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13/11/2023

Resumo: Trabalho que dispõe sobre as inclusões e às exclusões da base de cálculo do ICMS perante a legislação do
Estado de São Paulo.

Origem: SP

Qualificações: Tributário

Número: 35/2020

Base de Cálculo ­ Inclusões e Exclusões

Data de publicação: 25/08/2020

Data de alteração: 26/03/2021

SUMÁRIO

1. Introdução

2. Base de Cálculo

2.1. Inclusão do ICMS na própria base de cálculo

2.2. Inexistência do "valor da operação"

2.3. Saída para empresa pertencente ao mesmo titular localizada neste Estado

2.4. Saída para empresa pertencente ao mesmo titular localizada em outro Estado

2.5. Prestação de serviços sujeitos ao ICMS

3. Inclusões e Exclusões ­ Base de Cálculo

3.1. Seguros, juros e demais importâncias

3.2. Frete

3.3. IPI

3.4. Importância cobrada a título de montagem e instalação

3.5. Descontos condicionais

3.6. Descontos incondicionais ­ Base de cálculo da operação própria

3.7. Descontos incondicionais ­ Base de cálculo da substituição tributária ­ Manifestação do Fisco

3.8. Gorjeta

1. INTRODUÇÃO

Nesta oportunidade, comentaremos as inclusões e exclusões da base de cálculo do ICMS, com fundamento nos dispositivos do RICMS­
SP, aprovado pelo Decreto nº 45.490/2000.

2. BASE DE CÁLCULO

2.1. Inclusão do ICMS na própria base de cálculo

A base de cálculo do ICMS corresponde ao valor da operação ou prestação, já incluído nesse valor o montante do próprio imposto.

Em outras palavras, o montante do imposto integra sua própria base de cálculo, constituindo o respectivo destaque mera indicação para
fins de controle (art. 49 do RICMS­SP).

Com base em valores hipotéticos, demonstraremos o exemplo a seguir:

Valor da operação sem a inclusão do ICMS = R$ 1.000,00

Alíquota interna do ICMS (art. 52, I, do RICMS­SP) = 18%

100% ­ 18% / 100 = 0,82

Valor da operação com a inclusão do ICMS (R$ 1.000,00 / 0,82) = R$ 1.219,51

Valor do ICMS (R$ 1.219,51 x 18%) = R$ 219,51

2.2. Inexistência do "valor da operação"

Ressalvados os casos expressamente previstos na legislação do imposto, na falta do "valor da operação", nos termos do disposto nos
incisos I e VII do art. 37 do RICMS­SP, a base de cálculo do ICMS corresponderá:

I ­ ao preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista do local da operação ou, na sua falta, no
mercado atacadista regional, caso o remetente seja produtor, extrator ou gerador, inclusive de energia (art. 38, I, do RICMS­

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SP);

II ­ ao preço FOB estabelecimento industrial à vista, caso o remetente seja estabelecimento industrial, assim
considerado o preço efetivamente praticado pelo remetente em operação mais recente (art. 38, II, § 1º, do RICMS­SP);

III ­ ao preço FOB estabelecimento comercial à vista, nas vendas a outros comerciantes ou industriais, caso o remetente
seja comerciante, ou seja, a base de cálculo será o preço efetivamente praticado pelo estabelecimento remetente na operação
mais recente (art. 38, III, § 1º, do RICMS­SP).

Na hipótese de não serem realizadas operações de vendas a comerciantes ou industriais ou, em qualquer caso, se não houver mercadoria
similar, conforme descrito no inciso III, será considerado para fins de composição da base de cálculo o equivalente a 75% do preço de venda no
varejo, utilizando­se o preço efetivamente praticado em operação mais recente.

2.3. Saída para empresa pertencente ao mesmo titular localizada neste estado

Na saída para estabelecimento localizado neste Estado, pertencente ao mesmo titular, em substituição aos preços indicados nos incisos I,
II e III do subtópico 2.2, o remetente poderá atribuir à operação outro valor, desde que não inferior ao custo da mercadoria (§ 3º do art. 38 do
RICMS­SP).

2.4. Saída para empresa pertencente ao mesmo titular localizada em outro Estado

Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto
corresponderá (art. 39 do RICMS­SP):

I ­ ao valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria;

II ­ ao valor do custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matéria­prima, do material
secundário, da mão de obra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador;

III ­ tratando­se de mercadorias não industrializadas, ao seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento
remetente.

A Secretaria da Fazenda, por meio de regime especial, tendo em vista determinada peculiaridade do contribuinte devidamente
comprovada, poderá fixar:

1. em relação ao disposto no inciso I, que o valor da entrada mais recente da mercadoria seja obtido com base em
período previamente determinado, preferencialmente dentro do mês da ocorrência do fato gerador;

2. em relação ao disposto no inciso II, que o custo da mercadoria produzida seja o obtido com base em período
determinado.

Na hipótese de solicitação de regime especial, será observada a disciplina estabelecida na Portaria CAT nº 18/21, que dispõe sobre
concessão, averbação, alteração, revogação, cassação e extinção de Regimes Especiais previstos nos arts. 479­A e 489 do RICMS­SP.

2.5. Prestação de serviços sujeitos ao ICMS

Nas hipóteses indicadas a seguir, a base de cálculo do ICMS corresponderá ao respectivo preço (art. 37, VIII do RICMS­SP):

I ­ prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via;

II ­ prestação onerosa de serviços de comunicação feita por qualquer meio, inclusive na geração, emissão, recepção,
transmissão, retransmissão, repetição e ampliação de comunicação de qualquer natureza.

3. INCLUSÕES E EXCLUSÕES ­ BASE DE CÁLCULO

3.1. Seguros, juros e demais importâncias

Inclui­se na base de cálculo do ICMS o valor correspondente a seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas,
descontos concedidos sob condição, bem como o valor de mercadorias dadas em bonificação (art. 37, § 1º, 1 do RICMS­SP).

3.2. Frete

Inclui­se na base de cálculo do ICMS o valor do frete, se cobrado em separado, relativo a transporte intramunicipal, intermunicipal ou
interestadual, realizado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem (art. 37, § 1º, 2 do RICMS­SP).

3.3. IPI

Inclui­se na base de cálculo do ICMS o valor do IPI, salvo quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à
industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos (art. 37, § 1º, 3, do RICMS­SP).

O que significa dizer que quando:

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1 ­ a mercadoria for destinada à comercialização ou industrialização, o valor do IPI não será incluído na base de cálculo
do ICMS;

2 ­ a mercadoria não for destinada à comercialização ou industrialização, o valor do IPI deverá ser incluído na base de
calculo do ICMS.

Também será incluído na base de cálculo do ICMS, o valor do IPI incidente na operação de que tiver decorrido a entrada da mercadoria no
estabelecimento, quando esta, recebida para fins de comercialização ou industrialização, for posteriormente destinada a consumo ou a ativo
imobilizado do estabelecimento (art. 37, § 1º, 4, do RICMS­SP).

3.4. Importância cobrada a título de montagem e instalação

Inclui­se na base de cálculo do ICMS o valor correspondente a importância cobrada a título de montagem e instalação, nas operações com
máquina, aparelho, equipamento, conjunto industrial e outro produto, de qualquer natureza, quando o estabelecimento remetente ou outro do
mesmo titular tenha assumido contratualmente a obrigação de entregá­lo montado para uso, observado o disposto no art. 126 do RICMS­SP
(art. 37, § 1º, 5, do RICMS­SP).

3.5. Descontos condicionais

Inclui­se na base de cálculo do ICMS os valores relativos aos descontos concedidos sob condição, conforme disposto no art. 37, § 1º, 1,
do RICMS­SP.

Consideram­se descontos condicionais aqueles que são concedidos mediante a realização de evento futuro.

Se determinado estabelecimento oferece um desconto ao seu cliente, porém impõe a condição de que o pagamento da fatura comercial
seja efetuado dentro de um prazo convencionado, em casos como esse fica caracterizado o desconto condicional. Observa­se que, nessa
hipótese, o desconto foi concedido sob uma condição futura e incerta.

Com base em valores hipotéticos, demonstraremos o exemplo a seguir:

Valor da operação = R$ 100,00

Base de cálculo do ICMS = R$ 100,00

Desconto condicional de 10% = R$ 10,00

Valor total da nota fiscal = R$ 100,00

Valor da fatura comercial caso o pagamento ocorra no prazo convencionado = R$ 90,00

Diante desse exemplo, nota­se que o valor do desconto condicional não deve ser deduzido do valor total da nota fiscal, nem tampouco da
base de cálculo do ICMS, por tratar­se de evento futuro e incerto, sendo, portanto, fatos desconhecidos no momento da emissão da nota fiscal.

3.6. Descontos Incondicionais ­ Base de cálculo da operação própria

Dispõe o item 1 do § 1º do art. 37 do RICMS­SP (íntegra reproduzimos a seguir), que se incluem na base de cálculo do ICMS os descontos
concedidos sob condição, de modo que, a contrario sensu, os descontos concedidos incondicionalmente não serão incluídos na base de
cálculo do imposto.

"Artigo 37 ­ Ressalvados os casos expressamente previstos, a base de cálculo do imposto nas hipóteses do artigo 2º:

(...)

§ 1º ­ Incluem­se na base de cálculo:

1 ­ seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, descontos concedidos sob condição, bem como o valor de
mercadorias dadas em bonificação".

Sendo assim, não se inclui na base de cálculo do ICMS, os valores relativos aos descontos incondicionais.

São considerados descontos incondicionais aqueles descontos concedidos sem qualquer condição, devendo figurar de forma detalhada,
no documento fiscal.

Em outras palavras, o desconto incondicional não se vincula a nenhuma condição, ou seja, não é necessário que o cliente pratique um ato
subsequente ao da compra para a fruição do desconto.

Diante disso, há de se observar que quando o contribuinte conceder um desconto incondicional no valor da operação sem estabelecer
qualquer condição para isso, esse valor não será incluído na base de cálculo do ICMS da operação própria do contribuinte.

Supondo que determinado estabelecimento comercial conceda um desconto incondicional correspondente a 20% do valor da compra,
vamos observar o exemplo a seguir, considerando os valores hipotéticos:

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Valor da mercadoria = R$ 100,00

Desconto incondicional de 20% (R$ 100,00 x 20%) = R$ 20,00

Valor total da nota fiscal (R$ 100,00 ­ R$ 20,00) = R$ 80,00

Base de cálculo do ICMS = R$ 80,00

Diante desse exemplo, nota­se que o valor do desconto incondicional não integra o valor total da nota fiscal, nem tampouco a base de
cálculo do ICMS, por tratar­se de evento presente, sendo, portanto, fatos identificados no momento da emissão da nota fiscal.

3.7. Descontos incondicionais ­ Base de cálculo da substituição tributária ­ Manifestação do FISCO

Em relação a base de cálculo da substituição tributária, se a operação tenha por ponto de partida a operação realizada pelo substituto, ou
seja, pelo responsável tributário, o valor referente ao desconto incondicional fornecido por ele não se incluirá na formação da base de cálculo
da substituição tributária na hipótese de não haver preço final ao consumidor, para a mercadoria, autorizado ou fixado por autoridade
competente. Sendo assim, o valor do desconto incondicional será subtraído da base de cálculo da substituição tributária.

Nesse sentido, é a orientação reiterada da Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio de
Respostas à Consulta, dentre as quais, destacamos as de nºs 2.523/13 (mais antiga), 18.809/18 e 19.107/19 (mais recentes).

Conforme a referida orientação, demonstraremos o exemplo hipotético a seguir:

Valor da mercadoria = R$ 100,00

Desconto incondicional de 20% (R$ 100,00 x 20%) = R$ 20,00

Base de cálculo do ICMS próprio (R$ 100,00 ­ R$ 20,00) = R$ 80,00

ICMS da operação própria (R$ 80,00 x 18%) = R$ 14,40

IVA­ST hipotético = 50%

Base de cálculo do ICMS­ST (R$ 80,00 + 50%) = R$ 120,00 x 18% = R$ 21,60

Valor do ICMS­ST (R$ 21,60 ­ R$ 14,40) = R$ 7,20

Diante desse exemplo, verifica­se que o valor do desconto incondicional não integra o valor total da nota fiscal, nem tampouco a base de
cálculo do ICMS­ST.

3.8. Gorjeta

Nos termos do § 4ºA do art. 37 do RICMS­SP o valor correspondente à gorjeta fica excluído da base de cálculo do ICMS incidente no
fornecimento de alimentação e bebidas promovido por bares, restaurantes, hotéis e estabelecimentos similares, observando­se que:

1. não poderá ultrapassar 10% do valor da conta;

2. tratando­se de gorjeta cobrada pelo contribuinte ao cliente, como adicional na conta, o valor deverá ser discriminado
no respectivo documento fiscal;

3. tratando­se de gorjeta espontânea, para ter reconhecida a exclusão do valor da gorjeta da base de cálculo do ICMS, o
contribuinte deverá manter à disposição da fiscalização, pelo prazo de cinco anos:

a) documentação comprobatória de que os empregados trabalham, nos termos de legislação, acordo ou convenção
coletiva, sob a modalidade de gorjeta espontânea;

b) expressa indicação nas contas, cardápios ou em avisos afixados no estabelecimento de que o serviço (gorjeta) não é
obrigatório;

c) demonstrativo mensal do valor da gorjeta espontânea que circulou pelos meios de recebimento da receita do
estabelecimento.

O disposto neste subtópico aplica­se também a contribuinte optante pelo SIMPLES Nacional.

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