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Sistemas de Custeio

Disciplina: Contabilidade Financeira I


Docente: Pedro Domingues
Ano letivo 2019/20
Classe 3 – Inventários e Ativos
Biológicos
• A classe 3 – Inventários e Ativos Biológicos é uma
classe mista pois contempla:

▫ Contas de inventários, tal como definido no §11 da NCRF 18: Os


inventários são ativos: a) detidos para venda no decurso
ordinário da atividade empresarial; b) no processo de produção
para tal venda; ou c) na forma de materiais ou consumíveis a
serem aplicados no processo de produção ou na prestação de
serviços;

▫ Os ativos biológicos de produção que, embora incluídos nesta


classe, mais se aproximam do que poderia ser a classe 4 –
Investimentos.
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Conta 31 – Compras
311 – Mercadorias
312 - Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

• Estas contas destinam-se a formar o custo da compra


de mercadorias e matérias-primas, subsidiárias e de
consumo para posterior transferência para as contas
“32- Mercadorias”, “33- Matérias-primas,
subsidiárias e de consumo”.

• Reconhecimento
Esta conta não é reconhecida no balanço, pois
imediatamente antes do momento de relato ela deve
ser saldada para que o custo das compras esteja
refletido na respetiva conta de mercadorias (32) e
matérias-primas, subsidiárias e de consumo (33)
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Conta 31 – Compras
311 – Mercadorias
312 - Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

• Mensuração Inicial
 O custo da compra de inventários inclui (§11 da NCRF
18):
• O preço da compra (deduzido de descontos comerciais,
abatimentos e outros itens semelhantes)
• Direitos de importação e outros impostos (não
dedutíveis)
• Custos de transporte
• Manuseamento
• Outros custos até ao ponto em que sejam incorridos
para os colocar no seu local e na sua condição atuais.
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Conta 32 - Mercadorias
• Esta conta regista o custo dos bens detidos
pela entidade para venda no decursos
ordinário da atividade empresarial.

• Reconhecimento
Esta conta é apresentada no Balanço, no ativo
corrente, na rubrica “Inventários”.

• Mensuração Inicial
A mensuração é feita ao custo apurado na
conta
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311 - Compras - Mercadorias.
Conta 32 - Mercadorias
• Mensuração Subsequente

• Depois do registo inicial ao custo, os


inventários devem ser mensurados ao
custo ou valor realizável líquido, dos dois
o mais baixo” (§9 NCRF 18)

* Valor Realizável Líquido = É o preço de venda


estimado menos os custos estimados necessários
para efetuar a venda

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Conta 32 - Mercadorias
• Mensuração Subsequente

Os ativos não devem ser escriturados por quantias


superiores àquelas que previsivelmente resultariam da
sua venda ou uso.

 É portanto necessário verificar o valor realizável líquido e compará-lo


com o custo. Se o valor realizável líquido for inferior é necessário
proceder ao ajustamento (imparidade).

 Esse verificação deve ser feita nos momentos de relato.

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Sistemas de Inventários

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Sistema de Inventário Permanente - SIP
• Neste sistema o custo das mercadorias vendidas e matérias
consumidas é apurado no ato da venda ou consumo,
permitindo assim a todo o momento identificar os bens
(existentes em armazém) quanto à sua natureza,
quantidade, custos unitários e globais.

• Este sistema carateriza-se, pelos registos contabilísticos


refletirem permanentemente as quantidades físicas e
quantidade escriturada, existentes em “armazém”.

• É o sistema previsto, em termos gerais, pelo SNC (ver art.º


12, do DL 158/2009, de 13 de Julho – Aprovação do SNC).

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Sistema de Inventário Periódico ou
Intermitente
• As entidades que não apliquem o sistema de inventário
permanente, devem então calcular o custo das mercadorias
vendidas e matérias consumidas de forma indireta.

• Neste caso, o valor dos stocks em armazém e dos resultados


apurados, só é determinável através da inventariação física dos
bens e posterior valorização, efetuadas periodicamente
(geralmente no final do ano)

• Ou seja, enquanto que pelo inventário permanente se acompanha


todo o movimento de produtos em armazém, pelo intermitente, tal
não acontece tendo que se recorrer a uma contagem física para
conhecimento do mesmo.

• É o sistema excecional previsto pelo SNC (ver art.º 12, do DL


158/2009, de 13 de Julho – Aprovação do SNC).

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Sistema de Inventário Periódico ou
Intermitente
• Neste sistema de Inventário, o Custo das Mercadorias
Vendidas e das Matérias Consumidas (CMVMC) é
apurado através da seguinte expressão:

CMVMC = Inventário Inicial (1) + Compras (2) –


Inventário Final (3) +/- Reclassificações e
Regularizações (4)

(1) O Inventário inicial corresponde ao inventário final do ano anterior


mensurado em função das bases de mensuração utilizadas
(2) Por transferência da conta 31 – Compras
(3) A quantia do inventário final é apurada por inventário físico e
mensurada em função das bases de mensuração utilizadas
(4) Por transferência da conta 38 - Reclassificações e Regularizações

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Inventário Permanente e
Inventário Intermitente
• Em ambos os sistemas as contas a utilizar são as mesmas, embora
em momentos distintos. Por exemplo, no caso de aquisição de
Mercadorias, as contas a movimentar são 31 – Compras e 32 -
Mercadorias,

▫ Sistema de Inventário Permanente: é registado, no


momento da compra, na conta 31 – Compras o valor da compra
das existências, sendo este valor logo transferido para a conta 32
– Mercadorias (a débito). Esta última será creditada,
aquando da venda, para o apuramento do custo da mercadoria
vendida.

▫ Sistema de Inventário Intermitente: é registado, no


momento da compra, na conta 31 – Compras o valor da compra
das existências. Contudo, a transferência deste para a conta 32 –
Mercadorias apenas será efetuado no final do exercício, após o
apuramento do CMVMC. Nesse momento, esta última será
creditada, por contrapartida da conta 611 – Custo das
mercadorias vendidas e das matérias consumidas -
Mercadorias.
Inventário Permanente e
Inventário Intermitente
• Em resumo:

▫ na conta 31 – Compras, é lançado o valor das


aquisições de matérias-primas e de bens
aprovisionáveis destinados a consumo ou venda.

▫ Esta conta saldará, em todas as eventualidades, por


débito das contas de Inventários e Ativos Biológicos
respetivas, sendo por isso uma conta auxiliar e
transitória, ainda que de importância
fundamental.
RESUMO
Inventário Permanente Inventário
Periódico/Intermitente
• O saldo da conta 32 - • O saldo da conta 32
Mercadorias representa Mercadorias representa o
permanentemente o valor valor da existência inicial,
das mercadorias em porque o custo da existência
armazém. só é apurado no final do
exercício.
• O custo das mercadorias • O custo das mercadorias
vendidas, obtido nas fichas vendidas é obtido apenas no
de armazém, consegue final do exercício,
saber-se sempre, bem como recorrendo a uma fórmula
a margem bruta das vendas. específica.
• No final do exercício
económico, o saldo da conta
31 Compras é igual ao
montante líquido das
compras.
Fórmulas de Custeio
Inventários

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Conta 32 - Mercadorias

• A entrada das mercadorias em armazém é


sempre registada ao preço de custo, o que
deve incluir as despesas de compra e
excluir os descontos comerciais obtidos.

• A saída, pelo contrário, depende do critério


de mensuração dos inventários utilizado pela
empresa.

Ou seja, o valor pela qual as mercadorias


saem do armazém para venda.

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Fórmulas de Custeio
• Para o apuramento da quantia a considerar das saídas dos
inventários para venda ou consumo é necessário
considerar uma fórmula de custeio sempre que os itens em
armazém tenham entrado em momentos diferentes (vários
lotes) e cada entrada tenha um custo de compra diferente.

• É então importante referir como se mensura o custo dos


inventários, aquando a sua venda ou inserção na produção.

• Para este efeito a NCRF 18 – Inventários, estabelece que o


custo dos inventários, deve ser mensurado pelo uso de uma
das seguintes fórmulas:

▫ FIFO
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▫ Custo Médio Ponderado (CMP)
Custo médio ponderado – é o critério
mais utilizado nas empresas e pressupõe que a
avaliação do stock de cada artigo seja feita ao custo
médio de todas as unidades que o compõem. Assim,
as saídas do armazém são valorizadas ao custo médio
das entradas.

CMP = Q1 x P1 + Q2 x P2
Q1 +Q2

Q – quantidade
P - preço
FIFO – FIRST IN FIRST OUT

 As primeiras unidades a entrar no armazém são as


primeiras a serem vendidas ou consumidas.

 As existências consumidas e vendidas são


valorizadas aos preços mais antigos e as que
permanecem no armazém ao preço mais recente.
(§27 NCRF 18).

 Implica que em períodos de maior inflação, as


empresas tendam a obter margens de lucro mais
elevadas.
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Exemplo:

Aquisição sucessiva dos seguintes lotes da mesma


mercadoria:
▫ Outubro de 2013: Quantidade – 100; Preço unitário: 10€
▫ Novembro de 2013: Quantidade – 200; Preço unitário: 12€

• Em Dezembro de 2013: venda de 150 unidades

Apuramento do CMV em Dezembro:


• Custo médio ponderado
• FIFO
RESOLUÇÃO:

• Custo médio ponderado


CMVMC = (100*10 + 200*12) * 150 = 1.700
100+200

• FIFO
CMVMC= 100*10 + 50*12 = 1.600
• O registo destes critérios de
valorimetria são feitos em :

Fichas de armazém
Entradas Saídas Inventários
Data Descrição Qt V. un Valor Qt V. un Valor Qt V. un Valor
CMVMC  2000 *15  500 * 20  40000 23
1)
2)
3)

1) P.U . 
2000 *15  2000 * 20   17,5 3) CMVMC  2500 *19  47.500
2000  2000

2) P.U . 
4000 *17,5  2000 * 22  19
4000  2000 24
38 – Reclassificação e
regularização de
inventários e ativos
biológicos
38 - Reclassificação e regularização de
inventários e ativos biológicos
Esta conta destina-se a registar as reclassificações de e para inventários e
activos biológicos; e as regularizações de inventários e activos biológicos,
nomeadamente quebras, sobras, ofertas e outras operações
que não sejam compras, vendas ou consumos.

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ATENÇÃO
INVENTÁRIOS 38 – Reclassificação e regularização de
inventários…

 Reconhecimento

Esta conta não é reconhecida no balanço, pois trata-se


de uma conta de registo de determinados movimentos
que entram no conceito de reclassificação e
regularização, sendo debitada e creditada
simultaneamente (em SIP) ou regularizada/saldada no
final aquando do encerramento de contas (Inventário
Intermitente).

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Alguns exemplos de movimentação
Descrição Débito Crédito
6884 – Ofertas e amostras de 382 – Reclassificação e
Ofertas de inventários Regularização de inventários
Inventários 382/389 – Reclassificação e 32x – Mercadorias
(ver questão do IVA)**
Regularização de inventários *
24332…- IVA Liquidado –
IVA Liquidado à nossa
6812X – Impostos Indirectos - Autoconsumos e operações
conta – Oferta de Inv.
IVA gratuitas
6842 – Perdas em Inventários - 382 – Reclassificação e
Quebra de Quebras Regularização de inventários
Inventários 382/389 – Reclassificação e 32x – Mercadorias
Regularização de inventários*
382 – Reclassificação e 7842 – Ganhos em
Regularização de inventários inventários / sobras
Sobra de Inventários
32x – Mercadorias * 382/389 – Reclassificação e
Regularização de inventários
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Alguns exemplos de movimentação
Descrição Débito Crédito
4X – Investimentos 382 – Reclassificação e
Afetação ao Regularização de inventários
imobilizado 382/389 – Reclassificação e 32x – Mercadorias
Regularização de inventários *
382 – Reclassificação e 7888x – Outros
Ofertas de Regularização de inventários Rendimentos e Ganhos
Fornecedores 32x – Mercadorias 382/389 – Reclassificação e
Regularização de inventários *
6841 – Perdas em Inventários - 382 – Reclassificação e
Sinistros Sinistros Regularização de inventários
(em que a operação resulte
num gasto para a entidade) 382/389 – Reclassificação e 32x – Mercadorias
Regularização de inventários*
6888x - Outros Gastos e 382 – Reclassificação e
Perdas – Consumo Interno Regularização de inventários
Consumos Internos
382/389 – Reclassificação e 32x – Mercadorias
29 Regularização de inventários *
Alguns exemplos de movimentação
* Estes registos só são feitos de imediato no SIP, no caso do sistema
de inventário periódico será efetuado aquando do encerramento de
contas.
** IVA – Segundo o CIVA, considera-se transmissão de bens, logo
tributadas em IVA, a transmissão gratuita de bens…

Ressalvado o disposto no artigo 25.º, a afetação permanente de bens


da empresa, a uso próprio do seu titular, do pessoal, ou em geral a
fins alheios à mesma, bem como a sua transmissão gratuita, quando,
relativamente a esses bens ou aos elementos que os constituem, tenha
havido dedução total ou parcial do imposto.

Excluem-se do regime estabelecido por esta alínea as


amostras e as ofertas de pequeno valor, em conformidade
30 com os usos comerciais.
326 – Mercadorias em
poder de terceiros

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326 – Mercadorias em poder de terceiros

• Esta conta destina-se a registar a quantia


das mercadorias de propriedade da
empresa que se encontrem em poder de
terceiros.

• Poderá haver várias situações que levem a


que haja mercadorias em poder de
terceiros, ou que estejam em regime de
consignação.
32
Caso particular das Mercadorias à consignação
As mercadorias à consignação são mercadorias que estão em
poder de terceiros, não só à sua guarda mas também no
sentido de que estes assumem algumas vantagens e riscos
inerentes à sua posse, apesar de não serem proprietários;

Estas mercadorias que estão à consignação,


enquadram-se no conceito de ATIVO na entidade que
envia as mercadorias

Apesar de terem sido “cedidas” a terceiros, são um


recurso ainda controlado pela entidade que os cedeu e
das quais se espera que fluam benefícios económicos
futuros para a entidade
33
Caso particular das Mercadorias à consignação
No momento do envio das mercadorias a entidade não está a
efetuar uma venda pois normalmente pode ser efetuado o
retorno das mercadorias independentemente da vontade do
“vendedor”

Assim, o reconhecimento do RÉDITO e o respetivo


GASTO associado às mercadorias vendidas , deverá
acontecer apenas quando estão reunidas as condições
para o seu RECONHECIMENTO

VENDA FIRME

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Movimentação da Conta (326)
Descrição de Operação Débito Crédito
1 – Pelo envio ao 326 – Mercadorias 321 – Mercadorias
consignatário em poder de
terceiros
2 – No momento da Venda 211 – Clientes c/c 711 – Vendas /
(que coincidirá com o Mercadorias
momento em que o 2433… - IVA liquidado
consignatário vende ao seu
cliente)
3 – Pelo 611 - CMVMC 326 – Mercadorias em
desreconhecimento das poder de terceiros
mercadorias (vendidas)
4 – Pela devolução de 321 – Mercadorias 326 – Mercadorias em
Mercadorias consignadas poder de terceiros
não vendidas
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Variação da Produção

Tem como objetivo compensar as diferenças entre os


consumos e as vendas de:

 Produtos acabados
 Subprodutos (…)
 Produtos e trabalhos em curso
Variação da Produção
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O custo das vendas de produtos produzidos pela


empresa não é registado numa conta de gasto de
vendas, dado que os gastos necessários para a sua
produção já estão registados nas respetivas contas
de gastos.

Caso se voltasse a contabilizar o gasto das vendas


desses produtos estar-se-ia a incorrer numa
duplicação de gastos

Por isso é utilizada a conta 73 – Variações nos


Inventários da Produção
Variação da Produção
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Como é sabido, apenas se devem reconhecer os gastos referentes


ao próprio exercício económico.

Assim, os gastos dos produtos produzidos no exercício, mas que


se encontram em armazém no final do exercício (Inventário
Final), não pode ser a ele imputado, mas apenas ao exercício
em que se verificar a sua venda.

Por outro lado, o gasto dos produtos produzidos pela empresa


no exercício anterior (Inventário Inicial), mas que apenas
forem vendidos no(s) exercício(s) seguinte(s), deve(m) ser
imputado(s) a esse(s) exercício(s).
NCRF a consultar

Deverá ser consultada e estudada


a NCRF 18 – Inventários

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