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Disciplina: Oficina de Prática Fiscal

Prof. Flávio Lucas Goettert

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI

Considerações iniciais

Tributo de competência Federal de natureza não cumulativa, devido pelas empresas que efetuam
industrialização de bens. As alíquotas a serem aplicadas sobre a venda dos produtos são variadas e depende do
enquadramento (NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul) do produto na Tabela de Incidência do Imposto
sobre Produtos Industrializados — TIPI. Os procedimentos estão definidos no Regulamento do IPI — RIPI
(Decreto n° 7.212 de 15/06/2010), e se assemelha ao ICMS.

O campo de incidência do IPI abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI
(Decreto nº 10.923, de 30 de dezembro de 2021-vigência 01/04/2022), observadas as disposições contidas nas
respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde anotação “NT”.

A Classificação Fiscal de mercadorias é importante não somente para determinar os tributos envolvidos nas
operações de importação e exportação, e de saída de produtos industrializados, mas também, em especial no
comércio exterior, para fins de controle estatístico e determinação do tratamento administrativo requerido para
determinado produto.

Fato Gerador

São duas as principais hipóteses de ocorrência do fato gerador do IPI:

a) Na importação: o desembaraço aduaneiro de produtos de procedência estrangeira;


b) Na operação interna: a saída de produto de estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.

Contribuinte

São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte:

a) o importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço aduaneiro de produto de


procedência estrangeira;
b) o industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto que industrializar em seu
estabelecimento, bem assim quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;
c) o estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador relativo aos produtos que dele saírem,
bem assim quanto aos demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;
d) os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas
jornalísticas ou editoras, o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado
pela imunidade prevista na Constituição Federal.

Base de cálculo

Constitui valor tributável:

a) dos produtos de procedência estrangeira: o valor que servir ou que serviria de base para cálculo dos
tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e
dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou deste exigível;

b) operações internas: o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou
equiparado a industrial.
Nos termos do artigo 155, parágrafo 2º, inciso XI, da Constituição Federal em conjunto com artigo 13,
parágrafo 2º, da Lei Complementar nº 87/96, o montante do IPI não integra a base de cálculo do ICMS quando
a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos.

Portanto, segundo as mencionadas disposições, o montante do IPI:

a) não integra a base de cálculo do ICMS quando o produto for destinado à industrialização ou à
comercialização;
b) integra a base de cálculo do ICMS quando o produto for destinado a uso e consumo ou ingressar
ao ativo imobilizado da empresa adquirente, independente de o destinatário ser ou não ser contribuinte
do ICMS.

Para determinar o valor da operação, levando-se em consideração a inclusão do IPI na base de cálculo do
ICMS, teremos que aplicar a equação abaixo sobre o preço líquido do produto visando nos proporcionar um
coeficiente conforme as alíquotas de ICMS e IPI aplicadas em cada operação.

Coeficiente = 1/1-[%ICMS/100 x (1 + %IPI/100)]

Usando como exemplo uma operação cujas alíquotas do ICMS e IPI sejam 25% e 10%, respectivamente,
teremos o seguinte coeficiente:

Coeficiente = 1/1-[0,25 x (1 + 0,10)]

Coeficiente = 1/0,725

Coeficiente = 1,37931

Para testarmos a aplicação do coeficiente, vejamos o exemplo seguinte:

A – Preço do produto sem o ICMS embutido (líquido) : R$ 7.500,00

B – Coeficiente para determinação do preço do produto com o ICMS embutido = 1,37931

C – Preço do produto com o ICMS embutido (1,37931 x R$ 7.500,00) ..... R$ 10.344,82

D – IPI (10%) ............................................................................................. R$ 1.034,48

E – Valor total (C + D) ................................................................................ R$ 11.379,30

F – Valor do ICMS (25% x R$ 11.379,30) ................................................ R$ 2.844,82

Subtraindo-se C de A, encontramos o valor de R$ 2.844,82, que é exatamente o que deve ser destacado no
documento fiscal a titulo de ICMS.

Usando a equação acima, os contribuintes poderão calcular o valor correto do ICMS nas operações destinadas
a consumidor final ou a destinatários não contribuintes do ICMS de forma que toda carga tributária esteja
dentro dos parâmetros legais e financeiros não ocasionando prejuízo a sua operação.
Alíquota

São várias e estão presentes na tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados. O IPI será
calculado mediante aplicação das alíquotas, constantes na TIPI, sobre o valor tributável.

Na Tabela do IPI (TIPI), os produtos estão distribuídos por Seções, Capítulos, sub-capítulos, posições, sub-
posições, itens e subitens.

Beneficio Fiscal - Suspensão

Os produtos industrializados destinados ao exterior são imunes da incidência do IPI (art. 18, inciso II do
RIPI).

Conforme artigo 43 inciso V do RIPI, poderão sair com suspensão do imposto, os produtos destinados à
exportação, que saiam do estabelecimento industrial para:

a) empresas comerciais exportadoras, com fim específico de exportação;

b) recintos alfandegados;

c) outros locais onde se processe o despacho aduaneiro de exportação.

Também terão o beneficio da suspensão do IPI as saídas de estabelecimentos industriais de MP, PI e ME


adquiridos para empresas preponderantemente exportadoras, ou seja, cuja receita bruta decorrente de
exportação, no ano-calendário imediatamente anterior ao da aquisição, houver sido superior a 50% de sua
receita bruta total no mesmo período, conforme registro prévio na Receita Federal (Publicação de ADE – Ato
Declaratório Executivo).

Prazo de recolhimento

São os seguintes os prazos de recolhimento do IPI:

Art. 262. O imposto será recolhido:

I - antes da saída do produto da repartição que processar o despacho, nos casos de importação

II - até o décimo dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos geradores, nos casos dos produtos
classificados no Código 2402.20.00 da TIPI;

III - até o vigésimo quinto dia do mês subsequente ao de ocorrência dos fatos geradores, no caso dos
demais produtos; ou

IV - no ato do pedido de autorização da venda de produtos trazidos do exterior a título de bagagem,


despachados com isenção do imposto ou com pagamento de tributos nas condições previstas na legislação
aduaneira.

Parágrafo único. Se o dia do vencimento de que tratam os incisos II e III não for dia útil, considerar-se-
á antecipado o prazo para o primeiro dia útil que o anteceder.

Art. 263. É facultado ao contribuinte o recolhimento do imposto antes do vencimento do prazo fixado.

Art. 264. O imposto destacado na nota fiscal ou escriturado, mesmo no curso de processo de consulta,
deverá ser recolhido no respectivo prazo.
Art. 265. O recolhimento do imposto após os prazos previstos na legislação será efetuado com os
acréscimos moratórios de que tratam os arts. 552 a 554.

Art. 266. Para fins do disposto no art. 265, o recolhimento do imposto, pelos responsáveis definidos
nos incisos I, II, III, VI, VII, VIII e IX do art. 25, e nos incisos I a VII do art. 27, será considerado fora do
prazo, sujeito aos acréscimos moratórios de que trata aquele artigo.

Art. 267. No caso do art. 407, se as notas fiscais destinadas ao destaque de diferenças do imposto
forem emitidas fora dos prazos previstos no seu § 4o, ou fora do período de apuração do imposto
complementado, na hipótese do inciso XII do referido art. 407, o imposto será recolhido com os acréscimos
moratórios de que tratam os arts. 552 a 554, se fora dos prazos de recolhimento, em documento de
arrecadação federal emitido especialmente para esse fim.

Do Documento de Arrecadação

Art. 441. O Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF será usado para recolhimento do
imposto e dos respectivos acréscimos, segundo as instruções expedidas pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil.

Art. 442. É vedada a utilização de DARF para o recolhimento do imposto inferior a R$ 10,00 (dez
reais).

Parágrafo único. No caso de o imposto resultar inferior a R$ 10,00 (dez reais), deverá ele ser
adicionado ao imposto correspondente aos períodos subsequentes, até que o total seja igual ou superior a R$
10,00 (dez reais), quando, então, será recolhido no prazo estabelecido na legislação para este último período
de apuração.

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