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Contabilidade

Básica I
Módulo de Estudo 4
DISCIPLINA
Normas e práticas em contabilidade –
Aula 13
PROFESSORA
Camila Nunes

ARE- APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO

As receitas e as despesas são reconhecidas e apresentadas na DRE –


Demonstração do Resultado do Exercício de diferentes maneiras
(vendas, operacionais e outras receitas e despesas), de modo a serem
prestadas informações relevantes para a tomada de decisão econômica
pelos usuários externos. Isso envolve um processo de subclassificação
por natureza ou função nos negócios da entidade, a fim de mostrar as
informações da maneira mais útil aos usuários.

É prática comum distinguir os itens de receitas e despesas que surgem


no curso das atividades usuais daqueles que não surgem. Na DRE estes
itens são tratados como operacionais e outras receitas ou despesas,
respectivamente. Essa distinção é feita considerando-se que a origem
de um item é relevante para a avaliação da capacidade que a entidade
tem de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro. Por exemplo,
atividades atípicas, como a venda de um investimento de longo prazo e
a venda de um imóvel, afetam o resultado no exercício em que ocorreu
o fato; contudo, é improvável voltar a ocorrer a entrada de dinheiro de
forma regular. Assim, essa informação é muito importante para as
origens das receitas serem avaliadas.

IMPORTANTE
O balanço patrimonial apresenta a situação financeira patrimonial; a DFC
apresenta o resultado financeiro. A DRE apresenta o resultado
econômico, que é frequentemente utilizado como medida de
performance ou como base para outras medidas, tais como o retorno do
investimento ou o resultado por ação.

As contas de receitas e despesas são transitórias (dinâmicas) e


representam um fluxo econômico. Pelos ganhos e perdas, deverão
conter registros que ocorreram durante o exercício social da empresa.
Assim, as contas de receita e despesa devem ter saldo encerrado no fim
do exercício e possuir saldo zero no início do novo período social.

Receitas e Despesas

As receitas e despesas são contas de resultado que, por meio do


confronto, apresentam o desempenho econômico e, devido a sua
dinâmica, afetam a situação líquida da empresa. Os elementos de
receitas e despesas são definidos como segue:

a) Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período


contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos
ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio
líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos
detentores dos instrumentos patrimoniais;

b) Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o


período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de
ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do
patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos
detentores dos instrumentos patrimoniais.

De forma semelhante aos conceitos das contas patrimoniais, as


definições de receitas e despesas identificam os seus aspectos
essenciais, mas não especificam os critérios que precisam ser satisfeitos
para que sejam reconhecidas na demonstração do resultado; desta
forma, os conceitos definem uma receita e uma despesa, contudo não
identificam especificamente as contas.

Os critérios determinam que a receita deve ser reconhecida na


demonstração do resultado quando resultar em aumento nos benefícios
econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com
diminuição de passivo e puder ser mensurada com confiabilidade. Isso
significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre
simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ativos ou da
diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos
originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo
originado do perdão de dívida a ser paga).

Em outras palavras, a receita deve afetar o resultado econômico para


mais, deixando a empresa mais rica (aumenta o PL) e, por consequência,
deve aumentar o potencial econômico do ativo ou diminuir o passivo
exigível (o passivo será liquidado no futuro com um item gerador de
benefício econômico).

As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado


quando resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos futuros
relacionado com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo
e puderem ser mensuradas com confiabilidade. Isso significa, na prática,
que o reconhecimento da despesa ocorre simultaneamente com o
reconhecimento de aumento nos passivos ou de diminuição nos ativos
(por exemplo, a alocação por competência de obrigações trabalhistas ou
da depreciação de equipamento).

Em outras palavras, a despesa afeta o resultado econômico para menos,


deixando a empresa mais pobre (diminui o PL), e, por consequência,
deve aumentar o passivo exigível (o passivo será liquidado no futuro com
um item gerador de benefício econômico) ou diminuir o potencial
econômico do ativo
.

IMPORTANTE SABER

1) Toda receita aumenta o Patrimônio Líquido, mas nem todo aumento


do Patrimônio Líquido é uma receita. Exemplos de aumentos no PL que
não são receitas:

a) Entrada de novo sócio

b) Reservas de capital

c) Ajuste da avaliação patrimonial positiva

d) Venda de ações em tesouraria

e) Conversão de dívidas em ações

2) Toda despesa diminui o Patrimônio Líquido, mas nem toda diminuição


do patrimônio Líquido é uma despesa. Exemplos de diminuição no PL
que não são despesas:

a) Diminuição do capital social – capital integralizar

b) Ajuste da avaliação patrimonial negativa

c) Compra de ações em tesouraria

d) Pagamento de dividendos

e) registro do custo na venda de ações

RECEITAS (-) DESPESAS = RESULTADO DO EXERCÍCIO


 Receitas maiores que despesas = Lucro Líquido do Exercício
 Receitas menores que despesas = Prejuízo Líquido do Exercício
 Receitas iguais às despesas = resultado nulo.

IMPORTANTE
Lembrem-se de que as contas de receitas e despesas são transitórias;
desta forma, elas precisam ser encerradas, para assim gerar um novo
fluxo econômico no ano seguinte.

No encerramento das contas de resultado, as receitas são debitadas e


as contas de despesas são creditadas em contrapartida da conta ARE.

A conta ARE também é transitória. Ela somente é movimentada na


apuração do resultado do período; por isto é denominada de conta de
apuração.
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DRE – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO

Como já vimos no início desta disciplina, se há alguns anos a contabilidade


exercia uma papel muito mais de apuração dos tributos para recolhimento e
prestação de contas ao Governo, desde meados de 2007, com a promulgação
da Lei de no. 11.638, que alterada a Lei no. 6.404, emitida em 1976, a
contabilidade passou a ganhar um papel muito mais de instrumento para tomada
de decisões suportando, com dados e informações, à administração e terceiros
que, de alguma forma, tem interesses econômicos e financeiros naquela
entidade.

O artigo 187 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), instituiu a
Demonstração do Resultado do Exercício – “DRE”, vale dizer que a
Demonstração do Resultado pode compreender informações acumuladas de
períodos diferentes de um ano (exercício), podendo ser, por exemplo: mensal;
trimestral; semestral; etc.

Assim, como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício


- DRE é uma peça contábil que, juntamente com as demais, compõem o que
chamamos tecnicamente de Demonstração Financeira.

A DRE tem por principal objetivo apurar e divulgar o resultado das operações da
empresa em determinado período. Este resultado é apurado por meio de uma
estrutura regulamentada através das Normas Brasileiras de Contabilidade a
qual, como também já foi visto anteriormente, está em linha com a Contabilidade
Internacional (“IFRS”).
A DRE é uma peça contábil que tem como principal objetivo apresentar aos
leitores daquela informação o desempenho daquela entidade, durante um certo
período. Notem que, enquanto o Balanço Patrimonial apresenta uma “fotografia
da entidade”, de forma estática, a Demonstração do Resultado, apresenta
transações acumuladas em um determinado período, que pode ser, mensal,
trimestral, semestral ou até de um ano. A DRE é uma ferramenta de grande
importância para avaliação da saúde financeira da entidade, fornecendo aos
usuários desta, importantes ele elementos que são fundamentais para o
processo decisório. Vale dizer que sem que seja feita uma adequada análise nas
informações apresentadas na DRE não se é capaz de avaliar a realidade da
entidade.

Porém para que as decisões tomadas com base nesta peça contábil sejam
assertivas é preciso saber o que compõem cada uma das linhas, para tanto a
leitura, análise e compreensão de sua abertura através das notas explicativas é
essencial. ESTRUTURA DA DRE As regras contábeis em nosso país estão em
convergência com aos padrões internacionais, assim, para que a entidade
atenda adequadamente tais normas, ela precisa observar as regras de
divulgação estabelecidas através de pronunciamentos técnicos contábeis,
emitidos pelo CPC (“Comitê de Pronunciamentos Contábeis”), e aprovados pelo
CFC (“Conselho Federal de Contabilidade”), que é o órgão que regulamenta as
normas contábeis no Brasil. Sendo que a DRE é estruturada, principalmente,
pelos seguintes CPC´s:

 CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório


Contábil-Financeiro;  CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis;

 CPC 36 – Demonstrações Consolidadas;

 CPC 44 – Demonstrações Combinadas.

REGIME DE COMPETÊNCIA

É importante ressaltarmos que a DRE apresenta o resultado da entidade e,


assim, para atender aos princípios básicos da contabilidade deve ser elaborada,
sempre, obedecendo ao Regime de Competência, o qual define que transações
devem ser registradas de acordo com o seu fato gerador, independentemente
do trâmite fiscal ou financeiro, ou seja, se o serviço foi prestado em parte dentro
de um período e a nota fiscal será emitida posteriormente, e preciso que o
registro da receita efetuado (se atendido os demais requisitos para seu
reconhecimento), o mesmo vale para o recebimento, o reconhecimento da
receita se dará quando o serviço for prestado, e os valores ficarão pendentes no
balanço patrimonial se recebidos antecipadamente pela entidade, no lado
passivo (a título de adiantamento de cliente ou de receita diferida, por exemplo)
ou no lado do ativo, se o serviço for prestado, receita reconhecida e contrapartida
em contas a receber, por exemplo.

ESTRUTURA DA DRE

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS/ PRODUTOS VENDIDOS

= LUCRO/ PREJUÍZO OPERACIONAL BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

 (-) DESPESAS GERAIS E ADMINISTRATIVAS

 (-) DESPESAS COMERCIAIS

 (+/-) OUTRAS DESPESAS/ RECEITAS, LÍQUIDAS

= LUCRO/ PREJUÍZO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO

(+/-) RESULTADO FINANCEIRO

 (-) DESPESAS FINANCEIRAS

 (+) RECEITAS FINANCEIRAS

= LUCRO/ PREJUÍZO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) IR e CS

= LUCRO/ PREJUÍZO LÍQUIDO.

COMPARAÇÃO DO RESULTADO REAL X RESULTADO ORÇADO

Na prática, é através da DRE que a alta administração da empresa pode


acompanhar de maneira mais objetiva o atingimento, ou não, de seu propósito
como atividade econômica, que é o de gerar lucro. Assim, através desta peça
contábil, a empresa organiza e apresenta as suas receitas, os custos
necessários para gerar tal receita, bem como, as despesas operacionais
envolvidas, da forma lógica e estruturada, demonstrando se está havendo
geração de riqueza ou não, o que permitirá, entre outras ações, remunerar o
capital investido pelos acionistas.

Lembrando que, de acordo com o que determina o Pronunciamento Conceitual


Básico ( CPC 00) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de
Relatório Contábil – Financeiro, o resultado medido e apresentado pela DRE é
frequentemente utilizado como medida de performance.
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ESTRUTURA BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial trata-se de uma das mais importantes ferramentas para


avaliarmos a situação econômico – financeira de uma empresa apresentando,
de uma forma organizada, a sua performance. O Balanço Patrimonial é
composto por:

 Ativo;
 Passivo; e,
 Patrimônio líquido.

O ATIVO, representado graficamente do lado esquerdo da figura (quadro), é


formado pelos bens e direitos da empresa, tais como:

 caixa e bancos;
 contas a receber de clientes;
 estoques;
 despesas antecipadas;
 impostos a recuperar;
 investimentos;
 ativo imobilizado;
 ativo intangível;
 entre outros.

O PASSIVO e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO, são representados graficamente do


lado direito da figura (quadro), sendo formados pelas obrigações da empresa,
com terceiros, no caso do passivo, e com os proprietários, no caso do patrimônio
líquido.

São exemplos de contas de passivo:

 fornecedores;
 empréstimos e financiamentos;
 salários a pagar;
 impostos a recolher;
 provisão para riscos (trabalhistas, cíveis e tributários);
 entre outros.

São exemplos de contas que geralmente compõem o patrimônio líquido:

 capital social;
 reservas de lucros;
 prejuízos acumulados;
 entre outros.

A estrutura atual do Balanço Patrimonial foi regulamentada pela Lei nº 11.638/07,


MP nº 449/08 e Resolução CFC nº 1.121/08, e será apresentada da seguinte
forma:

Figura 1 – Estrutura Base Balanço Patrimonial

Link: http://3.bp.blogspot.com/-
h3bqRlM9vSo/UDXzbpln1SI/AAAAAAAAAOM/wRV-hZDDF88/s1600/001-
BALAN%C3%87O+PATRIMONIAL.jpg
CLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL ENTRE CIRCULANTE E
NÃO CIRCULANTE

A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos


circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço
patrimonial. E dentro de cada uma destes sub itens o registro deve respeitar, a
ordem de liquidação do caso do Ativo e de exigibilidade, no caso do Passivo. Por
exemplo: a conta de disponibilidades sempre será a primeira conta do Ativo
Circulante, dada a facilidade deste montante ser convertido em numerários para
entidade.

 Ativo Circulante: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que


seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da
entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser
negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data
do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no
Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa),
a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre
vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

 Ativo Não Circulante: Constituído pelos demais ativos.


 Passivo Circulante: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo
operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a
finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze
meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito
incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze
meses após a data do balanço.

 Passivo Não Circulante: Constituído pelos demais passivo.

TRANSAÇÃO QUE NÃO É SEGREGADA ENTRE CIRCULANTE E NÃO


CIRCULANTE

Como vimos, é mandatória a segregação entre curto e longo prazo, no entanto


os impostos diferidos ativos e/ou passivos não devem ser classificados como
ativos circulantes e/ou passivos circulantes.

CAIXA E EQUIVALENTES A CAIXA

Compreendem os saldos de caixa, depósitos bancários à vista e aplicações


financeiras realizáveis em até 90 dias da data da aplicação ou consideradas de
liquidez imediata ou conversíveis em um montante conhecido de caixa e que
estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor, os quais são
registrados pelos valores de custo, acrescido dos rendimentos auferidos até as
datas dos balanços, desde que não exceda o seu valor de mercado ou de
realização.

Principais analises a partir do Balanço Patrimonial

 Saber a posição patrimonial da empresa, conhecendo quais são seus


bens, direitos e obrigações em determinada época;
 Avaliar as necessidades operacionais e financeiras do negócio;
 Entender as fontes de recursos e despesas da empresa;
 Determinar o desempenho da empresa, através da sua evolução histórica
do seu patrimônio;
 Auxiliar o planejamento fiscal e tributário da empresa;
 Estimar o valor da empresa, seja através dos seus ativos ou do patrimônio
líquido;
 Possibilitar o pagamento de dividendos aos sócios e acionistas da
empresa;
 Fornecer informações úteis para investidores e demais interessados
(stakeholders).
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CPC 26 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTABEIS.

O CPC 26 atua com objetivo de uniformizar a apresentação das demonstrações


contábeis segundo as regras internacionais. A uniformidade e consistência das
demonstrações asseguram a comparabilidade tanto com as demonstrações
contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as
demonstrações contábeis de outras entidades.

Nesse cenário, o CPC 26 estabelece requisitos gerais para a apresentação das


demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos
mínimos para seu conteúdo. Vale ressaltar que, embora muito importante, a
norma apresenta certa dificuldade na sua interpretação, considerando sua pouca
fundamentação teórica: baseada em um conjunto de regras e determinações.

O alcance e aplicação do CPC 26

Uma dúvida comum é sobre o alcance e aplicação do CPC 26: as entidades sem
fins lucrativos podem ser obrigadas a aplicar a norma na apresentação das
demonstrações contábeis?

A própria norma responde que sim – porém, com uma ressalva: as entidades
sem fins lucrativos do setor privado ou público que venham a aplicar o
pronunciamento podem ter que retificar as descrições usadas para itens
específicos das demonstrações contábeis e mesmo para as próprias
demonstrações contábeis.
Semelhantemente, as entidades que não tenham patrimônio líquido tal como
definido no Pronunciamento Técnico CPC 39 – Instrumentos Financeiros:
Apresentação, como alguns fundos de investimento e entidades cujo capital não
seja patrimônio líquido (por exemplo, algumas entidades cooperativas), podem
ter que adaptar a apresentação, nas demonstrações contábeis, dos interesses e
participações de seus membros ou proprietários.

Demonstrações contábeis de propósito geral

Demonstrações de propósito geral, segundo o CPC 26, são aquelas cujo


propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de usuários
externos que não se encontram em condições de
requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas
necessidades peculiares.

As demonstrações devem representar apropriadamente a posição financeira e


patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade.

Segundo o item 10 do CPC 26, o conjunto completo de demonstrações


contábeis inclui:

 Balanço patrimonial ao final do período;


 Demonstração do resultado do período;
 Demonstração do resultado abrangente do período;
 Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período;
 Demonstração dos fluxos de caixa do período;
 Notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis
significativas e outras informações elucidativas;

Necessário verificar que o conjunto completo das demonstrações contábeis


previsto no CPC 26 é mais abrangente que o exigido pelo art. 176 da Lei n°
6.404/76.
Compreendido o conjunto das demonstrações, torna-se preciso a compreensão
do pressuposto que fundamenta a apresentação da demonstração contábil: o
pressuposto da continuidade.

Pressuposto da continuidade

Quando da elaboração das demonstrações contábeis, a administração deve


fazer a avaliação da capacidade da entidade continuar em operação no futuro
previsível.

As demonstrações contábeis devem, portanto, ser elaboradas no pressuposto


da continuidade, a menos que:

 a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus


negócios;
 a entidade não possua uma alternativa realista senão a descontinuidade
de suas atividades.
Assim, quando a administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de
incertezas relevantes relacionadas com eventos ou condições que possam
lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade continuar em
operação no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas.

Diversa forma, quando as demonstrações contábeis não forem elaboradas no


pressuposto da continuidade, esse fato deve ser divulgado, juntamente com as
bases sobre as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão
pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade.

Normalmente, quando a entidade não possui o pressuposto de continuidade, o


regime contábil que melhor traduz a realidade da empresa na apresentação das
demonstrações contábeis é o regime de caixa – ao invés do regime de
competência.

Falando em apresentação das demonstrações contábeis, a norma contábil


estabelece regras importantes, conforme veremos a seguir.
Aspectos formais da apresentação das demonstrações contábeis

O conjunto completo das demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo


menos anualmente (inclusive a informação comparativa).

Contudo, quando se altera a data de encerramento das demonstrações


contábeis da entidade e as demonstrações contábeis são apresentadas para
um período mais longo ou mais curto do que um ano, a entidade deve divulgar,
além do período abrangido pelas demonstrações contábeis:

 a razão para usar um período mais longo ou mais curto; e


 o fato de que não são inteiramente comparáveis os montantes
comparativos apresentados nessas demonstrações.

Além disso, a menos que um Pronunciamento Técnico do CPC permita ou exija


de outra forma, a entidade deve divulgar informação comparativa com respeito
ao período anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações
contábeis do período corrente. Também deve ser apresentada de forma
comparativa a informação narrativa e descritiva que vier a ser apresentada
quando for relevante para a compreensão do conjunto das demonstrações do
período corrente.

Igualmente, o CPC estabelece outras regras básicas na elaboração das


demonstrações contábeis:

 a entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para


a demonstração dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de
competência;
 a entidade deve apresentar separadamente nas demonstrações
contábeis cada classe material de itens semelhantes. A entidade deve
apresentar separadamente os itens de natureza ou função distinta, a
menos que sejam imateriais;
 a entidade não precisa fornecer uma divulgação específica, requerida por
um Pronunciamento Técnico, se a informação não for material.

No que tange à informação material, as omissões ou divulgações são materiais


se puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões econômicas
que os usuários das demonstrações contábeis tomam com base nessas
demonstrações.

A norma também esclarece que a materialidade depende do tamanho e da


natureza da omissão ou da divulgação distorcida, julgada à luz das
circunstâncias que a rodeiam. Portanto, tamanho ou a natureza do item, ou
combinação de ambos, pode ser o fator determinante para a definição da
materialidade.

Outro conceito importantíssimo apresentado no CPC 26 é a respeito da


compensação dos elementos contábeis, prática em regra vedada pela norma
contábil.

Prazo para divulgação das demonstrações contábeis

A Lei nº 6.404/76 determina o prazo limite de trinta dias antes da Assembleia


Geral Ordinária, para que as Demonstrações Contábeis estejam a disposição
dos acionistas.

Considerando que a assembleia deva ocorrer até 30 de abril do ano


subsequente, subentende-se que o prazo limite para fechamento das
Demonstrações Contábeis é 31 de março do ano subsequente.

Por fim, uma dúvida muito comum é a respeito do limite da obrigatoriedade de


uma norma contábil.

Obrigatoriedade dos pronunciamentos na apresentação das demonstrações


contábeis
Muitas empresas sujeitas à aplicação obrigatória dos pronunciamentos
questionam a necessidade de cumprirem todos os requisitos dos CPCs (não
apenas do CPC 26), tendo em vista que algumas determinações poderiam,
inclusive, prejudicar a correta compreensão do patrimônio e desempenho da
entidade.

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