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2019
FORMAÇÃO
DIS6919
Fernando Roriz
www.occ.pt
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
INTRODUÇÃO
É bem sabido que os indícios de cobrança duvidosa nem sempre se “fazem anunciar”.
Muitas vezes as informações sobre a incobrabilidade surgem inesperadamente, apanhando
de surpresa os credores.
Neste contexto, não pode ser ignorada a necessidade de informação regular sobre os
créditos em mora, incluindo o prazo de mora e o valor total dos créditos que se encontram
nessas condições, bem como da probabilidade de se obter o seu pagamento.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Constituindo o fenómeno descrito uma realidade dos nossos dias, o presente manual tem
como principal objetivo compilar a matéria considerada relevante sobre os critérios
contabilísticos e fiscais aplicados em relação aos créditos de cobrança duvidosa e aos
créditos incobráveis.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1. ASPETOS CONTABILÍSTICOS
Um ativo é escriturado por mais do que a sua quantia recuperável se a sua quantia
escriturada exceder a quantia a ser recuperada através do uso ou venda do ativo. Se este
for o caso, o ativo é descrito como estando com imparidade e a Norma exige que a
entidade reconheça uma perda por imparidade. A Norma também especifica as
circunstâncias em que uma entidade deve reverter uma perda por imparidade.
Uma entidade está perante uma imparidade num ativo sempre que a quantia escriturada
do ativo, ou de uma unidade geradora de caixa, seja superior à quantia recuperável, sendo
que esta é a quantia mais alta entre o justo valor de um ativo, ou unidade geradora de
caixa, menos os custos de alienação e o seu valor de uso.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para este efeito, considera-se quantia escriturada a quantia pela qual um ativo é
reconhecido no balanço, após a dedução de qualquer depreciação/amortização acumulada
e de perdas por imparidade acumuladas inerentes.
Considera-se quantia recuperável a quantia mais alta entre o justo valor de um ativo, ou
unidade geradora de caixa, menos os custos de alienação e o seu valor de uso.
Por outro lado, considera-se unidade geradora de caixa o mais pequeno grupo identificável
de ativos que seja gerador de influxos de caixa e que seja em larga medida independente
dos influxos de caixa de outros ativos ou grupo de ativos.
Considera-se valor de uso o valor presente dos fluxos de caixa futuros estimados, que se
espera surjam do uso continuado de um ativo ou unidade geradora de caixa e da sua
alienação no fim da sua vida útil.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Segundo a NCRF 12 uma entidade deve avaliar em cada data de relato se há qualquer
indicação de que um ativo possa estar com imparidade. Se existir qualquer indicação, a
entidade deve estimar a quantia recuperável do ativo.
Os testes de imparidade anuais não são obrigatórios, com exceção dos referentes a ativos
intangíveis com vida útil indefinida e ao goodwill. No entanto, sempre que existam
indícios, a entidade deverá proceder a testes de imparidade para verificar a eventual
necessidade de reconhecimento deste gasto.
Sempre que o contabilista certificado tenha indícios de que um ativo possa estar em
imparidade, deverá alertar os órgãos de gestão de que deverá proceder à execução de
testes de imparidade, solicitando que lhe sejam transmitidos os resultados apurados, de
forma a poder aferir da eventual necessidade do reconhecimento de uma perda por
imparidade.
Se houver uma indicação de que um ativo possa estar em imparidade, isto pode indicar que
a vida útil remanescente, o método de depreciação ou amortização ou o valor residual do
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ativo precisa de ser revisto e ajustado de acordo com a Norma aplicável ao ativo, mesmo
que não seja reconhecida qualquer perda por imparidade relativa a esse ativo.
Nos termos do parágrafo 2.º da NCRF 12, esta Norma deve ser aplicada na contabilização
da imparidade de todos os ativos, que não sejam:
De acordo com o parágrafo 2.º da NCRF 27 esta norma deve ser aplicada no
reconhecimento e mensuração dos instrumentos financeiros.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No entanto, uma entidade pode não aplicar esta Norma, se optar por reconhecer,
mensurar e divulgar os instrumentos financeiros de acordo com as normas internacionais
de contabilidade adotadas nos termos do Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
1.2.2. Mensuração
Em termos de mensuração, refere esta Norma que os saldos de clientes podem ser
mensurados pelo custo ou pelo custo amortizado, menos qualquer perda por imparidade.
O custo é o valor da operação no momento em que ocorre, isto é, o valor que consta do
documento de suporte à transação e que se pode obter na fatura emitida ao cliente.
O custo amortizado já envolve uma base de mensuração diferente, que implica cálculos
adicionais, recorrendo a taxas de juro efetivo para apurar o valor atual da dívida.
A norma define custo amortizado de um ativo financeiro como sendo a quantia pela qual o
ativo financeiro ou o passivo financeiro é mensurado no reconhecimento inicial, menos os
reembolsos de capital, mais ou menos a amortização cumulativa, usando o método do juro
efetivo, de qualquer diferença entre essa quantia inicial e a quantia na maturidade, e
menos qualquer redução quanto à imparidade ou incobrabilidade.
Isto significa que o valor da dívida a evidenciar no saldo de clientes pode ser diferente num
e noutro caso, uma vez que no método do custo amortizado existe uma parte do rédito que
corresponde a juros relacionados com o pagamento diferido de uma dívida.
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A utilização de um método ou outro é uma opção de cada entidade, que, para o efeito,
poderá ter em conta a materialidade e a relevância da operação.
De harmonia com o parágrafo 24 da NCRF 27, em cada data de relato uma entidade deve
avaliar a imparidade de todos os ativos financeiros que não sejam mensurados ao justo
valor através de resultados, incluindo, portanto, as dívidas a receber.
Se existir uma evidência objetiva de imparidade, a entidade deve reconhecer uma perda
por imparidade na demonstração dos resultados.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O montante de perda por imparidade deverá, nos termos do parágrafo 28 da Norma, ser
mensurado da seguinte forma:
Como se vê, a NCRF 27 não estabelece quaisquer regras de quantificação das perdas por
imparidade em função da mora dos créditos, ao contrário do que acontece com o critério
fiscal previsto no artigo 28.º-B do Código do IRC.
Não sendo previsível que as PME utilizem o método do custo amortizado, os seus órgãos de
gestão deverão analisar as perdas por imparidade tendo em conta esse valor, e caso se
justifique a sua constituição, deverão constituí-las a 100%.
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Pelo seu relevante interesse sobre a matéria, transcrevemos o Parecer Técnico n.º 13519,
de 01/02/2015, da Ordem dos Contabilistas Certificados:
“A mensuração dos ativos financeiros com maturidade definida, ou seja, com um prazo de
vencimento definido à partida, deve ser efetuada ao custo (ou ao custo amortizado)
menos perdas por imparidade, conforme previsto no parágrafo 12(a) e 13 da NCRF 27.
Como exemplo de ativos financeiros com maturidade definida, a NCRF 27 refere as dívidas
a receber de clientes, que deverão ser mensuradas ao custo (ou custo amortizado) menos
perdas por imparidade.
O reconhecimento das perdas por imparidade destas dívidas a receber de clientes deve ser
avaliada em cada data de relato, ou seja, no final do período contabilístico. Este
reconhecimento de perdas por imparidade é efetuado apenas se existir uma evidência
objetiva de um evento de perda, conforme referido no parágrafo 13 da NCRF 27.
Esta avaliação, efetuada pelo órgão de gestão, como resulta do ali exposto, depende da
análise de um conjunto de fatores e não apenas do facto de existir, ou não, evidência
escrita (leia-se, carta registada com aviso de receção) de comunicação ao devedor,
embora este seja, porventura o método mais fácil de comprovar inequivocamente essa
comunicação, razão provável pela qual se torna o meio de prova mais usual e aceite em
sede de imposto sobre o rendimento.
Pelo que, existindo contactos com o cliente no sentido de cobrar dívidas já vencidas, que
se relevam infrutíferos, o credor pode, e mais do que isso, deve, avaliar o risco que existe
de que os montantes em causa se venham a revelar de cobrança duvidosa, por forma a
refletir adequadamente a situação em termos contabilísticos.
E, para este efeito, todos os contactos efetuados nesse sentido devem ser considerados
(por telefone, presencialmente, por e-mail), pois também estes poderão servir de prova,
embora, a sua corroboração possa exigir outros elementos adicionais que dependerão da
situação concreta (por exemplo, no caso de contactos telefónicos, o relatório de quem os
efetuou, com os elementos relativos ao contacto efetuado - pessoa que contactou, hora,
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Estabelece o CIRC que as perdas por imparidade em dívidas a receber de clientes apenas
poderão ser deduzidas ao lucro tributável nos termos previstos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 28.º-A, desde que relacionadas com a atividade normal e que estejam evidenciadas
como tal na contabilidade, considerando-se que está devidamente justificado o risco de
incobrabilidade nos casos referidos no n.º 1 do artigo 28.º-B:
Admitimos não se tratar de nenhuma das situações referidas nas alíneas a) e b) acima
transcritas, pelo que a dedução poderá ser avaliada em função da mora, prevista na alínea
c), sendo que aqui haverá a considerar ainda a proporção a considerar em função do
disposto no n.º 2 do mesmo artigo 28.º-B, para proceder às respetivas correções na
declaração de modelo 22, quando devidas”.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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As perdas por imparidade em dívidas a receber são reconhecidas por débito da conta “651
– Perdas por imparidade – Em dívidas a receber”, por contrapartida (a crédito) da conta
“219 – Clientes – Perdas por imparidade acumuladas”.
A conta 219, bem como as contas 229, 239, 269 e 279 — Perdas por imparidade
acumuladas, dispõem de uma Nota de Enquadramento (Capítulo 3 do Código de Contas do
SNC) com o seguinte teor:
Em termos de contabilização das operações abrangidas pela norma, devemos atender aos
seguintes aspetos:
1) Registo de uma dívida de um cliente pelo método do custo, derivada de uma venda
Conta a Conta a
Valor Descrição
debitar Creditar
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Conta a Conta a
Valor Descrição
debitar Creditar
Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim, em sede de IRC parece ser possível anular os créditos em mora há mais de 2 anos,
desde que se encontrem reconhecidas a 100% as perdas por imparidade desses créditos,
independentemente destes se encontrarem em alguma das situações previstas no n.º 1 do
artigo 41.º do CIRC.
Ocorrendo esta situação, deverá o sujeito passivo incluir no dossier fiscal todos os
documentos justificativos da anulação dos créditos.
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As dívidas de terceiros, pela sua natureza, correm elevados riscos de se degradarem. Assim,
e de acordo com o parágrafo 24 da NCRF 27, sempre que uma entidade constate haver forte
probabilidade de uma dívida a receber se tornar de recebimento duvidoso, deve acautelar-
se e, para isso, deve reconhecer uma perda por imparidade na demonstração dos
resultados.
Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
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Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
Exemplo 1
Cliente Saldo
A 50.000,00
B 65.000,00
C 70.000,00
D 85.000,00
Total 270.000,00
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Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
Conta a Conta a
debitar Creditar Valor Descrição
Exemplo 2
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Lançamento a efetuar:
Uma vez que a perda por imparidade reconhecida não é aceite na totalidade como
gasto para efeitos de IRC, há necessidade de, relativamente ao período de tributação
do ano n, reconhecer um ativo por impostos diferidos.
Sendo o ativo por impostos diferidos para utilizar em períodos futuros, no momento
em que a imparidade for aceite fiscalmente, deve mensurar-se esse ativo pela taxa de
IRC que se espera que esteja em vigor nesses períodos, que é a de 21% (taxa normal
aplicável no ano n e prevista para os períodos de tributação seguintes).
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Valor do ativo por impostos diferidos no final do ano n (taxa IRC - 21%):
Como o valor dos ativos por impostos diferidos evidenciados pela contabilidade no final
do período de tributação do ano n-1 ascendia a € 35.000,00, tem de se registar uma
redução desses ativos por impostos diferidos no montante de 21.875 € (35.000 – 13.125),
efetuando o seguinte lançamento:
Aconselha-se a análise exaustiva dos saldos, dado que a perda por imparidade a
registar deve ser sempre específica para determinada entidade e nunca apurada com
base em cálculos ou saldos genéricos.
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De harmonia com Guimarães, Joaquim Fernando, a fls. 107 e seguintes da sua obra
“Estudos sobre a Normalização Contabilística em Portugal”, editada em maio de 2011 pela
editorial da Vida Económica, analisando o texto das notas 2.2, 2.3 e 5 do Anexo, deverão
ser efetuadas as seguintes divulgações com os seguintes textos (a título de exemplo):
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“Nota 2.2
A entidade derrogou a caraterística qualitativa da comparabilidade na política
contabilística das perdas por imparidade por dívidas a receber, na medida em que passou
a mensurá-las de acordo com os critérios económicos (de gestão) definidos na Nota 3.1
seguinte.
Nota 2.3
Devido à alteração da política contabilística das perdas por imparidade das dívidas a
receber, conforme Nota 3.1, as seguintes contas do balanço e da demonstração dos
resultados não são comparáveis:
Nota 5
A Nota 5 “Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros” tem
por base a aplicação da NCRF 4, pelo que a mesma deverá ser divulgada sempre que se
verifique alguma das situações previstas nos itens 5.1 a 5.4, podendo ocorrer, entre
outras, as seguintes situações:
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Nos termos do n.º 1 do artigo 23.º do Código do IRC, na determinação do lucro tributável
são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para
obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC.
O tratamento das perdas por imparidade é diferente, conforme se trate de perdas por
imparidade em inventários ou de perdas por imparidade em dívidas a receber.
Para efeitos de tributação em IRC, e de harmonia com o artigo 28.º-A do respetivo código,
são dedutíveis as perdas por imparidade a seguir indicadas:
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“As perdas por imparidade e outras correções de valor que não devam subsistir, por
deixarem de se verificar as condições objetivas que as determinaram, consideram-se
componentes positivas do lucro tributável do respetivo período de tributação”.
Da análise deste artigo 28.º-A podemos concluir que existem condições cumulativas para a
aceitação das perdas por imparidade referentes a créditos de cobrança duvidosa como
fiscalmente dedutíveis e que são as seguintes:
O CIRC não define o conceito de atividade normal. Contudo, importa referir que,
administrativamente, ao longo do tempo se tem vindo a considerar que, para efeitos de
constituição de perdas por imparidade, apenas relevam os créditos decorrentes das
operações de natureza comercial, relacionadas com a venda de bens ou a prestação de
serviços respeitantes à atividade da empresa. A atividade normal baseia-se no objeto
social da entidade, relacionado com as atividades operacionais realizadas, com base na
Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE).
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Este parecer também considerava como não resultantes da atividade normal os créditos
resultantes de juros de mora. No entanto, o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo
de 18 de outubro de 2006, proferido no Processo n.º 0668/06, veio a considerar que os
juros de mora derivados da atividade da empresa também são considerados decorrentes da
atividade normal.
“Apesar de os juros serem acessórios da dívida, têm a mesma natureza desta, pelo
que os juros de mora resultantes de créditos decorrentes da atividade normal da
empresa são também eles créditos resultantes da atividade normal, sendo as perdas
por imparidade fiscalmente dedutíveis”.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Segundo o CAAD, na situação controvertida “… está provado nos autos que a requerente
tinha interesse próprio e egoístico em ajudar a C... , sociedade em dificuldades
financeiras – seja vendendo-lhe, sem margem, matéria-prima que depois compraria os
produtos finais à C... (após o trabalho industrial e de processamento da C...); a
requerente era apenas uma empresa comercial, e a C... era uma empresa industrial – e o
principal fornecedor dos produtos da requerente. A paralisação imediata do fornecedor
(sem essas ajudas na compra e venda de matéria prima e sem a cedência de pessoal) tinha
grave dano no cliente (requerente), que não conseguiria substituir o fornecedor de um dia
para o outro.
Assim, a requerente ajudou a C... (comprava a matéria prima dos seus produtos e venda
sem margem à C..., que se pagava depois com a entrega das mercadorias e a requerente
cedeu parte do seu pessoal – horas de trabalho dos seus empregados – para ajudar à
sobrevivência do fornecedor). Claro está que com isso conseguiu criar maiores stocks dos
seus produtos, para fazer face às situações de mercado e com essas “ajudas” ganhou
tempo para tentar arranjar um substituto do fornecedor em causa, no tempo necessário.
Até lá, ajudou-o – mas no seu interesse próprio e na manutenção da sua atividade normal;
não podia ponderar sequer em ficar sem o fornecedor e produtos – tinha uma considerável
dependência económica do fornecedor. Se perdesse o fornecedor, sem garantir a produção
noutro lado, a requerente ficaria sem produto para vender – e tal redundaria num dano
imediato, concreto e considerável.
Quer dizer: a requerente concedeu estes créditos (por matéria primas e cedência de
pessoal), com vista, em concreto, à obtenção dos produtos – que depois os vende, no
essencial da sua atividade comercial. Perante as dificuldades do fornecedor C..., vende-
lhe as matérias primas que serão incorporadas depois nos produtos que lhe vai adquirir (e
fazia então uma compensação de créditos, se possível); do mesmo modo, cede parte da
sua força de trabalho à C... (que não a tem, dada a crise em que se encontra), para
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Nos termos do artigo 28.º-B do CIRC, tal acontece nos seguintes casos:
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lei, sem que tenha sido celebrado acordo, poderão ser concluídos ao abrigo do
regime em que foram desencadeados.
No caso referido nesta última alínea, o limite máximo ascenderá a (vide n.º 2 do artigo
28.º-B do CIRC):
Sobre esta questão, a AT firmou o seguinte entendimento, comunicado pelo ofício n.º
45286, de 23/09/1996:
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“ (…) 3. O artigo 33.º n.º 1 a) in fine do CIRC não obriga à transferência dos créditos
em mora superior a 6 meses da subconta “21.1 - Clientes c/c” para a subconta “21.8
Clientes de cobrança duvidosa” porque a evidenciação contabilística das dívidas de
cobrança duvidosa pode ser feita no Anexo (nota 23) ao Balanço e à Demonstração de
resultados”.
Estando perante uma perda por imparidade não aceite para efeitos fiscais, devemos
proceder à sua regularização no quadro 07 da declaração modelo 22, acrescendo o valor
em causa no campo:
Campo 718 – Perdas por imparidade em inventários para além dos limites legais
(artigo 28.º) e em créditos não fiscalmente dedutíveis ou para além
dos limites legais (artigos 28.º-A a 28.º-C).
Resolução
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Para efeitos da determinação das perdas por imparidade relacionadas com créditos
resultantes da atividade normal que, no fim do período de tributação, possam ser
considerados de cobrança duvidosa e sejam evidenciados como tal na contabilidade,
previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 28.º-A do CIRC, consideram-se de cobrança
duvidosa, nos termos do n.º 1 do artigo 28.º-B do Código do IRC, os créditos em que o risco
de incobrabilidade esteja devidamente justificado, o que se verifica nos seguintes casos:
A comprovação das situações referidas nas alíneas a) e b) é extremamente fácil, uma vez
que os processos de execução, de insolvência e o PER são comprovados por certidão
emitida pelo tribunal, o SIREVE é comprovado através de certidão emitida pelo IAPMEI e a
existência de créditos reclamados judicialmente é comprovada por uma petição inicial
autenticada pela secretaria do tribunal. Quanto ao RERE, aprovado pela Lei n.º 8/2018, de
2 de março, ele é comprovado através do acordo de reestruturação celebrado pelas partes
e do respetivo registo na Conservatória do Registo Comercial.
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O mesmo não acontece, porém, com a situação prevista na alínea c), no que concerne à
determinação da entrada em mora, às provas objetivas de imparidade e às diligências
efetuadas para o seu recebimento.
Antes de alisarmos cada um destas exigências, teremos de referir que, em termos fiscais, é
exigida a respetiva demonstração no mapa modelo 30 (mapa de provisões, perdas por
imparidade em créditos e ajustamentos em inventários), que deve ser integrado no dossier
fiscal.
Quanto aos créditos em mora, o mapa modelo 30 pede a indicação separada dos que se
encontram em mora há mais de 6 e até 12 meses, dos que se encontram em mora há mais
de 12 e até 18 meses, dos que se encontram em mora há mais de 18 e até 24 meses e dos
que se encontram em mora há mais de 24 meses.
Na situação prevista na alínea c) a aceitação fiscal das perdas por imparidade é feita em
determinada percentagem (valor acumulado) do crédito, em função do número de meses
em que este está em mora, não podendo ser superior a:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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“ (…) 2. Para efeitos fiscais, só haverá mora quando o credor não concorda com o
deferimento do prazo normalmente estabelecido para o pagamento da dívida”.
Nos termos da lei civil, o artigo 804.º do Código Civil estabelece que:
“O devedor considera-se constituído em mora quando, por causa que lhe seja
imputável, a prestação, ainda possível, não foi efetuada no tempo devido”.
A mora conta-se, assim, a partir da data estabelecida para o pagamento. Caso não haja
data estipulada, a mora conta-se a partir da data da interpelação ao cliente.
Porém, se for acordado novo prazo de pagamento, a mora começa a contar-se quando os
novos prazos se vencerem, como é o caso do saque (e aceite) de uma letra após o
vencimento da fatura, em que o prazo relevante para aferir a mora é a data do
vencimento dessa letra.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com efeito, de harmonia com o ofício-circulado n.º 23298, de 26/05/96, emitido pela
DSIRC:
“Relativamente aos créditos titulados por letra para efeitos da contagem do período
de mora, a data que releva é a do vencimento da letra; por outro lado, não é
obrigatório, para efeitos de evidenciação na contabilidade, o registo de tais créditos
em contas separadas, concretamente em conta adequada da conta 21, sendo aceite
outro tipo de evidenciação no Anexo”.
Como as regras contabilísticas não limitam o reconhecimento das perdas por imparidade a
critérios relacionados com o prazo de mora, nem em função de uma percentagem sobre o
valor do crédito, podendo, portanto, proceder-se à contabilização de perdas por
imparidade que não são aceites fiscalmente, temos aqui uma situação suscetível de gerar
correções no campo 718 do quadro 07 da declaração modelo 22 de IRC.
Por exemplo, relativamente a um crédito com uma mora de apenas um mês, no final do
período de tributação pode haver já um elevado risco de o mesmo não vir a ser cobrado,
por haver conhecimento de que o cliente já se encontra em incumprimento em relação à
maioria dos seus credores, o que faz supor que esse cliente venha a ser declarado
insolvente. Nestas condições, à luz do normativo contabilístico aplicável, o credor pode
reconhecer a perda por imparidade pela totalidade do valor do crédito.
Neste caso, porém, o gasto inerente a tal reconhecimento terá de ser totalmente corrigido
no quadro 07 da declaração modelo 22 do período de tributação em que foi contabilizada a
perda por imparidade, uma vez que não se mostra verificada nenhuma das condições do
artigo 28.º-B do CIRC para a sua aceitação como gasto para efeitos fiscais.
O credor poderá, no entanto, vir a recuperar esse acréscimo no quadro 07 nos períodos de
tributação subsequentes.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com efeito, quando são reconhecidas, a nível contabilístico, perdas por imparidade
superiores às que resultam da aplicação das percentagens previstas no n.º 2 do artigo 28.º-
B do CIRC, antes referidas, embora haja correção do excesso no campo 718 (Perdas por
imparidade em inventários para além dos limites legais e em créditos não fiscalmente dedutíveis ou
para além dos limites legais) do quadro 07 da declaração modelo 22 do período de tributação
em que foi efetuada a contabilização, o valor corrigido dessa forma não se perde, uma vez
que o sujeito passivo pode vir a recuperá-lo, agora sem necessidade de qualquer registo
contabilístico, nos períodos de tributação seguintes, efetuando a respetiva dedução no
campo 781 (Perdas por imparidade tributadas em períodos de tributação anteriores) do quadro 07
da declaração modelo 22.
O direito acabado de referir está consagrado no n.º 1 do artigo 28.º-A do CIRC, que permite
a dedução como gasto das perdas por imparidade relacionadas com créditos resultantes da
atividade normal, “quando contabilizadas no mesmo período de tributação ou em períodos
de tributação anteriores”.
E mesmo que no final desse período de tributação seguinte não exista qualquer processo
judicial de execução, de insolvência ou PER, SIREVE ou RERE, em relação a esse devedor,
mas mantendo-se o risco de incobrabilidade, a empresa credora pode ir deduzindo, no
referido quadro 07, a percentagem do gasto relativo à perda por imparidade reconhecida
em período de tributação anterior, em função da mora do crédito.
Exemplo 1
38
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Total 200.000,00
Existem provas objetivas da existência desses créditos, das suas datas e das diligências
para o seu recebimento.
Resolução
Tratamento contabilístico:
Tratamento fiscal:
a) A imparidade do Cliente A não é aceite como gasto fiscal, porque ele é possuidor
de uma participação superior a 10% na empresa.
Logo, o valor da perda por imparidade terá de ser acrescido na totalidade no
quadro 07 da declaração modelo 22.
b) A imparidade do Cliente B só é aceite como gasto em 50%, uma vez que a mora
se situa entre os 12 e os 18 meses.
Como tal, terá de ser acrescida no quadro 07 da declaração modelo 22 a
importância de € 40.000, correspondente a 50% do valor do crédito.
39
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim, a Empresa Industrial de Guimarães, Lda., terá de acrescer no campo 718 do quadro
07 da declaração modelo 22 do período de tributação do ano n a importância de € 160.000.
Exemplo 2
A sociedade A, Lda., apurou, à data de 31/12 do ano n, que existia um risco bastante
elevado de não vir a receber a quantia de € 10.000, que tinha sido faturada ao seu cliente
C em 31/01 desse mesmo ano n.
Por isso reconheceu em 31/12 desse ano n a perda por imparidade a 100%.
Partindo do pressuposto que o cliente C se vai manter em imparidade nos períodos de
tributação dos anos n+1 e n+2, o tratamento, em termos fiscais, desta situação é o
seguinte:
O facto do artigo 28.º-B do Código do IRC estabelecer que as perdas por imparidade só
podem ser aceites como gastos a partir do momento em que o crédito se encontre em
mora há mais de 6 meses, não significa que se perca a possibilidade de ver esses gastos
serem aceites fiscalmente, logo que preenchida a condição de uma mora superior a 6
meses.
Por exemplo, se determinado sujeito passivo de IRC, não obstante a mora no pagamento de
determinado cliente, nunca apurou a existência de risco de recebimento desse crédito e só
decorridos mais de 2 anos de mora é que teve indícios fundados da sua possível
incobrabilidade, pode ver aceite como gasto dedutível a perda por incobrabilidade a 100%,
em virtude de a mora ser superior a 24 meses, desde que consiga provar que apenas nesse
período de tributação, e não em nenhum período de tributação anterior, é que se verificou
o risco de incobrabilidade desse crédito.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Porém, se um crédito reúne condições para ser considerado de cobrança duvidosa, mas não
foi, não será possível considerar essa perda posteriormente (1).
Refira-se que a falta de diligências por parte do sujeito passivo não constitui argumento
para comprovar que o risco apenas ocorreu em momento posterior.
Sobre esta matéria existe diversa doutrina administrativa e variada jurisprudência, de que
vamos apresentar, de seguida, as mais relevantes.
Constituição de perda por imparidade por valores não reconhecidos para efeitos fiscais:
“De acordo com a avaliação que o sujeito passivo faça do risco de incobrabilidade,
poderá constituir a perda por imparidade por uma qualquer percentagem sobre os
respetivos créditos, desde que o montante anual acumulado não exceda as
percentagens fixadas, podendo, todavia, a AT proceder às correções que se mostrem
adequadas, quando fundamentadamente demonstrar que a imputação de gastos a
1
Ver neste sentido a Decisão do CAAD de 19/03/2019, proferida no Processo n.º 476/2018-T, parcialmente
transcrita na página 47 deste manual.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“O crédito deve ser considerado de cobrança duvidosa com base na avaliação do risco
de incobrabilidade, tendo em conta as diligências efetuadas para o seu recebimento.
O facto de um crédito se encontrar em mora há mais de 6 meses não é por si só, um
fator determinante para o considerar de cobrança duvidosa.
Assim, deve ser aceite como custo, a constituição da perda por imparidade no
período em que se considerem os créditos como de cobrança duvidosa, atendendo ao
limite que compete a esse mesmo período.
Caso o crédito seja reconhecido como da cobrança duvidosa apenas ao fim de 24
meses em mora, deverá ser registado como tal na contabilidade e constituir-se a
perda por imparidade em 100%, sendo a mesma aceite como gasto fiscal” (Saída
Geral n.º 040645, Proc. n.º 1333/95, de 23/10/95 da DSIRC).
Em termos jurisprudenciais:
O Acórdão do STA de 21/01/2001, proferido no Processo n.º 026080, estabelece que uma
vez que o contribuinte já tinha reconhecido contabilisticamente os créditos como de
cobrança duvidosa num determinado exercício, então já teria reconhecido o risco de
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“ (…) III - Por isso, estas provisões só podem ser consideradas como custo fiscal do
exercício em que os créditos a que se reportam foram contabilizados como sendo de
cobrança duvidosa.”.
O Acórdão do STA de 30/04/2003, proferido no Processo n.º 0101/03, está relacionado com
uma correção à matéria coletável do IRC de um contribuinte por parte da Administração
Fiscal, devido a esta não reconhecer a perda por imparidade considerada em 1993,
referente a créditos que já se encontravam em mora em 1989 e 1990. O STA concluiu que:
“ (…) II - Para que a provisão seja recusada como custo fiscal não basta, pois, invocar
que os créditos já estavam em mora há mais de seis meses aquando da constituição
da provisão, importando que a Administração afirme, e isso se prove no processo de
impugnação judicial, que a incobrabilidade dos créditos foi verificada em exercícios
anteriores àquele em que ocorreu essa constituição, e isso evidenciado na
contabilidade do contribuinte, pois só neste caso há ofensa do princípio da
especialização dos exercícios, a justificar o não atendimento da provisão como custo
fiscal do exercício.”.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
pela última - a c) - vir pretender exercer esse direito que em devido tempo dele se
não aproveitou.” (…).
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“ (…) VII - Face a um crédito que se venceu em 1993 e relativamente ao qual, nesse
mesmo ano, a Contribuinte encarregou um gabinete de advogados de diligenciar pela
sua cobrança, para que possa considerar-se como custo fiscal do exercício de 1997 a
respetiva provisão, haveria aquela que ter alegado factos que permitissem concluir
que só neste ano se verificou o risco da incobrabilidade e, não o tendo feito, é de
considerar como legítima a atuação da AT, que desconsiderou tal provisão como
custo do exercício de 1997 ao abrigo do disposto na alínea c) do artigo 34.º, n.º 1, do
CIRC. (…) ”.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Da análise destes acórdãos, podemos concluir que as perdas por imparidade em créditos de
cobrança duvidosa devem ser reconhecidas no período em que o risco de incobrabilidade é
constatado.
Assim, se num dado período de tributação, um crédito se enquadra em alguma das alíneas
do n.º 1 do artigo 28.º-B do CIRC, o sujeito passivo deverá reconhecer a correspondente
perda por imparidade de imediato, mesmo que posteriormente esse crédito possa vir a ser
enquadrado noutra alínea desse mesmo artigo. Caso não o faça, correrá o risco dessa perda
por imparidade não ser aceite fiscalmente em período posterior.
Apesar da alínea c) do n.º 1 do artigo 28.º-B do CIRC mencionar como requisito necessário
para a aceitação da perda por imparidade a existência de provas objetivas de imparidade,
não existe neste Código qualquer definição das provas exigidas.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“Em primeiro lugar, temos que ficou provado que as decisões da Requerente de
registo de imparidades eram decididas caso a caso.
Importa começar por salientar que a lei fiscal não especifica quais os factos a serem
provados, ou seja, quais são os indícios que devem estar presentes para se
considerar verificado o risco de incobrabilidade referido no corpo da norma atrás
transcrita.
Assim há que recorrer às normas contabilísticas aplicáveis, em razão do princípio da
dependência parcial que preside à aplicação das normas contabilísticas no
apuramento do lucro tributável: na medida em que não exista norma fiscal dispondo
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O CIRC exige a existência de provas documentais que comprovem que foram efetuadas
diligências para recebimento do valor dos créditos em mora.
Neste âmbito, têm sido aceites os pedidos e avisos de cobrança, com aviso de receção
assinado pelas entidades devedoras ou pelos seus mandatários (advogados), a
correspondência enviada via fax e as mensagens de correio eletrónico, desde que exista
comprovativo da receção das mensagens, embora a obtenção deste comprovativo possa ser
difícil, uma vez que é necessária a solicitação por parte de quem envia que seja acusada a
receção e a resposta ao solicitado por parte de quem recebe.
O entendimento da AT sobre esta matéria está expresso na Saída Geral n.º 040645,
referente ao Processo n.º 1333/95, de 23/10/95, da DSIRC, onde se afirma que:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No Acórdão do TCA do Sul, de 23/02/2010, proferido no Processo n.º 03751/10, que cita o
Acórdão do mesmo tribunal, de 19/06/2006, referente ao Processo n.º 1095/06:
“ (…) Sendo certo que a lei admite a prova testemunhal e documental, entre outras,
existe matéria para a qual só determinado tipo de prova é relevante. Assim, em
casos como o dos autos em que a lei dá relevância à contabilidade, é óbvio que não
pode a prova testemunhal servir para infirmar factos que constam da mesma
contabilidade. É o caso, por exemplo, das diligências efetuadas para cobrança dos
créditos. A prova, em nosso entender, só poderia ser feita por via documental e não
por via de testemunhas … ”.
“Ficou provado que, para além das diligências de cobrança feitas por escrito pela
Requerente junto dos clientes em causa, das quais dá conta o RIT, houve diligências
feitas pessoalmente por um funcionário da Requerente especialmente incumbido de
contactar os devedores desta em situação de mora e, em alguns casos, contactos ao
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A AT, através da informação vinculativa n.º 2013 001629, que mereceu despacho favorável
em 28/01/2014, firmou o seu entendimento sobre as consequências fiscais do
desreconhecimento dos créditos incobráveis não abrangidos pelo artigo 41.º do Código do
IRC.
“… o simples facto de o crédito estar em mora há mais de dois anos e de ter sido
reconhecida uma perda por imparidade de 100% não significa, só por si, que o direito
contratual aos fluxos de caixa resultantes desse crédito se extinguiu. Deste modo,
na prossecução do princípio da manutenção da estreita ligação entre a contabilidade
e a fiscalidade e do modelo de dependência parcial da segunda em relação à
primeira, revoga-se o entendimento anterior que permitia a anulação, sem
consequências fiscais, dos créditos em mora há mais de dois anos quando já tivesse
sido reconhecida uma perda por imparidade de 100%. Esta Informação contém ainda
uma exposição aprofundada sobre as circunstâncias que podem determinar,
contabilisticamente, o desreconhecimento dos créditos fora dos casos previstos
neste artigo 41.º do Código do IRC”.
Ou seja, mesmo nos casos dos créditos com risco de incobrabilidade em foi
reconhecida a respetiva perda por imparidade até perfazer 100% do valor do crédito,
e esta foi fiscalmente aceite, nos termos dos artigos 28.º-A e 28.º-B do Código do
IRC, há sempre que cumprir as normas contabilísticas quanto ao momento do
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Porém,
E assim:
Assim, não reunindo estes “ativos” os requisitos para serem reconhecidos como tal,
ficou prejudicado o referido entendimento.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De conformidade com o n.º 3 do artigo 28.º-B do CIRC não são considerados de cobrança
duvidosa:
e ainda:
Nestes três últimos casos (alíneas c), d) e e)), porém, o reconhecimento da perda por
imparidade já será aceite, a partir do momento em que:
A alínea e) do n.º 3 do o n.º 3 do artigo 28.º-B do CIRC, foi, como se assinalou, aditada pela
Lei n.º 71/2018, de 31 de dezembro, que aprovou o OE para 2019. Em consequência disso,
ao elenco das perdas por imparidade em créditos não aceites fiscalmente foram
acrescentados os créditos entre empresas detidas direta ou indiretamente, nos termos do
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De conformidade com o n.º 3 do artigo 28.º-B do CIRC não são considerados de cobrança
duvidosa:
e ainda:
Nestes três últimos casos (alíneas c), d) e e)), porém, o reconhecimento da perda por
imparidade já será aceite, a partir do momento em que:
A alínea e) do n.º 3 do o n.º 3 do artigo 28.º-B do CIRC, foi, como se assinalou, aditada pela
Lei n.º 71/2018, de 31 de dezembro, que aprovou o OE para 2019. Em consequência disso,
ao elenco das perdas por imparidade em créditos não aceites fiscalmente foram
acrescentados os créditos entre empresas detidas direta ou indiretamente, nos termos do
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
n.º 6 do artigo 69.º do CIRC, em mais de 10% do capital pela mesma pessoa singular ou
coletiva, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1.
Exemplo
20% A 25%
B C
60%
A perda por imparidade que a sociedade D registe em relação a esse crédito é fiscalmente
aceite?
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Até agora, nenhuma disposição legal impedia essa aceitação como custo fiscal.
Com a nova alínea e) do n.º 3 deste artigo 28.º-B, há que verificar se o capital das
sociedades envolvidas – D e C – é detido, direta ou indiretamente, em mais de 10%, por
uma mesma pessoa, singular ou coletiva.
Direta: 0%
Indireta: 20% x 60% 12%
Total 12%
Direta: 25%
Por conseguinte, a perda por imparidade que a sociedade D contabilize em relação ao seu
crédito sobre a sociedade C não é fiscalmente dedutível.
A lei não fixa qualquer regime para as perdas por imparidade que porventura tenham sido
criadas em anos anteriores e que não teriam sido aceites se constituídas ao abrigo da
disciplina ora estabelecida.
Afigura-se-nos que tais perdas por imparidade se deverão manter, a menos que, por
qualquer razão superveniente, se conclua que devem ser revertidas. Nesta última
hipótese, a reversão constituirá rendimento sujeito a tributação, na medida em que a
perda inerente à sua criação foi fiscalmente aceite.
Havendo créditos de cobrança duvidosa sobre empresas públicas, as perdas por imparidade
correspondentes são aceites fiscalmente, uma vez que estas entidades são regidas pelo
direito privado, conforme estipulado no n.º 1 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 558/99, de
17 de dezembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 300/2007, de 23 de agosto).
As perdas por imparidade não serão aceites caso exista aval prestado pelo Estado.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Créditos sobre participadas – Para efeitos da dedução ao lucro tributável de perdas por
imparidade por créditos de cobrança duvidosa, não são de considerar como tal os créditos
sobre empresas participadas em mais de 10% do capital, conforme previsto na alínea d) do
n.º 3 do artigo 28.º-B do CIRC. A participação indireta não é senão uma modalidade de
participação e, assim, no conceito de empresa participada está implicada, também, a
noção modal de participação indireta no capital (Acórdão n.º 0491/06, de 24/01/2007, do
STA).
No que respeita à reversão das perdas por imparidade constituídas, são dois os cenários
possíveis, quanto à sua concorrência para a determinação do lucro tributável de IRC:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O primeiro aspeto a salientar é que este artigo 41.º do CIRC não se destina a suprir a falta
do reconhecimento das perdas por imparidade no exercício em que se verificou existir uma
evidência objetiva de que tal crédito estava em imparidade, ou seja, o artigo 41.º do CIRC
não opera como norma alternativa ao disposto nos artigos 28.º-A e 28.º-B do mesmo
código, não permitindo, por isso, ao sujeito passivo credor optar por apenas reconhecer o
gasto quando o crédito for dado como incobrável.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O regime jurídico da prestação de serviços públicos essenciais foi aprovado pela Lei n.º
23/96, de 26 de julho, e consagra as regras a que deve obedecer a prestação de serviços
públicos essenciais, em ordem à proteção do utente, de acordo com o n.º 1 do artigo 1.º.
Os serviços públicos abrangidos por este regime são, de conformidade com o n.º 2 do artigo
1.º, os serviços de fornecimento de água, energia elétrica, gás natural e gases de petróleo
liquefeitos canalizados, os serviços de comunicações eletrónicas, os serviços postais, a
recolha e tratamento de águas residuais e a gestão de resíduos sólidos urbanos. O mesmo
artigo 1.º, nos seus n.ºs 3 e 4, define que este regime se aplica a todos os utentes e
prestadores de serviços, independentemente de se tratar de entidade pública ou privada.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por sua vez, o artigo 10.º estabelece as regras de prescrição e caducidade, definindo que,
regra geral, o recebimento do valor do serviço prestado prescreve no prazo de seis meses
após a sua prestação.
A leitura do n.º 1 do artigo 41.º do CIRC permite-nos concluir que os créditos incobráveis
apenas podem ser diretamente considerados gastos ou perdas do período de tributação,
desde que não tenha sido admitida perda por imparidade ou esta se mostre insuficiente.
Créditos incobráveis
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Porém, no caso de cedência dos créditos em questão por valor inferior ao respetivo
valor nominal, revestirá a diferença ocorrida a natureza de encargo financeiro
suscetível de reconhecimento fiscal, em princípio, no âmbito da alínea c) do n.º 1 do
artigo 23.º do CIRC” (Ofício n.º 51624, de 22/10/96, da DSIRC).
Não são aceites como gasto fiscal os créditos incobráveis originados por um perdão de
dívidas, uma vez que esta situação não se encontra prevista no artigo 41.º do CIRC.
Uma vez que o presente manual versa unicamente sobre as perdas por imparidade relativas
a dívidas a receber e sobre os créditos incobráveis, vamos apresentar unicamente as
instruções relacionados com essa temática.
Campo 721 – Provisões não dedutíveis ou para além dos limites legais (artigos 19.º, n.º
4 e 39.º) e perdas por imparidade fiscalmente não dedutíveis de ativos financeiros
São de inscrever neste campo as perdas por imparidade de ativos financeiros que não se
enquadrem no âmbito dos artigos 28.º-A a 28.º-C do CIRC.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Campo 718 – Perdas por imparidade em inventários para além dos limites legais (artigo
28.º) e em créditos não fiscalmente dedutíveis ou para além dos limites legais (artigos
28.º-A a 28.º-C)
São inscritas neste campo as perdas por imparidade não fiscalmente dedutíveis, isto é,
aquelas que não respeitem a:
São também acrescidas as perdas por imparidade fiscalmente dedutíveis, na parte que
exceda os limites legais que se encontram previstos no artigo 28.º-B, e no artigo 28.º-C
que remete para o disposto no Decreto Regulamentar n.º 13/2018, de 28 de dezembro.
Exemplo:
A perda por imparidade de dívidas a receber representa o valor (total) dos seguintes
créditos, relativamente aos quais existem provas objetivas de imparidade e de
terem sido efetuadas diligências para o seu recebimento:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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• Crédito sobre Manuel Joaquim, Lda. – Por ser uma empresa participada em mais
de 10%, a perda por imparidade não é considerada gasto para efeitos fiscais
[art.º 28.º-B, n.º 3, alínea d)] - € 60.000,00
• Crédito sobre Vítor Arcanjo – Por não resultar da atividade normal, a perda por
imparidade não é fiscalmente dedutível [artigo 28.º-A, n.º 1, alínea a), “a
contrario”] - € 40.000,00
Campo 722 – Créditos incobráveis não aceites como gastos (artigo 41.º)
Nos termos do artigo 41.º do CIRC, os créditos incobráveis podem ser diretamente
considerados gastos ou perdas do período de tributação, ainda que o respetivo
reconhecimento contabilístico já tenha ocorrido em períodos de tributação anteriores,
em qualquer das seguintes condições, desde que não tenha sido admitida perda por
imparidade ou esta se mostre insuficiente:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
e desde que não tenha sido admitida perda por imparidade ou, sendo-o, esta se mostre
insuficiente.
Os créditos incobráveis que não se enquadrem no referido artigo 41.º devem ser
acrescidos neste campo.
São deduzidas neste campo as perdas por imparidade referidas nestes artigos, que
tenham sido contabilizadas e tributadas em períodos de tributação anteriores, mas que
respeitem fiscalmente a este período de tributação.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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Por força do disposto nos números 6 e 7 do artigo 198.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31 de
dezembro, que aprovou o OE/2013, para efeitos de regularização do IVA dos créditos
incobráveis e de cobrança duvidosa, temos de distinguir entre os créditos vencidos até
31/12/2012 e os vencidos a partir de 01/01/2013, uma vez que são diferentes as regras
aplicáveis.
Com efeito, relativamente aos créditos vencidos até 31/12/2012 temos de aplicar o artigo
78.º do Código do IVA, enquanto para os vencidos a partir de 01/01/2013 são aplicáveis os
artigos 78.º-A a 78.º-D do mesmo Código.
E assim:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Após a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, que aprovou o
Orçamento do Estado para 2013, o n.º 7 do artigo 78.º do Código do IVA apenas é aplicável
aos créditos vencidos até 31/12/2012 e que sejam declarados incobráveis:
De salientar que relativamente aos créditos vencidos até 31/12/2012, mas cuja
incobrabilidade apenas ocorreu a partir de 01/01/2013, apenas é possível regularizar o
IVA:
2
A insolvência é decretada com caráter limitado quando o juiz conclui que o património do devedor não é
presumivelmente suficiente para a satisfação das custas do processo e das dívidas previsíveis da massa insolvente e que essa
satisfação não se mostra garantida por outra forma (artigo 39.º do CIRE).
3
O artigo 156.º do CIRE diz respeito à deliberação da assembleia de credores sobre o encerramento ou
manutenção em atividade do estabelecimento ou estabelecimentos compreendidos na massa insolvente, com
base no relatório do administrador de insolvência.
4
O Decreto-Lei n.º 178/2012, de 3 de agosto, foi revogado pela Lei n.º 8/2018, de 2 de março, que aprovou o
Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE), podendo, porém, os procedimentos de SIREVE que
estivessem em curso, sem que tivesse sido celebrado acordo, ser concluídos ao abrigo do regime em que foram
desencadeados.
71
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
a) O modelo adotado pelo novo CIRE explicita desde o seu início que é a vontade
dos credores que comanda todo o processo. Aos credores compete decidir se o
pagamento se obterá por meio de liquidação integral do património do devedor,
nos termos do regime disposto no CIRE, ou nos que constem de um plano de
insolvência que venham a aprovar, através da manutenção em atividade e
reestruturação da empresa, ou na titularidade do devedor ou de terceiros.
72
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ter ainda em atenção que, de acordo com o estabelecido no CIRE, dentro do prazo fixado
para o efeito na sentença declaratória da insolvência, devem os credores, incluindo o
Ministério Público, na defesa dos interesses das entidades que representem, reclamar a
verificação dos seus créditos, por meio de requerimento, acompanhado de todos os
documentos probatórios de que disponham.
Mesmo o credor que tenha o seu crédito reconhecido por decisão definitiva não está
dispensado de o reclamar no processo de insolvência, se nele quiser obter vencimento.
Assim, sendo qualificada a insolvência com carácter limitado e não sendo requerido o
complemento da sentença, "o processo de insolvência é declarado findo logo que a
sentença transite em julgado, sem prejuízo da tramitação até final do incidente limitado
de qualificação da insolvência".
Efetuadas estas considerações, analisemos como pode ser efetuada a regularização do IVA
nos processos de insolvência.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Formalismos a observar:
Quando a insolvência é decretada com caráter pleno, os credores podem regularizar o IVA:
Com efeito, o plano de insolvência pode conter determinadas providências com incidência
no passivo do devedor, nomeadamente, de acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 196.º
do CIRE:
"O perdão ou redução do valor dos créditos sobre a insolvência, quer quanto ao
capital, quer quanto aos juros, com ou sem cláusula «salvo regresso de melhor
fortuna»".
Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 230.º do CIRE, prosseguindo o processo após a
declaração de insolvência, o juiz declara o seu encerramento após o trânsito em julgado da
decisão de homologação do plano de insolvência, se a isso não se opuser o conteúdo deste.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Estabelece o artigo 214.º do CIRE, relativamente ao prazo para a homologação, que "A
sentença de homologação do plano de insolvência só pode ser proferida decorridos pelo
menos 10 dias sobre a data da respetiva aprovação, ou, tendo o plano sido objeto de
alterações na própria assembleia, sobre a data da publicação da deliberação".
Formalismos a observar:
Este normativo exige que o credor que pretenda proceder à regularização do imposto a seu
favor «comunique» esse facto ao devedor, para que o «adquirente do bem ou serviço que
seja um sujeito passivo do imposto» proceda à «retificação da dedução inicialmente
efetuada». Tratando-se de adquirente que seja um sujeito passivo do imposto e, tratando-
se de um processo de insolvência, a comunicação é feita ao representante do devedor, na
pessoa do administrador da insolvência, tendo em conta o que estabelece o CIRE. Sem esta
comunicação, não é possível aos credores procederem à referida regularização.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“ … para que o sujeito passivo credor possa exercer no processo de insolvência o seu
direito à dedução/regularização, deve ter em seu poder uma certidão emitida pelo
tribunal competente que deve mencionar:
Formalismos a observar:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
g) No SIREVE
Formalismos a observar:
Tenha-se presente que, neste caso, o acordo terá de ser assinado pela empresa, pelo
IAPMEI e pelos credores (que não poderão representar menos de 50% das dívidas apuradas).
O IVA referente a estes créditos deve ser inscrito no campo 40 da declaração periódica do
IVA, o que implica o preenchimento do anexo respeitante às regularizações do campo 40,
aprovado pela Portaria n.º 255/2013, de 12 de agosto.
Para o efeito, terá de ser preenchido o quadro 1-C desse anexo, que seguidamente se
apresenta:
5
A certificação não é, contudo, necessária nos créditos vencidos antes de 01.01.2013 e considerados
incobráveis antes dessa data.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos termos do n.º 8 do artigo 78.º do Código do IVA, os sujeitos passivos podem deduzir o
imposto respeitante a outros créditos vencidos até 31/12/2012 (n.º 6 do artigo 198.º da Lei
n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2013), desde
que se verifique qualquer das seguintes condições:
h) O valor do crédito não seja superior a € 750, IVA incluído, a mora do pagamento
se prolongue para além de seis meses e o devedor seja particular ou sujeito
passivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a
dedução;
k) Os créditos sejam inferiores a € 6000, IVA incluído, deles sendo devedor sujeito
passivo com direito à dedução e tenham sido reconhecidos em ação de
condenação ou reclamados em processo de execução e o devedor tenha sido
citado editalmente;
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Relativamente a todas estas situações, ou seja, nas situações previstas no n.º 8 do artigo
78.º do CIVA, o valor global dos créditos, o imposto a deduzir, a realização de diligências
de cobrança por parte do credor e o insucesso, total ou parcial, de tais diligências, devem
encontrar-se documentalmente comprovados, fazer parte do dossier fiscal e ser
certificados por revisor oficial de contas.
Nos casos em que o devedor é um sujeito passivo com direito a dedução, ou seja, na
situação prevista na alínea d) do n.º 8 do artigo 78.º do CIVA, o fornecedor terá de
comunicar ao seu cliente a anulação, total ou parcial, do imposto, para efeitos de
retificação da dedução inicialmente efetuada, devendo a comunicação conter os seguintes
elementos:
De acordo com o n.º 17 do artigo 78.º do CIVA, aditado pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de
dezembro, disposição apenas aplicável aos créditos vencidos até 31/12/2012, o disposto no
n.º 8 não é aplicável quando estejam em causa transmissões de bens ou prestações de
serviços cujo adquirente ou destinatário constasse, no momento da realização da
operação, da lista de acesso público de execuções extintas com pagamento parcial ou por
não terem sido encontrados bens penhoráveis.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No caso de a regularização ser feita nos termos da alínea a) do n.º 8 do artigo 78.º do CIVA,
ou seja, nos casos de regularizações cujo crédito não seja superior a € 750, IVA incluído,
cujo devedor seja particular ou sujeito passivo sem direito à dedução, deve ser preenchido
o Quadro 2 do anexo referente ao campo 40 da declaração periódica de IVA, a seguir
apresentado.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por outro lado, determina o n.º 1 do artigo 20.º, que só pode deduzir-se o imposto
que tenha incidido sobre bens ou serviços adquiridos, importados ou utilizados pelo
sujeito passivo para a realização das operações de transmissões de bens e prestações
de serviços sujeitas a imposto e dele não isentas, nos termos da alínea a), ou nas
operações elencadas na alínea b).
O artigo 78.º do CIVA, nos seus n.ºs 7 e 8, permite aos sujeitos passivos (que
efetuaram as respetivas prestações de serviços ou transmitiram os respetivos bens),
que reúnam os respetivos requisitos, a dedução/regularização do imposto
respeitante a créditos considerados incobráveis, tendo sempre presente, ainda, os
requisitos estabelecidos para o exercício do direito à dedução, e atrás referidos,
que, como se viu, é um direito pessoal inseparável da pessoa do cedente.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nestes termos, apesar de a requerente ser titular dos referidos créditos adquiridos
por compra, através de um contrato de cessão de créditos, não é possível proceder à
dedução/regularização do respetivo IVA”.
3.1.4. Prazo para efetuar a regularização relativamente aos créditos vencidos até
31/12/2012
e) Considerados incobráveis.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
CRÉDITOS DE CRÉDITOS
COBRANÇA DUVIDOSA INCOBRÁVEIS
No caso de créditos vencidos a partir de 01/01/2013, foi alterado o conjunto das situações
para as quais é permitida a dedução (regularização) do IVA respeitante a créditos
considerados de cobrança duvidosa, evidenciados como tal na contabilidade.
O legislador transpôs para o Código do IVA uma disciplina similar à que existe no Código do
IRC em matéria de créditos de cobrança duvidosa, considerando como tais aqueles que
apresentem um risco de incobrabilidade devidamente justificado.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para este efeito e de conformidade com o n.º 3 do artigo 78.º-A do CIVA, considera-se que
o vencimento do crédito ocorre (6):
6
Sobre a definição do que se considera por data do vencimento ver as informações vinculativas n.ºs 11742, com
despacho de 25/10/2017 e 12529, com despacho de 24/01/2018.
7
Sobre esta matéria ver a informação vinculativa n.º 13152, com despacho de 03/05/2018, que além de
esclarecer que o descoberto obrigatório corresponde ao valor do capital seguro que o segurado não pode fazer
garantir em virtude de uma disposição legal, regulamentar ou contratual, também firma o entendimento que o
crédito não é cindível, isto é, engloba a base tributável e respetivo IVA, pelo que o reembolso/indemnização
por parte da seguradora inclui, independentemente do tipo de cobertura contratada, o imposto
correspondente.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se não for notificada pela AT decisão expressa sobre o pedido no prazo de oito meses,
presume-se o indeferimento para créditos iguais ou superiores a € 150 000, IVA incluído,
por fatura. No caso de créditos de valor inferior presume-se o deferimento.
8
Ver sobre este assunto a informação vinculativa n.º 13026, com despacho de 13/03/2018.
9
Ver sobre este assunto a informação vinculativa n.º 12692, com despacho de 07/03/2018.
10
Sobre a possibilidade de apresentação de pedido de autorização prévia quando a sociedade devedora seja
dissolvida no decurso de um processo executivo, ainda que haja bens penhoráveis, ver a informação vinculativa
n.º 11425, com despacho de 17/03/2017.
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Os pedidos de autorização prévia, que devem ser apresentados pelo sujeito passivo ou por
contabilista certificado a quem tenham sido atribuídos poderes para o efeito, devem
obedecer aos requisitos estabelecidos na Portaria n.º 172/2015, de 5 de junho, que
seguidamente se indicam.
j) Podem ser incluídas no pedido uma ou várias faturas, desde que estas sejam
referentes ao mesmo adquirente e tenham sido certificadas pelo mesmo ROC.
k) NIF do adquirente;
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
(3) Será o momento para este apresentar a sua defesa, podendo apresentar prova
de que já pagou, no todo ou em parte, a dívida ou que o seu crédito não se
encontra em mora.
(4) Não fazendo prova de nenhum destes factos, ou caso não se pronuncie, o
devedor será notificado pela AT para regularizar o IVA que foi por ele deduzido,
sob pena de, não o fazendo, lhe ser efetuada uma liquidação adicional.
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A regularização por parte do devedor é efetuada nos termos do artigo 78.º-C do CIVA e
implica o preenchimento do quadro 1-E do anexo referente ao campo 41, que
seguidamente se apresenta:
Quanto ao credor, verá a regularização deferida pela AT, pelo que poderá mencionar o
respetivo valor no campo 40 da declaração periódica, juntando o anexo respetivo, onde
preencherá o quadro 1-F.
Quanto ao prazo para a regularização do imposto a favor do sujeito passivo, refere o n.º 8
do artigo 78.º-B do CIVA, que essa regularização deve ser efetuada na declaração
periódica, até ao final do período seguinte àquele em que se verificar o deferimento do
pedido de autorização prévia.
Como se disse antes, o pedido de autorização prévia, considera-se indeferido se não for
apreciado pela AT no prazo de 8 meses.
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Neste caso, o credor preencherá o quadro 1-G do anexo 40, nos moldes seguintes:
Relativamente aos créditos de cobrança duvidosa há uma questão muito importante que se
coloca e que é a seguinte:
(g) Para a regularização do imposto dos créditos incobráveis, a lei exige que
o facto relevante ocorra em momento anterior ao referido no n.º 2 do
artigo 78.º-A;
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para uma perfeita compreensão do que acaba de ser dito, permitimo-nos, com a devida
vénia, transcrever um artigo de opinião de Ana Cristina Silva, consultora da Ordem dos
Contabilistas Certificados, publicado em 09/01/2017 no Jornal de Negócios, com o qual
concordamos integralmente:
“ … pode ocorrer que o sujeito passivo devedor tenha, contra si, um processo de
execução, ou que se encontre no âmbito de um processo de insolvência, ou um
processo especial de revitalização ou ainda um processo através do Sistema de
Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial. Nestes casos, pode não ser
percetível para o credor que as duas formas de regularização do IVA, por créditos
incobráveis ou em créditos de cobrança duvidosa, concorrem entre si, excluindo-se
mutuamente.
Clarificando, tome-se como exemplo, o caso de uma empresa que está com um
processo de insolvência desde maio de 2015 e em que um dado credor está a
reclamar créditos vencidos em novembro de 2014. No cenário em que o processo de
insolvência se prolongue por muito tempo, o credor não pode cingir as suas
expetativas de regularização do IVA ao desfecho deste processo. Tem de continuar a
atender ao prazo de mora de 24 meses e demais condições de regularização do IVA
em créditos de cobrança duvidosa.
Tratando-se de créditos vencidos em novembro de 2014, em novembro de 2016
completam-se os 24 meses de mora, pelo que, se nesta data ainda não se deu o
trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos prevista no
Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas ou a homologação do plano
objeto da deliberação da assembleia de credores (no caso de insolvência de caráter
pleno), então o credor terá de, obrigatoriamente, efetuar um pedido de autorização
prévia à AT para poder regularizar o IVA de tais créditos. Como se verificaram
primeiro as condições para a dedução do IVA a favor do sujeito passivo, relativas a
créditos de cobrança duvidosa, é esse o mecanismo que terá de acionar. Fica
excluída a possibilidade de tal dedução se fazer, em momento posterior, usando as
disposições relativas a créditos incobráveis.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Note-se que o prazo para efetuar o pedido prévio à AT é de apenas seis meses, pelo
que uma desatenção pode impossibilitar, definitivamente, a regularização do IVA
não pago pelo cliente”.
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k) Créditos incobráveis
Os sujeitos passivos podem, ainda, nos termos do n.º 4 do artigo 78.º-A do Código do IVA,
sem necessidade de pedido de autorização prévia (n.º 3 do artigo 78.º-B), deduzir o IVA
relativo a:
Note-se que para a regularização do IVA dos créditos considerados incobráveis, o CIVA
exige que o facto relevante ocorra em momento anterior ao referido no n.º 2 do artigo
78.º-A do CIVA.
Por outro lado, e nos termos do n.º 5 do artigo 78.º-A, a dedução do imposto nestes termos
exclui a possibilidade de dedução nos termos do n.º 2.
De harmonia com o n.º 4 do artigo 78.º-A do Código do IVA, os sujeitos passivos podem
deduzir o IVA relativo a créditos considerados incobráveis:
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nestes casos e por força do n.º 9 do artigo 78.º-B, aditado pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de
dezembro, que aprovou o OE para 2014, o credor terá de comunicar ao devedor, que seja
sujeito passivo de IVA, a anulação total ou parcial do imposto, para efeitos de retificação
da dedução inicialmente efetuada, devendo esta comunicação identificar as faturas, o
montante do crédito e do imposto a ser regularizado, o processo ou acordo em causa, bem
como o período em que regularização é efetuada.
Analisando em mais pormenor as condições exigidas para se poder regularizar o IVA dos
créditos incobráveis vencidos a partir de 01/01/2013, podemos concluir o seguinte:
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• Certidão comprovativa de que o crédito foi julgado extinto por não terem
sido encontrados bens penhoráveis;
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Quando a insolvência é decretada com caráter pleno, os credores podem regularizar o IVA:
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Os credores podem regularizar o IVA incluído na parte perdoada, quando seja proferida
sentença de homologação do plano de revitalização que preveja o não pagamento
definitivo do crédito (nova redação introduzida pela Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro, que
aprovou o OE para 2018).
o) No SIREVE
Tenha-se presente que, neste caso, o acordo terá de ser assinado pela empresa, pelo
IAPMEI e pelos credores (que não poderão representar menos de 50% das dívidas apuradas).
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O RERE, criado pela Lei n.º 8/2018, de 2 de março, constitui uma medida que permite a
um devedor em situação económica difícil ou em insolvência iminente iniciar negociações
com os seus credores para tentar um acordo de recuperação.
De conformidade com a alínea e) do n.º 4 do artigo 78.º-A do CIVA, aditada pela referida
Lei n.º 8/2018, os credores podem regularizar o IVA incluído na parte perdoada quando for
celebrado o acordo de reestruturação e efetuado o respetivo depósito na Conservatória do
Registo Comercial, desde que o acordo cumpra com o disposto no n.º 3 do artigo 27.º do
RERE e do qual resulte o não pagamento definitivo do crédito.
De conformidade com o n.º 3 do artigo 27.º do RERE, para os efeitos previstos no n.º 1, o
acordo de reestruturação deve ser acompanhado de declaração, redigida em língua
portuguesa, emitida por revisor oficial de contas a certificar que o acordo de
reestruturação compreende a reestruturação de créditos correspondentes a, pelo menos,
30 % do total do passivo não subordinado do devedor e que, em virtude do acordo de
reestruturação, a situação financeira da empresa fica mais equilibrada, por aumento da
proporção do ativo sobre o passivo, e os capitais próprios do devedor são superiores ao
capital social.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Relativamente a estes créditos é exigido que um revisor oficial de contas certifique que se
encontram verificados os requisitos legais para a dedução do IVA (11).
• Notificação ao devedor;
s) Notificação ao devedor
11
A certificação não é, contudo, necessária nos créditos vencidos antes de 01.01.2013 e considerados
incobráveis antes dessa data.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No caso de créditos incobráveis, o credor está obrigado a notificar o devedor de que vai
proceder à regularização do IVA a seu favor, para que este efetue a regularização
correspondente a favor do Estado. Ver sobre esta matéria os acórdãos do TJUE e do STA, a
que fizemos alusão no ponto 3.1.1.2.2 do presente manual.
Em caso de insolvência (com caráter pleno), a notificação deve ser efetuada na pessoa do
administrador de insolvência.
Esta questão foi apreciada pelo CAAD no Processo n.º 605/2018-T, cuja decisão foi
proferida em 19/06/2019.
Está em causa, pois, uma comunicação a um adquirente que seja um sujeito passivo
de imposto. A AT sustenta que o devedor era sujeito passivo de IVA à data da
regularização, enquanto a recorrente entende que não.
Por sua vez, é o seguinte o teor da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA:
101
Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
12
O Imposto sobre o Valor Acrescentado, Almedina, 2015, pág. 129.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ter em atenção que, relativamente aos créditos vencidos até 31/12/2012, mas
considerados incobráveis a partir dessa data, se exige no artigo 78.º do CIVA que um
revisor oficial de contas certifique que se encontram verificados os requisitos legais para a
dedução do imposto (13).
• Identificação do adquirente,
De harmonia como n.º 6 do artigo 78.º-A do CIVA não são considerados créditos incobráveis
ou de cobrança duvidosa:
13
A certificação não é, contudo, necessária nos créditos vencidos antes de 01.01.2013 e considerados
incobráveis antes dessa data.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nos termos do n.º 3 do artigo 78.º-C do CIVA, em caso de recuperação, total ou parcial, dos
créditos, os sujeitos passivos que hajam procedido anteriormente à dedução do IVA
associado a créditos de cobrança duvidosa ou incobráveis, devem entregar o imposto
correspondente ao montante recuperado com a declaração periódica a apresentar no
período do recebimento, sem observância do prazo previsto no n.º 1 do artigo 94.º do CIVA,
ficando a dedução do imposto pelo adquirente dependente da apresentação de pedido de
autorização prévia (14).
14
Esta norma determina que a obrigação de entrega do imposto correspondente à recuperação, total ou parcial, de
créditos de cobrança duvidosa ou incobráveis, relativamente aos quais o sujeito passivo haja anteriormente
procedido à dedução do imposto a eles associado, não se encontra limitada pelo prazo de caducidade previsto no n.º
1 do artigo 94.º.
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Perdas por imparidade e créditos incobráveis - aspetos contabilísticos e fiscais
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y) Situações especiais
Efetuada a análise dos artigos 78.º e 78.º-A a 78.º-D do CIVA, temos de referir que há
algumas situações especiais relacionadas com a regularização do IVA dos créditos de
cobrança duvidosa e dos créditos incobráveis, que vamos seguidamente analisar.
Assim:
Para o efeito, o credor que já cessou a atividade terá de solicitar esse reembolso à Direção
de Serviços de Cobrança, juntando ao pedido os elementos comprovativos da
incobrabilidade do crédito, concretamente, a certidão judicial comprovativa da
incobrabilidade do crédito e a certificação de um revisor oficial de contas.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
encontrava-se no regime de isenção do artigo 53.º do CIVA à data em que o crédito foi
reconhecido como incobrável num processo de insolvência.
Também aí foi decidido que a regularização do IVA tem de ser efetuada através de pedido
de reembolso oficioso.
A AT pronunciou-se sobre este assunto na Informação Vinculativa n.º 1204, que mereceu
despacho favorável de 27/10/2010, no seguinte sentido:
Nos termos do n.º 3 do artigo 72.º, "As faturas ou documentos equivalentes emitidos
pelos revendedores devem conter a indicação do preço líquido, da taxa aplicável e
do montante de imposto correspondente ou, em alternativa, a indicação do preço
com inclusão do imposto e da taxa aplicável".
Tal como estabelece o n.º 1 do artigo 71.º do CIVA, os revendedores não podem
deduzir o imposto devido ou pago nas aquisições de combustíveis líquidos quer estas
tenham sido efetuadas no mercado nacional, em aquisições intracomunitárias ou em
importações.
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BIBLIOGRAFIA
TAVARES, N. (2016). Perdas por Imparidade e Créditos Incobráveis em IVA e IRC. Manual do
Curso de Formação Segmentada SEG0716 – OCC – Ordem dos Contabilistas Certificados.
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