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Lição 3 - O Patrimônio

Ao se falar dos componentes básicos da Contabilidade, deve-se mencionar


o patrimônio das pessoas, físicas ou jurídicas.

Patrimônio é o conjunto de bens materiais e imateriais, direitos e obriga-


ções avaliáveis em moeda e vinculadas à entidade pela propriedade, posse
ou controle, dos quais se possa dispor no desenvolvimento dos seus negó-
cios.

Por ter o patrimônio a função de externar riquezas, é necessário ter uma


base econômica de mensuração, e esta base é o dinheiro.

Um item só poderá compor o patrimônio se for mensurável em dinheiro;


não o sendo, deixa de integrar o patrimônio até que tenha prova cabal de
sua base monetária, sendo que um item será mensurável em dinheiro desde
que se veja utilidade dele. Por exemplo: uma pedra não era item patrimonial
até que se viu a sua utilidade para fazer pisos, passando a ser mensurável
em dinheiro.

1. Composição e Classificação do Patrimônio


Uma entidade seja ela pessoa física1 ou pessoa jurídica2, com ou sem fins lucra-
tivos, precisa satisfazer necessidades de ordem econômico-financeira, como
compra de insumos para produção, máquinas e equipamentos. E, quando
seus recursos próprios não são suficientes, necessitam efetuar empréstimos
para obtenção desses recursos junto às instituições financeiras (Bancos Co-
merciais e de Financiamento, Privados e Estatais) e, como garantia dos re-
cursos monetários conseguidos, apresentam como garantia seu patrimônio.

O termo patrimônio significa, num primeiro instante, o conjunto de bens per-


tencentes a uma pessoa ou a uma empresa. Compõe-se também dos valores a
receber ou dinheiro a receber. Em Contabilidade esses valores são identifica-
dos como direitos a receber ou simplesmente direito.

1. Pessoa Física
É o homem em si, a pessoa natural, o cidadão, cada um de nós.
2. Pessoa Jurídica
É a empresa, a entidade, a firma individual ou a sociedade formada por pessoas físicas ou por
pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos.

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Patrimônio é o conjunto de bens materiais e imateriais, direitos e obrigações
avaliáveis em moeda, vinculados à entidade pela propriedade, posse ou con-
trole, dos quais a mesma pessoa possa dispor no desenvolvimento dos seus
negócios.

É um conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma ou mais


pessoas físicas ou a uma pessoa jurídica, utilizado na atividade econômica ou
social, com finalidade lucrativa ou não.

PATRIMÔNIO
Bens
Direitos
Obrigações

O patrimônio não é objeto de estudo exclusivo da Contabilidade, mas é tam-


bém objeto de estudo de outras ciências, como o Direito, que estuda as rela-
ções jurídicas a ele relacionadas, e a Economia, que estuda a maximização de
sua utilização – já que os recursos sempre serão escassos e as necessidades de
consumo sempre serão infinitas.

Nos relacionamentos comerciais, por exemplo, quando está em análise a con-


cessão de crédito, o patrimônio da parte requerente deverá ser analisado e
avaliado quanto a sua veracidade, autenticidade e valores representados.

A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo


possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em mira
muitas vezes uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tan-
to podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secun-
dariamente, dos efeitos da natureza sobre o Patrimônio.

Do ponto de vista contábil, o Patrimônio pode ser visto por dois aspectos:
• Aspecto Qualitativo
• Aspecto Quantitativo
Por aspecto qualitativo do Patrimônio, entende-se a natureza dos elementos
que o compõem. Bens econômicos heterogêneos, como máquinas, edifica-
ções, dinheiro, valores a pagar, valores a receber, estoque, entre outros bens.

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Aspectos Qualitativos

PATRIMÔNIO
Bens
•Dinheiro em caixa
PATRIMÔNIO •Móveis
Bens •Veículos
Direitos Direitos
Obrigações •Duplicatas a receber
•Aluguéis a receber
Obrigações
•Duplicatas a pagar
•Impostos a pagar

O aspecto quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais


em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que
seja “valor”. Por isso os conceitos sobre a matéria são extremamente variados,
mas que são representados pela diferença aritmética entre os bens e direitos
e as obrigações, pelo prisma econômico-financeiro.
Aspectos Qualitativos

PATRIMÔNIO
Bens
•Dinheiro em caixa 10.000,00
PATRIMÔNIO •Móveis 15.000,00
Bens •Veículos 50.000,00
Direitos Direitos
Obrigações •Duplicatas a receber 8.000,00
•Aluguéis a receber 5.000,00
Obrigações
•Duplicatas a pagar 20.000,00
•Impostos a pagar 5.000,00

Patrimônio é o conjunto de bens avaliados em moeda corrente.

Pode-se dizer que o patrimônio de determinada entidade é de R$ 30.000,00,


sem que seja especificada a qualidade dos componentes.

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Os bens e os direitos representam a parte favorável (positiva) do patrimônio,
e as obrigações, a parte desfavorável (negativa).

São os componentes patrimoniais:

Patrimônio de uma pessoa física ou jurídica


Parte positiva Parte negativa
- Bens
- Direitos - Obrigações
(a receber) (a serem pagas)

Bens + Direitos Obrigações exigíveis


Bens Obrigações
- Dinheiro - Empréstimos a pagar
- Mercadoria em estoque - Salários a pagar
- Veículos - Fornecedores
- Imóveis - Contas a pagar
- Marcas e patentes - Impostos a pagar
- Ferramentas - Encargos sociais a pagar
Direitos
- Depósito em bancos
- Duplicatas a receber
- Aluguéis a receber

2. Bens
É o conjunto das coisas úteis, capazes de satisfazer às necessidades das pes-
soas e das entidades.

BEM é aquilo que é seu e está em seu poder.

Em seu conceito econômico, é qualquer coisa suscetível de avaliação mone-


tária e que tenha a qualidade de satisfazer a uma necessidade humana.

Em seu conceito contábil, são elementos materiais e imateriais, à disposição


de uma entidade, que concorrem para que ela alcance seus objetivos.

O conceito de bens, do ponto de vista contábil, distinguiu-se do consagrado


na Economia, pois a Contabilidade não considera os bens isoladamente, mas
sim o conjunto de bens que formam o patrimônio da entidade.

Os bens, quanto à disposição, são classificados como:

Bens Próprios – são os que pertencem à entidade, distinguindo na Contabi-


lidade os que estão em poder da mesma (entidade) daqueles que estão em
poder de terceiros (que dão origem aos créditos).

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Bens de Terceiros – são os bens recebidos de terceiros com obrigação de fu-
turamente serem devolvidos ou pagos, ou seja, constituem as dívidas (bens
adquiridos a prazo).

Os bens devem ter valor de uso, troca ou consumo. Existem dois tipos de bens:
tangíveis e intangíveis.

2.1 Bens Tangíveis ou Materiais


São os que possuem forma física, são palpáveis, possuem consistência corpó-
rea. Exemplos: veículos, imóveis, máquinas, móveis e utensílios.

Dividem-se em:
• Bens Numerários
• Bens de Venda
• Bens Fixos ou Imobilizados
• Bens de Renda
• Bens de Consumo
A discrição de cada um dos tipos de bens:

Bens Numerários: proporcionam liquidez imediata às entidades, isto é, são


ou transformam-se rapidamente em “dinheiro”: caixa, bancos, aplicações fi-
nanceiras de liquidez imediata;

Bens de Venda: são os bens adquiridos pela entidade para serem revendidos
e que atendem ao objeto social da entidade. O exemplo tradicional está ligado
aos Estoques;

Bens Fixos ou Imobilizados: são os bens duráveis, com vida útil superior a um
ano, e utilizáveis na atividade operacional da entidade. Exemplos: Imóveis,
Veículos, Máquinas, Móveis e Utensílios;

Bens de Renda: são os bens utilizados apenas para a obtenção de renda e,


portanto, não se destinam a atender os objetivos da entidade. No comércio
comprar e vender mercadorias; numa indústria, transformar insumos em
produtos e vendê-lo. Outros exemplos são Ações de outras empresas, Obras
de Arte;

Bens de Consumo: são os bens duráveis gastos ou consumidos nas ativida-


des normais da entidade. Depois de consumidos representam despesas. Por
exemplo: material de escritório; combustíveis, materiais de limpeza.

Os bens também se classificam como: BENS MÓVEIS e BENS IMÓVEIS.

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Bens de Uso Bens de Consumo Bens de Renda
Móveis (cadeira, Mesa) Clips Dinheiro
Máquinas e
Equipamentos Caneta, Lápis, Borracha,
Calçado para Venda
(computador, Bebedouro Papel Sulfite, Caderno
Elétrico)
Açúcar, Café, Copo
Veículos Veículos para Venda
Descartável
Balcões Material de Limpeza Roupas para Venda
Telefones Papel para Embalagem Telefones para Venda
Uniforme para os
Relógio de Ponto Papel Sulfite para Venda
Funcionários

Bens Móveis: são aqueles que podem ser removidos de seu local e ter utilida-
de flexível. Exemplo: mercadorias; máquinas; veículos, entre outros;

Bens Imóveis: têm natureza fixa, estão vinculados ao solo, não podendo ser
deslocados de seu local de origem. Exemplos: edifícios, terrenos, entre outros.

2.2 Bens Intangíveis ou Imateriais

São bens incorpóreos caracterizados por gastos essenciais à operacionaliza-


ção das entidades e cujo montante se torna direito de propriedade por natu-
reza.

São os bens que embora de existência intangível, têm o reconhecimento da


ordem jurídica, tendo para a entidade valor econômico.

Sua principal característica é sua inexistência como “coisa”, ou seja, não pos-
suem corpo nem matéria.

Bens Intangíveis ou Imateriais são elementos que visam a geração contínua e


sempre crescente de benefícios.

Existem dois tipos de Bens intangíveis: os identificáveis – para os quais se po-


dem dar um nome:

Marca;

Patente;

Ponto Comercial;

Software.

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Marca: construída ao longo do tempo, que agrega valor à entidade, relacio-
nada à credibilidade, confiança, qualidade, apesar de ainda tratadas como
elementos exclusivos do marketing e da propaganda, ainda que sejam funda-
mentais para os negócios;

Patente: registro de método, processo, fórmula, que contabilmente estará


representada pelos recursos despendidos no desenvolvimento do método/
produto;

Ponto Comercial: valor composto pelos relacionamentos da entidade com os


agentes envolvidos com a entidade – internos e externos;

Software: tipo de produto desenvolvido e que contabilmente está represen-


tado por valores inferiores ao real valor de mercado do produto.

E os não identificáveis – cujo exemplo mais representativo é o Goodwill3 , que


contempla, entre outros, os ativos humanos, pois quando uma entidade utili-
za recursos humanos, através da prestação de serviços que envolvam esforço
intelectual com o objetivo de obtenção de benefícios futuros, tais recursos
podem e devem ser classificados como Bens Intangíveis.

Algumas classificações para o Goodwill:

Goodwill Comercial – decorrente de serviços colaterais como equipe cortês


de vendedores, entregas convenientes, facilidade de crédito, dependências
apropriadas para serviço de manutenção; qualidade do produto em relação
ao preço; atitude e hábito do consumidor como fruto de nome comercial e
marca tornados proeminentes em função de propaganda persistente; loca-
lização da firma;

Goodwill Industrial – decorrente de altos salários, baixo turnover de empre-


gados, oportunidades internas satisfatórias para acesso às posições hierár-
quicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, desde
que tais fatores contribuam para a boa imagem da empresa e também para
a redução do custo unitário de produção devido à eficiência de uma força de
trabalho operando nessas condições.

Goodwill Financeiro – derivado da atitude de investidores e de fontes de fi-


nanciamento e de crédito em função da empresa possuir sólida situação para
cumprir suas obrigações e manter sua imagem ou, ainda, obter recursos fi-
nanceiros que lhe permitam aquisições de matéria-prima ou mercadorias
em melhores termos e preços.

Goodwill Político – em decorrência de boas relações com o Governo.

3. Goodwill
Palavra da língua inglesa que não tem tradução para o português, que representa todos os
valores intangíveis relacionados aos empreendimentos, entre eles o Conhecimento.

https://www.grupocpcon.com/goodwill-saiba-o-que-e-e-como-ele-e-determinado-pela-contabilidade/

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O conjunto dos Bens e Direitos que as pessoas possuem: Pessoas Físicas e as
Pessoas Jurídicas.

Representam parte favorável do Patrimônio.

3. Direitos
São todos os valores que uma empresa ou um indivíduo tem a receber de
terceiros e que se encontram em poder de terceiros, ou seja, são créditos a
receber de terceiros.

Podem ser considerados reais quando atribuem prerrogativas sobre um bem,


como o Direito à Propriedade, ou obrigacionais, quando atribuem a alguém a
faculdade de exigir de terceiros, determinada prestação de cunho econômico,
como o direito de exigir o pagamento de uma promissória.

Como exemplo:

Clientes (duplicatas a receber), Cheques a Receber, Notas Promissórias a Re-


ceber, Impostos a Recuperar entre outros

DIREITO é aquilo que é seu e está em poder de terceiros.

Em relação às entidades, o direito mais comum decorre das vendas a prazo,


ou seja, quando se vendem mercadorias a outras entidades ou pessoas, o pa-
gamento não é efetuado no ato, mas no futuro: a entidade vendedora emite
um documento comprobatório e de cobrança.

Exemplo em que um mesmo ITEM é classificado de maneira diferente, de


acordo com a situação que se apresenta.

DINHEIRO: É um Bem que a entidade/empresa possui quando os valores es-


tão depositados em seu Caixa. O Dinheiro está em poder.

A partir do momento em que o dinheiro é depositado em uma Conta Bancá-


ria, passa a ser um Direito. O dinheiro está em poder de terceiros. É da enti-
dade/empresa, porém, ela terá que buscá-lo no Banco.

BANCO C/ MOVIMENTO: O dinheiro da entidade foi depositado em uma


Conta Bancária.

A partir deste momento, ele deixa de ser um Bem, e passa a ser um Direito.

A entidade passa a ser credora do Banco, podendo a qualquer momento exi-


gir o resgate.

Representam parte favorável do Patrimônio.

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4. Obrigações
4.1 Obrigações Tangíveis

São todos os valores que a empresa ou o indivíduo tem a pagar a terceiros,


em decorrência de dívidas ou compromissos assumidos perante terceiros de
qualquer natureza ou espécie.

Exemplos: Fornecedores, Contas a Pagar, Impostos a Pagar, Salários a Pagar,


entre outros.

Uma obrigação exigível bastante comum nas entidades é a compra de pro-


dutos, peças e insumos a prazo. Ao comprar a prazo a entidade fica devendo
para o Fornecedor.

Por essa razão, essa obrigação é conhecida como FORNECEDORES.

As Obrigações com terceiros são denominadas Obrigações Exigíveis, isto é,


compromissos que serão reclamados, exigidos: devem ser honrados e pagos
na data do vencimento.

Exemplo:

Em caso de um Empréstimo Bancário, a empresa ou o indivíduo fica devendo


ao Banco (empréstimo a pagar). Se a dívida não for liquidada na data do ven-
cimento, o Banco exigirá o pagamento.

Exemplos de elementos que representam Obrigações Exigíveis:

Elementos Expressão
Fornecedores ––
Contas a Pagar
Aluguéis a Pagar
Salários a Pagar
Impostos a Pagar

Significam os recursos captados no mercado.

Obrigação da entidade são aquelas que exigiam a entrega de Ativos ou Presta-


ção de Serviços em um momento futuro, em decorrência de transações pas-
sadas ou presentes.

Entendem-se como as dívidas ou obrigações para com terceiros a serem qui-


tadas, em momentos futuros, com a entrega de Ativos ou Prestação de Servi-
ços.

Obrigação é o resultado econômico a ser sacrificado no futuro em função de


dívida e / ou obrigações contraídas perante terceiros.

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As Obrigações podem ser classificadas em:
- Obrigações de Funcionamento;
- Obrigações de Financiamento.

Obrigações de Funcionamento: são os recursos de terceiros originados para


o funcionamento normal da entidade, nos quais não há cobrança explicita de
juros.

Tais recursos podem ser:


- Fornecedores;
- Salários a Pagar;
- Impostos a Recolher.

Obrigações de Financiamento: são os recursos onerosos, as exigibilidades de


curto e longo prazo, que servem tanto para o funcionamento normal da enti-
dade, como para ampliação e desenvolvimento.

Tais recursos podem ser:


- Empréstimos;
- Financiamentos.

Em se tratando de valores as Obrigações são normalmente conhecidos ou


previamente estabelecidos, são as conhecidas como Obrigações Tangíveis,
oriundos de um relacionamento comercial comum a todas as entidades ou
indivíduos.

Representam parte desfavorável do Patrimônio.

4.2 Obrigações Intangíveis

Em algumas ocasiões, a incerteza quanto aos eventos envolvidos pode reque-


re dois tratamentos distintos:
- a estimativa do valor da obrigação;
- a omissão no grupo do Passivo.

Quando não houver elementos confiáveis para estimar seu valor, mas com
ampla evidenciação em Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis, no
que se refere à natureza e à razão que impede tal estimativa.

A não evidenciação de uma Obrigação, mesmo existindo a perspectiva dela


se realizar, apesar de não ser mensurável, não desobriga a instituição de tal
obrigação.

Essas Obrigações são conhecidas como Obrigações Intangíveis.

Podem ser gerados envolvendo aspectos Sociais e Ambientais e, que estão


sempre intimamente ligados

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As Obrigações Intangíveis são obrigações contraídas pela empresa em práti-
cas operacionais e comerciais usuais, às quais não estão vinculadas à aquisi-
ção de bens e serviços e oriundas de atos ou fatos abstratos que dificultam a
mensuração e o reconhecimento da obrigação.

A verdadeira Obrigação Oculta ou Intangível é aquela cuja omissão de regis-


tro não ocorre deliberadamente, é resultante de práticas comuns que não
costumam reconhecer a responsabilidade por serviços ou produtos de má
qualidade, os malefícios que seus produtos podem provocar aos seus usuá-
rios ou ainda a degradação ao ambiente decorrente de seus processos de
produção.

As instituições operam e estão sujeitas a gerarem Obrigações Intangíveis,


através de atos de negligência, ou por ações involuntárias às quais se atribui
as seguintes definições:

Atos de Negligência: ações operacionais ou éticas as quais os gestores pos-


suem conhecimento que estão levando a efeito procedimentos que podem
ocasionar acidentes, deterioração ambiental ou de saúde, no entanto conti-
nuam operando dessa forma e contando que tais anormalidades não ocor-
ram ou passem desapercebidas;

Ações Involuntárias: ações para as quais não se tem gerência, passíveis de


ocorrência independente da vontade dos gestores. Por mais que uma insti-
tuição possua controle de sua operação é impossível evitar ocorrências não
planejadas;

Obrigações Operacionais: ausência de manutenção de equipamentos de


prestação de serviços, treinamento inadequado de operadores, ausência de
manutenção das instalações de prestação de serviços, estocagem inadequada
ou com prazo de validade vencida de produtos oferecidos ao consumo, qua-
lidade da informação passada ao consumidor, não utilização de métodos que
evitem doenças profissionais;

Obrigações de Consumo: utilização de materiais inadequados, utilização de


componentes nocivos por ausência de testes, falhas de montagem, falhas de
manipulação, falhas de acondicionamento, publicidade enganosa, apresenta-
ção insuficiente, apresentação inadequada;

Obrigações Ambientais: ações negligentes que provoquem efeitos climáti-


cos, depleção da camada de ozônio, chuva ácida, qualidade do ar, danos ad-
vindos de metais pesados, odores resultantes de resíduos orgânicos voláteis,
poluição sonora, gerenciamento do lixo dos resíduos de conteúdo tóxico, va-
zamentos poluidores, efeitos antiecológicos, qualidade da água;

Obrigações Éticas: fabricação de produtos nocivos como tabaco, álcool ou


produtos compostos de drogas com efeitos colaterais comprovados.

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As ações involuntárias decorrem de acidentes normais de operação, causa-
dos por ações da natureza ou terceiros ou situações não deliberadas, para as
quais a empresa não possui um gerenciamento, na medida em que ocorrem
pelo simples fato da instituição estar operando e sujeita à falhas propositais,
ou por desconhecer o mal causado pelo uso de seu produto ou serviço.

A determinação se uma ação empresarial é oriunda de negligência ou não é ma-


téria de Direito, cabendo à Contabilidade o registro do fato e demonstração dos
efeitos econômicos e financeiros.

Representam parte desfavorável do Patrimônio.

5. Patrimônio Líquido
O Patrimônio Líquido é constituído pelas Obrigações Não Exigíveis.

É o Capital próprio da entidade, os recursos que os sócios aplicaram no negó-


cio e, que não serão pagos, mas remunerados.

Os Sócios ou Acionistas não terão seu Capital pago, mas remunerado, com o
resultado favorável (lucro) das atividades desenvolvidas.

Compõem os recursos próprios incorporados pelos sócios/proprietários.

O investimento inicial dos proprietários (a primeira aplicação) é denomina-


do, contabilmente, Capital Social.

Capital Social: designação genérica que representa o investimento inicial efetua-


do pelos sócios em uma entidade, para beneficiar-se dos lucros ou onerar-se com
eventuais prejuízos.

Aspectos do termo CAPITAL SOCIAL:

Capital Autorizado: diz respeito à autorização dada pelo Estatuto Social da


entidade (art. 168, da Lei n°. 6.404/76(1)). Permite o aumento do Capital inde-
pendentemente da reforma estatutária;

Capital Subscrito: é a parcela do Capital Autorizado que encontra colocação,


ou seja, encontrou quem se comprometesse a entregá-lo à entidade na qua-
lidade de sócio;

Capital Não Subscrito: corresponde à parcela do Capital Autorizado que não


foi colocado em circulação, ou seja, é a diferença entre o Capital Autorizado e
o Capital Subscrito;

Capital Integralizado: é o valor efetivamente entregue pelos sócios para


cumprimento total ou parcial da obrigação assumida quando da subscrição;

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Capital a Integralizar: corresponde à parte da obrigação ainda não cumprida
pelos sócios, ou seja, é a diferença entre o Capital Subscrito e o Capital Inte-
gralizado.

A figura a seguir demonstra visualmente os aspectos do Capital Social:

CAPITAL AUTORIZADO 15.000


(-) Capital não Subscrito (5.000)
(=) Capital Subscrito 10.000
(-) Capital a Integralizar (3.000)
(=) Capital Integralizado 7.000

Se ocorrerem outras aplicações por parte dos proprietários, estará ocorrendo


acréscimo ao Capital Social.

Capital Próprio: é a diferença entre a somatória dos Bens e Direitos menos as


Obrigações com Terceiros e, subdividem-se em dois grupos, de acordo com
sua origem:
- Capital de Formação; e
- Capital de Derivação.

Capital de Formação: é constituído pelas cotas ou ações do Capital, forneci-


das pelos sócios ou titular da entidade.

É o próprio Capital da entidade. Ao constituir-se uma entidade, o Capital re-


presenta o valor de que se dispõe para o início da exploração de determinada
atividade.

É a fonte da formação do Patrimônio.

Essa fonte pode ser aumentada de acordo com a disposição dos sócios em
elevarem sua contribuição para o Capital da entidade

Capital de Derivação: é constituído pelos Lucros ou pelas Reservas formadas


pela própria atividade da empresa. Deriva dos Capitais de Formação, pois es-
tes pela sua própria finalidade geram lucros que se constituirão em Capitais
Próprios.

Tais lucros podem vir a fazer parte dos Capitais de Formação, desde que se al-
terem os atos constitutivos da entidade, alterando-se o valor do Capital Social,
com Lucros e/ou Reservas.

O Patrimônio Líquido não é só acrescido com novos investimentos dos pro-


prietários, mas também, isto é mais comum, com os rendimentos resultantes
do capital aplicado. Esse rendimento é denominado Lucro.

O lucro resultante da atividade da instituição, obviamente, pertence aos só-


cios/proprietários (e/ou à instituição) que investiram na instituição (remune-
ração ao capital investido).

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Do lucro obtido em determinado período, pela atividade empresarial, nor-
malmente uma parte é distribuída para os donos do capital (dividendos) e ou-
tra parte é reinvestida no negócio, isto é, fica retida (acumulada) na empresa.

A parte do lucro acumulado (retido) é adicionada ao Patrimônio Líquido. Des-


sa forma as aplicações dos sócios/proprietários vão crescendo.

A somatória das obrigações com terceiros (OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS) e as obri-


gações com sócios / proprietários (OBRIGAÇÕES NÃO EXIGÍVEIS) compõe as
OBRIGAÇÕES TOTAIS da entidade.

6. Representação Gráfica do Patrimônio


Para tornar mais fácil o entendimento do que é o Patrimônio (ponto de par-
tida para se entender todo o mecanismo que envolve o processo contábil),
vamos representá-lo por meio de um gráfico em forma de “T”.

Patrimônio

O “T” tem dois lados. No lado esquerdo, colocamos os bens e direitos:

Patrimônio
Bens e
Direitos

No lado direito, colocamos as obrigações:

Patrimônio
Obrigações

Então, a representação gráfica do Patrimônio fica assim:

Patrimônio
Bens e Obrigações
Direitos

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E, com a identificação desses Bens, Direitos e Obrigações:

Patrimônio
Elementos Positivos Elementos Negativos
Bens Obrigações
- Dinheiro em Caixa - Duplicatas a Pagar
- Móveis - Impostos a Pagar
- Veículos
Direitos
- Duplicatas a Receber
- Aluguéis a Receber

E, com a classificação dos Bens e Direitos, os elementos favoráveis do Patri-


mônio, como componentes do ATIVO.

Além, da identificação das obrigações, os elementos desfavoráveis do Patri-


mônio, como componentes do PASSIVO.

Patrimônio
Ativo Passivo
Bens Obrigações
- Dinheiro em Caixa - Duplicatas a Pagar
- Móveis - Impostos a Pagar
- Veículos
Direitos
- Duplicatas a Receber
- Aluguéis a Receber

6.1 Características das Obrigações

Existem dois grupos de Obrigações: Obrigações Exigíveis e Obrigações Não


Exigíveis.

►►6.1.1 Obrigações Exigíveis


São as obrigações com terceiros, que nos seus vencimentos devem ser honra-
das/ pagas pelas empresas.

Compõem o PASSIVO.

Exemplos: Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar entre outros.

►►6.1.2 Obrigações Não Exigíveis


São os obrigações com os sócios/proprietários das empresas, que não serão
pagas, mas remuneradas com o resultado das operações.

Compõem o PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

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Exemplos: Capital Social, Reservas de Lucros, Prejuízos Acumulados entre
outros.

7. Equação Básica da Contabilidade ou do Patrimônio Líquido


A Estrutura Básica do Patrimônio ou a Equação Básica Contábil resulta em
três situações:
- Situação Líquida Ativa ou Positiva;
- Situação Líquida Negativa;
- Situação Líquida Nula.

O Patrimônio das entidades é composto pela somatória dos Bens e Direitos


(ATIVO), confrontados pelas Obrigações com Terceiros (PASSIVO) e Obriga-
ções com Sócios ou Proprietários (PATRIMÔNIO LÍQUIDO).

Ativo Passivo
Obrigações com
Terceiros
Bens e
Patrimônio Líquido
Direitos
Obrigações com
Sócios ou Proprietários

A confrontação entre os Bens e Direitos e as Obrigações demonstram o equi-


líbrio Patrimonial, graficamente apresentando como o Balanço Patrimonial.

BENS E DIREITOS = OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS + OBRIGAÇÕES NÃO EXIGÍVEIS

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

A Equação Básica ou Equação Fundamental do Patrimônio é uma função da


teoria de controle predominante.

É conhecida como a Teoria do Proprietário pois aplica-se a entidades em que


existe a predominância de um sócio ou quotista e é demonstrada da seguinte
forma:

ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

É aplicável principalmente às sociedades por ações e outras empresas cujo


Capital está diluído por vários acionistas, a Teoria da Entidade, pois nesses
tipos de empresas não existe um controle predominante por parte de deter-
minado acionista ou quotista.

A representação quantitativa do Patrimônio Líquido pertence à entidade,


pois o acionista não pode dispor sumariamente do Lucro e sequer retirar-se
da sociedade a qualquer momento, levando sua parcela do Patrimônio.

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ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Patrimônio Líquido de uma entidade, de forma simplificada, é caracteriza-


do pela diferença algébrica entre Ativo (Bens e Direitos) e o Passivo (Obriga-
ções com Terceiros).

O Capital Social, as Reservas de Capital, os Lucros ou Prejuízos Acumulados


são os componentes do Patrimônio Líquido.
Ativo = A
Passivo = P
Patrimônio Líquido = PL

A = P + PL ou A - P = PL

Dentro do pressuposto de que o Patrimônio Líquido é representado pelo Ca-


pital aplicado pelos sócios na entidade e a remuneração desse Capital, temos
três situações em que se apresenta a situação desse Patrimônio Líquido.

7.1 Situação Líquida Ativa ou Positiva

Ocorre quando o valor do Ativo for superior ao do Passivo. Significa que o


Capital Social estará sendo remunerado, pois o resultado das atividades ope-
racionais foram favoráveis e geraram LUCRO:

A > P = + PL

7.2 Situação Líquida Negativa

Ocorre quando o valor do Ativo for inferior ao do Passivo. Significa que o Ca-
pital Social não estará sendo remunerado, mas estará diminuindo, pois o re-
sultado das atividades operacionais foram desfavoráveis e geraram PREJUÍ-
ZO. É o que se conhece como Passivo a descoberto, pois a somatória dos Bens
e Direitos da entidade não é suficiente para honrar todas suas Obrigações
com Terceiros:

A < P = - PL

7.3 Situação Líquida Nula

Ocorre quando os valores do Ativo e do Passivo forem exatamente iguais, ou


seja, o valor do Patrimônio Líquido será igual a zero:

A = P PL Nulo

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