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Regimes de apuração do

IR e CSLL - Lucro Real e


Lucro Contábil

Módulo III
Sumário
3.1 - Introdução...............................................................................................................................................................................3.3

3.2 - Conceitos.................................................................................................................................................................................3.4

3.2.1 - Lucro, reservas e dividendos...................................................................................................................3.4

3.2.2 - Lucro real....................................................................................................................................................................3.5

3.2.3 - Lucro presumido..................................................................................................................................................3.5

3.2.4 - Lucro arbitrado.................................................................................................................................................... 3.6

3.3 - Regimes de tributação do IPRJ e da CSLL........................................................................................3.7

3.3.1 - Lucro real e lucro contábil.........................................................................................................................3.8

3.3.2 - Ajustes do lucro líquido................................................................................................................................3.9

3.3.3 - Obrigatoriedade de adoção do lucro real...........................................................................3.10

3.4 - Livro de apuração do lucro real - LALUR........................................................................................ 3.12

3.4.1 - Registro das adições.......................................................................................................................................3.15

3.4.2 - Registro das exclusões e compensações..................................................................................3.17

3.4.3 - Falhas, faltas e penalidades na apresentação do Lalur....................................... 3.18

3.5 - Compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e da base negativa da CSLL......... 3.21

3.5.1 - Compensação de prejuízos fiscais apurados anteriormente............................. 3.21

3.5.2 - Compensação da base negativa da CSLL.........................................................................3.22

3.6 - Roteiros básicos de auditoria....................................................................................................................... 3.25

3.6.1 - Auditoria do lucro real............................................................................................................................... 3.25

3.6.2 - Auditoria da compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo ne-


gativa da CSLL.................................................................................................................................................................. 3.27

3.7 - Conclusão............................................................................................................................................................................3.28

3.8 - Referências.......................................................................................................................................................................3.29
3.1 - INTRODUÇÃO

Nesse módulo, abordaremos vários temas que, pela sua complexida-


de, requerem um aprofundamento da legislação, regulamentações
e demais normas que regem a matéria relativa a Lucro de maneira
geral.

Iniciaremos fazendo uma revisão ampla dos conceitos de Lucro, seja


ele Real, Presumido ou Arbitrado. Também discutiremos a reserva de
lucro e a distribuição de dividendos. Em seguida falaremos sobre os
regimes de apuração do IRPJ e da CSLL, passando pela apuração
do Lucro via escrituração do LALUR.

Comentaremos também acerca das compensações de prejuízos fiscais


e também da base negativa. Por fim, como aspecto de suma impor-
tância para nossa disciplina, discutiremos a maneira que os doutrina-
dores e especialistas na matéria vêm construindo um roteiro básico
para a auditoria do Lucro Real.

3.3
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.2 - CONCEITOS
3.2.1 - Lucro, reservas e dividendos
Conceitua-se lucro, de maneira geral, como sendo o resultado positivo de um
investimento. Ou seja, tudo aquilo que se obtém após a dedução de despesas e
custos de valores aplicados em determinados negócios ou mercados. Silva (1991:
110 – v. III), conceitua lucro no sentido técnico do comércio, como sendo restrito
ao resultado pecuniário, obtido dos negócios. Ensina, ainda, que neste conceito,
apresenta-se como juros, dividendos ou como interesses.

Será classificado como lucro operacional, conforme artigo 289 do Regulamento


do Imposto de Renda (Decreto nº 9.580/2018), o resultado das atividades, prin-
cipais e acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica.

O lucro líquido, segundo a própria Lei das Sociedades por Ações (Lei nº
6.404/2976), em seu artigo 191, é o resultado do exercício que remanescer depois
de deduzidas as participações estatutárias de empregados, administradores e
partes beneficiárias, determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos
lucros que remanescerem.

O artigo 259 do Regulamento do Imposto de Renda de 2018 (Decreto nº 9.580),


ao conceituar lucro líquido do período de apuração, diz que é a soma algébrica
do lucro operacional, das demais receitas e despesas, e das participações e
deverá ser determinado em observância aos preceitos da lei comercial. Deverão
ser efetuadas adições e deduções ao lucro líquido, para fins de determinação do
lucro real, as quais discutiremos mais adiante.

As reservas, que poderão ser legais, estatutárias, para contingências, de incen-


tivos fiscais, retenção de lucros, de lucros a realizar e reservas de capital, estão
minudentemente tratadas nos artigos 193 a 200 da Lei das Sociedades por
Ações.

Os dividendos representam uma parcela dos lucros que a empresa distribui aos seus sócios,
acionistas e investidores, como forma de compensação pelo investimento de risco efetivado
na empresa durante determinado período. Vários são os dispositivos legais que tratam do
tema dividendos em nosso arcabouçou jurídico. Podemos citar o RIR/2018 e a própria Lei
das SAs que detalha, em seus artigos 201 a 205 as formas de distribuição e pagamento
(dividendos obrigatórios, dividendos de ações preferenciais e dividendos intermediários).

3.4
Módulo III

3.2.2 - Lucro real

O lucro real, de acordo com o artigo 258 do RIR/2018, é o lucro


líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações prescritas ou autorizadas. Todo tratamento do lucro
real e sua determinação deverão obedecer ao princípio da competên-
cia, ou seja, dentro do próprio período de apuração.

Indicação de leitura...

Quer saber mais sobre Lucro Real? Consulte o Capítulo


VI – IRPJ – Lucro Real 2019.
Link: https://bit.ly/34NV6iB Acesso: 26/08/2020

3.2.3 - Lucro presumido

O lucro presumido é uma faculdade de apuração do IRPJ e da CSLL,


exercida pelo contribuinte que estiver enquadrado nos parâmetros,
períodos e formas de apuração previstos nos artigos 587 a 594 do
RIR/2018. Esse regulamento traz as regras para opção e mudança da
forma de tributação para o lucro real e, passa pelos temas ligados
ao início da atividade, base de cálculo, mudança do lucro real para o
lucro presumido e vice-versa.

3.5
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Indicação de leitura...

Quer saber mais sobre Lucro Real? Consulte o Capítulo


XIII – IRPJ – Lucro Presumido 2019.
Link: https://bit.ly/3jzYxOd Acesso: 26/08/2020

3.2.4 - Lucro arbitrado


Esta modalidade também prevista no RIR/2018, cujas disposições
estão previstas nos artigos 602 a 613 e que, segundo a Secretaria
da Receita Federal é uma forma de apuração da base de cálculo
do imposto de renda, utilizada pela autoridade tributária ou pelo
contribuinte. É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa
jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à deter-
minação do lucro real ou presumido conforme o caso.

Quando conhecida a receita bruta, e, desde que ocorrida qualquer


das hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal, o contri-
buinte poderá efetuar o pagamento do imposto de renda correspon-
dente com base nas regras do lucro arbitrado.

Indicação de leitura...

Quer saber mais sobre Lucro Real? Consulte o Capítulo


XIV – IRPJ – Lucro Arbitrado 2019.
Link: https://bit.ly/2QHMced Acesso: 26/08/2020

3.6
Módulo III

3.3 - REGIMES DE APURAÇÃO


DO IRPJ E DA CSLL
Antes de adentrarmos no tema proposto, entendemos importante
descrever o conceito de regime tributário, que é formado por uma
gama de leis e regulamentos para determinar o quantum é apurado
e devido, em um tributo específico, pelo sujeito passivo ao sujeito
ativo da obrigação.

Segundo Silva (1991: 68 – v. IV), regime tributário designa a soma de


regras e princípios, regulamentadamente instituídos, para que regu-
lem a tributação e arrecadação de impostos. Complementando, de
acordo com o Dicionário Financeiro¹ é o conjunto de leis que regula-
menta a forma de tributação da pessoa jurídica no que diz respeito
do imposto de renda (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro
líquido (CSLL). A variação dá-se nas alíquotas e na base de cálculo,
que pode ser a partir do lucro presumido e do lucro real, conforme
anteriormente descrevemos.

A pessoa jurídica no Brasil ainda pode


ser optante do regime tributário simplifi-
cado, o Simples Nacional, que além dos
impostos já citados também inclui em
uma mesma guia as contribuições muni-
cipais, estaduais e federais. Já o micro-
empreendedor individual (MEI) não é
um regime tributário, e sim uma figura empresarial que regulamenta
enquanto pessoa jurídica o trabalhador autônomo e que funciona sob
o regime do Simples Nacional.

3.7
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.3.1 - Lucro real e lucro contábil

O lucro contábil é apurado mediante aplicação e


utilização do regime de competência, seguindo
as normas contábeis estabelecidas e
ainda os princípios e normas contábeis
geralmente aceitos no País.

Já o lucro real, utiliza-se do lucro


contábil como base inicial de
apuração e, após as adições, exclusões
e compensações é determinada a
base de cálculo para pagamento do
IRPJ e da CSLL. As adições e exclusões
são registradas no Livro de Apuração do Lucro Real, sobre o qual
discorreremos adiante e de acordo com o previsto na legislação em
vigor, principalmente as normas do Regulamento de Imposto de
Renda.

Segundo Padoveze (2017: 219), para fins tributários, Lucro Real


nada mais é que o lucro tributável, ou seja, o lucro líquido obtido
na demonstração do resultado do exercício, ajustado pelas adições,
exclusões e compensações prescritas pela legislação vigente. Já
Crepaldi (2019: 160) conceitua lucro real como a base de cálculo do
imposto sobre a renda apurado segundo registros contábeis e fiscais
efetuados sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais.

1
Regime Tributário. Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro.com/regime-tributario/ - Acesso em 27.04.2020.

3.8
Módulo III

3.3.2 - Ajustes do lucro líquido

O Decreto nº 9.580/2018 (RIR) determina em seu artigo 260, que


na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do
período de apuração (ou seja, pelo regime de competência):

Os custos, as despesas, os encargos, as perdas, as provisões, as


participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração
do lucro líquido que, de acordo com o disposto no regulamento,
não seja dedutíveis na determinação do lucro real

os resultados, os rendimentos, as receitas e quaisquer outros


valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo
com o regulamento, devam ser computados na determinação do
lucro real.

Vale dizer, as regras de adição e exclusão são bem delimitadas e o


contribuinte deve, na apuração do Lucro Real, obedecê-las na íntegra,
sob pena de sofrerem pesadas autuações e processos fiscais.

3.9
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.3.3 - Obrigatoriedade de adoção do lucro real

Segundo o art. 14, caput, da Lei nº 9.718, de 1998, regulamentado


pelo art. 257 do Decreto 9.580, de 22 de novembro de 2018, ficam
obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:

I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao


limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou
proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze
meses (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14, caput, inciso I);

II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investi-


mentos, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, caixas eco-
nômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, socie-
dades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores
mobiliários e câmbio, sociedades de crédito ao microempreendedor e
à empresa de pequeno porte, distribuidoras de títulos e valores mobi-
liários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito,
empresas de seguros privados e de capitalização e entidades abertas
de previdência complementar (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14, caput,
inciso II ; Lei nº 10.194, de 2001, art. 1º, caput, inciso I ; Lei Comple-
mentar nº 109, de 2001, art. 4º ; e Lei nº 12.715, de 2012, art. 70);

III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos


do exterior (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14, caput, inciso III);

3.10
Módulo III

IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefí-


cios fiscais relativos à isenção ou à redução do imposto sobre a renda
(Lei nº 9.718, de 1998, art. 14, caput, inciso IV);

V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado paga-


mento mensal pelo regime de estimativa, na forma estabelecida no
art. 219 (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14, caput, inciso V);

VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua


de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito,
seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, com-
pras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou
de prestação de serviços (factoring) (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14,
caput, inciso VI);

VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imo-


biliários, financeiros e do agronegócio (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14,
caput, inciso VII);

VIII - que tenham sido constituídas como sociedades de propó-


sito específico, formadas por microempresas e empresas de pequeno
porte, observado o disposto no art. 56 da Lei Complementar nº 123,
de 2006 (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 56, § 2º, inciso IV);

IX - que emitam ações nos termos estabelecidos no art. 16 da nº Lei


13.043, de 2014 ( Lei nº 13.043, de 2014, art. 16, § 2º).

3.11
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.4 - LIVRO DE APURAÇÃO DO


LUCRO REAL - LALUR

A escrituração desse livro substitui a antiga Declaração do Imposto


de Renda (DIR) e a também remota Declaração de Informações de
Pessoa Jurídica (DIPF).

Para Padoveze (2017: 229), o Lalur digital (e-Lalur) comtempla as


duas partes:

Em que se evidencia a apuração do Lucro Real,


partindo do lucro contábil e destacando as adi-
ções e exclusões;

Destinada ao controle das adições ou exclusões


que farão parte da apuração do Lucro Real de
exercícios futuros. O controle na parte II também
compreende o controle dos prejuízos fiscais com-
pensáveis em exercícios futuros, tanto da base de
cálculo compensável do IR como da CSLL.

3.12
Módulo III

O artigo 277 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR 2018)


estatui que: “No LALUR, o qual será entregue em meio digital, a
pessoa jurídica deverá:

I – lançar os ajustes do lucro líquido,


de ação, exclusão e compensação,
conforme previsto no RIR;

II – transcrever a demonstração do
lucro real e a apuração do imposto
sobre a renda;

III – manter os registros de controle de prejuízos fiscais


a compensar em períodos de apuração subsequentes,
da depreciação acelerada incentivada, e dos demais
valores que devam influenciar a determinação do lucro
real de períodos de apuração futuros e não constem
da escrituração comercial;

IV – manter os registros de controle dos valores


excedentes a serem utilizados no cálculo das
deduções nos períodos de apuração subsequentes,
dos dispêndios com programa de alimentação ao
trabalhador e outros previstos no regulamento.

3.13
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

O Lalur é formado por duas partes: A parte A, conforme Crepaldi


(2019:150) é aquela em que serão discriminados os ajustes, por data,
ao Lucro Real, como despesas indedutiveis, valores excluídos e a
respectiva Demonstração do Lucro Real. Vejamos o exemplo que o
referido autor nos trouxe em sua obra, conforme quadro 1, a seguir:

PARTE A - Registro dos ajustes do lucro líquido do exercício


Data Histórico Adições Exclusões
Natureza dos ajustes
05.10.20xx Multa registrada Livro Diário, fl. 111 6.438,47
11.10.20xx Multa registrada Livro Diário, fl. 112 612,39
29.11.20xx Multa registrada Livro Diário, fl. 113 510,68

18.12.20xx Multa registrada Livro Diário, fl. 114 5.938,95 13.500,46


Dividendos recebidos registrados no
30.11.20xx 1.744,00
Livro Diário, fl. 115
Total adições e exclusões 13.500,46 1.744,00
31.12.20xx Demonstrativo do Lucro Real
Período de 01.10.20xx
Resultado do período 15.001,00
Adições:
Multas 13.500,46
Total das adições 13.500,46
Exclusões:
Dividendos 1.744,00
Total das exclusões 1.744,00
Lucro Real antes da compensação de
26.757,46
prejuízos
Compensação de prejuízos:
Período-base de 20xx -8.027,23
Lucro Real após a compensação dos
18.730,23
prejuízos
31 de dezembro de 20xx
(assinatura) (assinatura)
Fulano de tal - Sócio-gerente José de tal - Contador CRC MG 1234
Adaptado pelo autor - de Crepaldi (2019;151)

3.14
Módulo III

Já a parte B, segundo ele, é aquela na qual se incluem os valores


que afetarão o Lucro Real de períodos-base futuros, como Prejuízos
a Compensar, Depreciação Acelerada Incentivada, entre outros.
Vejamos o segundo exemplo no quadro 2, a seguir:

PARTE B - Controle de valores que constituirão ajuste do lucro líquido de exercícios futuros
Conta Prejuízo fiscal do ano-calendário 20xx
Para efeitos de correção
Controle de valores
monetária
Data Histórico
Mês de Valor a Valor
Coef. Débito Crédito D/C
ref. corrigir corrigido

Prejuízo
fiscal n/ ano,
conforme
31.12.20xx 12/20xx * * 18.033,20 18.033,20 C
Página 05 -
Parte A, d/
livro

(*) Não são mais preenchidos a partir de 31.12.1995, data da extinção da correção monetário.
Adaptado pelo autor - de Crepaldi (2019:152)

3.4.1 - Registro das adições

As adições ao lucro real serão efetivadas na parte A do Lalur, conforme


rol estabelecido no artigo 260 do RIR/2018. As adições são formadas
pela soma das despesas incorridas e que não podem ser deduzidas
para a apuração do lucro real. Entre elas pode-se citar, conforme no
exemplo acima, multas, doações indedutiveis, brindes para fomento
comercial, entre outras.

3.15
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Padoveze (2017: 227) exemplifica alguns casos de adições que são


necessárias à apuração do lucro real e, consequentemente, sua base
de cálculo do IRPJ e da CSLL:

A Doações que não seja para entidades filantrópicas;

Provisões lançadas em despesas, exceto aquelas para


B incobráveis, para o 13º salário e para férias;

O prejuízo de equivalência patrimonial em


C investimentos em coligadas e controladas;

D Depreciação contábil superior à fiscal;

A diferença a maior da depreciação acelerada


E decorrente de incentivos fiscais, excluída em exercícios
anteriores;

Depreciação de reavaliações e ajustes de avaliação


F patrimonial de ativos;

Despesas particulares dos sócios, contabilizadas na


G
empresa, entre outras.

3.16
Módulo III

3.4.2 - Registro das exclusões e compensações

Previstas no artigo 260 do Decreto nº 9.580/2018 (RIR), as exclusões


e compensações para determinação do lucro real, temos:I

I II

os valores cuja dedução seja os resultados, os rendimentos,


autorizada pelo regulamento as receitas e outros valores
e que não tenham sido incluídos na apuração do
computados na apuração do lucro líquido que, não estejam
lucro líquido do período de computados no lucro real;
apuração;

III

O prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores,


limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido
ajustado pelas adições e exclusões permitidas na legislação e
desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e os documentos
exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal
utilizado para a compensação e desde que se observe o prescrito
nos artigos 514 a 521 do RIR.

3.17
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.4.3 - Falhas, faltas e penalidades na apresentação


da Lalur

A Lei nº 12.973, de 13.05.2014 acrescentou o artigo 8º-A ao Decreto-


Lei nº 1.598, de 26.12.1977, para penalizar a não apresentação, a
apresentação com atraso ou com inexatidões, incorreções ou omissões.
Na hipóteses de qualquer dessas ocorrências, o contribuinte ficará
sujeito às seguintes multas:

Equivalente a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento), por


mês-calendário ou fração, do lucro líquido antes do Imposto de
Renda da pessoa jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido, no período a que se refere a apuração, limitada a 10%
(dez por cento) relativamente às pessoas jurídicas
que deixarem de apresentar ou apresentarem em
0,25% atraso o livro;

3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00


(cem reais), do valor omitido, inexato ou
incorreto.
3%

3.18
Módulo III

A multa do item I acima fica limitada em R$ 100.000,00 (cem mil


reais) para as pessoas jurídicas que no ano-calendário anterior tiverem
auferido receita bruta total, igual ou inferior a R$ 3.600.000,00
(três milhões e seiscentos mil reais) e em R$ 5.000.000,00 (cinco
milhões de reais) para as pessoas jurídicas que não se enquadrarem
na primeira hipótese.

Além disso, a multa do item I retro poderá ser reduzida:

Em 90%, quando o livro for apresentado em até 30 (trinta)


dias após o prazo;

Em 75%, quando o livro for apresentado em até 60 dias após


o prazo;

À metade, quando o livro for apresentado depois do prazo,


mas antes de qualquer procedimento de ofício;

Em 25%, se houver a apresentação do livro no prazo fixado em


intimação.

3.19
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

A multa prevista no item II acima:

Não será devida se o sujeito passivo corrigir as inexatidões,


incorreções ou omissões antes de iniciado qualquer
procedimento de ofício;

Será reduzida em 50%, se forem corrigidas as inexatidões,


incorreções ou omissões no prazo fixado em intimação.

Quando não houver lucro líquido, antes do IR e da CSLL, no período


de apuração a que se refere a escrituração, deverá ser utilizado o
lucro líquido, antes do IR e da CSLL do último período de apuração
informado, atualizado pela taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia – Selic, até o termo final do encerramento
do período a que se refere a escrituração.

A pessoa jurídica que não escriturar o Lalur fica sujeita a diversas


penalidades, além das acima previstas, dentre elas o arbitramento do
IRPJ e da CSLL pela autoridade tributária.

3.20
Módulo III

3.5 - COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAIS


(IRPJ) E DA BASE NEGATIVA DA CSLL

Os prejuízos fiscais do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica é


regulamentado pelos artigos 579 a 586 do Decreto nº 9.580, de
22.11.2018.

3.5.1 - Compensação de prejuízos fiscais apurados


anteriormente

Na hipótese de ocorrência de prejuízos fiscais em anos anteriores, a


pessoa jurídica do lucro real tem direito à compensação dos mesmos,
no limite de 30% do valor do imposto apurado no período-base. Esse
limite é regulado no artigo 580 do RIR/2018.

De acordo com o artigo 583 do mesmo regulamento, o prejuízo fiscal


acumulado pela pessoa jurídica na exploração de atividade rural
poderá ser compensado com o resultado positivo na mesma atividade
em períodos de apuração posteriores, desconsiderada portanto a
regra do limite de 30% acima mencionada.

Crepaldi (2019: 161) exemplifica o uso dessa regra, tanto para o IRPJ,
quanto para a CSLL. Vejamos: se em anos anteriores a empresa teve
prejuízos de R$ 150.000,00 e no ano apurou lucro de R$ 110.000,00,
poderá compensar apenas 30% do lucro desse ano, ou seja, compensa
apenas R$ 33.000,00 do prejuízo fiscal anterior, devendo parar IRPJ
e CSLL sobre R$ 77.000,00 (110.000,00-33.000,00).

3.21
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Indicação de leitura...

Quer saber mais sobre Compensação de Prejuízos? Consulte


o Capítulo X – Compensação de Prejuízos 2019.
Link: https://bit.ly/2GcJ2ND Acesso: 26/08/2020

3.5.2 - Compensação da base negativa da CSLL

Antes de adentrarmos no tema compensação da base negativa


da CSLL, entendemos importante atualizarmos você sobre alguns
aspectos importantes previsto na legislação e na doutrina correntes.

Essa contribuição foi instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro


de 1988.

A pessoa jurídica tributada pelo


lucro real, sujeita ao recolhimento
mensal ou trimestral do IRPJ, poderá
fazer a opção pela modalidade de
compensação da base negativa,
utilizando-se da mesma sistemática
de apuração e recolhimento do IRPJ
no último dia útil do mês de fevereiro.

3.22
Módulo III

De acordo com a lei acima, as alíquotas


da CSLL são em regra de 9%, exceto as
pessoas jurídicas de seguro privado, as de
capitalização e as referidas nos incisos I a
VII, IX e 10 do § 1º do artigo 1º da Lei
Complementar nº 105/2001, que serão
atributadas à alíquota de 15%.

Para Santos (2018: 137), a sistemática de compensação de prejuízos


fiscais na determinação da base de cálculo da CSLL é muito parecida
com a do IR; contudo não é igual. O resultado apurado, depois de
ajustado pelas adições e exclusões prescritas ou autorizadas pela
legislação dessa contribuição, quando positivo, poderá ser deduzido
pela compensação de valor negativo apurado na determinação da
base de cálculo da contribuição em períodos anteriores, até o limite
de 30% do resultado positivo apurado.

Contudo, a legislação que rege a determinação da base cálculo da


CSLL não impõe a mesma pessoa jurídica a compensação de prejuízos
não operacionais com lucros da mesma natureza.

A previsão acerca dessa regra encontra-se no artigo 52 da IN SRF


nº 11 de 21.02.1996, que determina: “Art. 52. Aplicam-se à contribuição
social sobre o lucro as mesmas normas de apuração e de pagamento
estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas,
observadas as alterações previstas na Lei nº 9.249, de 1995”.

3.23
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Santos (2018: 138 e ss.)2 exemplifica os aspectos práticos na aplicação


da regra prevista no artigo 36 da IN SRF 11/1996, resumindo-os em
cinco situações possíveis, ou seja:

Situação em que o prejuízo fiscal é considerado


totalmente como operacional;

Situação em que há necessidade de segregar prejuízo


fiscal operacional e prejuízo fiscal não operacional;

Situação em que todo prejuízo fiscal será considerado


não operacional;

Observância da trava de 30%;

Situação em que o prejuízo não operacional se transforma


em prejuízo operacional.

2
Santos, Cleômino dos. Auditoria fiscal e tributária. 5. ed. – Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2018.

3.24
Módulo III

3.6 - ROTEIROS BÁSICOS DE AUDITORIA

Santos (2018) exemplifica vários roteiros básicos de auditoria.


Elencamos dois exemplos, que pensamos ser importantes para seu
aprendizado. Porém, recomendamos a leitura de todos os roteiros
trazidos na bibliografia citada.

3.6.1 - Auditoria do lucro real - roteiro básico da


auditoria. Parte I (IRPJ)

1 - Se a pessoa jurídica não estiver obrigada ao


lucro real, verificar a melhor forma de tributação,
simulando a adoção do lucro presumido do lucro
real e do simples nacional.

2 - Na determinação da base de cálculo do imposto foram


feitas as adições e exclusões prescritas na legislação?

3 - Da base de cálculo do IRPJ, foram compensados eventuais prejuízos


fiscais de exercícios anteriores?

4 - No cálculo do IRPJ, levou-se em consideração o adicional, se


devido?

5 - Do valor devido, foram deduzidos valores retidos cuja receita


foi oferecida à tributação? Exemplo: retenção sobre a receita da
prestação de serviços.

3.25
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

6 - O IRPJ devido foi recolhido no prazo e nas condições estabelecidos


na legislação?

Parte II (CSLL)

1 - Na determinação da base
de cálculo da CSLL, foram feitas
as adições e exclusões prescritas na
legislação?

2 - Da base de cálculo da CSLL, foi compensada


eventual base de cálculo negativa de exercícios anteriores?

3 - Do valor devido, foram deduzidos os valores retidos cuja receita


foi oferecida à tributação? Exemplo: retenção sobre a receita da
prestação de serviços.

4 - A CSLL devida foi recolhida no prazo e nas condições estabelecidos


na legislação?

3.26
Módulo III

3.6.2 - Compensação de prejuízos fiscais e de base


de cálculo negativa da CSLL – roteiro básico da
auditoria

3.27
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

3.7 - CONCLUSÃO

É consenso dentro de toda comunidade empresarial, jurídica e cor-


rente doutrinária, que nosso sistema tributário se tornou um dos mais
complexos do mundo.

São milhares de normas, alterações e atualizações todos os anos. E,


quando tratamos de IRPJ, CSLL, para realizarmos sua apuração,
escrituração, auditoria e controle, sabemos que se trata de uma das
mais árduas e difíceis tarefas pois, dada a complexidade desses tribu-
tos, devemos sempre recorrer às mais diversas fontes, teses e interpre-
tações existentes no mercado. Buscamos também, aqui, sem a preten-
são de esgotar a matéria, discorrer sobre os regimes de apuração do
lucro real, comparando-o com o lucro contábil. Mas, não poderíamos
deixar passar in albis os sistemas de apuração do lucro (presumido
e arbitrado) e, portanto, fizemos uma espécie de comparação entre
eles, suas particularidades e momento de opção e de incidência de
um ou de outro no dia-a-dia das empresas.

Assim, além do material aqui exposto, recomendamos uma leitura de


toda bibliografia básica, fontes e legislação citadas. Esse processo de
atualização deve ser constante e, faz parte da rotina do auditor da
área tributária, no que concerne às obrigações principais e acessórias.
Vejam os exemplos constantes da doutrina citada, sempre verificando
se a legislação utilizada sofreu algum update naquele momento de
sua aplicação. É uma tarefa árdua, mas também muito gratificante.

Um ótimo estudo a todos. Vale a pena!

3.28
Módulo III

3.8 - REFERÊNCIAS

BIANCO, JOÃO FRANCISCO - coordenação. Regulamento do Imposto de Renda. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2019.
Capítulo VI – IRPJ – Lucro Real 2019. https://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-
-demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa-juridica-2019-arquivos/capitu-
lo-vi-irpj-lucro-real-2019.pdf/view

Capítulo X – Compensação de Prejuízo. https://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-


-e-demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa-juridica-2019-arquivos/capi-
tulo-x-compensacao-de-prejuizos-2019.pdf/view

Capítulo XIII – IRPJ – Lucro Presumido 2019.


https://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-demonstrativos/ecf-escrituracao-con-
tabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa-juridica-2019-arquivos/capitulo-xiii-irpj-lucro-presumido-2019.pdf/
view

Capítulo XIV – IRPJ – Lucro Arbitrado 2019. https://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declara-


coes-e-demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa-juridica-2019-arquivos/
capitulo-xiv-lucro-arbitrado-2019.pdf/view

CREPALDI, SILVIO APARECIDO ET AL. Auditoria fiscal e tributária. 2. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2019.

LAZZARESCHI NETO, ALFREDO SÉRGIO. Lei das sociedades por ações anotada. 3. ed. Ver. Atual. E
ampl. – São Paulo: Saraiva – 2010.

Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais
de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L5172Compilado.htm

Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm

PADOVEZE, CLÓVIS LUÍS ET AL. Contabilidade tributária: teoria, prática e ensino. – São Paulo: Cengage,
2017.

Regime Tributário. Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro.com/regime-tributario/ - Acesso em


27.04.2020.

SANTOS, CLEÔNIMO DOS. Auditoria fiscal e tributária. 5. ed. – Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2018.

SILVA, DE PLÁCIDO E. Vocabulário Jurídico. 11. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 1991 – Volumes III e IV.

3.29
Autor: Ademar Lucas
Designer: Mirela Martins

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