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CPC 16 (IAS 2)

Estoques
Reinaldo Guerreiro
Agenda
1. Introdução
2. Conceituação de Estoques
3. Mensuração de estoques
4. Reconhecimento no resultado e divulgação
5. Considerações Gerais
6. Custeio de Produtos
7. Produção Conjunta
1. Introdução
A Norma IAS-2:
• Emitida em Dezembro/2003
• Aplicável a partir do exercício de 2005
• Substituiu o IAS 2 Valorização e Apresentação dos
Estoques no Contexto de Custo Histórico (original de
Outubro/1975)
• Substituiu o SIC 1 – Consistência – Diferentes
Métodos de Custeio dos Estoques (Dezembro/1997)
A Norma CPC 16

• Emitida em maio de 2009


• Aplicável a partir de janeiro de 2010 (sendo
recomendada sua antecipação).
• Foi elaborada com base no IAS 2.
Objetivo da Norma

Prescrever o tratamento contábil para os estoques.

O foco da norma é a apuração do lucro do período e a


adequada representação dos estoques no balanço da
companhia.
Aplicação da Norma
Produto de
Revenda

Tipos de
Estoques A empresa
(O ambiente
interno)

Produto
Acabado
Exceções

Aplicável a todos os estoques, exceto:


• Produtos em processo relativos a contratos
de construção – IAS 11
• Instrumentos Financeiros – IAS 32 e IAS 39
• Ativos biológicos relacionados com atividade
de agricultura e da produção agrícola no
ponto de colheita– IAS 41
Exceções
A norma não se aplica na mensuração de estoques
detidos por:
• Produtores de produtos agrícolas e florestais, produto
agrícola após colheita e de minerais e produtos
minerais, até o ponto que eles sejam mensurados pelo
valor líquido de realização, de acordo com as práticas
bem estabelecidas pela indústria na qual está inserida.
• Corretores de commodities que mensurem seus
estoques pelo valor justo (Fair Value), menos os custos
de vendas.
2. Conceituação de estoques
Questões Fundamentais
• Em que ponto no tempo os itens deveriam ser
incluídos no estoque (propriedade)?
• Quais custos incorridos deveriam ser incluídos
na mensuração dos estoques?
• Quais premissas de fluxos de custos deveriam
ser consideradas?
• A que valores os estoques deveriam ser
registrados e reportados (valor realizável
líquido)?
Conceito de Estoques
“São itens que são mantidos para venda no curso normal
dos negócios; no processo de produção para a venda; ou
na forma de materiais ou suprimentos a serem
consumidos no processo de produção ou de prestação de
serviços”.
• Mantidos para venda no curso normal dos negócios;
• Mantidos em processo de produção para venda
futura
• Na forma de materiais ou suprimentos a serem
consumidos no processo de produção ou na
prestação de serviços
A Propriedade dos Bens

A norma sobre estoques não faz menção ao conceito de


propriedade.

O conceito de propriedade pode ser inferido através do conceito de


transferência (tratado no IAS 18 – Receita), onde é detalhada a
idéia de transferência dos riscos e benefícios significativos de uma
transação.

O estoque somente pode ser considerado um ativo da companhia,


quando o mesmo é um recurso econômico sob controle da
entidade na data da demonstração da posição financeira.
A Propriedade dos Bens

O controle do recurso econômico significa que a empresa


assume todos os riscos e benefícios proporcionados pelo
estoque.

De forma geral, a empresa deveria registrar compras e


vendas de estoques quando a documentação demonstra a
transferência (titularidade).
A Propriedade dos Bens

Itens devem ser incluídos nos Estoques de uma entidade se


eles forem destinados à venda e se a entidade tiver os
direitos de propriedade completos e irrestritos sobre os
mesmos.
a) a entidade arca com todas as perdas se o estoque
perecer, for roubado ou furtado (assume os riscos) e;
b) a entidade detém todos os direitos sobre os benefícios
futuros que se espera desse Estoque (usufrui dos benefícios)
A Propriedade dos Bens
Um erro comum cometido é assumir que titularidade
é sinônimo de ter os bens em mãos.
• Bens em poder da empresa podem não ser da
empresa.
• Bens que ainda não estão em poder da empresa,
pertencem efetivamente à empresa.
A Propriedade dos Bens

Existem algumas situações que podem causar confusão


sobre a propriedade dos estoques:
1) Bens em trânsito
2) Vendas em consignação
3) Vendas com cláusula de recompra
A Propriedade dos Bens
Bens em Trânsito:
“De acordo com a interpretação da tradição legal
e contábil, os bens são incluídos no estoque da
empresa financeiramente responsável pelos
custos de transportes”.
A Propriedade dos Bens
Bens em Trânsito:
FOB – Free on Board
FOB porto de destino (FOB destination):Bens em trânsito
pertencem ao vendedor.
Neste caso o vendedor é responsável pelos itens durante
todo o itinerário até o destino (estabelecimento do
comprador). Portanto o vendedor só deve reconhecer a
receita e a baixa do estoque, quando o comprador
receber a mercadoria.
Shipping cost:
FOB Destination Point

Seller Buyer

Title
passes at
destination
 No sale or purchase until inventory reaches its
destination
 Seller responsible for inventory while in transit
A Propriedade dos Bens
Bens em Trânsito:
FOB – Free on Board
FOB porto de origem (FOB shipping point): Bens em
trânsito pertencem ao comprador.
Neste caso a responsabilidade do vendedor é restrita
até o momento em que ele entrega a mercadoria ao
transportador. Consequentemente deste momento em
diante, o comprador deve reconhecer o item em seu
patrimônio (estoque), mesmo que as mercadorias
ainda não tenham chegado em seu estabelecimento.
Shipping cost:
FOB Shipping Point

Seller Buyer

Title
passes when
shipped

 Both sale and purchase recorded upon shipment


 Buyer responsible for inventory while in transit
A Propriedade dos Bens
Bens em trânsito:
FAS - Free Alongside
Um vendedor que embarca FAS, arca com todas
as despesas e riscos envolvidos na entrega dos
bens no local onde os bens serão reembarcados.
O comprador arca com as despesas de
carregamento e de transporte. A transferência da
propriedade se dá no momento em que o
segundo transportador assume os bens.
A Propriedade dos Bens
Bens em trânsito:
CIF - Cost, Insurance and Freight
Nessa modalidade não só o custo, mas o seguro e o frete
correm por conta do vendedor. É da responsabilidade do
vendedor colocar o material nas instalações do
comprador.
Buyer
Seller
A Propriedade dos Bens
Bens em Consignação
Neste caso uma empresa que guarda os bens
pode ser considerada um agente para o
verdadeiro proprietário. A empresa recebe
comissão por venda efetuada ou ‘compra’ o bem
exatamente quando efetua a venda para terceiro.
A Propriedade dos Bens
Bens em Consignação

O bem pertence ao consignante, permanecendo


avaliado ao custo de aquisição ou produção no
estoque deste.
Venda com cláusula de Recompra

• A entidade obtém um financiamento mediante o


estabelecimento de um contrato de compra e venda com
a recompra garantida numa data futura, a determinado
preço (custos de aquisição mais de manutenção do
ativo, inclusive o custo da dívida).
Venda com cláusula de Recompra

• A essência é o financiamento, não a venda -forma


• Portanto, a entidade que obteve o financiamento
(“vendedora”) não deveria reconhecer a Receita nem o
CMV. Deveria reconhecer o financiamento.
Elementos de Custo dos Estoques

Como regra geral, o custo dos estoques devem


incorporar:
• Todos os custos de aquisição
• Todos os custos de transformação
• Demais custos incorridos para colocar
estoques em condições de uso ou venda
Tipos de Inventários

Inventário Periódico: Contagem física


periódica.

Inventário Perpétuo: Sistema de controle


permanente.
3. Mensuração de
estoques
Regra Básica de Mensuração
O estoques devem ser avaliados pelo valor de custo ou
pelo valor realizável líquido, dos dois o menor.

Em condições especiais os estoques podem ser


avaliados pelo valor justo (fair value).

Uma entidade deverá utilizar o mesmo critério de


avaliação de estoques para todos os estoques de
mesma natureza e uso.
Definições
Valor Realizável Líquido:
Preço estimado de venda (-) custos estimados para
conclusão e custos necessários para vender.

Valor Justo (Fair Value):


Montante pelo qual um ativo poderia ser trocado, ou um
passivo liquidado, entre partes interessadas, no
mercado, sem favorecimento entre as partes.
Inventory Costing Methods

Specific Weighted
Identification Average

First-in, First-out Last-in, First-out


(FIFO) (LIFO)

LO6
Técnicas de mensuração do custo
Estoques de itens geralmente não intercambiáveis e bens e serviços
agregados a projetos específicos:

• identificação específica

Demais itens:

• PEPS (FIFO)

• Custo Médio Ponderado

• O critério UEPS (LIFO) não deve ser utilizado (mas as


empresas americanas o utilizam para efeito fiscal)
First-in, First-out (FIFO) Method

Step 1: Assign the cost of the beginning


inventory to cost of goods sold.

1st
in
Técnicas de mensuração do custo
Podem ser utilizados desde que os valores
sejam uma aproximação dos custos:
• Custo Padrão (níveis normais de utilização
de recursos com revisões periódicas)
• Método de Varejo (o custo do estoque é
determinado deduzindo-se do preço de
venda a margem estimada de lucro do item)
Elementos do custo
de item comprado
Custo de Aquisição:
(+) Preço de compra
(+) Custos de importação
(+) Custos de transporte, manuseio e outros custos
diretamente atribuíveis à aquisição
(-) Descontos
(-) Custos recuperáveis (impostos)
Custo de aquisição de
mercadoria nacional
É o valor da mercadoria líquido dos impostos
recuperáveis:
(+)Valor da mercadoria: R$ 100,00
(-) Icms (18,00%): R$ 18,00
(-) Pis (1,65%): R$ 1,65
(-) Cofins (7,60%): R$ 7,60
(=) Custo: R$ 72,75
Custo mercadoria importada

É o valor US$ FOB mercadoria x Fator de


Nacionalização x Taxa de US$
Valor FOB da mercadoria: US$ 100,00
Fator de nacionalização: 1,37
Taxa de US$: R$ 2,97
Custo = US$ 100 x 1,37 x R$ 2,97
Custo = R$ 406,89
Custo Financeiro
• O custo financeiro da condição normal de
pagamento, embutido no preço, é considerado
como elemento de custo do estoque.

• O custo financeiro relacionado a uma condição


de financiamento diferenciada, deverá ser
considerado como despesa financeira do
período.
Elementos de custos
de item fabricado
O custo do produto fabricado incorpora:
• custos da aquisição de materiais
• custos de transformação
Os custos de transformação são:
• Mão-de-obra direta
• Custos indiretos de fabricação variáveis
• Custos indiretos de fabricação fixos
• Custos não fabris porém necessários (exemplo: custos de
concepção e desenvolvimento de produto para cliente específico
Elementos de custos
de item fabricado
Custos Indiretos de Fabricação Variáveis:
São aqueles custos que variam diretamente, ou quase diretamente, com o
volume de produção tais como materiais indiretos e mão-de-obra
indireta. São alocados aos produtos fabricados com base no uso efetivo
da planta.

Custos Indiretos de Fabricação Fixos


São aqueles custos que permanecem relativamente constantes
independentemente do volume de produção, tais como depreciação e
manutenção do edifício da fábrica e de equipamentos e o custo da
administração da fábrica.
Elementos de custos
de item fabricado
Alocação dos Custos Indiretos de Fabricação Fixos ao Produtos
Capacidade Normal: Considera a produção a ser alcançada em
condições normais e usuais da empresa menos a perda de
produção devida ao tempo dedicado à manutenção planejada.
Na ocorrência de baixa produção ou de ociosidade da planta, o valor
unitário de custos indiretos de fabricação não deve aumentar.
Os custos indiretos de fabricação fixos não alocados aos produtos
devem ser reconhecidos como despesas do período.
Em períodos de volumes excepcionalmente altos de produção, a
quantia de custos indiretos fixos alocado a cada unidade de produto
diminui, de tal forma que o valor dos estoques não sejam avaliados
acima do custo.
Elementos de custos
reconhecidos como despesas
• Quantidades anormais de perdas de materiais,
mão-de-obra ou outro recurso.
• Custos de armazenagem, exceto aqueles
necessários no processo produtivo
• Overheads administrativos
• Custo de vendas
Valor Realizável Líquido
O valor dos estoques deve ser ajustado para o Valor Realizável
Líquido sempre que o custo do estoque não possa ser recuperável.

O custo pode ser não recuperável nas seguintes situações:

• Os estoque estão danificados

• Os estoques estão obsoletos

• O preço de venda teve forte declínio

• Se os custos estimados de completar os produtos bem como os


custos estimados para vender os produtos tiveram forte aumento

O ajuste deve ser feito item a item, exceto em casos excepcionais


Produção Conjunta
Conceito:

Produtos Principais: O custo conjunto menos o valor do


sub-produto deve ser alocado aos produtos principais
com base em critério racional e consistente. Como por
exemplo, no valor de venda dos produtos produzidos.

Sub-produtos: Quando imateriais são avaliados pelo Valor


Realizável Líquido. Esse valor deve ser deduzido dos
custos conjuntos.
4. Reconhecimento no
resultado e divulgação
Reconhecimento no resultado
Item: Reconhecimento quando:
Custo item vendido A respectiva receita de venda é
reconhecida
Montante resultante de redução dos
estoques:
o redução ao valor líquido de No período em que a redução ocorre
realização

Perdas nos estoques No período em que a perda ocorre


Estoques alocados a um ativo fixo (ex. Durante a vida útil do ativo fixo
estoque usado como componente de um
equipamento construído pela própria
empresa)
Divulgação
As demonstrações financeiras devem divulgar:
• Políticas contábeis e critérios de valoração dos
estoques
• Montante total dos estoques e por classificação
• Montante de estoques registrados pelo valor justo (-)
custos estimados para vender
• Montante reconhecido no resultado do período
Divulgação
• Montante de estoques baixado como perda do
período
• Montante de perdas revertidas e reconhecidas como
redutora do custo
• Circunstâncias ou eventos que promoveram a
reversão das baixas de períodos anteriores
• Montante de estoques dados como garantia de
obrigações junto a terceiros
5. Considerações Gerais
Considerações Gerais
• Os estoques devem ser apresentados pelo menor valor
entre o custo e o valor realizável líquido
• Os custos fixos devem ser alocados pela capacidade
produtiva normal. Caso produção real seja menor que
esperada, a diferença deve ser registrada como despesa
do período.
• Os estoques podem ser valorados usando identificação
específica, PEPS ou Custo Médio Ponderado
• Redução ao valor de realização deve ser feita por item,
a menos que agrupado seja mais apropriado
Considerações Gerais

Os IFRS tendem a ser muito mais “principles-


based” e menos “rules-based”.
Dessa forma a norma sobre Estoques define
princípios mas não entra em detalhes de como
deve ser o processo analítico de funcionamento
de um sistema de custeio.

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