Você está na página 1de 60

INVENTÁRIOS E ATIVOS BIOLÓGICOS

Módulo 2 – PARTE II

3. Sistemas de inventário

Quando os inventários forem vendidos, a quantia escriturada desses inventários deve ser
reconhecida como um gasto do período em que o respetivo rédito seja reconhecido (NCRF
18, §34).

Princípio do balanceamento: o rédito e os gastos que se relacionem com a mesma tran-


sação são reconhecidos simultaneamente.

» O que se pretende com a movimentação das contas de inventários?

1. Conhecimento do valor dos stocks que a empresa detém [BALANÇO];

2. Apuramento do custo das mercadorias vendidas (e das matérias consumidas) e, con-


sequentemente, do resultado [DEM. RESULTADOS].

Estes objetivos alcançam-se de duas formas possíveis:

SIP - Sistema de Atualização dos


inventário inventários durante o
permanente período económico
Duas possibilidades
SII - Sistema de Atualização dos
inventário inventários no final do
intermitente exercício económico

EMPRESAS COMERCIAIS

3.1. Sistema de Inventário Permanente (SIP)

NOTA: À quantidade física deve ser aplicado o respetivo custo unitário determinado pela
fórmula de custeio utilizada pela empresa (custo específico, FIFO, CMP) para determinar o custo total
dos inventários em stock em cada data, bem como o CMVMC até determinada data.

1
» Saliente-se que não é obrigatória a contabilização dos stocks (entradas e saídas) ope-
ração a operação para que se esteja a adotar o SIP pois tal não resulta do disposto no artigo
12.º anterior. Pode ser efetuado por grupos (lotes).
» Basta que haja um sistema de controlo dos inventários (quantidades, custos unitários
e globais) extra-contabilístico (ex.: sistemas de controlo e gestão de stocks - informáticos ou
manuais dependendo da dimensão da estrutura organizativa da entidade), que torne possí-
vel, em qualquer momento, obter o custo dos inventários e o custo das vendas (e das ma-
térias-primas consumidas) de modo a preparar um Balanço e uma Demonstração dos Re-
sultados.
» Portanto, o procedimento de controlo permanente pode ser um processo meramente
extra-contabilístico, e não um procedimento de registo contabilístico.
» A determinação do custo dos inventários e do custo das vendas, no programa de gestão
de stocks, tem que ser efetuada operação a operação, mas os respetivos registos contabi-
lísticos do apuramento do custo dos inventários (conta 3x) e custo das vendas (conta 61) (ou
variação dos inventários de produção - conta 73) podem ser efetuados numa base mensal
com base nos dados extra-contabilísticos das movimentações de stocks (entradas e saídas)
extraídas dos programas de gestão de stocks, para que seja possível, pelo menos no final de
cada mês, preparar um Balanço e uma Demonstração dos Resultados até essa data.
» De qualquer forma, se a entidade tiver dimensão e complexidade suficiente, pode efe-
tuar os registos contabilísticos operação a operação de inventários, não sendo tal procedi-
mento uma obrigação no sistema de inventário permanente.

Nota: nos nosso exercícios vamos assumir que para cada entrada e saída de bens são movi-
mentadas as contas de inventários:

Empresa comercial

1º movimento: reconheci-
mento da compra

2º movimento:
atualização do inventário

3º movimento:
reconhecimento da venda

2
Consequentemente, “PERMANENTEMENTE” obtém-se na contabilidade:
Balanço

» Na conta 32: o valor dos inventários em armazém, avaliados a preço de custo.

» Na conta 61, o custo das vendas: esta conta é debitada pelo custo dos bens armazena-
dos que foram vendidos ou consumidos, em contrapartidado crédito das respetivas con-
Dem. Res.

tas de inventários (32/33/37);

» O Resultado Bruto das Vendas (RBV): Vendas (saldo conta 71) – CMVMC (saldo conta
61)

CONTA 31:

» Permite conhecer o valor das mercadorias, matérias-primas,..., adquiridas no


período.

» Sendo uma conta transitória [subsidiária], é saldada uma vez que os valoresnela
inscritos são transferidos para a respetiva conta de inventários (32/33/37).

» Por que valor?


Conta 31 = Preço de compra líquido + Custos diretamente atribuíveis à compra
Nota: custos de marketing, custos administrativos e despesas de publicidade não são
considerados despesas de compra!!! São gastos para a entidade.

CONTA 38 - Reclassificação e Regularização de Inventários e Ativos Biológicos

» Esta conta destina-se a registar todas as variações em inventários que não sejam deri-
vadas de compras, vendas ou consumos.
A conta 38 é uma conta mista (tanto
EXEMPLOS: pode ser do ativo como do passivo). É
uma conta transitória (tem que ser
Quebras de inventários;
saldada).
Sobras de inventários; Registo:
Ofertas de inventários (saídas e entradas); A crédito pelas entradas em arma-
Sinistros; zém
Transferências para e de Ativos Fixos Tangíveis; A débito pelas saídas de armazém

» Esta conta não surge no balanço (conta subsidiária) visto servir para regularizar o saldo
das contas 32,33,34,36.

» Esta conta é transitória e portanto no final do período económico apresenta-se sempre


saldada. O momento em que é saldada é que varia em função do sistema de inventário
utilizado:
o SIP – Sistema de Inventário Permanente: a transferência do saldo é permanente;
o SII – Sistema de Inventário Intermitente: a transferência é apenas efetuada no final
do período.

OBRIGATORIEDADE do sistema de inventário permanente


3
Dispensas da obrigatoriedade do SIP:
1. Microentidades

2. Entidades que exerçam as seguintes atividades:


a. Agricultura, produção animal, apicultura e caça;
b. Silvicultura e exploração florestal;
c. Indústria piscatória e aquicultura;
d. Pontos de vendas a retalho que, no seu conjunto, não apresentem, no período
de um exercício, vendas superiores a € 300.000 nem a 10% das vendas globais
da respetiva entidade.

3. Entidades cuja atividade predominante consista na prestação de serviços, o que se veri-


fica se o CMVMC não exceder € 300.000 nem 20% dos respetivos custos operacionais.

3.2. Sistema de inventário intermitente ou periódico

» Durante o período económico:


o O saldo da conta 31 (e 38) não é transferido para a conta 32;
o Quando se efetua uma venda apenas se regista o rédito da venda, mas não o gasto,
nem a saída de armazém;
o O CMVMC é determinado no final do período, extra-contabilisticamente (mate-
maticamente), após a determinação do valor do inventário final por contagem fí-
sica.

» A conta de mercadorias não é movimentada durante o período económico, pelo que o


seu saldo representa o valor do inventário inicial do período (inventário final do período
anterior).

» O valor dos stocks em armazém só é refletido na contabilidade periodicamente, normal-


mente no final do período pois é nesta altura que as empresas fazem a inventariação
direta dos bens em stock (inventário físico anual) por forma a confirmarem os valores
constantes no sistema informático do armazém.

Em resumo, no final do período, há um trabalho de retificação a efetuar que consistirá em:


» Elaborar o inventário físico e mensuração das mercadorias a 31/12/N;
» Saldar a conta Compras (31) por contrapartida da conta 32;
» Saldar a conta de Rec. e Regularização de Inventários e A. B. (38) por contrapartida da
conta 32;
» Determinar, extra-contabilisticamente, o CMV e proceder ao seu registo.

4
Apuramento do CMVMC (SII) – Exemplo de uma empresa comercial

Saldo inicial de Conta 311


mercadorias (32) Mensuração dos inventários
APLICAÇÃO PRÁTICA

Concretize os lançamentos supra-indicados, assumindo:


• 311 – SD – 3.000€
• 317 – SC – 100€
• 318 – SC – 500€
• 38 - SD – 80€
• Contagem física stocks: 1.500€; Stock inicial: 900€

1º PASSO: Saldar a conta Compras (31)

2º passo: Saldar a conta Regularização de Inventários (38)

80 80 80

3º passo: determinar o valor do CMVMC (61)

4º passo: reconhecer o valor do CMVMC (61)

Módulo 2 – PARTE III


5
EMPRESAS INDUSTRIAIS

» Nas empresas comerciais temos entradas em armazém (de mercadorias) por via das com-
pras, e saídas de armazém (gasto!) por via das vendas.

» Nas Empresas Industriais temos entradas em armazém de matérias-primas, subsidiárias


e de consumo por via das compras, e saídas deste armazém (gasto!) por via da entrada
em produção.

» Além do referido, nas empresas industriais há também entradas em armazém de produ-


tos resultantes da produção.

» O custo de produção engloba porém, não apenas o custo das matérias-primas (61), sub-
sidiárias e de consumo, como também muitos outros, tais como mão de obra do pessoal
da produção, depreciações dos equipamentos utilizados, subcontratos, luz, etc. Como to-
dos estes custos de produção já se encontram contabilizados na classe 6 de acordo com
a sua natureza (conta 62, 63, 64…), não voltamos a contabilizar senão estaríamos perante
uma duplicação de gastos!

» Assim, por força do Princípio do Balanceamento, utiliza-se a conta 73 – Variações nos


Inventários da Produção, para que se reconheça como rendimento toda a produção aca-
bada independentemente de ser ou não vendida.

» A demonstração dos resultados da empresa industrial apresenta a seguinte linha adicional


(inexistente na Dem. Resultados da empresa comercial ou de serviços!!):

+/-

6
Empresa comercial vs. Empresa industrial

Resposta
Conceito Questão associada
Emp. Comercial Emp.Industrial
Gasto = consumo Qual o recurso adquirido?
de recursos (redu- Mercadoria MP, MS e de consumo
ção de benefícios Quando é o mesmo
económico/patri- consumido? Venda Entrada em produção
mónio) Qual o registo 611 (d) 612 (d)
contabilístico? 32 (c) 33 (c)
Rendimento =au- Qual a principalforma
mento de benefí- de rendimento? Venda Toda a produção (ven-
cios económicos / didaou não vendida)
património
Registo contabilístico do
rendimento? Conta Conta 71 corrigida pelaconta
71 73

Sistema de Inventário Permanente (EMPRESAS INDUSTRIAIS) Vejamos a movimentação


contabilística (SIP)

Pela entrada em armazém de produtos acabados (resultantes da produção):


RENDIMENTOS ATIVO

Pela saída de armazém de produtos acabados (aquando da venda):

Saldo da conta 34: Saldo inicial + Entradas – saídas = inventário final

EM SÍNTESE:

AMBOS A PREÇO DE CUSTO!

7
CONTA 73

APLICAÇÃO PRÁTICA

Considere os seguintes dados relativos ao ano N:

Vendas = €500.000
Produção vendida = €100.000
Produção acabada = €80.000

Qual o rendimento do ano N?


Como é apresentado na Dem. Resultados?

8
CONTA 73

APLICAÇÃO PRÁTICA

Considere os seguintes dados relativos ao ano N:

Vendas = €500.000
Produção vendida = €80.000
Produção acabada = €100.000

Qual o rendimento do ano N?


Como é apresentado na Dem. Resultados?

CONTA 73

9
Sistema de Inventário Intermitente (EMPRESAS INDUSTRIAIS)

» Vimos que se a empresa utiliza o SIP, efetuam-se os registos contabilísticos tal que o Saldo
da conta 34: Saldo inicial + Entradas – saídas = inventário final

» No SII, não se movimenta a conta 34 (35 e 36) durante todo o ano, pelo que esta exibe
apenas o seu saldo inicial.

» Assim se conclui, que no âmbito do SII, e no que respeita aos inventários provenientes da
produção (produtos acabados, produtos em curso e subprodutos), no final do período
contabilístico, há que substituir os inventários iniciais pelos inventários finais (contas
34, 35 e 36). Como?
o Através da conta 73 – Variações nos inventários da produção:

PORTANTO: NO SII, relativamente aos inventários provenientes da produção, no final


do período económico, a conta 34 (bem como a 35 e 36) é creditada pelo seu saldo
inicial (para anular este valor) e debitada pelo valor do inventário final, sempre por
contrapartida da conta 73 – Variações nos inventários da produção.

VP = Exist. Final – Exist. Inicial

VP = SF (34+35+36) – SI (34+35+36)

EM SÍNTESE:

Um saldo devedor da conta 73 significará uma redução de rendimentos.


Um saldo credor da conta 73 significará um aumento de rendimentos.

10
IVA E OPERAÇÕES COM TERCEIROS

Módulo 3 – PARTE I

1. Considerações introdutórias, sujeição e isenção

CONTA 24 – Estado e outros entes públicos

CONTA 243 – Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)


Esta subconta destina-se a registar as situações decorrentes da aplicação do Código
do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA).

Subcontas previstas pelo snc para a contabilização do iva:

2431 - IVA SUPORTADO – não é obrigatório


2432 - IVA DEDUTÍVEL – através das compras (o Estado restitui este valor às empresas, após
o mês ou trimestre, pela apresentação da declaração do IVA)
2433 - IVA LIQUIDADO – através das vendas (a empresa tem que pagar ao Estado o IVA que
cobrou ao consumidor)
2434 - IVA REGULARIZAÇÕES – regularizar situações (ex.: devoluções de compras/vendas)
2435- IVA APURAMENTO – apurar se temos que pagar ou recuperar o IVA (preenchimento
da declaração do IVA e registo contabilístico do mesmo)
2436- IVA A PAGAR
2437- IVA A RECUPERAR
(2438- IVA REEMBOLSOS PEDIDOS)
(2439- IVA LIQUIDAÇÕES OFICIOSAS)

Estão sujeitas a IVA:


» Transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas em território nacional, a título
oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal;
» Importações dos bens, ou seja, as aquisições efetuadas a países não pertencentes à
União Europeia (países terceiros);
» Operações (aquisições) intracomunitárias efetuadas no território nacional, tal como
são definidas e reguladas no RITI - Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias.

O IVA é um imposto:
» De base comunitária;
» Indireto: não tem em conta a capacidade tributária dos contribuintes (i.e. o seu nível de
rendimentos.
» Geral sobre o consumo: incide sobre a generalidade das despesas de consumo de
bens e serviços.
» Plurifásico: tributa o consumo em todas as suas diferentes fases do circuito económico,
isto é, o IVA incide de cada vez que existe uma transação.
» Não cumulativo, i.e. com pagamentos fracionados: não se pretende que se vá acumu-
lando, pois por força do “método do crédito de imposto ou método subtrativo indireto”
recai apenas sobre o valor acrescentado que se vai criando na cadeia económica, nome-
adamente sobre a diferença entre o valor de venda dos bens e serviços e o valor das
compras que os incorporam.
» Neutro: geralmente não é suportado pela empresa, recaindo apenas no consumidor
11
final. Isto porque o iva é um imposto sobre o consumo final, enquanto que a empresa
no circuito económico não é a consumidora final.

NOTAS:
» Valor tributável ou base de incidência: o valor sobre o qual incide a taxa do imposto será
constituído pelo valor das vendas e serviços constantes da fatura com exclusão de des-
contos, bónus ou abatimentos.
» À possibilidade de subtrair o IVA suportado nas faturas dos fornecedores chama-se direito
à dedução (método do crédito de imposto ou método subtrativo indireto).
» Apuramento do imposto: O valor a pagar ao Estado será a diferença entre o valor liqui-
dado nas vendas e o valor suportado nas compras.

A dedução é o mecanismo fundamental do IVA:

Nota: quando existe um desconto, 1º deduzimos o valor do mesmo, para obtermos a base tributável
sobre a qual vai incidir o IVA.

Exemplo: A empresa paga ao es-


tado, pois o IVA liqui-
dado é superior ao IVA
IVA liquidado IVA dedutível dedutível

Nota: É mais comum, portanto, as empresas terem IVA a pagar do que IVA a recuperar, pois
significa que as vendas foram superiores às aquisições.
Existirá, eventualmente, IVA a recuperar na fase de investimentos da empresa, na
dificuldade de escoamento de stock em ajustamento proporcional nas compras e exporta-
dores.

12
APLICAÇÃO PRÁTICA

Admita-se um determinado circuito económico com os seguintes intervenientes e preencha


os espaços laranja:

Conclusões deste exercício:

» Não é a empresa que suporta o IVA: o produtor e os intermediários do comércio não


são afetados pelo imposto, pois entregam ao Estado a diferença entre o que cobram a ju-
sante e o que pagam a montante - A EMPRESA É UM COLETOR DE IMPOSTOS AO SERVIÇO
DO ESTADO!
» É o Consumidor final que suporta o IVA: adquire o bem por 270,6 que resulta de 220 +
o IVA de 50,6.
» Os 50,6 são entregues nos cofres do Estado através de pagamentos fracionados efetu-
ados pelos 3 primeiros agentes económicos.
» O imposto incide sobre todas as fases do circuito económico.
» O imposto final é proporcional ao preço de venda final do bem (23% de 220).

CÁLCULOS:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝐼𝑉𝐴


𝑰𝑽𝑨 = × 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐼𝑉𝐴
1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎
Valor sem iva

𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒄𝒐𝒎 𝑰𝑽𝑨 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑠𝑒𝑚 𝐼𝑉𝐴 × (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎)

Em todos os nossos exercícios vamos assumir que os valores indicados não incluem IVA,
exceto se tal for mencionado explicitamente!

13
1.1. Isenções

Regra Geral: Só quem liquida IVA nas vendas e prestação de serviços é que tem direito a
deduzir o IVA suportado nas aquisições.

Nota: o valor do IVA, no âmbito das aquisições, é sempre calculado. Mas pode ser dedu-
tível ou não. Se tivermos uma empresa que utiliza a isenção completa, este IVA é dedu-
tível e deve ser lançado na conta 24. Quando estamos perante um sujeito passivo que
não pode deduzir o IVA – isenção simples/incompleta – então o IVA trata-se de um im-
posto não-dedutível, mas deve ser sempre somado ao valor líquido e lançado o valor ob-
tido na conta compras (31).

A. ISENÇÃO SIMPLES OU INCOMPLETA

» O sujeito passivo não liquida IVA - o que sucede em diversas prestações de serviços -
mas também não pode deduzir o IVA suportado nas aquisições;
» O IVA suportado é uma componente do custo dos seus produtos/serviços sendo re-
percutido no preço de venda (IVA oculto).

APLICAÇÃO PRÁTICA

IVA não dedutível: o fornece-


dor tem que vender com IVA,
mas o cliente em isenção sim-
ples não o deduz, i.e., não o
pode entregar ao estado

Sobre a empresa cliente em isenção simples:


1- Qual a margem bruta?
O sujeito passivo suporta 230€ de IVA
Margem bruta = 2000 – 1230 = 770
IVA não dedutível: deve ser somado ao custo de aquisição

2 – O cliente em isenção simples tem alguma relação com o Estado do ponto de vista do
IVA?
Não. Não liquida nem deduz o IVA.

14
B. ISENÇÃO COMPLETA

» É uma isenção na verdadeira aceção da palavra, porque o sujeito passivo não liquida
o IVA nas suas operações, mas tem direito a deduzir o IVA suportado nas aquisições;

» É o que sucede nas vendas de bens para países comunitários ou terceiros.

APLICAÇÃO PRÁTICA

IVA dedutível: o fornecedor


vende com IVA e o cliente em
isenção completa deduz, i.e.,
entrega-o ao estado.

Sobre a empresa cliente em isenção completa:


1- IVA dedutível
Deduz IVA = 230

2- IVA liquidado
Não liquida o IVA (=0)

3- IVA a recuperar?
IVA a recuperar = 230 (230-0) IVA liquidado < IVA dedutível

4- Margem bruta
Margem bruta = Vendas – CMVMC = 2000 – 1000 = 770
IVA dedutível: não pode ser somado ao valor líquido (1000)

EM SÍNTESE:

15
1.2. Taxas

Estão previstas no art.º 18º do CIVA e variam conforme:


» As operações sejam realizadas no Continente ou nas Regiões Autónomas;
» A natureza da transação.

1.3. Desdobramentos

As contas 2431 (IVA Suportado) e 2432 (IVA Dedutível) devem ser subdivididas de acordo
com:

1º) O que se está a adquirir (bem, serviço, investimento,...)


2º) A sua origem (mercado nacional/internacional)
3º) A taxa aplicável

2. Conta 2431 – IVA SUPORTADO

» Conta de uso facultativo.


» Debita-se pelo IVA suportado em todas as aquisições de inventários (2431.1), investi-
mentos (2431.2) ou outros bens ou serviços (2431.3).
» Credita-se por contrapartida de:
• Parcelas dedutíveis: subconta 2432- IVA dedutível, e
• Parcelas de imposto não dedutível: contas inerentes às respetivas aquisições ou
subconta 6812 – Impostos Indiretos quando for caso disso, nomeadamente por
dificuldades de imputação a gastos específicos.

Conta de utilização temporária!! → a qualquer momento tem que


ser saldada por contrapartida da conta 2431 ou 6812

» Empresas que podem usar a conta 2431 (aconselhável): empresas de regime misto,
que na sua atividade empresarial têm uma parcela dedutível e outra que é um imposto
não dedutível. Por ex., uma empresa com dois ramos de atividade (uma isenta e outra
não).

16
APLICAÇÃO PRÁTICA

Aquisição de gasóleo por €369 (IVA incluído à taxa de 23%), p.p. (em dinheiro).
Proceda ao registo contabilístico, assumindo que:
a) A empresa utiliza a conta 2431:

1º) Pela aquisição

6242 Combustíveis 2431 IVA suportado 11 Caixa


300 69 369
(369/1,23) (369-300)
Contas da classe 6: sempre pelo valor líquido A débito, pois o IVA é dedutível (compra)

2º) Saldar a conta 2431 (é transitória!) por contrapartida da 2432 e da 6242

6242 Combustíveis 2431 IVA suportado 2432 IVA dedutível


34,5 69 34,5
(369-300) (69/2)
O gasóleo só é dedutível em 50%, O gasóleo só é dedutível em 50%
logo, metade do IVA é reconhe-
cido como um gasto.

b) A empresa não utiliza a conta 2431.

6242 Combustíveis 2432 IVA dedutível 11 Caixa


334,35 34,5 369
(300+34,5)
Parte do IVA que não é dedutível (é um gasto) A débito, pois o IVA é dedutível (compra) (50%)
deve ser somada ao valor líquido de aquisição.
O gasóleo só é dedutível em 50%

» A utilização desta conta é aconselhável para as empresas que desenvolvem atividades


com direito à dedução e, simultaneamente, atividades que não conferem direito à de-
dução. São sujeitos passivos mistos.
» É o caso de uma empresa que presta serviços de assessoria contabilística e informática
e, simultaneamente, se encontra reconhecida para a prestação de serviços no âmbito
da formação profissional (isentas – art. 9º, nº10 CIVA).
» Neste caso o imposto é apurado com base no método Pro Rata (por oposição à afetação
real).

Percentagem do imposto suportado nas aquisi-


ções que o sujeito passivo misto poderá deduzir!

NOTA: A percentagem que não poderá deduzir


deve ser somada ao preço de compra líquido.
CA = Preço de compra + Impostos não dedutíveis
17
2.1. Método PRO RATA:

Segundo o nº 4 do art.º 23 do CIVA o Pro Rata resulta de uma fração calculada da seguinte
forma:
» Numerador: montante anual, imposto excluído, das transmissões de bens e prestações
de serviços que conferem direito à dedução.
» Denominador: montante anual, imposto excluído, de todas as operações efetuadas pelo
sujeito passivo incluindo operações isentas de imposto.

Nota: o Pro Rata é calculado provisoriamente com base no valor das operações do ano an-
terior. Assim, na declaração do último período do ano, a percentagem é corrigida de acordo
com os valores definitivos referentes a esse ano, originando a correspondente regularização,
nessa declaração, das deduções efetuadas.

APLICAÇÃO PRÁTICA
Considere uma empresa que presta serviços de assessoria contabilística e informática e, si-
multaneamente, se encontra reconhecida para a prestação de serviços no âmbito da forma-
ção profissional.
Dados adicionais: Em N-1 a conta 72 apresentava um saldo credor de 350.000 euros, tendo
faturado 280.000 euros de formação profissional.
Esta empresa comprou a prazo 100 resmas de papel pelo valor unitário de 2,20€ (su-
jeito a IVA à taxa normal). Proceda aos registos contabilísticos.

1º) Apurar a percentagem dedutível

VN das atividades que conferem direito à dedução 350 000 - 280 000
Pro Rata= ⟺ = 20%
VN total da empresa 350 000
Percentagem do imposto suportado nas aquisições que o su-
jeito passivo misto poderá deduzir na conta 2432 IVA dedutível
Os restantes 80% trata-se de imposto não dedutível.

2º) Lançamento contabilístico pela aquisição


6233 M.Escritório 2431 IVA suportado 278 O.D.C.
220 50,6
270,60
(100x2,2) (220x0,23)
Aumento das obrigações de pagar. Como se trata de
Contas da classe 6: sempre pelo valor líquido
uma compra a prazo, abrimos uma conta de fornecedo-
res (e não a 11/12). Valor total.

3º) Saldar a conta 2431 (é transitória) por contrapartida da 2432 e da 6233


6233 M.Escritório 2431 IVA suportado 2432 IVA dedutível
40,48 50,6 10,12
(50,6x80%) (220x0,23) (50,6x20%)
Registar a percentagem restante, isto é, o im- Registar a percentagem dedutível
posto não-dedutível. É um gasto! calculada segundo o Pro Rata.
Neste caso, 80% do IVA suportado. Neste caso, 20% do IVA suportado.
18
Módulo 3 – PARTE II

3. Conta 2432 – IVA DEDUTÍVEL

» Esta conta debita sempre.


» Registam-se nesta conta os montantes do imposto suportado que, dada a sua natureza,
sejam suscetíveis de dedução - caso de aquisições que estejam diretamente relaciona-
das com a atividade da empresa (i.e., tenham cariz necessário).
» Relativamente a despesas em que o Fisco não reconhece o seu carácter necessário, o
IVA não é dedutível (acresce ao custo de aquisição)!

Exclusões do direito à dedução:

» Todo o tipo de despesas com viaturas de turismo = viaturas ligeiras de passageiros ou


mistas até 9 lugares.

» Limites ao custo de aquisição para dedutibilidade do IVA nas viaturas de turismo:

Thesholds são valores sem IVA.

3.1. Movimentação

3 tipos de fornecedores:
Inventários: 22 Fornecedores
Investimentos (AFT e AI): 2711 Fornecedores de Investimento
Outros bens e serviços (FSE): 278 Outros devedores e credores

A. Fornecedores de inventários

Pela aquisição de inventários


É uma conta transitória, tem que ser saldada até ao
final do período económico

19
Sistema de inventário permanente (SIP*):

* Operação de fim de período se a empresa utiliza o Sistema de Inventário Intermitente ou Periódico.

B. Fornecedores de investimento

Pela aquisição de AFT (investimentos)

C. Fornecedores de outros bens e serviços

Pela aquisição de outros bens e serviços (OBS)

NOTA: Para calcular a base tributável, isto é, o valor sobre o qual vai incidir o IVA
dedutível no âmbito das compras, deduzimos ao preço de compra bruto todo o tipo
de descontos (comerciais e financeiros). Depois de calculada a BT, multiplicar pela
taxa de IVA correspondente, e registar na conta 2432.

20
APLICAÇÃO PRÁTICA

Proceda ao registo contabilístico das seguintes operações:

Nota:
- Se precisar imprescindivelmente da viatura para vender as minhas mercadorias: EQ.
BÁSICO
- Se a viatura for só para uso corrente dos funcionários: EQ. TRANSPORTE

1- Compra a prazo de viatura ligeira de mercadorias: €15.000, sujeito a IVA à taxa normal.
434 Eq. Transporte 2432 IVA dedutível 2711 Forn. Invest.
15 000 3450 18 450
(15 000x0,23)
+ – Debita sempre! Compra a prazo – registo na conta
de fornecedores

2- Aquisição a 90 dias de barco de recreio pela empresa DouroAzul:


€900.000, sujeito a IVA à taxa normal.
433 Eq. Básico 2432 IVA dedutível 2711 Forn. Invest.
900 000 207 000 1 107 000
(900 000x0,23)
+ – Debita sempre! Compra a prazo – registo na conta
de fornecedores

3- Aquisição de viatura ligeira de passageiros movida a GPL: €18.000, sujeito a IVA à taxa
normal. Pagamento imediato de 50% através de transferência.
434 Eq. Transporte 2432 IVA dedutível 2711 Forn. Invest.
18 000 4140 11 070
(18 000x0,23) (22 140 x 0,5)
+ – Debita sempre! Valor a prazo (50%) – registo na
conta de fornecedores,

12 D. Ordem
11 070
(22 140 x 0,5)
Compra a p.pagamento – registo na
conta de caixa/dep.ordem

21
4. Aquisição de Inventários

4.1. Movimentação da conta 31 Compras

» Regista-se na conta 31 o custo das aquisições de matérias primas e de bens armazená-


veis (inventários) destinados ao consumo ou à venda.

» Conforme detalhado a seguir, na conta 31 registamos todos os dispêndios necessários


à obtenção do inventário dentro de portas, apto ao fim a que se destina.

» Na conta 31 registam-se também as despesas adicionais de compras (em subconta pró-


pria). Todos os custos diretamente atribuíveis ap momento da compra devem ser lança-
dos na conta 31.

» É uma conta transitória – não figura no balanço.

Não figuram na conta 31!!!

Nota:
Descontos comerciais: descontos de quantidade, atribuídos pela quantidade elevada de mer-
cadorias que a empresa encomenta. Deve ser descontado ao valor da conta 31.
Descontos financeiros: descontos atribuídos por pagar a pronto pagamento as mercadorias.
Não deve ser descontado na conta 31. É um rendimento (compra) ou um gasto (venda).

Nota:
Os custos c/marketing, custos administrativos e despesas de publicidade não são considera-
dos despesas de compra. São gastos para a entidade.

22
Contas de movimento:

Distinguidas segundo:
1º) A sua origem
2º) A taxa aplicável

NOTA: Poderá criar-se uma subconta própria para movimentar as Despesas Adicionais de
Compra, igualmente desintegrada por território e taxas de IVA; por exemplo:

Movimentação geral da conta:


» A Débito pelos aumentos de valor.
» A Crédito pelas diminuições de valor.

+ –

Nota: A conta compras é uma conta meramente transitória, i.e., não é conta de balanço
nem de Dem. Resultados: a conta é saldada em contrapartida da respetiva subconta da
classe 3 (32, 33 ou 37) para se registar a entrada em armazém. Quando?

Se inventário permanente: durante o período de forma ‘permanente’ (mensal, no mí-


nimo);
Se inventário periódico (intermitente): no final do período.

23
APLICAÇÃO PRÁTICA

Uma empresa adquire mercadorias a um fornecedor.

Na fatura figura um preço bruto de 500€, tendo sido obtido sobre o preço anterior um des-
conto de quantidade de 30€, e um desconto por pronto pagamento (transferência) de 40€.
A empresa compradora é também responsável pelo transporte das mercadorias que ascende
a 10€.

Pedidos:

1. Qual é o custo de aquisição destas mercadorias (valor da conta 31)?

Custo de compra = Preço de compra – desconto comercial + custos de transporte

Custo de compra = 500 – 30 + 10 = 480

2. Proceda ao registo contabilístico da operação assumindo que os valores estão sujeitos


a IVA à taxa normal, e a empresa adota o sistema de inventário permanente.

1º) Pela aquisição de mercadorias


Descontos de natureza comercial
311 Compras de merc. 318 Desc. Abat. Compras 2432 IVA Dedutível
510 30 101,2
(500+10) (440X0,23)
+ – + – Valor base tributável = 400 – 30 – 40 = 440
Diminuições ou sa-
ídas da própria Inclui todo o tipo de descon-
empres tos (comerciais e financeiros)

Descontos de natureza financeira (de valor)


782 Desc. P.p. obtidos 12 Dep. Ordem
40 541,20
(440+101,20)
Rendimento - crédito
Base tributável + IVA
Débito – saída de dinheiro

2º) Pela entrada de mercadorias em armazém (pois utilizamos o SIP)

311 Compras de merc. 318 Desc. Abat. Compras 32 Mercadorias


510 30 510 30
(500+10)
+ – + –

Contas 31
Contas transitórias
(têm que ser saldadas)

Saldar por contrapartida da conta 32

24
4.2. Movimentação da conta 22 Fornecedores

» “Regista os movimentos com os vendedores de bens e de serviços, com exceção dos


destinados aos investimentos da entidade”.

» Enquadra-se na definição de passivo financeiro, enquanto obrigação contratual de en-


tregar dinheiro a outra entidade (NCRF 27, §5).

221 Fornecedores c/c (conta corrente)

Incluem-se nesta conta todos os registos resultantes de compras de bens e serviços, para
utilização ou consumo na atividade corrente da empresa, desde que:
• não sejam titulados;
• não estejam em receção ou conferência;
• não sejam destinados a investimentos (classe 4) da entidade.

Desdobramento:

Contas de movimento:

Porque a conta 31 é uma conta


transitória, é saldada até ao final do
período económico.
As contas do balanço apresentam
saldos históricos, logo, devemos re-
gistar o saldo inicial (transportando
os saldos finais do Ativo, Passivo e
Capital Próprio para os saldos inici-
ais do ano seguinte.
Movimentação geral da conta: Ex.: conta 22 fornecedores

Notas de débito/crédito:
São documentos emitidos pela em-
presa à posteriori da emissão da fa-
tura. São correções:
Em baixa de fatura (retira valor à fa-
tura) – nota de crédito
Em alta de fatura (acrescenta valor à
225 Fornecedores c/c (conta corrente) fatura) – nota de débito
– +
Diminui as obrigações com terceiros Aumenta as obrigações com terceiros
25
APLICAÇÃO PRÁTICA

Comprámos mercadorias no valor de €5.000 (IVA incluído). Considere 2 cená-


rios relativamente a esta operação. Que documento adicional deverá o fornecedor emitir?

a) v/fatura 4000€ (emitida pelo fornecedor)


Nota de débito 1000€ (5000-4000) – correções em alta de faturas e cobrança de despesas
de transporte. – dinheiro a receber

b) v/fatura 6000€ (emitida pelo fornecedor)


Nota de crédito 1000€ (6000-5000] – correções em baixa de faturas e cobrança de despesas
de transporte. – dinheiro a pagar

_____________

225 Faturas em receção e conferência

Contabilização provisória: a conta 225 serve para regista as compras cujas faturas estão
ainda por lançar na conta 221 Fornecedores c/c. Porquê?

» Faturas não recebidas: as faturas ainda não chegaram à empresa; ou

» Faturas recebidas: as faturas ainda não foram conferidas.

Movimentação:

26
Módulo 3 – PARTE III

5. Conta 2433 IVA LIQUIDADO

» Evidencia a dívida da empresa ao Estado decorrente da venda de bens ou presta-


ção de serviços aos seus clientes.
» Logo, esta conta credita sempre.

» Em concreto, credita-se pelas seguintes situações:


1. IVA liquidado nas faturas emitidas pela empresa “OPERAÇÕES GERAIS”
2. Autoconsumo externo
3. Transmissão de bens ou prestação de serviços gratuitos
“AUTOCONSUMOS E OPERA-
pela empresa ÇÕES GRATUITAS”
4. Ofertas de inventários próprios.

Subdivisão para a conta 2433:


24331 Operações gerais Acresce subdivisão por territó-
rio e taxas, tal como para a
24332 Autoconsumos e operações gratuitas conta 2432 (acima)

5.1. Subconta 24331 – Operações gerais

Movimentação

A. Venda de inventários

Pela venda de inventários ou prestação de serviços

71/72
N/fatura-recibo N/fatura
Valor do bem/
Prestação de 11/12/2111
Serviço

24331

Imposto
devido

Sistema de Inventário Permanente (SIP)*:

27
B. Despesas com vendas
B1. Bens transportados por uma terceira empresa
Pagamento ao transportador
Só na venda!
11/12 6253 2432.3 IVA dedutível

€ € €

Primeiro, “compro” o serviço de transporte à empresa trans-


portadora – IVA dedutível. É um gasto, não obtenho benefícios
económicos pelo transporte!

Despesa suportada pelo cliente: envio de nota de débito ao cliente

7888/6253 2433.1 IVA liquidado 2111

€ € €
É indiferente desreconhecer um gasto, ou
reconhecer um rendimento, pelo valor que
tinha sido lançado anteriormente. Terá
exatamente o mesmo impacto na demons- Segundo, envio uma nota de débito ao cliente pelo valor do
tração de resultados. transporte, que fica a seu cargo

B2. Bens transportados pelo vendedor por conta do cliente

IVA IVA
Dedutível Liquidado

725 2433.1 IVA liquidado 2111

€ € €

5.2. Subconta 24332 – Autoconsumos e operações gratuitas

» Autoconsumo externo - afetação/utilização de bens da empresa para fins alheios aos


da empresa (retirada de bens do ANC ou AC da empresa com destino ao património
pessoal ou consumo final), desde que, na sua aquisição, tenha havido dedução total
ou parcial do imposto suportado.
» Afetação de bens a setores isentos [art. 9º CIVA- isenção simples], quando relativa-
mente a esses bens tenha havido dedução total ou parcial do imposto suportado na
sua aquisição.
» Prestação de serviços gratuitos pela empresa, quer aos seus titulares, quer ao pes-
soal ou outras entidades (ex.: oficina mecânica que efetua reparações gratuitas a ve-
ículos da gerência ou do pessoal).
» Ofertas de inventários próprios ou outros bens.

28
Movimentação:
+ –
A. Oferta de Inventários próprios
Pela oferta:

38x 6884 – Ofertas e amostras de inv. A conta 38 é uma conta


mista (tanto pode ser
do ativo como do pas-
sivo). É uma conta tran-
sitória (tem que ser sal-
dada).
32 38 Registo:
A crédito pelas entra-
SIP das em armazém
A débito pelas saídas de
armazém
Pela liquidação do IVA:

24332 6884/6812

Taxa IVA * Preço Custo

Nota:
De acordo com o nº 7 do art.º 3º do CIVA, não é obrigatória a liquidação de IVA, mesmo que
tenha havido dedução na sua aquisição:

1. No caso de bens não destinados a posterior comercialização que, pelas suas característi-
cas, ou pelo tamanho ou formato diferentes, visem, sob a forma de amostra,apresentar ou
promover bens produzidos ou comercializados pelo próprio sujeito passivo.
2. Quando o valor unitário da oferta seja igual ou inferior a 50€ (IVA excluído) e cujo valor
global anual não exceda 5 por mil do volume de negócios do sujeito passivo no ano civil
anterior.

Em síntese:

24331 – Operações gerais

24332 – Autoconsumos e operações gratuitas

29
APLICAÇÃO PRÁTICA

Determinado empresário decide levar para casa, para as suas finalidades pessoais, um
computador da empresa que tinha adquirido por 1500 euros (sujeito a IVA à taxa nor-
mal). Qual o impacto em sede de IVA e registo contabilístico?
Pelo reconhecimento da oferta do computador
435 Equip. administrativo 6882 Donativo

1500 1500
+ – Gasto – a débito Nota: Só se faz a atualização de in-
ventários quando existe uma en-
trada ou saída de mercadorias, ma-
térias primas, produtos acabados e
Pela liquidação do IVA: É obrigatório liquidar o IVA porque se trata de uma ativos biológicos.
operação de autoconsumo externo Um ativo fixo tangível (computador)
é um investimento, logo, não é ne-
cessário atualizar o inventário.
6812/6882 24332 IVA liquidado

345 345
(1500x0,23)
Gasto – a débito IVA liquidado: credita sempre

6. Venda de inventários

6.1. Movimentação da Conta 21 CLIENTES


» “Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de ser-
viços” (SNC: Código de Contas/Notas de enquadramento).
» Enquadra-se na definição de ativo financeiro, enquanto direito contratual de rece-
ber dinheiro de outra entidade.

211 Clientes c/c (conta corrente)


Regista os movimentos efetuados pela empresa com os seus clientes, desde que:
• não sejam titulados
• não sejam de cobrança duvidosa
• sejam da atividade corrente da empresa

Desdobramento:

30
Contas de movimento:

Nota: As contas do balanço apre-


sentam saldos históricos, logo, de-
vemos registar o saldo inicial (trans-
portando os saldos finais do Ativo,
Movimentação geral da conta: Passivo e Capital Próprio para os sal-
dos iniciais do ano seguinte.

+ –
Aumenta o direito de receber Diminui o direito de receber

6.2. Movimentação da Conta 71 VENDAS


» Regista-se nesta conta os réditos resultantes da venda a clientes dos bens decor-
rentes da atividade normal da empresa.
» Os valores inscritos nesta conta representam a principal fonte de receitas da em-
presa comercial/industrial.
Desdobramento:

Subdivisão por território (mercado


nacional, transações intracomunitá-
rias, outros mercados) e por taxa.

Movimentação:
71 VENDAS

Rendimentos

a crédito

31
7. Prestação de serviços

» A conta 72 “respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos
objetivos ou finalidades principais da entidade. Poderá integrar os materiais aplica-
dos, no caso de estes não serem faturados separadamente”. (SNC: Código de Con-
tas/Notas de enquadramento)
» REGRA GERAL: Os serviços prestados são reconhecidos como réditos quando o
serviço é “entregue” ao cliente e faturado.
» No encerramento do período, deve ser apurada a fase de acabamento em que a
prestação de serviços se encontra, a qual pode ser obtida através da percentagem
dos custos já incorridos face aos custos totais previstos, e ajustado o rédito impu-
tado ao período - a estudar em Contabilidade Financeira.

Movimentação:

A. Prestação de serviços a pronto

B. Prestação de serviços a crédito

32
APLICAÇÃO PRÁTICA (toda a matéria até aqui)

Proceda ao registo contabilístico das seguintes operações, assumindo o sis-


tema de inventário permanente:

1. Venda de mercadorias a C1 no valor de €1.500, com um lucro de 20% sobre o


preço de custo. N/ fatura - recibo n.º 1 (IVA de 23%).
Pronto de.pagamento – conta 11/12

1º pela venda de mercadorias:


711 Vendas Mercadorias 12 Dep. Ordem 2433 IVA liquidado
1500 1845 345
Rendimento – a crédito
IVA liquidado: credita sempre

As contas da classe 6 (gastos) ou 7 (rendimentos) são sempre registadas pelo valor líquido.
As contas Clientes (21), Fornecedores (22), Caixa (11) e D.Ordem (12) são sempre registadas pelo
valor total.

2º pela saída de armazém (pois é utilizado o SIP – atualização dos inventários pelo preço
de custo):

PV 1500
PC = ⟺ PC = = 1250
1+Margem de lucro 1+20%

32 Mercadorias 611 CMVMC

1250 1250
Diminuição do ativo Gasto – a débito

2. Pagamento em dinheiro de despesas de transporte (V/ fatura-recibo


n.º34/2014): €50, sujeito a IVA à taxa normal. Posteriormente foi enviada ao cli-
ente a nota de débito correspondente, visto esta despesa ser da sua conta.

1º Pelo pagamento

6263 Transp. Mercadorias 2432 IVA dedutível 11 Caixa

50 11,5 61,5
Gasto – a débito IVA Dedutível – a débito Saída de dinheiro –
a crédito
VALOR BRUTO

2º Pela despesa suportada pelo cliente: envio de nota de débito Anulação do passo anterior

7888 Outros n/ espec. 2433 IVA liquidado 2111 Clientes

50 11,5 61,5
Rendimento – a crédito + –
IVA Liquidado – a crédito A débito: aumento do
direito de receber

33
3. A empresa X dedica-se à comercialização de mobiliário. Por ocasião do Natal,
decidiu oferecer ao seu melhor cliente uma caneta de coleção: €320 + IVA, valor
pago através de cartão de crédito.
Oferta de outros bens: não é necessário liquidar o IVA. Não é necessário atualizar os inventários porque não faz parte das
mercadorias da empresa

6234 Artigos p/a oferta 12 D. Ordem


393,6 393,6 Saída de dinheiro – a crédito
(320 x 1,23) (320 x 1,23) VALOR BRUTO
Gasto – a débito

4. Proceda ao registo da operação anterior, assumindo que a oferta, no mesmo valor,


consistiu num móvel.
Oferta de mercadorias: é necessário liquidar o IVA. É necessário atualizar os inventários porque não faz parte das merca-
dorias da empresa, e utiliza o SIP. Se fosse o SII, atualizaria o inventário no final do período económico. Só lançaríamos o 1º
passo e o 3º.

1º Pela oferta de mercadorias a clientes


Porque não se trata de uma compra nem de uma venda
6884 Ofertas e amostras de inv. 382 Reg. inventários

320 320
Gasto – a débito
VALOR LÍQUIDO

2º Pela atualização de inventários Pois utilizamos o SIP


É uma conta transitória – tem que ser saldada
382 Reg. inventários 32 Mercadorias

320 320
+ –
Saída de armazem – a crédito

3º pela liquidação do IVA


6884 Ofertas e amostras de inv. 2433 IVA liquidado

73,6 73,6
Gasto – a débito IVA Liquidado – a crédito

5. Fatura-recibo da transportadora “Leva tudo”, paga em cheque, referente ao


transporte de mercadorias adquiridas ao Fornecedor “Vende tudo”: €200 (IVA à
taxa normal).
1º Pela despesa de Transporte de mercadorias (compra)
311 Compra de mercadorias 2432 IVA dedutível 12 D. Ordem

200 46 246
+ – + –
Aumento de compras – a IVA Dedutível – a débito Saída de dinheiro – a crédito
débito. VALOR LÍQUIDO VALOR BRUTO

2º Pela atualização de inventários Pois utilizamos o SIP


É uma conta transitória – tem que ser saldada
311 Compra de mercadorias 32 Mercadorias

200 200
+ –
Entrada em armazem – a débito

34
Módulo 3 – PARTE IV

8. Conta 2434 IVA REGULARIZAÇÕES

» Regista as correções de imposto apuradas nos termos do CIVA.


» Estas regularizações, motivadas por erros ou omissões no apuramento do imposto,
devoluções, descontos e abatimentos (FORA da fatura!), rescisões ou reduções de
contratos, anulações e incobrabilidade de créditos, roubos, sinistros, etc., conforme
situações previstas no CIVA, poderão originar imposto a favor do sujeito passivo ou
a favor do Estado.
» Apesar do Código de contas do SNC não fazer menção a subcontas da conta 2434,
a mesma deve ser subdividida da seguinte forma:
24341 – a favor da empresa
24342 – a favor do estado

24341 – IVA REGULARIZAÇÕES a favor da empresa

» Debita-se (sempre!) pelo imposto resultante de operações que reduzem o mon-


tante de imposto liquidado.
» Exemplos:
• Devoluções de vendas (por clientes) ↓ IVA Liquidado
• Descontos concedidos a clientes fora da fatura ↓IVA Liquidado
• Anulação de adiantamentos dos clientes ↓IVA Liquidado

24342 – IVA REGULARIZAÇÕES a favor do Estado

» Credita-se (sempre!) pelo imposto resultante de operações que reduzam o mon-


tante de imposto dedutível.
» Exemplos:
• Devoluções de compras (a fornecedores) ↓ IVA Dedutível
• Descontos concedidos por fornecedores fora da fatura ↓ IVA Dedutível
• Anulação de adiantamentos a fornecedores ↓IVA Dedutível

8.2 Operações Sujeitas a Regularização do IVA: NA COMPRA

A. Devolução de compras

Fornecedores

Devolução de compras

Empresa

Devolução de vendas

Clientes

35
Registo contabilístico pela devolução de compras:

B. Descontos obtidos em compras

Descontos comerciais
» Têm que ver com aspetos relacionados com o inventário (mercadoria, matéria
prima…), normalmente relacionados com quantidades:
• Descontos de quantidade
• Abatimentos de revenda
• Bónus

» Estes descontos abatem ao valor da compra.

Descontos financeiros
» Estão relacionados com prazos de pagamento:
• Descontos de pronto de pagamento;
• Descontos de antecipação de pagamento.

» Estes decontos não afetam o valor da compra (uma vez que estão associados ao
financiamento da atividade) e representam um rédito para a empresa.

Em ambos os descontos (comerciais e financeiros):


» Os descontos podem ser concedidos aquando da emissão da fatura (dentro da fa-
tura), ou em momento posterior (fora da fatura), havendo, neste último caso ne-
cessidade de emissão de nota de crédito.
» Nos descontos dentro da fatura (rever conceito “valor tributável”):

IVA dedutível = taxa aplicável * (valor compras – desconto)

» Só nos descontos fora da fatura há lugar a IVA Regularizações!

36
Em síntese:

APLICAÇÃO PRÁTICA 1

Fatura nº 200/2020 do fornecedor “Vende Tudo, Lda.” pela aquisição de mercadorias


no valor de €1.000 (IVA 23%), tendo sido obtido um desconto de quantidade de 10%.
Assuma. Sistema de Inventário Intermitente
Pela aquisição de Compras com desconto comercial:

VALOR líquido: IVA dedutível: debita sempre VALOR bruto: aumento


aumento do Só incide após deduzido o da obrigação de pagar
ATIVO desconto comercial!!! (PASSIVO)

APLICAÇÃO PRÁTICA 2

Dia 02/03/2020: Fatura n 200/2020 do fornecedor “Vende Tudo, Lda.” pela aquisição
de mercadorias no valor de €1.000 (IVA 23%).

Dia 12/03/2020: Nota de crédito n.º122/2020 do fornecedor “Vende Tudo, Lda.” pela
concessão de um desconto comercial de 10% relativamente às mercadorias adquiridas
dias antes.

+ – – +
Diminuição do ATIVO Anulação do IVA dedutível Diminuição do PASSIVO
(obrigação de pagar)

37
APLICAÇÃO PRÁTICA 3

Fatura-recibo n.º204/2020 do fornecedor “Vende Tudo, Lda.” pela aquisição de merca-


dorias no valor de €1.000 (IVA 23%), tendo sido obtido um desconto de p.p. de 10%.
Pela aquisição de Compras com desconto financeiro:

(1000-100) x 0,23
IVA dedutível: debita sempre Desconto financeiro: é um Valor total: Valor da compra
Incide depois de deduzido o rédito (classe 7) – a crédito! – desconto financeiro + IVA
desconto financeiro ao valor
da compra!!!

C. Adiantamentos efetuados

Fornecedores

Adiantamentos efetuados

Empresa

Adiantamentos recebidos

Clientes

Adiantamentos monetários:
adiantamentos efetuados a fornecedores relativamente a transações cujo
preço não esteja previamente fixado.

Registo na conta 228 – Adiantamentos a fornecedores.

Pela receção da fatura final, tais valores serão transferidos para as respe-
tivas subcontas da conta 221 (anulação do adiantamento).

Adiantamentos não-monetários:
adiantamentos efetuados a fornecedores relativamente a transações cujo
preço está previamente fixado (‘sinal’).

Registo na conta 39 – Adiantamentos por conta de compras.

Pela receção da fatura final tais valores devem ser transferidos para as
respetivas subcontas da conta 221 (anulação do adiantamento).

38
NOTA: deve ser emitida fatura pelo valor referente ao adiantamento no momento em
que ocorra a respetiva perceção. A fatura só é emitida no momento em que souber-
mos o valor total.

Aplicando ao contexto, quem efetua o adianta-


mento deverá rececionar uma fatura-recibo!

O IVA torna-se exigível no momento do recebimento do adiantamento, relativa-


mente ao montante recebido.

Movimento contabilístico:

Pelo adiantamento efetuado (v/fatura recibo):

Aquando da entrega dos bens:


Vamos assumir que fornecedor emite 1. fatura pelo valor global dos bens entregues, e
simultaneamente emite 2. nota de crédito para anulação do adiantamento (OBS.: esta
NC deve fazer remissão para ambas as faturas - a do adiantamento e a final)

Receção da fatura final do fornecedor:

Pela regularização/anulação do adiantamento:

8.3 Operações Sujeitas a Regularização do IVA: NA VENDA

A. Devolução de vendas

Registo contabilístico pela devolução de vendas:

39
B. Descontos concedidos em vendas:
Descontos comerciais:
» Têm que ver com aspetos relacionados com o inventário (mercadoria, matéria
prima…), normalmente relacionados com quantidades:
• Descontos de quantidade
• Abatimentos de revenda
• Bónus

» Estes descontos abatem o valor da venda.

Descontos financeiros:
» Estão relacionados com prazos de recebimento:
• Descontos de pronto pagamento
• Descontos de antecipação de pagamento

» Estes descontos não afetam o valor da venda e representam um gasto para a em-
presa.

Em ambos os descontos (comerciais e financeiros):


» Os descontos podem ser concedidos aquando da emissão da fatura (dentro da fa-
tura), ou em momento posterior (fora da fatura), havendo, neste último caso ne-
cessidade de emissão de nota de crédito.
» Nos descontos dentro da fatura (rever conceito “valor tributável”):

IVA dedutível = taxa aplicável * (valor compras – desconto)

» Só nos descontos fora da fatura há lugar a IVA Regularizações!

Em síntese:

40
APLICAÇÃO PRÁTICA 1

Dia 02/03/2020: N/ Fatura 320/2020 sobre o cliente “Compra Tudo, Lda.” pela venda
de mercadorias no valor de €1.000 (IVA 23%).

Dia 12/03/2020: N/ Nota de crédito 68/2020 sobre o cliente “Compra Tudo, Lda.” pela
concessão de um desconto comercial de 10% relativamente às mercadorias vendidas
dias antes.

APLICAÇÃO PRÁTICA 2

N/ Fatura-recibo n.º540/2020 sobre o cliente “Compra Tudo, Lda.” pela venda de mer-
cadorias no valor de €1.000 (IVA 23%), tendo sido concedido um desconto de p.p. de
10%.

APLICAÇÃO PRÁTICA 3

Dia 02/03/2020: N/ Fatura n.º320/2020 sobre o cliente “Compra Tudo, Lda.”


pela venda de mercadorias no valor de €1.000 (IVA 23%).

Dia 05/03/2020: N/ Nota de crédito n.º68/202o sobre o cliente “Compra Tudo, Lda.”
pela concessão de um desconto financeiro de 10% relativamente às mercadorias vendi-
das dias antes.

41
C. Adiantamentos Recebidos

Adiantamentos monetários:
adiantamentos recebidos de clientes relativamente a transações cujo preço
não esteja previamente fixado.

Registo na conta 218 – Adiantamentos de clientes.

Pela emissão da fatura final, tais valores serão transferidos para as respe-
tivas contas na rúbrica 211 – Clientes c/c (anulação do adiantamento).

Adiantamentos não-monetários:
adiantamentos recebidos de clientes relativamente a transações cujo preço
está previamente fixado (‘sinal’).

Registo na conta 276 – Adiantamentos por conta de vendas.

Pela emissão da fatura final, tais valores serão transferidos para as respe-
tivas contas na rúbrica 211 – Clientes c/c (anulação do adiantamento).

Movimento contabilístico:

Pelo adiantamento recebido (n/fatura ou fatura/recibo):

Aquando da entrega dos bens:


Vamos assumir que nós empresa vendedora, emitimos 1. fatura pelo valor global dos
bens entregues, e simultaneamente 2. nota de crédito para anulação do adiantamento
recebido. (OBS.: esta NC deve fazer remissão para ambas as faturas- a do adianta-
mento e a final)

Envio da fatura final ao cliente:

42
Pela regularização/anulação do adiantamento:

Módulo III – Parte V

9. Conta 2435 IVA APURAMENTO

Afinal temos IVA a pagar (2436) ou temos IVA a recuperar (2437)?

• A conta 2435 destina-se a centralizar as operações registadas em 2432, 2433, 2434


e 2437, por forma a que o seu saldo corresponda ao imposto a pagar ou em crédito,
com referência a um determinado período de imposto.
• Assim, a conta 2435:
• Debita-se pelos saldos devedores de 2432 IVA- Dedutível, 2434.1 IVA- Regulari-
zações a favor da empresa, e 2437 IVA- A recuperar respeitante ao montante de
crédito do imposto reportado do período anterior sobre o qual não exista ne-
nhum pedido de reembolso.
• Credita-se pelos saldos credores de 2433 IVA- Liquidado e 2434.2 IVA- Regulari-
zações a favor do Estado.

Movimentação contabilística:

Saldo Credor
IVA a pagar
C>D
Saldo da conta 2435 -
IVA Apuramento
Saldo Devedor
IVA a recuperar
D>C

43
Após estes lançamentos, o saldo final de 2435 é transferido para:

• 2436 IVA - A pagar, no caso de ser credor:

• 2437 IVA - A recuperar, no caso de ser devedor, podendo neste caso reportar
para o período seguinte ou pedir-se o seu reembolso (transferindo-se o saldo da
conta para 2438 – IVA- Reembolsos pedidos).

2436 IVA - A pagar

a) Contabilização do IVA apurado pela Empresa (quando o saldo da subconta IVA apu-
ramento é credor) ⟶ imposto a pagar ao Estado;
b) Pagamento do Imposto

2437 IVA – A recuperar

a) Transferência do saldo devedor da 2435, isto é, do crédito de imposto apurado no


período;
b) Pedido de reembolso;
c) Transferência no período seguinte do crédito de imposto relativamente ao qual não
foi solicitado o reembolso.

44
APLICAÇÃO PRÁTICA

Quais os lançamentos contabilísticos subjacentes ao:


a) Apuramento do IVA
b) Pagamento do IVA

a) Apuramento do IVA
APURAMENTO

IVA dedutível: debita sempre IVA liquidado: credita sempre

Somatório 20 – 24

TRANSFERIR PARA
A CONTA 2435 IVA SALDAR
APURAMENTO
C – D = 8233,68

Saldo CREDOR – IVA a pagar

45
SALDAR A CONTA 2435 IVA APURAMENTO

b) Pagamento do IVA

SALDAR A CONTA 2436 IVA a pagar

Artigo 41.º CIVA


Prazo de entrega das declarações periódicas

1 – (…) a declaração periódica deve ser enviada por transmissão electrónica de dados,
nos seguintes prazos:
a) Até ao dia 10 do 2.º mês seguinte àquele a que respeitam as operações, no caso
de sujeitos passivos com um volume de negócios igual ou superior a € 650.000 no
ano civil anterior;
b) Até ao dia 15 do 2.º mês seguinte ao trimestre do ano civil a que respeitam as
operações, no caso de sujeitos passivos com um volume de negócios inferior a €
650.000 no ano civil anterior.

Vendas (71) + Prestações de serviços (72)


Volume de Negócios (VN) =
1,23 Para calcular o valor líquido!

10. Conta 2438 IVA REEMBOLSOS PEDIDOS

Em situações de crédito de imposto em relação ao Estado (IVA - A Recuperar), que fazer


em relação ao montante de IVA a favor da empresa?

1. Deduzir nos períodos seguintes

46
2. Solicitar o reembolso – apenas possível nas seguintes situações:

a) Se passados 12 meses relativamente ao período em que se iniciou o crédito, persistir


um crédito superior a 250€;
b) Se mesmo antes de decorrido o prazo anterior, o crédito a seu favor exceder €3.000;
c) Se a empresa cessar atividade ou passar a desenvolver atividade isenta [isenção sim-
ples!...] , desde que reembolso ≥ 25€.

» Uma vez apresentado um pedido de reembolso, o sujeito passivo fica impedido de


proceder à dedução desse imposto em períodos subsequentes, até à comunicação
da decisão da administração fiscal:

Pedido deferido → aguardar recebimento


Pedido indeferido → anular lançamento inicial

Movimentação:

a) Apresentação do pedido de reembolso


b) Deferimento do pedido → recebimento
c) Indeferimento do pedido → anulação do pedido

Módulo 4 – PARTE I

Classe 4 – Investimentos: enquadramento

» A classe 4 inclui os bens detidos com continuidade ou permanência (> 1 ano) e que
não se destinem a ser vendidos ou transformados no decurso normal das operações
da entidade, quer sejam da sua propriedade, quer estejam em regime de locação
financeira.
» Os investimentos podem ser divididos em três grandes grupos:

1. De rendimento (41+42)
Abrangem o investimento em propriedades, as participações de capital noutras empre-
sas e outras aplicações financeiras cujos objetivos visam proporcionar um certo rendi-
mento ou controlo de outras empresas.

2. Técnicos (43+44)
Bens patrimoniais tangíveis e intangíveis que tornam possível o arranque e desenvol-
vimento da atividade da empresa, com características de permanência e que estão li-
gadas às atividades normais.

47
3. Ativos não correntes detidos para venda – ANCDV (46)
Ativos que a empresa espera que a quantia registada seja recuperada através da sua
venda e não através do seu uso continuado.

1. Ativos intangíveis: Reconhecimento e mensuração inicial

Reconhecimento inicial

» Um ativo intangível é um ativo sem substância física que cumpre simultaneamente


três requisitos:

1. Identificabilidade
• Ser capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido, transferido, licen-
ciado, alugado ou trocado, individualmente ou em conjunto; ou
• Resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais.
2. Controlo
• Uma entidade controla um ativo se tem o poder de obter benefícios económicos
futuros, poder esse normalmente enraizado nos direitos legais que sejam de
cumprimento forçado por um tribunal.
3. Benefícios Económicos Futuros
• Os benefícios económicos futuros que resultem de um ativo intangível podem
incluir lucros da venda de produtos ou serviços, poupanças de custos ou outros
benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade.

Mensuração inicial

» Um ativo intangível deve ser mensurado inicialente pelo seu custo (preço de compra
líquido).
» O custo de um ativo intangível compreende:

• Preço de compra, incluindo quaisquer direitos de importação e impostos de


compra não reembolsáveis; bem como
• Quaisquer outras despesas diretamente relacionadas com a preparação do
ativo para o uso pretendido (ex.: honorários profissionais de serviços legais tais
como advogados, solicitadores, notários).

O tratamento dos ativos intangíveis é em tudo genericamente idêntico, em termos


conceptuais, ao tratamento dos AFT.

48
Goodwill no Trespasse

» No trespasse de uma empresa, são vendidos todos os elementos do ativo e do pas-


sivo que lhe pertencem.
» O goodwill é a diferença entre o custo de aquisição “da empresa” e o justo valor
dos ativos menos passivos identificáveis (= Capital próprio).

Afeta
>0 Goodwill positivo positivamente o
Balanço
CA - (A - P)
Afeta
<0 Goodwill negativo positivamente a
Dem. Resultados

Reconhecimento de Goodwill positivo:

Ativo intangível

900 000 – 700 000


+ –
ATIVO: a débito (o goodwill é positivo)

Reconhecimento de Goodwill negativo (badwill): é reconhecido como um rendimento


na demonstração de resultados do período, pelo excesso do justo valor dos ativos e
passivos face ao custo de aquisição. É como se adquiríssemos uma loja por um valor
inferior àquele que a mesma detém como património (Capital próprio = A – P), logo,
existe um rendimento.

500 000 – 700 000


Rendimento: a crédito

49
Goodwill gerado internamente

» O Goodwill gerado internamente não deve ser reconhecido como um ativo intangí-
vel porque não é um recurso identificável e controlado pela empresa, nem pode ser
fiavelmente mensurado pelo custo. Exemplos:
Como avaliar o valor de uma equipa de administração ou de um administrador?
Como avaliar o valor de uma marca ou lista de clientes?

» A empresa nunca pode atribuir valores a si própria, têm que existir fontes externas
que atribuam um valor real, fiável.
» Então, o goodwill gerado internamente não pode ser reconhecido como ativo in-
tangível. É um gasto ou um rendimento.
» A diferença entre o valor de mercado de uma empresa e a quantia escriturada dos
seus ativos (especialmente para as empresas cotadas em Bolsa, mas não só) pode ser
explicada por uma série de fatores, e não pode ser considerada como representando o
custo dos ativos intangíveis controlados pela empresa.

Investigação e desenvolvimento

» A NCRF 6- Ativos Intangíveis, exige que todas as despesas com Pesquisa/Investi-


gação sejam reconhecidas como um gasto quando forem incorridas. Isto porque
na fase de pesquisa a empresa não pode provar que o ‘ativo’ irá gerar prováveis
benefícios económicos futuros.
» Atividades de pesquisa/investigação são atividades visando a obtenção de no-
vos conhecimentos, a procura de avaliação e seleção final de aplicações das descobertas de
pesquisa ou de outros conhecimentos, a procura de alternativas para materiais, aparelhos, pro-
dutos, processos, sistemas ou serviços e a formulação, conceção, avaliação e seleção final de pos-
síveis alternativas de materiais, aparelhos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou
melhorados.
» A norma vai mais longe e dá exemplos de outras despesas que não devem origi-
nar ativos intangíveis, tais como:
• Despesas no arranque de uma unidade operacional ou de um negócio (custos de arranque);
• Despesas com treino;
• Despesas com publicidade e/ou promoções;
• Despesas com relocalização ou reorganização de parte ou de toda uma empresa.
» Exemplos das atividades de desenvolvimento são a conceção, construção e teste
de protótipos e modelos de pré-produção ou de pré-uso, a conceção de ferramentas, utensílios, mol-
des e suportes envolvendo nova tecnologia, a conceção, construção e operação de uma fábrica piloto
que não seja de uma escala económica exequível para produção comercial e a conceção, construção
e teste de uma alternativa escolhida para materiais, aparelhos, produtos, processos, sistemas ou ser-
viços novos ou melhorados.
» As despesas de desenvolvimento podem ser reconhecidas como ativo intangível
(conta 442) desde que a empresa possa demonstrar que:
• A viabilidade técnica de concluir o ativo intangível de forma que esteja disponível para uso ou venda;
• A intenção de concluir o ativo intangível e usá-lo ou vendê-lo;
• A forma como o ativo intangível irá gerar prováveis benefícios económicos futuros. A empresa deve ser
capaz de demonstrar a existência de um mercado para o ativo intangível ou para o output ou se for
para ser usado internamente, a sua utilidade;
• A disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e outros para concluir o desenvolvi-
mento e usar e vender o ativo intangível;
• A sua capacidade para mensurar as despesas atribuíveis ao ativo intangível durante a sua fase de de-
senvolvimento.

50
2. Ativos fixos tangíveis: Reconhecimento e mensuração inicial

» Ativos fixos tangíveis (AFT) são itens tangíveis que:


a) sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para
arrendamento a outros ou para fins administrativos; e
b) se espera que sejam usados durante mais do que um período

» Esta conta integra os ativos tangíveis, móveis ou imóveis, adquiridos ou fabrica-


dos pela própria empresa, que esta utiliza na sua atividade operacional, que não
se destinem a ser vendidos ou transformados, com caráter de permanência su-
perior a um ano.
» Inclui igualmente as benfeitorias e as grandes reparações que sejam de acrescer
ao custo daqueles ativos fixos tangíveis.

Subcontas previstas no SNC:

Nota: ME e PE nunca usam a


conta 42 (exceto 421, 422)

A débito: aumento do ativo

A crédito: perdas de valor do ativo

Saldo 43 = 431 + (...) + 437 – 438 – 439

Reconhecimento inicial:

O custo de um item de AFT deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:
» For provável que benefícios económincos futuros associados ao item venham a
fluir para a entidade; e
» O custo do item possa ser mensurado fiavelmente;

Mensuração inicial:

» Preço de compra adicionado dos direitos de importação e impostos de compra não


reembolsáveis, após dedução dos descontos comerciais e abatimentos obtidos na
aquisição;
» Custos diretamente atribuíveis de colocar o ativo na localização desejada e em con-
dições normais de funcionamento:
Exemplos: custos com o pessoal, custos de preparação do local, custos iniciais de entrega e ma-
nuseamento, de instalação e montagem do bem, custos de testes de funcionamento e honorá-
rios de profissionais, custos de inspeções imprescindíveis, custos de importação, impostos não
dedutíveis, taxas, custos de entrega, de montagem,...
» Valor atual da estimativa de encargos no final da vida útil com o seu

51
desmantelamento, remoção e restauro do local onde está localizado, caso aplicável
(decommissioning costs = custos de desmantelamento).

Em suma:

Custo de aquisição (conta 43) =


Preço de Compra (liquido, sem imposto)
+ Despesas adicionais de compra (transportes, seguros, etc.)
+ Custos de instalação
+ Custos de desmantelamento
– Descontos comerciais

Nota: despesas de deslocação para fecho de negócios, despesas de formação, despe-


sas de marketing, custos administrativos, (...) não são despesas diretamente atribuí-
veis à compra! São gastos (62) para a entidade.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Compra a prazo de uma máquina por €50.000.


A empresa gastou outro tanto para a pôr em funcionamento (eletricistas e materiais
diversos, tendo sido todos os valores liquidados a pronto pagamento - transferência).
Os valores estão sujeitos a IVA à taxa de 23%.
Qual o registo contabilístico?

100 000 x 0,23


IVA dedutível : a débito

(50 000 X 1,23) (50 000 X 1,23)


– + Valor bruto + – Valor bruto
Aumento da obrigação de pagar: a crédito Saída de dinheiro: a crédito
A prazo Pronto de pagamento

Grandes reparações e benfeitorias

São gastos adicionais que geram benefícios económicos futuros pois aumentam o va-
lor real ou duração provável dos elementos a que respeitam.

Portanto, a NCRF 7 prevê que o custo de grandes reparações seja reconhecido na quan-
tia escriturada do ativo apenas se cumprir os critérios de reconhecimento de AFT.

Os custos de assistência diária, mão-de-obra e dos consumíveis devem ser reconhecidos


como gastos na conta 6226 – Conservação e Reparação.

FAQ: Em caso de dúvida sobre a existência de benefícios económicos futuros, como con-
tabilizar dispêndios com benfeitorias: ativo ou gasto?
» Características qualitativas – Fiabilidade – Prudência (Na dúvida, consideramos um gasto, se posteri-
ormente verificarmos que aumenta o valor do ativo, passa a ser considerado um aumento do ativo).

52
Módulo 4 – PARTE II

3. Depreciação/amortização
3.1. Conceito e registo contabilístico

» O conceito de depreciação é aplicável às propriedades de investimento e AFT, en-


quanto o de amortização é aplicável aos ativos intangíveis.

» Perspetiva Económica:

A depreciação é uma operação contabilística que visa registar o desgaste (redução


de valor) do investimento físico devido à sua utilização, obsolescência e/ou passagem
do tempo.
A amortização relaciona-se com a diminuição de valor dos direitos com prazo (legal
ou contratualmente) limitado.

Registo contabilístico:

» Utiliza-se a conta Depreciações/Amortizações acumuladas, onde são registadas as


quotas de depreciação/amortização no fim do período correspondente (Método In-
direto):
428X/438X/448X 64XX

X X
+ – Gasto – a débito
Diminuição do ativo:
a crédito

O valor das depreciações é sempre representado pelo valor líquido.

Depreciação de equipamento básico? D – 642 e C – 438 (Ativos fixos tangíveis)


Amortização de propriedade industrial? D – 643 e C – 448 (Ativos intangíveis)
Depreciação de terreno detido para valorização? D – 641 e C – 428 (Propriedade de investimento)

3.2. Valor residual

» O Valor Residual é o valor estimado que a entidade obteria correntemente pela sua
alienação (após dedução dos custos de alienação estimados), se o ativo tivesse a
idade e estivesse nas demais condições esperadas no final da sua vida útil.
» O valor residual é uma estimativa e, muitas vezes, por questões de simplificação, é
desprezado, sendo-lhe atribuído um valor nulo [Relevância – materialidade]. ≥ 0
» Um ativo intangível com uma vida útil finita, não deve ter valor residual, exceto se
exista compromisso de terceiro para a sua compra ou haja um mercado ativo para o
mesmo.

» A quantia depreciável de um ativo é dada por:

Quantia depreciável = Quantia Escriturada Bruta (custo de aquisição líquido) – Valor Residual

53
APLICAÇÃO PRÁTICA

Foi adquirida uma viatura ligeira para usar 10 anos: 10.000 euros mais IVA. Custos de
transporte: 1.000 euros, mais IVA.
Qual a quota de depreciação anual assumindo que:
a) A viatura é de mercadorias e será vendida no final da vida útil, previsivelmente por
500 euros.

Quantia depreciável = Quantia Escriturada Bruta (custo de aquisição líquido) – Valor Residual

Quantia depreciável = 11 000 – 500 = 10 500


10 000 + 1000

Quantia depreciável
Quota de depreciação = Vida útil

10 500
Quota de depreciação = 10
= 1050 → o ativo perde 1050€ de valor por ano

b) A viatura é de passageiros e não tem qualquer valor residual.

Custo de aquisição - Valor residual


Quota de depreciação = Vida útil

11 000 - 0
Quota de depreciação = 10
= 1100 → o ativo perde 1100€ de valor por ano

3.3. Vida útil contabilística versus Fiscal


Resumo e reflexão prática

» Contabilisticamente: as depreciações/amortizações estimadas na contabilidade dependem


da vida útil estimada.
» Fiscalmente: as depreciações/amortizações aceites são limitadas às taxas definidas no de-
creto regulamenta 25/2009, de 14 de Setembro.
» Tendência para fazer coincidir a vida útil com aquelas taxas afim de evitar as correções fis-
cais!
» Contudo, não é o procedimento desejável: deve haver separação entre a contabilidade e a
fiscalidade!

3.4. Início e cessação das depreciações/amortizações

Início da depreciação/amortização
O período de depreciação/amortização de um ativo começa quando ele estiver disponí-
vel para uso, i.e., quando estiver na localização e condições necessárias para que seja
capaz de operar na forma pretendida, independentemente de quando se começa a fazer
uso dele.

Cessação da depreciação/amortização
Eliminar o valor
contabilístico do AI e
For alienado
reconhecer um ganho
ou perda com a venda
Desreconhecimento
Não se esperam futuros
Perda do período
benefícios económicos
54
Inexistência de depreciação/amortização

3.5. Métodos de depreciação/amortização

Segundo o regime contabilístico:


» Método da linha reta (quotas constantes): débito constante pelo número de anos
esperado, desvaloriza todos os anos pelo mesmo valor;
» Método do saldo decrescente (quotas decrescentes, unidades decrescentes, ou dé-
bito decrescente), desvaloriza mais no início da sua vida útil;
» Método das unidades de produção (desgaste funcional): baseado no uso/produção
esperado. Usado nas Empresas industriais.

NOTAS:
» O método de depreciação deverá refletir o modelo por que se espera que os bene-
fícios económicos futuros do ativo sejam consumidos pela entidade;
» Os ativos intangíveis são amortizados em regra pelo método da linha reta.

Detalhe do regime fiscal:


1. Método da Linha Reta (método regra!!)
2. Método das Quotas Decrescentes relativamente aos elementos do AFT que:
• Não tenham sido adquiridos em estado de uso;
• Não sejam Edifícios;
• Não sejam viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, exceto quando afetas a empresas explo-
radoras de serviço público de transporte ou destinadas a ser alugadas no exercício da atividade
normal da empresa sua proprietária;
• Não sejam Mobiliário; e
• Não sejam Equipamentos Sociais.
3. Quaisquer outros métodos podem ser usados desde que, mediante requerimento, se-
jam previamente aceites pela AT. Contudo, se da aplicação desse método a quota anual
de depreciação não exceder a quota máxima permitida no DR25/2009, não será neces-
sário solicitar autorização.

55
3.5.1. Método da linha reta

REGRA GERAL: Método da Linha Reta - pressupõe que o desgaste é diretamente propor-
cional ao tempo, ou seja, o valor das quotas anuais de amortização / depreciação (Qt) é
constante:

Vantagem: Simplicidade no cálculo.

Desvantagem: A quota é constante mas as despe-


sas de conservação aumentam à medida que o
ativo “envelhece” gastos muito elevados nos úl-
timos anos da vida útil do ativo.

APLICAÇÃO PRÁTICA

A empresa Alfa Lda. adquiriu em 1 de janeiro de N uma máquina pelo valor de 2.100 €
(IVA 23%), prevendo-se uma vida útil de 5 anos para o bem e um valor residual de 100
€.
PEDIDO: Construa o quadro de depreciação.

Valor pelo qual o bem está


reconhecido na contabili-
dade (=Quantia escriturada)

Valor contabilístico no final


da vida útil é sempre igual ao
valor residual
No final da vida útil, o valor
da depreciação acumulada
tem que ser igual ao valor
líquido de aquisição.

Lançamento contabilístico todos os anos:


438 64

400 400
+ – Gasto – a débito
Diminuição do ativo:
a crédito

56
3.5.1. Método do saldo decrescente

» Pretende-se que a depreciação afete mais os primeiros períodos de tributação em


que o bem está ao serviço da empresa do que os últimos;
» Assim, os lucros são mais afetados por gastos nos primeiros períodos de tributação
(método de depreciação acelerada!) e menos afetados nos últimos;
» Procura-se, deste modo, contrastar com a incidência das despesas de conservação
e manutenção nos últimos anos – distribuição mais uniforme dos gastos ao longo da
vida útil do bem!
» A quota de depreciação que pode ser aceite como gasto do período de tributação
determina-se aplicando, sobre o valor de aquisição ou outro valor contabilístico devi-
damente justificado e aceite, as taxas constantes das Tabelas do DR 25/2009 corrigidas
pelos seguintes coeficientes máximos:
Estas taxas (1,5; 2; 2,5 %) indicam o valor pelo
qual multiplicamos a taxa de depreciação do
bem, de forma a determinar a quota de depre-
ciação de cada ano.

Quota depreciação (%) = tx depreciação x Coeficientes x Valor do bem a depreciar

APLICAÇÃO PRÁTICA

- Máquina adquirida em 2007


- Custo de aquisição: €100 000
- Taxa de depreciação prevista nas tabelas anexas ao DR 25/2009: 20%

** Ano 2010 = Quando a quota anual de depreciação pelo método das quotas decrescentes se torna
inferior ao quociente entre o valor contabilístico e o n.º de anos que faltam completar a depreciação:

Valor a depreciar x 40%


Tx. depreciação
20% x 2 = 40%

Coef. vida útil de 5 anos

Nos últimos 2 anos


(neste caso) de vida útil,
dividimos o valor a de-
preciar por 2, para que o
valor residual seja igual a
zero, pois não temos in-
dicação do mesmo, logo,
VR = 0.

57
3.6. Regime ANUAL versus DUODECIMAL (FISCAL)

A quota de depreciação / amortização é, em termos fiscais, definida por um dos 2 mé-


todos seguintes:

APLICAÇÃO PRÁTICA

Considere a aquisição de uma viatura ligeira de passageiros, em 13/04/N, por €10.000,


e uma taxa de depreciação de 25%. Qual a quota de depreciação no ano N, assumindo
o método da linha reta e:

A) Regime geral?
25% x 10000 = 2500

B) Regime duodecimal?
9/12 x 2500 = 1875
Meses decorridos de Abril a Dezembro

Assuma agora que a referida viatura foi vendida em 13/08/N+1.


Qual a quota de depreciação no ano N+1, assumindo o método da linha reta e:

A) Regime geral?
0 A partir do momento em que o bem é alienado, deixa de ser depreciado nesse mesmo ano, segundo o regime geral.

B) Regime duodecimal?
7/12 x 2500 = 1458,3(3)
Meses decorridos de Janeiro a Julho (mês anterior ao momento da alienação)

58
4. Desreconhecimento de ATIVOS NÃO CORRENTES

A quantia escriturada de um ativo não corrente deve ser desreconhecida:


a) quando não se esperem benefícios económicos do seu uso ou alienação, ou
b) no momento da alienação (v.g. venda, locação, doação)

a) Desreconhecimento quando não se esperem benefícios económicos do seu uso ou


alienação

a1) ABATE

+ – + –
Diminuição do ativo: Desreconhecimento
a crédito das depreciações acu-
muladas – a débito

a2) SINISTRO
a2.1.) Não coberto pelo seguro

a2.2.) Coberto pelo seguro

1) Valor indemnização < valor atual (VC) → 6872 PERDA


2) Valor indemnização > valor atual (VC) → 7872 GANHO

1º passo 2º passo

3º passo

1º passo
2º passo Nota: independentemente da indeminização dar
origem a um ganho ou uma perda, o lançamento
3º passo contabilístico a efetuar é exatamente o mesmo.
Só difere na conta a utilizar (classe 6/classe 7).

b) Desreconhecimento por via da alienação

1º passo: determinar se existe um ganho ou uma perda na alienação (mais/menos valia)

59
2º passo: contabilização (exemplo de um AFT)

3º passo
2º passo

1º passo

3º passo Nota: independentemente da alienação dar ori-


gem a uma mais valia ou a uma menos valia, o
1º passo lançamento contabilístico a efetuar é exata-
2º passo mente o mesmo. Só difere na conta a utilizar
(classe 6/classe 7).

APLICAÇÃO PRÁTICA

A empresa Alfa, Lda. adquiriu uma máquina de uso específico em N-3 por €100.000,
depreciando-a desde então à taxa de 12,5%.
Durante o ano N a referida máquina foi vendida a pronto pagamento por €65.000 (su-
jeito a IVA à taxa de 23%).

Proceda ao registo contabilístico inerente à venda.


1 1
VU= = = 8 anos
tx depreciação 0,125

VA-VR 100 000


QD= = = 12 500
Vida útil 8

DA= QD x VUdecorr. = 12 500 x 3 = 37 500


VALOR CONTABILÍSTICO < VALOR DE VENDA
VC = VA – DA = 100 000 – 37 500 = 62 500 62 500 < 65 000
MAIS VALIA – Conta da classe 7

1. Pelo desreconhecimento do AFT


433 Eq. básico 7871 – Alienações

100 000 100 000


+ –
Diminuição do ativo: a cré-
dito. Valor de aquisição

2. Pelo desreconhecimento das depreciações acumuladas


438 Dep. Acumuladas 7871 – Alienações
37 500 37 500
+ –

3. Pela venda
7871 – Alienações 2433 IVA liquidado 12 D. Ordem
65 000 14 950 79 950
+ –

60

Você também pode gostar