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Contabilidade| Material de apoio

Professor Marcelo Adriano

Resultado, Receita e Despesa


1. Introdução
Agora serão vistas as definições de receita, despesa e resultado. Tais conceitos permitirão en-
tender a manutenção do equilíbrio no balanço patrimonial mesmo diante de vários fatos contá-
beis que venham a impactar o patrimônio das mais diversas formas.
Resultado, receita e despesa estão intimamente ligados ao Patrimônio Líquido, alterando-o. Por
este motivo, é importante relembrar a equação patrimonial e que o Patrimônio Líquido é o re-
sultado entre a subtração do total de ativo e do Passivo Exigível:
Por intermédio da sua equação fundamental pode-se assim definir o Patrimônio: Ativo = Passi-
vo 1 + Patrimônio Líquido (A = P + PL), ou seja, PL = A - P.
Como o Patrimônio Líquido é o resultado da subtração entre Ativo e Passivo Exigível, a sua alte-
ração depende basicamente da alteração desses elementos patrimoniais assim se processando:
(1) Aumenta o PL: aumentos de Ativo e reduções do Passivo Exigível;
(2) Reduções do PL: reduções de ativo e aumentos de Passivo Exigível
Porém, para que tais alterações se processem não deve haver compensações que anulem as
alterações no Ativo ou Passivo Exigível, por exemplo:
(1) Um aumento no Ativo é anulado por uma redução de mesmo valor no próprio Ativo ou
aumento de mesmo valor Passivo Exigível, assim como uma Redução no Passivo Exigível é anu-
lada por um aumento no Próprio Passivo Exigível ou Redução no Ativo;
(2) Uma redução no Ativo é anulada por um aumento de mesmo valor no próprio Ativo ou re-
dução de mesmo valor Passivo Exigível, assim como Um aumento no Passivo Exigível é anulado
por uma redução de mesmo valor no Próprio Passivo Exigível ou aumento no Ativo;
2. Receita
O primeiro conceito a ser visto é o de Receitas.
Segundo o CPC, “receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil,
sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que
resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a contribui-
ção dos detentores dos instrumentos patrimoniais” 2.

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Não há padronização para a denominação das obrigações, hora chamada de Passivo, que confunde com o Pas-
sivo Total, hora chamada de Passivo Exigível.
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Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação - de Relatório Contábil-Financeiro (CPC 00) - Correlação às
Normas Internacionais de Contabilidade – The Conceptual Framework for Financial Reporting (IASB – BV 2011
Blue Book).
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Traduzindo, receitas são aumentos no Patrimônio Líquido, ou seja, são variações positivas da
parcela da empresa sobre o Ativo, desde que esse aumento não tenha como origem o proprie-
tário. Isso quer dizer que fatos ocorrerão e farão com que a empresa fique mais rica, pois ela
terá uma maior parcela dos bens e direitos que estão em seu Ativo.
(CESPE - 2015) Os aumentos de benefícios econômicos empresariais em espécie relacionados a
contribuições dos detentores de instrumentos patrimoniais, que gerem aumento do patrimônio
líquido, denominam-se receita.
Gabarito: errado
Duas situações podem gerar receita, desde que resultem em aumentos do patrimônio líquido:
(1) Aumento de Ativo: vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por meio da
receita.
Exemplos: caixa (valores recebidos a vista), contas a receber (direitos), bens e serviços recebidos
em troca de bens e serviços fornecidos.
(2) Redução do Passivo Exigível: a receita também pode resultar da redução de passivos.
Exemplo: a entidade pode fornecer mercadorias e serviços ao credor por empréstimo em liqui-
dação da obrigação de pagar o empréstimo.
Assim, a receita ocorre em função de fatos que aumentam a Situação Líquida em função de:
(1) Entrada de recursos:
Quando ocorre a entrada de recursos financeiros ocorrerá, por consequência, um aumento no
Caixa ou na conta Bancária (bancos conta movimento), provocando o aumento do Ativo.
Exemplo: venda de mercadorias ou prestação de serviços a vista, em dinheiro.
(2) Aumento de ativos:
Quando ocorrerem aumentos de bens e direitos sem que seja gerada nenhuma obrigação ou
redução do próprio Ativo. Esse aumento terá um reflexo positivo na Situação Líquida, afinal, a
empresa terá um Ativo maior sem obrigações surgidas em função dele.
Exemplos: aumento de direitos como duplicatas a receber em função de novas vendas, recebi-
mento de bens e serviços em troca de serviços prestados ou mercadorias entregues, um imóvel
recebido em doação, o nascimento de um bezerro em uma propriedade agrícola.
(3) Diminuição de Passivos:
Quando uma empresa tem suas obrigações reduzidas sem que para isso o seu Ativo tenha sido
reduzido também, ela terá então que entregar menos recursos para seus credores, sobrando
mais para ela. Isso fará com que a empresa aumente a sua parcela sobre o Ativo.
Exemplos: perdão de uma dívida, prestação de serviços ou entrega de mercadorias em troca da
redução ou quitação de uma dívida.

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2.1. Receita em sentido Estrito (propriamente ditas)


As receitas podem ser entendidas segundo um conceito amplo ou conceito estrito. Em sentido
estrito, ou propriamente ditas, receitas são somente as os aumentos na Situação Líquida que
surgem no curso das atividades usuais da entidade, ou seja, são os aumentos nos benefícios
econômicos provocados por fatos contábeis que provocam aumento do Patrimônio Líquido e
que estejam relacionados com as atividades do dia-a-dia.
Essas receitas são ampliações patrimoniais advindas das atividades para as quais a empresa foi
criada para desenvolver. São mais comuns, normalmente provocadas pela entrada de recursos,
como dinheiro em caixa ou no banco, ou registro de direitos, como duplicatas a receber. Nor-
malmente essas receitas ocorrerão com a venda de mercadorias e produtos, prestação de servi-
ços, receita financeiras relacionadas, aluguéis, dentre outras. A receita surge no curso das ativi-
dades usuais da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, hono-
rários, juros, dividendos, royalties, aluguéis.
Exemplo:
 Supermercado: venda de mercadorias;
 Indústria: venda dos produtos produzidos;
 Banco: juros recebidos em razão de empréstimos concedidos, recursos recebidos pela
venda de produtos como seguros, previdência privada, títulos de capitalização etc.
 Restaurante: venda de refeições.
As recitas propriamente ditas são, em regra, repostadas brutas, com as despesas atreladas
reportadas “separadamente”, como se fossem fatos contábeis distintos. Por exemplo:
Uma concessionária adquire um automóvel da fábrica para revenda no valor de 20.000 e o
vende a vista a um cliente pelo valor de 30.000 que realiza um depósito bancário.
Primeiramente registra-se a receita pelo valor de 30.000 (Receita de Vendas) pelo aumento
do ativo com a entrada do recurso na conta bancária.
“Após”, registra-se a despesa por 20.000 (CMV – Custo da Mercadoria Vendida) com a re-
dução do ativo pela entrega do automóvel que faz reduzir o estoque.
Assim, na Demonstração de Resultado do Exercício 3 aparecerão a receita no valor de 30.000
(receita de vendas) e a despesa no valor de 20.000 (CMV – Custo da Mercadoria Vendida). Se o
resultado fosse reportado líquido (receita de 10.000), perder-se-ia uma informação gerencial
importante relacionada ao quanto a empresa está “gastando” com a mercadoria que está sen-
do vendida, já que é essa a atividade fim da empresa e controle de custos, nesse caso, é fun-
damental.

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A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil que se destina a evidenciar a formação do
resultado líquido em um exercício, por intermédio do confronto das receitas e despesas.
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2.2. Receita em sentido Amplo


Segundo o CPC 00, a definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas quanto
ganhos.
Em um sentido amplo, receitas são quaisquer aumentos no Patrimônio Líquido, desde que não
seja aumento do Patrimônio Líquido por meio de recursos advindo do proprietário. Esse con-
ceito amplo inclui tanto as receitas em sentido estrito vistas acima, também chamadas de pro-
priamente ditas, quanto os aumentos no Patrimônio Líquido causados por fatos de natureza
eventual (ganhos):
Segundo novamente o CPC00, ganhos representam outros itens que se enquadram na defini-
ção de receita e podem ou não surgir no curso das atividades usuais da entidade, representan-
do aumentos nos benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das receitas.
Consequentemente, não são considerados como elemento separado nesta Estrutura Conceitual.
Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos não circulantes, como a
venda de uma máquina utilizada na produção de uma indústria. Veja que a indústria existe para
vender produtos, essa é a atividade fim. Porém, por ocasião da troca de uma máquina antiga
por uma nova, uma indústria pode vender a antiga e obter ganhos com isso. Esses ganhos
também são considerados receita, pois fazem aumentar a Situação Líquida.
A definição de receita também inclui ganhos não realizados, ou seja, aquele que ainda se con-
cretizarão. Por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos e valores mobiliários negoci-
áveis e os que resultam de aumentos no valor contábil de ativos de longo prazo. Imagine um
titulo quem tenha sido registrado no Ativo por 100 e depois sofre uma valorização de 10%.
Agora o título, em tese, vale 110, mas só se poderá obter esse ganho quando ele for liquidado
de alguma forma (vendido, trocado por outro elemento patrimonial, dado em pagamento de
um passivo etc.). Até que isso aconteça, esse ganho permanece “virtual”.
Esses ganhos são reconhecidos na Demonstração do Resultado 4, eles são usualmente apresen-
tados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômi-
cas, afinal, não se pode confundir uma receita que já foi concretizada com uma receita que ain-
da se concretizará.
Os ganhos são, em regra, reportados líquidos das respectivas despesas, por exemplo: uma in-
dústria tem uma máquina com valor contábil de 20.000, que não está sendo utilizada. Vendida
a máquina por 30.000, a despeito dos registros relativos à baixa do bem no Ativo, registra-se
somente o ganho líquido como receita (Ganho de Capital) no valor de 10.000 (30.000 – 20.000),
pois a redução do ativo em razão da entrega da máquina não é reportada como despesa.
Assim, na Demonstração de Resultado do Exercício, aparecerá somente a receita no valor de
10.000 (Ganho de Capital).

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A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil que se destina a evidenciar a formação do
resultado líquido em um exercício, por intermédio do confronto das receitas e despesas.
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Dois conceitos importantes relacionados à receita:


(1) Superveniência (surgimento) Ativa (que aumenta a Situação Líquida) ou Superveniência do
Ativo (surgimento de um ativo):
É um tipo de receita que ocorre com o surgimento (dá a ideia de ser algo incomum, as vezes,
inesperado) ou aumento de um Ativo sem o desaparecimento de outro Ativo ou um surgimen-
to ou aumento de um Passivo proporcional e relacionado.
Exemplo: recebimento de um imóvel em doação, nascimento de um bezerro, recebimento de
subvenção governamental 5 sem ônus, ou seja, sem obrigações que determinem a saída de re-
cursos que geraria benefícios econômicos futuros.
Observação: sendo com ônus a subvenção, inicialmente a companhia registra um Passivo refe-
rente à obrigação que deve ser cumprida e, à medida que as condições forem sendo cumpri-
das, apropria-se o valor à receita de forma proporcional segundo o regime de competência.
(2) Insubsistência (desaparecimento) Ativa (que aumenta a SL) ou Insubsistência do Passivo (de-
saparecimento de um Passivo):
É um tipo de receita que ocorre com o desaparecimento (dá a ideia de ser algo incomum, as
vezes, inesperado) de um Passivo sem o desaparecimento proporcional e relacionado de um
Ativo.
Exemplo: perdão de uma dívida
(CESPE - 2016) Acerca da apuração de resultados, julgue o item subsequente.
Insubsistência ativa e insubsistência do passivo são termos sinônimos e correspondem ao desa-
parecimento de um passivo, o que implica a geração de uma receita.
Certo
Qual o tratamento dado a uma receita recebida antecipadamente, ou seja, antes da prestação
do serviço ou da entrega do bem?
Vários são os motivos que podem levar um cliente a antecipar valores para a empresa, um des-
conto ou mesmo a importância da empresa como fornecedor, mas que encontra-se em dificul-
dade. O motivo não é de interesse da Contabilidade, é uma decisão gerencial, porém, os efeitos
patrimoniais dessa antecipação devem ser devidamente registrados.
Quem recebe valores de um cliente sabe que o mesmo, no futuro, exigirá que a empresa lhe
entregue bens ou lhe preste os serviços contratados. Esses bens ou serviços tem valor econômi-
co. Todo valor que deve ser entregue pela empresa a alguém no futuro é classificado como
uma obrigação. Assim, receitas antecipadas são obrigações e por isso devem figurar no Passivo
Exigível.

5
Subvenção é um auxílio pecuniário, em geral concedido pelo poder público. É uma modalidade de transferência de recur-
sos financeiros públicos, para instituições privadas e públicas, com o objetivo de cobrir despesas de seus custeios.
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Entregue o bem ou prestado o serviço referente ao adiantamento a receita finalmente é consi-


derada realizada e o aumento do Patrimônio Líquido considerado.
Por esse motivo é importante entender dois conceitos:
(1) Receita Recebida: valor recebido em espécie que pode ou não fazer variar o Patrimônio
líquido. Se tal valor se referir a uma receita antecipada, de exercícios futuros, ela representará
uma obrigação porque ainda não foi ganha, ou seja, não provocou a variação positiva no Pa-
trimônio Líquido.
(2) Receita Ganha: variação positiva do Patrimônio Líquido, ou seja, ou houve aumento do
Ativo ou redução do Passivo Exigível sem que tenha havido uma compensação reduzindo o
Ativo ou aumentando o Passivo Exigível, de forma simultânea, proporcional e relacionada.
Assim, é possível que haja uma receita ganha mas não recebida, recebida mas não ganha ou
ganha e recebida.
(CESPE) A antecipação de salários a funcionários resulta em registro a débito de despesas e em
registro a crédito de uma conta de ativo.
Gabarito: errado
Voltando ao exemplo dado, fica fácil identificar parte do que faltou para que o balanço ficasse
equilibrado, o reconhecimento das receitas.
(1) Os 10.000 que foram ganhos no primeiro dia de funcionamento da empresa foram Receita
de Venda de Mercadoria e assim fizeram aumentar o Patrimônio Líquido em 10.000.

Com a entrada de recursos no Caixa, o patrimônio ficou assim:


Depois da Receita de Vendas:

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Imaginemos que não tivesse havido a baixa no estoque, que a empresa tivesse funcionado so-
mente esse primeiro dia, e, após esse primeiro dia, ela fosse extinta.
• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 160.000;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todas as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 60.000 (160.000=100.000+SL, ou seja, SL =
160.000-100.000).
Você deve estar se perguntando, mas não há a necessidade de se considerar os estoques?
Sim, é claro!
Porém, por haver necessidade de se obter uma informação contábil mais completa, quando
ocorre a venda de um bem objeto de negócio da empresa, como uma mercadoria ou produto,
ou ainda a prestação de um serviço, a entrada de recursos, o registro de direitos ou a baixa de
uma obrigação relacionados, que fazem aumentar o Patrimônio Líquido, são tratados separa-
damente dos custos com ela incorridos, como se fossem fatos distintos, apesar de não o serem.
O reconhecimento da receita é o momento feliz da venda . Abaixo, veremos o momento tris-
te , a despesa.
(2) Os 2.000 que foram ganhos com a venda a prazo foram Receita de Venda de Mercadoria e
assim fizeram aumentar o Patrimônio Líquido em 2.000.
Importante entender que, mesmo não entrando dinheiro em caixa, deve-se registrar o direito a
receber do cliente, o que fará aumentar da mesma forma o Ativo.
Antes da Receita de Vendas:

Com o registro do direito a receber, o patrimônio ficou assim:


Depois da Receita de Vendas:

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Mais uma vez, imaginemos que não tivesse havido a baixa no estoque e que, após essa venda,
a empresa fosse extinta.
• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 162.000;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todos as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 62.000.
Da mesma forma que na receita anterior, a parcela da empresa sobre seus bens e direitos au-
mentou em mais 2.000, em função da receita em sentido estrito, propriamente dita.
(3) A entrada do imóvel recebido em doação fez aumentar o Patrimônio Líquido em 50.000.
Importante entender que, mesmo não entrando dinheiro em caixa, a entrada do imóvel fez
aumentar o Ativo.
Antes da Receita de Doação:

Com o registro do imóvel recebido em doação, o patrimônio ficou assim:


Depois da Receita de Doação:

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Com a doação não houve nenhum tipo de contraprestação. Assim, se a empresas fosse extinta:
• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 212.000;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todas as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 102.000.
Da mesma forma que na receita anterior, a parcela da empresa sobre os bens e direitos au-
mentou em mais 50.000, em função da receita denominada pelo CPC de ganho, uma superve-
niência ativa.
Mas os proprietários só investiram 50.000, como ficaram com 102.000?
Qual foi o motivo que levou os dois amigos a abrirem a empresa?
Apropriarem-se dos resultados positivos da empresa, afinal, a ela desenvolve suas atividades
para com seus lucros tornar os proprietários mais ricos. A empresa é “escrava” e existe para,
com seus resultados positivos, enriquecer seus sócios. Os 62.000 que aumentaram o ativo com
a entrada de recursos ficarão com os proprietários, pois são fruto da atividade da empresa, ga-
nhos no curso normal das atividades usuais e do ganho denominado doação.
A Receita é o aumento da SL, que ocorre como o reflexo de aumento no Ativo ou redução do
Passivo Exigível. A SL tem natureza credora, assim a receita tem natureza credora.

2.3. Reconhecimento da receita


Reconhecer a receita é determinar o momento em que ela é considerada como realizada, o
período a que pertence. Segundo o regime de competência, que será explorado em momento
oportuno, a receita é considerada realizada no momento em que ocorre a variação positiva no
Patrimônio Líquido, independente de recebimento, desde que seja possível mensurá-la com
confiabilidade.
Entre outros requisitos, o reconhecimento de uma receita de venda, por exemplo, implica a
transferência ao comprador dos riscos e benefícios mais significativos pertinentes à propriedade
dos bens.

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Exemplos: na comercialização, a receita ocorre com a entrega do bem vendido ao cliente. Já na


prestação de serviço, a receita só ocorrerá, em regra, quando ocorrer a prestação de serviço.
Isso porque é nesse momento que se aperfeiçoa o negócio jurídico, ou o cliente paga a vista ou
assume o compromisso firme de pagar, gerando o direito.
E o recebimento do valor referente à venda ou à prestação de serviço?
Ocorrendo ou não, a receita será considerada.
Pense: se for a vista o Ativo aumenta em razão do aumento de caixa, se a prazo o Ativo tam-
bém aumenta em razão do registro do direito de receber (Duplicatas a Receber), se a mercado-
ria for entregue ou o serviço prestado para que seja liquidada uma dívida com o próprio cliente,
ocorrerá a redução do Passivo Exigível. Em qualquer das três situações o aumento na Situação
Líquida ocorrerá da mesma forma 6.
(CESPE) Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma situação hipotética, referente a re-
gistros contábeis, seguida de uma assertiva a ser julgada com base nas normas brasileiras de
contabilidade.
Um hotel aceitou reservas para o carnaval de 2010, recebendo o valor das diárias correspon-
dentes a esse período em agosto de 2009. Nessa situação, esse recebimento só pode ser regis-
trado como receitas do exercício em 2010.
Gabarito: certa
(CESPE - 2017) Acerca de receitas e custos e da relação entre esses elementos, julgue o seguin-
te item.
Entre outros requisitos, o reconhecimento de uma receita de venda implica a transferência ao
comprador dos riscos e benefícios mais significativos pertinentes à propriedade dos bens.

Gabarito: certo
(CESPE – 2017) Em maio de 2017, determinada companhia aberta recebeu, sem ônus, R$
7.500.000 relativos à subvenção para investimentos no âmbito da Superintendência de Desen-
volvimento do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
(SUDAM).

6
Segundo o CPC 00, a receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento nos bene-
fícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com
confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do
aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens
e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga).
Os procedimentos normalmente adotados, na prática, para reconhecimento da receita, como, por exemplo, a exigência de
que a receita tenha sido ganha, são aplicações dos critérios de reconhecimento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais
procedimentos são geralmente direcionados para restringir o reconhecimento como receita àqueles itens que possam ser
mensurados com confiabilidade e tenham suficiente grau de certeza.
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Nessa situação hipotética, a companhia deve registrar a referida subvenção, na data da transa-
ção, em conta de
a) passivo.
b) receita.
c) reservas de incentivos fiscais.
d) reservas de capital.
e) outros resultados abrangentes.
Gabarito: B
3. Despesa
O próximo conceito a ser visto é o de Despesa.
Segundo CPC00, “despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período
contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos,
que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distri-
buições aos detentores dos instrumentos patrimoniais 7.
Traduzindo, despesas são variações negativas no Patrimônio Líquido, ou seja, são reduções do
PL, reduções da parcela da empresa sobre o Ativo, desde que essa redução não tenha como
origem o proprietário. Isso quer dizer que fatos ocorrerão e farão com que a empresa fique
mais pobre, pois ela terá menos direitos sobre os bens que estão em seu Ativo.
Duas situações podem gerar despesas, desde que resultem em reduções do Patrimônio Líquido
e não advenham dos proprietários:
(1) Redução do Ativo: vários tipos de ativos podem ser entregues ou reduzidos por meio da
despesa.
Exemplos:
 Caixa (valores pagos a vista): quando, por exemplo, se paga uma conta de luz a vista.
 Contas a receber (direitos em troca da prestação de serviços): imagine um pintor que
deve para uma loja de tintas. Essa dívida é um direito da loja e, consequentemente, está
registrada no Ativo. A loja contrata o mesmo pintor para um serviço de pintura. A des-
pesa desse serviço pode ser liquidada com essa dívida, ou seja, o pintor deixa de rece-
ber em troca do serviço. Veja que agora o Ativo da empresa foi reduzido, já que o direito
contra o pintor vai ser excluído.
 Bens e serviços entregues em troca e serviços fornecidos: da mesma forma, pode-se pa-
gar uma despesa entregando bens e serviços. Imagine que o mesmo pitor preste um no-

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vo serviço para a empresa e receba seu pagamento em tintas. Dessa vez, é o estoque que
será reduzido em troca do serviço prestado, reduzindo o Ativo.
(2) Aumento do Passivo Exigível: a despesa também pode resultar de aumento de passivos.
Exemplos: prestação de serviços para pagamento futuro, registro de despesas vencidas para
pagamento futuro (água, luz, telefone etc.). O mesmo pintor presta um novo serviço à empresa
e aceita receber o valor no futuro. Esse fato gera uma obrigação para com o pintor, fazendo
aumentar o passivo exigível da entidade.
Assim, a despesa ocorre em função de fatos que reduzem a Situação Líquida em função de:
(1) saída de recursos:
Quando ocorre a saída de recursos financeiros ocorrerá, por consequência, uma redução no
Caixa ou na conta Bancária (bancos conta movimento).
Exemplo: pagamento de salários no dia 31 do mês trabalhado, serviços pagos a vista etc.
(2) redução de ativos:
Quando ocorrerem reduções de bens e direitos sem que haja redução das obrigações ou au-
mento do próprio Ativo. Essas reduções terão um reflexo negativo na Situação Líquida, afinal, a
empresa terá um Ativo menor com as mesmas obrigações.
Exemplos: redução de direitos como duplicatas a receber como compensação de um serviço
prestado por quem devia à empresa (uma loja de tintas que aceita o serviço de pintura como
pagamento por tintas vendidas a prazo a um pintor), entrega de bens e serviços de bens e ser-
viços em troca de serviços prestados ou outras despesas (aluguel ou salários com produtos ou
serviços), um imóvel consumido em um incêndio, a morte de um bezerro em uma propriedade
agrícola, etc.
A constituição de provisão para devedores duvidosos (você aprenderá no momento certo)
também produz despesa, pois reduz o valor contábil de um direito a receber em razão da in-
certeza de receber o montante total.
(3) Aumento de Passivos:
Quando uma empresa tem suas obrigações aumentadas sem que haja redução das obrigações
ou aumento do Ativo, ela terá então que entregar mais recursos para seus credores, sobrando
menos para ela. Isso fará com que a empresa tenha reduzida a sua parcela sobre o Ativo.
Exemplos: registro de salários ou aluguel para pagamento futuro (quinto dia útil do mês), servi-
ços para pagamento futuro etc.

3.1. Despesa em sentido estrito


Assim como a receita, também a despesa pode ser definida segundo um conceito estrito ou
amplo.

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Em sentido estrito, despesas são somente as variações negativas da Situação Líquida que sur-
gem no curso das atividades usuais da entidade, ou seja, são provocadas por fatos contábeis
que representam redução do Patrimônio Líquido e que estejam relacionados com as atividades
do dia-a-dia. São sacrifícios patrimoniais com o fim, em regra, de se obter receitas.
Essas despesas são reduções patrimoniais ocorridas em função das atividades para as quais a
empresa foi criada par desenvolver. São mais comuns, normalmente provocadas pela saída de
recursos, como dinheiro em caixa ou no banco, entrega de estoques vendidos ou registro de
obrigações, como contas a pagar (aluguéis, salários, luz, água, telefone etc.).
Fique ligado!
A despesa é denominada de custo quando o sacrifício patrimonial ocorre em função da produ-
ção de bens e prestação de serviços, como o consumo de matéria prima, os salários da produ-
ção, a energia elétrica do setor de produção, etc.

3.2. Despesa em sentido amplo


Segundo o CPC 00, a definição de despesas abrange tanto as perdas quanto as despesas pro-
priamente ditas que surgem no curso das atividades usuais da entidade.
Em sentido amplo, as despesas envolvem quaisquer variações patrimoniais negativas, ou seja,
são todas as alterações do patrimônio que fazem reduzir o Patrimônio Líquido, desde que essa
redução não seja em função do proprietário. Esse conceito envolver tanto as despesas em sen-
tido estrito ou propriamente ditas, quanto as reduções no Patrimônio Líquido causadas por fa-
tos de natureza eventual (perdas).
Segundo o CPC 00, “perdas representam outros itens que se enquadram na definição de des-
pesas e podem ou não surgir no curso das atividades usuais da entidade, representando de-
créscimos nos benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das demais des-
pesas. Consequentemente, não são consideradas como elemento separado nesta Estrutura
Conceitual”.
“Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e inundações, assim
como as que decorrem da venda de ativos não circulantes. A definição de despesas também
inclui as perdas não realizadas. Por exemplo, as que surgem dos efeitos dos aumentos na taxa
de câmbio de moeda estrangeira com relação aos empréstimos da entidade a pagar em tal
moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demonstração do resultado, elas são geralmen-
te demonstradas separadamente, pois sua divulgação é útil para fins de tomada de decisões
econômicas. As perdas são, em regra, reportadas líquidas das respectivas receitas”.
Dois conceitos importantes relacionados à despesa:
(1) Superveniência (surgimento) Passiva (que reduz a SL) ou Superveniência do Passivo (que
aumenta o Passivo):

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Superveniência Passiva ou do Passivo, é um tipo de despesa que ocorre com o aumento ou


surgimento de um Passivo sem o desaparecimento ou redução de outro Passivo ou o aumento
ou surgimento de um Ativo de valor proporcional e relacionado.
Exemplos: uma obrigação trabalhista surgida de um processo judicial; uma multa aplicada con-
tra a empresa.
(2) Insubsistência (desaparecimento) Passiva (que reduz a SL) ou insubsistência do Ativo (de um
ativo)
Ocorrer com o desaparecimento de um Ativo sem o surgimento de outro Ativo proporcional e
relacionado em seu lugar ou o desaparecimento de um Passivo proporcional e relacionado.
Exemplos: Destruição de um bem em um incêndio, furto de um automóvel.
Dica importante!
Qual o tratamento dado a uma despesa paga antecipadamente, ou seja, antes da prestação do
serviço?
Vários são os motivos que podem levar uma empresa a antecipar valores para um fornecedor,
um desconto ou mesmo a importância, para empresa, do fornecedor que se encontra em difi-
culdade. O motivo não é de interesse da Contabilidade, é uma decisão gerencial, porém, os
efeitos patrimoniais dessa antecipação devem ser devidamente registrados.
Quem entrega valores a um fornecedor sabe espera que, no futuro, lhe seja prestado os servi-
ços contatados. Esses serviços tem valor econômico. Todo valor que a empresa tem a receber
de alguém no futuro é classificado como um direito. Assim, despesas antecipadas são direitos e
por isso devem figurar no Ativo.
Ocorrida a prestação de serviço contratada referente ao adiantamento, a despesa finalmente é
considerada incorrida e a redução do Patrimônio Líquido considerada.
Por esse motivo é importante entender dois conceitos:
(3) Despesa paga: valor pago em espécie que pode ou não fazer variar o Patrimônio líquido.
Se tal valor se referir a uma despesa antecipada, de exercícios futuros, ela representará um di-
reito porque ainda não foi incorrida, ou seja, não provocou a variação negativa no Patrimônio
Líquido.
(4) Despesa incorrida: variação negativa do Patrimônio Líquido, ou seja, ou houve diminui-
ção do Ativo ou aumento do Passivo Exigível sem que tenha havido uma compensação aumen-
tando o Ativo ou aumentando o Passivo Exigível, de forma simultânea, proporcional e relacio-
nada.
Assim, é possível que haja uma receita incorrida mas não paga, paga mas não incorrida ou in-
corrida e paga.
(CESPE 2018) A respeito das contas de receitas e despesas, assinale a opção correta.

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a) As contas de receitas e despesas são contas de resultado, também denominadas de contas


temporárias, pois seus saldos são encerrados para a apuração do resultado da entidade.
b) As contas de receitas e despesas, denominadas contas patrimoniais, são encerradas no final
do período para a apuração do resultado.
c) Despesa corresponde à entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou de
direitos a receber.
d) Receitas representam o reconhecimento de um passivo, com o aumento de obrigações a
serem cumpridas para com clientes.
e) As contas de despesas são de natureza credora, e as contas de receita são de natureza de-
vedora.
Gabarito: a
Lembremos então do nosso exemplo e identifiquemos quais foram as despesas ocorridas, iso-
lando-as para que possamos entender seus efeitos.
(1) Os 5.000 que saíram do estoque em função da necessidade de entregar o que foi vendi-
do aos clientes. Essa redução patrimonial é chamada de Custo das Mercadorias Vendidas, CVM.
Importante entender que, mesmo não saindo dinheiro do caixa, a saída do estoque provoca
uma redução no Ativo, que tem um reflexo negativo na Situação Líquida, reduzindo-a.
Antes do Custo das Mercadorias Vendidas:

Com a entrega de parte do estoque, o patrimônio ficou assim:


Depois do Custo das Mercadorias Vendidas:

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Consideremos a saída do estoque isoladamente do recebimento do recurso financeiro que en-


trou no caixa, imaginemos então que a empresa tivesse funcionado somente esse primeiro dia,
e, após esse primeiro dia, ela fosse extinta.
• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 145.000;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todos as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 45.000 (145.000=100.000+SL, ou seja, SL =
145.000-100.000).
(2) Os 1.500 que saíram do estoque em função da necessidade de entregar o que foi vendi-
do aos clientes. Essa redução patrimonial é chamada de Custo das Mercadorias Vendidas, CVM.
Antes do Custo das Mercadorias Vendidas:

Com o registro da saída do estoque, o patrimônio ficou assim:


Depois do Custo das Mercadorias Vendidas:

Mais uma vez, imaginando que não tivesse havido o registro do direito a receber, após a entre-
ga dos bens que estão em estoque, se a empresa fosse extinta:
• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 143.500;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todos as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 43.500.
(3) Os 15.000 que reduziram o Ativo em função do furto do automóvel.

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Antes do furto do automóvel:

Com o registro da saída do automóvel, o patrimônio ficou assim:


Depois da Despesa provocada pelo furto:

Após o desaparecimento do automóvel, se a empresa fosse extinta:


• Primeiramente liquidar-se-iam todos os bens e direitos, perfazendo um total de 128.500;
• Com o valor levantado pagar-se-iam todos as obrigações exigíveis no valor de 100.000
(80.000+20.000);
• O restante seria entregue aos proprietários, 28.500.
Da mesma forma que na despesa anterior, a parcela da empresa sobre seus bens e direitos foi
reduzida em mais 15.000, em função do furto do automóvel.
As despesas provocadas por essas reduções do Ativo reduziram também o valor da SL propor-
cionalmente, tornado a empresa mais pobre e, consequentemente, seus donos, afinal eles in-
vestiram 50.000 e agora só recuperariam 28.500. Vale lembrar que as saídas de recursos, nesse
caso a saída de mercadorias do estoque e do furto do automóvel, não são despesas em si, tais
saídas representam as origens dos recursos que foram aplicados nas despesas que, na realida-
de, são os reflexos que essas saídas de recursos provocam na SL da empresa.
Assim, a Origem de Recurso é o Estoque que, com a saída de mercadorias, ficou menor, redu-
zindo assim o Ativo como um todo. A Aplicação do recurso é a despesa em si, que representa a
perda de direitos da empresa sobre o seu Ativo em função dessa redução do próprio Ativo, ou
seja, é a própria redução da Situação Líquida.

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Por fim, a despesa reduz o Patrimônio Líquido. O Patrimônio Líquido tem natureza credora. A
natureza do saldo da despesa é o inverso da natureza do PL, ou seja, devedora.
(CESPE) Constituição de provisão para devedores duvidosos, reconhecimento de despesas de
salários e pagamento antecipado de prêmios de seguros são eventos que alteram o resultado
da empresa.
Gabarito: errado

3.3. Reconhecimento de despesas


Reconhecer a despesa é determinar o momento em que ela é considerada como incorrida, o
período a que pertence. Segundo o regime de competência, que será explorado em momento
oportuno, a despesa é considerada incorrida no momento em que ocorre a variação negativa
no Patrimônio Líquido, independente de pagamento, desde que seja possível mensurá-la com
confiabilidade. Isso quer dizer que a despesa é reconhecida no momento em que é reconheci-
da uma redução do Ativo ou aumento do Passivo, desde e que não haja compensações, au-
mentando o Ativo ou reduzindo o Passivo Exigível de forma simultânea, proporcional e relacio-
nada.
Exemplos: na comercialização, a despesa ocorre com a entrega do bem vendido ao cliente com
a baixa do estoque. É o CVM (Custo das Mercadorias Vendidas), representado pelo valor de
saída da mercadoria. Já no caso de uma indústria, os custos para produção de um produto
(matéria prima, mão de obra direta, energia elétrica diretamente usada na produção etc) ficam
alocados no produto enquanto estiverem em estoque e somente serão considerados no mo-
mento em que aquele produto for vendido, ou seja, quando gerar receita, ficando receita e
despesas atreladas e simultaneamente consideradas.
Já na prestação de serviço, a despesa só ocorrerá, em regra, quando ocorrer a prestação de
serviço, com o a ocorrência dos custos decorrentes desta prestação. Ocorrerá despesa também
no consumo de bens e serviços como água luz, telefone, aluguel, mão de obra.
E o pagamento do valor referente ao recebimento de serviço?
Ocorrendo ou não o pagamento a despesa será considerada.
Pense: se for a vista, o Ativo diminui em razão da redução de caixa, se a prazo, o Passivo Exigí-
vel aumenta em razão do registro da obrigação (Duplicatas a Pagar), se o serviço for recebido
para que seja liquidada em troca de um bem ou direito, ocorrerá a redução do Ativo. Em qual-
quer das três situações a redução na Situação Líquida ocorrerá da mesma forma 8.

8
Segundo o CPC 00, as despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado quando resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos
futuros, relacionado com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que
o reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente com o reconhecimento de aumento nos passivos ou de diminuição nos ativos (por exemplo, a
alocação por competência de obrigações trabalhistas ou da depreciação de equipamento).
As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse
processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (regime de competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado
das receitas e despesas que resultem diretamente ou conjuntamente das mesmas transações ou outros eventos. Por exemplo, os vários componentes de
despesas que integram o custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos no mesmo momento em que a receita derivada da venda das mercado-
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Outro ponto a ser considerado, é o fato de que as despesas ocorrem, em regra, para obtenção
de receita. Segundo regime de competência, a despesa deve ser reconhecida juntamente com
a receita que lhe deu origem e, dependendo da forma como os fluxos econômicos fluam para a
empresa ou ainda em função da falta de expectativa de que existam benefícios econômicos, a
despesa será reconhecida de duas formas: direta e imediatamente à ocorrência da receita; ou
com base em procedimentos de alocação sistemática e racional, quando se espera que os be-
nefícios econômicos sejam gerados ao longo de vários períodos contábeis e a associação com a
correspondente receita somente possa ser feita de modo geral e indireto. Vejamos então:
3.3.1. Diretamente
Três são as situações que determinam o reconhecimento direto:
(1) A possibilidade de associação direta da despesa com a receita;
Segundo o principio da confrontação entre receitas e despesas (regime de competência), as
despesas são reconhecidas simultaneamente às receitas que lhe deram origem. Por exemplo,
juntamente com a receita obtida com a venda de mercadorias surge também a despesa refe-
rente à entrega da mercadoria ao cliente, o chamado Custo da Mercadoria Vendida (CMV),
além das outras diversas despesas relacionadas, como os tributos sobre as vendas.
(2) Gastos incorridos sem que haja expectativa de benefícios econômicos futuros;
A despesa deve ser reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando o gasto
não produzir benefícios econômicos futuros ou quando, e na extensão em que, os benefícios
econômicos futuros não se qualificarem, ou deixarem de se qualificar, para reconhecimento no
balanço patrimonial como ativo.
Serve de exemplo o desenvolvimento de um medicamento. Se os esforços forem frutíferos, par-
te dos gastos incorridos no seu desenvolvimento comporá o Ativo Intangível, pois o conheci-
mento produzido poderá ser utilizado na produção do medicamento pela própria empresa e
será de uso exclusivo dela, ou ainda, a patente para utilização poderá ser comercializada.
Por outro lado, se os esforços forem infrutíferos, todos os gastos serão reconhecidos como
despesa, em função da falta de expectativa de que benefícios econômicos fluirão para entidade.
(CESPE – 2016) No que se refere às principais demonstrações contábeis previstas em lei, julgue
o item que se segue.
Para a apuração do resultado do exercício e o levantamento da demonstração do resultado,
devem-se considerar as receitas — independentemente de seu efetivo recebimento — e a tota-
lidade das despesas e custos — independentemente de já terem gerado receitas.
Gabarito: errado
(3) Reconhecimento de um Passivo Exigível

rias é reconhecida. Contudo, a aplicação do conceito de confrontação, de acordo com esta Estrutura Conceitual, não autoriza o reconhecimento de itens no
balanço patrimonial que não satisfaçam à definição de ativos ou passivos.
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O CPC00 nos lembra que a despesa também deve ser reconhecida na demonstração do resul-
tado nos casos em que um passivo é incorrido sem o correspondente reconhecimento de ativo,
como no caso de passivo decorrente de garantia de produto ou uma multa fiscal, por exemplo.
Da mesma forma, a constituição de uma provisão passiva (você aprenderá no momento certo)
fará aumentar um Passivo Exigível, pois há a expectativa de que benefícios econômicos fluam
da entidade
3.3.2. Indiretamente (por estimativa)
Quando se espera que os benefícios econômicos sejam gerados ao longo de vários períodos
contábeis e a associação com a correspondente receita somente possa ser feita de modo geral
e indireto, as despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base em
procedimentos de alocação sistemática e racional. Muitas vezes isso é necessário ao reconhecer
despesas associadas com o uso ou o consumo de ativos, tais como:
Tangível:
Os ativos tangíveis podem sofrer desvalorização. Serve de exemplo o grupo Imobilizado. Imobi-
lizado é o bem ativo tangível utilizado no funcionamento da empresa, tal como máquinas,
equipamentos, veículos, instalações, prédios, reserva de recursos naturais, etc. Desses bens são
esperados benefícios econômicos futuros, pois os mesmos ajudam a empresa a produzir, ven-
der, prestar serviços, dentre outros, ou seja, gerar receitas. Porém, com a utilização, esses bens
sofrerão desvalorizações em função do uso, do tempo, da obsolescência, da redução das reser-
vas de recursos naturais, dentre outros. Essa desvalorização deve ser reconhecida no Balanço
Patrimonial por meio da depreciação ou exaustão, conforme o tipo de bem. Com a desvaloriza-
ção do bem ocorre a redução do ativo que, por sua vez, provoca a redução no Patrimônio Lí-
quido, ou seja, uma despesa.
Em função das receitas geradas por esses bens ocorrerem em mais de um período contábil,
além da impossibilidade de se determinar com exatidão a relação dessa desvalorização com
determinada receita que tenha sido gerada, esse tipo de despesa é feita de forma geral e indi-
reta, baseada em muitas estimativas.
Serve de exemplo um automóvel utilizado por uma concessionária para transportar clientes,
prestar assistência móvel, transportar peças, etc. Todas essas atividades são desenvolvidas para
obtenção de receitas e acabam por desgastar o automóvel. Porém, não é possível determinar
qual receita gerada provocou qual desgaste e em qual extensão. Por esse motivo, a desvalori-
zação desse bem é feita em bases percentuais, depois de um determinado o período, 20% ao
ano até que o veículo seja totalmente depreciado ou vendido.
Intangível:
Os bens intangíveis sujeitos a desvalorização em função da passagem do tempo, como Ágio
pela expectativa de rentabilidade futura (goodwill), marcas e patentes, serão desvalorizados por
meio da amortização. Esses procedimentos de alocação destinam-se a reconhecer despesas

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nos períodos contábeis em que os benefícios econômicos associados a tais itens sejam consu-
midos ou expirem, seguindo o mesmo raciocínio do item anterior.
(CESPE) Uma entidade não deve reconhecer os custos da manutenção periódica de um item
do ativo imobilizado no valor contábil desse item. Pelo contrário, quando incorridos, esses cus-
tos são reconhecidos no resultado.
Gabarito: certo
(CESPE) O pagamento antecipado por um serviço a ser prestado por terceiros, no prazo máxi-
mo de um ano, não causa impacto imediato no resultado, devendo ser registrado a débito de
uma conta do ativo circulante e a crédito de disponibilidades.
Gabarito: Certo
(CESPE) De acordo com a doutrina e a legislação contábeis, a prescrição de uma dívida e o pe-
recimento de um direito correspondem, respectivamente, a uma realização de receita e à incor-
rência de uma despesa.
Gabarito: Certo
(CESPE – 2015) Em relação ao reconhecimento, à mensuração e à evidenciação dos fatos con-
tábeis, julgue o item a seguir.
Uma companhia aérea que se comprometer a conceder viagens gratuitas aos clientes cadastra-
dos em seu programa de milhagem deverá contabilizar uma provisão no momento em que as
receitas de passagens aéreas forem reconhecidas.
Gabarito: Certo
4. Resultado (Rédito - Performance)
Para cumprir suas finalidades as pessoas precisam acumular patrimônio. Durante um período
determinado deve-se sempre verificar como está o patrimônio da entidade e o quanto variou a
parcela do Ativo que cabe a ela, o Patrimônio Líquido.
Essa variação pode ser positiva ou negativa. O ideal é que tenha sido positiva, que a entidade
esteja mais rica, ou seja, que a parcela do Ativo que cabe a ela tenha aumentado, para que ela
possa:
(1) Se for uma pessoa com fim lucrativo (empresa):
Distribuir parte desse excedente para seus proprietários na forma de lucros e a outra parte, se
for opção dos seus administradores, reinvestir na própria empresa para que ela possa manter
seu capital e ainda aumentar sua capacidade produtiva para que tenha um resultado positivo
ainda maior no próximo período o que, por sua vez, permitirá uma distribuição ainda maior de
lucros para seus proprietários.
(2) Se for uma pessoa com fins sociais:

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Utilizar parte desse excedente para realizar mais ações sociais e a outra parte, se for opção dos
seus administradores, reinvestir na própria entidade para que ela possa aumentar sua capacida-
de produtiva para que tenha um resultado positivo ainda maior no próximo período o que, por
sua vez, permitirá a realização de mais ações sociais que o período anterior.
Mas como saber se o Patrimônio Líquido da empresa aumentou no período?
Simples, apurando o Resultado. Sendo as receitas variações positivas do PL, de natureza credo-
ra, e as despesas as negativas, de natureza devedora, basta confrontá-las que se encontrará o
resultado podendo ocorrer três situações:
(1) Resultado positivo, lucro: Se houve mais receitas que despesas o saldo do resultado é cre-
dor, isso quer dizer que ao final do período o PL aumentou.
(2) Resultado negativo, prejuízo: Se houve mais despesas que receitas o saldo do resultado é
devedor, isso quer dizer que ao final do período o PL diminuiu.
(3) Resultado nulo: Se houve receitas no mesmo valor que as despesas o saldo do resultado é
zero.
As contas de receita e despesa não entram diretamente com seus saldos no Patrimônio Líquido
aumentando-a e reduzindo-a respectivamente. É o resultado, lucro ou prejuízo, que provocas
as alterações e o seu valor é que entra. Receitas e despesas alteram o Patrimônio líquido de
forma indireta.
Por esse motivo, depois de um período determinado, normalmente o exercício social, a empre-
sa confronta receitas e despesas para apurar o resultado e lança na conta lucro ou prejuízo,
conforme o caso, equilibrando novamente o Balanço Patrimonial.
Conforme explicitado pelo CPC00, a importância do resultado advém do fato de que ele é fre-
quentemente utilizado como medida de performance ou como base para outras medidas, tais
como o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos diretamente relaciona-
dos com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas. O reconhecimento e a men-
suração das receitas e despesas e, consequentemente, do resultado, dependem em parte dos
conceitos de capital e de manutenção de capital adotados pela entidade na elaboração de suas
demonstrações contábeis 9.
Para tanto, é importante entender o conceito de capital.
De forma sucinta, capital significa valor. Definir qual o tipo de valor se atribuirá a uma organiza-
ção é fundamental para que se possa definir sua performance. As duas principais bases de refe-
rências para valorização de uma entidade são o capital financeiro e o capital físico. Segundo
explana o CPC00, o conceito de capital financeiro (ou monetário) é adotado pela maioria das
entidades na elaboração de suas demonstrações contábeis. De acordo com o conceito de capi-
tal financeiro, tal como o dinheiro investido ou o seu poder de compra investido, o capital
é

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sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio líquido da entidade. Segundo o conceito de capital


físico, tal como capacidade operacional, o capital é considerado como a capacidade produtiva
da entidade baseada, por exemplo, nas unidades de produção diária.
A seleção do conceito de capital apropriado para a entidade deve estar baseada nas necessida-
des dos usuários das demonstrações contábeis. Assim, o conceito de capital financeiro deve ser
adotado se os usuários das demonstrações contábeis estiverem primariamente interessados na
manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra do capital investido. Se, con-
tudo, a principal preocupação dos usuários for com a capacidade operacional da entidade, o
conceito de capital físico deve ser adotado. O conceito escolhido indica o objetivo a ser alcan-
çado na determinação do lucro, mesmo que possa haver algumas dificuldades de mensuração
ao tornar operacional o conceito.
(a) Manutenção do capital financeiro. De acordo com esse conceito, o lucro é considerado
auferido somente se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no fim do período
exceder o seu montante financeiro (ou dinheiro) no começo do período, depois de excluídas
quaisquer distribuições aos proprietários e seus aportes de capital durante o período. A manu-
tenção do capital financeiro pode ser medida em qualquer unidade monetária nominal ou em
unidades de poder aquisitivo constante.
(b) Manutenção do capital físico. De acordo com esse conceito, o lucro é considerado aufe-
rido somente se a capacidade física produtiva (ou capacidade operacional) da entidade (ou os
recursos ou fundos necessários para atingir essa capacidade) no fim do período exceder a ca-
pacidade física produtiva no início do período, depois de excluídas quaisquer distribuições aos
proprietários e seus aportes de capital durante o período.
Apuração do resultado
Vamos apurar então o Resultado da empresa.
Antes da apuração do resultado o patrimônio da empresa se encontrava assim:

Existe uma diferença entre os totais de ativos e passivos no valor de 40.500.


Para a apuração do resultado, basta identificar as receitas e despesas do período e confrontá-
las na conta denominada Resultado, também chamada de Rédito. As contas de receitas, de
despesas e de custos deverão ser zeradas em contrapartida com uma conta de apuração de
resultado do exercício.
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Esse é o valor que faltava para equilibrarmos os dois lados do patrimônio, e, como o saldo foi
credor, isso significa que a empresa teve lucro e, consequentemente, aumentará a SL. Para tan-
to, basta agora transferir o resultado para a situação líquida para a conta lucros acumulados
que os dois lados do Balanço Patrimonial se igualarão, deixando o patrimônio dessa forma.

Mas porque a medida que as receitas e despesas foram ocorrendo a Situação Líquida não foi
sendo alterada?
Por serem contas de resultado, as contas de receita e despesa não entram no Balanço Patrimo-
nial, que só aceita contas patrimoniais, Ativo Passivo e Patrimônio Líquido.
As alterações provocadas por receitas e despesas ocorrem de forma indireta, por elas compões
o resultado que por sua vez, sendo lucro ou prejuízo, é que alteração o patrimônio líquido.
Porque as receitas e despesas não entram no patrimônio alterando a Situação Líquida direta-
mente, o que provoca essa alteração é o resultado. Assim conclui-se que as contas de resulta-
do, receita e despesa, alteram a Situação Líquida de forma indireta, pois a confrontação entre
ambas formara o resultado que a alterará, se lucro aumentando, se prejuízo diminuindo.
Assim, somente após a apuração do resultado é que o balanço volta a ficar novamente equili-
brado com a inserção no PL do Lucro ou Prejuízo, conforme o caso.
(CESPE) Considere que determinada companhia tenha informado, em reais, os saldos das con-
tas, conforme mostrados na tabela abaixo.
Despesas gerais----------------------------------1.000

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Despesas antecipadas de seguros---------------3.000


Despesas de salários-----------------------------2.000
Bancos-------------------------------------------5.000
Clientes------------------------------------------6.000
Material de escritório----------------------------4.000
Equipamentos----------------------------------10.000
Receita de serviços------------------------------10.000
Fornecedores-------------------------------------1.000
Capital------------------------------------------20.000
Com base nos dados acima apresentados, julgue os itens a seguir.
Após a apuração do resultado, a empresa apresentou lucro de R$ 4.000,00.
Gabarito: Errado
(CESPE) Os lançamentos de encerramento de contas de resultado foram realizados ao final de
um período contábil. Nessa situação, as contas de receitas, de despesas e de custos deverão ser
zeradas em contrapartida com uma conta de apuração de resultado do exercício.
Gabarito: Certo
(CESPE) Algumas despesas e receitas devem ser excluídas dos grupos de resultados para inte-
grar os grupos patrimoniais da entidade, em função de definições decorrentes da competência
do exercício.
Gabarito: Certo
5. Origens de Recursos
Toda pessoa jurídica para existir necessita de um patrimônio. Para que esse patrimônio seja
formado, deverá haver, necessariamente, origens e aplicações de recursos.
Origens são as fontes de onde surgem os recursos para serem aplicados em bens, direitos e
despesas, que pode ser monetário ou não. É possível identificar as origens de recursos segundo
um aspecto amplo e um aspecto estrito.
Amplo:
Ao observar o patrimônio de qualquer entidade é possível identificar quais foram as origens de
recurso que fizeram surgir o Ativo, afinal bens e direitos não surgem como em um passe de
mágica. Eles tiveram origem naqueles que disponibilizaram recursos para financiá-los.
Duas são as fontes que financiam os ativos e despesas. São elas: o Passivo exigível, ao empres-
tar recursos que propiciaram à formar parte de seu ativo e incorrer em parte das suas despesas;
O Patrimônio Líquido, por meio do qual a própria entidade utiliza seus recursos, gerados (recei-
tas) ou recebidos (proprietário) para se financiar o restante de seus ativos e despesas.
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Dessa forma, em sentido amplo, as origens de recurso são formadas pela soma do Passivo, Pa-
trimônio líquido e Receitas (Origens = P + PL + Rec.) Inclui-se também a esse grupo as contas
retificadoras do ativo (Origens = P + PL + Rec. + Ret. do Ativo).
Estrita:
Em sentido estrito, ou seja, em cada fato contábil, origem de recursos é todo lançamento cre-
dor, ou seja, toda conta que receba um lançamento credor.
Essa é a fundamentação utilizada no método das partidas dobradas, não importando a conta
que tenha recebido o lançamento, se de ativo, passivo, patrimônio líquido ou receita.
6. Aplicação de Recursos
Como visto, toda pessoa jurídica para existir necessita de um patrimônio. Para que esse patri-
mônio seja formado deverá haver necessariamente, origens e aplicações de recursos.
Aplicação é o destino do recurso obtido na origem, que pode ser monetário ou não.
É possível identificar as aplicações de recursos segundo um aspecto amplo e um aspecto estrito.
Amplo:
Ao observar o patrimônio de qualquer entidade é possível identificar onde foram aplicados os
recursos obtidos no Passivo Exigível e no Patrimônio Líquido, no Ativo e nas despesas.
Dessa forma, em sentido amplo, as aplicações de recurso são formadas pela soma do Ativo
com as Despesas (Aplicações = A + Desp.) Inclui-se também a esse grupo as contas retificado-
ras do Passivo exigível e do Patrimônio Líquido (Aplicações = A + Desp.+ Ret. do P + Ret. do
PL).
Estrito:
Em sentido estrito, ou seja, em cada fato contábil, aplicação de recursos é todo lançamento de-
vedor, ou seja, toda conta que receba um lançamento devedor.
Essa é a fundamentação utilizada no método das partidas dobradas, não importando a conta
que tenha recebido o lançamento, se de ativo, passivo, patrimônio líquido ou despesa.
7. Questões gabaritadas
1) (CESPE – 2017) Adiantamentos recebidos de clientes, ajustes de avaliação patrimonial, despe-
sas antecipadas, obrigações em moeda estrangeira e ações em tesouraria são itens que devem
ser classificados, respectivamente, como
a) receita operacional, patrimônio líquido, passivo, passivo e ativo.
b) ativo, patrimônio líquido, ativo, passivo e ativo.
c) passivo, patrimônio líquido, despesa operacional, passivo e patrimônio líquido.
d) ativo, receita operacional, despesa operacional, passivo e patrimônio líquido.
e) passivo, patrimônio líquido, ativo, passivo e patrimônio líquido.

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2) (CESPE – 2016) No que se refere aos princípios e às convenções da teoria contábil, julgue o i-
tem seguinte.
O princípio da competência pressupõe a simultaneidade da confrontação entre receitas e despesas cor-
relatas e determina que os efeitos das transações sejam reconhecidos nos períodos a que se referem.
3) (CESPE - 2015) Com relação aos componentes do patrimônio e ao conceito de receita, julgue o
próximo item, de acordo com os pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis.
Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das ativi-
dades ordinárias de uma entidade que resultam no aumento ou na diminuição do seu patrimônio líqui-
do.
4) (ESAF) Em um Balanço Patrimonial a origem dos recursos:
a. não é apresentada.
b. é apresentada no total do Patrimônio Líquido.
c. é apresentada no Passivo Exigível e no Patrimônio Líquido.
d. é apresentada no total do Capital Social.
e. é apresentada no Ativo.
5) (CESPE) A antecipação de salários a funcionários resulta em registro a débito de despesas e
em registro a crédito de uma conta de ativo.
6) (CESPE) Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma situação hipotética, referente a re-
gistros contábeis, seguida de uma assertiva a ser julgada com base nas normas brasileiras de
contabilidade.
Um hotel aceitou reservas para o carnaval de 2010, recebendo o valor das diárias correspondentes a
esse período em agosto de 2009. Nessa situação, esse recebimento só pode ser registrado como recei-
tas do exercício em 2010.
7) (CESPE) Constituição de provisão para devedores duvidosos, reconhecimento de despesas de
salários e pagamento antecipado de prêmios de seguros são eventos que alteram o resultado
da empresa.
8) (CESPE) Uma entidade não deve reconhecer os custos da manutenção periódica de um item do
ativo imobilizado no valor contábil desse item. Pelo contrário, quando incorridos, esses custos
são reconhecidos no resultado.
9) (CESPE) O pagamento antecipado por um serviço a ser prestado por terceiros, no prazo máxi-
mo de um ano, não causa impacto imediato no resultado, devendo ser registrado a débito de
uma conta do ativo circulante e a crédito de disponibilidades.
10)( CESPE) De acordo com a doutrina e a legislação contábeis, a prescrição de uma dívida e o pe-
recimento de um direito correspondem, respectivamente, a uma realização de receita e à incor-
rência de uma despesa.
11)(CESPE) Na determinação do resultado do exercício, deverão ser computadas as receitas e os
rendimentos adquiridos no período, mas não os custos, as despesas, os encargos e as perdas,
pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
Errado

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12) (CESPE) Aplicação financeira com rendimentos prefixados efetuada em dezembro de x2, com
vencimento em fevereiro de x3, deve proporcionar a apropriação da receita financeira para os
dois exercícios.
Certo
13) (CESPE) As contas de receitas são consideradas contas de resultado.
Certo
Gabarito

1) E
2) Certo
3) Errado
4) C
5) ERRADO
6) CERTA
7) ERRADO
8) CERTO
9) CERTO
10)CERTO
11)Errado
12)Certo
13)Certo

Queridos alunos, espero que tenham gostado da aula e até a próxima.

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