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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

ALUNA: MARIA EDUARDA TEIXEIRA PIMENTEL


MÓDULO: EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEMINÁRIO V – IPI E IOF

Questões
1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do
IPI.

Critérios Antecedentes:

1. Critério Material: é o núcleo da hipótese de incidência. É o fato


gerador do IPI que tem previsão no art. 46 do CTN, vejamos:

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos


industrializados tem como fato gerador:
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência
estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo
único do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e
levado a leilão."

2. Critério Espacial: diz respeito ao local em que ocorreu o fato


jurídico, e com base nos incisos do art. 46 do CTN, temos os
seguintes: no caso do inciso I, o critério espacial será o local em que
ocorrer a entrada do produto; no inciso II é a saída do
estabelecimento em territotório nacional; no inciso III, o critério
espacial será o local onde ocorrer a arrematação em virtude do
leilão.
3. Critério Temporal: este critério diz respeito ao momento de
ocorrência do fato descrito na norma, quais sejam: do desembaraço
aduaneiro, da saída do estabelecimento e da arrematação dos
produtos em leilão.

Critérios Consequentes:

1. Critério Pessoal:
Sujeito Ativo: União
Sujeito Passivo: contribuinte que deve cumprir a obrigação
tributária, pois realizou um dos fatos geradores previstos no artigo

.
mencionado.
2. Critério Quantitativo:
Alíquota: o IPI tem uma tabela própria em que estabelece a
alíquota para cada tipo de produto. (Tabela de Incidência de IPI –
TIPI)
Base de Cálculo: a BC do IPI encontra previsão legal no art. 47 do
CTN, vejamos:
Art. 47. A base de cálculo do imposto é:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como
definido no inciso II do art. 20, acrescido do montante:
a) do Imposto sobre a Importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou
dele exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço
corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da
praça do remetente;
II - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da
arrematação."

2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se:


a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da
aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes? E de
operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos
sobre o regime de isenção? Se possíveis estes créditos, como
quantificá-los? (Vide anexos I, II e III).

Com a vigência da Lei 9.779/99 passou a ser possível o


creditamento do IPI decorrente da aquisição de insumo com alíquota
zero ou imune, isso se deu pelo princípio da não cumulatividade,
prevista no art. 11 da referida lei, in verbis:

Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados


- IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de
aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de
embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto
isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder
compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá
ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da
Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas

.
expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da
Fazenda.
No entanto, faz-se necessário esclarecer que, conforme decidiu o
C.STJ, o aproveitamento desses créditos só pode ocorrer nos tributos
em que o fato gerador ocorreu na data de vigência da lei em diante.
Já em relação às operações decorrentes da Zona Franca de Manaus
adquiridos sobre o regime de isenção, houve julgamento do C.STF, no
RE 596.614, determinando a possibilidade de creditamento do Imposto
sobre Produtos Industrializados provenientes da Zona Franca de
Manaus. E neste julgamento foi firmada a seguinte tese: “Há direito ao
creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria prima e material
de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime
de isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do
artigo 43, parágrafo 2º, inciso III, da Constituição Federal, combinada
com o comando do artigo 40 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT)”.
Em relação a quantificação do crédito, acredito que este ocorreria
com a aplicação do produto final sobre o valor da aquisição do insumo
isento.

b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que


não são agregados diretamente ao produto final, geram créditos
do IPI? E os bens adquiridos para ativo permanente? E os
materiais de teste ou protótipos? (Vide anexo IV)

Os materiais consumidos no processo de produção, ainda que não


sejam agregados diretamente ao produto final, geram créditos de IPI,
isso é o que estabelece o art. 226, I, do Decreto 7.212/10, in verbis:

Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são


equiparados poderão creditar-se (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25 ):
(...)
I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e
material de embalagem, adquiridos para emprego na
industrialização de produtos tributados, incluindo-se, entre as
matérias-primas e os produtos intermediários, aqueles que, embora
não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo
de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo
permanente;

.
Desta feita, levando em consideração o disposto no artigo
supramencionado, os materiais de testes e protótipos podem ser incluídos
para creditamento do IPI. Por sua vez, este benefício não é estendido para
os bens adquiridos para o ativo permanente, uma vez que o dispositibo
veda o aproveitamento de crédito.

3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação


da incidência do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução
para efeitos de problemas de classificação fiscal. Com base nessa
resposta, comente:

Sabe-se que a classificação fiscal é muitíssimo importante para a


determinação da incidência do IPI, tendo em vista que é a partir deste
momento que será apurado a quantificação do imposto devido, de acordo
com cada item e sub-item.
Trata-se de uma descrição que descreve e detalha cada produto com
a intenção de determinar a alíquota específica do imposto aplicável.
Caso essa classificação fiscal seja feita de maneira incorreta, haverá a
aplicação de multa, podendo ser aplicada entre 1 ou 10% dependendo do
preço do produto.

a) qual a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou


8471.3019), justificando com base nos critérios de solução
identificados. (Vide anexo VI).

A classificação correta para Tablets é a 8471.3019, pois faz referência


a maquina automática para processamento de dados portátil, de forma a
se enquadrar na classificação do tablet.

b) Contribuinte sediado no Estado de São Paulo, realiza importação


de sabonetes “antiacne”. Sucedendo empasse segundo o qual a
ANVISA define a mercadoria como cosmético, e a legislação
tributária, à classe dos medicamentos e tratando-se de termo não
definido pela Constituição Federal, qual definição deve
prevalecer: a fixada pela agência reguladora ou aquela prescrita
pela legislação tributária? (Vide Anexo XIV)

O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.555.004, estabeleceu que a


definição deve prevalecer é a que foi atribuída pela ANVISA, ou seja,

.
classificada como cosmético.
A definição que deve prevalecer é a da agência reguladora, pois esta
tem o dever de classificar os produtos, tendo em vista que possuem
conhecimento técnico para isso.

4. Que é produto industrializado? O processo de salga do bacalhau


constitui aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero
modo de conservação para fins de transporte? Em outros termos,
o bacalhau (seco e salgado) é tido produto industrializado para
fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja de espécie não
contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco,
salgado ou em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em
incidência do IPI? (Vide anexo VII)

Conforme bem preceitua o art. 4º, do Decreto 7.212/2010,


industrialização caracteriza-se como qualquer operação que modifique a
natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a
finalidade do produto ou o aperfeiçoe para consumo.
Em relação ao bacalhau, sabe-se que esse não se apresenta como
retirado da natureza, tendo em vista que o peixe passou por diversas
operações de modificação, tais como a evisceração, retirada de cabeça,
limpeza, secagem até chegar a salga, ou seja, sua aparência foi
indiscutivelmente modificada. Ou seja, trata-se de produto
industrializado, pois as operações alteraram a apresentação do peixe,
submetendo-se ao recolhimento do IPI quando do desembaraço
aduaneiro. Inclusive, este é o entendimento firmado do C.STF no
julgamento do RE 627.280-RG.

5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes


valores podem ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros
das vendas financiadas? (ii) os descontos incondicionais ou de
produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O frete integra
o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido
estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance
and freight)? Fundamente suas respostas.

Sabe-se que, a base de cálculo do IPI está determinada pelo art. 47


do CTN, in verbis:
Art. 47. A base de cálculo do imposto é:

.
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido
no inciso II do art. 20, acrescido do montante:
a) do Imposto sobre a Importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele
exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da
mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do
remetente;
II - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

Da leitura do referido artigo, verifica-se que a base de cálculo do


imposto em questão nas operações internas, correspondem ao valor da
operação. No entanto, os valores que referem-se aos juros das vendas
não compõe o preço da operação, mas o da remuneração, ou seja, não
inclue na base de cálculo do IPI.

Em relação aos descontos incondicionais, houve julgamento pelo


STF, no RE 567.935, onde foi declarado que o art. 14,§2º da lei
4.502/1964 era inconstitucional, ou seja, os descontos incondicionais
passaram a não mais compor a base de cálculo do IPI.

O frete não compõe a base de cálculo de IPI, pois o STJ passou a


entender que a alteração legislativa prevista no art. 15 da Lei 4.502 que
inclue o valor do frete na base de cálculo do imposto era indevida.
Já em relação à cláusula FOB ou CIF, não há diferença se houver
previsão dessas cláusulas, uma vez que só irão identificar o sujeito
responsável pelo pagamento do frete, e em relação a compor a base de
cálculo, não há que se falar em inclusão do frete.

6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e


equipamentos. No meio de seu processo de produção, envia seus
produtos a outra empresa, Galvanomix Ltda, para que esta efetue
a galvanização desses produtos. Feita a galvanização, os
produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta
concluirá seu processo de produção e, posteriormente os venderá
aos consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela
Galvanomix é uma industrialização por encomenda ou prestação
de serviço? Incidirá ISS, IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos
VIII, IX e X).

.
Sabe-se que os serviços de industrialização por encomenda são
considerados como serviços, ou seja, só podem ser tributados pelos
municípios. Para que fique caracterizado o fato gerador do IPI é preciso
que o produto que foi industrializado circule juridicamente, ou seja, que
ocorra a mudança na titularidade do bem. Desta forma, só haverá
incidência do IPI em etapa posterior à da prestação dos serviços.
Se os serviços estiverem previstos na lista anexa à Lei Complementar
n. 116/2003 não vai haver a necessidade de falar em exigência de outro
tributo que não seja o ISS, ainda que seja na hipótese de circulação de
mercadorias.

7. Construir as regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do


IOF. Por que a utilização da nomenclatura “IOF’” pode ser
considerada como equivocada? De forma ampla, qual a previsão
constitucional para a incidência dessa exação?

CRITÉRIOS ANTECEDENTES:

1. Critério Material: é o fato gerador. Em relação ao IOF quatro são


os fatos geradores que dão ensejo a incidência: os operações de
crédito; seguro; câmbio e títulos ou valores mobiliários.

2. Critério Espacial: este critério varia de acordo com a operação da


incidência. Em relação a operação de crédito é considerado o
território nacional quando a operação é interna; Já no caso dos
seguros, será o território nacional; Para os câmbios, a incidência
poderá ocorrer no território nacional ou no local em que foi
contratada no exterior; Por último, em relação aos títulos ou
valores mobiliários, a incidência se dá dentro do território nacional;

3. Critério temporal: momento da incidência, onde ocorre a hipótese


de uma das operações;

CRITÉRIOS CONSEQUENTES:

1. Critério pessoal:
Sujeito Passivo: contribuinte ou responsável pela operação
Sujeito Ativo: União

.
2. Critério quantitativo:
Base de Cálculo: em regra, é o valor de cada operação;
Alíquota: varia de 1,5% para créditos e títulos e até 25% para câmbios
e seguros.

A nomenclatura do termo IOF pode ser considerada como


equivocada pois, traz uma ideia de um tributo relacionado apenas com
operações financeiras (IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS),
acontece que não é desta forma, pois também faz relação com
operações de crédito, títulos, seguro, câmbio e etc.
A previsão do IOF é constitucional, como bem determina o art. 153,
V, da CF/88.

8. A alteração de alíquotas do “IOF” prescinde de motivação do


Governo Federal? A justificativa para aumento do tributo pode
se dar sem relação comprovada com a necessidade de
manipulação na política regulatória do mercado de crédito,
cambial, securitário ou de títulos e valores mobiliários? Há
algum tipo de inconstitucionalidade no caso de alteração
imotivada?

Sabe-se que a tabela do IOF pode ser alterada sem a necessidade


da participação em votação do Congresso, ou seja, suas alterações
podem ser promovidas a qualquer momento, sem motivação do
Governo Federal. A justificativa para aumento do tributo se dá para
tentar incentivar ou desestimular as operações financeiras que o
imposto se aplica. Acontece que, a majoração do tributo não poderá de
dar sem ser comprovada a relação de manipulação de política de
crédito, cambial, mercado, ou de títulos e valores mobiliários. Desta
feita, não há como sustentar a constitucionalidade das majorações
imotivadas do IOF.

9. Determinada pessoa jurídica “X”, pertencente a um grupo de


empresas “Y”, celebra contrato de mútuo com outras empresas
desse mesmo grupo, com a finalidade de obter dinheiro sem
recorrer ao mercado financeiro. Pergunta-se: o empréstimo
decorrente desse contrato de mútuo configura fato jurídico
tributário que enseja a exigência do IOF? É legítima a cobrança
de IOF sobre a venda de direitos creditórios realizada por
empresas de factoring? E sobre o direito de crédito entre
empresa controlada e sua controladora? Se sim, em que

.
momento haverá a incidência? (Vide anexos XI, XII, XIII e XIV).

Importante mencionar que sobre o assunto há divergência, tendo


em vista que para os contribuintes não há que se falar na existência de
contrato mútuo, o que há na verdade é um contrato de conta corrente,
ou seja, não haveria que se falar em empréstimo. Desta forma, por ter
características de contrato conta corrente, não haveria incidência do
IOF. Por sua vez, para o fisco o contrato de conta corrente e o mútuo
são a mesma coisa, e há a incidência do IOF, utilizando como
argumento o art. 13 da Lei 9.779/99.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais possui entendimento
de que é contrato mútuo a transferência entre empresas de mesmo
grupo, dessa forma, incidindo o IOF.
Já as empresas de factoring, sabe-se que é legítima a cobrança do
referido imposto, pois o repasse dos direitos creditórios das pessoas
seria o fato gerador.
Sabe-se que, o direito de crédito entre empresas é o contrato conta
corrente, que equipara-se ao contrato de mútuo, conforme
entendimento firmado do CARF, incidindo, portanto, IOF.

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