse mercado, do número de vendedores, do
número de compradores e, até mesmo, do tipo de produto comercializado.

Consequentemente, a forma como os preços são determinados varia de acordo


com as características do mercado. Essas características é que fornecem base
para uma classificação genérica dos diversos tipos de mercados. As estruturas
de mercado dependem, fundamentalmente, de três características:

 Número de empresas que compõe esse mercado;

 Tipo de produto;

 Possibilidade de acesso de novas empresas no mercado.

A análise simplista que faremos irá considerar quatro alternativas de estruturas


de oferta para atender o mercado consumidor de um determinado produto.

Conceitualmente, esses mercados são denominados de concorrência perfeita,


concorrência monopolística, oligopólio e monopólio. As características de cada
um desses serão apresentadas a seguir.

Concorrência perfeita

Pelo próprio nome, o mercado de concorrência perfeita é aquele onde a


concorrência entre os agentes econômicos, devido ao seu grande número, é a
mais significativa.

É uma estrutura utópica, pois os mercados altamente concorrenciais


existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo.

A consequência lógica desse número excessivo de participantes é que cada


um deles se torna incapaz de, sozinho, alterar as condições de mercado.
Assim, tanto consumidores como produtores não conseguem afetar os níveis
de oferta e procura do produto e o seu preço de equilíbrio.

Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:

1. Existência de um grande número de compradores e vendedores,


refletindo uma situação de mercado atomizado, como se fossem
“átomos”.
2. Produtos homogêneos, ou seja, não há diferença entre os produtos
ofertados pelas outras empresas. São substitutos perfeitos entre si,
inviabilizando preços diferentes de mercado.
3. Transparência do mercado, os agentes possuem completa informação e
conhecimento sobre o preço do produto.

4. Ausência de barreiras à entrada ou a saída de novos concorrentes, ou


seja, há livre entrada e saída de firmas no mercado.

5. Racionalidade por parte dos agentes, ou seja, a visão da empresa que


faz com que as empresas sempre maximizem o seu lucro e que os
consumidores maximizem a satisfação ou utilidade derivada do consumo
de um bem.

Monopólio

É uma estrutura com condições totalmente opostas à concorrência perfeita.

O prefixo mono, como se sabe, significa a unidade. Assim, monopólio


representa o caso limite de um mercado onde só existe um único produtor (ou
fornecedor) de um bem ou serviço.

Por esse motivo, preço e quantidades produzidas serão determinadas pela


empresa monopolista. Normalmente, os produtos vendidos, nesse tipo de
mercado, costumam exigir altíssimos níveis de investimento, fazendo com que
o acesso de algum concorrente seja muito difícil.

Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:

1. Uma empresa detém 100% da produção de um determinado mercado;


2. Produto sem substituto próximo;
3. Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes.
4. Uma estrutura onde não há concorrência nem substituto próximo para o
produto, os consumidores acabam sendo submetidos às condições
impostas pelo ofertador.

Mas por que os monopólios surgem e/ou são mantidos?

Vejamos algumas situações:

 A PRESENÇA DE PATENTES
Quando a empresa e a única que detém a tecnologia para produzir aquele
bem. Dependendo do tempo de duração da patente no mercado em que opera,
a patente pode promover a uma determinada firma uma posição monopolista.

 CONTROLE DE MATÉRIA-PRIMA BÁSICA

Quando uma empresa tem um acesso exclusivo a uma matéria-prima essencial


pode levá-la a consolidação de posições de monopólio.

 MONOPÓLIO NATURAL OU PURO

Existem situações que promovem esse tipo de monopólio, como por exemplo,
quando a empresa já está instalada no mercado operando com grandes
plantas produtivas, elevadas economias de escala e custos unitários baixos.
Outra situação é quando o próprio mercado exige um volume de capital
elevado e acaba por criar barreias à entrada de novos concorrentes.

Oligopólio

É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o


monopólio.

O número de ofertadores é reduzido, mas essa quantidade pode ser variável.


Como são poucos, as ações de uma das empresas podem afetar as demais.
Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas:

1. Grande número de ofertadores;


2. Produto é diferenciado, seja por características físicas ou pela
propaganda e prestação de serviços complementares (exemplo: pós
venda), mas há substituto próximos;
3. Não há barreiras à entrada de novos concorrentes.

É interessante destacar uma característica desse tipo de estrutura de mercado:

Cada empresa possui certo poder sobre os preços, uma vez que os produtos
são diferenciados, ou seja, o consumidor pode escolher, de acordo com a sua
preferência, a marca do produto. A empresa americana Apple Inc. é um
exemplo que cumpre com todas as características.

Como não há barreiras à entrada de novos competidores...

 A longo prazo

A tendência é um lucro normal e a curto prazo um lucro extraordinário.


 A curto prazo

Exatamente por ter lucros extraordinários, acabam por atrair novos


concorrentes até chegar ao ponto de lucro normal.

Abordagem Macroeconômica: noções de Contabilidade


Social e metas de política macroeconômica
Premissa

O estudo da Macroeconomia está baseado na atividade econômica global, isto


é, de todos os indivíduos, empresas, mercados e governo, no que se refere à
compreensão dos chamados agregados econômicos, tais como o produto
interno bruto, PIB per capita.

PIB

A principal medida do Sistema Nacional de Contabilidade é o Produto Interno


Bruto (PIB).

O PIB de um país representa a produção de todas as unidades da economia,


em um determinado período de tempo, a preços de mercado, como:

 Empresa publica e privada produtoras de bens e prestadora de serviço;


 Trabalhadores autônomos;
 Governo.

Como é calculado o PIB?

Existem três diferentes óticas de mensuração do produto da Economia:

Ótica do Produto

O cálculo do PIB pela ótica do produto mede o valor agregado em cada etapa
do processo de produção de bens e serviços.

Vamos explicar com um exemplo: Considere a produção de iogurtes por uma


firma industrial. Suponha que sejam produzidos 500 litros de iogurte por ano,
ao preço médio de R$2,00, logo o valor da produção da firma no ano será de
500*R$ 2,00 = R$1.000,00. Como medir a contribuição da firma para o PIB do
país?

Para chegarmos a real contribuição, no PIB da economia, devemos descontar


do valor da produção de cada firma o que foi adquirido de outras firmas, ou
seja, o produto intermediário. Desta forma estaremos considerando aquilo que
cada firma agrega de valor durante o seu processo de produção.
Seguindo no exemplo, suponha que a firma compre o equivalente a R$300,00
de leite para produzir os 500 litros de iogurte. Logo, o valor adicionado (ou
agregado) da firma produtora de iogurte no ano terá sido de R$700,00
(R$1000,00 menos R$300,00), e esta é sua contribuição ao PIB, e não
R$1.000,00.Assim, o PIB pela ótica do produto é calculado:

Ótica do produto = Valor da Produção – Valor dos Consumos Intermediários

Ótica da Renda

A medida do PIB pela ótica da renda consiste em somar todos os pagamentos


efetuados como:

 salários (remuneração pelo trabalho),


 aluguéis (remuneração pela propriedade),
 lucro (remuneração ao capital de risco),
 juros (remuneração ao capital).

Ótica da renda = Soma das remunerações dos fatores de produção

Ótica da Despesa

Por fim, a mensuração do PIB pela ótica da despesa considera que, em contas
nacionais, toda produção de bens e serviços é destinada ou para gasto
corrente (consumo) ou gasto em formação de capital (investimento). A medida
de PIB pode ser obtida então pela soma do total dos gastos dos agentes
econômicos em consumo de bens e serviços, e em investimento para
ampliação de capacidade produtiva ou manutenção do equipamento.

Ótica da despesa = Soma dos gastos com bens de consumo final e bens de
investimento em capital.

PIB per capita

É possível que você esteja se perguntando, podemos afirmar que se o PIB do


país está aumentando, a sua população está mais rica?

Uma das maneiras para medir isso é o PIB per capita, ou seja, dividindo o PIB
anual do país pela população residente no mesmo período de tempo. Será que
o PIB per capita é uma mensuração satisfatória da qualidade de vida dos
habitantes do país?

Apesar de muito utilizada, essa medida pode não ser considerada uma
representação satisfatória do nível de qualidade de vida. O PIB per capita
mede a renda média da população. Por exemplo, suponha a população de um
país composta por 1 pessoa ganhando $7000,00 por ano e 9 ganhando
R$700,00 por ano, que corresponde ao salário mínimo do país. Se for
calculada a média será de R$1330,00 e estará bem acima do salário mínimo.

Em economias como a nossa, com uma distribuição de renda concentrada, o


PIB per capita não consegue representar a qualidade de vida do brasileiro.
Veremos que precisamos de indicadores como IDH para melhorar essa
análise.

De qualquer forma, a taxa de crescimento do PIB per capita é uma medida


importante para qualificar o crescimento do PIB ao longo do tempo. Podemos
ter uma taxa de crescimento do PIB positiva, porém um PIB per capita
negativo.

Veja a tabela a seguir mostrando o crescimento real do PIB brasileiro,


população residente e PIB per capita %.

Renda Nacional Bruta (RNB)

Como foi visto pelo cálculo do PIB pela ótica da renda, parte da remuneração
dos fatores de produção pode não ficar dentro do país, se, por exemplo, os
fatores de produção forem de não residentes.

O PIB de um país considera toda a produção em um território, independente da


origem do recurso, e a RNB considera a remuneração à produção apenas aos
residentes. Tendo o valor do PIB, para se chegar ao valor da RNB, é
necessário calcular o saldo entre os pagamentos de rendas recebidas do
exterior e o pagamento das rendas enviadas ao exterior. Se o saldo for
positivo, ou seja, se o país recebe mais recursos como renda do que paga,
então se soma ao PIB para se obter a RNB; se o saldo for negativo, ou seja, o
país envia ao exterior mais recursos como renda do que recebe, então se
subtrai do PIB e, neste caso, a RNB será menor do que o PIB.

Emprego e Desemprego

Ouvimos nos noticiários, lemos no jornal sobre um grande problema da


economia brasileira que é o desemprego.

Mas como se mede o desemprego?

Para se chegar a uma medida é necessário calcular primeiro a população em


idade de trabalhar, ou seja, do total da população exclui-se:

 Quem não está em idade de formação escolar básica (abaixo de 14


anos pela nova pesquisa do IBGE);
 Ícone de um trabalhador desempregado. Os idosos;
 Ícone de um trabalhador desempregado. Os incapacitados ao trabalho.
Temos o fator de produção trabalho, ou seja, a força de trabalho de uma
economia, o contingente de pessoas em idade de trabalhar e disponível para o
trabalho. Dessa força calculam-se quantos estão efetivamente trabalhando, em
uma data, e quantos desejam trabalhar, mas não encontram ocupação.

A medida da taxa de desemprego, ou taxa de desocupação, é a proporção das


pessoas que não estavam ocupadas (mas que procuraram emprego nos
últimos 30 dias em relação à data da entrevista) em relação ao total da força de
trabalho.

Metas de curto e longo prazo da Macroeconomia

Como vimos anteriormente, um sistema econômico (maneira como a economia


é administrada) se depara com algumas questões fundamentais.

Instrumentos de política macroeconômica

As ferramentas de política econômica que o governo dispõe para conduzir a


economia a atingir as metas de curto e longo prazo, são chamadas
instrumentos de política macroeconômica.

Nas próximas aulas, vamos tratar de cada uma delas, por enquanto vamos
apenas nos familiarizar:

POLÍTICA FISCAL

São instrumentos que o governo dispõe para arrecadar tributos e controlar


suas despesas (política tributária e política de gastos públicos).

Por exemplo, para atingir o objetivo de promover crescimento econômico, o


governo pode reduzir a carga tributária (com isso aumenta a demanda
agregada) e aumentar os gastos públicos (promovendo mais emprego,
produção e consumo). Se o objetivo for o controle de inflação, os instrumentos
devem seguir o sentido inverso.

POLÍTICA MONETÁRIA

É a atuação do governo na quantidade de moeda, títulos de dívida pública e


taxa básica de juros (SELIC).

Por exemplo, se a meta for de reduzir a inflação, as medidas de política


monetária devem ser de retrair a base monetária, ou seja, aumentar a SELIC,
os depósitos compulsórios e/ou a venda de títulos de dívida pública. Se a meta
for de crescimento econômico, as medidas seriam inversas.
POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL

A política cambial é a atuação do governo no mercado cambial. Vamos estudar


sobre os regimes cambiais existentes e o atual modelo brasileiro.

A política comercial tem a ver com medidas adotadas pelo governo no objetivo
de intervir nas transações com o exterior. As tarifas alfandegárias cobradas
sobre os produtos importados retratam bem essa interferência. Quanto maior a
tarifa mais dificultada se tornarão as importações e mais protegida da
concorrência externa estará a indústria nacional e, consequentemente, seus
empregados.

POLÍTICA DE RENDAS

Refere-se à intervenção do governo na formação de rendas, ou seja, aluguéis e


salários, podendo também tratar do controle e congelamento de preços. Um
exemplo é a determinação do salário mínimo pelo governo.

Abordagem Macroeconômica: moeda e inflação


Então vamos começar pela moeda!

Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para denominar tudo àquilo que


geralmente é aceito como meio de trocas de bens e serviços. Significa dizer,
portanto, que é condição necessária para que algo possa ser aceito.

Sistema de trocas e a evolução da moeda

Não se pode afirmar com exatidão quando surgiu e qual foi a primeira moeda.
Remontando aos primórdios da civilização, imagina-se facilmente que o
homem primitivo produzia tudo quanto bastava ao seu sustento. Suas
necessidades limitavam-se à garantia de sua sobrevivência.

As associações e o desenvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém,


outras necessidades para cuja satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu
impotente. Sua autossuficiência se reduzia na medida do crescimento de suas
necessidades. Estabeleceu-se, então, um sistema de trocas diretas, conhecido
por escambo, de mercadorias por mercadorias, mercadorias por serviços ou
serviços por serviços.

Dificuldades da economia de escambo

É fácil imaginar as dificuldades para um razoável funcionamento dessa


economia de escambo:

 Exige uma permanente coincidência de interesses (o indivíduo “A”


dispõe de arroz e quer trocar por carne; para se realizar essa troca, é
imprescindível que ele encontre um indivíduo “B” que tenha carne e
queira arroz!).
 Há a dificuldade de se estabelecer as relações ou preços de troca
(valores entre dois bens bastante diferentes).

Por tudo isso, esse sistema, que vigorou na mais remota antiguidade, era
claramente ineficiente. As mudanças requeridas se realizaram lentamente.

 Moeda mercadoria

Geralmente escolhia-se uma mercadoria que fosse relativamente escassa e


não facilmente perecível (nem sempre possível). A história registra que, em
diferentes locais e épocas, foram usados como moeda: sal, peles, fumo, gado,
trigo, rum, carne seca, ferro, cobre, dentre outros.

 Moeda metálica

Sem dúvida, de todas as mercadorias, a preferência maior recaía sobre os


metais, não só pela sua relativa escassez, mas, também, pela sua durabilidade
e fácil divisibilidade. Muito embora o ferro, o cobre e o bronze tenham sido
bastante utilizados, houve uma predominância do uso dos metais preciosos,
notadamente a prata e o ouro.

 Moeda papel

Com o tempo, e diante da crescente demanda por tais certificados, as casas de


custódia passaram a emitir certificados cujo valor global em circulação excedia
o valor total dos metais preciosos ali depositados. A experiência acumulada
pelos custodiadores mostrava que nem todos os depositantes resgatavam, ao
mesmo tempo, seus depósitos. Além do mais, enquanto alguns vinham para
reconverter seus certificados em ouro, outros vinham para depositar. Assim,
com um encaixe metálico menor, era possível garantir a liquidez dos
certificados, isto é, garantir as reconversões que, em média, na semana ou no
mês, correspondia a apenas uma fração do total dos certificados em circulação.

 Papel moeda

Com o crescimento do volume e valor das transações, o manejo de grandes


quantidades de metais preciosos tornou-se problemático pelas dificuldades de
transporte e os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o aparecimento de
casas de custódia desses metais em diversos pontos. Essas casas passaram a
receber em depósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo em troca
um recibo ou certificado de valor correspondente. Esse certificado recebeu a
denominação de moeda papel e era generalizadamente aceito nas transações.
Sua característica principal era possuir lastro integral (100%) em ouro, isto é, a
qualquer momento o possuidor do certificado poderia ir à casa de custódia
emissora e reconvertê-lo em ouro ou prata. Daí sua crescente aceitabilidade
como meio de pagamento em substituição aos próprios metais preciosos.

Ocorreu, assim, um novo marco histórico na evolução das formas de moeda: a


passagem da moeda papel para os certificados emitidos sem o correspondente
lastro em ouro ou prata e que vieram a ser chamados de papel moeda. Pouco
a pouco o papel moeda passou a ter uso generalizado como meio de
pagamento nas transações pelo simples fato de que sua aceitação era geral,
não se questionando sobre a possibilidade de convertê-lo ou não em ouro.

Tipos de moeda

Numa classificação didática, temos, hoje, as seguintes espécies ou formas de


moeda:

Moeda manual

Vem a ser aquela emitida pela Casa da Moeda, representada pelas cédulas e
moedas metálicas em circulação.

Moeda escritural ou bancária

Representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Vale lembrar que
se trata das chamadas moedas fiduciárias (isto é, em que se tem fé ou se
acredita), já que não possuem valor intrínseco, constituindo-se em moeda
simplesmente porque têm aceitação generalizada nas transações econômicas.

Funções da moeda

Bom, já que agora sabemos um pouco sobre o sistema de trocas e dos tipos da
moeda, vamos às suas funções:

Instrumento de troca

Tendo aceitação generalizada como meio de pagamento nas transações, a


moeda exerce sua função mais cristalina e fundamental – que é servir como
instrumento ou intermediária de trocas entre os indivíduos para satisfação de
ambas as partes.

Padrão de referência de valor

Nesse caso, a moeda possibilita que todos os fatores de produção e os


produtos (bens e serviços) possam ter seus valores expressos em unidades
monetárias, propiciando a fácil avaliação e comparação de todos os recursos e
produtos disponíveis na Economia.
Reserva de valor

A moeda desempenha, também, a função de reserva de valor no sentido de


que o indivíduo pode manter sua riqueza (ou parte dela) sob a forma de
moeda, por um período de tempo, sabendo que, amanhã ou depois, esse ativo
será aceito em qualquer transação por ter liquidez absoluta. Trata-se, no
entanto, de uma função que merece duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo
prefere manter sua riqueza sob a forma de moeda, ele deixa de ganhar, pois a
moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao contrário, em períodos
inflacionários o indivíduo perde com a desvalorização da moeda.

Inflação

A inflação é definida como sendo um aumento contínuo e generalizado do nível


geral de preços, em outras palavras, uma perda progressiva do poder de
compra da moeda. Em uma economia com inflação é necessário cada vez
mais moeda para se comprar a mesma quantidade de bens e serviços.

Inflação basicamente significa alta de preços. Mas uma alta de preços que têm
algumas características próprias. Observe:

 Em geral, sobem os preços de todos os bens, serviços etc. uns mais,


outros menos, mas todos sobem;
 É durável, o movimento de elevação dos preços não é um ponto no
tempo, não é feito de avanços e recuos estáticos, mas persistente (e às
vezes, demorado);
 É progressiva ou acumulativa. A inflação alimenta-se a si mesmo e pode
aos poucos, aumentar a sua velocidade de alta (ou até mesmo de
baixa).

Mas o que faz aparecer esse fenômeno que chamamos de inflação, melhor
dizendo, quais são as suas causas, de âmbito socioeconômico, com os seus
respectivos efeitos, não só em toda a vida econômica, como também na vida
política, na vida social e até na vida individual de cada pessoa que forma a
sociedade de um país?

As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos identificar e


classificar como tipos básicos de inflação.

INFLAÇÃO DE DEMANDA

A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de


procura, dada a oferta disponível de bens e serviços na economia. Entre os
fatores que fazem aparecer este fenômeno, cabe destacar:

• o aumento da renda disponível das pessoas;


• expansão dos gastos públicos (sendo que o governo é um dos agentes que
demandam bens e serviços na economia, pressionando o nível da demanda
agregada, que, dependendo de como o governo mexe com os seus gastos, ele
pode até gerar um déficit público, e fazer gerar um maior nível de demanda
global do país);

• expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a


moeda em circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as
expectativas dos agentes econômicos.

É importante destacar que o aumento excedente da demanda só causa


inflação, se a economia do país estiver tendendo a chegar no pleno emprego
da utilização dos recursos (ou fatores) de produção disponíveis na economia
do país.

INFLAÇÃO DE CUSTOS (OU DE OFERTA)

Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver inflação,


mesmo sem a presença de um excesso de demanda sobre a oferta. A inflação
de oferta aparece porque os custos (despesas com a produção) sobem, melhor
dizendo, há a chamada inflação de custos (ou de oferta). Entre os fatores que
fazem aparecer este fenômeno inflacionário, cabe destacar:

• a taxa de juros (ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda,
gera um aumento dos custos de produção, pois as empresas muitas vezes
pegam dinheiro emprestado em bancos);

• a desvalorização cambial (pois gera um aumento nos preços dos produtos


importados que sirvam de matéria-prima), os preços externos de determinados
produtos (tais como o preço internacional do petróleo), custo da mão de obra
(devido a aumentos salariais) e aumento de impostos.

A empresa trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o


preço de venda do seu produto. Em a maior ou menor proporção a empresa,
conseguirá repassar tais elevações para o preço do seu produto, depende das
condições que se tem em relação ao seu poder de concentração de mercado,
ou a maior ou menor concorrência que se tem neste mesmo mercado.

INFLAÇÃO DE INERCIAL

O último tipo de inflação que pode ocorrer, independente de pressões de


demanda e/ou de custos, é a inflação que está associada aos mecanismos de
indexação da economia, melhor dizendo, a chamada inflação inercial. Ela é
desenvolvida por meio da garantia que se tem de reajustar preços, a partir da
constatação da existência de inflação, onde a inflação de hoje passa a ser o
piso para a inflação de amanhã, mesmo não se tendo pressões de demanda e
de custos, onde a inflação pode não ceder.

Distorções do Processo Inflacionário

A principal consequência de um processo inflacionário são as disparidades de


preços, porque os preços dos produtos variam com taxas diferentes. Portanto,
com a inflação, os preços relativos mudam: os preços de alguns insumos
aumentam mais do que o de outros, as empresas tendem a variar a
intensidade com que são usados.

Por outro lado, estes tendem a gerar expectativas de que a inflação tenderá a
subir no futuro (gerando expectativas de inflação futura), onde procurarão
resguardar as suas margens de lucro, aumentando os preços dos seus
produtos.

E, ao mesmo tempo, um processo inflacionário provoca distorções sobre as


finanças públicas; pois este processo acaba gerando uma defasagem entre o
fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto; assim, quanto maior a
inflação, menor tende a ser a arrecadação do governo.

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