Você está na página 1de 16

AULA 1

Escrituração contábil – Parte I

O que são atos e fatos contábeis, e quais são passíveis de registro contábil?
A contabilidade tem a função de registrar as transações ocorridas no âmbito das organizações.
Estas transações são oriundas das práticas de gestão de cada entidade. Podemos então afirmar
que os números contábeis refletem a eficiência ou não da gestão.
Dica
As contas de resultados, também chamadas de contas diferenciais, são aquelas provenientes
de custos, despesas e receitas. Estas contas compõem a Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE).
Durante o gerenciamento das organizações, os seus gestores estão sempre diante de um ato
ou fato administrativo. Sendo que todos os fatos administrativos são sujeitos à escrituração
contábil, enquanto que os atos administrativos somente em situações especiais.
Curiosidade
As contas ativas contribuem para o aumento do patrimônio líquido e as contas passivas
reduzem o patrimônio líquido.
Vamos iniciar o nosso estudo com os conceitos de ato e fato administrativo.
Atos administrativos

São situações que ocorrem na empresa e não provocam alterações no patrimônio.

Exemplos: Fiança a favor de terceiros, remessa de bens.

Fatos Administrativos
Ocorrem na empresa e provocam alterações no patrimônio.

Exemplos: Aquisição de veículo, venda de mercadorias.

Como visto, é característica dos fatos administrativos provocar modificações no patrimônio,


podendo ou não alterar o patrimônio líquido das organizações, sendo, portanto, objeto de
contabilização.
Saiba Mais
Receitas: Valores recebidos ou a receber, decorrentes ou não das operações da empresa.
Assim, temos as receitas operacionais e as receitas não operacionais.
As receitas operacionais são aquelas decorrentes das vendas relacionadas à atividade
principal da organização. Já as receitas não operacionais são os ingressos ou promessas de
ingressos de dinheiro decorrentes de operações não relacionadas com a atividade principal da
empresa.
Como exemplo de receita operacional temos a venda de mercadorias ou prestação de serviços
de manutenção de informática, cujos valores são decorrentes da venda de um bem e da
prestação de serviço, referentes à atividade fim da organização.
Como exemplo de receita não operacional temos os juros recebidos da aplicação financeira e
o ganho com a venda de um imobilizado. Já que são valores recebidos ou a receber não
relacionados às atividades fins da organização.
Despesas: Utilização de bens/serviços para obtenção de receita. Como exemplos de despesas,
temos: consumo de material de limpeza, comissão dos vendedores ou o material de
informática utilizado no setor administrativo.
Custo: Bem ou serviço utilizado para a produção de outro bem ou serviço. Exemplo: A
madeira (matéria-prima) utilizada para a produção de portas.
Os fatos administrativos são classificados em:
 Permutativos
 Modificativos
 Mistos
OS FATOS PERMUTATIVOS
Chamados também de qualitativos ou compensativos, provocam modificações entre
elementos do ativo, do passivo ou entre ambos, no entanto, não resultam em variação no
Patrimônio Líquido.
Exemplo de fato permutativo entre elementos do ativo: Aquisição de um veículo à vista,
pago com o cheque n° 000001, no valor de R$ 30.000,00. Esse fato modifica a conta
"imobilizado", aumentando-a em R$ 30.000,00 e modificou a conta “Banco conta
movimento”, reduzindo-a em R$ 30.000,00. Dessa forma, a modificação foi somente entre os
elementos patrimoniais do ativo (caixa e imobilizado), não provocando alteração no valor
total do ativo, nem do patrimônio líquido.
Exemplo de fato permutativo entre elementos do passivo: Transferência de contas do
passivo não circulante para o passivo circulante, em virtude da redução do prazo de
vencimento. Esse fato modifica as contas dentro do passivo, mas não altera o valor total do
passivo, nem do patrimônio líquido.
Exemplo de fato permutativo envolvendo elementos do ativo e passivo,
simultaneamente: Pagamento, com dinheiro do caixa, de empréstimos bancário. Esse fato
provoca uma redução do ativo (saída de caixa); e também uma redução do passivo
(diminuição da dívida de empréstimo bancário) sem, no entanto, interferir no patrimônio
líquido.
OS FATOS MODIFICATIVOS
São também denominados de quantitativos, pois diferentemente dos fatos permutativos,
provocam modificações no patrimônio líquido. Podem ser:
Aumentativos: caso provoquem um aumento no patrimônio líquido.
Diminutivos: quando proporcionam uma redução do patrimônio líquido.
Os fatos modificativos envolvem sempre uma conta patrimonial e uma conta de resultado.
Exemplo de fato modificativo aumentativo: Venda de mercadorias à vista, com dinheiro do
caixa. Envolve uma conta de receita (resultado), com um aumento no caixa da empresa.
Essa receita de vendas vai ser confrontada com as despesas e custos para apurar o resultado
(lucro ou prejuízo) da empresa, que será transferido para o Patrimônio Líquido, após a
apuração do resultado do exercício.
Exemplo de fato modificativo diminutivo: Pagamento de tarifas bancárias à vista. Envolve
uma conta de despesa (resultado), com uma redução do caixa da empresa.
OS FATOS MISTOS
Envolvem, simultaneamente, um fato modificativo e um fato permutativo.
EXEMPLO DE FATO MISTO AUMENTATIVO
Pagamento a fornecedores com desconto, com dinheiro do caixa. Nesse caso, existirá um fato
permutativo, com a baixa da obrigação e a redução da conta “Caixa”. Porém, o valor a ser baixado da
obrigação é maior que o valor que sairá do caixa, necessitando assim fazer um lançamento na conta
“Juros Ativos”, que contribuirá para aumentar o resultado, modificando para maior o Patrimônio
Líquido.
EXEMPLO DE FATO MISTO DIMINUTIVO
Recebimento de duplicatas com desconto. Nesse caso, ocorrerá um fato permutativo com a entrada de
dinheiro no caixa e a baixa da duplicata, mas como a duplicata será recebida por um valor menor que
o registrado, será feito o lançamento do desconto concedido, como despesa, reduzindo o resultado,
modificando para menos o Patrimônio Líquido.

Vamos entender agora o que é um plano de contas. Para tanto será demonstrado
tecnicamente como se arruma as contas do Balanço Patrimonial e da Demonstração do
Resultado do Exercício, o que possibilita ao contador adequar a linguagem contábil à
estratégia da empresa, bem como manter a uniformidade na nomenclatura das contas
contábeis ao longo do tempo.
Conceitualmente, o Plano de Contas é o conjunto das contas que direcionam os registros dos
atos e fatos inerentes à empresa, sendo o seu objetivo principal a uniformização dos registros
contábeis.
Sendo assim, o plano de contas serve de base para a elaboração dos registros contábeis.
Antes da apresentação do plano de contas é importante conhecermos o conceito de conta.
Segundo Ribeiro (2010), CONTA é o nome técnico que identifica um Componente
Patrimonial (ativo, passivo ou patrimônio líquido) ou um Componente de Resultado (custo,
despesa ou receita).
O que podemos assim entender é que as movimentações no patrimônio da empresa devem ser
registradas em contas que identifiquem sua natureza.
Elas estão dispostas em Contas Patrimoniais e em Contas de Resultado. A primeira se refere
aos elementos que compõem o patrimônio enquanto a segunda refere-se aos elementos que
provocam variações no patrimônio.
As Contas patrimoniais dividem-se em Ativas e Passivas, enquanto as Contas de Resultado
dividem-se em Receitas e Despesas.
Uma empresa quando efetua compra a prazo de mercadorias para estoque, precisa realizar o
registro do bem adquirido, mas também precisa demonstrar a obrigação de pagamento. É
através do registro em contas patrimoniais que isso pode ser visualizado:
Balanço patrimonial
Ativo
(1) Estoque de mercadorias
Passivo
(1) Estoque de mercadorias

Percebeu que utilizamos contas separadas para representar cada


elemento patrimonial?
Por exemplo, os veículos que a empresa possui são representados na conta “Veículos”; o
dinheiro que a empresa tem em mãos é registrado na conta “Caixa”; as mercadorias
adquiridas para revenda são lançadas na conta “Estoque de mercadorias”; e a dívida a prazo
decorrente da compra de mercadorias está representada na conta “Fornecedores”. E assim por
diante.
Assim, tanto Caixa, como estoques de mercadorias e financiamentos a pagar são contas
contábeis, constantes no plano de contas.
Ocorre também na prática registrar vários elementos, que possuem características
semelhantes em uma mesma conta. Nesse caso, será dado à conta um nome que melhor
represente o conjunto dos elementos agrupados. Ludícibus et al (2006) fornece alguns
exemplos de casos como esses, conforme a seguir:
O conjunto formado por cadeiras, mesas, máquinas de escrever, máquinas de somar, entre outros,
poderia ser registrado em uma única conta, que teria por nome Móveis e Utensílios.
O conjunto de pequenas despesas, sem necessidade de discriminação, receberia o nome de Despesas
Diversas ou Despesas Gerais.
Diversos valores a receber, sem necessidade de representação isolada, poderiam ser registradas na
conta Valores a Receber ou Contas a Receber etc.
Diversos valores a pagar, sem necessidade de representação isolada, poderiam ser registrados na conta
Valores a Pagar ou Contas a Pagar etc.

Até o momento falamos de contas patrimoniais, mas a partir de agora vamos discorrer sobre
as contas de resultado, que são também denominadas contas diferenciais e integram a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que iremos estudar mais detalhadamente no
capítulo 04. As contas de resultados – receitas, despesas e custos – são utilizadas para
registrar as modificações patrimoniais, e quando confrontadas as receitas com os custos e as
despesas, apura-se o resultado do período, ou seja, verifica-se se as mutações patrimoniais do
exercício resultaram em lucro ou prejuízo.
É importante ressaltar que as receitas provocam o aumento do Patrimônio Líquido; e as
despesas e custos, por sua vez, acarretam uma diminuição.

Como se faz a elaboração do plano de contas?


A elaboração de um plano de contas é tarefa indispensável e individual de cada empresa.
Parte de uma estrutura padrão, e dentro dessa estrutura o mesmo deve ser elaborado de
acordo com os interesses de cada empresa.
Na montagem do plano é necessário observar a legislação específica do ramo de atividade, o
tamanho da empresa, o sistema contábil, bem como a compatibilidade com os princípios de
Contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade vigentes. Sendo ainda necessário a
adaptação, quando possível, às exigências dos agentes externos (Imposto de Renda, órgãos
ambientais, etc.).
Segundo julgamento de Ribeiro (2010), é essencial que o plano de contas contenha pelo
menos as seguintes partes:
 Elenco de contas.
 Manual de contas.
 Modelos de demonstrações contábeis padronizadas.

Importante
 O plano de contas terá a quantidade de informações que forem necessárias para a
empresa, mas dependerá do ramo, porte e alcance da empresa.
 Quanto maior o tamanho da empresa, maior a necessidade de detalhar a contabilidade
através do plano de contas.
Na elaboração do plano de contas, deve-se atentar que a lei 6.404/76 estabelece uma divisão
para as contas – Contas Patrimoniais e Contas de Resultado.

Para melhor entendimento é importante conhecer cada uma dessas


partes. Vamos especificar, então, o elenco de contas.
O elenco de contas é a relação das contas que serão usadas no registro dos atos e fatos
administrativos. Esta fase envolve a adoção do nome e do código de cada conta.
Acesse o link e veja modelo de plano de contas para que você possa visualizar o elenco de
contas que consta no mesmo, bem como para servir de parâmetro para a elaboração de outros.

AULA 2
Contas contábeis
Como está estruturado o plano de contas contábeis?
No modelo de plano de contas, anteriormente apresentado, é possível visualizar que cada
conta possui um código.
O código da conta nada mais é do que os números que identificam cada conta que compõe o
plano. Isto facilita e torna mais ágil efetuar os registros contábeis, pois os débitos e créditos
são lançados por meio e codificação (número) e não por intitulação (nome).

Saiba Mais
Existe uma expressão muito utilizada na Contabilidade quando vamos reconhecer Despesa
e/ou Receita: é o chamado Fato gerador (de despesa e de receita).
No Direto Tributário, a expressão é utilizada para representar o fato ou conjunto de fatos que
deram origem à obrigação jurídica de pagar um determinado tributo. Na Contabilidade,
seguimos um raciocínio similar.
 Fato Gerador de Despesa: é o acontecimento que deu origem à despesa. Aquele
momento quando ocorre o consumo de bens ou a utilização de serviços, negociações
com clientes em que são oferecidos descontos, ou nos momentos em que as dívidas
são acrescidas por juros em virtude de atraso no pagamento.
 Fato Gerador de Receita: é o acontecimento que origina a receita: momentos de
venda ou prestação de serviços, recebimentos de juros sobre os valores em atraso dos
clientes, bem como obtenção de descontos na liquidação antecipada de dívidas.
Dizemos que a despesa foi incorrida quando ocorre o fato gerador. Da mesma forma, dizemos
que a receita foi realizada quando ocorre o fato gerador.
No plano de contas podemos observar que as contas de Ativo, Passivo, Receitas e Despesas
têm uma numeração padrão, conforme segue:

Ativo 1
Passivo 2
Receitas 3
Despesas 4

Cada dígito do código da conta tem uma função. Vejamos:


1º Dígito: Grupo que a conta pertence no sistema Patrimonial (Ativo, Passivo) ou Resultado
2º Dígito: Grupo que a conta pertence.
3º Dígito: Subgrupo que a conta pertence.
4º e 5º Dígitos: Reservado para conta principal, sendo que o 4º dígito pode ser usado para
representar a divisão de subgrupo, caso haja.
Grau da Conta
O grau da Conta aponta a posição na hierarquia do grupo que a conta pertence.
1.1.1.01 Caixa
1 Ativo – Subdivisão do Balanço Patrimonial
1.1 Ativo Circulante – Grupo das contas que se divide o Ativo
1.1.1 Disponível – Subgrupo das contas que se subdivide o Ativo Circulante
1.1.1.01 Caixa – Conta Principal ou de Primeiro Grau
Vamos ver outro exemplo, agora buscando codificar a conta “Reserva Legal”.

Nível 1: Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas, Custos e Despesas.


Nível 2: Ativo: Circulante, Não Circulante / Passivo e Patrimônio Líquido: Circulante, Não
Circulante e Patrimônio Líquido. / Receitas: Receita Bruta, Deduções da Receita Bruta,
Outras Receitas Operacionais / Custos e Despesas Operacionais.
Nível 3: Contas que evidenciem os grupos a que se referem, como por exemplo:
Nível 1 – 2. Passivo
Nível 2 – 2.3. Patrimônio Líquido
Nível 3 – 2.3.4. Reservas de Lucros
Nível 4: Subcontas que evidenciem o tipo de registro contabilizado, como por exemplo:
Nível 1 – 2. Passivo
Nível 2 – 2.3. Patrimônio Líquido
Nível 3 – 2.3.4. Reservas de Lucros
Nível 4 - 2.3.4.01 Reserva Legal

Vamos entender o que é Função, Funcionamento e Natureza da


Conta? Acompanhe comigo.
A Função é utilizada para denominar de missão, razão da existência da conta, ou seja, para
que ela serve. A conta permite o controle da movimentação dos componentes patrimoniais,
das extrapatrimoniais (contas de compensação) e das contas de resultado.
Essa utilização permite um grande passo para o entendimento da informação contábil.
O Funcionamento das contas é a movimentação contábil das contas através de débitos e
créditos.
A Natureza da Conta está relacionada se sua origem é referente a crédito ou a débito.
Conforme visto anteriormente, foi estabelecido que as contas de Ativo e de despesas teriam
natureza devedora e as contas de Passivo e de receitas teriam natureza credora.
Vejamos alguns exemplos acerca dos conteúdos que estamos estudando.

CONTA CAIXA (ATIVO)


Função: Registrar a movimentação de dinheiro, cheques e outros documentos compensáveis
em poder da empresa.
Funcionamento: Debita-se pelo recebimento (entrada). Credita-se pelo pagamento (saída).
Natureza: Devedora

CONTA: SALÁRIOS A PAGAR (PASSIVO)


Função: Registrar os valores a pagar aos empregados relativos aos salários e os descontos
que ocorram na folha de pagamento.
Funcionamento: Debita-se pelos descontos e pelos pagamentos de adiantamento e saldo
líquido final. Credita-se pelos salários.
Natureza: Credora

CONTA: DESPESAS ADMINISTRATIVAS (DESPESA)


Função: Registrar, em conta específica, as despesas com a estrutura administrativa da
empresa.
Funcionamento: Debita-se pelo pagamento e ocorrência da despesa. Credita-se pela
apuração do Resultado do Exercício.
Natureza: Devedora

CONTA: RECEITA BRUTA DE VENDAS (RECEITA)


Função: Registrar, em conta específica, as receitas de vendas de mercadorias, produtos e
serviços prestados, destacando as receitas de vendas de mercadorias, produtos e serviços
sujeitos ao regime de substituição tributária, as vendas para o exterior e as vendas de
operações normais.
Funcionamento: Debita-se pela apuração do Resultado do Exercício. Credita-se pela
ocorrência da receita, com base nos documentos fiscais emitidos pela empresa.
Natureza: Credora
Manual de Contas
O Manual de Contas apresenta os detalhes das contas que compõem o plano. Ele vai
direcionar o setor contábil no momento de efetuar os registros uniformes dos eventos.
“As informações contidas no manual de contas devem envolver o código numérico, a
intitulação, a função, a natureza e os critérios de avaliação de cada conta, exemplo de
lançamentos apropriados para o registro de operações raras, roteiros para conciliações de
dados, bem como informações acerca de documentos que servem de suporte aos registros
contábeis.
RIBEIRO, 2010, p. 41.”

Regime de caixa e regime de competência


Uma das preocupações recorrentes das organizações com fins lucrativos é saber se as suas
operações estão gerando lucro ou prejuízo. Assim, para a apuração desse resultado, é
necessário confrontar receitas e despesas.
Entretanto, sabe-se que tanto as entradas de caixa oriundas das receitas bem como as saídas
de caixa relativas às despesas podem ser pagas antecipadamente, à vista ou a prazo. Portanto,
o resultado encontrado pela sua confrontação vai depender do momento em que as receitas e
despesas são consideradas, na data do efetivo pagamento ou recebimento, ou na data que
ocorrer o fato gerador. Em relação as Receitas:
 O fato gerador e o recebimento podem ocorrer no exercício social atual.
 O fato gerador poderá ocorrer no exercício social atual e o seu respectivo recebimento
somente se efetuará no exercício social seguinte.
Quanto às despesas:
 O pagamento poderá ser efetuado no exercício atual e o fato gerador somente ocorrerá
no próximo exercício social.
 O fato gerador e o pagamento podem ocorrer no exercício social atual.
 O fato gerador poderá ocorrer no exercício social atual e o seu respectivo pagamento
somente se efetuará no exercício social seguinte.

Ribeiro (2010, p. 283) afirma que “é o regime de escrituração contábil adotado pela empresa
que determina quais despesas e quais receitas integrarão ou não o resultado de um exercício
social”.
Por isso, é importante compreender os tipos de regimes de escrituração contábil, utilizados
para registro dos fatos contábeis, conforme segue:
 Regime de caixa.
 Regime de competência.
Cabe salientar que de acordo com a Lei 6.404/76 e o Novo Código Civil (NCC), para fins de
elaboração das demonstrações contábeis para apresentação aos usuários externos, as
empresas estão obrigadas a utilizar o regime de competência.

DE OLHO NA LEGISLAÇÃO
“A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos
preceitos da legislação comercial e desta Lei aos princípios de contabilidade geralmente
aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as
mutações patrimoniais segundo o regime de competência.” (Art. 177, da Lei 6.404/1976 –
grifado pela autora).

Voltando a falar genericamente sobre os regimes de escrituração contábil, vamos discorrer


sobre cada um deles, dando uma maior atenção ao regime de competência, pelo fato de ser o
regime adotado pela Contabilidade.
Regime de caixa
Esse regime estabelece que as receitas e despesas devem ser consideradas no momento das
entradas e saídas financeiras do caixa, independentemente da ocorrência do fato gerador.
Ou seja, os valores que entrarem ou saírem do caixa da empresa é que servirão de base para a
apuração do resultado do exercício atual, sem levar em consideração se as receitas e despesas
ocorreram no exercício anterior, no exercício atual, ou ainda se ainda irão ocorrer em
exercício futuro.
EX: A Empresa Lucro Certo Ltda. adquiriu em 02/01/2010, um imóvel no valor de R$
80.000,00, sendo 50% à vista e o restante financiado em 60 meses. Pelo regime de caixa, qual
o valor deverá ser registrado na Contabilidade em 02/01/10?
RESPOSTA: R$ 40.000,00, pois pelo regime de caixa, a despesa somente será registrada na
Contabilidade, quando houver saída de numerários do caixa da empresa. E no dia 02/01/2001
saiu exatamente R$ 40.000,00 (50% de R$ 80.000,00).
Regime de competência
O regime de competência está relacionado ao princípio da competência, apresentando-se
como um método de escrituração totalmente distinto do regime de caixa.
Pelo regime de competência, as receitas e despesas são consideradas para a apuração do
exercício no momento que ocorrer o fato gerador, independentemente se o seu recebimento
ou pagamento foi no ato da compra ou não.
Utilizando o mesmo exemplo anterior, veremos como fica o registro contábil pelo regime de
competência.
A Empresa Lucro Certo Ltda adquiriu em 02/01/2010 um imóvel no valor de R$ 80.000,00,
sendo 50% à vista e o restante financiado em 60 meses. Pelo regime de competência, qual o
valor que deverá ser registrado na Contabilidade em 02/01/10?

RESPOSTA: R$ 80.000,00, pois, pelo regime de competência, a despesa será registrada na


Contabilidade quando ocorrer o fato gerador. E o fato gerador é a aquisição do veículo no dia
02/01/2010.

Importante
Para fins de cumprimento das normas contábeis vigentes, a Contabilidade adota o princípio
de competência. Consequentemente, o regime utilizado pela mesma para atender a legislação
é o regime de competência.

Exemplo prático
A seguir, será apresentado um exemplo ilustrativo que permitirá a compreensão do regime de
caixa e do regime de competência, bem como uma comparação entre ambos os regimes.
Primeiro vamos verificar como fica pelo regime de competência. No regime de
competência, as despesas e receitas são contabilizadas quando ocorrem. Dessa forma, mesmo
sem terem sido pagos, os R$ 3.000,00 das despesas consumidas no 1º mês deverão ser
contabilizadas. Veja a seguir como ficam os resultados referentes ao primeiro trimestre.

DESCRIÇÃO/ JAN FEV MAR TOTAL


PERÍODO
Receitas 5.000,00 5.000,00 5.000,00 15.000,00
Despesas (3.000,00) (3.000,00) (3.000,00) (9.000,00)
Resultado 2.000,00 2.000,00 2.000,00 6.000,00

Agora vamos apurar o resultado pelo regime de caixa. Por esse regime, a empresa só
contabiliza as receitas e despesas quando recebidas ou pagas, respectivamente. Dessa forma,
se o cliente não paga de imediato, não se reconhece a despesa. Assim, no nosso exemplo,
como as despesas são pagas com 30 dias, a despesa do primeiro mês será paga no segundo, a
do segundo será paga no terceiro, e assim por diante. Vamos ver como ficará o nosso
demonstrativo dos resultados para o primeiro trimestre.

DESCRIÇÃO/ JAN FEV MAR TOTAL


PERÍODO
Receitas 5.000,00 5.000,00 5.000,00 15.000,00
Despesas - (3.000,00) (3.000,00) (6.000,00)
Resultado 5.000,00 2.000,00 2.000,00 9.000,00

Podemos perceber que, pelo regime de caixa, o resultado do trimestre foi maior em R$
3.000,00 (três mil reais) que aquele apurado pelo regime de competência. Isso aconteceu
porque em janeiro não houve desembolso da despesa, sendo que está só foi lançada em
fevereiro, a de fevereiro foi reconhecida em março, e a despesa de março só será reconhecida
por esse regime em abril, período este que não faz parte do demonstrativo do primeiro
trimestre.

AULA 3

Modelos de Demonstrações Contábeis Padronizadas


Como são efetuados os registros contábeis?
Esse método foi sistematizado pela primeira vez para uso na Contabilidade, no ano de 1494,
pelo Frei Franciscano Luca Pacioli, sendo utilizado até os dias atuais na escrituração contábil.
Pelo método das partidas dobradas, os registros contábeis são efetuados, considerando que
para cada um ou mais débitos existem um ou mais créditos de igual valor, e vice-versa. Não
existe um lançamento sem uma contrapartida.

Observação
Os lançamentos contábeis também podem ser classificados conforme a seguir:
 Lançamento de 1ª Fórmula – Apenas uma conta de Débito e uma conta de Crédito.
 Lançamento de 2ª Fórmula – Apenas uma conta de Débito e duas ou mais contas de
Crédito.
 Lançamento de 3ª Fórmula – Duas ou mais contas de Débito e apenas uma conta de
Crédito.
 Lançamento de 4ª Fórmula – Duas ou mais contas de Débito e duas ou mais contas de
Crédito.
Especificaremos como se processa o funcionamento e movimentação das
Contas.
A movimentação das contas se dá por meio de débitos e créditos. Por isso é imprescindível o
entendimento dessas expressões em Contabilidade.
Vamos relembrar que a representação gráfica de um elemento patrimonial é o T. Assim, a
esquerda temos o lado do débito e a direita é o lado do crédito.

A expressão débito não significa propriamente algo desfavorável em Contabilidade, assim


como crédito não pode ser tomado como algo favorável. Isto porque essas denominações são
convenções contábeis. O que irá indicar aumentos e diminuições no saldo das contas será a
natureza desta.
Sabendo que as contas possuem naturezas credoras ou devedoras, vamos compreender essa
diferença.
As contas de natureza devedoras são aquelas que se encontram do lado esquerdo do Balanço
Patrimonial (Contas do Ativo) ou aquelas que geram redução do PL (Despesa e custo).
As contas de natureza credoras são as que estão do lado direito do Balanço Patrimonial
(Contas do Passivo) ou aquelas que geram aumento do PL (Receita). Ribeiro (2010) explica o
mecanismo de débito e crédito da seguinte forma:
As contas com saldo de natureza devedora serão debitadas sempre que ocorrer entradas de valores nas
respectivas contas, ou seja, serão debitadas para registrar os aumentos em seus saldos; da mesma forma
essas contas serão creditadas para registrar saídas de valores, ou seja, diminuição em seus saldos.

As contas com saldo de natureza credora serão creditadas sempre que ocorrer entradas de valores nas
respectivas contas, ou seja, serão creditadas para registrar os aumentos em seus saldos; da mesma forma
essas contas serão debitadas para registarar saídas de valores, ou seja, diminuição em seus saldos.

Resumindo o funcionamento das contas, temos:

Para melhor entendermos o mecanismo de débito e crédito e de partidas dobradas, vamos


observar os exemplos de lançamentos contábeis a seguir:
EXEMPLO 1: A empresa A possui um saldo de R$ 150.000,00 em seu caixa, e de R$
40.000,00 em seu estoque de mercadorias. Em uma determinada data comprou, à vista,
mercadorias para revenda no valor de R$ 64.500,00. Fazer o lançamento em razonetes.
RESPOSTA COMENTADA: O que aconteceu nesse fato contábil? Houve uma redução na
conta Caixa (Ativo) e um aumento na conta Estoques (Ativo). O lançamento envolveu duas
contas do ativo, que tem natureza devedora, dessa forma os saldos iniciais das mesmas devem
ser registrados no lado esquerdo. Como os aumentos nas contas do ativo são registrados no
débito (lado esquerdo) e as reduções no crédito (lado direito), o lançamento desse fato, em
razonetes, fica assim:

Podemos perceber também a aplicação do método das partidas dobradas nesse lançamento,
quando o valor do débito é igual ao valor do crédito (ambos R$ 64.500,00).
EXEMPLO 2: A Empresa B comprou material de limpeza para utilização imediata, no valor
de R$ 2.000,00, sendo 40% pago à vista e o restante para pagamento em 30 dias. Sabendo
que o saldo da conta Caixa era de R$ 10.000,00, e da conta Contas a pagar era de R$ R$
3.000,00, efetue o lançamento contábil em razonete.
RESPOSTA COMENTADA: Nesse lançamento, há a compra de material de limpeza
(despesa), com pagamento com recursos do caixa (Ativo), ocasionando uma redução no
mesmo. E também gerando uma obrigação com Contas a Pagar (Passivo), aumentando o
valor da dívida da empresa.
Efetuando os lançamentos abaixo, os saldos iniciais do caixa (ativo), por ter natureza
devedora, fica do lado esquerdo; e do Contas a Pagar (Passivo), por ter natureza credora, fica
do lado direito. As contas de despesa e receitas não apresentam saldos iniciais no começo do
período.
O lançamento diminuindo o Caixa é feito do lado direito e aumentando o Contas a pagar do
lado direito também. Material de limpeza, como é uma despesa, tem o valor lançado no
débito (lado esquerdo). Ressalta-se que, no exemplo dado, a material de limpeza foi
inteiramente consumido e não foi estocado. Por isso, é uma despesa. Caso fosse estocado,
seria considerado um ativo da empresa.

Podemos perceber aqui também a aplicação do método das partidas dobradas, no qual o valor
do débito (2.000) é exatamente igual à soma dos créditos correspondentes (800 + 1.200).
Elementos do Lançamento Contábil
Lançamento Contábil é o meio pelo qual é efetuado o registro de determinado fato no Livro
Diário. Para realizar um lançamento existem elementos essenciais, tais como:
 Local e data em que o fato ocorreu.
 Conta a ser debitada.
 Conta a ser creditada.
 Histórico.
 Valor.

ENCERRAMENTO

O que são atos e fatos contábeis, e quais são passíveis de registro contábil?
Respondendo a esta questão, verifica-se que Atos – São situações que ocorrem na empresa e
não provocam alterações no patrimônio. Fatos – Ocorrem na empresa e provocam alterações
no patrimônio.

Como está estruturado o plano de contas contábeis?


Ressalta-se que na montagem do plano, é necessário observar a legislação específica do ramo
de atividade, o tamanho da empresa, o sistema contábil, bem como a compatibilidade com os
princípios de Contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade vigentes. Sendo ainda
necessário a adaptação, quando possível, às exigências dos agentes externos (Imposto de
Renda, órgãos ambientais etc.).

Como são efetuados os registros contábeis?


Você estudou nesta unidade que os registros são efetuados através da escrituração que, como
visto, é uma técnica contábil que consiste em registrar nos livros próprios (Diário, Razão,
Caixa etc.) todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que modifiquem ou possam
vir a modificar a situação patrimonial. O artigo 1.179 da Lei nº 10.406/2002 (Novo Código
Civil) dispõe sobre a exigência da escrituração para as empresas e ressalta que o empresário e
a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou
não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a
documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado
econômico.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, você estudou que a Escrituração é uma técnica contábil utilizada para registrar
as ocorrências da empresa que modifiquem a situação patrimonial ou que venham a alterar-se
futuramente.

Você também pode gostar