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MANUAL

DE APOIO

Curso/ Unidade: Formador:


Noções de contabilidade

Código da Unidade: Carga horária:


7257 25 Horas

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ÍNDICE

Objetivos do Módulo p. 3

Conteúdos Programáticos p. 4

Introdução p. 5

1. Contabilidade como sistema de informação p. 6

2. Principais conceitos em contabilidade p. 11

3. Contas relativas às Demonstrações Financeiras p. 14

4. Demostração de Resultados p. 16

Conclusão p. 28

Referências Bibliográficas p. 31

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OBJETIVOS DO MÓDULO
Objetivos Gerais:

• Reconhecer a importância da contabilidade como sistema de informação;


• Definir os conceitos fundamentais da Contabilidade e os seus principais aspetos;
• Aplicar o Sistema de Normalização Contabilística;
• Analisar as operações contabilísticas relativas e os seus efeitos sobre a perspetiva financeira;
• Reconhecer a importância das informações e das peças contabilísticas como elementos
imprescindíveis da gestão global das organizações.

Objetivos Específicos:
No final da formação, os formandos e as formandas deverão ser capazes de:
• Descrever a contabilidade como sistema de informação, oralmente e por palavras próprias;
• Identificar os princípios fundamentais da contabilidade, correta e autonomamente;
• Caracterizar corretamente o Sistema de Normalização Contabilística, com apoio da formadora;
• Definir corretamente e sem erros os principais conceitos de contabilidade;
• Classificar as contas relativas às demonstrações financeiras, correta e autonomamente;
• Caracterizar corretamente a demonstração de resultados por natureza, com consulta do
manual de apoio;
• Caracterizar corretamente a demonstração de resultados por função, com consulta do manual
de apoio.

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
• Contabilidade como sistema de informação
o Empresa e o circuito económico
o Contabilidade como elemento de gestão
o Sistema de Normalização Contabilística

• Principais conceitos em contabilidade


o Noção de conta
o Demonstração de Resultados - rendimentos, gastos e resultados
o Balanço - ativo, passivo, capital próprio
o Regras gerais de movimentação de contas

• Contas relativas às Demonstrações Financeiras

• Demonstração de Resultados
o Contas de rendimentos
o Contas de gastos
o Contas de resultados: Balanço
o Contas do ativo
o Contas do passivo
o Contas do capital próprio

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INTRODUÇÃO
A Contabilidade tem o compromisso e a necessidade de bem informar.

Trata-se de uma ciência tão antiga quanto a civilização que tem passado por fases de progresso
literário e doutrinário. Não obstante, apenas no século XX, pressionada pela necessidade de bem
informar, os estudiosos e pesquisadores preocuparam-se em identificar e formalizar de uma maneira
prática e objetiva os princípios que a regem e fixar normas e regras para a efetiva aplicação.

Os princípios são inerentes à própria ciência da Contabilidade e existem independentemente do desejo


ou da escolha por parte de todos os envolvidos – pesquisadores, contabilistas ou profissionais.

As informações da Contabilidade devem ser elaboradas rigorosamente de acordo com as normas


vigentes que deverão estar subordinadas aos seus princípios. As demonstrações da Contabilidade
geralmente são elaboradas de forma sintética e, para maiores esclarecimentos, deverão ser divulgadas
de forma analítica, através de notas explicativas, que deverão prestar esclarecimentos contemplando,
no mínimo: os princípios e normas adotadas; eventuais mudanças de critérios, que alterem a
uniformidade da aplicação das normas, em relação ao exercício anterior, justificando-as.

O principal objetivo da Contabilidade é o seu utilizador, interno e externo. Pouca importância terá uma
informação de Contabilidade se a utilidade a que se destina é nula. É pelas informações prestadas aos
utilizadores das demonstrações da contabilidade, proprietários, sócios, acionistas, credores,
financiadores, investidores, fornecedores, governos, empregados e a sociedade, em geral, que a
Contabilidade realiza os objetivos a que se propõe.

A informação da contabilidade é um instrumento para a tomada de decisões, portanto, deve atender


a todos os objetivos a que se destina. A moderna Contabilidade deve ser estruturada visando ser um
instrumento de informação, decisão e controlo, fornecendo informações capazes de atender
plenamente os objetivos dos utilizadores.

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1. CONTABILIDADE COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

O que é a Contabilidade?

A Contabilidade é a ciência que estuda o património de uma entidade, sendo que o património
é o conjunto de bens, direitos e obrigações dessa entidade, e serve de instrumento para
auxiliar na tomada de decisões dentro e fora da entidade.

1.1 EMPRESA E O CIRCUITO ECONÓMICO

A atividade económica resume o conjunto de operações lavadas a cabo pelos agentes


económicos com o objetivo de criar bens e serviços suscetíveis de satisfazer necessidades.

Os setores produtivos da economia de um país, Estado ou região caracterizam-se pelas


atividades económicas desenvolvidas. Didaticamente, são definidos 3 setores:
1. Setor primário: matérias primas ou bens de consumo que são vendidos sem
transformação: produtos agroflorestais, da pesca e minerais.
2. Setor secundário: produtos da indústria transformadora, da construção e energéticos.
3. Setor terciário: todos os serviços, quer sejam transacionados no mercado, quer sejam
fornecidos pelo Estado.

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Os agentes económicos são as pessoas jurídicas ou físicas que, pelas suas ações, contribuem
para o pleno funcionamento do sistema económico. Podemos identificar os 5 principais
agentes económicos:
1. Famílias: enquanto unidades de consumo e fornecimento de trabalho e capital;
2. Empresas: conjunto de todas as unidades institucionais cuja função económica principal
é produzir bens e serviços comercializáveis;
3. Estado: compreende todas as unidades institucionais cuja função económica principal
consiste na produção de bens e serviços não comercializáveis destinados à satisfação de
necessidades coletivas, realizando também operações de redistribuição do rendimento e
património nacional;
4. Instituições financeiras: inclui todas as unidades institucionais cuja principal função
consiste em financiar, isto é, receber, transformar e repartir disponibilidades financeiras;
5. Resto do mundo: agrupa todos os agentes residentes fora do país.

As empresas são unidades cuja função económica principal é a produção, ou seja, a obtenção
de bens e serviços, através de uma combinação de fatores de produção, tão eficiente quanto
possível.

Classificação dos bens produzidos conforme o seu destino


1. Bens de consumo: satisfazem as necessidades de consumo das famílias (alimentos,
vestuário, combustíveis automóveis…).
2. Bens intermédios: são consumidos no ato de produzir outros bens (fio de algodão para
produzir tecidos, embalagens, combustíveis…).
3. Bens de equipamento ou de investimento: são reutilizados na produção de outros
bens durante um certo período de tempo (máquinas, ferramentas…).

Os fatores de produção são os bens necessários à realização de um dado produto final, os


elementos que tornam possível a existência de produção. Classicamente, a teoria económica
considera 3 fatores de produção:
1. Capital: equipamento fixo necessário à produção, incluindo infraestruturas,
construções, máquinas e material de transporte.
2. Trabalho: intervenção humana na produção, geralmente medida em horas, salário ou
eficiência.
3. Recursos naturais ou terra: conjunto de elementos da natureza utilizados no
processamento da produção (terras cultiváveis, floresta, minas, recursos naturais).

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Mas como se calcula o Valor da Produção ou Receita?

P = preço médio dos produtos finais


Q = quantidade produzida
Pa =preço médio dos consumos intermédios
A = quantidade de consumos intermédios
w = salário médio
L = número de trabalhadores
r = taxa de remuneração do capital
K = capital (fixo) utilizado na produção

Produtividade e Rendibilidade
A produtividade total refere-se à quantidade produzida pela empresa e a rendibilidade total
refere-se ao valor da produção obtido pela empresa.

As famílias são unidades de consumo de bens e serviços, pelos quais pagam um valor (preço),
e de fornecimento de fatores (trabalho e capital), recebendo um rendimento como
contrapartida.
Os rendimentos das famílias podem ser divididos por: salários, lucros distribuídos, juros
recebidos, rendas de propriedades que possuem, prestações sociais a que têm direito
(transferências), e rendimentos provenientes do exterior (transferências do resto do mundo).

Como se fixam os salários?


Na concertação social há negociação entre sindicatos e associações patronais, com
intervenção e moderação do governo. São fatores influenciadores: a oferta de trabalho,
produtividade do trabalho, nível de especialização, conjuntura económica e perspetivas face
ao futuro, setor da economia.

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Quais as consequências dos aumentos salariais superiores ao crescimento da produtividade
do trabalho?
Para as famílias: aumento súbito do consumo que, não podendo ser satisfeito pela produção
interna, gera inflação e desequilíbrio nas contas com o Exterior.
Para as empresas: redução das margens de lucro e repercussão dos aumentos salariais nos
preços, o que conduz a menos investimento futuro.

O rendimento disponível corresponde ao valor do rendimento da família depois de retirados


os impostos e as contribuições sociais pagas, ou seja, é o rendimento que fica nas mãos das
famílias para satisfazer as suas necessidades.
A tipologia do consumo depende do nível de rendimento e da distribuição do rendimento e
é na poupança que se notam os primeiros efeitos face a alterações súbitas de rendimento.
Em países e famílias pobres, as despesas com a alimentação representam grande parte do
rendimento e quase a totalidade do consumo.

LEI DE ENGEL
- Quando o rendimento é baixo, a família concentra as despesas nos bens essenciais:
alimentos simples, vestuário e habitação;
- À medida que o rendimento aumenta, as famílias vão destinando parcelas maiores aos
transportes, à cultura e às férias, ou seja, aumenta sobretudo o consumo de serviços.

1.2 CONTABILIDADE COMO ELEMENTO DE GESTÃO

Inicialmente era atribuído à Contabilidade o papel de servir de meio de prova entre partes
em litígio e de superar limitações da memória humana.
Com a generalização e a refinação dos processos, a Contabilidade atualmente não é só um
registo dos factos patrimoniais, mas também é um meio de previsão do futuro.

São objetivos da Contabilidade:


- Conhecimento da situação patrimonial da entidade;
- Determinação das situações devedoras e credoras da entidade perante terceiros;
- Apuramento dos resultados da entidade;
- Elaboração de previsões futuras.

O património é o conjunto de elementos sujeitos a uma determinada administração. É o


fundo de valores de que qualquer organismo económico de produção ou de consumo dispõe
em determinado momento.

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1.3 SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

Com a normalização contabilística define-se um conjunto de regras e princípios que visam:


- Elaboração de um quadro de contas;
- Definição de regras de mensuração e de reconhecimento dos elementos das
demonstrações financeiras;
- Definição do conteúdo, regras de movimentação e articulação das contas;
- Conceção de mapas e modelo para as demonstrações financeiras;
- Definição dos princípios contabilísticos a serem seguidos.

A Contabilidade em Portugal
➢ 1974-1988: primeiro Plano Oficial de Contabilidade (POC);
➢ 1989-2004: ajustamento do normativo contabilístico português com as Diretivas da
EU;
➢ 2005-2010: obrigatoriedade de aplicação das Normas Internacionais de Contabilidade
(NIC) na preparação e apresentação das demonstrações financeiras;
➢ 2010: início da aplicação do Sistema de Normalização Contabilística (SNC).

As pequenas entidades são aquelas que não ultrapassem dois dos três limites seguintes, salvo
quando, por razões legais ou estatutárias, tenham as suas demonstrações financeiras sujeitas
à certificação legal de contas:
- Total do balanço: 500 000€
- Total de vendas líquidas: 1 000 000€
- Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 20

O SNC incorpora também uma Estrutura Conceptual que constitui um documento autónomo
que trata de:
- Objetivo das demonstrações financeiras;
- Características qualitativas que determinam a utilidade da informação contido nas
demonstrações financeiras;
- Definição, reconhecimento e mensuração dos elementos a partir dos quais se
elaboram as demonstrações financeiras;
- Dos conceitos de capital e manutenção de capital.

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2. PRINCIPAIS CONCEITOS EM CONTABILIDADE

A Contabilidade inclui um conjunto de técnicas relativas ao registo de todos os factos que


alterem ou possam vir a alterar o valor ou composição do património (conjunto de bens,
direitos e obrigações).

PATRIMÓNIO/ CAPITAL PRÓPRIO = ATIVO – PASSIVO

O INVENTÁRIO consiste numa relação dos elementos patrimoniais com a indicação do preço
unitário, quantidade e respetivo valor, por norma, realizada anualmente.
O inventário é comum a praticamente todas as empresas como ferramenta para saber o que
existe e onde está. Só assim a entidade saberá de forma clara o que tem disponível para venda
e que poderá transformar em capital e o que eventualmente desapareceu do ativo ou se
deteriorou.
Ao realizar um inventário, é feita uma listagem de todos os elementos patrimoniais existentes,
classificando-os por classes ou por natureza. Mas essa listagem só é útil e completa se incluir
o valor desses elementos inventariados. Desse leque de elementos patrimoniais a incluir no
inventário não fazem apenas parte as mercadorias, devem ser incluídos os imóveis, viaturas e
outros equipamentos de que disponha.

Fases de elaboração do Inventário:


1. Identificação: Quais são os elementos patrimoniais da empresa?
2. Descrição: Como agrupar os elementos patrimoniais?
3. Valoração: Qual é o valor de cada elemento patrimonial?

Disposição de elementos patrimoniais no inventário:


- Inventário simples – descrito sem qualquer preocupação de classificação e ordenação;
- Inventário classificado – os elementos patrimoniais aparecem agrupados em contas.

O Inventário apenas regista os bens do Ativo e do Passivo de uma empresa. Ao acrescentar a


Situação Líquida ao inventário, obtém-se o Balanço.

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O BALANÇO apresenta a posição financeira (ativo, passivo e capital próprio) de uma empresa
numa determinada data: deve ser elaborado pelo menos uma vez por ano, com referência a
31 de dezembro do ano N.
É um instrumento contabilístico que reflete a situação económica financeira da empresa, onde
os pontos fortes e fracos são evidenciados.

Com o balanço podem-se estabelecer comparações claras relativamente à concorrência direta


e a objetivos pré-definidos; detetar eventuais desvios entre o desempenho estimado e o real;
e servir de base a projeções sobre o seu desempenho futuro.

1. ATIVO: inclui tudo aquilo que a empresa possui e que é suscetível de ser avaliado em
dinheiro – disponibilidades (dinheiro em numerário, depósitos bancários e títulos
negociáveis), créditos sobre clientes, stocks de mercadorias, equipamentos,
instalações.
a. Ativo circulante: é o que há numa empresa e pode rapidamente ser
transformado em dinheiro;
b. Dinheiro: é considerado como dinheiro o que a empresa tem na sua conta
corrente ou poupança; é aquilo que está disponível para uso imediato;
c. Ativo móvel: veículos, etc.;
d. Ativo imóvel: é um ativo imobilizado (fábricas, instalações, etc.);
e. Máquinas: maquinaria que a empresa possui.

2. PASSIVO: é o conjunto de fundos obtidos externamente pela empresa, seja através de


empréstimos ou diferimento de pagamentos (aos fornecedores, Estado, etc.); pode ser
considerado passivo todas as dívidas a longo prazo nas subdivisões:
a. Contas a pagar: o que precisa pagar a curto prazo;
b. Notas a pagar: dinheiro que falta pagar a terceiros;
c. Salários e contribuições: salários por pagar aos trabalhadores;
d. Exigível de longo prazo: dívidas com mais de um ano de prazo para pagar.

3. CAPITAL PRÓPRIO: corresponde ao capital pertencente aos sócios/ empresa, ou seja,


representa o valor do investimento realizado pelos proprietários adicionada dos lucros
obtidos ao longo dos exercícios passados e do exercício corrente.

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Relação fundamental no Balanço
Esta expressão constitui o princípio básico da Contabilidade, segundo o qual a aquisição do
património da empresa (ativo) tem que ser financiada por capitais dos sócios (capital próprio)
ou por capitais alheios (passivo).

Capital Próprio Positivo: Ativo > Passivo


Capital Próprio Negativo: Ativo < Passivo
Capital Próprio Nulo: Ativo = Passivo

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3. CONTAS RELATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As CONTAS são o conjunto de classes de elementos patrimoniais que gozam de uma


característica comum.

Características de uma conta:


- O seu título – designação curta associada ao tipo de bens que representa;
- O valor da conta – corresponde à soma dos valores dos elementos patrimoniais que a
compõe;
- O âmbito da conta – corresponde à caracterização dos bens abrangidos pela conta.

Tipos de contas:
- Contas do Ativo – representam os elementos patrimoniais ativos;
- Contas do Passivo – representam os elementos patrimoniais passivos;
- Contas de Situação Líquida – designam os capitais da empresa.

Método das partidas dobradas


As contas do Ativo debitam-se pelos aumentos, creditam-se pelas diminuições.
As contas do Passivo e CP creditam-se pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições.
- A cada débito corresponde sempre um ou mais créditos do mesmo valor e vice-versa.
- As contas da classe 6 debitam-se por natureza e as contas da classe 7 creditam-se por
natureza, salvo as devidas exceções.

As classes:
- Classe 1 – meios financeiros líquidos
- Classe 2 – contas a receber e a pagar
- Classe 3 – inventários e ativos biológicos
- Classe 4 – investimentos
- Classe 5 – capital, reservas e resultados transitados
- Classe 6 – gastos
- Classe 7 – rendimentos
- Classe 8 – resultados

O lançamento é o registo patrimonial e tem 4 elementos:


1. Data
2. Título (nome) das contas
3. Descrição ou histórico
4. Valores das variações ocorridas nas contas

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Os documentos:
- Nota de encomenda
- Guia de remessa
- Fatura
- Nota de débito
- Nota de crédito

As DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS visam fornecer informação verdadeira sobre:


- A posição financeira (balanço)
- O desempenho económico (demonstração dos resultados)
- O desempenho financeiro (demonstração dos fluxos de caixa)

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4. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS é um documento contabilístico que fornece um resumo


financeiro dos resultados das operações financeiras da empresa durante um determinado
período específico, o qual pretende retratar os proveitos e custos desse mesmo período de
exercício. Em suma, trata-se de um mapa financeiro que permite a avaliação do desempenho
da empresa no ano e face ao ano anterior.
Ao somatório da faturação do período, isto é, ao valor total das vendas do período, e de outros
eventuais proveitos, relativos ao mesmo período, subtraem-se todos os custos imputáveis ao
mesmo período. Assim, o saldo final desta aritmética contabilística é o Resultado Líquido do
Exercício, no caso de se terem também deduzido os custos com os impostos.
Normalmente, a demonstração do resultado cobre o período de um ano, encerrado numa
data específica, geralmente o dia 31 de dezembro do ano de calendário. Algumas grandes
empresas, no entanto, podem operar com um ciclo financeiro de 12 meses, ou ano fiscal, que
se encerra numa outra data diferente. Em muitas empresas há centenas ou talvez até milhares
de transações, todos os meses, envolvendo proveitos e custos. Subordinar todas essas
transações a uma única conta seria incorreto e, além disso, impossibilitaria que se
estabelecessem certas relações entre as várias rubricas, o que originou um conjunto
temporário de contas de receitas e despesas ao longo do mapa financeiro.
Qualquer tipo de empresa, independentemente do seu porte, seja microempresa, empresa
de pequeno, médio, ou grande porte, de qualquer natureza jurídica, seja sociedade,
associação, cooperativa, fundação, ou sindicato, etc., necessita manter escrituração
contabilística e consequente elaboração da Demonstração de Resultados.
O Plano Oficial de Contabilidade (POC) contempla duas variantes, a Demonstração de
Resultados por natureza, em que os elementos são descritos pela sua natureza, e a
Demonstração de Resultados por funções, em que as verbas são agrupadas segundo as
funções a que respeitam. Uma empresa suporta custos com vista à obtenção de proveitos,
que por sua vez concorrem a formação de resultados. Na Demonstração de Resultados tudo
anda à volta destes três conceitos, tornando-se, portanto, necessário familiarizar-se com estes
elementos importantes.

CUSTOS
Os custos que uma organização tem que suportar são fatores chaves quanto a uma boa gestão
interna e por isso são elementos que compõem a Demonstração de Resultados.
Segundo “Contabilidade Financeira” os custos “são diminuições nos benefícios económicos
futuros, durante o período contabilístico, na forma de exfluxos ou de reduções de ativos, ou
na incorrência de passivos que resultam em diminuição do capital próprio, que não seja as
relacionadas com as distribuição aos sócios.”

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O Plano Oficial de Contabilidade (POC) não faz distinção nítida entre custos e perdas,
agrupando-os pela sua idêntica natureza, na classe 6. A definição de custos engloba as perdas
e os custos que resultam da atividade normal da empresa, tais como o custo das mercadorias
vendidas e das matérias consumidas, os salários e as amortizações. Nas perdas incluem-se as
situações resultantes de tragédias naturais (incêndios e inundações, bem como as que
resultam da alienação de ativos não correntes).
Um custo é reconhecido como tal na Demonstração de Resultados “quando tenha surgido
uma diminuição nos benefícios económicos futuros relacionados com uma diminuição num
ativo ou com o aumento de um passivo e que o mesmo possa ser mensurado com fiabilidade.”
Ou seja, o reconhecimento de um custo ocorre em simultâneo com o reconhecimento de
aumentos de passivos ou com o reconhecimento de diminuição de ativos.
Em “Elementos de Contabilidade Geral”, consideram-se custos e perdas, “os que
comprovadamente forem indispensáveis para a realização dos proveitos ou ganhos sujeitos a
imposto, ou para a manutenção da fonte produtora, nomeadamente os seguintes:
- Encargos relativos à produção ou aquisição de quaisquer bens ou serviços, tais como
matérias utilizadas, mão-de-obra, energia e outros gastos gerais de fabricação,
conservação e reparação;
- Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade e colocação
de mercadorias;
- Encargos de natureza financeira, como juros de capitais alheios aplicados na
exploração, descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com
operações de crédito, cobrança de dívidas e emissão de ações, obrigações e outros
títulos e prémios de reembolso;
- Encargos de natureza administrativa, tais como remunerações, ajudas de custos,
pensões ou complementos de reforma, material de consumo corrente, transportes e
comunicações, rendas, contencioso e seguros incluindo de vida e operações do ramo
“vida”, contribuições para fundos de poupança reforma, contribuições para fundos de
pensões e para quaisquer regimes complementares da Segurança Social;
- Encargos com análise, racionalização e consulta;
- Encargos fiscais e parafiscais;
- Reintegração e amortizações;
- Provisões;
- Menos valias realizadas;
- Indemnizações resultantes de eventos cujo risco não seja segurável;”
Resumidamente podemos classificar o custo como sendo a diminuição de capital próprio
resultante do desenvolvimento da atividade produtiva da organização. Em montante, os
custos correspondem ao valor dos serviços e dos bens usados ou consumidos no decurso da
atividade da empresa.

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PROVEITOS
Os proveitos são outros elementos que compõem a Demonstração de Resultados, sendo que
estes, à partida, apresentam a parte mais agradável de todo o exercício de uma organização.
Em “Contabilidade Financeira” descreve-se proveitos como sendo “os aumentos nos
benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de influxos ou aumento de
ativos ou diminuições de passivos, que resultem em aumentos do capital próprio, que não
sejam os relacionados com as contribuições dos sócios.”
O Plano Oficial de Contabilidade (POC) agrupa na mesma categoria (classe 7) os Proveitos e
Ganhos. Nesta categoria apresentam-se nas Demonstrações de Resultados todos os proveitos
e ganhos resultantes do exercício da organização. A definição de proveitos engloba quer os
créditos (resultam da atividade normal da empresa), quer os ganhos (podem ou não provir de
tal atividade).
“Um proveito é reconhecido como tal na Demonstração de Resultados, quando tenha surgido
um aumento dos benefícios económicos futuros, relacionados com um aumento no ativo ou
com uma diminuição no passivo, e que posa ser mensurado com fiabilidade.” Por outras
palavras, o reconhecimento de um proveito ocorre em simultâneo com o reconhecimento de
aumentos de ativos ou com o reconhecimento de diminuição de passivos.
De acordo com “Elementos de Contabilidade Geral” os proveitos e ganhos são considerados “
os derivados de operações de qualquer natureza em consequência de uma ação normal ou
ocasional, básica ou meramente acessório, e designadamente os resultantes de:
- Vendas ou Prestações de Serviços, descontos, Bónus e Abatimentos, comissões e
Corretagens;
- Rendimentos de Imóveis;
- Rendimentos de Carácter Financeiro, tais como juros, dividendos, descontos, ágios,
transferências, diferenças de câmbio e prémios de emissões de obrigações;
- Rendimentos da Propriedade Industrial ou outros análogos;
- Prestações de serviços de Carácter Científico ou Técnico;
- Mais valias realizadas;
- Indemnizações auferidas, seja a que título for;
- Subsídios ou Subvenções de exploração.
Resumidamente podem-se classificar perdas como sendo o aumento de capital próprio
resultante da venda de bens ou da prestação de serviços pela empresa. Em montante, os
proveitos correspondem a dinheiro, valores a receber, ou outros ativos obtidos como
compensação pelos bens vendidos ou pelos serviços prestados.

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RESULTADOS
A obtenção de resultados é o objetivo final e principal na Demonstração de Resultados para
que se possa ter uma imagem global quanto ao desempenho operativo durante um período
de atividade de uma organização. A aquisição de resultados consiste numa simples operação
de subtração dos custos aos proveitos. Diz-se lucro líquido quando estamos perante um
aumento de capital próprio subsequente a um bom desempenho operativo por parte da
organização: consiste no excesso das receitas em relação às despesas no período
contabilístico em causa. Diz-se prejuízo líquido quando estamos perante uma diminuição de
capital próprio em resultado das operações da empresa: é o excesso das despesas em relação
às receitas no período contabilístico considerado.
É importante reconhecer os vários tipos de resultados existentes que apuram, em etapas
sucessivas, os diversos resultados da empresa e que podem aparecer na Demonstração de
Resultados por natureza e na Demonstração de Resultados por funções. De seguida,
apresenta-se sinteticamente os vários tipos de resultados.
- Resultados Operacionais: reflete os ganhos ou as perdas resultantes da atividade
principal da empresa. É um conceito importante na análise económico-financeira da
empresa pois representa a capacidade do seu negócio principal gerar excedentes. Diz-
se frequentemente que os resultados operacionais são uma consequência das
decisões dos “operacionais” da empresa (comerciais, produção, etc.)
- Resultados Financeiros: visa apurar os ganhos ou perdas resultantes das decisões
financeiras da empresa, englobando todos os custos suportados pela utilização de
recursos financeiros e os proveitos resultantes de aplicações financeiras, quer de
curto, quer de médio e longo prazo.
- Resultados Correntes: este resultado consiste na soma dos dois anteriores e traduz os
resultados da atividade normal da empresa, ou seja, das decisões relacionadas com a
exploração corrente. Contabilisticamente, traduzem o resultado dos fatores
patrimoniais normais, os quais se contrapõem aos factos ocasionais ou acidentais.
- Resultados Extraordinários: são os resultantes de factos ocasionais ou acidentais, que
traduzem os ganhos ou perdas, alheios à exploração, logo, com carácter de
eventualidade. Este resultado torna-se interessante para efeitos de avaliação
económico-financeira da empresa, na medida em que nunca se deve esquecer da sua
eventualidade e, como tal, não constituir um elemento normativo da análise.
- Resultados antes de Impostos: este resultado tem a finalidade de evidenciar os
resultados globais, antes de deduzida a estimativa para impostos sobre o rendimento
(IRC). A sua utilização é facultativa, na medida em que aquela informação será obtida
pela leitura das demonstrações financeiras.
- Resultados Líquidos do Exercício: é o apuramento do resultado líquido de cada
exercício económico, ou seja, é o valor que ficou depois de termos abatidos os custos

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necessários e os impostos sobre os lucros. Este valor será depois distribuído de acordo
com a decisão dos sócios/acionistas.
- Resultados Brutos: é o apuramento do resultado bruto de cada exercício económico,
ou seja, é o valor que apenas engloba as vendas e prestações de serviços às quais são
subtraídos os custos diretos das vendas e das prestações de serviços tendo em
consideração os impostos inerentes.
- Resultados por Ação: este resultado segue-se, normalmente, ao resultado líquido do
exercício e é obtido dividindo os resultados líquidos do período (deduzidos dos
correspondentes às ações preferenciais) pelo número médio pondera de ações
ordinárias em circulação durante o período.

A DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZA, de elaboração obrigatória, é a


demonstração financeira que apresenta os resultados das operações de uma empresa
durante um determinado período em que os custos e as perdas e os proveitos e os ganhos
são classificados de acordo com as respetivas naturezas.
A Demonstração de Resultados agrupa as contas destinadas a registar, num dado exercício,
os custos por natureza sendo relevantes, por um lado, os ligados com a atividade normal e
corrente da empresa e, por outro, os relacionados com operações de cariz extraordinárias.
Por sua vez, os custos e perdas da atividade normal e corrente desdobram-se em dois
subconjuntos informativos: um evidenciando os denominados “custos operacionais” e outros
os “custos financeiros”.
Esta demonstração financeira é fácil de elaborar uma vez que não obriga à introdução dos
gastos operacionais entre as diversas classificações funcionais. A figura seguinte ilustra
esclarecidamente um modelo de apresentação da Demonstração de Resultados por natureza
onde constam todos os elementos que deve integrar, incluindo a apresentação de números
comparativos (ano N, ano N-1). Segue-se uma análise pormenorizada do modelo referido que
consta no Plano Oficial de Contabilidade (POC).

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No lado dos custos e perdas aparecem aqueles que estão relacionados com os custos
operacionais, sucessivamente:
- Custos das mercadorias vendidas e das matérias consumidas
- Fornecimentos e serviços externos
- Custos com pessoal Amortizações do imobilizado corpóreo e incorpóreo
- Provisões
- Impostos
- Outros custos e perdas operacionais

No seguimento do quadro da Demonstração de Resultados por natureza surge de seguida


todos os custos e perdas relacionados com os custos financeiros, designadamente:
- Perdas em empresas do grupo e associadas
- Amortizações e provisões de aplicações e investimentos financeiros
- Juros e custos similares (separados em relativos a empresas do grupo e outros)

Depois destes é evidenciado o total dos custos e perdas extraordinários, que integram todos
os custos associados a donativos, dívidas incobráveis, multas e penalidades, etc.
Finalmente é indicado o imposto sobre o rendimento de exercício após o que se evidencia o
resultado líquido do exercício.
A título de exemplo prático, o pagamento do salário de um funcionário de secção de
transportes aparece na demonstração na rubrica “Despesas com pessoal”, isto no caso da
Demonstração de Resultados por natureza.

No lado dos proveitos e ganhos aparecem em primeiro lugar todos os relacionados com
proveitos e ganhos operacionais, sucessivamente:
- Vendas
- Prestações de serviços
- Variação da produção
- Trabalhos para a própria empresa
- Proveito suplementares
- Subsídios à exploração
- Outros proveitos e ganhos operacionais

A somatória destas quantias conduz aos proveitos operacionais, seguindo-se os proveitos e


ganhos financeiros separados em:
- Ganhos em empresas do grupo e associadas
- Rendimentos de participações de capital
- Rendimentos de títulos negociáveis e de outras aplicações financeiras

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- Outros juros e proveitos similares (separados em relativos a empresas do grupo e
outros)

Finalmente é evidenciado o total dos proveitos e ganhos extraordinários que englobam


proveitos tais como a restituição de impostos, recuperação de dívidas, reduções de
amortizações e de provisões, etc. É de salientar que a rubrica “Variação da produção”
corresponde à diferença entre as existências finais e iniciais de “Produtos acabados e
intermédios”, “Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos” e “Produtos e trabalhos em
curso”, tomando-se ainda em consideração o movimento em “Regularização de existências”.

A Demonstração de Resultados por natureza permite a obtenção de diversos tipos de


resultados, nomeadamente:
➢ Resultados Operacionais
➢ Resultados Financeiros
➢ Resultados Correntes
➢ Resultados Extraordinários
➢ Resultados Antes de Impostos
➢ Resultado Líquido de Exercício

O quadro que se segue ilustra a obtenção sequencial dos vários tipos de resultados que se
obtém neste tipo de demonstração financeira.

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A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR FUNÇÕES é a demonstração financeira que
apresenta os resultados das operações de uma empresa durante um determinado período em
que os diversos custos são classificados de acordo com a sua função como parte do custo das
vendas e das atividades de distribuição ou administrativas. Os resultados são apurados,
descriminando os seus componentes positivos e negativos por origem ou afetação e, em
particular, de acordo com as funções empresariais (produção, comercial, administrativa,
financeira, etc.).
A estrutura desta Demonstração de Resultados deverá ser bastante flexível para uma fácil
adaptação e adequação à atividade de cada empresa. Esta forma de apresentação
proporciona aos utilizadores uma informação muito mais relevante daquela que vimos no
ponto anterior, uma vez que divulga de forma específica os diversos componentes do
resultado líquido. Este tipo de demonstração não é obrigatório embora seja de grande
utilidade para a gestão da maioria das empresas.
Nem sempre a segmentação das informações nas empresas se processa ao nível funcional,
face à preocupação em adequar às necessidades e interesses da gestão e do apoio à tomada
de decisão. Assim, os resultados podem ser segmentados para além do mero funcional por
outras áreas ou atividades, nomeadamente centros de responsabilidade, produtos ou
serviços, atividades, segmentos de mercado, etc.

A figura seguinte ilustra um modelo tipo que consta no DC-20 (Diretriz Contabilística n.º 20).
Este tipo de demonstração permite, ainda, a apresentação, quando for o caso, de situações
específicas como sejam, por exemplo, os réditos e os gastos das atividades ou divisões em
processo de descontinuação, os gastos e as perdas das atividades ou divisões já
descontinuadas, ganhos e perdas não usuais e os efeitos de alteração nas políticas
contabilísticas. A estrutura a adotar deve conduzir à determinação dos resultados pelos
seguintes níveis:
➢ Resultados Brutos
➢ Resultados Operacionais
➢ Resultados Correntes (antes e depois de impostos)
➢ Resultados Extraordinários (antes e depois de impostos) ƒ Resultados Líquidos do
Exercício
➢ Resultados por ação

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Seguidamente efetua-se uma análise pormenorizada do modelo referenciado, para uma
melhor compreensão para quem se confronta com uma demonstração deste tipo ou,
eventualmente, para quem venha a realizar uma Demonstração de Resultados por funções.
- Vendas e prestações de serviços: crédito proveniente das vendas e das prestações de
serviços líquidos de descontos e dos impostos inerentes. Inclui a variação, positiva ou
negativa, da produção (produtos acabados e intermédios; subprodutos, desperdícios,
resíduos e refugos; produtos e trabalhos em curso), a provisão para depreciação de
existências e os subsídios à exploração.
- Custos das vendas e das prestações de serviços: custos dos bens e dos serviços
vendidos pela empresa. Sobretudo para empresas transformadoras será
indispensável a determinação prévia do custo dos produtos acabados e o seu
tratamento em sistema de inventário permanente.
- Outros proveitos e ganhos operacionais: integra os restantes proveitos e ganhos
operacionais, incluindo os juros dos depósitos bancários e a recuperação de dívidas
anteriormente consideradas incobráveis.
- Custos de distribuição: custos associados à função venda de bens e serviços.
- Custos administrativos: custos associados à função administrativa.

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- Outros custos e perdas operacionais: custos e perdas operacionais que não estiverem
incluídos em qualquer das rubricas anteriores. Inclui as provisões para cobranças
duvidosas, multas e penalidades.
- Custo líquido de financiamento: custo que respeita ao financiamento contraído pela
empresa, deduzido de eventuais proveitos financeiros anteriores à sua utilização.
Nesta rubrica não se devem incluir os descontos de pronto pagamento concedidos ou
obtidos.
- Ganhos (perdas) em filiais e associadas: esta rubrica inclui os ganhos ou perdas
resultantes da aplicação do método da equivalência patrimonial.
- Ganhos (perdas) em outros investimentos: esta rubrica inclui os dividendos
recebidos de empresas que não sejam filiais nem associadas.
- Resultados não usuais ou não frequentes: resultados não usuais por natureza ou de
ocorrência não frequente, mas não satisfazendo simultaneamente ambas as
condições, quando materialmente relevantes, como por exemplo quebras anormais
em existências, ganhos em dívidas a pagar, etc.
- Resultados de operações em descontinuação (líquido de impostos): resultados
relativos a atividades ou divisões em processo de descontinuação ou já
descontinuadas, ou seja, situações relacionadas com a atividade de segmentos
empresariais, sejam eles linhas autónomas de negócio ou linhas de clientes. Inclui
provisões de risco e encargos relacionados com as referidas operações.
- Alterações de políticas contabilísticas: são também de considerar imediatamente
antes do resultado líquido. Inclui os efeitos das alterações dos métodos de custeio das
saídas das existências, dos métodos de amortizações, etc.
- Resultado líquido: este resultado tem necessariamente de coincidir com o resultado
líquido que consta na Demonstração de Resultados por natureza.

Outra diferença que se evidencia na comparação dos dois tipos de demonstração consiste na
aplicação do IRC. Na Demonstração de Resultados por funções, contrariamente ao outro
método, é apresentada a parte do IRC que incide sobre cada um dos diversos tipos de
resultados obtidos pela empresa. (IRC sobre resultados correntes, IRC sobre os resultados
extraordinários, etc.).
Em comparação ao exemplo referenciado na demonstração de Resultados por natureza, neste
tipo de demonstração o pagamento do salário de um funcionário de secção de transportes
aparecia como um custo local ou função a que o funcionário pertence.

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O BALANÇO é a demonstração financeira que apresenta a posição financeira de uma empresa
no final do seu exercício económico e que divulga, devidamente agrupados e classificados, os
ativos, os passivos e o capital próprio. O Balanço não indica quanto a empresa vale, é apenas
uma fotografia que retrata a situação patrimonial da empresa em termos do dever e do haver
numa determinada data ou momento.
A informação necessária para o Balanço consiste em informação sobre os valores líquidos
existentes no final do período, em vez do total bruto do período, como acontece com a
Demonstração de Resultados. Por conseguinte, a administração de uma organização pretende
conhecer o montante dos valores existentes nos bancos, o valor de existências, dos
equipamentos, etc., disponíveis no final do período.
Existe uma relação íntima entre o Balanço e a Demonstração de Resultados que é aparente. A
Demonstração de Resultados é o elo de ligação entre dois balanços anuais, o do ano anterior
e o do ano atual. Os itens de proveitos e custos representam, de facto, uma análise mais
aprofundada de elementos do capital.
Quando analisamos um Balanço de fim de exercício, e a Demonstração de Resultados
referente ao mesmo exercício, o saldo na conta de Resultados Líquidos do Exercício, registada
na estrutura de Capital Próprio da empresa, tem que coincidir com o saldo equivalente da
Demonstração de Resultados, como se verifica no exemplo com balanço sintético (apenas
representa algumas das contas expressas no POC) representado na figura seguinte.

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CONCLUSÃO
As demonstrações financeiras devem proporcionar informação acerca da posição financeira,
das alterações desta e dos resultados das operações, para que sejam úteis a investidores, a
credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente, concederem crédito e
tomarem outras decisões; contribuem assim para o funcionamento eficiente dos mercados
de capitais.
A informação deve ser compreensível aos que a desejem analisar e avaliar, ajudando-os a
distinguir os utentes de recursos económicos que sejam eficientes dos que o não sejam,
mostrando ainda os resultados pelo exercício da gerência e a responsabilidade pelos recursos
que lhe foram confiados.
Os destinatários da informação financeira são, mais especificamente, os seguintes:
- Investidores;
- Financiadores;
- Trabalhadores;
- Fornecedores e outros credores;
- Administração Pública;
- Público em geral.

A responsabilidade pela preparação da informação financeira e pela sua apresentação é


primordialmente das administrações. Isto não invalida que estas também não estejam
interessadas nessa informação, apesar de terem acesso a informação adicional, que as ajuda
a executar e a cumprir as responsabilidades do planeamento e do controlo e de tomar
decisões.
Os utilizadores estarão tanto melhor habilitados e analisar a capacidade da empresa de gerar
fundos, com oportunidade e razoável segurança, quanto melhor forem providos de
informação que foque a posição financeira, os resultados das operações e as alterações
naquela posição.

A qualidade essencial da informação proporcionada pelas demonstrações financeiras é a de


que seja compreensível aos utentes, sendo a sua utilidade determinada pelas seguintes
características:
- Relevância;
- Fiabilidade;
- Comparabilidade.

Estas características, juntamente com conceitos, princípios e normas contabilísticas


adequadas, fazem que surjam demonstrações financeiras geralmente descritas como

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apresentando uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e do resultado das
operações da empresa.

A relevância é entendida como a qualidade que a informação tem de influenciar as decisões


dos seus utentes, ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes e futuros ou
a confirmar ou corrigir as suas avaliações.
Não sendo a materialidade uma qualidade da informação financeira, determina, porém, o
ponto a partir do qual a mesma passa a ser útil. Assim, a informação é de relevância material
se a sua omissão ou erro forem suscetíveis de influenciar as decisões dos leitores com base
nessa informação financeira.
Por conseguinte, a relevância e a materialidade estão intimamente ligadas, porque ambas são
definidas em função dos utentes ao tomarem decisões. No entanto, a relevância parte da
natureza ou qualidade da informação, enquanto a materialidade depende da dimensão da
mesma.
A relevância da informação pode ser perdida se houver demoras no seu relato; por isso, a
informação deve ser tempestivamente relatada.

A fiabilidade é a qualidade que a informação tem de estar liberta de erros materiais e de juízos
prévios, ao mostrar apropriadamente o que tem por finalidade apresentar ou se espera que
razoavelmente represente, podendo, por conseguinte, dela depender os utentes. Para que a
informação mostre apropriadamente as operações e outros acontecimentos que tenha por
finalidade representar, é necessário que tais operações e acontecimentos sejam apresentados
de acordo com a sua substância e realidade económica e não meramente com a sua forma
legal, e para que seja fiável deve também e sobretudo ser neutra, ou seja, estar ausente de
preconceitos. Deve ser obtida conjugação perfeita da relevância com a fiabilidade, a fim de
que o uso da informação seja maximizado.

Em prol da comparabilidade, a divulgação e a quantificação dos efeitos financeiros de


operações e de outros acontecimentos devem ser registadas de forma consistente pela
empresa e durante a sua vida, para identificarem tendências na sua posição financeira e nos
resultados das suas operações. Por outro lado, as empresas devem adotar a normalização, a
fim de se conseguir comparabilidade entre elas.
A necessidade de comparabilidade não deve confundir-se com a mera uniformidade e não
pode tornar-se um impedimento à introdução de conceitos, princípios e normas
contabilísticas aperfeiçoados. Também a empresa não deve permitir-se continuar a
contabilizar da mesma maneira uma dada operação ou acontecimento se a política
contabilística adotada não se conformar com as características qualitativas da relevância e da

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fiabilidade, nem, tão-pouco, deixar de alterar as suas políticas contabilísticas quando existam
alternativas relevantes e fiáveis.

A quem interessa a informação económica e financeira gerada pela empresa?


A informação económica e financeira interessa não só aos proprietários (sócios e acionistas)
e aos gestores (administradores e diretores) mas também a um conjunto diferenciado de
entidades que direta e indiretamente se relacionam com a empresa, tais como:
- Bancos e financiadores
- Fornecedores
- Clientes
- Trabalhadores
- Estado
A todas estas entidades interessa conhecer a situação económica e financeira atual e
perspetivar a sua evolução futura.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Editora, 24ª Edição, Lisboa, 2000.

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16ª Edição, Lisboa, 1998, pp. 614-743 e pp. 803-816.

• Costa, C.; Alves, G., – “Demonstrações Financeiras”, Contabilidade Financeira. Editora


Rei dos Livros, 3ª Edição, Lisboa, 2001, pp. 105-143.

• Esteves, J.C., MBA-Princípios de Contabilidade Financeira. pp. 1-43.

• Figueiredo, J.,“Contabilidade”, Fundamentos de Gestão (apontamentos informais


sobre contabilidade e gestão), IST, Lisboa, 2004, pp. 5-13.

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cooperativa do oeste do Paraná, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2003, pp. 21-39

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