CURSO DE MICROECONOMIA
Programa:
Módulo I
Conceitos básicos de Economia. Introdução ao problema econômico; a lei da escassez;
diferenças entre a micro e a macroeconomia.
Módulo II
Teoria da determinação do preço: leis da oferta e da procura. Os excedentes do consumidor
e do produtor. Bens substitutos e complementares. Deslocamentos das curvas. Intervenção
do governo: preços máximos, preços mínimos e incidência tarifária.
Módulo III
Noções de elasticidade-preço e renda da procura. Bens normais, superiores e inferiores.
Incidência tributária.
Módulo IV
Teoria do consumidor: abordagens cardinal e ordinal. Teoria da Utilidade. As curvas de
indiferença. Restrição orçamentária. Equação de Slutzky: efeitos preço, renda e
substituição. Variações compensatória e equivalente.
Módulo V
Teoria da produção. Função de produção. Isoquantas e isocustos. Funções homogêneas.
Teoria dos Custos.
Módulo VI
Teoria dos mercados: concorrências perfeita e imperfeita. Modelo de Cournot. Teoria dos
Jogos.
Módulo VII
Noções de equilíbrio geral entre o consumo e a produção: a Caixa de Edgeworth.
Bibliografia:
- “O sistema de preços e a alocação de recursos”, de Richard Leftwich, Biblioteca
Pioneira de Ciências Sociais.
- “Manual de Economia”, professores da USP, Ed. Saraiva.
- “Economia”, Paul Samuelson e William Nordhaus, Mcgraw-Hill.
- “Manual de Microeconomia”, de Marco Antonio Vasconcellos e Roberto Guena de
Oliveira, Ed. Atlas.
- “Microeconomia”, de C. E. Ferguson, Forense.
- “Microeconomia”, de Edwin Mansfield, Ed. Campus.
- “Microeconomia”, de Robert S. Pindyck e Daniel L. Rubinfeld, Makron Books.
- "Microeconomia – Princípios Básicos", de Hal R. Varian, Ed. Campus.
- “Introdução à Economia”, de N. Gregory Mankiw, Ed. Campus.
- “Exercícios Selecionados de Microeconomia”, de Hélio Socolik, Pórtico Editora.
MÓDULO I
1a . Aula
1. Conceitos básicos de Economia. Introdução ao problema econômico; a lei da
escassez; diferenças entre a micro e a macroeconomia.
MÓDULO II
1a . Aula
2. Teoria da determinação do preço: leis da oferta e da procura. Os
excedentes do consumidor e do produtor. Bens substitutos e
complementares. Deslocamentos das curvas. Intervenção do governo:
preços máximos, preços mínimos e incidência tarifária.
preço
20
Consideremos a função qd = 100 - 5 p.
Ela representa a curva de demanda à direita,
que é uma linha reta e corta os eixos
nos pontos em que qd = 100 e p = 20. D
100 quantidade/t
Vamos supor que o preço seja igual a $2. A esse preço, a quantidade procurada é
igual a 90 unidades. Se o preço aumenta para $3, a quantidade procurada diminui para 85
unidades. Concluímos, então, que para cada variação de $1 no preço, a quantidade varia de
5 unidades. Ou: ∆q /∆p = 5 / 1 = 5, que é o coeficiente angular constante da função. Se
varia o preço do bem, varia a sua quantidade demandada, fato representado
graficamente por um deslocamento de um ponto sobre a sua curva de procura.
0
q/t
A reta vertical significa que a quantidade é p
constante e o preço pode variar livremente. D
0 q/t
0 q/t
q/t
2ª Aula
O que acontece com a curva de demanda se varia algum fator que não o preço
do próprio bem? Considere um aumento da renda dos consumidores. Nesse caso, a
maior disposição de adquirir o bem faz com que a procura aumente, aos mesmos preços
anteriores. Em termos gráficos, o efeito é representado por um deslocamento da curva de
demanda para a direita.
p
Quando varia o preço do próprio bem,
temos um deslocamento na mesma curva, A
do ponto A para o ponto B (diz-se que houve C
uma variação na quantidade procurada). B
Quando varia outro fator, como a renda, D1 D2
tem-se um deslocamento do ponto A para outra
curva no ponto C (diz-se que houve uma q/t
variação na procura).
Curva da procura
de açúcar
p
p1
q1 q/t
3ª Aula
2.3. A lei da oferta e suas curvas
p O
Consideremos a função qo = -50 + 10 p.
Ela representa a curva de oferta à direita,
que é uma linha reta e corta os eixos 5
nos pontos em que qo = -50 e p = 5.
0 q/t
p
A reta decrescente significa que a quantidade é
ofertada a custos decrescentes, fenômeno que
ocorre quando a firma obtém economias de es -
cala na produção.
0 q/t
4ª Aula
O que acontece com a curva de oferta se varia algum fator que não o preço do
próprio bem? Considere que um produtor está vendendo ovos de codorna a R$ 1 a dúzia e
que haja um aumento no preço dos ovos de galinha. Nesse caso, se o produtor de ovos de
codorna considerar o aumento de preço dos ovos de galinha mais lucrativo, poderá diminuir
a produção de ovos de codorna, deslocando recursos (como terra, mão-de-obra e
equipamentos) para o outro produto. Esse é um caso de bens substitutos na produção , e
em termos gráficos o efeito é representado por um deslocamento da curva de oferta de
ovos de codorna para a esquerda.
Quando varia o preço do próprio bem,
temos um deslocamento na própria curva, p O1
do ponto A para o ponto B (diz-se que B O2
houve uma variação na quantidade ofertada).
Quando varia outro fator, como o preço de A C
outro produto substituto na produção,
tem-se um deslocamento da curva, do
ponto A ao ponto C (diz-se que houve
nesse caso uma variação na oferta).
0 q/t
0 q/t
Inovação tecnológica
p
Uma inovação tecnológica é
economicamente significativa quando O1
o mesmo nível de produção resulta em O2
um custo menor, ou maior produção
é realizada ao mesmo custo (desloca -se
a curva de oferta para a direita).
0 q/t
Caso fortuito
p O2
A ocorrência de algo inesperado ou
eventual, como o de uma seca na produção O1
agrícola ou de uma greve na indústria,
resulta em deslocamento da
curva de oferta para a esquerda.
0 q/t
0 q/t
5ª Aula
p1
p2
D
q/t
Vamos, agora, calcular algebricamente o preço de equilíbrio de um produto.
Dadas as funções procura qd = a – bp e qo = c + dp, o preço de equilíbrio é obtido a
partir da igualdade qd = qo :
qd = qo ; a – bp = c + dp; donde p = (a – c) / (b + d) .
Enquanto isso, pode -se calcular que a quantidade de equilíbrio é:
q = ( ad + bc ) / (b + d) .
Consideremos as duas funções já dadas, qd = 100 - 5 p e qo = -50 + 10 p.
Em equilíbrio , tem-se que qd = qo; então, 100 - 5p = -50 + 10p; donde p = 10 e q =
50. Ou seja, o preço de equilíbrio é igual a 10 e a quantidade de equilíbrio é igual a 50.
Exercícios:
1) Dadas as funções qd = 100 – 5p e qo = 20 + 3p, pedimos:
a- Construa as duas curvas em um mesmo gráfico.
b- Calcule as funções, explicitando o preço p.
c- Calcule o preço de equilíbrio.
2) Dadas as funções qd = 300 – 30p e qo = 20p, pedimos:
a- Construa as duas curvas em um mesmo gráfico.
b- Determine o tipo de desequilíbrio e o seu montante ao preço p = 3.
c- Calcule o preço de equilíbrio.
3) Dadas as funções qd = 100 e qo = 50p, construa as duas curvas em um mesmo gráfico e
depois calcule o preço de mercado de equilíbrio.
6ª Aula
Mudança no preço de equilíbrio de um bem
D1 D2
0
q/t
p O2
Um aumento no custo de produção O1
desloca a curva de oferta para a esquerda
(o preço aumenta e a quantidade diminui).
D
0 q/t
p
Uma diminuição no preço de um bem O
substituto desloca a curva de demanda para
a esquerda (o preço e a quantidade diminuem).
D2 D1
0 q/t
0 q/t
Exercícios:
1) Dadas as funções qd = 100 – 5p e qo = 20 + 3p, e dado um aumento no custo de produção
igual a $1 por unidade produzida, calcule o novo preço de equilíbrio.
2) Dadas as funções qd = 100 e qo = 50p, calcule o novo preço de equilíbrio, dado um
aumento no custo de produção igual a $1.
3) Dadas as mesmas funções do exercício 2, calcule o novo preço de equilíbrio, dado um
aumento no preço de um bem substituto que provocou um aumento na demanda do bem em
questão de 25 unidades.
7ª Aula
2.5. Intervenção do governo no mecanismo de mercado: preços máximos
Esse caso ocorre quando o Governo decide intervir no mecanismo de preços para
fixar um nível abaixo do que o mercado determina.
p O
O Governo pode fixar um preço máximo ,
no caso igual a p1 . p1
D
0
q/t
Uma conseqüência importante da fixação de um preço máximo é que a quantidade
demandada pelo produto é maior do que a quantidade ofertada, resultando em sua escassez.
Essa escassez exige novas formas de distribuição do produto, como: formação de filas
(os consumidores são atendidos até o esgotamento do produto); vendas “casadas”, isto é, a
aquisição do bem tabelado é condicionada à aquisição de outros bens, de de manda menor;
atendimento discriminatório por parte dos vendedores (por laços familiares, políticos,
religiosos ou raciais). Pode, também, surgir um mercado paralelo (ou “negro”), onde o
produto é vendido através do oferecimento de um ágio além do preço oficial.
p
Dada a quantidade ofertada q1, há O
compradores dispostos a adquirir o produto p2
ao preço p2 . Este seria o preço
máximo do mercado paralelo e o ágio seria
igual à diferença p1 p2. A receita total do p1
mercado negro é igual a p2 q1 , e o lucro
igual a (p2 - p1 ) . q1 .
D
q1 q2 q/t
8ª Aula
2.6. O preço mínimo
0 q/t
p O
9a Aula
2.7. A Tarifa
O comércio internacional permite que o consumidor tenha a opção de adquirir
produtos de melhor qualidade e de menor preço fabricados em outros países. Vejamos o
gráfico abaixo.
p O
Com a importação a um preço
menor, o consumidor adquire
mais e aumenta o seu excedente. D
q/t
Se o governo fixar uma tarifa sobre as importações, o seu preço vai aumentar, o
que beneficiará a produção interna. Certamente, irá diminuir o excedente do consumidor e
aumentar o do produtor.
p O
q/t
MÓDULO 3
1a. Aula
<1
⇑ ⇓ ⇓ ⇑ ⇑ ⇓
=1
⇑ ⇓ ⇓ ⇑ ⇒
Pelo quadro pode-se ver que o efeito de uma variação de preço sobre a despesa
do consumidor depende da elasticidade -preço do produto. Se esta foi maior do que 1,
um aumento do preço diminui a quantidade procurada (pela lei da procura) e resulta em
diminuição da despesa. Se a elasticidade for menor do que 1, uma diminuição do preço
provoca aumento da quantidade procurada (pela lei da procura) e uma diminuição da
despesa. Se a elasticidade for unitária, variações de preço não afetam a despesa do
consumidor.
Interpretação geométrica da elasticidade -preço da demanda: Considere a reta
de procura no gráfico abaixo e calculemos a elasticidade-preço da demanda no ponto A.
Segundo os pontos do gráfico, tem-se que:
Ed = (∆q/∆p) . (p/q) = p
A
(BC/AB) . (AB/OB) =
BC/OB. 0 B C q/t
O
q/t
Alguns pontos notáveis: quando q = 0, Ed = 8 ; quando p = 0, Ed = 0.
p
A procura é constante, independente
do preço (caso de um remédio, por exemplo).
Ed = (∆q/∆p) . (p/q)
Como ∆q = 0, Ed = 0 D
0
q/t
p
A hipérbole equilátera ao lado pode ser
representada pela função procura qd = K/ pα ,
sendo K e α constantes. Calculando-se a
elasticidade, chega-se ao valor -α.
0 q/t
Por exemplo, a função demanda qd = 15/ p2 possui elasticidade igual a –2.
Fatores que afetam a elasticidade-preço da procura: a disponibilidade de
outros bens substitutos (quanto maior o grau de substituibilidade de um bem, isto é,
quanto mais fácil o consumidor puder substituí-lo por outro, maior a variação na quantidade
procurada do bem em relação ao preço; por isso, a maçã deve ter normalmente maior
elasticidade do que o limão); a participação do produto na renda do consumidor (quanto
maior essa participação, maior a sensibilidade do consumidor em relação às variações de
preço do produto; a elasticidade -preço da procura de um jornal diário deve ser bem menor
do que a de aparelhos eletrodomésticos); a essencialidade do bem (quanto maior o grau de
essenc ialidade, menor a possibilidade de sua substituição e, portanto, menor a elasticidade;
por exemplo, o sabão em pó deve ter menor elasticidade do que um biscoito se for
considerado mais essencial do que este); o tempo (quanto maior o transcurso do tempo,
maior a possibilidade de o consumidor reagir a variações de preço de um produto e, daí,
maior a elasticidade).
2ª Aula
3.2. A elasticidade cruzada da demanda
Dessa vez importa o sinal, pois a elasticidade cruzada pode apresentar um resultado
positivo, negativo ou nulo, e, de acordo com esse resultado, os bens são classificados em:
substitutos (quando a elasticidade cruzada é positiva); complementares (quando a
elasticidade é negativa); e independentes (quando a elasticidade é nula).
Exemplo de bens independentes: dada uma queda no preço de um bem Y, de $20 para
$15, a procura do bem X se manteve inalterada em 100 unidades por dia. Vamos calcular a
elasticidade cruza da da procura do bem X:
EXY = (∆qX / qX) : (∆pY / pY) = ( 0 / 100 ) / ( -5 / 20) = 0 (como o resultado é nulo,
os bens são considerados independentes).
Consideremos que uma variação no preço (p) de uma mercadoria provoque uma
variação na quantidade (q) ofertada da mesma. Define -se elasticidade -preço da oferta
como a relação entre a variação percentual na quantidade ofertada (∆q/q) e a
variação percentual no preço (∆p/p): Eo = (∆q / q) : (∆p / p)
Note que, como a relação entre os preços e as quantidades ofertadas é inversa, a
elasticidade -preço da demanda é sempre positiva. A elasticidade-preço da oferta mede o
grau de sensibilidade da oferta de um bem em relação a variações no seu preço. Quando
se estuda a elasticidade-preço da oferta, é interessante a associação da reta que representa a
oferta de um determinado bem com a magnitude de sua elasticidade -preço. Se a reta cortar
o eixo das quantidades na parte positiva, a elasticidade será menor do que 1; se a reta cortar
o eixo das quantidades na parte negativa, a elasticidade será maior do que 1; e se a reta
passar pela origem, a elasticidade será igual a 1. Vejamos:
O
A função qo = 20 + 3p, representada pela
reta do gráfico à direita, corta o eixo das
quantidades em sua parte positiva.
20 q/t
-10 q/t
Cálculo da elasticidade: Eo = (∆q / q) : (∆p / p) = (∆q/∆p) . (p/q) = 5p > 1
-10 + 5 p
p
A função qo = 8p, representada pela O
reta do gráfico à direita, passa pela
origem.
q/t
Cálculo da elasticidade:
Eo = (∆q / q) : (∆p / p) = (∆q/∆p) . (p/q) = 8p = 1
8p
3ª Aula
4a. Aula
Incidência Tributária
Dado um aumento nos custos de produção de uma firma, a curva de oferta desloca-
se para cima no montante desse aumento de custo. Um caso particular de aumento de custo
está na incidência de um tributo sobre as vendas de uma firma. É interessante observar
como se reparte o imposto entre o consumidor e o produtor. C onforme o tipo de incidência,
o imposto pode ser específico ou ad valorem.
O2
p O1
C
O preço inicial de equilíbrio é p1.
Dada a incidência do imposto (AC), p2 B
a nova curva de oferta (O2 )
é paralela a O1 . p1 A
D
0 q/t
D
D
0 q/t 0 q/t
O2
Dado um produto com elasticidade p O1
infinita (um bem vendido em mercado de
concorrência perfeita, por exemplo), a rea-
ção do consumidor é tal que o preço não
varia, fazendo com que o produtor arque
com todo o imposto.
q/t
5a Aula
A distribuição do imposto entre o produtor e o consumidor também depende da
elasticidade da oferta. Assim, quanto maior (menor) a sensibilidade da oferta em relação a
variações de preço, maior (menor) o aumento de preço decorrente de aumentos de custo.
Vejamos os gráficos abaixo:
O2
p O1 p
O2
O1
q/t q/t
Os gráficos acima permitem ver que quanto maior a reação do produtor (mais
elástica a curva de oferta, como a da direita), menos imposto será pago por este e, em
conseqüência, mais imposto será pago pelo consumidor. No gráfico à esquerda, a
elasticidade da oferta é menor e o consumidor paga menos imposto.
A variação final no preço depende, portanto, do montante de incidência do
imposto e das magnitudes das elasticidades-preço da procura e da oferta, conforme a
expressão a seguir: ∆p = t . Eo / (Eo + E d) , sendo ∆p a variação no preço, t o montante de
imposto e Eo e E d as elasticidades-preço da oferta e da demanda, respectivamente.
Algebricamente, cada preço será acrescido do imposto t: p´ = p + t, sendo p´o preço
de equilíbrio ou preço bruto pago pelo consumidor e p o preço líquido recebido pelo
produtor. Desse modo, o preço relevante para o produtor será p = p´- t. Dada a curva
original de oferta qo = c + dp, a nova curva de oferta será qo = c + d (p – t).
O1
A B
C D D
q/t
Um exercício algébrico : Dada as funções procura qd = 100 – 5p e oferta qo = -50 +
10p, calcule: 1- o preço inicial de equilíbrio; 2- o novo preço de equilíbrio, dada a
incidência de um imposto específico t = 1 sobre cada unidade vendida; 3- o peso morto da
tributação e as variações nos excedentes do consumidor e do pr odutor.
q/t
MÓDULO 4
1a . Aula
4. Teoria do consumidor: abordagens cardinal e ordinal. Teoria da Utilidade. As
curvas de indiferença. Restrição orçamentária. Equação de Slutzky: efeitos preço,
renda e substituição. Variações compensatória e equivalente.
q/t
2a . Aula
4.2. A teoria ordinal
Cesta de mercadorias é um conjunto de uma ou mais mercadorias, como feijão e
gasolina, ou como batata, óleo e biscoitos. Se o consumidor se deparar com duas cestas
quaisquer, A e B, cada uma com uma certa quantidade de determinados produtos, ocorrerão
três hipóteses de preferência:
Pelos números acima, pode-se concluir que o consumidor deve preferir a cesta B à
cesta A, a cesta D à cesta C, a cesta J à cesta I, enquanto que deve ser indiferente entre as
cestas A e C, e entre as cestas D e E. Se as quantidades de cada cesta forem locadas em um
gráfico, poderemos construir as chamadas “curvas de indiferença”, que representam todas
as combinações de cestas que propiciam o mesmo nível de satisfação a um
determinado consumidor, o qual é indiferente em relação às cestas ali representadas .
3a Aula
Características das curvas de indiferença: elas são negativamente inclinadas , pois
o aumento na quantidade de uma mercadoria deve ser compensada por diminuição na
quantidade de outra; as curvas de indiferença são densas , no sentido de que elas preenchem
todo o espaço entre os eixos horizontal e vertical, e duas curvas não podem se interceptar.
Além disso, as curvas de indiferença são convexas em relação à origem:
Y
A convexidade é necessária para 5
mostrar que, à medida que o consumidor
tem menos de um bem, mais ele o valoriza,
e vice-versa. No gráfico, ao passar de 3
para 2 unidades de X, o consumidor tem 2
de ser compensado por 1 unidades de Y;
mas ao passar de 2 para 3 unidades de X,
a quantidade a ser compensada 1
de Y é maior, agora de 3 unidades.
1 2 3 X
Y
Bens substitutos perfeitos : o consumidor é
indiferente entre os dois bens, trocando-os
sempre na proporção 1/1 (exemplos: lápis -1
vermelho e azul ou guaranás Brahma e +1
Antarctica).
X
4a Aula
A taxa marginal de substituição no consumo
É a relação entre a variação na quantidade de Y e a variação na quantidade de X, ou seja, é
quantidade do bem Y que o consumidor aceitaria como compensação pela diminuição no
consumo de uma unidade de X: TMS YX = - ∆ Y / ∆ X. Como essa relação é normalmente
negativa, o sinal negativo à esquerda da fração torna a taxa marginal de substituição
positiva, mais conveniente de ser utilizada.
O tratamento da taxa em valores absolutos permite que se afirme que ela seja
decrescente à medida que o consumidor vai aumentando a quantidade consumida do bem
X.
Função Utilidade – É uma representação numérica da utilidade. Dada uma cesta de
consumo, associamos um número à cesta. Exemplo: U (X,Y) = x.y
Exemplo de função utilidade de bens substitutos perfeitos : U (X,Y) = x + y; x + y
= K; y= K – x; dy / dx = -1 (declividade constante e igual a –1)
Se o consumidor estiver sempre disposto a compensar a perda de 1 colher de açúcar
branco (Y) por 2 colheres adicionais de açúcar mascavo (X), tem-se a função utilidade:
U (X,Y) = x + 2y ; x +2 y = K ; Y
-1
+2
X
Dada a função Utilidade U (X,Y) = ax + by = K, tem-se: by = K – ax; y = K/b –
a/b x; dy / dx = - a / b. No caso particular em que a = b, tem-se substitutos perfeitos.
5ª Aula
Enquanto isso, possui restrições dadas pela sua renda ( R ) e pelos preços dos
produtos X, que designamos por px, e de Y, designado por py . O consumidor distribui a sua
renda no consumo dos dois bens, de modo que R ≥ px . X + py . Y, donde Y = R / py - px /
py .X.
Y
A reta de restrição orçamentária R / py
do consumidor passa pelos pontos
R / py, no eixo vertical, e por R / px,
no eixo horizontal. A inclinação da
reta é igual a relação de preços px / py,
com o sinal negativo. R / px X
400
Dada a renda inicial de $1.000, uma elevação da renda (no caso, para $1.500) com
os mesmos preços desloca a reta para a direita e uma diminuição da renda (no caso, para
$800) desloca a reta para a esquerda. Em conseqüência, as quantidades máximas de X e de
Y que o consumidor pode adquirir também variam. As novas retas são paralelas à reta
inicial, já que a inclinação é dada pela relação de preços e estes, por hipótese, não variaram.
Quais as equações das novas retas?
1.000 2.000
6ª Aula
Escolha do Consumidor
Dado o mapa de indiferença do consumidor, que é o espaço de suas preferências, e a área
coberta pela sua reta orçamentária, que define as suas possibilidades de consumo, o
consumidor busca maximizar a sua satisfação, tentando atingir a curva de indiferença mais
à direita possível.
C I
0
X
No ponto de máxima satisfação, ou de equilíbrio do consumidor, a inclinação da
reta orçamentária, px / py , iguala a inclinação da curva de indiferença nesse ponto.
Como a inclinação da curva de indiferença é igual à taxa marginal de substituição, temos
que, no ponto de equilíbrio do consumidor, a taxa marginal de substituição é igual à relação
de preços: TMS YX = px / py
Vimos que, em qualquer ponto da curva de indiferença, a taxa marginal de
substituição do bem Y pelo bem X é igual à relação entre a utilidade marginal de X e a
utilidade marginal de Y: TMS YX = UmgX / UmgY
Então, pode -se concluir que, na situação de equilíbrio, a relação entre as utilidades
marginais de X e de Y deve igualar a relação entre os preços de X e de Y: UmgX /
UmgY = px / py.
Exercícios: Dadas as funções UmgX = 105 – 10X e UmgY = 42 – 4Y, sendo px = $10 e py
= 5 e a renda R = $130, calcule as quantidades de X e de Y que maximizam a satisfação do
consumidor.
Utilizamos duas equações: o equilíbrio do consumidor, dado por UmgX / UmgY = px / py,
e a equação da renda R = px . X + py . Y. Substituindo: ( 105 – 10X ) / ( 42 – 4Y ) = 10 /
5; e 130 = 10 X + 5 Y. Resolvendo, chega-se a X = 10 e Y = 8
7a Aula
A curva de renda-consumo
Vimos que uma variação da renda nominal, aos preços constantes, desloca a reta
orçamentária para a direita ou para a esquerda, conforme a variação for de aumento ou de
queda. O gráfico abaixo mostra que o equilíbrio do consumidor também vai se deslocando,
à medida que o consumo dos bens vai se alterando.
Y
x1 x2 x3 X
A curva de renda-consumo , portanto, é a união dos diversos pontos de equilíbrio
do consumidor resultantes de variações na sua renda nominal.
Curvas de Engel
A partir das curvas de renda-consumo, pode -se relacionar cada nível de renda ( R ) e
a respectiva quantidade consumida ( q ) de determinado produto.
q q
x2
x2
x1
x1
R1 R2 R R1 R2 R
A curva de preço-consumo
Vimos que uma variação no preço de um dos dois produtos, mantida constante a
renda e o preço do outro produto, desloca a reta orçamentária alterando a sua inclinação. O
gráfico a seguir mostra que o equilíbrio do consumidor também vai se deslocando, à
medida que o preço do bem X, no caso, vai se alterando.
x1 x2 x3
8ª Aula
Efeito-renda e efeito-substituição
A variação no preço de um bem, para cima ou para baixo, costuma exercer dois
tipos de efeito: 1- Uma variação nos preços relativos, isto é, o preço desse bem se torna
mais alto ou mais baixo em relação aos demais. No caso de preço mais alto, há uma
tendência de o consumidor substituir esse bem por outros agora relativamente mais baratos;
no caso de preço mais baixo, a tendência é aumentar o seu consumo, substituindo os
demais, agora relativamente mais caros. Esse é o efeito-substituição. Como a relação entre
o preço e a quantidade procurada é inversa, diz-se que o efeito-substituição é negativo. 2-
Uma variação na renda real do consumidor, tornando-o mais rico (no caso de preço mais
baixo), induzindo-o a comprar mais, ou mais pobre (no caso de preço mais alto), induzindo-
o a comprar menos. Esse é o efeito-renda. Como a relação entre a renda e a procura é
normalmente direta, diz-se que o efeito-renda é positivo, embora a influência sobre a
procura seja a mesma da do efeito-substituição.
Assim, tem-se a seguinte equação, denominada de equação de Slutsky: Efeito-
preço = Efeito-substituição + Efeito-renda.
No caso dos bens inferiores, o efeito-renda é negativo , isto é, o seu consumo
aumenta quando a renda cai, e vice-versa. Quando o preço de um bem inferior aumenta, o
efeito-substituição age normalmente, induzindo o consumidor a procurar substituí-lo por
outros bens agora relativamente mais caros , mas ao mesmo tempo ocorre o efeito-renda,
pelo qual o indivíduo sente-se mais pobre, fazendo com que procure aumentar o consumo
do bem inferior. Qual será, afinal, a atitude do consumidor: aumentar ou diminuir a procura
pelo bem inferior? Como a participação desses bens é relativamente pequena em relação ao
orçamento de um indivíduo, ele não se sentirá tão mais rico e o efeito-renda será mais
fraco do que o efeito-substituição. Vale, portanto, a lei da demanda para os bens
inferiores: quando o preço cai (aumenta), a quantidade procurada aumenta (diminui).
Pode o efeito-renda ser mais forte do que o efeito-substituição? Sim, quando o bem
inferior tiver um peso considerável no orçamento. É o caso dos chamados “bens de
Giffen” , cuja quantidade procurada varia em relação direta com o preço.
II
x2 x3 x1 X
Exercício: Dadas a função utilidade U = xy, sendo px = $2 e py = 1 e a renda R = $500,
calcule as quantidades de X e de Y que maximizam a satisfação do consumidor. Depois,
considerando que o preço do bem X foi reduzido para $1, calcule: a- as novas quantidades
de X e de Y de equilíbrio do consumidor; b- o efeito renda e o efeito substituição.
9a Aula
MÓDULO 5
1ª Aula
5.1. Introdução
A teoria da produção estuda o comportamento do setor produtivo , assim como a teoria do
consumidor estuda o comportamento das unidades familiares enquanto consumidoras. Já
vimos, anteriormente, que, segundo a lei da oferta, a quantidade ofertada varia diretamente
com os preços. Abaixo, temos uma curva de oferta, que representa graficamente essa lei.
preço O
q/t
A teoria da produção mostra o que está por trás da curva de oferta. Produção é
definida como um processo de criação de valor, em que recursos são transformados
em bens. Assim, uma empresa ou firma é o local onde os recursos (fatores de produção e
matérias-primas) são combinados para resultarem em algo (bens) que irão satisfazer
necessidades ou desejos dos respectivos usuários.
- Produto Total (q) – como o nome indica, é o volume total de produção de uma firma em
determinado período, em unidades físicas, como, por exemplo, 100.000 automóveis, 50.000
toneladas de feijão ou 15.000 litros de leite.
- Produto Médio (PMe) – é utilizada para se medir a contribuição de determinado fator de
produção no processo produtivo, sendo igual, portanto, ao volume de produção dividido
pela quantidade do respectivo fator. Sendo q o produto total e x a quantidade utilizada do
fator, tem-se PMe = q / x.
- Produto Marginal (PMg) – indica qual a variação no produto total quando varia de uma
unidade a quantidade do fator em questão: PMg = ∆q / ∆x.
2a Aula
O curto e o longo prazos
O curto prazo é um período de tempo suficientemente pequeno tal que existem
alguns recursos cuja quantidade não pode variar, ou seja, têm a quantidade fixa. São
exemplos desses recursos o estoque de capital, o tamanho da empresa, a tecnologia, os
trabalhadores mais especializados, cuja quantidade a empresa não consegue aumentar
imediatamente e por isso são chamados de fatores de produção fixos . Enquanto isso, são
passíveis de variação no curto prazo o contingente de trabalhadores menos qualificados e a
quantidade de matérias-primas, denominadas de fatores de produção variáveis. O longo
prazo, por outro lado, é um período de tempo suficientemente grande tal que as
quantidades de todos os recursos podem variar. No longo prazo, todos os fatores são
variáveis.
C h/d
Observe que o produto total cresce até o ponto C, a rendimentos crescentes até o
ponto A e a rendimentos decrescentes de A até C. Depois de C, os rendimentos são
negativos. Os rendimentos crescentes do produto total estão associados a crescimento do
produto marginal, até A. Depois desse ponto, o produto marginal cai, ou seja, os
rendimentos passam a ser decrescentes.O produto marginal é inicialmente maior do que o
produto médio, até se igualarem no ponto B, e a partir daí o produto marginal é menor do
que o médio.Quando o produto total é máximo, no ponto C, o produto marginal é igual a
zero.
Considere que a máxima eficiência do trabalho está no ponto B (onde o produto
médio do trabalho é máximo) e a máxima eficiência do capital está no ponto C (onde o
produto total atinge o nível máximo com o mesmo estoque de capital). Isso significa que a
produção da firma deve se situar em algum ponto da área entre os pontos B e C.
K
O gráfico ao lado mostra uma
isoquanta com infinitas combinações K2 A
dos fatores capital (K) e trabalho (L)
para produzir determinada quantidade
de produto. Duas dessas combinações B
são A, com K2 de capital e L1 de tra- K1
balho, e B, com K1 de capital e L2 de
trabalho. No ponto A, a produção é mais 0
intensiva de capital e no ponto B é mais L1 L2 L
intensiva de trabalho .
K
C
Ao lado, tem-se um mapa de isoquantas ,
com duas observações: uma, de que quanto B
mais a nordeste situar-se uma isoquanta, A
maior quantidade de produto ela representa;
e outra, de que as combinações de recursos
representadas pelos pontos A, B e C 0
possuem a mesma relação capital-trabalho. L
6a Aula
7ª Aula
K
Considerando a limitação de custos CT / r
da firma, esta pode adquirir, no máximo,
a quantidade CT / r de capital e CT / w
de trabalho. A inclinação da isocusto
é igual a (CT / r) : (CT / w) = w / r.
0 CT / w L
Se, por exemplo, uma firma tiver uma limitação de custo de $ 10.000, a taxa de
juros for r = $ 10 e o salário w = $ 50, a função isocusto será 10.000 = 10 K + 50 L.
Dada a limitação de custo, a firma buscará atingir o maior nível de produção. Ou seja, da da
a isocusto, a firma buscará situar-se sobre a isoquanta mais à direita possível.
III
II
C
0 I
L1 L
Como, no ponto de maior pr odução possível, a isoquanta e a isocusto têm a mesma
inclinação, pode-se dizer que, nesse ponto, a taxa marginal de substituição técnica entre
capital e trabalho, que é representada pela inclinação da isoquanta, é igual à relação
entre as remunerações do trabalho e do capital, que é representada pela inclinação da
isocusto:
- ∆K / ∆L = w / r.
8ª Aula
Observe, portanto, que a firma tem condições, dada uma estrutura de custos, de
maximizar a produção e, dado um certo nível de produção, minimizar os custos. Isto é o
que se chama de dualidade na teoria da produção e de custo.
9ª Aula
Funções homogêneas de grau m
Seja a função de produção q = f ( x1 , x2 , ..., xn ), sendo q o volume de produção e xi (
i = 1, 2, ..., n) as quantidades dos recursos ou fatores de produção aplicados no processo
produtivo. Essa função será chamada de homogênea de grau m, se q = f ( tx1 , tx2 , ..., txn )
m
= t . f ( x1 , x2 , ..., xn ). Ou seja, ao multiplicarmos cada quantidade de recursos pela
m
constante t, o volume de produção fica multiplicado por t e a função é chamada de
homogênea de grau m . Se, por exemplo, dobrarmos as quantidades de recursos e a
produção, em conseqüência, também dobrar, a função é homogênea de grau 1, porque:
q = f ( 2x1 , 2x2 , ..., 2xn ) = 2 f ( x1 , x2 , ..., xn ) , donde m = 1.
Por outro lado, se dobrarmos as quantidades de recursos e a produção, em
conseqüência, for multiplicada por 4, a função é homogênea de grau 2, porque:
q = f ( 2x1 , 2x2 , ..., 2xn ) = 4 f ( x1 , x2 , ..., xn ) = , 22 f ( x1 , x2 , ..., xn ), donde m = 2.
(tK)4 + 2(tK)(tL)3 - 5(tL)4 = (t4 K4) + 2(tK) (t3L3 ) - 5t4 L4 = t4 (K4 + 2KL3 - 5L4 ) = t4 X,
donde a função é homogênea do 4º grau.
A função de produção Cobb-Douglas
A função de produção denominada Cobb-Douglas possui a forma X = A Ka Lb ,
sendo K e L as quantidades de capital e trabalho e A, a e b constantes. Considerando-se a +
b = 1, verifiquemos o grau de homogeneidade dessa função:
A (tK)a (tL) b = A t a Ka tb L b = A t a +b K a Lb = t a+b A K a Lb ; como a + b = 1, a função é
homogênea de 1º grau.
10ª Aula
11ª Aula
5.4. Conceitos básicos de custos de produção
Uma empresa deve sempre estar atenta à sua eficiência econômica, isto é, que
realize o seu processo de produção ao menor custo possível. Existem dois tipos básicos de
custos: os custos explícitos ou contábeis e os custos implícitos ou econômicos.
Os custos explícitos são aqueles referentes aos gastos efetivos com as quantidades
de recursos ou fatores de produção empregados pela firma para a geração do produto.
Assim, o custo total de produção (CT) seria representado pela expressão CT = w1 x1 + w2 x2
+ ... + wnxn , sendo wi o preço ou remuneração do fator de produção i e xi a quantidade
empregada do fator. No caso simplificado do emprego de apenas dois fatores, capital e
trabalho, tem-se a expressão CT = wL + rK, sendo w e r as remunerações do trabalho e do
capital, respectivamente.
Os custos implícitos ou econômicos levam em consideração que, por já estar
ocupado, cada fator deixa de produzir outra bem útil para a sociedade e o custo
corresponderia ao maior ganho que se poderia obter com a produção alternativa. Tudo
aquilo que deixa de ser produzido é uma perda para a sociedade e é chamado, como já
vimos, de custo de oportunidade . Esse é o verdadeiro custo, na ótica econômica.
Os custos e o tempo
De acordo com o tempo considerado, os custos podem ser classificados em de curto
e longo prazo. Curto prazo é o período de tempo suficientemente curto tal que a firma não
consegue variar a quantidade de todos os recursos. Estão, nessa categoria, o tamanho da
empresa, a quantidade de terra, o estoque de capital, a tecnologia, a mão-de-obra mais
especializada e, por isso, são chamados de recursos fixos. No curto prazo, são consideradas
variáveis a mão-de-obra menos especializada e as matérias-primas.
Longo prazo é o período de tempo suficientemente longo tal que a quantidade de
todos os recursos pode variar. Todos os recursos são variáveis no longo prazo. Custos
fixos são os custos dos recursos fixos e custos variáveis são os custos dos recursos
variáveis.
12ª Aula
Vamos ver, agora, como se representa graficamente cada tipo de custo, no curto
prazo:
CF
Os custos fixos (CF) permanecem
constantes, qualquer que seja o nível de
produção.
q/t
CV
Os custos variáveis (CV) aumentam
com o nível de produção da firma, pois maior
produção exige maior quantidade de recursos
que podem variar no curto prazo. A
0 q/t
Mas, observemos que a curva de custo variável apresenta dois tipos de curvatura.
Até o ponto A ela é côncava, ou seja, os custos aumentam menos do que
proporcionalmente ao aumento da produção. Isso ocorre porque, nas primeiras unidades
de produção, o crescimento na quantidade de mão-de-obra vai utilizando com mais
intensidade o estoque de capital, que é fixo, o que aumenta o rendimento da produção mais
do que proporcionalmente. Depois do ponto A, começam a aparecer os rendimentos
decrescentes , pois a maior quantidade de mão-de-obra depara-se com a mesma quantidade
de capital.
CT
Os custos totais (CT) são o somatório
dos custos variáveis e dos custos fixos CT
CF
q/t
13ª Aula
Vamos, agora, a outros conceitos de custo:
Custo Fixo Médio (CFMe) é o custo fixo, dividido pela quantidade produzida:
CFMe = CF/q; Custo Variável Médio (CVMe) é o custo variável, dividido pela
quantidade produzida: CVMe = CV/q; Custo Total Médio ou, simplesmente, Custo Médio
(CMe) é o custo total, dividido pela quantidade produzida: CMe = CT/q; Custo Marginal
(CMg) é a variação no custo total, dada uma variação de uma unidade na produção da
firma: CMg = ∆CT /∆q.
CF CFMe
0 q/t 0 q/t
A curva de Custo Fixo Médio , à direita, corresponde às inclinações das retas que,
partindo da origem, cruzam a curva de Custo Fixo (à esquerda) em cada um de seus
pontos. Como o Custo Fixo é constante, qualquer que seja a quantidade produzida, ele
tende somente a diminuir à medida que aumenta essa quantidade.
CV CVMe
0 0
q/t q/t
CT CTMe
0 0
q/t q/t
A curva de Custo Total Médio , à direita, corresponde às inclinações das retas que,
partindo da origem, cruzam a curva de Custo Total (à esquerda) em cada um de seus
pontos. À medida que aumenta a produção, maior influência obtém da curva de custo
variável.
CT CMg
0 0
q/t q/t
Custos
O gráfico ao lado reúne as curvas CMe
de Custo Variável Médio,
Custo Médio e Custo Marginal. CVMe
CMg
0 q/t
6.1. Introdução
Segundo a teoria microeconômica, uma firma está em equilíbrio quando o seu nível
de produção é tal que lhe proporciona o máximo lucro possível. O lucro é definido como a
diferença entre as receitas e as despesas.
2ª Aula
6.2.1. Características
Há um grande número tanto de vendedores como de compradores do produto, de
tal modo que nenhum deles tem poder suficiente para influir em seu preço; o produto é
homogêneo, isto é, os vendedores oferecem o mesmo produto ao consumidor; não há
barreiras tanto à entrada como à saída de firmas do mercado do produto; não há controles
e nenhuma forma de interferência governamental no mercado; os vendedores e
compradores têm conhecimento pleno dos preços do mercado.
p p
O
q/t q/t
3ª Aula
p
RMe, RMg RT
e preço
Rme = RMg
∆RT
∆q
q/t q/t
Observe que a curva de Receita Total é uma reta cuja inclinação, igual à relação
entre as variações da receita total e da quantidade (∆RT/∆q), corresponde à Receita
Marginal.
4ª Aula
CT, RT
O lucro máximo dá-se
no nível de produção (q*),
onde é máxima a distância
entre RT e CT.
q* q/t
Desenvolvimento matemático do conceito de lucro:
Lucro (π) = Receita Total (RT) – Custo Total (CT); π (q) = RT (q) - CT (q); d π (q) / dq =
d RT (q) / dq - d CT (q) / dq.
O máximo lucro ocorre quando a variação do lucro é igual a zero: d RT (q) / dq - d
CT (q) / dq = 0; d RT (q) / dq = d CT (q) / dq, ou RMg = CMg.
$
O máximo lucro ocorre CMe
quando o preço iguala p Rme = RMg
o custo marginal.
A produção é q*.
CMg
CVMe
0 q* q/t
5ª Aula
6ª Aula
6.3. O monopólio
6.3.1. Características
Somente uma firma vende um determinado produto; o produto não tem bons
substitutos; existem barreiras para a entrada de novas firmas na indústria.
Justificativas de monopólio
Muitas pessoas são contra a existência de monopólios, pois têm uma idéia de que
eles são sempre nocivos ao impedirem a concorrência. Mas não é bem assim. São as
seguintes as justificativas de um monopólio: 1. as patentes concedem a seus detentores
um poder no mercado para recompensar e estimular as invenções e inovações. São
exemplos as patentes concedidas a Eastman na fotografia, Edison na lâmpada, Bell nos
telefones, IBM nos computadores e Xerox nas fotocópias; 2. ocorrem monopólios quando
determinadas empresas controlam as fontes de matérias-primas , como o petróleo nos
países árabes, os diamantes na África do Sul, a empresa norte-americana ALCOA,
produtora de alumínio, que controlava as minas de bauxita; 3. certos setores exigem
recursos mais vultosos para ingresso de novas empresas; 4. certos setores exigem criação
de rede de distribuidores exclusivos, como no caso de automóveis; 5. o talento de um
grande empreendedor é um fator que pode limitar a ação de outros empresários em um
setor da economia; 6. existem atividades que, pelo volume exigido de investimentos e o
início da lucratividade, inicia-se somente a partir de determinado nível de produção, o
mercado não comporta mais de um produtor. Esse caso é chamado de monopólio
natural. Considere o gráfico abaixo, que mostra as curvas de custo e receita totais de um
empreendimento.
CT RT
O retorno positivo inicia-se somente
a partir da produção igual a q2. Se a $
produção for repartida entre empresas,
de modo que cada uma produza menos
do que q2 , nenhuma delas terá lucro
positivo. O monopólio é justificado
para se evitar o prejuízo e deve ser
garantido pelo Governo por meio de 0
uma concessão. Há exemplos reais q1 q2 q/t
nas atividades de empresas telefônicas,
de abastecimento de água, eletricidade e gás natural.
7ª Aula
6.3.2. Construção das curvas de Receita da firma monopolista
O quadro a seguir apresenta números correspondentes a receitas auferidas por uma
firma em mercado de monopólio:
Quantidade Produzida Preço da Unidade Receita Total Receita Média Receita Marginal
1 10 10 10 10
2 9 18 9 8
3 8 24 8 6
4 7 28 7 4
5 6 30 6 2
6 5 30 5 -
7 4 28 4 -2
8 3 24 3 -4
Observações com relação aos números acima: para vender mais, o monopolista
precisa baixar o preço do produto, pois ele se depara com a elasticidade do produto, ou
seja, a reação do consumidor; a receita total, no início, tende a aumentar, atinge um
máximo e depois cai; a receita média é, por definição, igual ao preço do produto; a receita
marginal é menor do que o preço.
RT
A curva de receita total (RT)
do monopolista
0 q/t
$
As curvas de Receita Média (Rme)
e Receita Marginal (RMg)
RMe
A curva da receita marginal corta o eixo horizontal antes da curva de receita média e
se torna negativa. Em que ponto a Rmg corta esse eixo? Seja a receita média representada
pela função p = a - bq, sendo p o preço e q a quantidade do bem. Nesse caso, a curva corta
o eixo horizontal quando a quantidade é igual a a/b.
Qual é a função representativa da Receita Marginal? Dado o preço do produto, RT =
pq, então, RT = pq = aq - bq2 ; Rmg = d (RT) / dq = a - 2bq (essa é a função). Então,
quando Rmg = 0, a = 2bq e q = a/2b. A curva da Rmg corta o eixo horizontal quando a
quantidade é igual a a/2b, ou seja, no ponto que fica na metade da distância entre a origem e
onde a curva da receita média corta o mesmo eixo.
Seja RT = p.q, donde ∆RT = p∆q + q∆p. Dividindo por ∆q : ∆RT / ∆q = p∆q / ∆q
+ q∆p/∆q. Como ∆RT / ∆q = RMg, tem-se Rmg = p∆q / ∆q + q∆p / ∆q; RMg = p + (q∆p
/ ∆q) ; pode-se fazer p + (q∆p / ∆q) . (p/p). Como a expressão (q∆p / ∆q.p) é o inverso da
elasticidade da demanda (E d), tem-se que RMg = (p + 1 / Ed) p; como Ed é negativo,
tornamos ele positivo com a troca de sinal: RMg = p – (1 / Ed) p ; RMg = p ( 1 - 1 / E d ).
Assim, tem-se: quando Ed > 1, Rmg > 0, quando Ed = 1, Rmg = 0; e quando Ed < 1, Rmg <
0.
O monopolista procura produzir na faixa elástica da curva de procura, onde a
Receita Marginal é positiva.
8ª Aula
6.3.3. Determinação da produção que maximiza os lucros
O ponto de equilíbrio do monopolista, que é o nível de produção correspondente ao
máximo lucro, pode ser visto de dois modos.
CT
$
O lucro máximo é
representado pela distância entre as curvas
de receita e custo totais. A produção do
monopolista é igual a q1.
RT q/t
q1
O mesmo lucro pode ser visto a $
partir da igualdade entre a
receita marginal e o CMe
custo marginal. p
Os lucros extraordinários
equivalem à área do retângulo
formado pela diferença entre
a receita média e o custo médio, CMg RMg RMe
vezes a quantidade produzida.
q* q/t
q1 q2 q/t
RT
A curva de Receita Total (RT)
apresenta crescimento nas primeiras
unidades vendidas, para depois decrescer.
q/t
A maximização do lucro da firma
Dadas as curvas de receita total, descrita acima, e a de custo total, descrita
anteriormente, a produção de máximo lucro será aquela resultante da maior diferença entre
elas.
No nível de produção q1 , é máxima RT, CT
a distância entre as curvas de receita total (RT)
e custo total (CT) CT
O lucro total é igual a AB. A
B RT
q1
RMg
11a Aula
o lucro normal. RT
q1
Efeitos do mercado de concorrência monopolística
Em comparação com o mercado de concorrência perfeita, a produção é menor, o
que acarreta preços maiores; no longo prazo, com a entrada de novas firmas, os lucros
extraordinários podem ser eliminados; as firmas não atuam em seu nível ótimo de
produção, ou seja, ao custo médio mínimo, pois nesse nível os lucros não são máximos,
havendo, portanto, uma capacidade de produção acima do produto efetivo. No ponto de
maximização do lucro, o preço é maior do que o custo marginal.
12a Aula
6.5. O Oligopólio
13a Aula
$
A empresa 1 possui custos maiores
Ado que a empresa
empresa 1 possui2.custos
Esta maximiza
maiores
lucros no nível de produção q1,
dofixando o preço de
que a empresa mercado
2. Esta em
maximiza
p1, que a empresa 1 tem de aceitar,
embora
lucros no não
nívelseja
de oprodução
que lhe q1, p1 CMg1
propiciaria os lucros máximos.
fixando o preço de mercado em
CMg2
p1, que a empresa 1 tem de aceitar,
q /t
14a Aula
6.5.4. A maximização do lucro da firma
RT, CT
CT
O gráfico mostra o lucro máximo
na maior diferença entre as curvas
de receita total (feita a partir da
“ curva quebrada”) e a curva usual de b
custo total, no nível de produção q1.
RT
q1 q/t
Vamos supor que duas empresas, A e B, explorem dois poços de água potável a um
custo marginal zero. A função procura é p = 10 – 1/5 q. Eis a tabela com preços e
quantidades do mercado:
q p RT
0 10 0
5 9 45
10 8 80
15 7 105
20 6 120
25 5 125
30 4 120
35 3 105
40 2 80
45 1 45
50 0 0
Cada firma em concorrência perfeita maximiza seu lucro no ponto em que o preço
é igual ao custo marginal. Dado que CMg = 0, tem-se que p = 0; como p = 10 – 1/5 q,
tem-se que 10 – 1/5 = 0, donde a produção maximizadora de lucros é q = 50. O lucro é
igual à receita total 50 . 0 = 0.
Em monopólio , tem-se o ponto de máximo lucro quando a receita marginal é
igual ao custo marginal. Fazendo-se RT = p.q = (10 – 1/5 q) . q = 10q – 1/5 q2 ; daí que
RMg = 10 – 2/5 q = 0; donde q = 25 e p = 5. O lucro é igual à receita total 25 . 5 = 125.
Consideremos agora um oligopólio formado pelas duas empresas (um duopólio). Se
atuarem de comum acordo , poderão atuar como o monopólio e dividir o mercado (q = 25),
produzindo cada uma 12,5 unidades do produto a um lucro de 62,5 para cada firma. Não
sendo possível o acordo, nada impede que uma delas tente avançar produzindo mais do que
a outra. Suponhamos que a firma A produza 17,5 unidades e B 12,5. Sendo q = 17,5 + 12,5
= 30, o preço será igual a 4. O lucro de A será 17,5 . 4 = 70 e o lucro de B será 12,5 . 4 =
50, num total de 120.
Se a firma B resolver também elevar a produção para 17,5 ter-se-á uma produção
total q = 35 e um preço correspondente de 3. O lucro de cada uma será igual a 17,5 . 3 =
52,5, num total de 105. Observe, portanto, que o oligopólio pode produzir mais do que o
monopólio e a um preço menor ao consumidor.
Como se observa, cada empresa vai procurar adaptar suas decisões de acordo com
as da outra empresa, a fim de maximizar seus ganhos. Trata-se de um equilíbrio de NASH,
definido como a melhor decisão a ser tomada por uma firma a partir do que tiverem
decidido as demais.
17a Aula
6.5.7. O modelo de oligopólio de Cournot
Devido ao francês Augustin Cournot, esse modelo tem como premissas básicas ser
um duopólio (mercado de duas empresas), no qual a mercadoria é homogênea e cada
empresa decide produzir de acordo com a decisão de produção da concorrente, que
considera dada. Considere que o produto seja água, obtida de uma fonte natural, e que o
custo marginal de produção (CMg) seja nulo para ambas as firmas. Seja a função procura p
= 100 – q. Nesse caso, cada firma vai maximizar seu lucro igualando a receita marginal ao
custo marginal. Vejamos o comportamento inicial da firma 1:
Receita total (RT) = pq = 100q – q2 ; receita marginal (RMg) = 100 – 2q; produção de
máximo lucro: RMg = CMg; RMg = 0; 100 – 2q = 0; q = 50; preço = 100 – 2q = 100 – 50 =
50.
p
A firma 1 vai produzir
50 unidades do produto,
ao preço de 50 50
50 q/t
Com base na produção da firma 1, de 50, a firma 2 vai preencher o restante do
mercado: (100 – 50) / 2 = 25.
75 q/t
Já que a firma 2 produz 25, a firma 1 vai passar a produzir q1 = (100 – 25) / 2 = 37,5.
O preço de mercado será p = 100 – (25 + 37,5) = 37,5. Já que a firma 1 passou a produzir
37,5, a firma 2 vai passar a produzir q2 = (100 – 37,5) / 2 = 31,25. Já que a firma 2 passou a
produzir 31,25, a firma 1 vai passar a produzir q1 = (100 – 31,25) / 2 = 34,38. Já que a
firma 1 passou a produzir 34,38, a firma 2 vai passar a produzir q2 = (100 – 34,38) / 2 =
32,81. E assim por diante.
Repare que a produção da firma 1 tem a seguinte direção: 50; 37,5; 34,38; e vai
diminuindo, enquanto a da firma 2 tem a seguinte direção: 25; 31,25; 32,81; e vai
aumentando.
Para onde tenderão as produções das duas firmas? Para esse cálculo, vamos a uma
abordagem mais algébrica:
Função procura: p = a – b (q1+ q2 ); custos marginais: CMg1 = CMg2 = 0; receita total da
firma 1: RT 1 = p.q1 = a q1 – b (q1 + q2 ). q1 = a . q1 - b .q1 2 – b. q2 . q1 ;receita marginal da
firma1: RMg1 = a - 2b . q1 - b . q2 = CMg1 = 0; a - 2b . q1 - b . q2 = 0; donde q1 = ( a - b. q2 )
/ 2b.
Fazendo os mesmos cálculos para a firma 2: q2 = ( a - b. q1 ) / 2b.
Essas duas equações representam as curvas de reação das firmas 1 e 2,
respectivamente. Resolvendo, tem-se que q1 = q2 = a / 3b e o preço é p = a – b (q1 + q2);
donde p = a / 3. Pode ser demonstrado que, se o custo marginal for diferente de zero, como
o valor c, as quantidades finais q1 e q2 serão iguais à expressão (a-c) / 3b e o preço final
igual a (a + 2c) / 3.
18a Aula
A teoria dos jogos, desenvolvida pelo matemático John von Neumann, é uma parte
do estudo do mercado oligopolista, onde as empresas procuram disputar fatias do mercado
através de estratégias de comportamento. Vejamos alguns conceitos básicos dessa parte
da teoria.
Comportamento estratégico – Ao contrário do mercado de concorrência perfeita, onde
cada firma é tomadora de preços e sujeita-se a agir aceitando o preço de seu produto e dos
insumos, denominados parâmetros, as empresas em oligopólio sabem que podem afetar o
preço de seu produto, pelo maior ou menor nível de produção e pelas campanhas
promocionais. Elas apresentam um comportamento estratégico, afetando as variáveis
relevantes, que por sua vez afetam as ações dos outros agentes do mercado. Assume -se que
cada participante do mercado atua de modo racional e acredita-se que seus concorrentes
também assim atuam; nesse caso, o objetivo é pela procurar maximizar os lucros pela
tomada de decisões que levem em conta o comportamento racional dos demais
participantes.
Jogo – É o conjunto de regras que norteiam as ações dos agentes em suas estratégias, e os
possíveis resultados decorrentes dessas ações.
Prêmio ou payoff do jogo – É cada um dos resultados possíveis das ações dos jogadores.
Jogador B
Jogador A par ímpar
+1, -1 -1, +1
-1, +1 +1, -1
par
ímpar
Cada linha da matriz representa uma estratégia para o jogador A e cada coluna uma
estratégia para o jogador B. Os números (+1 e –1) significam os ganhos e perdas para cada
jogador. Se o número do dado obtido por A for par e o obtido por B for também par, a
soma será necessariamente par. Nesse caso, o indivíduo A ganha 1 real (+1) e o indivíduo
B perde 1 real (-1). Idêntico raciocínio para os demais resultados.
Jogos cooperativos e não-cooperativos – Os jogos são cooperativos quando os
participantes podem negociar cont ratos ou acordos entre si, permitindo que planejem
estratégias em conjunto. Um jogo é não-cooperativo quando não é possível essa
negociação.
Um exemplo de jogo cooperativo: a negociação de um bem entre um comprador e um
vendedor. Suponhamos um automóvel, cujo custo de produção é de R$ 20 mil e o cliente
avalia-o por R$ 25 mil. Nesse caso, uma solução cooperativa seria qualquer preço entre
esses dois valores, o qual proporcionaria um ganho ao vendedor e um excedente ao
consumidor. Se o preço do automóvel for estabelecido em R$ 22 mil, por exemplo, o lucro
do vendedor será de R$ 2 mil, e o excedente do consumidor será igual a R$ 3 mil. Observe
que esse é um caso em que a soma dos ganhos será sempre igual a R$ 5 mil, ou seja, é um
exemplo de jogo de soma constante.
Enquanto isso, um jogo não-cooperativo seria aquele em que qualquer ação por
parte de uma firma, ao tentar ganhar maior fatia de um mercado, por meio de uma
promoção de vendas, por exemplo, teria como contrapartida uma diminuição na fatia de
mercado das demais.
19a Aula
Estratégia dominante – É aquela a ser seguida por uma empresa, qualquer que seja a ação
da outra. Suponhamos que duas empresas, A e B, vendam produtos similares e estejam para
decidir se realizam ou não campanhas publicitárias. Eis a sua matriz de payoffs:
Nesse caso, a estratégia da empresa A vai depender do que fizer a empresa B. Mas,
mesmo assim, a empresa A sabe que B deve fazer propaganda, pois seus lucros serão
maiores. Então, a decisão de A continua sendo a de fazer propaganda. Diz-se, então, que o
equilíbrio será alcançado quando ambas as empresas fizerem propaganda.
Equilíbrio de Nash: É um princípio apresentado pelo matemático John Nash, que diz que
"cada empresa está fazendo o melhor que pode, em função daquilo que estão fazendo suas
concorrentes". Vamos comparar o conceito de equilíbrio de Nash com o de equilíbrio em
estratégias dominantes:
Estratégia dominante : Uma empresa toma uma decisão independentemente das decisões a
serem tomada s pelas demais.
Equilíbrio de Nash: Uma empresa toma uma decisão em função das decisões que estão
sendo tomadas pelas demais.
Vamos supor que duas empresas querem lançar um produto à base de tomate em um
mer-cado. Se for o mesmo produto (por exemplo, extrato), ambas terão prejuízo (-1), mas se for
diferen-ciado (por exemplo, extrato e ketchup), ambos terão lucro (+2). Seja a seguinte a matriz
de payoffs:
Empresa A Empresa B
extrato extrato ketchup
ketchup
-1, -1 2, 2
2, 2 -1, -1
20a Aula
O dilema dos prisioneiros – É um exemplo de equilíbrio de Nash que não leva
necessariamente ao resultado mais eficiente para os jogadores envolvidos. Dois
prisioneiros, envolvidos em um mesmo crime, são interrogados separadamente e
convidados a confessar. Se ambos confessarem, terão três meses de prisão. Se um confessar
e outro não, o que confessar será livre e o outro ficará 6 meses preso. Se nenhum deles
confessar, ficarão um mês presos. Eis a matriz:
prisioneiro A prisioneiro B
confessa
não confessa confessa não confessa
-3, -3 0, -6
-6, 0 -1, -1
A matriz mostra que João prefere ir com Maria assistir a um filme de ação,
enquanto que Maria dá mais valor ir ao cinema com João assistir a um filme romântico, e
ambos preferem assistir a um filme, mesmo de que não gostam, junto ao namorado, do que
irem sozinhos. Assistirem juntos a qualquer dos filmes é um equilíbrio de Nash, pois se
Maria, por exemplo, quiser assistir ao filme romântico, João irá com ela, e vice-versa.
Ocorre que, inicialmente, João adota a estratégia de ver o filme de ação e Maria a de ver o
filme romântico. Suponha que João tenha 2/3 de probabilidade de assistir a seu filme e 1/3
de ver o filme romântico, e Maria tenha 2/3 de probabilidade de assistir a seu filme e 1/3 de
ver o filme de ação. Se Maria fizer questão de ver o seu filme, a melhor estratégia de João
será vê-lo também. E vice-versa. Daí a estratégia mista de ambas as partes.
MÓDULO 7
1a Aula
7. Noções de equilíbrio geral entre o consumo e a produção: a Caixa de Edgeworth
2a Aula
Entendido o que é uma economia tecnologicamente eficiente, vamos tentar entender
o que é uma economia economicamente eficiente. Isso ocorre quando o sistema produtivo
oferece bens que maximizam a satisfação do consumidor. A teoria do consumidor diz
que o consumidor obtém uma utilidade (ou satisfação) máxima quando distribui sua renda
de forma que a utilidade da última unidade monetária gasta é igual para todos os bens.
3a . Aula
Entre os consumidores, para se atingir o máximo no sentido de Pareto, tem-se a
condição de que a taxa marginal de substituição entre qualquer par de bens de
consumo deve ser a mesma para todos os indivíduos que consomem ambos os bens .
Isso pode ser visto no gráfico abaixo:
Sara
A 0S
vestuário
CC C
0D B
Davi alimento
O gráfico mostra que, dados dois consumidores, Davi e Sara, a curva de contrato
OD-OS reúne todos os pontos de máxima satisfação para ambos. Em qualquer outro ponto
fora da curva, como em C, não há eficiência máxima, pois as curvas de indiferença têm
inclinações diferentes, ou seja, as taxas marginais de substituições são diferentes,
resultando em possibilidade de melhora para os dois ou pelo menos para um dos
consumidores, sem perda de utilidade para o outro.
Vamos a um exemplo numérico: consideremos que Davi e Sara têm as seguintes
taxas marginais de substituição entre vestuário e alimento, no ponto A: TMS (V,A) de Davi
= - ∆V / ∆A = - (+ 1 / -2) = ½; e TMS (V,A) de Sara = - ∆V / ∆A = - (-2 / + 1) = 2.
Ou seja, Davi poderia trocar 2A por 1V e Sara poderia trocar 2V por 1A e ficarem
no mesmo nível de satisfação. Como as taxas são diferentes, há condições para uma
transação, que pode beneficiar um dos dois sem prejudicar o outro, ou beneficiar a ambos
ao mesmo tempo. Se a troca for 1V por 2A, Sara ganha e Davi nem ganha nem perde; se a
troca for 2V por 1A, Davi ganha e Sara nem ganha nem perde; A troca de 1A por 1V
beneficia ambos. O quadro abaixo mostra a troca:
As transações vão sendo efetuadas até que haja igualdade entre as TMS e os
consumidores atingem um ponto em que se tangenciam suas respectivas curvas de
indiferença (pontos D ou E, no gráfico, ou outro ponto como F ).
4a Aula
O conjunto de pontos da curva de contrato forma a fronteira de possibilidades de
utilidade :
Sara
Os pontos E, F e G, na
fronteira da curva de utilidade, E
correspondem a pontos sobre a curva
de contrato. O ponto H não é de máximo
bem-estar, pois ou Sara ou Davi ou ambos H F
podem melhorar. G
Davi
Eficiência e eqüidade: o ponto G é de máxima utilidade ou eficiência para ambos
os consumidores, embora em H parece haver melhor distribuição das utilidades entre eles,
ou seja, há mais eqüidade. O ponto H, no entanto, é de ineficiência. Percebe-se, portanto,
que há um certo conflito entre eficiência e eqüidade.
5a Aula
capital
0A B
trabalho
O gráfico mostra que, dadas duas empresas, de alimento e de vestuário, por
exemplo, a curva de contrato OA-O V reúne todos os pontos de máxima eficiência para a
utilização de insumos, como capital e trabalho. Em qualquer outro ponto fora da curva,
como em C, não há eficiência máxima, pois as curvas de igual produto, ou isoquantas,
têm inclinações diferentes, ou seja, as taxas marginais de substituição técnica entre os
insumos são diferentes, resultando em possibilidade de aumento de produção para ambos os
produtos ou pelo menos para um dos produtos, sem diminuição de produção para o outro.
As trocas vão sendo efetuadas até que haja igualdade entre as TMST e os produtores
atingem um ponto em que se tangenciam suas respectivas isoqüantas (pontos D ou E, no
gráfico, ou outro ponto como F ).
6a Aula
Y1 A
.C
Y2 B
X1 X2 X
A curva de transformação reúne todos os níveis possíveis de produção de dois
bens, X e Y, quando a economia opera em condição de eficiência máxima de Pareto (por
exemplo, em X1 e Y1 ). Assim, se a economia estiver no ponto A, só é possível produzir-se
mais de X, por exemplo, X2 , se diminuir a produção de Y para Y2 , indo-se para o ponto B.
Qualquer ponto em que as isoquantas da caixa de Edgeworth não são tangentes, ou seja, a
produção não é máxima, corresponde a um ponto entre a curva de transformação e os eixos
(como em A).
7a Aula
8a Aula
9a Aula