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Lição 7 - Demonstração do Resultado do

Exercício - DRE

Na análise da Demonstração do Resultado do Exercício - DRE se obtém im-


portantes medidas de avaliações, que podem ser a:
a) Margem Bruta: que na forma percentual permite-se avaliar a eficiência
das vendas, e comparar como períodos anteriores ou comparar com
outras empresas de mesmo ramo;
b) Margem Líquida: que na forma percentual permite-se avaliar a
eficiências das vendas em gerar lucro líquido e que também é
importante para compara como períodos anteriores ou outras empresas
de mesmo ramo;
c) Retorno dos Ativos: permite avaliar a eficiência dos ativos em gerar
lucro operacional ou lucro líquido;
d) Retorno do Patrimônio Líquido: permite avaliar o retorno obtido pelo
capital dos acionistas.

Também é possível avaliar a eficiência tributaria da empresa comparando a


taxa nominal com a taxa efetiva de imposto de renda.

Outras análises qualitativas também se fazem com a DRE, por exemplo,


pode-se avaliar o crescimento dos custos e despesas em relação ao cresci-
mento da receita e com isso obter importante perspectiva de tendência de
resultados, e com isso confirmando a capacidade preditiva das demonstra-
ções contábeis.

1. Informações a Serem Apresentadas


De acordo com o item 82, da Resolução CFC n° 1.185/09, de 28.08.2009, as in-
formações mínimas que a DRE deve apresentar são as seguintes:
a) Receitas
b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos
c) Lucro Bruto (a – b)
d) Despesas com:
a. Vendas
b. Gerais
c. Administrativas
d. Outras despesas e receitas operacionais
e) Resultado da Equivalência Patrimonial

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f) Resultado antes das Receitas e Despesas Financeiras (c – d – e).
g) Despesas e Receitas Financeiras
h) Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro (f – g)
i) Despesas com imposto de renda e contribuição social
j) Valor Líquido das operações descontinuadas
k) Resultado Líquido do Período (h – i – j).

Não se esquecendo dos aspectos formais de apresentação da DRE que são.


a) Nome da entidade.
b) Título da demonstração.
c) Data Indicando o período atual e anterior.
d) Moeda em que está os números, inclusive a unidade de arredondamento

Exemplo: Em milhares de Reais.

A entidade não deve apresentar itens como Receitas Extraordinárias, ou Re-


sultados Extraordinários, uma vez que estes itens devem ser acomodados em
outras despesas e receitas operacionais, ou na linha de operações desconti-
nuadas, ou ainda em resultados abrangentes conforme o caso e logo mais
adiante será abordado.

2. Resultado do Período
A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesas reconheci-
dos no período em suas demonstrações, sendo que o Resultado Líquido do
Período é a última linha do Demonstrativo de Resultado antes de iniciar a
Demonstração do Resultado Abrangente.

O item 88, da Resolução CFC n° 1.185/09, estabelece que todos os itens de re-
ceitas e despesas reconhecidos no período devem ser incluídos no resultado
líquido do período a menos que um ou mais pronunciamentos técnicos, In-
terpretações e Orientações requeiram ou permitam procedimento diferente.

Por exemplo, o item 7, da resolução permite a exclusão do resultado do perío-


do os seguintes eventos:
a) Variações na reserva de reavaliação;
b) Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefícios
reconhecidos;
c) Ganhos e perdas na remensuração de demonstrações contábeis de
operações no exterior;
d) Ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para
venda;
e) Parcela efetiva de ganhos ou perdas advindos de instrumentos de hedge
em operação de hedge de fluxo de caixa.

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Logicamente se estes itens mencionados anteriormente podem ser excluídos
do resultado do período necessariamente serão incluídos na Demonstração
de Resultados Abrangentes.

Também devem ser incluídos e divulgados separadamente na demonstração


do resultado do período ou divulgados em notas explicativas os itens de des-
pesas ou receitas que sejam materiais, e que podem ter origens nas seguintes
circunstancias:
a) Redução de estoques ao seu valor recuperável, ou ativos, incluindo as
reversões;
b) Reestruturações das atividades da entidade, ou reversões de gastos de
reestruturações;
c) Baixas de itens do ativo imobilizado;
d) Solução de litígios;
e) Outras reversões de provisão.

Em resumo, deve figurar na Demonstração de Resultado do Exercício os itens


de despesas e receitas atribuíveis ao período reportado.

3. Itens Relevantes
Na estruturação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, alguns
itens são considerados relevantes em virtude de suas peculiaridades:

VENDAS CANCELADAS - é conta devedora que deve incluir todas as devolu-


ções de vendas. Nesse sentido, tais devoluções não devem ser deduzidas di-
retamente da conta Vendas, mas registradas nessa conta devedora específica.

ABATIMENTOS - A conta abatimentos deve abrigar os descontos concedidos


a clientes, posteriormente à entrega dos produtos, por defeitos de qualidade
apresentados nos produtos entregues, ou defeitos oriundos do transporte ou
desembarque entre outros.

DEDUÇÕES DE PREJUÍZOS E IMPOSTO SOBRE A RENDA - Art. 189 – Do re-


sultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os pre-
juízos acumulados e a provisão para o imposto de renda.

Parágrafo único – o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido


pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa
ordem.

PARTICIPAÇÕES - Art. 190 - As participações estatutárias de empregados, ad-


ministradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e
nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a
participação anteriormente calculada. Esse artigo, por lapso, deixou de men-
cionar as Debêntures, mas, pela sequência do art.187, as Debêntures seriam
incluídas antes da dos empregados.

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4. Demonstração Gráfica da DRE
A seguir se apresenta a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício
DRE:

5. Contas de Resultado e Resultado do Período


Se apresenta o conceito de Resultado em Contabilidade e, o mecanismo de
registro das Receitas e Despesas, que confrontadas resultam em Resultado
Positivo (LUCRO) ou Resultado Negativo (PREJUÍZO).

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5.1 Mecanismo de Débito e Crédito das Contas de Despesa e Receita

Em Contabilidade, o termo RESULTADO tem a conotação tanto de Lucro


como de Prejuízo.

Por isso, quando se tratar dessas situações específicas, deve ser usado, respec-
tivamente, como Resultado Positivo e resultado Negativo.

Outro sinônimo da palavra RESULTADO, de origem italiana, é a palavra RÉ-


DITO.

A palavra Resultado dá a ideia de um “desempenho” obtido em alguma ati-


vidade e é usada no dia-a-dia, mesmo por quem não conhece Contabilidade.

O Resultado representa a diferença entre as despesas e receitas de um pe-


ríodo determinado, que poderá apresentar-se como um desempenho que
resultou em:
- LUCRO;
- PREJUÍZO; ou foi
- NULO

Vejamos:

LUCRO: quando o total das receitas for superior ao total das despesas, fazen-
do assim, aumentar o PATRIMÔNIO LÍQUIDO da empresa.

É a remuneração favorável ao Capital investido pelo proprietário ou os sócios


da empresa.

PREJUÍZO: quando o total das despesas for superior ao total das receitas, fa-
zendo com que haja uma redução no PATRIMÔNIO LÍQUIDO da empresa.

É a remuneração desfavorável ao Capital investido pelo proprietário ou os


sócios da empresa.

NULO: quando o total das receitas for igual ao total das despesas, fazendo
com quer não ocorra variação no PATRIMÔNIO LÍQUIDO da empresa.

É quando o Capital investido pelo proprietário ou sócios não será remunera-


do, permanecerá igual.

Quando se usa a palavra RESULTADO, se está falando, via de regra, no con-


junto de operações realizadas pela empresa num determinado período de
tempo.

As contas de Receitas e Despesas compõem o segundo grande grupo de con-


tas contábeis, ou seja, as CONTAS DE RESULTADO.

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Quando movimentamos contas de Receitas e Despesas quebramos o equi-
líbrio patrimonial, quando a somatória das contas de ATIVO, deixam de ser
iguais as contas de PASSIVO, o outro grande grupo de contas contábeis, ou
seja, as CONTAS PATRIMONIAIS.

Para que volte a existir o equilíbrio patrimonial, devemos apurar o Resultado


do período e, transferir esse Resultado para o Patrimônio Líquido, conforme
veremos a seguir.

Lembrando que as Receitas e as Despesas podem ser classificadas como:


- OPERACIONAIS: que estão ligadas à atividade operacional da empresa, ou
seja, venda de produto, ou prestação de serviços;
- OUTRAS: oriundas de ações não ligadas à atividade operacional da
empresa, ou seja, venda de itens do imobilizado.

Conforme vimos na Unidade 06 a característica do saldo das contas de RE-


CEITAS, é que são contas Credoras, Negativas (mesma característica das con-
tas de Patrimônio Líquido), enquanto que as contas de DESPESAS são contas
Devedoras, Positivas.

Despesas Receitas
Devedora Credora
+ -

6. Período Contábil
A um período de tempo, findo o qual se apura seu resultado, denomina-se
PERÍODO CONTÁBIL.

O período contábil mais comum é o que coincide com o “exercício social”.

Ao final de cada período contábil procede-se a confrontação das despesas


desse período com as receitas desse mesmo período.

Não se confrontam receitas e despesas de períodos diferentes: se formos apu-


rar o resultado de 2017, não podemos utilizar valores correspondentes a 2016,
por exemplo.

Em cada final de período contábil somam-se todas as Despesas e as Receitas


e elas são confrontadas, apurando-se o RESULTADO.

No ano seguinte, próximo período contábil, inicia-se do zero o novo cômputo


das Despesas e Receitas.

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Ao final de um período devemos apurar o resultado das atividades das enti-
dades, confrontando as Receitas com as Despesas e, o Lucro ou Prejuízo de-
verá ser transferido para o Patrimônio Líquido.

7. Encerramento das Contas de Resultado


Conforme exigência legal, pelo menos uma vez por ano, as empresas estão
obrigadas a encerrar todas as contas de Resultado.

Esse encerramento ocorre no momento do confronto das despesas com as


receitas para apurar o Resultado.

Com o encerramento das contas de Receitas e Despesas, todas as contas de


resultado ficam com saldo zero para o início do próximo período contábil.

Assim, começa-se a acumular receitas e despesas do próximo período até o


final do período em que novamente serão encerradas as contas de resultado,
apurando-se o Lucro ou Prejuízo, e assim sucessivamente.

A técnica é bastante simples:


- Abre-se uma conta transitória com o título “Apuração do resultado do
Exercício” (ARE) em que se realiza o confronto Receitas x Despesas;
- Transfere-se o saldo das contas de receitas e Despesas para a conta de
resultado (ARE).

Note-se que nesta transferência encerram-se as contas de Receitas e Despe-


sas

Estaremos zerando as contas de Receitas e Despesas, apurando o RESULTA-


DO, que será favorável (CREDOR NEGATIVO = LUCRO) e aumentará o Capital
investido pelo proprietário ou os sócios da empresa, ou, será desfavorável
(DEVEDOR POSITIVO = PREJUÍZO) e diminuirá o Capital investido pelo pro-
prietário ou os sócios da empresa

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Ou seja:

Efetua-se um lançamento a:
Contas de
Débito para Crédito para
RECEITAS Diminuir Aumentar
DESPESAS Aumentar Diminuir

E, apura-se o Resultado, quando então se transfere esse Resultado para o Pa-


trimônio Líquido, na conta LUCROS OU (PREJUÍZOS ACUMULADOS):

Exemplificando o processo de encerramento das contas de Receitas e Despe-


sas e a apuração de Resultado:

A Cia. XYZ Ltda possui os seguintes saldos de contas:


- Despesa de Salários = R$10.000,00
- Despesa de Material de Escritório = R$1.000,00
- Receitas = R$20.000,00

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Apuramos o Resultado (ARE):

Pelo método das Partidas Dobradas sabe-se que se foi CREDITADA uma
conta de R$9.000,00, deve-se debitar outra conta cujo total seja, também
R$9.000,00.

A conta a ser debitada será a de Resultados (ARE), pois é uma conta transitó-
ria, servindo única e exclusivamente para apuração do resultado do exercício.

Com esse lançamento a débito encerra-se a conta de Resultado (ARE), uma


vez que já cumpriu sua missão: confrontar Receitas com Despesas e apurar o
Resultado (LUCRO ou PREJUÍZO).

Apuração do resultado do Reserva de Lucros ou


exercício Prejuízos Acumulados
10.000,00 20.000,00 9.000,00
1.000,00

9.000,00 9.000,00

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8. Resultado Abrangente
A Demonstração do Resultado Abrangente começa na linha de apuração do
resultado líquido do período e deve no mínimo incluir as seguintes rubricas:
a) Resultado líquido do Período;
b) Cada item de outros resultados abrangentes de empresas investidas
reconhecidas pelo método da equivalência patrimonial;
c) Resultado abrangente do período.

A entidade deve divulgar o montante do efeito tributário relativo a cada com-


ponente dos outros resultados abrangentes, incluindo os ajustes de reclassifi-
cação na demonstração do resultado abrangente nas notas explicativas.

Os componentes de outros resultados abrangentes podem ser apresentados:


a) Líquido dos seus respectivos efeitos tributários;
b) Antes dos seus respectivos efeitos tributários, sendo apresentado em
montante único o efeito tributário total relativo a esses componentes.

A entidade deve divulgar ajustes de reclassificação relativos a componentes


dos outros resultados abrangentes.

A seguir é apresentado a Demonstração de Resultado do Período bem como


a Demonstração do Resultado Abrangente da Petrobrás para o ano de 2011
comparativas a 2010 (www.petrobras.com.br)

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9. Regime de Competência e Regime de Caixa
Vamos tratar dos regimes e critérios de apuração desse RESULTADO.

Algumas vezes as empresas efetuam desembolso para atender despesas, ou


recebem receitas que não são relativas apenas ao exercício social no qual o
pagamento ou o recebimento são realizados, mas relacionam-se também ao
exercício social seguinte ou anterior.

O início e a conclusão dos negócios independem do início e do término de


cada um dos períodos administrativos, e têm influência positiva ou negati-
va no resultado, surgindo um problema para ser resolvido: em que período
administrativo será considerado sua ocorrência, para os efeitos de apuração
periódica de Resultados?

Para tanto, existem dois critérios reconhecimento/registro das Receitas e


Despesas, são eles:
• Regime de Competência (Regime Econômico);
• Regime de Caixa (Regime Financeiro).
9.1 Regime de Competência

A Receita será contabilizada/reconhecida no momento em que for gerada,


independentemente de seu recebimento.

A Despesa será contabilizada/reconhecida no período em que for consumida,


incorrida, utilizada, independentemente do pagamento.

9.2 Regime de Caixa

A Receita será contabilizada/reconhecida no momento de seu recebimento,


quando entrar dinheiro no Caixa (encaixe).

A Despesa será contabilizada/reconhecida no momento do pagamento, ou


seja, quando sair dinheiro do Caixa (desembolso).

O Regime de Competência é universalmente adotado, aceito e recomendado


pelo Imposto de Renda.

O Regime de Caixa é uma forma simplificada de Contabilidade, aplicado basi-


camente às Microempresas ou às entidades sem fins lucrativos.

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Regime de Reconhecimento das Receitas e Despesas

Competência

Caixa

9.3 Diferenças entre o Regime de Competência e o Regime de Caixa

Como já foi visto:


- no Regime de Competência as receitas de um exercício são aquelas
ganhas neste período (não importando se tenham sido recebidas dentro
do exercício), e as despesas de um exercício são aquelas incorridas nesse
período (não importando se foram pagas dentro do período).
- no Regime de Caixa se considera como receitas e despesas do exercício
aquelas efetivamente recebidas e pagas dentro desse exercício.

Vamos exemplificar as diferenças existentes entre a adoção do Regime de


Competência e o Regime de Caixa, no reconhecimento das Receitas e Despe-
sas em um determinado período:
1) Vamos registrar uma conta de Energia Elétrica, correspondente ao mês de
Dezembro/X6, para pagamento em Janeiro/X7, no valor de R$1000,00:

Pelo REGIME DE COMPETÊNCIA, o registro estará sendo feito em Dezem-


bro/X6 que é quando a ocorrência se realizou, ou seja, a Energia Elétrica foi
consumida em Dezembro/X6.

D – Despesa de Energia Elétrica


C – Fornecedores 1.000,00

Estaremos registrando a Despesa de Energia Elétrica do mês de Dezembro/


X6, pois a mesma se refere a esse período e, provisionando a Obrigação com
o Fornecedor, que será cumprida no mês de Janeiro/X7.

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Pelo REGIME DE CAIXA, o registro estará sendo realizado no mês de Janeiro/
X7, que é quando estará ocorrendo o pagamento, o desembolso do recurso e,
não em Dezembro/X6, quando ocorreu o consumo da Energia Elétrica

D – Despesa de Energia Elétrica


C – Caixa ou Banco conta Movimento

Estaremos registrando a Despesa de Energia Elétrica em Janeiro/X7, pois é


neste período que ela estará sendo paga, causando desembolso de Caixa ou
Banco conta Movimento.

Comparando o registro pelos dois regimes de reconhecimento das receitas e


Despesas, encontramos situações diferentes, pois, pelo REGIME DE COMPE-
TÊNCIA o registro ocorreu no mês de Dezembro/X6 (competência do fato) e,
pelo REGIME DE CAIXA o registro ocorreu no mês de Janeiro/X7 (pagamento
do fato).

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Existe um REGIME MISTO, sistema utilizado pelas entidades públicas (gover-
namentais) regidas pela Lei nº 4.320/64, em que a:
- RECEITA é registrada pelo REGIME DE CAIXA; e a
- DESPESA é registrada pelo REGIME DE COMPETÊNCIA.

Enquadram-se neste regime as Fundações, Autarquias e a própria Adminis-


tração Direta do governo.

9.4 Despesas Pagas e Receitas Recebidas

O que determina a inclusão da despesa ou da receita no resultado do exer-


cício é a ocorrência do pagamento ou recebimento e, não o respectivo fato
gerador.

O fato gerador da despesa é o pagamento da respectiva despesa.

O fato gerador da receita é o recebimento da respectiva receita.

Despesa incorrida é aquela cujo fato gerador é o pagamento.

Receita incorrida é aquela cujo fato gerador é o recebimento.

É aplicação dos conceitos do REGIME DE CAIXA no reconhecimento das Des-


pesas e das Receitas.

9.5 Despesas a Pagar e Receitas a Receber

O que determina a inclusão da despesa no resultado do exercício é a ocorrên-


cia do respectivo fato gerador, independentemente de ter ou não sido paga.
O fato gerador da despesa é o acontecimento que dá origem à respectiva des-
pesa.

Despesa incorrida é aquela cujo fato gerador já ocorreu.

Vamos exemplificar:

Vamos supor que o aluguel do prédio no qual a empresa está instalada, refe-
rente ao mês de junho no valor de R$5.000,00, deva ser pago no dia 10 do mês
de julho, de acordo com o que estabelece o Contrato de Locação.

No dia 30 de junho, será feita a apropriação da referida despesa por meio do


seguinte lançamento:

D – Despesa de Aluguéis
C – Aluguéis a Pagar

Por meio desse lançamento, fica apropriada a despesa de aluguel no mês de


junho, isto é, dentro do mês de sua competência (ocorrência).

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Para apurar o resultado do período correspondente ao mês de Junho, essa
despesa, tendo sido contabilizada, automaticamente estaria incluída, junto
com as demais despesas contabilizadas no mês.

Como o pagamento somente será efetuado no dia 10 do mês seguinte, foi cre-
ditada a conta Aluguéis a Pagar para registrar a referida Obrigação.

Vejamos como será contabilizado, no dia 10 de julho, o pagamento do aluguel


referente ao mês de junho:

D – Aluguéis a Pagar
C – Caixa ou Bancos conta Movimento

Vocês se lembram ainda como os registros devem ser efetuados? Diferente-


mente de se utilizar “D” e “C” ?

Vamos lá?

Aluguéis a Pagar
a Caixa ou Bancos conta Movimento

A primeira conta à Débito e as contas que vierem após “a” serão os contas à
Crédito

Para o registro das Receitas o critério a ser adotado é o mesmo apresentado


para as Despesas, que é a ocorrência do respectivo fato gerador, independen-
temente de ter ou não sido recebida. O fato gerador da receita é o aconteci-
mento que dá origem à respectiva Receita.

Está claro que o exemplificado aplica-se ao REGIME DE COMPETÊNCIA no


reconhecimento das RECEITAS e RECEITAS.

9.6 Despesas Pagas Antecipadamente e Receitas Recebidas


Antecipadamente

As receitas e as despesas devem ser reconhecidas pelos dois critérios ou re-


gimes abordados: Competência ou Caixa, porém, existem recursos aplicados
em despesas do exercício seguinte, que serão classificados no ATIVO CIRCU-
LANTE (Lei nº 6.404/76, em seu artigo 179, inciso I)

A natureza das antecipações é a de pagar-se antes do tempo. Não se trata de


um Ativo Circulante no sentido verdadeiro, pois não é conversível em meios
de pagamentos, mas sim em algo que se situa como uma pendência a ser re-
tificada.

O que ocorre é a existência de pagamentos de gastos que não são do exercí-


cio, mas que são gastos já efetuados. São pagamentos cujo dinheiro não mais
retorna.

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DESPESAS pagas antecipadamente são encontradas com mais frequência
em:
- Encargos financeiros (juros sobre títulos a pagar ou descontos de
duplicatas); e
- Prêmios de Seguros.

Exemplificando com PRÊMIOS DE SEGUROS:

A contratação de um seguro enseja o pagamento do prêmio, que corresponde


ao preço cobrado pela seguradora, em contra prestação à garantia de cober-
tura de perdas, estipulado em apólice, que o segurado eventualmente venha
a sofrer, durante o prazo de vigência do seguro.

Nessas condições, os prêmios pagos constituem despesas antecipadas, cuja


apropriação no resultado deve ser feita na proporção do transcurso do prazo
de cobertura do seguro.

Vamos registrar um contrato de seguro? Com início em 01.06.2017 a 31.05.2018.

Pela contratação e pagamento do prêmio:

D – Prêmios de Seguros a Apropriar (Despesas Antecipadas)


C – Caixa ou bancos conta Movimento

Pela apropriação da despesa (mensal):

D – Despesas de Seguro
C – Prêmios de Seguros a Apropriar (Despesas Antecipadas)

Esse grupo (DESPESAS ANTECIPADAS) é o último grupo classificado e que


compõe o ATIVO CIRCULANTE, pelo conceito de liquidez.

Vamos abordar agora as RECEITAS ANTECIPADAS:

Podemos conceituar as Receitas Antecipadas, ou Resultados dos Exercícios


Futuros, as contas que representam contrapartidas de ativos recebidos que
não constituem passivos exigíveis, isto é, não implicam, nem remotamente,
obrigação de devolução do ativo recebido, de prestação de algum serviço ou
da entrega de algum bem, apresentando como característica adicional o fato
de ainda não terem transitado pela Demonstração do resultado do Exercício
– DRE tão-somente por obediência ao Regime de Competência.

Esse é um grupo do Balanço Patrimonial constante da Lei nº 6.404/76, a Lei


das Sociedades por Ações, que tem criado grandes divergências de interpre-
tação quanto a seu exato significado e conteúdo, ou seja, quanto às contas de
que se compõe e em que hipótese deve ser usada.

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Esse grupo “RECEITAS ANTECIPADAS” consta no PASSIVO CIRCULANTE e
seu objetivo é abrigar RECEITAS já recebidas que efetivamente devem ser
reconhecidas em resultados de anos futuros, daí sua intitulação, sendo que
devem estar deduzidas dos custos e despesas correspondentes, incorridas ou
a incorrer, e as Receitas sobre as quais não haja qualquer tipo de obrigação de
devolução por parte da empresa.

Os valores de Aluguéis recebidos antecipadamente podem caracterizar


exemplos típicos de Receitas de Exercícios Futuros, desde que não haja com-
promisso, por parte da empresa locadora, em devolver o valor recebido caso
a locação seja rescindida antes do prazo contratado.

A importância recebida antecipadamente é registrada em conta pertencente


ao grupo “PASSIVO CIRCULANTE” e apropriada ao resultado do exercício à
medida do transcurso do período de locação.

Vamos exemplificar o registro:

No recebimento do Numerário:

D – Caixa ou Bancos conta Movimento


C – Receitas Antecipadas

Na apropriação:

D – Receitas Antecipadas
C – Receitas do Exercício

9.7 Apropriações no Período de Competência

As apropriações de RECEITAS e DESPESAS devem ser registradas no período


em que ocorrem seus respectivos fatos geradores.

Se as Receitas ocorreram em janeiro, será em janeiro que elas deverão ser


reconhecidas.

Se as Despesas ocorreram em janeiro, será em janeiro que elas deverão ser


reconhecidas.

Isto permitirá que o resultado apurado esteja efetivamente representando


todas as movimentações e necessidades efetivas da empresa, em que os seus
reflexos estarão impactando o período correto, permite análises mais corre-
tas sobre a situação patrimonial da empresa.

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