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CONTABILIDADE DAS

ORGANIZAÇÕES
AULA 4

Prof. André Júnior de Oliveira


CONVERSA INICIAL

Prezado aluno, ao longo da presente disciplina aprendemos acerca de


vários assuntos, como o patrimônio, sua definição, formas de controle e a
equação patrimonial. De um lado temos as contas de ativo, e do outro, de
passivo, evidenciando as origens e a aplicação de recursos. Falamos sobre o
método das partidas dobradas, aprendemos sobre as contas: aquelas
consideradas patrimoniais, e as de resultado.
Também aprendemos sobre lançamentos de operações específicas,
sendo os de abertura de empresas e aquisição de imobilizado. Na presente
aula, trataremos de assuntos sequenciais aos abordados até então, uma vez
que veremos lançamentos básico de compras de mercadoria para revenda,
lançamento básicos de venda de mercadoria, outros lançamentos envolvendo o
grupo do ativo, passivo e patrimônio líquido, receitas e despesas.

CONTEXTUALIZANDO

Os lançamentos contábeis são elementos da escrituração contábil. A


escrituração contábil é uma das mais importantes técnicas contábeis, por meio
da qual as demais técnicas, como demonstração, análise e auditoria, são
desenvolvidas.
A escrituração contábil tem por finalidade fornecer informações sobre um
determinado patrimônio, ou seja, por meio do método das partidas dobradas
são efetuados lançamentos em contas de ativo, passivo, receita ou despesa.
Ao final, por meio da conciliação contábil, tais lançamentos dão origem aos
demonstrativos contábeis.
Os lançamentos devem ser efetuados em idioma e moeda corrente
nacional, em forma contábil, ordem cronológica (dia, mês, ano), com base em
documentos hábeis – ou seja, com base em documentos de origem interna ou
externa. Na ausência destes, devem se basear em elementos que comprovem
ou evidenciem os fatos e a prática de atos administrativos.
A escrituração pode ser efetuada por meio de processo manual,
mecanizado ou eletrônico. A escrituração é registrada de forma permanente
nos livros diário e razão. Estudaremos melhor os livros em outro momento.
Todas as formalidades relacionadas à escrituração contábil são previstas no
Decreto n. 486/1969.

TEMA 1 – LANÇAMENTOS BÁSICOS DE COMPRAS DE MERCADORIAS


PARA REVENDA

Entre as atividades operacionais das empresas do ramo comercial, tem-


se a compra de mercadorias destinadas à revenda (destacamos a diferença,
uma vez que nem todas as aquisições das empresas comerciais são para
revenda). Mercadorias são itens adquiridos pelos empresários comerciais com
a finalidade de revenda, para varejo ou atacado.
O lançamento de uma compra de mercadorias para revenda seria o
seguinte:

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Estoques (Ativo Circulante)
 Crédito: Disponível (Caixa/Banco) (caso a compra for a
vista)/fornecedores (caso a compra for a prazo)
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conforme NF XX, na data de
xx/xx/xxxx.

Caso a compra de mercadorias seja à vista, poderá ser paga via caixa
ou banco, já que tais contas representam as disponibilidades da empresa. Ao
adquirir mercadorias, há incidência de tributos que foram pagos no ato de
compra. Assim, tais tributos são recuperáveis, e se referem ao valor dos
impostos e contribuições sobre as compras, mediante alíquota específica. Tais
impostos e contribuições são recuperáveis pelas empresas contribuintes dos
referidos impostos. Por exemplo, a empresa que vende mercadorias deve
recolher o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. O
valor é calculado sobre o total das mercadorias adquiridas; dessa forma, o
imposto que fora pago na sua aquisição, pode ser recuperado no momento de
apuração do imposto na venda da mercadoria. Da mesma forma, a empresa
contribuinte do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, no momento de
apuração do imposto na venda do produto industrializado, deve recuperar o IPI
pago nas aquisições. Tal entendimento se aplica ao PIS – Programa de
Integração Social e Cofins – Contribuição para o financiamento da seguridade
social, pagos na aquisição das mercadorias pelas empresas contribuintes
desses tributos, tendo em vista que estarão sujeitas ao regime de não
cumulatividade, que consiste em deduzir dos valores apurados ao final de cada
mês os respectivos créditos oriundos das aquisições.
Importante salientar que tais tributos não são incluídos no custo das
mercadorias. Dessa forma, o imposto destacado na aquisição deve ser
excluído do custo do produto adquirido, devendo ser contabilizado em conta
própria de Impostos a recuperar no ativo circulante. Tal procedimento faz que a
mercadoria seja registrada no estoque de mercadorias para revenda na
empresa pelo valor líquido.
O lançamento de uma compra de mercadorias para revenda,
considerando o tributo a recuperar, seria o seguinte:

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Estoques (Ativo Circulante)
 Débito: Impostos a recuperar (Ativo Circulante)
 Crédito: Caixa/Banco (Ativo Circulante)/Fornecedores (Passivo
Circulante)
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conforme NF XX, na data de
xx/xx/xxxx.

Importante observarmos que impostos, tais como ICMS, PIS, Cofins e


IPI, devem seguir o procedimento ora abordado. Contudo, há casos em que a
empresa pode não ser contribuinte desses impostos, e nessas situações esses
os tributos não serão recuperáveis. Assim, deve-se considerar o valor total
constante na nota fiscal como custo daquela mercadoria adquirida ou material.
Outra observação importante acerca do assunto tributos a recuperar é o fato de
que os tributos são devidos de acordo com o regime de tributação em que cada
empresa é optante ou enquadrada, sendo necessária a verificação de cada
empresa individualmente para compreender se é ou não aplicável a
recuperação dos impostos pagos pelos fornecedores.
Despesas com fretes, pedágio, seguros e outras despesas pagas pela
empresa que está adquirindo as mercadorias ou materiais na aquisição da
mercadoria devem integrar o seu custo. O registro da aquisição da mercadoria
para revenda, considerando o frete, é lançado da seguinte forma:
 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Estoques (Ativo Circulante) – inclui-se p valor do frete
 Débito: Impostos a recuperar (Ativo Circulante)
 Crédito: Caixa/Banco (Ativo Circulante) /Fornecedores (Passivo
Circulante)
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conforme NF XX, na data de
xx/xx/xxxx.

Para que fique mais clara a compreensão de como se dá a


contabilização de mercadorias adquiridas para revenda, vejamos a seguinte
situação. A empresa Lúcia D. P. Franco adquiriu mercadorias para revenda do
fornecedor Casa das Mercadorias Ltda, pela Nota Fiscal número 0087, no valor
de R$ 115,38, à vista, utilizando dinheiro disponível na conta caixa.
Considerando que a empresa Lúcia D. P. Franco é contribuinte do ICMS, e que
todas as demais informações se encontram no print do documento fiscal dessa
operação, disponibilizado a seguir, como poderíamos contabilizar tal nota
fiscal?

Figura 1 – Documento fiscal

Fonte: Adaptado de Mercado Livre, 2018.

A nota fiscal acima refere-se a uma revenda no valor de R$ 115,38, na


qual foi destacado ICMS no valor de R$ 17,60. Sabemos que a empresa Lúcia
D. P. Franco, empresa que está fazendo tal aquisição, efetuou a compra a vista
por meio do caixa, e a empresa fornecedora, conforme consta na nota fiscal, é
Casa das Mercadorias Ltda. A empresa Lúcia D. P. Franco é contribuinte do
ICMS. Como poderíamos contabilizar tal nota fiscal?

 Data: 27/04/2010
 Débito: Estoques (Ativo Circulante) – R$ 97,78
 Débito: Impostos a recuperar (Ativo Circulante) – R$ 17,60
 Crédito: Caixa (Ativo Circulante) – R$ 115,38
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias por meio da NF 0087 – Casa
das Mercadorias Ltda.

Deve-se lançar o valor líquido da nota fiscal na conta de estoque de


mercadorias, tendo em vista que a empresa adquirente é contribuinte do ICMS,
e no momento da apuração do imposto deverá recuperar o valor de R$17,60,
referente à nota fiscal acima demonstrada.
O lançamento deve ser realizado considerando o valor líquido da
mercadoria (valor líquido = valor total da NF – ICMS destacado na NF), como
custo da mercadoria em estoque. Já o valor do imposto a recuperar (ICMS
destacado na NF) é um direito em seu ativo na conta de Impostos a Recuperar.

TEMA 2 – LANÇAMENTOS BÁSICOS DE VENDA DE MERCADORIA

Vimos, anteriormente, que de acordo com o regime de competência, as


vendas realizadas pelas empresas devem ser contabilizadas na entrega dos
produtos ou serviços, e não no momento do recebimento financeiro da venda.
Mercadorias vendidas são aqueles produtos ora adquiridos de terceiros, da
mesma forma que um mercado de alimentos adquire de um distribuidor
determinada quantidade de alimentos com a finalidade de revenda – dessa
forma, tal item é considerado uma mercadoria e não produto.
Produtos vendidos são aqueles valores de venda de produtos,
originados na indústria, sendo uma produção própria. Um exemplo bastante
comum dessa situação seria uma indústria madeireira, que adquire insumos de
um produtor rural, industrializa móveis, e os vende para distribuidores.
Serviços prestados podem ser definidos como aqueles executados
mediante contrato ou uma prestação de serviços específica e pontual. Os
serviços de contabilidade prestados por um escritório podem ser considerados
como serviços prestados mediante contrato; os serviços referentes a um
conserto de automóvel são prestados em situação específica e pontual.
Na contabilização das vendas de mercadorias e serviços, não podemos
esquecer que se trata de um lançamento composto de três lançamentos. No
primeiro lançamento, lançamos a venda de mercadoria propriamente dita; no
segundo, reconhecemos a obrigação a pagar referente ao valor do imposto
sobre a venda; no terceiro, baixamos o custo do estoque. Vejamos os
lançamentos abaixo:

1. Venda de mercadorias

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Clientes (ativo circulante, se venda a prazo) /caixa/Banco
(ativo circulante, se venda à vista)
 Crédito: Receita de vendas (resultado)
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conforme NF XX, na data
de xx/xx/xxxx.

2. Reconhecimento do imposto sobre a venda e da obrigação a pagar

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Imposto sobre vendas (resultado, dedução da DRE)
 Crédito: Imposto a pagar (passivo circulante)
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conforme NF XX, na data
de xx/xx/xxxx.

3. Baixa dos estoques

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Custo de mercadorias/produtos vendidos (resultado)
 Crédito: Estoque de mercadorias (passivo circulante)
 Histórico: Vr. Custo de mercadorias vendias sobre venda de
mercadorias conforme NF XX, na data de xx/xx/xxxx.

Veremos novamente estes lançamentos, ao final desta aula.


Com o objetivo de facilitar a compreensão da contabilização dessas
operações, utilizaremos a mesma nota fiscal apresentada na Figura 1; porém,
nesse momento veremos como fica o lançamento por parte da empresa que
efetuou a venda de mercadorias, ou seja, o lançamento realizado na empresa
Casa das Mercadorias.
A empresa Casa das Mercadorias Ltda vendeu mercadorias para o
cliente Lúcia D. P. Franco, por meio da Nota Fiscal número 0087, no valor de
R$ 115,38, à vista, em dinheiro na conta caixa. Sobre a venda, a empresa
apurou o ICMS devido, correspondente a R$ 17,60. A mercadoria vendida
estava compondo seu estoque com o custo de R$ 40,00. Considerando essas
informações, como poderíamos contabilizar tal nota fiscal?

 Data: 27/04/2010;
 Débito: Caixa (Ativo Circulante) – R$ 115,38;
 Crédito: Receita de vendas (Resultado) – R$ 115,38;
 Valor: 115,38;
 Histórico: Vr. Venda de mercadorias conf. NF 0087;
 Débito: Impostos sobre vendas (Resultado);
 Crédito: Impostos a pagar (passivo circulante);
 Valor: R$ 17,60;
 Histórico: Vr. Impostos sobre vendas de mercadorias conf. NF 0087;
 Débito: Custo de mercadorias vendidas (Resultado);
 Crédito: Estoque de mercadorias (ativo circulante);
 Valor: R$ 40,00;
 Histórico: Vr. Custos sobre vendas de mercadorias conf. NF 0087.

Na empresa revendedora, deve se lançar o valor bruto da venda, em


seguida fazer o lançamento do imposto incidente sobre a venda. e a baixa da
mercadoria no estoque.

TEMA 3 – DEMAIS LANÇAMENTOS ENVOLVENDO ATIVOS

3.1 Recebimento de vendas

Até este momento, vimos lançamentos específicos, tais como


integralização de capital, aquisição de imobilizado, depreciação, aquisição de
mercadorias e venda de mercadorias. No presente tema, falaremos de outros
lançamentos que envolvem as contas do ativo.
Quando vendemos mercadorias a prazo, vimos anteriormente que
debitamos da conta de clientes, na qual estão registradas as vendas efetuadas
a prazo, gerando assim um direito de a empresa receber por esta venda. Caso
estas compras forem recebíveis em até 365 dias, a contar do início do exercício
financeiro, que geralmente coincide com o ano civil, devem ser contabilizadas
no curto prazo, com registro no grupo de ativo circulante. Casos diferentes
deverão ser contabilizados no longo prazo, no ativo não circulante. Tais casos
são mais comuns quando as vendas são parceladas em um número maior que
12 parcelas, as quais devem ser transferidas do longo prazo para o curto
prazo, no fechamento do balanço.
Pensemos na seguinte situação: No dia 2 de novembro de 2018, a
empresa Automotors vendeu um veículo para certo cliente, no valor de R$
50.000,00. Tudo aconteceu da seguinte forma: foi dado entrada no valor de R$
2.000,00 via caixa, e o restante parcelado em 48 x de R$ 1.000,00. O cliente
pagou a primeira parcela 30 dias após a venda.
Como ficam os lançamentos? Vejamos.
Venda do veículo:

 Data: 02/11/2018
 Débito: Clientes (ativo circulante-Curto Prazo) - R$ 12.000,00
 Débito: Clientes (ativo não circulante- Longo Prazo) – R$ 36.000,00
 Débito: Caixa (ativo circulante) – R$ 2.000,00
 Crédito: Receita de vendas (resultado) – R$ 50.000,00
 Histórico: Valor venda de veículo conf, NF. 010 – nesta data.

Clientes (ativo não circulante) Caixa


S.I: 0,00 S.I: 0,00
R$ 36.000,00 R$ 2.000,00
S.F: 36.000,00 S.F: 2.000,00

Clientes (ativo circulante) Receita de vendas


S.I: 0,00 S.I: 0,00
R$ 12.000,00 R$ 50.000,00
S.F: 12.000,00 SF: 50.000,00

Recebimento da primeira parcela:

 Data: 02/12/2018
 Débito: Caixa (ativo circulante) – R$ 1.000,00
 Crédito: Clientes (ativo circulante-Curto Prazo) – R$ 1.000,00
 Histórico: Recebimento de parcela 1/48 – ref. venda de veículo conf, NF.
010 – nesta data
Transferência da parcela de longo prazo para o curto prazo:

 Data: 31/12/2018
 Débito: Clientes (ativo circulante-Curto Prazo) - R$ 1.000,00
 Crédito: Clientes (ativo não circulante- Longo Prazo) – R$ 1.000,00
 Histórico: Transf. Parcela classificada no longo prazo para o curto prazo.

Imagine que a parcela 2 do carro seja paga via caixa no dia 15 de março
de 2018. Nessa situação, devem ser contabilizados os juros advindos do
atraso. O valor dos juros deve ser lançado diretamente na conta de receitas
financeiras. Veja o exemplo a seguir.
Recebimento de duplicata com juros:

 Data: 15/03/2018
 Débito: Caixa (ativo circulante) – R$ 1.190,00
 Crédito: Clientes ou duplicatas a receber (ativo circulante- curto prazo) –
R$ 1.000,00
 Crédito: Receita de Juros – R$ 190,00
 Histórico: Recebimento de parcela 2/48 – com juros-Ref. venda de
veículo conf. NF. 010 – nesta data.

3.2 Despesas antecipadas

Outro exemplo de lançamento de ativo interessante a ser abordado é o


lançamento de despesas antecipadas. Um caso clássico seria o de assinatura
de jornais e revistas ou de seguros. As despesas antecipadas com assinatura
de jornais e revistas são classificadas no grupo do ativo circulante. Assinaturas
a vencer referem-se a assinaturas de jornais e revistas que serão utilizadas ao
longo do período contratado, mas que são contratadas em um momento
somente, ou seja, são adquiridas para o período contratado, mas não estão
incorridas no momento da contratação. De acordo com o princípio da
competência, devem ser apropriados na conta de despesa mensalmente, de
acordo com a utilização do serviço contratado.
Imagine o caso de uma empresa que fez uma assinatura de revista
técnica por um período de 12 meses (1 ano) no dia 2 de janeiro de 2018,
pagando R$ 1.200,00 à vista via caixa. A contabilização acontece da seguinte
forma.
Momento da assinatura:

 Data: 02/01/2018
 Débito: Assinaturas e Anuidades – (ativo) – R$ 1.200,00
 Crédito: Caixa (ativo) – R$ 1.200,00
 Histórico: Pg. Assinatura de revista técnica para o período de 12 meses,
conf. Nf XX, N/Data.

Registra-se na conta de ativo circulante, tendo em vista que representa


um direito de uso das revistas, que serão enviadas mensalmente. Caso a
assinatura tenha sido feita de forma parcelada, será creditada a conta contas a
pagar no grupo do passivo, sendo as parcelas contabilizadas mensalmente da
seguinte forma.
Momento de apropriação das despesas:

 Data: 30/01/2018
 Débito: Despesas com revistas, jornais, e livros (resultado) – R$ 100,00
 Crédito: Assinaturas e anuidades (ativo) – R$ 100,00
 Histórico: Vr. Apropriação de despesa com assinatura de revista técnica
referente ao mês Janeiro/2018.

A apropriação da despesa foi no valor de R$ 100,00, visto que a


assinatura é anual; dessa forma, R$ 1.200,00 / 12 = R$ 100,00. Caso a
vigência fosse trimestral, divide-se o valor por 3 meses, e assim se adequa o
valor a ser apropriado de acordo com a vigência do contrato.
O mesmo critério se aplica aos casos de contratação de seguros:
contabiliza-se tudo no ativo circulante no momento da contratação, e a
apropriação é feita mensalmente na conta de despesa. Caso a aquisição for
feita a prazo, a conta de fornecedores será creditada, tendo em vista a
obrigação que a empresa adquirente terá para com o fornecedor em quitar o
valor da compra realizada.

TEMA 4 – DEMAIS LANÇAMENTOS ENVOLVENDO PASSIVOS E


PATRIMÔNIO LÍQUIDO

4.1 Pagamento de duplicatas

No presente tema, falaremos de outros lançamentos que envolvem as


contas do Passivo e Patrimônio Líquido.
Quando compramos mercadorias a prazo, devemos creditar a conta de
fornecedores; contudo, caso as compras sejam exigíveis em prazo superior a
365 dias, a contar a partir do período de reporte, sendo este o levantamento do
balanço patrimonial (ou período de reporte das demonstrações financeiras),
devem ser contabilizadas no longo prazo, ou melhor dizendo, no passivo não
circulante. Talvez você possa estar pensando: compra de mercadorias a longo
prazo não faz sentido. Mas vamos imaginar a situação de um financiamento de
determinado bem, como um veículo. Pensemos na seguinte situação: No dia 2
de novembro de 2018, a empresa Lucrativa Ltda. comprou um veículo de
determinado fornecedor, no valor de R$ 50.000,00. Não foi dado entrada, e o
valor fora parcelado em 50 x de R$ 1.000,00. O cliente pagou a primeira
parcela 30 dias após a venda por meio da conta caixa.
Os lançamentos ficaram da seguinte forma:
Compra do veículo:

 Data: 02/11/2018
 Débito: Veículo (Imobilizado- ativo não circulante) – R$ 50.000,00
 Crédito: Fornecedores (passivo circulante- curto prazo) – R$ 12.000,00
 Crédito: Fornecedores (passivo não circulante – longo prazo) – R$
38.000,00
 Histórico: Valor compra de veículo conf, NF. 011 – nesta data.
Pagamento da primeira parcela com dinheiro do caixa:

 Data: 02/12/2018
 Débito: Fornecedores (passivo não circulante – curto prazo) – R$
1.000,00
 Crédito: Caixa (ativo circulante – Curto Prazo) – R$ 1.000,00
 Histórico: Pagamento de parcela 1/48 – ref. compra de veículo conf, NF.
011 – nesta data.

Transferência da parcela de longo prazo para o curto prazo:

 Data: 31/12/2018
 Débito: Fornecedores (passivo circulante – Curto Prazo) – R$ 1.000,00
 Crédito: Fornecedores (passivo não circulante – Longo Prazo) – R$
1.000,00
 Histórico: Transf. Parcela classificada no longo prazo para o curto prazo.

Conforme visto nos lançamentos anteriores, referentes ao recebimento


de duplicatas, a medida em que forem efetuados os pagamentos ou o
fechamento do balanço, devem ser transferidas as parcelas de longo prazo
para o curto prazo. Essa reclassificação é necessária.
Vamos pensar em uma situação: a parcela 2/50 é paga via caixa, no dia
20 de março de 2018, ou seja, fora do prazo de vencimento, que seria dia 02
de março. O acréscimo será de 20% sobre o valor da parcela, neste caso R$
200,00. Devem ser contabilizados os juros advindos do atraso, juros passivos.
O valor dos juros deve ser lançado diretamente na conta de despesas
financeiras – juros passivos. Vejamos o lançamento a seguir:
Pagamento de duplicata com juros:

 Data: 20/03/2018
 Débito: Fornecedores (passivo circulante) – R$ 1.000,00
 Débito: Despesas com juros (resultado) – R$ 200,00
 Crédito: Caixa (ativo circulante) – R$ 1.200,00
 Histórico: Pagamento de parcela 2/48 – ref. compra de veículo conf, NF.
011 – nesta data.
TEMA 5 – DEMAIS LANÇAMENTOS ENVOLVENDO RECEITAS, DESPESAS,
GANHOS E PERDAS

5.1 Lançamentos envolvendo receita e despesa

Observamos ao longo da nossa disciplina que todos os lançamentos


contábeis acontecem de acordo com os fatos contábeis das empresas, e que
de certa forma envolvem os ativos, os passivos, as receitas e as despesas.
Observamos os lançamentos de venda de mercadoria: ao mesmo tempo que
reconhece a receita, provisiona o imposto a pagar e faz a baixa do estoque, ou
seja, existe uma dinâmica entre contas do ativo (clientes se a venda foi a
prazo, caixa se a venda foi a vista, baixa do estoque de mercadorias), contas
do passivo (imposto a pagar em contrapartida a conta de Impostos sobre
vendas – ICMS, PIS, Cofins, entre outros) e contas de resultado (receita de
vendas, Impostos sobre vendas, e Custo das mercadorias vendidas).
O lançamento que reconhece a obrigação relacionada ao imposto
incidente sobre a operação traz uma conta retificadora de receita, uma vez que
a natureza do grupo de receitas é credora e a conta é devedora, visto que
deduz do valor da venda o valor referente ao imposto sobre ela. Dentro de
grupo de contas retificadoras, dentro do grupo de receitas, tem-se a conta de
Devoluções, que se trata das vendas que foram devolvidas por iniciativa do
cliente, que também faz parte das deduções da receita de vendas. O valor das
devoluções dependerá do montante a ser devolvido; caso a devolução seja
total, tem-se o valor total lançado. Contudo, caso seja parcial, a devolução será
de acordo com o percentual devolvido. Os lançamentos a serem efetuados em
caso de devoluções de vendas são os seguintes.
Devolução da venda:

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Devolução de vendas (Resultado)
 Crédito: Cliente/Caixa (Ativo)
 Valor: x,xx
 Histórico: Valor devolução de vendas conf. NF xx.
Imposto sobre a devolução

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Impostos a pagar (Passivo)
 Crédito: Impostos sobre vendas (Resultado)
 Valor: x,xx
 Histórico: Valor devolução de vendas conf. NF xx.

Devolução da mercadoria ao estoque:

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Estoque de mercadorias (Ativo Circulante)
 Crédito: Custo de Mercadorias Vendidas (Resultado)
 Valor: x,xx
 Histórico: Valor devolução de vendas conf. NF xx.

Para melhor visualização do assunto devolução de vendas, pensemos


na empresa “Juju e Cia Ltda”, que efetuou uma venda no valor de R$
100.000,00 no dia 20 de janeiro de 2018, para o cliente “Politex Ltda”. Sabe-se
que o custo da venda foi de R$ 60.000,00. No dia 25, o cliente constatou que
tal compra havia sido feita sem antes consultar os seus estoques; foi
necessário fazer a devolução de 100% da venda anteriormente efetuada a
prazo, incidindo Impostos sobre a venda no valor de R$ 12.000,00. A devolução
aconteceu por meio da NF 010, emitida pelo cliente. Veja como ficariam os
lançamentos de devolução.
Devolução da venda:

 Data: 25/01/2018
 Débito: Devolução de vendas (Resultado)
 Crédito: Cliente (Ativo)
 Valor: R$ 100.000,00
 Histórico: Valor devolução de vendas conf. NF 010 – Politex Ltda.

Imposto sobre a devolução:

 Data: 25/01/2018
 Débito: Impostos a pagar (Passivo)
 Crédito: Impostos sobre vendas (Resultado)
 Valor: R$ 12.000,00
 Histórico: Valor Impostos sobre devolução de vendas conf. NF 010 –
Politex Ltda.

Devolução da mercadoria ao estoque:

 Data: 25/01/2018
 Débito: Estoque de mercadorias (Ativo Circulante)
 Crédito: Custo de Mercadorias Vendidas (Resultado)
 Valor: R$ 60.000,00
 Histórico: Valor estorno de baixa de estoque ref. Venda de mercadorias
efetuada em 20/10/2018 – Cliente: Politex Ltda.

Os lançamentos acima referem-se à devolução de venda efetuada


anteriormente, no primeiro lançamento foram devolvidas as vendas na sua
totalidade, visto que fora informado no enunciado o percentual de devolução,
caso fosse um percentual menor de devolução, ou seja a devolução fosse
parcial os valores deveriam seguir a proporcionalidade das vendas efetuadas.
No segundo lançamento são trazidos os Impostos sobre as vendas, tais
impostos são ICMS, PIS e COFINS. Por fim no terceiro lançamento a venda
antes realizada, agora cancelada retorna ao estoque das mercadorias da
empresa, deixando de ser custo uma vez que fora reconduzida para o grupo do
ativo por meio da conta estoque de mercadorias.

5.2 Lançamentos envolvendo ganhos e perdas

Ainda no grupo de receitas, tem-se o reconhecimento dos ganhos de


capital, sendo este o valor representado pela diferença positiva entre o valor
que fora vendido, o bem computado e classificado no imobilizado, e o seu valor
de compra. Ganho de capital pode ser conceituado quando um bem é vendido,
doado ou transferido por valor superior ao preço do custo registrado. O valor
superior, deduzido o valor do custo, é chamado de ganho de capital. Tal
entendimento pode ser estendido aos investimentos e aos ativos intangíveis.
Os ativos intangíveis representam um ativo não monetário, sem substância
física. Contudo, na venda, caso o valor de venda seja maior que o registrado
na contabilidade, deve ser contabilizado o ganho de capital, que é a diferença
positiva entre o valor auferido na venda de determinado bem e o valor de
compra. O lançamento referente ao ganho de capital é efetuado da seguinte
forma.
Venda de bem sem ganho de capital (imobilizado):

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Caixa/Banco/Cliente (Ativo Circulante)
 Débito: Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante)
 Crédito: Imobilizado (Ativo Não Circulante)
 Valor: R$ x,xx
 Histórico: Vr. Venda de ativo imobilizado ref. bem adquirido em
xx/xx/xxxx.

Venda de bem com ganho de capital (imobilizado):

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Caixa/Banco/Cliente (Ativo Circulante)
 Débito: Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante)
 Crédito: Imobilizado (Ativo Não Circulante)
 Crédito: Ganho de capital (Resultado)
 Valor: R$ x,xx
 Histórico: Vr. Venda de ativo imobilizado ref. bem adquirido em
xx/xx/xxxx.

Venda de bem com perda de capital:

 Data: xx/xx/xxxx
 Débito: Caixa/Banco/Cliente (Ativo Circulante)
 Débito: Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante)
 Débito: Perda de capital (Resultado)
 Crédito: Imobilizado (Ativo Não Circulante)
 Valor: R$ x,xx
 Histórico: Vr. Venda de ativo imobilizado ref. bem adquirido em
xx/xx/xxxx.

Pensando na empresa “Só Lucro Ltda”, que tem no seu balanço fechado
em 31/12/2018, mais especificamente na conta de veículos – imobilizado o
valor de 50.000,00 – tal veículo foi adquirido em 2 de março de 2015. Dessa
forma, pensando no uso obtido, consta de depreciação acumulada o valor de
R$ 30.000,00 registrados. No dia 19 de março de 2018, vendeu o referido
veículo pela quantia de R$ 40.000,00, pagos por meio de transferência
bancária. Ela obteve lucro ou prejuízo na venda deste bem? Ou melhor
dizendo, ganho ou perda de capital? Vejamos os lançamentos.

 Data: 19/03/2018:
 Débito: Banco (Ativo Circulante) – R$ 40.000,00
 Débito: Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante) – R$ 30.000,00
 Crédito: Imobilizado (Ativo Não Circulante) – R$ 50.000,00
 Crédito: Ganho de capital (Resultado) – 20.000,00
 Histórico: Vr. Venda de ativo imobilizado veículo – bem adquirido em
02/03/2015 – modelo x, placa y, marca z.

Percebemos que, no lançamento efetuado, refere-se a um ganho de


capital, sobre a venda de veículo que já estava em uso na empresa desde o
ano de aquisição (2015). O ganho sobre a venda é registrado no grupo de
receitas, visto que representa um tipo de ganho obtido pela entidade que será
refletido no lucro da empresa quando este for apurado na Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE).
Os Lançamentos que são efetuados no grupo de despesas foram
abordados ao longo das aulas; contudo, existem ainda os lançamentos
referentes às perdas, que cabe destacar. Perdas podem ser entendidas como
gastos não controláveis, sendo imprevistos, que não trazem retorno para a
empresa. Perdas não podem ser consideradas despesas, uma vez que
despesas são recursos empregados pela empresa visando vender um serviço
ou produto, e assim gerar receitas.
As perdas podem ser provenientes de produtos vencidos no estoque,
acidentes, tais como incêndios, obsolescência, roubo, inundação e perdas no
recebimento de créditos, quando os valores registrados na conta de clientes
são considerados perdidos, não mais passiveis de recebimento, dentre outros.
As perdas de estoque, são lançadas da seguinte forma:

 Débito: Perda de estoque (resultado);


 Crédito: Estoque (Ativo Circulante);
 Crédito: Impostos.

Vejamos um exemplo de lançamento de perda: A empresa “RM Ltda.”,


localizada na cidade de Vitoria ES, tinha em estoque o valor de R$ 900.000,00.
Contudo, no dia 20 de maio de 2018, a cidade foi devastada por um temporal, e
50% do estoque foi destruído. A empresa precisa emitir uma nota fiscal
referente à perda das mercadorias perdidas. Vejamos como ficam os
lançamentos decorrentes da perda.
Perda de estoque:

 Data: 31/05/2018
 Débito: Perda de estoques (Resultado)
 Crédito: Estoque (Ativo Circulante)
 Valor: R$ 450.000,00
 Histórico: Valor contabilização de perdas conf. NF 010.

TROCANDO IDEIAS

De acordo com Santos (2012), mais de 500 anos após a publicação do


trabalho de Luca Paccioli, e ao nos depararmos com informações relacionadas
à atividade econômica, um dado preocupante é o número elevado de empresas
que fecham suas portas. Segundo o autor, existem empresas que mesmo
depois de muito trabalho não conseguem se sustentar, e encerram suas
atividades. Tal problema atinge principalmente as micro e pequenas empresas.
Santos (2012) destaca ainda que o modo com que as micro e pequenas
empresas são administradas é um tanto complicado; percebe-se que as
principais causas do seu mal desempenho estão ligadas às formas de
captação e à maneira como aplicam seus recursos. Esse conceito, criado pelos
economistas, significa que as principais causas são a falta de dinheiro e as
formas de como os recursos captados são aplicados na empresa.
Soma-se ao exposto o fato de que micro e pequenas empresas
raramente elaboram orçamentos anuais, ou fazem provisões de suas despesas
(principalmente as relacionadas aos salários e aos impostos), ou ainda
analisam o custo efetivo do capital que se toma emprestado, na maioria das
vezes para suprir a falta de capital de giro. Nessas empresas, planejamentos
são substituídos por improvisos e os assuntos gerenciais são tratados em
segundo plano, dando ênfase às atividades operacionais.
Após leitura do texto apontado a seguir, faça uma reflexão, e utilize o
fórum para discutir com seus colegas acerca da importância de o contador
efetuar registros de forma correta, para que a informação contábil não seja
elaborada somente para atendimento do fisco, e sim como um instrumento de
tomada de decisão. Aproveite e responda as seguintes perguntas: A informação
contábil é responsável pela sobrevivência da empresa? Qual a influência do
contador no controle e na gestão das empresas?
Para participar do fórum acesse o Ambiente Virtual da Aprendizagem
(AVA).
Saiba mais
SANTOS, A. L. dos. A importância da contabilidade na administração da micro
e pequena empresa. Revista Conteúdo, Capivari, v. 2, n. 1, jan./jul. 2012.
Disponível em: <http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile
/69/62>. Acesso em: 13 jun. 2019.

NA PRÁTICA

A empresa “Toa Toa S/A”, apresentava o seguinte balanço Patrimonial


no dia 31/12/2017:
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa 200.000,00 ICMS a pagar 12.000,00
Clientes 9.000,00 Fornecedores 15.000,00
Estoques 5.000,00
ICMS a recuperar 26.000,00
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido
Veículo 30.000,00 Capital Social 200.000,00
(-) Depreciação
(20.000,00) Reservas de lucros 23.000,00
acumulada de veículos
TOTAL DO ATIVO 250.000,00 TOTAL DO PASSIVO 250.000,00

No decorrer do ano de 2018, ocorreram as seguintes situações:

a. No dia 02/01/2018 – Compra de mercadorias a vista via caixa, no valor


de R$ R$ 50.000,00, com ICMS de 12%.
b. No dia 03/01/2018, fora efetuada, venda de 40% do estoque pelo valor
de R$ R$ 80.000,00 (à vista – com recebimento pelo caixa), com custo
de R$ 19.400,00 (R$ saldo inicial do estoque: R$ 5.000,00 + Aquisição
no período de R$ 44.000,00 = R$ 49.000,00 x 40% = R$ 19.600,00).
Incidência de ICMS de 12%.
c. No dia 04/01/2018 – Venda de imobilizado (a empresa possui somente
este veículo, contudo o saldo existente de depreciação acumulada,
refere-se a este veículo) a vista pelo caixa no valor de R$ 25.000,00.
d. No dia 04/01/2018 – Recebimento de duplicatas total dos clientes, via
caixa com juros de 10%.
e. No dia 05/01/2018 – Assinatura de revista para o ano de 2018, à vista
via caixa – vigência para 12 meses – com início no Mês de
Fevereiro/2018, quando será entregue o primeiro exemplar), no valor de
R$ 1.200,00.
f. No dia 10/01/2018 – Pagamento do saldo de fornecedores, via caixa,
com juros de 5%.
g. No dia 30/01/2018 – Contabilização de perda do estoque no valor de R$
29.400,00, devido à perecibilidade das mercadorias estocadas;

Com base no enunciado, favor efetuar os lançamentos. Por fim,


apresentar balanço atualizado e Demonstração do resultado do exercício. A
solução encontra-se ao final deste documento.

FINALIZANDO

Nesta aula revisitamos alguns conceitos que temos aprendido ao longo


da disciplina, e vimos lançamentos ora já apresentados ou novos. Entre os já
apresentamos, aprendemos como lançar compra e venda de mercadorias.
Pudemos reafirmar nossos conhecimentos relacionados a impostos a recuperar
impostos a pagar, o que compõe e o que não compõe o valor a ser estocado.
Existem lançamentos específicos em contas retificadoras, assim como
na conta de depreciação temos prejuízos acumulados, devolução de vendas e
impostos sobre vendas. A conta depreciação acumulada tem o objetivo de
demonstrar o valor de desgaste dos bens do ativo imobilizado, enquanto as
contas de devolução de mercadorias e impostos sobre as vendas demonstram
as deduções a serem efetuadas no valor referente a vendas de mercadorias
Vimos ainda que tanto os direitos de longo prazo como as obrigações de
longo prazo, quando recebidos e pagos, devem ser lançados nas contas de
ativo e passivo circulante, já que, à medida que as parcelas constantes nos
grupos de circulante vão sendo atualizadas, o saldo deve corresponder a um
exercício financeiro, ou seja, 12 meses.
Por fim, cabe destacar que a conta de lucros acumulados ou do período
nunca deve ter saldo, já que, de acordo com a Lei n. 6.404/1976, todo valor
apurado como lucro ao final da Demonstração do Resultado do Exercício deve
constituir reserva de lucros, sendo a partir dessa reserva que serão
constituídas novas reservas e a distribuição de lucros, caso seja esta a política
da empresa. Porém, é preciso salientar que os critérios de distribuição de
lucros devem estar claramente especificados em cláusula específica do
contrato social da empresa.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União,


Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez. 1976.

FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

IUDICIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

IUDICIBUS, S de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

_____. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

SANTOS, A. L. dos. A importância da contabilidade na administração da micro


e pequena empresa. Revista Conteúdo, Capivari, v. 2, n. 1, jan./jul. 2012.
Disponível em: <http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile
/69/62>. Acesso em: 13 jun. 2019.
RESPOSTAS

Solução:

a. Compra de mercadoria no valor de R$ R$ 50.000,00, com ICMS de 12%;


 Data: 02/01/2018
 Débito: Estoques: R$ 44.000,00
 Débito: ICMS a recuperar: R$ 6.000,00
 Crédito: Caixa: R$ 50.000,00
 Histórico: Vr. Aquisição de mercadorias conf nf xx, nesta data.

b. Venda de 40% do estoque pelo valor de R$ R$ 80.000,00, com ICMS de


12%;
 Data: 03/01/2018
 Débito: Caixa
 Crédito: Receita de vendas
 Valor: R$ 80.000,00
 Histórico: Vr. Venda de mercadorias conf nf xx, nesta data.
 Data: 03/01/2018
 Débito: ICMS sobre vendas
 Crédito: ICMS a pagar
 Valor: R$ 9.600,00
 Histórico: Vr. ICMS a pagar sobre aquisição de mercadorias Conf NF
xx, nesta data.
 Data: 03/01/2018
 Débito: Custo de mercadorias vendidas (CMV)
 Crédito: Estoques
 Valor: R$ 19.600,00
 Histórico: Vr. baixa do custo de mercadorias vendidas conf NF xx,
nesta data.

c. Venda de imobilizado (veículo) no valor de R$ 25.000,00;


 Data: 04/01/2018
 Débito: Caixa: R$ 25.000,00
 Débito: Depreciação acumulada: R$ 20.000,00
 Crédito: Imobilizado: R$ 30.000,00
 Crédito: Ganho de capital: R$ 15.000,00
 Histórico: Rec. Venda de veículo modelo x, placa xxxx, nesta data.

d. Recebimento de duplicatas total dos clientes com juros de 10%


 Data: 04/01/2018
 Débito: Caixa: R$ 9.900,00
 Crédito: Receitas Financeiras: R$ 900,00
 Crédito: Clientes: R$ 9.000,00
 Histórico: Rec. Duplicatas de clientes, nesta data.

e. Assinatura de revista para o ano de 2018, no valor de R$ 1.200,00


 Data: 05/01/2018
 Débito: Assinaturas a vencer
 Crédito: caixa
 Valor: R$ 1200,00
 Histórico: Pg. Assinatura de revista com vigência para o ano de 2018.

f. Pagamento do saldo de fornecedores com juntos de 5%


 Data: 10/01/2018
 Débito: Fornecedores: R$ 15.000,00
 Débito: Despesas Financeiras: R$ 750,00
 Crédito: Caixa: R$ 15.750,00
 Histórico: Pg. Fornecedores conf. NF XX1 – nesta data.

g. Contabilização de perda do estoque devido a perecibilidade das


mercadorias estocadas, no valor de R$ 29.400,00
 Data: 30/01/2018
 Débito: Perdas de estoque: R$ 29.400,00
 Crédito: Estoques: R$ 29.400,00
 Histórico: Vr. Baixa de parte do estoque, devido a perecibilidade.

Estoques ICMS recuperar Caixa


S.A. R$ 5.000,00 R$ 19.600,00 S.A. 26.000,00 S.A $200.000,00
R$ 44.000,00 R$ 29.400,00 R$ 6.000,00 R$ 80.000,00 R$50.000,00
SF. R$ 0,00 SF. R$ 32.000,00 R$ 25.000,00 R$ 1.200,00
R$ 9.900,00 R$ 15.750,00
SF. R$ 247.950,00

Receita de vendas ICMS sobre vendas ICMS a pagar


S.A. 0,00 S.A. 0,00 S.A 12.000,00
R$ 80.000,00 R$ 9.600,00 R$ 9.600,00
SF. R$ 80.000,00 SF. R$ 9.600,00 SF. R$ 21.600,00

Custo de mercadorias Imobilizado (veículos) Depreciação acumulada


vendidas
S.A. 0,00 S.A. 30.000,00 S.A R$ 20.000,00
R$ 19.600,00 30.000,00 R$ 20.000,00
SF. R$ 19.600,00 SF. R$ 0,00 SF. R$ 0,00

Ganho de capital Receitas financeiras Clientes

S.A. 0,00 S.A. 0,00 S.A R$ 9.000,00

R$ 15.000,00 R$ 900,00 R$ 9.000,00

SF. R$ 15.000,00 SF. R$ S.F. R$ 0,00


900,00

Assinaturas a vencer Fornecedores Despesas Financeiras

S.A. 0,00 S.A. 15.0000,00 S.A R$ 0,00

R$ 1.200,00 R$ 15.000,00 R$ 750,00

SF. R$ SF. R$ 0,00 SF. R$ 750,00


1.200,00

Perdas de estoque Capital Inicial Reserva de Lucros

S.A. 0,00 S.A. 200.0000,00 S.A R$ 23.000,00

R$ 29.400,00 SF. R$ 200.000,00 SF. R$ 23.000,00

SF. R$
29.400,00

Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Ativo Circulante 281.150,00 Passivo Circulante 21.600,00
Caixa 247.950,00 ICMS a pagar 21.600,00
ICMS a recuperar 32.000,00
Assinaturas a vencer 1.200,00 Passivo Não Circulante 0,00
Ativo Não Circulante 0,00 Capital social 200.000,00
Veículos 0,00 Reservas de Lucros 23.000,00
(-) Depreciação
0,00) Lucro do Período
acumulada 36.550,00
TOTAL DO ATIVO 281.150,00 TOTAL DO PASSIVO 281.150,00
ESTRUTURA SIMPLIFICADA DA DRE Em 31-01-2018
(Em R$)

1 - Receita bruta de vendas e serviços 80.000,00


Receitas de comercialização 80.000,00
Receitas de vendas de serviços 0,00
2. (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 9.600,00
Vendas Canceladas 0,00
Abatimentos e Descontos 0,00
Impostos sobre Vendas 9.600,00
Descontos Incondicionais 0,00
3. (=) RECEITA OPERACIONAL
70.400,00
LÍQUIDA
4. (-) CUSTOS DAS VENDAS 19.600,00
Custo dos Produtos Vendidos (CPV) 0,00
Custo dos Serviços Prestados (CSP) 0,00
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 19.600,00
5. (=) RESULTADO OPERACIONAL
50.800,00
BRUTO (LUCRO BRUTO)
6. (-) DESPESAS OPERACIONAIS 29.400,00
Despesas com vendas 0,00
Despesas administrativas e despesas
0,00
gerais
Perdas de estoques 29.400,00
(+/-) Outras Receitas ou Despesas 0,00
7. (=) RESULTADO OPERACIONAL
21.400,00
LÍQUIDO
8. (+/-) RESULTADO FINANCEIRO 15.150,00
Despesas Financeiras 750,00
Receitas Financeiras 36.550,00

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