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APRESENTAÇÃO
1. Feminismo Classista
13. Perante a crise econômica, política e sanitária que afeta o país, temos
enfrentado o aumento da carestia, do desemprego estrutural, da informalidade e da
precarização do trabalho, como resultado da implementação de políticas
econômicas liberais e medidas de austeridade que atacam conquistas históricas da
classe trabalhadora, tais como a retirada de direitos trabalhistas e a fragilização dos
instrumentos de organização política.
14. A piora nas condições de vida da classe trabalhadora impacta as mulheres com
maior intensidade, sobretudo as mulheres racializadas, com deficiência e LBTs, uma
vez que esse setor da classe ocupa os postos de trabalho mais precarizados e é a
maioria dentre os desempregados. Além disso, o avanço do capital sobre o trabalho
produz um correspondente aumento da violência estrutural que se expressa tanto
nos espaços públicos, quanto nos espaços privados, atingindo com maior
intensidade os setores mais vulneráveis da classe trabalhadora, tal como ocorre
com a violência doméstica. O aumento da violência aliado à maior extensão das
jornadas de trabalho remunerado ou não remunerado, tais como os afazeres
domésticos e o trabalho de reprodução, contribuem para uma limitação cada vez
maior das trabalhadoras às necessidades da divisão social e sexual do trabalho.
15. Se, por um lado, algumas profissões majoritariamente ocupadas por homens
agora têm sido ocupadas por mulheres – em áreas como medicina, direito,
arquitetura, jornalismo e no meio acadêmico –, por outro, isso não implicou
igualdade salarial entre os gêneros, muito menos em igualdade no prestígio
concedido aos profissionais. Ademais, as atividades “típicas femininas” nas áreas da
saúde e da educação – como as realizadas por professoras primárias, auxiliares de
enfermagem e cuidadoras, para além de uma série de trabalhos informais, de
serviços terceirizados e de trabalhos temporários – são ocupadas, majoritariamente,
por mulheres. Essa dicotomia entre homens ocupando profissões altamente
intelectualizadas e grande parte das mulheres realizando funções subalternas e
precárias só aumenta a desigualdade social e a distância entre os dois grupos.
18. Acerca das possibilidades de avanço que se traduzem em tarefas pelas quais
podemos lutar de forma imediata, entendemos que se faz essencial a construção de
uma moral proletária. A moral proletária é constitutiva dos processos de avanço na
consciência da classe trabalhadora, que, junto às condições objetivas, possibilitam a
transformação radical da sociedade e se faz presente enquanto aspecto subjetivo
que é parte de um processo total de organização dessa mesma classe. Entendemos
que a completa construção da moral proletária se dá com a mudança radical e
concreta da sociedade capitalista, sendo necessária e ganhando espaço no
processo de transição socialista e realmente efetivada na sociedade comunista.
Dialeticamente, também entendemos que é preciso iniciar essa construção
imediata, já que, no que concerne às mulheres trabalhadoras, ela é imprescindível
para que haja relações de camaradagem que tornem sua militância possível, como
contraponto à forma das relações da moral burguesa, determinada pela estrutura
familiar monogâmica.
Organização
a) Nacional
b) Estadual / Distrital
c) Municipal ou de núcleo
II) Coordenação Nacional
31. Os núcleos são os espaços centrais de organização do Coletivo, por meio dos
quais o CFCAM estabelece relações orgânicas com as mulheres da classe
trabalhadora. Devendo ser organizados a partir de locais de estudo, trabalho,
moradia ou espaços comuns de atuação. Necessitam, para sua constituição, a
presença de no mínimo três militantes, que constituirão o secretariado de núcleo,
sendo responsáveis pelas secretarias de organização, política e de finanças.
32. A partir das diretrizes nacionalmente formuladas, compete aos núcleos de base
a investigação crítica das condições materiais de atuação local, massificando o
feminismo classista e organizando as trabalhadoras e os trabalhadores locais na via
do Poder Popular.
34. A ausência sem justificativa em três reuniões internas do coletivo deverá ser
mediada pelo secretariado do núcleo com o auxílio da assistência, para verificar a
situação da militante e se há necessidade de afastamento.
35. As direções do CFCAM são compostas por militantes mulheres cis e/ou
transgênero com compromisso com o Coletivo e capacidade de organização e
direção, podendo nas secretarias de núcleo ou coordenação estaduais/distrital do
Coletivo, participar camaradas que ainda não sejam militantes do PCB, desde que
estejam afinadas com a linha política partidária. As membras da Coordenação
Nacional devem ser também militantes do PCB. Na Coordenação Estadual deverão
ser militantes do PCB aquelas que compõem as secretarias política, de organização
e de formação. Nos núcleos, é ideal que no mínimo duas secretarias sejam
compostas por militantes do PCB, sendo a secretaria política necessariamente
ocupada por militantes do partido. Em caso de núcleos que ainda não tenham
militantes do PCB disponíveis para a secretaria política, este deve contar com a
assistência da CE até que se faça o recrutamento de militantes do CFCAM para o
partido, ou do partido para o coletivo.
37. A organização das tarefas da direção deve ser planejada buscando alcançar
uma divisão revolucionária do trabalho militante, pautada na direção coletiva dentro
do centralismo democrático e na responsabilidade militante.
38. As militantes de direção estadual/distrital ou nacional são entendidas como
membras plenas nos espaços de decisão da direção, assim elas não são
orientadas por decisões de seus núcleos, mas sim pelas resoluções congressuais
e pela leitura da conjuntura.
39. Compete às direções do Coletivo garantir a independência orgânica e política
do Coletivo nos espaços de atuação frente às demais organizações externas ao
complexo partidário, atuando em conformidade com os posicionamentos debatidos
nas instâncias deliberativas do coletivo.
40. Os núcleos serão assistidos pela Coordenação Estadual de seu Estado, que
por sua vez contará com assistência da Coordenação Nacional; e as
Coordenações estaduais/distrital e nacional contarão, também, com a assistência
da direção partidária correspondente. Caso não haja Coordenação Estadual
formada no Estado, o núcleo será assistido temporariamente pela Coordenação
Nacional. Compete às assistências do Coletivo garantir o diálogo entre as
instâncias assistidas e as de direção imediatamente superiores, repassando as
orientações e posições de sua própria instância e recolhendo críticas e pontos de
vista da instância assistida. A assistência partidária, por sua vez, não poderá ser
feita por militante do Coletivo. Além das secretarias política, de organização e
finanças, as direções, em suas respectivas instâncias, poderão estabelecer novas
secretarias para condução dos trabalhos, como exemplo secretaria de formação,
secretaria de agitação e propaganda, entre outras, conforme necessidade e
viabilidade de ampliação do secretariado sem prejuízos ao funcionamento das
secretarias já constituídas, e com o devido acompanhamento e orientação
cuidadosa das respectivas assistências.
41. As coordenações estaduais/distrital e nacional serão eleitas nas respectivas
etapas do Congresso Nacional do Coletivo, prioritariamente, ou na Conferência
Nacional do Coletivo quando o congresso não puder ser realizado, enquanto o
secretariado de núcleo deverá ser discutido e referendado anualmente. Poderão
ser feitas reposições ou reorganizações, a partir da avaliação em plenária da
instância, desde que apreciadas pela instância imediatamente superior do Coletivo
e a instância correspondente do Partido.
42. Compete ao secretariado de núcleo dirigir as atividades políticas de cada
núcleo, de acordo com as deliberações coletivas; convocar as reuniões e
plenárias, e manter a comunicação com a instância do Coletivo imediatamente
superior e assistência partidária da instância correspondente.
43. É necessário que cada instância do CFCAM trace e cumpra seu planejamento
coletivamente com fins bens estruturados, com objetivos traçados a longo, médio e
curto prazo, e considerando elementos objetivos e subjetivos da nossa atuação:
condição financeira, formação política e conjuntura.
Disciplina revolucionária
53. O CFCAM precisa ser o gérmen da sociedade que deseja construir, qual seja,
livre de opressões e exploração, em que as relações sejam pautadas por ideais de
camaradagem, coletividade e solidariedade. Para que isso seja possível, faz-se
fundamental desenvolver a disciplina revolucionária, baseada no livre e consciente
comprometimento com a construção coletiva.
54. A disciplina revolucionária faz parte do movimento da consciência de classe,
que está ligada ao processo de aproximação e engajamento nas lutas e pode se
desenvolver a partir da compreensão da importância da divisão das tarefas
militantes no corpo organizativo. Não é algo linear e ascendente, que se acumula
com mais tempo de militância ou por ocupar tarefas de direção, é preciso reflexão
coletiva constante sobre como desenvolvê-la e potencializá-la. Por isso, se faz
necessário o debate constante sobre o assunto nas reuniões do coletivo, uma vez
que o movimento da realidade é dialético e está sujeito a ser modificado a qualquer
momento.
55. A disciplina revolucionária de nosso Coletivo em nada se confunde com a
disciplina militarizada ou a disciplina da ordem do capital, onde regras são
cumpridas de forma hierárquica e burocrática, sem uma compreensão dos
processos que as produziram e sem possibilidades de mudá-las. Ela é
desenvolvida através da práxis cotidiana, pautada pela organização coletiva e por
princípios como o centralismo democrático, a crítica e a autocrítica, a direção
coletiva, a liberdade de pensamento e a unidade de ação.
56. A disciplina, como todos elementos da nossa subjetividade, é perpassada
pelas contradições que vivemos em uma sociedade individualista, que coloca o
desenvolvimento individual sempre acima e desligado de qualquer processo
coletivo. Dessa forma, compreendemos que o compromisso com as tarefas e lutas
do CFCAM se dará de maneiras diferentes entre as pessoas que ingressam e
estão no coletivo. É necessário que as direções compreendam isso e se coloquem
para fornecer estímulo e cuidado para potencializar a práxis de cada militante.
57. Não há contradição entre a disciplina revolucionária e a autonomia de cada
militante no Coletivo. Pelo contrário, é por meio da disciplina revolucionária que a
autonomia de cada uma de nós poderá se fortalecer. Por essa razão, nos
organizamos através de instâncias, construímos espaços de discussão coletiva
como: reuniões, plenárias, conferências e o congresso com o intuito de elaborar
sínteses e resoluções que expressem as múltiplas realidades e ideias que fazem
parte de nossa organização, no horizonte da concretização de uma sociedade sem
classes, sem exploração e opressão de gênero, sexualidade, raça/etnia, entre
outros, que rume à emancipação humana.
58. Toda militante tem o dever de contribuir para o desenvolvimento da disciplina
revolucionária na organização, sempre com base nos vínculos de camaradagem.
Em outras palavras, precisamos estimular o senso de pertencimento, a integração,
o cuidado coletivo e a democracia interna, a fim de que a disciplina não seja uma
mera reprodução mecânica ou uma imposição vertical.
59. A disciplina é construída no cotidiano de uma organização e deve estar
presente na cultura política que estabelecemos internamente no coletivo, na
relação que estabelecemos com o PCB, com os demais coletivos partidários e em
todos os espaços nos quais nos inserimos junto aos mais variados setores da
classe trabalhadora. Ela tem aspectos mais gerais, como o compromisso com o
centralismo democrático enquanto princípio organizativo e aspectos cotidianos da
dinâmica das reuniões, como nos comportamos nos espaços de luta, nas relações
que estabelecemos no trabalho de base e em nossas relações pessoais.
60. A disciplina é fundamental tanto para conseguirmos ampliar nossa inserção na
luta de classes, quanto para crescermos quantitativa e qualitativamente. Nos
espaços em que nos inserimos, como sindicatos, ocupações urbanas, associações
de bairro, centros acadêmicos, movimentos sociais populares, frentes de massas,
precisamos ser referência de compromisso com as lutas da classe trabalhadora.
Por outro lado, manter a disciplina nas atividades internas, como participação das
reuniões, horário de chegada, cumprimento das tarefas assumidas, contribuição
com as finanças, justificativa de ausências, fortalece e mantém o trabalho do
coletivo. É importante que, ao não haver a possibilidade de cumprir as tarefas que
a militante se dispôs a realizar, isso seja informado às demais camaradas de forma
antecipada e responsável, a fim de prezar pela continuidade das ações coletivas
acima das impossibilidades pessoais. Evitando assim, deixar o coletivo
desamparado e, desta forma, também deixando o núcleo a par da realidade
individual da militante, para que o secretariado do núcleo consiga distribuir as
tarefas da maneira mais orgânica possível perante a materialidade das camaradas.
61. A ausência de disciplina militante na realização de tarefas necessárias - tais
como finanças, planejamento coletivo de atuação, entre outras, faz com que ações
pontuais prevaleçam sobre a política organizativa permanente do feminismo
classista.
76. O trabalho das direções é uma peça-chave para a organização das lutas
feministas classistas e comunistas. Exercer tais tarefas não significa mérito de uma
militante, mas maiores responsabilidades, bem como maior compromisso com o
trabalho do coletivo.
78. As direções do coletivo vêm sendo forjadas recentemente nas lutas enfrentadas,
no próprio trabalho diretivo e organizativo e nos espaços de formação. A história
recente do coletivo nos impõe muitos desafios, um intenso trabalho investigativo da
realidade, com criatividade, organização e disciplina. Dessa forma, temos
aprendido, formulado e criado novas direções enquanto ampliamos e consolidamos
o CFCAM, num momento de brutais ataques à classe trabalhadora. Isso torna
nossas batalhas ainda mais complexas e ainda mais necessárias.
79. As formas de trabalho não são atemporais, absolutas e imutáveis. Elas estão
relacionadas com as condições objetivas em que o coletivo atua, com o movimento
da consciência da classe em cada momento histórico, com o desenvolvimento
histórico, político e organizativo do próprio coletivo e com a preparação de nossos
quadros.
80. As decisões e orientações principais tomadas pela direção devem ser adotadas
por suas militantes, e não por dirigentes isoladas, salvo algumas situações que
precisem de respostas imediatas e não há possibilidade de consulta. Isso não
contraria a divisão de tarefas, mas sim a potencializa e permite maior dinamicidade.
Os planejamentos e as atividades das secretarias devem ser compartilhadas,
discutidas e aprovadas pelo corpo diretivo. As opiniões divergentes e contribuições
individuais devem ser acolhidas e discutidas sempre que necessário. Porém,
nenhuma membra pode se sobrepor às decisões do coletivo.
86. Toda dirigente e militante precisa acolher as críticas sem rechaços e se colocar
para avaliar a necessidade de autocrítica, que precisa ser feita na prática diária.
V. O CFCAM e FDIM
91. A revista Mulheres do Mundo Inteiro, editada desde 1961 e traduzida em seis
idiomas, foi um importante espaço de luta e organização das mulheres do mundo.
Durante as ditaduras militares na América Latina, várias exiladas conseguiram
trabalhar e denunciar os crimes da ditadura através da escrita nesse periódico. Ana
Montenegro, militante do Partido Comunista Brasileiro, foi redatora da revista entre
1964 e 1979. Essa atividade possibilitou à nossa camarada inspiradora viajar pela
Ásia, África, Europa e América Latina, participar das lutas anticoloniais de Angola,
Cabo Verde e Moçambique e em eventos no Chile, durante o governo Allende.
92. Atualmente, a FDIM tem mais de 200 organizações filiadas nos cinco
continentes. Defendemos a autodeterminação dos povos e nos mantemos nas lutas
contra o capitalismo, o imperialismo, o patriarcado, a misoginia, o racismo e a
LGBTfobia. Contra o extermínio de milhares de vidas nas guerras de rapina, na
exploração do trabalho, contra a destruição ambiental e os retrocessos nos direitos
sociais.
93. Em todos os Congressos da FDIM, que acontecem a cada 4 anos, elege-se uma
nova direção que cumprirá os principais trabalhos da Federação. Atualmente, a
presidenta é Lorena Pena, de El Salvador, eleita após o XVI Congresso, no qual o
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro esteve presente. Antes disso, durante
12 anos a presidência esteve com Márcia Campos, membra da Confederação de
Mulheres do Brasil (CMB), mostrando a força que essa organização brasileira tem
na Federação. O secretariado da FDIM é composto pela presidente, pelas duas
vice-presidentes de cada continente e a coordenação regional de cada continente.
94. Foi também no XVI Congresso, em 2016, que o Coletivo Feminista Classista
Ana Montenegro filiou-se à Federação. Até então, participávamos na condição de
convidadas. Ao filiar-nos à FDIM, assumimos o compromisso de concretizar tarefas
de solidariedade internacional, de fortalecer as discussões sobre o imperialismo e a
luta anti-imperialista, além de levar a sigla da entidade em nossas bandeiras por
todo o Brasil.
97. Nesse sentido, uma das principais tarefas do CFCAM para o período será
estabelecer laços em nosso continente com organizações que partilhem de
concepções mais próximas às nossas, havendo um mapeamento regional, bem
como estabelecimento de metodologias que não firam as resoluções congressuais
do PCB. Com as devidas mediações, devemos mapear e convocar organizações
para atividades conjuntas que envolvam análise de conjuntura, formação política e
outros temas pertinentes para o estreitamento de laços. A participação em brigadas
internacionalistas e outras atividades de solidariedade pode ser um caminho para a
construção de alianças.
98. Ao mesmo tempo, é necessário que os núcleos do CFCAM trabalhem com mais
frequência em suas reuniões e atividades os temas relativos ao internacionalismo
proletário, para que possamos formar camaradas com o devido conhecimento para
partilharem as tarefas da FDIM e de solidariedade internacional.
101. O Coletivo vêm crescendo e se fortalecendo cada vez mais em todo país.
Temos construído e participado ativamente não apenas das construções do
movimento feminista, mas de toda a luta da classe trabalhadora. Nossa agitação e
propaganda, assim como a nossa participação organizada nas manifestações, junto
ao partido e demais coletivos, vem atraindo muitas pessoas interessadas em se
organizar.
103. A agitação e propaganda estão entre as nossas principais tarefas e têm papel
fundamental para seguirmos avançando no crescimento e fortalecimento do
coletivo, e na nossa capacidade de mobilização. Nesse sentido, temos a
responsabilidade de ampliar e qualificar a capacidade de comunicação, a partir de
estudos e planejamento, sempre atentas às pautas da classe trabalhadora. Para
desta forma organizar o trabalho conforme as condições organizativas de cada
instância.
O que é Agit&Prop?
111. As redes sociais hoje aglutinam uma grande parcela da classe trabalhadora,
mas não em sua totalidade, por isso não podemos concentrar todos os nossos
esforços de agitação e propaganda em apenas um meio. Precisamos diversificar
nossa comunicação para atingir as brechas deixadas pelos veículos de massa.
Precisamos ressaltar a potência da comunicação nas ruas, com panfletagens,
colagens de lambes (nos mais diversos tamanhos), riscos nos muros, banquinhas,
reuniões abertas para discutir questões da cidade (quando possível) e etc.
112. Nos trabalhos desenvolvidos nas redes sociais precisamos qualificar o debate
técnico e político para encontrarmos a mediação tática para ocupar esses espaços.
Não podemos nos deslumbrar com a massificação de nossas ideias em uma
plataforma onde grande operador das regras é o grande capital. Precisamos
conhecer suas formas e saber como podemos utilizá-la sem rebaixar nossas pautas
e símbolos, e, também sem gerar grande concentração de trabalho em detrimento
de outras ações.
113. Uma das formas de construir uma ação de agitação e propaganda sem ser
centralizada apenas em um meio é a formulação de campanhas. Com um
planejamento bem estruturado, as campanhas podem levar para as ruas durante um
período e das mais diversas formas de comunicação as nossas pautas. A
campanha pode apontar um tema e a partir disso serem realizadas panfletagens,
colagem de lambes, sequências de postagem, vídeos, atos de rua, atividades de
debate, artigos críticos e etc. Com essa estrutura, a possibilidade de atingirmos o
maior número de trabalhadoras em torno da pauta é muito maior do que realizar
cada uma das ações com temáticas e abordagens diferentes.
117. As mulheres começam a acessar a internet com regularidade por volta dos dez
anos de idade, dois anos mais cedo que os homens. Elas também consomem mais
conteúdo televisivo e, em geral, mais conteúdos informativos. À semelhança do
legado deixado pelas trabalhadoras russas, urge a implementação de uma revista
revolucionária multimídia responsável pela difusão sistemática e orgânica do
feminismo-marxista, em disputa direta com os veículos da imprensa filiada ao
reformismo típico do feminismo liberal.
120. Todo núcleo deve buscar garantir uma secretaria e/ou comissão de agitação e
propaganda, fazendo um levantamento regular das camaradas com alguma
formação e/ou experiência na área da comunicação e interessadas em aprender e
contribuir com esse trabalho, além de contribuir para a realização de cursos que
capacitem a militância.
123. A dinamicidade dos meios digitais dificulta a manutenção de uma diretriz que
se mantém pelo decorrer dos anos. Diante disso, cabe às coordenações estadual e
nacional a organização de ativos de Agit&Prop para repensarmos e reavaliarmos
nossas táticas agitativas regularmente e também para profissionalização e troca de
experiências entre os núcleos do Brasil.
Site e redes
126. Precisamos, mesmo com nossas limitações, construir meios para garantir que
todos os nossos instrumentos de comunicação cumpram da melhor maneira
possível o papel de agitar e/ou propagar nossa linha política. Deve-se buscar a
produção de materiais que reflitam a realidade das mulheres trabalhadoras e que
sejam interessantes para o público, procurando diversificar os conteúdos e garantir
ações culturais. Quanto mais interações em nossas publicações, maior seu alcance
para outras pessoas e mais chances de compartilhamento.
127. Sempre que possível, é importante que toda a militância compreenda o papel
da agitação virtual e busque interagir com as nossas mídias, compartilhando os
conteúdos para que alcance cada vez mais pessoas. Todas as camaradas podem e
devem contribuir com sugestões e envio de contribuições para publicações em
nosso site e redes sociais nacionais, enviando notícias, textos e comunicados sobre
as atividades de seus núcleos e estados
130. Sempre que possível, cada núcleo deverá produzir seus próprios instrumentos
de comunicação (além dos materiais impressos, boletins eletrônicos, blogs, páginas
e comunidades na internet) na sua área de atuação, difundindo informações a
respeito das lutas travadas e das campanhas, dos temas específicos ou gerais. É
importante manter os instrumentos de comunicação ativos e movimentados a partir
de planejamento, seu cumprimento e organização.
133. Os núcleos devem ter como pauta, nas reuniões ordinárias, discutir e colocar
em prática estratégias de mobilização e agitação pré-ato. Considerando as
particularidades de cada localidade e município. De modo a levarmos cada vez mais
pessoas para as ruas.
134. Por compreendermos que muitas mulheres trabalhadoras não têm acesso à
internet, devemos aumentar o foco na agitação de rua, procurando dialogar com as
mulheres em seus locais de trabalho, moradia e estudo. A panfletagem é uma ação
estratégica e deve ser efetuada cotidianamente, de forma constante e de
preferência em um mesmo ponto estratégico, tomado como espaço de atuação do
núcleo e/ou em locais onde há grande circulação de trabalhadoras de acordo com a
realidade regional. Deve haver intensificação de panfletagens dos materiais
produzidos pelo coletivo e partido antes e durante os atos. Todas as ações de
agitação e propaganda nas ruas e seus registros nas mídias, principalmente as que
precedem atos e manifestações, devem levar em consideração as orientações que
constam em Circulares Internas sobre a segurança das nossas militantes.
135. É uma tarefa a realização de ações de colagem, sempre que possível, dos
lambe-lambes e cartazes produzidos pelo partido e coletivos nas proximidades dos
locais de trabalho, moradia e estudo da classe trabalhadora. As ações de colagem
também podem ser realizadas antes e depois dos atos e nos trajetos das
manifestações.
136. Em ações de rua, é importante destacar pelo menos uma militante que fale
em nome do Coletivo. Além disso, deve estar no planejamento de cada núcleo a
realização de oficinas e formações que instiguem as camaradas a cumprir esse
tipo de tarefa pública. Deve estar no planejamento de cada núcleo a realização de
oficinas e formações que formem as camaradas para o cumprimento de falas
públicas.
137. Sempre que possível, devem ser confeccionadas grandes faixas, bandeiras e
cartazes que possam ser destacadas nas manifestações. Na medida do possível,
tais materiais devem expressar chamadas e consignas sobre as pautas atinentes às
mulheres trabalhadoras
142. Desde que avançamos com a organização do Coletivo Feminista Classista Ana
Montenegro, e com o crescimento orgânico da militância, a importância da formação
no feminismo classista sempre foi ressaltada. Ela é uma peça chave para qualquer
coletivo político que tenha um fim revolucionário. Se não compreendermos de forma
profunda a história das sociedades anteriores, a partir de uma base filosófica que
permita buscar a materialidade histórica e dialética da exploração e das opressões,
nos manteremos na superficialidade alienante do aparente, que impossibilita
traçarmos táticas condizentes com o horizonte revolucionário. Utilizar os estudos de
Marx e Engels como base para interpretação do mundo, parte da centralidade do
trabalho como elemento ontológico das nossas relações enquanto humanos.
143. Entretanto, não é suficiente apenas nos determos nos estudos das obras de
Marx e Engels, tampouco somente nas obras de Lenin, Rosa Luxemburgo, Clara
Zetkin, Alexandra Kollontai e outras lutadoras e lutadores que deram vida e
continuidade às obras dos mesmos e das mesmas. Para além deles, são
necessários estudos profundos sobre a realidade brasileira e latino-americana,
dentro de um contexto global do capital em sua fase imperialista. Nesse sentido, a
formação do CFCAM precisa englobar diferentes camaradas, que tanto têm se
debruçado sobre os estudos das obras de Marx e Engels e de outros marxistas,
como têm avançado na leitura da realidade brasileira e latino-americana,
estabelecendo um compromisso de buscar referências de mulheres revolucionárias.
145. Precisamos organizar formações sobre temas mais básicos e gerais sobre o
feminismo classista, seu histórico, objetivos e particularidades, com um
aprofundamento desses temas. Afinal, no feminismo classista lidamos com a
complexidade da realidade, que é atravessada por muitos aspectos; e que em
determinados locais e situações podem exigir formações voltadas a temas
particulares. Ao compreendermos que a luta feminista classista é também
essencialmente antirracista e conjunta pela erradicação da discriminação às
mulheres lésbicas, bissexuais, trans e travestis, enfatizamos que as questões da
luta dos povos negros e originários, LGBT e anticapacitismo, entre outras opressões
devem ser sempre abordadas no Coletivo.
147. Historicamente, são as mulheres que estão à frente da luta pela terra e pela
água. As mulheres comunistas devem preparar-se para disputar o debate ambiental,
buscando em diversas fontes o acúmulo necessário para expor a falácia do
capitalismo verde, a responsabilidade burguesa pelo aquecimento global, as novas
investidas imperialistas em face da escassez de recursos e a necessidade da
tomada dos meios de produção pelos produtores associados (ou seja, do
comunismo) para a regulação sociometabólica.
149. Assim, a formação, entendida como central para nossa práxis, é por vezes um
ponto de partida para engajamento no Coletivo, mas não somente: almejamos a
continuidade de debates e enriquecimento desses ao longo de toda a participação
no Coletivo, e por todas as militantes. Compreendemos que por nossa criação e
socialização em uma sociedade patriarcal e capitalista, em diversos assuntos
precisamos de reflexão e estudo revolucionário, pois percebemos que as situações
de exploração/dominação/opressão encontradas pelas mulheres trabalhadoras não
são experiências individuais somente, mas fenômenos coletivos, ligados à classe,
sexo, gênero, raça e etnia. Assim, constantemente precisamos superar alguns
comportamentos e pontos de vista oriundos da ideologia dominante, ou mesmo de
um movimento feminista de base liberal, para que criemos um pensamento e prática
que visem a libertação da mulher trabalhadora.
150. O estudo e a formação coletiva podem se dar nos ambientes das reuniões dos
núcleos, em atividades mais amplas, cursos, ativos. Porém compreendemos que a
formação política não se dá apenas a partir dos nossos estudos teóricos. A teoria e
prática política precisam estar interligadas, se relacionarem à totalidade dialética
das lutas, onde só é possível construir um coletivo que efetive o feminismo classista,
se trouxermos para seu centro as contradições e lutas que germinam no seio da
nossa classe. Sabemos que existem distintos setores de classe e que a depender
do nível de apropriação de elementos objetivos e subjetivos que foram produzidos
pela humanidade, as principais pautas de luta podem ter relevância distinta para
esses setores. Precisamos pensar em como esses diferentes elementos se
interligam à estratégia socialista e como eles podem potencializar e organizar
nossas ações.
151. Até o momento, nos presentes anos do Coletivo Feminista Classista Ana
Montenegro, inúmeras atividades de formação foram realizadas, e camaradas foram
chamadas muitas vezes para compor debates junto de outras instâncias do PCB e
com outros partidos, organizações e movimentos, o que demonstra a precisão
teórica na continuidade da luta das mulheres comunistas que nossa organização
possui. A realização do nosso I Encontro Nacional de Formação que aconteceu em
2017 em Salvador e do nosso Caderno Nacional de Formação foram importantes no
processo de nacionalização, formação de novos quadros e criação de unidade entre
o coletivo. As formações que vêm sendo indicadas no mês de março, em função do
dia internacional da mulher, os livros indicados em nosso site e as formações
organizadas pelos Estados, também têm somado nesse processo formativo. Porém,
precisamos dar um salto de qualidade nesse elemento organizativo.
154. Temos nos esforçado para trazer unidade nacional em alguns temas de
formação – como sobre o próprio feminismo classista, aborto, trabalho, violências
contra as mulheres, racismo, capacitismo, educação, sindicalismo -, por meio de
lives, cartilhas de formação, notas, textos e materiais virtuais. Desejamos avançar
nesse sentido, sem deixar de haver autonomia de núcleos e estados para debates
próprios que correspondam às necessidades levantadas em cada local e momento,
para que pensar a formação em cada novo núcleo seja facilitado, e, ainda, para
agirmos em unidade nacionalmente em tantos temas que as mulheres precisam de
avanços urgentes. Para que ocorra essa relação entre formações do coletivo, tanto
locais quanto nacionalmente, é indicado que cada núcleo, se tiver militantes
disponíveis para essa tarefa, destaque uma secretária de formação; e o mesmo
deve ocorrer nas Coordenações Estaduais, a fim de que essa importante política
possa ser desenvolvida.
Cultura
157. São muitos os exemplos de mulheres comunistas que, nesses 100 anos do
PCB deram importante contribuição para nossa cultura, dentre elas, Laura Brandão,
Pagu, Tarsila do Amaral, Eneida de Moraes, Arcelina Mochel, Ana Montenegro,
Alina Pahim, Jacinta Passos, Djanira, Nora Ney, Thereza Santos, Rachel de
Queiroz, Maria Aragão e Marylucia Mesquita. Elas devem ser rememoradas e
celebradas no centenário do PCB em 2022.
158. A questão cultural é muito importante para nossa atuação. Junto com a
formação, é um espaço importante para difundirmos nossas concepções socialistas,
nos manifestarmos contra o sistema patriarcal, o racismo e o machismo, contra a
exploração e a opressão por que passam as trabalhadoras. Além de ser importante
espaço para aglutinação de forças e até de independentes em prol das nossas
pautas.
160. Hoje, temos diversas camaradas que produzem poesia, que escrevem, tocam
algum instrumento e participam ativamente de diversas produções culturais. As
agendas sobre as Mulheres Revolucionárias I e II, o samba do Comuna que Pariu
sobre a luta das mulheres, a nossa participação em diversos eventos, agregando o
discurso político com atividades culturais, são exemplos de nossa atuação.
164. Por fim, é importante o entendimento de que a nossa cultura popular nasce e
mora nas periferias do Brasil, e que são inúmeras as atuações que podemos
agregar junto à comunidade, fortalecendo nosso vínculo saudável com associações
de bairro, clube de mães, lideranças políticas de vilas e demais locais estratégicos
que tenham consciência histórica do caráter opressivo de nossa sociedade, sem
precisarmos adentrar com qualquer tom professoral, mas sim como aliadas e
possíveis parceiras para atividades culturais que mostrem a nossa linha,
principalmente calcando o propósito da emancipação total da vida das mulheres.