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FORMAÇÃO
Regime de transparência
fiscal - Implicações em IRS
e IRC
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 7
3
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ABREVIATURAS UTILIZADAS
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1. INTRODUÇÃO
O regime de transparência fiscal está consagrado no artigo 6.º do Código do IRC (CIRC)
e aplica-se às sociedades civis não constituídas sob forma comercial, às sociedades de
profissionais e às sociedades de simples administração de bens, com sede ou direção
efetiva em território português, bem como aos agrupamentos complementares de
empresas (ACE) e aos agrupamentos europeus de interesse económico (AEIE), com sede
ou direção efetiva em território português, que se constituam e funcionem nos termos
legais.
A lei como que “vê” através daquelas entidades ‒ e daí a designação de transparência
‒ atingindo diretamente, através de um sistema de tributação integrada, a pessoa dos
respetivos sócios ou membros. O regime foi apresentado no preâmbulo do CIRC com
objetivos de neutralidade, combate à evasão fiscal e eliminação da denominada dupla
tributação económica dos lucros distribuídos aos sócios.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Os agrupamentos (ACE ou AEIE) são entidades que tem por motivação objetivos de
cooperação, dotadas de personalidade jurídica, constituídas por pessoas singulares,
coletivas ou sociedades, a fim de melhorar as condições de exercício ou de resultado
das suas atividades económicas. A sua atividade não tem, uma finalidade lucrativa,
destinando-se a alcançar uma melhoria das condições de exercício ou de resultado das
atividades das empresas e/ou pessoas agrupadas. Muitos ACE’s, por exemplo, são
constituídos com carater temporário, com a finalidade exclusiva de reunir meios
financeiros, humanos, técnicos e materiais exigidos pelo concurso de grandes obras
públicas, que seriam de difícil mobilização por grande parte das empresas do setor. Os
ACE’s são uma forma de agrupamento de empresas de menor dimensão para competir
com as maiores. Deste modo, justifica-se a existência de uma única tributação na
esfera dos membros, se bem que influenciada pelos resultados alcançados no seio do
próprio agrupamento.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“Artigo 6.º
Transparência fiscal
1 — É imputada aos sócios, integrando-se, nos termos da legislação que for
aplicável, no seu rendimento tributável para efeitos de IRS ou IRC,
consoante o caso, a matéria coletável, determinada nos termos deste
Código, das sociedades a seguir indicadas, com sede ou direção efetiva em
território português, ainda que não tenha havido distribuição de lucros:
a) Sociedades civis não constituídas sob forma comercial;
b) Sociedades de profissionais;
1
O CIRC entrou em vigor em 1 de janeiro de 1989.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“O objetivo da neutralidade fiscal implica que na tributação não seja tida em conta a
forma jurídica adotada pelos sujeitos passivos, sendo tributados os respetivos sócios
ou membros com o se exercessem diretamente a atividade prosseguida pela sociedade.
Procura-se assim atender tão só à capacidade contributiva daqueles sócios ou
membros, manifestada indiretamente através dos rendimentos obtidos pela sociedade
ou entidade transparente.
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tributável do CIRC3 mas a entidade transparente não é tributada neste imposto, exceto
quanto ao valor das tributações autónomas4 que sejam devidas.
“Artigo 12.º
Sociedades e outras entidades abrangidas pelo regime
de transparência fiscal
As sociedades e outras entidades a que, nos termos do artigo 6.º, seja
aplicável o regime de transparência fiscal não são tributadas em IRC, salvo
quanto às tributações autónomas.”
“Em termos de sujeição, poder‑se‑á dizer que se trata de uma sujeição necessária,
uma vez que o cálculo do valor imputado é determinado de acordo com as normas do
CIRC, como se de qualquer outro sujeito passivo se tratasse. Por outro lado, trata‑se
de uma sujeição meramente instrumental na medida em que é imputado, aos
respetivos sócios ou membros, o valor apurado em sede de IRC cumprindo assim os
objetivos visados por este regime. Para além da determinação da matéria coletável, a
natureza instrumental desta sujeição revela‑se ainda no cumprimento das restantes
obrigações acessórias, por parte destas sociedades.”6
3
Artigos 17.º e seguintes do CIRC.
4 Ver artigo 88.º do CIRC.
5
Artigo 7.º - Rendimentos não sujeitos - Não estão sujeitos a IRC os rendimentos diretamente resultantes
do exercício de atividade sujeita ao imposto especial de jogo.
6
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (Manual do IRC), AT (2016), p. 43.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“Com efeito, a lei como que “vê” através desta entidade ‒ e daí a designação de
transparência ‒ atingindo diretamente, através de um sistema de tributação integrada,
a pessoa dos respetivos sócios ou membros.”7 O resultado desta imputação vai
constituir rendimento líquido da categoria B do IRS dos sócios ou membros pessoas
singulares, nos termos do artigo 20.º do CIRS.
No caso dos sócios das sociedades civis não constituídas sob forma comercial, das
sociedades de profissionais e das sociedades de simples administração de bens, a
quem, como vimos, é imputada a matéria coletável, não poderão deduzir aos seus
restantes rendimentos os prejuízos fiscais apurados nos termos do CIRC pela sociedade
transparente, uma vez que não lhes são imputados. O reporte de prejuízos fiscais é
feito nas sociedades indicadas, nos termos do artigo 52.º do CIRC8, e não imputado aos
seus sócios, ao contrário do que sucede no caso dos ACE e AEIE.
Por outro lado, este regime não é cadastral. Não é objeto de qualquer menção na
declaração de início de atividade ou em declaração de alterações, sendo apenas
declarado/informado na declaração modelo 22 de IRC.
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Matéria coletável Lucro tributável ou prejuízo fiscal
Vamos, de seguida, caracterizar cada uma destas entidades transparentes, começando por
relembrar que o regime será aplicado se as referidas sociedades tiverem sede ou direção
efetiva em território português ou se os ACE e AEIE igualmente tiverem sede ou direção
efetiva em território português e se constituam e funcionem nos termos legais.
O artigo 2.º do CIRC define os sujeitos passivos deste imposto (incidência pessoal).
Como ponto de partida temos enumerados um conjunto de sujeitos, com sede ou
direção efetiva em território português, com o atributo de personalidade jurídica: as
sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, etc.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Embora a lei comercial admita a adoção pelas sociedades civis da forma comercial11,
a sujeição ao regime de transparência fiscal de sociedades civis constituídas sob forma
comercial só será possível se se tratarem de sociedades de profissionais ou sociedades
de simples administração de bens.
Por seu lado, uma sociedade civil simples, constituída para o exercício de uma
atividade profissional, que não se enquadre no conceito fiscal de sociedade de
9
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 74.
10 Artigos 980.º e seguintes do Código Civil. A constituição de uma sociedade civil faz-se por via da
assinatura pelos sócios de um contrato de sociedade que respeite o disposto no Código Civil. Os passos a
seguir são os seguintes: 1. Pedido de denominação social, 2. Verificação da identidade e da identificação
fiscal dos sócios, 3. Elaboração dos estatutos, 4. Assinatura dos estatutos, 5. Registo do contrato no RNPC
e obtenção de número de pessoa coletiva, 6. Registo de beneficiário efetivo.
11 Conforme artigo 1.º, n.º 4 do CSC, as sociedades que tenham exclusivamente por objeto a prática de
atos não comerciais podem adotar o tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de
sociedade anónima, de sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita por ações, sendo-
lhes, nesse caso, aplicável a presente lei.
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profissionais, por não reunir algum dos requisitos exigidos para tal no CIRC, poderá
estar sujeita ao regime de transparência fiscal ao abrigo da alínea a) do n.º 1 do artigo
6.º, enquanto sociedade civil não constituída sob a forma comercial.
Importa reforçar que estas sociedades civis não constituídas sob forma comercial são
sociedades de pessoas que não visam a prática de atos de comércio e que estão, como
explicado, subordinadas à lei civil.
Esta norma visa, assim, sujeitar ao regime de transparência fiscal as sociedades civis
de prestadores de serviços, não constituídas sob forma comercial, que assim se
estabelecem em alternativa à constituição de uma sociedade comercial que, reunidas
as condições, ficaria igualmente sob a alçada deste regime enquanto sociedade de
profissionais.
12
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 96.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
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Exemplo 1
As sociedades civis não constituídas sob forma comercial são muito utilizadas
pelos advogados, mas também por solicitadores e revisores oficiais de contas,
por exemplo.
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Ficando provado que a sociedade irregular tinha por objeto a prática de atos de
comércio, designadamente a construção de prédios e a sua posterior comercialização,
refere-se que para se caracterizar e qualificar esta sociedade irregular “há que atentar
ao seu fim que é o da obtenção de lucros através do exercício da sua atividade
anteriormente referida. Sendo assim não restam dúvidas de que estamos perante uma
sociedade irregular cujo objecto sendo o exercício da actividade comercial lhe retira
desde logo a qualificação ou equiparação a mera sociedade civil.
...
Donde resulta que esta sociedade irregular para efeitos fiscais e no que importa para
efeitos de aplicação do regime de transparência fiscal não pode deixar de ser tratada
como comercial e como tal ver sujeita a sua matéria colectável resultante da sua
actividade comercial sujeita a IRC não sendo passível de lhe ser aplicado o regime de
transparência fiscal...”
Na versão inicial do artigo 6.º do CIRC, e até 2013, a sociedade de profissionais cingia-
se àquela que fosse constituída para o exercício monodisciplinar de atividade
profissional especificamente prevista na lista de atividades a que se refere o artigo
151.º do CIRS, na linha da que é a atual redação do ponto 1) da alínea a) do n.º 4.
“ (...) considera-se:
a) Sociedade de profissionais:
13
Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro.
14
Lei n.º 82-C/2014, de 31 de dezembro, aplicável aos períodos de tributação que se iniciem em ou após
1 de janeiro de 2015.
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Em 2015, a expressão “durante mais de 183 dias” substituiu a expressão “em qualquer dia do período
de tributação”. Esta redação introduzida pela Lei 2/2014, de 16 de janeiro, provocou grande discussão já́
que não era consensual a interpretação para o alcance pretendido pelo legislador quando referia “em
qualquer dia do período de tributação”. As opiniões dividiram-se entre a defesa de que os requisitos
exigidos deveriam estar reunidos em todos os dias do período de tributação para que a sociedade de
profissionais ficasse enquadrada no regime da transparência fiscal, e a visão de que bastava o
preenchimento cumulativo dos requisitos durante apenas um dia no período de tributação para que a
sociedade de profissionais ficasse enquadrada no regime da transparência fiscal.
Em complemento às explicações aqui dadas, remetemos para a Informação n.º 313/2014 de 4 de fevereiro,
AT – “Sociedades de Profissionais – conceito para efeitos do enquadramento no regime da Transparência
Fiscal – Reforma do IRC”, publicada em anexo. Na consulta a este documento deve ser tido em conta que
a abordagem feita no mesmo assenta na redação da norma para 2014, que continha a expressão “em
qualquer dia do período de tributação”, conteúdo que foi alterado e simplificado no ano seguinte, como
explicado.
16
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 97.
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Tal como na sua génese, continua a exigir-se nesta norma, para que uma sociedade
sob a forma comercial seja qualificada como sociedade de profissionais, que se tenha
constituído para o exercício de uma atividade profissional. O foco deve ser colocado
no exercício efetivo de uma determinada atividade profissional pela sociedade e não
no objeto social previsto nos estatutos. Na prática, uma sociedade poderá cair no
regime de transparência fiscal desde que desenvolva uma dada atividade profissional,
mesmo que não se tenha constituído para o exercício da mesma. Quando delineou o
conceito de sociedade de profissionais em função de um certo número de situações
tipo, o legislador mostrou preocupação com a necessidade de igualdade entre os
profissionais que agiam em nome próprio e os que interpunham uma sociedade entre
a sua atividade e o sujeito ativo da obrigação tributária, sem que desta personalização
resultasse qualquer alteração de fundo da sua forma de prestação de serviços e já não
com motivos de índole formal, como é o caso do objeto social previsto nos estatutos.
Exemplo 2
Carlos e Carla, ambos engenheiros técnicos, constituíram em 2019 uma
sociedade com o objeto social de “Prestação de serviços de engenharia técnica
agrícola”.
Resolução:
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
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Assim, todos os sócios, sendo pessoas singulares, têm que – na sociedade – exercer a
mesma profissão e esta tem que constar especificamente na lista de atividades a que
se refere o artigo 151.º do CIRS. O que foi pensado tendo em vista, nomeadamente as
tradicionais sociedades de médicos e de advogados nas quais há estrita concordância
entre a profissão efetivamente exercida e a formação e habilitação dos sócios.
Exemplo 3
Resolução:
“Não obstante, do espírito da lei resulta que não é necessário que os sócios tenham
todos a mesma profissão ou as mesmas habilitações académicas. Com efeito, a
referência às profissões constantes da tabela anexa ao CIRS, leva à inclusão no regime
de transparência fiscal de certas profissões (v.g. a actividade de consultadoria fiscal)
cujo exercício admite, por parte dos sócios, formações e habilitações diversas ainda
que complementares.
Assim, basta que todos os sócios, ainda que os títulos profissionais não sejam os
mesmos, estejam habilitados a realizar a actividade (a qual terá necessariamente de
constar da tabela anexa ao CIRS) e que participem na sociedade na qualidade de
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Consultar a lista em anexo.
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“Nos termos da subalínea 1), da alínea a), do n.º 4, do artigo 6.º do CIRC,
considera-se sociedade de profissionais a sociedade constituída para o exercício
de uma atividade profissional especificamente prevista na lista de atividades a
que se refere o artigo 151.º do Código do IRS, na qual todos os sócios, pessoas
singulares, sejam profissionais dessa atividade.
Uma vez que esta disposição impõe o exercício efetivo da atividade profissional
por todos os sócios, condição que não se verifica quanto ao sócio maioritário,
fica prejudicada a classificação da Requerente como sociedade de profissionais
ao abrigo da subalínea 1).”
18
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 98.
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associação das atividades ao cadastro fiscal das sociedades faz-se de acordo com a
lista de códigos da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas, Revisão 3.19
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Consulta em https://www.ine.pt/ine_novidades/semin/cae/CAE_REV_3.pdf
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Mas, para além das profissões liberais de natureza intelectual, aquela lista integra
outras atividades que assentam essencialmente em prestação de serviços, como sejam
atividades de caráter manual (ex: topógrafos, engomadores ou esteticistas),
desportivas (desportistas) ou artísticas (ex: artistas de teatro, bailarinos, músicos ou
pintores).
Neste contexto, aquela lista de atividades sempre sofreu algumas críticas. Desde logo,
várias das atividades especificamente previstas na tabela do artigo 151.º do CIRS não
delimitam objetivamente o âmbito dos serviços a que se referem. Na prática há
situações que não são simples de aplicar, apesar de nos parecer simples perceber o
20
Cuja versão atual foi publicada pela Portaria n.º 1011/2001, de 21 de Agosto, e sofreu atualizações pela
Portaria 256/2004, de 9 de março e pela Lei n.º 53-A/2006, de 29 de dezembro.
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objetivo da separação criada na lei. Para além dos comissionistas (1319) com uma
abrangência muito grande de serviços, desde que remunerados à comissão, há outras
atividades especificamente previstas na lista do artigo 151.º, onde podem incluir-se
serviços variados: Nos administradores de bens (1310) incluem-se os administradores
de condomínios? E que outras situações aqui se incluem? Até onde vai a abrangência
dos outros artistas (2015)? E o que se inclui nos técnicos similares (4016)? Consultores
(1320) inclui também muita atividade diversa. O que delimita a consultoria para este
efeito? Estas atividades não estão tão especificamente definidas como se exigiria, para
uma simples e objetiva aplicação das normas fiscais que remetem para as “atividades
especificamente previstas na tabela...”
Pretende o requerente que lhe seja prestada informação sobre a forma como
deve declarar, para efeitos de IRS, os rendimentos obtidos da atividade com o
CAE 93192 - Outras atividades desportivas, n.e.
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“Uma das vertentes desta reflexão tem que ver com o próprio conceito de sociedades
de profissionais. A definição atual encontra-se centrada unicamente na exigência de
que todos os sócios desempenhem a mesma profissão, algo que, no entendimento da
Comissão, não apenas se presta frequentemente a comportamentos de substituição,
como se mostra já ultrapassada em face das diretrizes da Lei n.º 2/2013, de 10 de
janeiro.”21
Com vista a ultrapassar estas questões, a Comissão propôs uma nova definição, mais
completa, que deixa de se reconduzir obrigatoriamente à referida exigência de
identidade da profissão dos sócios, e qualifica também como sociedades de
profissionais.
21
Relatório final da Comissão para a reforma do IRC, 30 de junho de 2013, p. 96.
22 Redação da Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro, com a já explicada alteração introduzida pela Lei n.º 82-
C/2014, de 31 de dezembro, aplicável aos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro
de 2015.
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TRANSPARÊNCIA
Sociedades de profissionais - artigo 6.º, n.º 4), al. a), 2)
FISCAL?
NÃO NÃO
Durante mais de 183 dias do
período de tributação:
Rendimentos
com origem
em atividades
— O número de sócios não é
superior a cinco?
NÃO NÃO
profissionais E
representam — Nenhum dos sócios é pessoa
mais de 75 % SIM coletiva de direito público?
do total de E
rendimentos
— Pelo menos, 75 % do capital
da sociedade?
social é detido por profissionais
que exercem as atividades SIM SIM
profissionais, total ou
parcialmente, através da
sociedade?
24 A título de exemplo:
Artigo 217.º - Direito aos lucros do exercício: 1 - Salvo diferente cláusula contratual ou deliberação tomada
por maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia geral para o efeito
convocada, não pode deixar de ser distribuído aos sócios metade do lucro do exercício que, nos termos
desta lei, seja distribuível.
Artigo 257.º - Destituição de gerentes: 1 - Os sócios podem deliberar a todo o tempo a destituição de
gerentes. 2 - O contrato de sociedade pode exigir para a deliberação de destituição uma maioria
qualificada ou outros requisitos; se, porém, a destituição se fundar em justa causa, pode ser sempre
deliberada por maioria simples.
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Exemplo 4
Em 2020, a faturação:
– Serviço de café e venda de pastelaria - 280.000,00 €
Artigo 270.º - Dissolução da sociedade: 1 - A deliberação de dissolução da sociedade deve ser tomada por
maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social, a não ser que o contrato exija maioria
mais elevada ou outros requisitos.
Artigo 294.º - Direito aos lucros do exercício: 1 - Salvo diferente cláusula contratual ou deliberação tomada
por maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia geral para o efeito
convocada, não pode deixar de ser distribuído aos acionistas metade do lucro do exercício que, nos termos
desta lei, seja distribuível.
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Exemplo 5
Resolução:
A atividade de contabilista certificado é uma atividade especificamente prevista
na lista de atividades a que se refere o artigo 151.º do CIRS (com o código 4015
Técnicos oficiais de contas).
A atividade de contabilista certificado é exercida conjuntamente com uma
atividade de comércio. Contudo, os rendimentos com origem na atividade
profissional representam mais de 75 % do total de rendimentos da sociedade.
Assim, importa verificar se, durante mais de 183 dias do período de tributação;
se verificou em simultâneo:
— pelo menos, 75 % do capital social foi detido por profissionais que exercem
as atividades profissionais, total ou parcialmente, através da sociedade (verifica-
se).
Com efeito, o capital social foi 100 % detido pelo contabilista certificado que
trabalha na sociedade, entre um de janeiro e 30 de setembro.
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Exemplo 6
Durante todo o ano de 2020, 6 médicos foram sócios de uma sociedade, através
da qual desenvolveram a sua atividade, e a prática de medicina é a única
atividade da sociedade.
Resolução:
Sim.
Nesta situação é irrelevante o número de sócios profissionais a que se refere o
ponto 2) da alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do CIRC.
Exemplo 7
Resolução:
Não.
Não fica enquadrada no regime de transparência fiscal pelo ponto 1) da alínea
a) do n.º 4 do artigo 6.º do CIRC, pois foi constituída para o exercício de duas
atividades profissionais especificamente previstas na lista de atividades a que se
refere o artigo 151.º do CIRS.
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— pelo menos, 75 % do capital social foi detido por profissionais que exercem
as atividades profissionais, total ou parcialmente, através da sociedade (verifica-
se).
Logo pela não verificação da condição quanto a número de sócios se concluiria
que também não fica enquadrada no regime de transparência fiscal pelo ponto
2) da alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do CIRC.
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A condição de nenhum dos sócios ser pessoa coletiva de direito público foi introduzida
nesta definição de sociedades de profissionais, na linha do que já estava previsto no
conceito de simples administração de bens, que vamos analisar no ponto seguinte. Se
algum dos sócios for pessoa coletiva de direito privado, admite-se a possibilidade de a
sociedade ser enquadrada no regime de transparência fiscal.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Atente-se nesta posição da AT, pese embora todas a dúvidas que se levantam sobre a
possibilidade prática de imputação de matéria coletável de uma sociedade a outra
sociedade, como adiante analisaremos.
“(...) Uma sociedade detida integralmente por pessoas coletivas, não pode ser
qualificada como transparente ao abrigo subalínea 1) da alínea a) do n.º 4 do
artigo 6.º do Código do IRC, porquanto não tem sócios pessoas singulares.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Uma vez que na sociedade de advogados 100% do seu capital social é detido
(ainda que indiretamente) por profissionais que exercem a referida atividade,
total ou parcialmente, através da sociedade, encontram-se verificados os
requisitos constantes da subalínea 2), da alínea a), do n.º 4 do artigo 6.º do
Código do IRC. Logo, tal entidade deverá ser classificada como sociedade de
profissionais, estando enquadrada no regime de transparência fiscal.”
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“Da definição exposta resulta a necessidade, para a sujeição destas últimas entidades
ao regime da transparência fiscal, do decurso de um prazo de três anos, pois só a partir
desse momento é possível aferir da existência de todos os requisitos necessários para
a respetiva qualificação como sociedade de mera administração de bens.
A título de exemplo poderemos referir que uma sociedade cujo ativo é constituído por
um prédio e cujo objeto radique precisamente no arrendamento dos andares e das
lojas do mesmo, deverá considerar-se como sociedade de mera administração de bens.
Contudo, já não será de mera administração de bens a sociedade que tem por atividade
a construção de imóveis para a sua posterior exploração, a não ser que os proveitos
obtidos, se imputáveis à “actividade” de arrendamento (também desenvolvida por esta
entidade), atinjam na média dos últimos 3 anos mais de 50% da totalidade dos
proveitos.”25
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
3. Para efeitos de aferir a média de 50% dos últimos três anos da totalidade dos
rendimentos da sociedade, no sentido de se apurar se está ao não sujeita ao
regime da transparência fiscal, previsto no art.º 6.º do CIRC, verifica-se que:
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
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Nesta conformidade, não lhe pode ser aplicado o regime de transparência fiscal
previsto no artigo 6.º do CIRC.
44
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últimos três anos, mais de 50% da média, durante o mesmo período, da totalidade dos
seus rendimentos.
À luz do que acontece com outras normas fiscais, para cujos cálculos se consideram os
valores do período em análise26 somos do entendimento que se deverão considerar os
rendimentos dos períodos de 2019, 2020 e 2021. E é também a leitura que sempre
fizemos da explicação constante no Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990),
e que já tivemos a oportunidade de transcrever, mas aqui se reforça: “Da definição
exposta resulta a necessidade, para a sujeição destas últimas entidades ao regime da
transparência fiscal, do decurso de um prazo de três anos, pois só a partir desse
momento é possível aferir da existência de todos os requisitos necessários para a
respetiva qualificação como sociedade de mera administração de bens”. Este
comentário refere-se ao “decurso de um prazo de três anos”. E não ao decurso de um
prazo de três anos mais um. Com a devida salvaguarda que em IRC não é usual a
referência a “ano”, mas sim a “período de tributação”, e que cada vez que o legislador
escreve “anos” devemos entender como “períodos de tributação” uma sociedade com
início de atividade em 2019, por exemplo, tem em 31 de dezembro de 2021 decorrido
um prazo de três anos (três períodos de tributação) que nos permite calcular aquela
percentagem considerando os rendimentos dos períodos de 2019, 2020 e 2021.
Numa, a questão foi colocada com base em valores de 2015, 2016 e 2017 e a análise e
conclusão de enquadramento para o exercício de 2017 foi feita levando em
consideração aquele ciclo de três ano. Na outra, para aferir a aplicação do regime de
transparência fiscal em relação ao período de tributação de 2014, foram considerados
rendimentos dos períodos de tributação de 2011, 2012 e 2013. E ainda é reforçado que
o enquadramento para o período de 2015 terá que ser aferido em função dos últimos
três anos: 2012, 2013 e 2014.
26
Veja-se o entendimento da AT em relação ao cálculo da percentagem para determinação do montante
anual da provisão para garantias a clientes, nos termos do n.º 5 do artigo 39.º do CIRC.
45
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo 8
Resolução:
46
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para além dos “requisitos substanciais” para que uma sociedade possa ser considerada
como “sociedade de simples administração de bens”, e que acabámos de analisar,
temos os “requisitos orgânicos”, desde logo enunciados na alínea c) do n.º 1 do artigo
6.º:
— a maioria do capital social pertença, direta ou indiretamente, durante mais de 183
dias do exercício social, a um grupo familiar, ou
— o capital social pertença, em qualquer dia do exercício social, a um número de sócios não
superior a cinco e nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público.
A maioria do capital deve ser pertença do grupo familiar “durante mais de 183 dias do
exercício social”.
27
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 102 e 103.
28
Ao não ser definido qualquer critério para a determinação ou cálculo das participações que formam a
maioria do capital social destas sociedades, devemos recorrer ao que dispõe nesta matéria o CSC, nos
artigos 481.º e seguintes, mais concretamente os artigos 483.º e 486.º.
47
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“Quer isto significar que o legislador fiscal elegeu um prazo mínimo de tempo durante
o qual a sociedade deve reunir todos os requisitos (substanciais e orgânicos) para que
lhe possa ser aplicado o regime de transparência fiscal.
Deste modo, ainda que a sociedade se possa considerar como de simples administração
de bens face à noção indicada na alínea b) do n.º 4 e preencha todos os requisitos
(indicados em alternativa) na alínea c) do n.º 1, mas ainda não decorreram 183 dias do
exercício social, aplica-se-lhe o regime normal de tributação; ao invés, se ela reuniu
os requisitos durante todo este período, ainda que eles venham a deixar de verificar-
se, subordina-se durante todo o exercício social ao regime de transparência fiscal.”29
Exemplo 9
Hipótese 1:
Maioria do capital NÃO pertence a Maioria do capital PERTENCE a
grupo familiar grupo familiar
De 1 de setembro a 31 de
De 1 janeiro a 31 de agosto
dezembro
Hipótese 2:
Maioria do capital PERTENCE a Maioria do capital NÃO pertence
grupo familiar a grupo familiar
De 1 de setembro a 31 de
De 1 janeiro a 31 de agosto
dezembro
A definição de grupo familiar está na alínea c) do n.º 4 do artigo 6.º: grupo familiar é
o grupo constituído por pessoas unidas por vínculo conjugal ou de adoção e bem assim
de parentesco ou afinidade na linha reta ou colateral até ao 4.º grau, inclusive.
29
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 104.
30 Artigo 1577.º do CC.
48
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro; diz-se colateral,
quando nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos procedem de um
progenitor comum. A linha reta é descendente ou ascendente: descendente, quando
se considera como partindo do ascendente para o que dele procede; ascendente,
quando se considera como partindo deste para o progenitor. Na linha reta há tantos
graus quantas as pessoas que formam a linha de parentesco, excluindo o progenitor.
Na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma, subindo por um dos ramos e
descendo pelo outro, mas sem contar o progenitor comum.32
Afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro. A afinidade
determina-se pelos mesmos graus e linhas que definem o parentesco e não cessa pela
dissolução do casamento por morte.34
31
Artigos 1578.º e 1579.º do CC.
32
Artigos 1580.º e 1581.º do CC.
33 Artigo 1582.º do CC.
34 Artigos 1584.º e 1585.º do CC.
35
Artigo 1586.º do CC.
49
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
TRISAVÓS
4.º grau
BISAVÓS
ascendente 3.º grau
Linha reta
EU
IRMÃOS SOBRINHOS
2.º grau 3.º grau
FILHOS
1.º grau
descendente
Linha reta
Linha colateral
NETOS
2.º grau
BISNETOS
3.º grau
TRINETOS
4.º grau
Exemplo 10
Pai A
Filhos B C
Netos D E F
50
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em qualquer dia do exercício social tem que ser entendido como durante todos os dias
do exercício social.
Exemplo 11
Capital social detido por 5 sócios Capital social detido por 6 sócios
De 28 de dezembro a 31 de
De 1 janeiro a 27 de dezembro
dezembro
A Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro, aditou o n.º 5 ao artigo 6.º do CIRC que prevê que não se
consideram sociedades de simples administração de bens as que exerçam a atividade de
gestão de participações sociais de outras sociedades e que detenham participações sociais
que cumpram os requisitos previstos no n.º 1 do artigo 51.º do mesmo código.
36
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 104.
51
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
previstas no n.º 1 do artigo 51.º do CIRC. Porque as participações não são uma mera aplicação
de capitais, mas sim um instrumento de intervenção ativa na gestão da atividade das
sociedades participadas.
A este propósito:
“(...) Deve a sociedade que detém 100% do capital social das sociedades suas
Subsidiárias ser considerada uma sociedade de simples administração de bens,
para efeitos do art.º 6.º do CIRC, na medida em que dedica a sua atividade à
gestão das suas participações sociais, caso as sociedades Subsidiárias se
encontrem enquadradas no regime de transparência fiscal?
52
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
17. Nos termos do disposto do n.º 5 do art.º 6.º do Código do IRC, ficam
excluídas do conceito de sociedade de simples administração de bens as
entidades que “exerçam a atividade de gestão de participações sociais de outras
sociedades e que detenham participações sociais que cumpram os requisitos
previstos no n.º 1 do artigo 51.º.”
53
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Prevê o n.º 2 do artigo 6.º do CIRC que os lucros ou prejuízos do exercício, apurados
nos termos deste Código, dos agrupamentos complementares de empresas (ACE) e dos
agrupamentos europeus de interesse económico (AEIE), com sede ou direção efetiva
em território português, que se constituam e funcionem nos termos legais, são também
imputáveis diretamente aos respetivos membros, integrando-se no seu rendimento
tributável.
54
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
imputáveis aos respetivos membros no período em que são registados, nos termos desta
norma.
ACE é o Contrato pelo qual duas ou mais pessoas singulares ou coletivas ou sociedades
se agrupam, sem prejuízo da personalidade jurídica de cada uma, com vista a melhorar
as condições de exercício ou de resultado das suas atividades económicas.37
Em resumo, os ACE não podem ter por fim principal a realização e partilha de lucros e
constituir-se-ão com ou sem capital próprio. As empresas agrupadas respondem
solidariamente pelas dívidas do ACE. Os ACE devem ter contabilidade própria em
moldes semelhantes à das sociedades comerciais.
O AEIE foi criado no âmbito da Comunidade Europeia pelo Regulamento (CEE) n.º
2137/85, do Conselho, de 25.07.1985, aplicável a partir de 01.07.1989. Podem ser
membros destes organismos as sociedades e quaisquer outras entidades jurídicas de
direito público ou privado que tenham a sua sede e a sua administração central na
comunidade, bem como as pessoas físicas que exerçam a título principal uma atividade
industrial, comercial, agrícola ou de prestação de serviços na comunidade.39
37
O Regime Jurídico dos ACE consta na Lei n.º 4/73, de 4 de junho e Decreto-Lei n.º 430/73, de 25 de
agosto. Subsidiariamente aplica-se o CSC, nomeadamente os artigos 175.º a 196.º.
38 O Regime substantivo AEIE consta no Decreto-Lei n.º 148/90, de 9 de maio, e o Decreto-Lei n.º 2/91,
de 5 de janeiro, publicou o Regime sancionatório dos AEIE.
39 Artigo 4.º do Regulamento.
40
Artigo 40.º do Regulamento.
55
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Pelo exposto, se justifica a existência de uma única tributação na esfera dos membros,
quer de ACE, quer de AEIE, se bem que com base nos resultados alcançados no seio do
próprio agrupamento e por via do regime de transparência fiscal.
Decorre do n.º 3 do artigo 6.º do CIRC que a imputação (seja de matéria coletável,
seja de lucros ou prejuízos do exercício, consoante os casos) é feita aos sócios ou
membros nos termos que resultarem do ato constitutivo das respetivas entidades ou,
na falta de elementos, em partes iguais.
Esta remissão para o ato constitutivo deve entender-se como feita para o modo como
se encontra configurada nesse contrato a distribuição aos sócios u membros dos lucros
apurados pela sociedade ou entidade transparente. Tratando-se de uma sociedade
comercial ou civil soba a forma comercial, já há que atender às cláusulas existentes
sobre a participação dos sócios nesses resultados41, na ausência das quais se infere que
eles participam nos lucros ou perdas da sociedade “segundo a proporção dos valores
nominais das respetivas participações no capital”.42
Recorda-se que esta imputação é sempre efetuada aos sócios ou membros das entidades
abrangidas pela transparência fiscal, independentemente destas entidades terem ou não
distribuído resultados a esses sócios, ou transferido dinheiros ou bens para os seus membros.
Os sujeitos passivos abrangidos pelo regime de transparência fiscal, que entregam o anexo
G da IES, entregam em simultâneo o anexo A e R da IES, quando sejam residentes, que
56
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No campo G01, deve ser indicada a coleta de IRC determinada nos termos do artigo
90.º do CIRC. O valor de coleta de IRC a introduzir neste campo é fictício (por aplicação
da taxa de IRC à matéria coletável apurada), tendo por objetivo apenas o controlo das
deduções à coleta a efetuar na esfera dos sócios ou membros. Será uma coleta
“virtual”, isto é, a que seria devida pela entidade transparente caso não lhe fosse
aplicável o regime de transparência fiscal.
57
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O somatório das deduções inscritas nos campos G02 a G05 não pode ser superior ao
valor do campo G01 (ver n.º 5 do artigo 90.º do CIRC). As referidas deduções bem como
as retenções na fonte (campo G06), serão imputadas de acordo com a percentagem de
participação aplicada sobre os valores constantes dos campos G02 a G06.
Os campos G02 e G04 só devem ser preenchidos quando a declaração respeitar a
exercícios anteriores a 2002.
Como previsto, aos sócios das sociedades civis não constituídas sob forma comercial,
sociedades de profissionais e sociedades de simples administração de bens é imputada a
matéria coletável da entidade, apurada nos termos do CIRC.
Estas entidades apenas preenchem a Modelo 22 até ao Quadro 09, onde apuram a matéria
coletável, que imputam (através do anexo G da IES) aos seus sócios, na respetiva proporção
determinada pela participação na sociedade (ou em partes iguais, se essa participação não
estiver definida).
VALOR IMPUTADO
Deve indicar o valor da matéria coletável imputada ao sócio identificado, no caso das
sociedades civis não constituídas sob forma comercial, sociedades de profissionais,
sociedades de simples administração de bens, nos termos que resultarem do ato
58
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este valor será objeto de tributação na esfera dos sócios, em vez do valor imputado,
quando for superior a este último. E no período(s) seguinte(s) é objeto de ajustamento,
nos termos do artigo 20.º do CIRS.
RETENÇÃO NA FONTE
Deve ser inscrito o valor correspondente à quota-parte imputada ao socio ou contitular
das retenções na fonte efetuadas à sociedade transparente.
Este quadro é flexível, permitindo, assim, utilizar tantas linhas quantas as necessárias.
Exemplo 12
A sociedade X é constituída por dois sócios, Contabilistas Certificados, um com
60% do capital (sócio A) e o outro com os remanescentes 40% (sócio B). No
período de 2020, o lucro contabilístico obtido pela sociedade foi de 2.000 euros,
sendo a sua matéria coletável de 2.500 euros.
Resolução:
59
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Mas, no momento em que tais lucros forem colocados à disposição dos sócios
não haverá́ retenção na fonte porque tais rendimentos não se qualificam como
rendimentos de capitais (parte final da alínea h) do n.º 2 do art.º 5.º do CIRS).
Como vimos, na imputação de matéria coletável aos sócios há que atender às cláusulas
existentes sobre a participação dos sócios nos resultados das sociedades, na ausência
das quais se infere que eles participam nos lucros ou perdas da sociedade “segundo a
proporção dos valores nominais das respetivas participações no capital”.
“Esta distribuição afasta-se, assim, dos termos que resultariam do acto constitutivo, o
que coloca a questão de saber qual das realidades se deve atender para efeitos de
distribuição.
43
Nos termos do artigo 85.º, n.º 1 do CSC.
44
Artigo 324.º do CSC, aplicável também às sociedades por quotas por força do disposto no n.º 4 do artigo
220.º do mesmo diploma.
60
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Equacionada a questão nestes moldes, temos que: nos casos em que a sociedade
transparente seja titular de quotas ou ações próprias, a imputação da matéria
coletável é feita aos sócios na proporção do capital que detêm efectivamente,
considerando-se como total do capital, para efeitos desta proporção, o valor resultante
da diferença entre o capital social e o valor das quotas próprias detidas pela sociedade.
O mesmo sucederá quando figurarem no balanço da sociedade quotas amortizadas sem
que tal amortização tenha implicado uma redução do capital social.”45
Exemplo 13
Admita-se uma sociedade por quotas “X”, sujeita ao regime de transparência
fiscal, e que o capital social no valor de 10.000 € está distribuído, no respetivo
pacto social, em duas quotas no valor de 5.000 € cada uma, pertencentes aos
sócios A e B.
45
Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 107.
61
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Aos membros (empreendedores) dos ACE e AEIE é imputado lucro tributável ou prejuízo
fiscal apurados nos termos do CIRC.
Estas entidades apenas preenchem a Modelo 22 até ao Quadro 07, onde apuram o lucro
tributável ou prejuízo fiscal, que imputam (através do anexo G da IES) aos seus membros,
na respetiva proporção determinada pela participação no agrupamento (ou em partes
iguais, se essa participação não estiver definida).
62
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
VALOR IMPUTADO
Deve indicar o valor do lucro fiscal ou do prejuízo fiscal imputado, no caso de AEIE ou
ACE, ao membro do agrupamento, nos termos que resultarem do ato constitutivo da
entidade identificada no campo 1 do quadro 01 ou, na falta de elementos, em partes
iguais, de acordo com o estabelecido no n.º 3 do art.º 6.º do CIRC.
O total do valor imputado deve coincidir com valor inserido no campo G80.
RETENÇÃO NA FONTE
Deve ser inscrito o valor correspondente à quota-parte imputada ao membro ou
contitular das retenções na fonte efetuadas ao ACE ou AEIE.
Este quadro é flexível, permitindo, assim, utilizar tantas linhas quantas as necessárias.
63
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
gastos, sendo esse excesso eventualmente deduzido das diferenças ocorridas nos anos
em que a amortização financeira foi inferior àquela reintegração máxima.
Para este efeito, a para as restantes situações em IRC a que tal seja aplicável, o artigo
1.º da Portaria n.º 467/2010, de 7 de julho, define o custo de aquisição ou o valor de
reavaliação das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, nos seguintes termos:
Para as viaturas ligeiras de passageiros ou mistas adquiridas nos períodos de tributação
que se iniciem em 1 de janeiro de 2015 ou após essa data, o custo de aquisição ou
valor de reavaliação de veículos será:
a) 62.500 € relativamente a veículos movidos exclusivamente a energia elétrica;
b) 50.000 € relativamente a veículos híbridos plug-in;
c) 37.500 € relativamente a veículos movidos a gases de petróleo liquefeito ou gás
natural veicular;
d) 25.000 € relativamente às restantes viaturas não abrangidas nas alíneas
anteriores.
64
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
65
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Menos frequente, mas também possível será a retenção na fonte sobre lucros recebidos
de entidade residente em território português. Está também prevista47 a dispensa de
retenção de IRC na fonte sobre lucros e reservas distribuídos a que seja aplicável o
regime estabelecido no n.º 1 do artigo 51.º, desde que a participação no capital tenha
permanecido na titularidade da mesma entidade, de modo ininterrupto, durante o ano
anterior à data da sua colocação à disposição. Ao não se aplicar o artigo 51.º do CIRC
a uma sociedade transparente (ver anterior ponto 2.4.2), também não poderá
beneficiar desta dispensa de retenção na fonte.
46
Alínea g) do n.º 1 do artigo 97.º do CIRC.
47 Alínea c) do n.º 1 do artigo 97.º do CIRC.
48
Veja-se a Circular n.º 8/90, de 16 de fevereiro da Direção de Serviços do IRC.
49
Os pagamentos por conta de IRS a efetuar por titulares de rendimentos da categoria B são calculados
conforme previsto no artigo 102.º do CIRS.
66
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ao invés, uma sociedade que durante o ano reúna os pressupostos necessários para a
sujeição ao regime da transparência, mas que em 31 de dezembro não possa qualificar-
se, em face desta disposição, como sociedade de profissionais, esteve dispensada de
efetuar pagamentos por conta nos meses/datas do seu vencimento, pois neste caso tal
obrigação não se chegou a constituir, além de que nem tão pouco existe coleta de
referência,51 suporte indispensável para o cálculo do próprio pagamento. Mas, ainda
que exista coleta de referência (v. g. quando no ano anterior a sociedade não tenha
sido qualificada como sociedade transparente) não haverá lugar a juros de mora,
porquanto na data do vencimento não se verificaram os condicionalismos necessário
para o surgimento da obrigação de efetuar pagamentos por conta.52
Também não estão obrigadas ao pagamento especial por conta, na medida em que,
nos termos do artigo 12.º do CIRC, estas sociedades não são tributadas em IRC, salvo
quanto às tributações autónomas.
Torna-se, todavia, necessário saber em que momento deve ser aferida essa
obrigação no exercício em que se dá a transformação da sociedade.
50 Em regra, com período de tributação coincidente com ano civil, vencimento em julho, setembro e 15
de dezembro do próprio ano a que respeita o lucro tributável.
51 Conforme n.º 1 do artigo 105.º do CIRC, os pagamentos por conta são calculados com base no imposto
liquidado nos termos do n.º 1 do artigo 90.º relativamente ao período de tributação imediatamente
anterior àquele em que se devam efetuar esses pagamentos, líquidos da dedução a que se refere a alínea
e) do n.º 2 desse artigo.
52
Adaptado de Código do IRC Comentado e Anotado, DGCI (1990), p. 100.
67
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos termos do n.º 9 do artigo 8.º do Código do IRC, o facto gerador do imposto
considera-se verificado no último dia do período de tributação. Ou seja, esse é
o momento que releva para efeitos do enquadramento tributário do sujeito
passivo no exercício.
Com efeito, tendo presente a letra do n.º 1 do artigo 106.º do Código do IRC
“...os sujeitos passivos (...) ficam sujeitos a um pagamento especial por conta, a
efetuar durante o mês de Marco ou, em duas prestações, durante os meses de
Marco e Outubro do ano a que respeita ou, no caso de adotarem um período de
tributação não coincidente com o ano civil, no 3.º mês e no 10.º mês do período
de tributação respetivo.”, os Serviços têm entendido que a obrigação de efetuar
o Pagamento Especial por Conta vence em Marco do ano a que respeita,
havendo, no entanto, a possibilidade de efetuar este pagamento em duas
prestações, durante os meses de Marco e Outubro ou durante o 3.º mês e o 10.º
mês do período de tributação, se for adotado um período de tributação não
coincidente com o ano civil.
Assim sendo, não obstante o facto de em Outubro (10.º mês) a sociedade já́ não
reunir os requisitos de não sujeição ao PEC, não está, no entanto, obrigada a
efetuá-lo, sendo o mesmo, apenas, devido a partir do exercício seguinte.
68
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Segundo o artigo 18.º da Lei das Finanças Locais54, a derrama municipal incide “sobre
o lucro tributável sujeito e não isento de IRC” obtido por sujeitos passivos residentes
em território português que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola e não residentes com estabelecimento estável nesse
território.
“1 - De acordo com o artigo 6.º do Código do IRC (CIRC), a matéria coletável das
sociedades a que seja aplicável o regime de Transparência Fiscal é imputada aos
sócios, integrando-se no seu rendimento tributável para efeitos de IRC ou IRS.
Desta forma, não é calculada coleta às sociedades transparentes.
3 - Nos termos da legislação atual, mais concretamente do artigo 14.º da Lei n.º
2/2007, de 15 de Janeiro, a taxa da derrama recai sobre o lucro tributável,
sujeito e não isento de IRC, das entidades residentes em território português
que exerçam, a título principal, uma actividade de natureza comercial, industrial
53 Alínea e) do n.º 11 do artigo 106.º do CIRC, aditada pela Lei n.º 71/2018, de 31 de dezembro.
54 Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro.
69
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ou agrícola e ainda sobre o lucro tributável das entidades não residentes com
estabelecimento estável em Portugal.
5 - Logo, a derrama prevista no artigo 14.º supra referido não abrange, na sua
incidência objectiva, o lucro tributável das sociedades ou entidades
transparentes.
A derrama estadual55 está prevista no artigo 87.º-A do CIRC: sobre a parte do lucro tributável
superior a (euro) 1 500 000 sujeito e não isento de imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas apurado por sujeitos passivos residentes em território português que exerçam, a
título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e por não
residentes com estabelecimento estável em território português, incidem as taxas
adicionais constantes da tabela publicada naquele artigo.
Recordando o artigo 12.º do CIRC que prevê que o lucro tributável obtido pelas entidades
sujeitas ao regime de transparência fiscal não é passível de tributação em IRC, conclui-se
que não se verifica o pressuposto de incidência objetiva da derrama estadual.
Assim, também não serão de efetuar quaisquer pagamentos adicionais por conta previstos
no artigo 105.º-A do CIRC.
Assim, toda a disciplina constante no artigo 88.º do CIRC deve ser respeitada pelas
entidades transparentes, ficando sujeitos às taxas de tributação autónoma previstas,
e conforme as condições definidas, os encargos nele referidos, nomeadamente os
55
Criada pela lei n.º 12-A/2010 de 30 de junho.
70
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Não havendo cálculo de coleta de IRC nas entidades transparentes, estas ficam
privadas da possibilidade de proceder a tal dedução. Pelo que o n.º 5 do artigo 90.º do
CIRC prevê que as deduções referidas no n.º 2 respeitantes a entidades a que seja
aplicável o regime de transparência fiscal estabelecido no artigo 6.º são imputadas aos
respetivos sócios ou membros nos termos estabelecidos no n.º 3 desse artigo e
deduzidas ao montante apurado com base na matéria coletável que tenha tido em
consideração a imputação prevista no mesmo artigo.
Para além da imputação relativa a retenções de IRC na fonte, a que já nos referimos,
é habitual a imputação, pelas entidades transparentes, de créditos de imposto por
dupla tributação internacional, ou de benefícios fiscais que consistem em dedução à
coleta.
71
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A imputação é feita aos sócios nos termos que resultarem do ato constitutivo
ou, na falta de elementos, em partes iguais.
De facto, conforme dispõe o artigo 12.º do CIRC, as sociedades e outras
entidades a que, nos termos do artigo 6.º, seja aplicável o regime de
72
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Entretanto, Portugal celebrou Convenção com Angola para Evitar a Dupla Tributação e
prevenir a Evasão Fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento e, de acordo com
o Aviso n.º 93/2019, publicado no Diário da República de 1 de outubro, a mesma entrou
em vigor a 22 de agosto de 2019.
73
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por seu lado, nos termos do artigo 12.º do Código do IRC, as sociedades e outras
entidades abrangidas pelo regime da transparência fiscal não são tributadas em
sede daquele imposto, salvo quanto às tributações autónomas.
Este facto não obsta a que a própria sociedade ou entidade transparente seja
considerada sujeito passivo de IRC, na medida em que reúna os pressupostos
contidos na respetiva norma de incidência pessoal.
74
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Como previsto no n.º 9 do artigo 117.º do CIRC, a não tributação em IRC das entidades
abrangidas pelo regime de transparência fiscal nos termos do artigo 6.º não as
desobriga de apresentação ou envio das seguintes declarações:
a) Declaração de inscrição, de alterações ou de cessação, nos termos dos artigos
118.º e 119.º;
b) Declaração periódica de rendimentos, nos termos do artigo 120.º;
c) Declaração anual de informação contabilística e fiscal, nos termos do artigo
121.º;
d) Declaração financeira e fiscal por país, nos termos do artigo 121.º-A.
Estabelece o artigo 100.º do CIRC que sempre que, relativamente às entidades a que
se aplique o regime de transparência fiscal definido no artigo 6.º, haja lugar a
correções que determinem alteração dos montantes imputados aos respetivos sócios
ou membros, a AT promove as correspondentes modificações na liquidação efetuada
àqueles, cobrando-se ou anulando-se em consequência as diferenças apuradas.
75
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
76
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Sobre o regime simplificado em IRC ver também a Circular n.º 6/2014, de 28 de março,
da Direção de Serviços do IRC, que já clarificava este entendimento no seu ponto 2:
ao referir que os sujeitos passivos isentos ou sujeitos a um regime especial de
tributação não podem optar pelo regime simplificado, o legislador excluiu do seu
âmbito de aplicação subjetiva, designadamente, todos os sujeitos passivos abrangidos
pelo regime de transparência fiscal a que se refere o artigo 6.º do CIRC e os sujeitos
passivos a que seja aplicável o regime especial de tributação dos grupos de sociedades
(RETGS).
Sendo que, como vimos, poderemos ter sociedades “beneficiárias” de dois tipos de
rendimentos:
1. Sociedades sócias de sociedades de profissionais ou de sociedades de simples
administração de bens, a quem estas duas tipologias de entidades
transparentes imputam a matéria coletável que apuram;
2. Sociedades membros de ACE ou AEIE a quem estes agrupamentos imputam
lucros ou prejuízos do exercício.
E ainda poderemos ter sócios ou membros, que não tenham sede nem direção efetiva
em território português, das entidades sujeitas ao regime de transparência fiscal em
Portugal, para quem se considera que os mesmos obtêm através de estabelecimento
estável aqui situado os rendimentos imputados nos termos do artigo 6.º do CIRC.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este mesmo campo será utilizado para declarar o lucro tributável que tenha sido
imputado aos seus membros sociedade pelos ACE ou AEIE, pelo que transcrevemos a
explicação conjunta constante no Manual de Preenchimento do Quadro 07 da
Declaração de Rendimentos Modelo 22 (IRC 2020).56
Aos sócios das sociedades mencionadas no artigo 6.º, n.º 1 (sociedades civis não
constituídas sob forma comercial, sociedades de profissionais e sociedades de simples
administração de bens enquadráveis na alínea c) deste preceito) deve imputar-se a
matéria coletável, enquanto que aos membros dos agrupamentos complementares de
empresas (ACE) e agrupamentos europeus de interesse económico (AEIE) é imputado o
lucro tributável / prejuízo fiscal, conforme n.º 2 do mesmo artigo.
A imputação aos sócios deve ser efetuada no período de tributação a que a matéria
coletável ou o lucro tributável / prejuízo fiscal respeite, pelo que estes devem
solicitar, atempadamente, às respetivas entidades, os elementos considerados
indispensáveis para a concretização dessa imputação, quer a nível de matéria
coletável ou lucro tributável / prejuízo fiscal, quer relativamente às deduções à coleta
que proporcionalmente lhes corresponder.
Exemplo 14
O seu capital social é detido em percentagens iguais por dois sócios: a sociedade Z e
a pessoa singular A.
No exercício de 2020, a sociedade transparente imputou a cada um daqueles sócios,
no Anexo G da IES, 50 % da matéria coletável que obteve, no valor total de 16.000,00
€.
78
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Resolução:
O resultado líquido do período obtido pela sociedade Z: 12.820,00 €
12 8 2 0 00
12 8 2 0 00
8 0 0 0 00
Esta imputação tem sofrido várias críticas de quem entende que não será possível
imputar matéria coletável obtida por uma sociedade a outra sociedade, dado que, a
ser feito desta forma, a sociedade Z até poderia, caso tivesse prejuízos ficais por si
obtidos ainda a reportar, deduzir esses prejuízos a matéria coletável que lhe foi
imputada pela sociedade X e cujo valor agora passa a estar incluído no lucro tributável
obtido pela sociedade Z no período de 2020.
Contudo, a descrição do campo 709 não deixa margem para dúvidas de que nele devem
ser declarados também os valores de matéria coletável imputados por sociedades
transparentes. E isso mesmo é reforçado nos comentários constantes no Manual de
Preenchimento do Quadro 07 da Declaração de Rendimentos Modelo 22 que a AT
disponibiliza no Portal das Finanças há vários anos.
79
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
outra sociedade. O artigo 6.º do CIRC começa precisamente por definir que “é
imputada aos sócios, integrando-se, nos termos da legislação que for aplicável, no seu
rendimento tributável para efeitos de IRS ou IRC, consoante o caso, a matéria
coletável...” (sublinhados nossos).
Como nota final, remetemos para a Informação Vinculativa Processo 2019 003187, que
incluímos no ponto 2.2.2.3 deste manual, em que é analisado o enquadramento a
conferir a uma sociedade de advogados integralmente detida por dois sócios pessoas
coletivas, e cuja conclusão, que não nos merece reparo, é a de que, uma vez que na
através de outras duas sociedades) por profissionais que exercem a referida atividade,
total ou parcialmente, através da sociedade, encontram-se verificados os requisitos
para que a entidade seja classificada como sociedade de profissionais, estando
enquadrada no regime de transparência fiscal.
Os lucros ou prejuízos fiscais são imputados aos seus membros pelos ACE ou AEIE com
sede ou direção efetiva em território português, que se constituam e funcionem nos
termos legais, para serem integrados no seu rendimento tributável.
O que é feito, para o caso de lucro tributável, como vimos e explicámos no ponto
anterior, no campo 709 do quadro 07 da declaração modelo 22:
Neste campo devem figurar os prejuízos fiscais imputados aos respetivos membros por
ACE ou AEIE (art.º 6.º, n.º 2).
80
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo 15
Resolução:
Exemplo 16
Resolução:
O artigo 5.º do CIRC define as condições para que uma pessoa coletiva não residente
em território português (sem sede ou direção efetiva neste território) nele tenha
estabelecimento estável. Sendo que a consequência imediata de se ser tributado em
Portugal através de um estabelecimento estável é a sujeição às regras do regime geral
de determinação do lucro tributável para efeitos de IRC.
Neste contexto, o n.º 11 do artigo 5.º dispõe que, para efeitos da imputação prevista
no artigo 6.º, considera-se que os sócios ou membros das entidades nele referidas que
não tenham sede nem direção efetiva em território português obtêm esses
rendimentos através de estabelecimento estável nele situado.
81
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
82
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por outro lado, também poderemos ter pessoas singulares como membros de ACE ou
AEIE a quem, igualmente nos termos do artigo 6.º do CIRC, serão imputados os lucros
ou prejuízos do exercício, apurados para os agrupamentos nos termos daquele Código.
“Artigo 20.º
Imputação especial
1 - Constitui rendimento dos sócios ou membros das entidades referidas no
artigo 6.º do Código do IRC, que sejam pessoas singulares, o resultante da
imputação efetuada nos termos e condições dele constante ou, quando
superior, as importâncias que, a título de adiantamento por conta de
lucros, tenham sido pagas ou colocadas à disposição durante o ano em
causa.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, as respetivas importâncias
integram-se como rendimento líquido na categoria B.
3 - Constitui rendimento dos sujeitos passivos de IRS residentes em
território português os lucros ou rendimentos obtidos por entidades não
residentes em território português e aí submetidos a um regime fiscal
claramente mais favorável, no caso em que, nos termos e condições do
artigo 66.º do Código do IRC, os mesmos detenham, direta ou
indiretamente, mesmo que através de mandatário, fiduciário ou
interposta pessoa, pelo menos, 25 % ou 10 % das partes de capital, dos
direitos de voto ou dos direitos sobre os rendimentos ou os elementos
patrimoniais dessas entidades, consoante os casos, aplicando-se para o
efeito, com as necessárias adaptações, o regime aí estabelecido.
4 - Para efeitos do disposto no número anterior, as respetivas importâncias
integram-se como rendimento líquido na categoria B, nos casos em que as
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O n.º 1 do artigo 20.º do CIRS começa por acolher a tributação em sede de IRS dos
valores daquelas imputações feitas a pessoas singulares nos termos previstos no artigo
6.º do CIRC. Mas salvaguarda que se as importâncias pagas ou colocadas à disposição
durante o ano em causa, a título de adiantamento por conta de lucros, tiverem sido
superiores aos valores daquelas imputações, serão estas importância recebidas a ser
tributadas.
Esta disposição está alinhada com a parte final da alínea h) do n.º 2 do artigo 5.º do
CIRS que exclui de tributação no âmbito da Categoria E (rendimentos de capitais) os
levantamentos/adiantamentos por conta de lucros efetuados pelos sócios das
sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal.
Por outro lado, como dispõe o n.º 11 do artigo 101.º do CIRS, o rendimento respeitante
a estes levantamentos/adiantamentos não é objeto de retenção na fonte, quer seja
inferior ou superior aos montantes imputados nos termos do artigo 6.º do CIRC.
Resulta, então, do n.º 1 do artigo 20.º do CIRS que, em cada ano, será tributado o
maior dos valores entre o rendimento imputado pela sociedade transparente e o
montante de adiantamento por conta de lucros que tenha sido pago ou colocado à
disposição do sujeito passivo.
84
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo 17
Resolução:
Relativamente a 2019:
A, com imputação de 7.000 € e recebeu 5.000 € teve tributação sobre 7.000 €
Relativamente a 2020:
MC Valor Valor a
Sócio Ajustamentos
imputada recebido tributar
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para impedir este comportamento “abusivo” que levaria a redução do encargo com
IRS, o legislador impôs que se aplique o coeficiente 1 (um) aos rendimentos
decorrentes de prestações de serviços efetuadas às sociedades de profissionais a que
é aplicado o regime da transparência fiscal, quando o sujeito passivo delas for sócio.58
E define o artigo 81.º do CIRC que será rendimento dos sócios, no período de tributação
em que for posto à sua disposição, o valor que for atribuído a cada um deles em
resultado da partilha, abatido do valor de aquisição das correspondentes partes sociais
e de outros instrumentos de capital próprio. Sendo que, para efeitos de tributação
desta diferença, deve observar-se o seguinte:
a) Quando positiva, é considerada como mais-valia;
b) Quando negativa, é considerada como menos-valia dedutível pelo montante
que exceder a soma dos prejuízos fiscais deduzidos no âmbito da aplicação do
regime especial de tributação dos grupos de sociedades e dos lucros e reservas
distribuídos pela sociedade liquidada que tenham beneficiado do disposto no
artigo 51.º.60
Assim, se um sócio pessoa singular realizou capital social no valor de 10.000,00 € (ou
pagou este montante pela aquisição de uma quota a um terceiro) e lhe é atribuído, na
liquidação e partilha da sociedade, o valor de 25.000,00 €, destes montantes resultará
uma mais-valia de 15.000,00 € a ser tributada pelas regras da categoria G do IRS.
58
Artigo 31.º, n.º 1, g), i) do CIRS.
59 Artigo 10.º, n.º 1, b) 3) do CIRS.
60
Artigo 81.º, n.º 1 e 2 do CIRC.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para obstar a uma dupla tributação, o n.º 5 do artigo 81.º do CIRC prevê que,
relativamente aos sócios de sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal,
ao valor que lhes for atribuído em virtude da partilha é ainda abatida a parte do
resultado de liquidação que, para efeitos de tributação, lhes tenha sido já imputada,
assim como a parte que lhes corresponder nos lucros retidos na sociedade nos períodos
de tributação em que esta tenha estado sujeita àquele regime.
Exemplo 18
A sociedade C, Lda. foi constituída em 2000 por dois sócios, tendo cada um
subscrito e realizado uma quota com valor nominal de 5.000,00 €.
Até 2012 a sociedade foi tributada pelo regime normal de IRC e de 2013 até ao
presente C, Lda. foi enquadrada como sociedade de profissionais.
Resolução:
Pela regra geral do artigo 81.º do CIRC a mais-valia obtida por cada sócio seria
de 45.000,00 €: valor atribuído na partilha (50.000,00 €) – valor de
aquisição/realização da quota (5.000,00 €).
Contudo, do diferencial entre a matéria coletável imputada pela sociedade aos
sócios, enquanto esteve no regime de transparência fiscal, e o valor de lucros
recebidos por estes, há um diferencial de 20.000,00 € já tributado em excesso
em cada sócio.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Pelo que o anexo D deve ser apresentado pelos sócios ou membros das pessoas coletivas
sujeitas ao regime de transparência fiscal, cujos rendimentos lhes sejam imputáveis,
nos termos do artigo 6.º do CIRC e, ainda, os contitulares de herança indivisa que
produza rendimentos da categoria B, bem como os sócios de sociedades não residentes
e aí sujeitos a um regime claramente mais favorável.
89
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
a) Relativamente aos campos 401 a 402, qual o tipo de sociedade, de acordo com os
seguintes códigos:
01 - Sociedades civis não constituídas sob forma comercial;
02 - Sociedades de profissionais;
03 - Sociedades de simples administração de bens.
Campos 401 e 402 - Deve indicar-se o valor da matéria coletável imputada ao sócio da
sociedade sujeita ao regime da transparência fiscal, nos termos do n.º 3 do artigo 6.º
do CIRC.
Campos 431 e 432 - Deve indicar-se o montante do lucro fiscal ou do prejuízo fiscal
que foi imputado ao membro pelo Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) ou
pelo Agrupamento Europeu de Interesse Económico (AEIE), tendo em atenção que, em
caso de prejuízo, deve ser usado o sinal (-).
Campos 480 e 481 - Devem ser indicados os lucros ou rendimentos obtidos por entidades
não residentes em território português que estejam sujeitas, no país ou território da
residência, a um regime fiscal mais favorável imputáveis aos respetivos sócios,
residentes em território português, que detenham, direta ou indiretamente, mesmo
através de mandatário, fiduciário ou interposta pessoa, pelo menos 25% ou 10% das
partes de capital, dos direitos de voto ou dos direitos sobre os rendimentos ou dos
elementos patrimoniais daquelas entidades, consoante os casos, tal como se encontra
previsto no n.º 3 do artigo 20.º do CIRS, devendo ainda ser observadas as regras
previstas no artigo 66.º do CIRC, com as devidas adaptações.
90
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Na coluna “Retenção na Fonte” devem ser indicados os valores das retenções na fonte
de imposto que incidiram sobre os rendimentos obtidos pelas entidades imputadoras
identificadas neste quadro, na mesma proporção da imputação efetuada.
Nos termos do n.º 1 do artigo 20.º do CIRS, constituem rendimento dos sócios ou
membros das entidades referidas no artigo 6.º do CIRC os adiantamentos por conta de
lucros que tenham sido pagos ou colocados à disposição durante o ano a que respeita
a declaração, quando superiores ao rendimento imputado.
Campo 901 - Deve indicar-se o montante dos pagamentos por conta que foram
efetuados pelo titular identificado no quadro 3A.
Campo 902 - Deve indicar-se o valor das deduções relativas a benefícios fiscais que
devam ser imputados ao sócio, membro ou herdeiro.
Campo 990 - Deve indicar-se o valor de outras deduções à coleta que devam ser
imputadas ao sócio, membro ou herdeiro.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este quadro destina-se à identificação dos prédios urbanos, que tenham gerado
rendimentos imputados no âmbito de atividades de arrendamento ou hospedagem e
sobre os mesmos tenha incidido o AIMI. Para preenchimento deste quadro deve ter em
atenção a informação constante da(s) Demonstração(ões) de Liquidação do AIMI.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
4. APLICAÇÃO PRÁTICA
4.1 Enunciado
3. Face aos critérios do artigo 28.º-B do CIRC, o valor daquelas perdas por
imparidade fiscalmente dedutível a 31/12/2020 é de apenas 800,00 €;
93
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
11. A taxa de derrama reduzida aprovada pelo Município de Viseu para sujeitos
passivos cujo volume de negócios, no período anterior, não ultrapasse
150.000,00 € é de 0,01%.
As três atividades desenvolvidas pela sociedade “Formamos Boas Contas, Lda.” estão
especificamente previstas na lista de atividades a que se refere o artigo 151.º do CIRS.
Mas, porque são três atividades, a sociedade não é enquadrável no regime de
transparência fiscal pelo ponto 1) da alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do CIRC.
Quanto à declaração modelo 22 e IES, vamos apenas preencher os campos dos quadros
necessários para evidenciar as especificidades do regime de transparência fiscal.
94
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Partindo das informações fornecidas, comecemos por calcular o gasto com imposto e
o resultado líquido do período, sendo certo que as sociedades e outras entidades a
que, nos termos do artigo 6.º, seja aplicável o regime de transparência fiscal não são
tributadas em IRC, salvo quanto às tributações autónomas (artigo 12.º do CIRC).
Por aplicação das taxas previstas nos números 3, 7 e 9 do artigo 88.º do IRC, temos as
seguintes tributações autónomas:
95
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para além dos encargos não dedutíveis para efeitos fiscais, temos o benefício fiscal da
remuneração convencional do capital social, previsto no artigo 41.º-A do Estatuto dos
Benefícios Fiscais: na determinação do lucro tributável das sociedades comerciais ou
civis sob forma comercial, cooperativas, empresas públicas, e demais pessoas coletivas
de direito público ou privado com sede ou direção efetiva em território português,
pode ser deduzida uma importância correspondente à remuneração convencional do
capital social, calculada mediante a aplicação, limitada a cada exercício, da taxa de
7 % ao montante das entradas realizadas até (euro) 2 000 000, por entregas em dinheiro
ou através da conversão de créditos, ou do recurso aos lucros do próprio exercício no
âmbito da constituição de sociedade ou do aumento do capital social, desde que
cumpridas as condições alo previstas. A dedução é efetuada no apuramento do lucro
tributável relativo ao período de tributação em que sejam realizadas as entradas e nos
cinco períodos de tributação seguintes.
Assim, pelo capital social realizado em 2019, desde esse exercício e até 2024:
20.000,00 € x 7 % = 1.400,00 €.
96
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A inclusão deste facto no presente caso prático pretende evidenciar que uma sociedade
enquadrada no regime de transparência fiscal pode normalmente utilizar os benefícios
fiscais que consistem em deduções ao lucro tributável.
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Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No regime de transparência fiscal e por força do disposto no artigo 12.º do CIRC, não
há lugar ao preenchimento deste quadro, com exceção do campo 365 relativo às
tributações autónomas.
A não tributação em IRC das entidades abrangidas pelo regime de transparência fiscal,
nos termos do artigo 6.º do CIRC não as desobriga da apresentação da declaração
periódica de rendimentos. Existindo despesas e encargos sujeitos a tributação
autónoma nos termos do artigo 88.º, devem as mesmas ser quantificadas no campo
365, competindo o correspondente pagamento à entidade sujeita ao regime de
transparência fiscal.
98
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Aproveita-se para alertar para o facto de, ao obter-se a declaração modelo 22 pré
preenchida no portal das finanças, o valor da retenção de IRC feita à sociedade
aparecerá no campo 359 do quadro 10, o que provocará um erro na declaração se este
valor não fora apagado antes de assinalar “Transparência fiscal” no quadro 4. A forma
de o eliminar é ir ao quadro 4 retirar o (X) do campo 7 “Transparência fiscal”, apagar
o valor do campo 359 do quadro 10 e voltar a de assinalar “Transparência fiscal” no
quadro 4.
Dado que a dedução à coleta com origem no CFEI II é imputada aos sócios, e não será
inscrito qualquer valor no campo 355 do quadro 10 da declaração modelo 22, não deve
ser preenchido o quadro 076 do anexo D.
99
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Aos sócios das sociedades civis não constituídas sob forma comercial, sociedades de
profissionais (o nosso caso) e sociedades de simples administração de bens é imputada
a matéria coletável dessa entidade, apurada nos termos do CIRC, o que é feito no
quadro 03.
De igual forma, são imputadas as deduções à coleta a que a sociedade teria direito,
mas que vão beneficiar os sócios.
A sociedade transparente “Formamos Boas Contas, Lda.”, tem o capital social dividido
em duas quotas, uma no valor de 12.000,00 € (60 %) pertencente a Maria e outra no
valor de 8.000,00 € (40 %) detida por Mário. Será este o critério de imputação a utilizar.
Para além da imputação da coleta obtida (no valor de 4.000,00 €) há ainda a imputar
a retenção de IRC na fonte (20,00 €) e a dedução com origem no CFEI II. Como referido,
a sociedade efetuou investimento em equipamentos para o ativo fixo tangível elegíveis
no âmbito do CFEI II no valor de 5.000,00 €.
100
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta limitação terá que ser aferida em relação à coleta potencial (ou virtual) da
entidade transparente e só depois imputada aos sócios ou membros de acordo com o
disposto no n.º 5 do artigo 90.º do CIRC.
Pelo que apenas está em condições de aproveitar a taxa de 17 % aplicável aos primeiros
25.000 € de matéria coletável, prevista no n.º 2 do artigo 87.º do CIRC.
A coleta virtual das sociedades transparentes, para efeitos de controlo das deduções à
coleta a imputar aos sócios, é determinada tendo em conta a taxa (ou taxas) que
seriam utlizadas pela sociedade, caso esta fosse tributada pelo regime geral de IRC.
Como a dedução à coleta com origem no CFEI II (1.000,00 €) só poderia ser feita até à
concorrência de 70 % da coleta da sociedade, apenas estes 70 % da coleta virtual são
imputados aos sócios: 680,00 € x 70 % = 476,00 €.
Estabelece a regulamentação do CFEI II que a importância que não possa ser deduzida
nos termos anteriormente referidos pode sê-lo, nas mesmas condições, nos cinco
períodos de tributação subsequentes. O que, para efeitos de imputação aos sócios das
sociedades transparentes deve se tido em conta com as necessárias adaptações.
Pelo que, a sociedade transparente deverá efetuar este controlo, para efeitos de
imputação da dedução aos sócios nos anos seguintes. Dado não preencher o quadro 076
61
Ver anexo à Portaria n.º 208/2017, de 13 de julho.
101
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Estes sujeitos passivos abrangidos pelo regime de transparência fiscal, que entregam
o anexo G da IES, entregam em simultâneo o anexo A e R da IES, quando sejam
residentes, que exerçam, a título principal, atividade comercial, industrial ou agrícola
ou sejam não residentes com estabelecimento estável.
Porque o tratamento é exatamente igual nos dois sócios, vamos apenas apresentar o
anexo D a entregar pela sócia Maria, detentora de 60 % do capital social, a quem a
matéria coletável e deduções foram imputadas nessa mesma percentagem. O anexo D
do sócio Mário será preenchido de igual forma, mas com 40 % daqueles valores.
102
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Vejamos o anexo D da sócia Maria, com 60 % dos valores imputados pela sociedade
transparente, em respeito pela sua percentagem de participação no capital social, e
em virtude de no pacto social não ter sido previsto critério diferente para a eventual
distribuição de lucros.
103
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O valor das deduções relativas a benefícios fiscais que foram imputados ao sócio
declara-se no quadro 9 do anexo D.
Como calculado, a sociedade, caso fosse tributada pelo regime geral de IRC, teria
direito a uma dedução à coleta de 476,00 € em virtude da utilização em 2020 do
benefício fiscal CFEI II. Este valor é inscrito pela sociedade no campo G05 do quadro
032 do anexo G da IES.
Relembramos que o anexo D do sócio Mário será preenchido de igual forma, mas com
40 % do toral dos valores imputados pela sociedade “Formamos Boas Contas, Lda.”.
104
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para finalizar este trabalho, depois da explicação exaustiva que fizemos sobre o
enquadramento e funcionamento do regime de transparência fiscal, mais do que
assumirmos conclusões sobre virtudes ou defeitos do regime, queremos apenas
contribuir com algumas pistas para a discussão que o mesmo sempre exige
casuisticamente.
105
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
62
Por exemplo, com inclusão de atividade não profissional que gera 26 % dos rendimentos.
63
Conforme artigo 40.º-A do CIRS, os lucros devidos por pessoas coletivas sujeitas e não isentas do IRC
são, no caso de opção pelo englobamento, considerados em apenas 50 % do seu valor.
106
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
107
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Até valores não muito elevados de matéria coletável, constamos cenários de quase
indiferença.
108
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
109
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com matéria coletável ainda mais elevada, acentua-se o efeito da progressividade das
taxas de IRS e, nestes cenários, também já com sujeição à taxa adicional de
solidariedade (artigo 68.º-A do CIRS) a transparência fiscal fica ainda mais
penalizadora.
1 - Os titulares de lucros colocados à disposição por pessoas coletivas sujeitas a IRC e dele não isentas,
bem como dos rendimentos resultantes da partilha em consequência da liquidação dessas entidades que
sejam qualificados como rendimentos de capitais, terão direito a um crédito de imposto de valor igual a
60 % do IRC correspondente a esses lucros que sejam englobados, dedutível até à concorrência da parte
110
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
que ainda atualmente se mantém foi introduzido apenas pelo Orçamento do Estado
para 200267, sendo na altura revogada aquela outra norma de crédito de imposto.68
Nos cenários que analisamos, admitimos sempre distribuição de lucros, como será
próprio de atividades essencialmente de serviços prestados. Claro que se o objetivo
não for retirar os lucros da sociedade, e antes reter autofinanciamento na mesma,
para custear investimentos, por exemplo, evitar a transparência fiscal.
E não poderíamos deixar de contribuir para esta reflexão com uns breves considerandos
sobre a segurança social dos sócios ou membros das sociedades de profissionais.
da coleta do IRS que proporcionalmente lhes corresponda depois de adicionado o montante desse crédito
(…).
67
Lei n.º 109-B/2001, de 27 de dezembro.
68
A redação inicial do artigo 40.º-A previa que os lucros colocados à disposição por pessoas coletivas
sujeitas e não isentas de IRC, bem como os rendimentos resultantes da partilha em consequência da
liquidação dessas entidades que sejam qualificados como rendimentos de capitais são apenas considerados
em 50% do seu valor. Posteriormente, passou a fazer apenas referência aos lucros distribuídos, quando os
resultados da partilha, fruto das alterações introduzidas pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro,
passaram a ser qualificados apenas como rendimentos de mais-valias.
111
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tem-se também verificado que, nos anos mais recentes, a Segurança Social não efetua
- por sua iniciativa - enquadramento dos membros das sociedades de profissionais no
regime dos trabalhadores independentes. Paralelamente, daquela circular retira-se
uma simplificação importante: os sócios ou membros de sociedades de profissionais
que exerçam funções de gerência e não estejam abrangidos para efeitos de IRS pela
categoria B, são enquadrados no regime geral dos trabalhadores por contra de outrem,
com as especificidades previstas no artigo 61.º e seguintes do Código Contributivo.
Assim, se o sócio da sociedade de profissionais apenas exerce a atividade através da
sociedade (ou acumula com trabalho por conta de outrem), e não estiver coletado na
categoria B do IRS, apenas será enquadrado no regime geral de trabalhadores por conta
de outrem, com as especificidades previstas para os membros dos órgãos estatutários,
e pagará segurança social sobre a remuneração que aufira enquanto gerente da
sociedade. Fica, assim, afastada a possibilidade de enquadramento no regime dos
trabalhadores independentes. Sobre outros cenários possíveis, consultar a circular, que
se publica em anexo.
Como referimos, não era nosso objetivo apresentar conclusões sobre virtudes ou
defeitos do regime de transparência fiscal, mas apenas deixar algumas pistas para a
69
Perguntas Frequentes - NOVO REGIME DOS TRABALHADORES INDEPENDENTES - Novo regime em vigor a
partir de 1 de janeiro de 2019, ISS, IP (2 de julho de 2019), p. 5.
112
Regime de transparência fiscal - Implicações em IRS e IRC ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
análise e discussão que, caso a caso, se deve fazer, tendo em vista uma tomada de
decisão ou ajuda à decisão dos clientes.
Esperamos, dentro do possível, e com as limitações postas pelas dúvidas sobre o regime
que subsistem, ter contribuído para o aprofundamento de conhecimentos sobre o
regime de transparência fiscal e deixado sólidas bases que permitam a sua clarificação
a quem pelo tema se venha a interessar, nomeadamente os contabilistas certificados
que necessitem de aplicar estar normas.
113
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6. BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
TEXTO:
Com a alteração do artigo 3.º do Código do IRS, introduzida pela Lei n.º 30-G/2000, de
29 de Dezembro, foi revogada a lista de profissões a que se referia o n.º 2 do mesmo
artigo. A nova redacção do artigo 151.º do CIRS impõe a obrigatoriedade de que as
actividades exercidas pelos sujeitos passivos do IRS sejam classificadas, para efeitos
deste imposto, de acordo com a Classificação das Actividades Económicas Portuguesas
por Ramos de Actividade (CAE), do Instituto Nacional de Estatística, ou de acordo com
os códigos mencionados em tabela de actividades aprovada por portaria do Ministro
das Finanças.
Assim:
Manda o Governo, pelo Ministro das Finanças, que a tabela a que se refere o artigo
151.º do Código do IRS seja a constante do anexo I, que faz parte integrante desta
portaria.
ANEXO I
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2012 Escultores;
2013 Músicos;
2014 Pintores;
2015 Outros artistas.
3 - Artistas tauromáquicos:
3010 Toureiros;
3019 Outros artistas tauromáquicos.
6 - Juristas e solicitadores:
6010 Advogados;
6011 Jurisconsultos;
6012 Solicitadores.
7 - Médicos e dentistas:
7010 Dentistas;
7011 Médicos analistas;
7012 Médicos cirurgiões;
7013 Médicos de bordo em navios;
7014 Médicos de clínica geral;
7015 Médicos dentistas;
7016 Médicos estomatologistas;
7017 Médicos fisiatras;
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10 - Psicólogos e sociólogos:
1010 Psicólogos;
1011 Sociólogos.
11 - Químicos:
1110 Analistas.
12 - Sacerdotes:
1210 Sacerdotes de qualquer religião.
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1324 Engomadores;
1325 Esteticistas, manicuras e pedicuras;
1326 Guias-intérpretes;
1327 Jornalistas e repórteres;
1328 Louvados;
1329 Massagistas;
1330 Mediadores imobiliários;
1331 Peritos-avaliadores;
1332 Programadores informáticos;
1333 Publicitários;
1334 Tradutores.
1335 Farmacêuticos (alteração pela Portaria 256/2004, de 9 de Março);
1336 Designers (aditada pela Lei n.º 53-A/2006-29/12).
14 - Veterinários:
1410 Veterinários.
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