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Contabilidade Atuarial

e Ética Profissional
Material Teórico
Fundamentos da Teoria Contábil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Maria do Socorro de Souza

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Fundamentos da Teoria Contábil

• Introdução;
• A Estrutura Patrimonial;
• O Ativo e sua Mensuração;
• O Passivo e sua Mensuração;
• Receitas e Ganhos;
• Período Contábil;
• Encerramento das Contas de Receita e Despesa.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar os conceitos sobre a estrutura patrimonial e do resultado
do exercício da empresa.

ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade veremos um pouco mais sobre um importante tema:
fundamentos da teoria contábil.

Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o Material


complementar. Não se esqueça, a leitura é um momento oportuno para for-
mular suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao tutor.

Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra em um ambiente mais


interativo possível, na pasta de atividades você também encontrará a Avaliação,
uma Atividade reflexiva e a Videoaula. Cada material disponibilizado é mais
um elemento para seu aprendizado, por isso, estude todos com atenção.
UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

Contextualização
O estudo do patrimônio de uma entidade é um dos principais assuntos tratados na
teoria da Contabilidade, visto que após a conceituação da história da Contabilidade,
os princípios e convenções que regem a Ciência contábil, a essência e prática
contábil encontram-se na estrutura patrimonial.

Desse modo, conceituar o patrimônio e entender a sua estrutura serão assuntos


tratados nesta Unidade.

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Introdução
Para iniciarmos, vamos ao conceito de patrimônio:

Patrimônio: É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, os quais


Explor

avaliados em moeda corrente do país.

No contexto econômico, entende-se por bens elementos materiais exteriores ao


homem e que servem para satisfazer suas necessidades. Já para a Contabilidade,
bens são elementos materiais, imateriais ou nominais à disposição de uma entidade,
que concorrem para que a mesma alcance seus objetivos.

Ainda sobre bens, pode-se destacar o conceito jurídico que se relaciona a valores
materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito.

Os bens podem ser considerados materiais ou corpóreos e imateriais ou


incorpóreos.

Os bens materiais ou corpóreos são aqueles que possuem corpo e matéria e se


dividem em bens móveis e imóveis, por exemplo: mesas, computadores, cadeiras,
veículos para uso da empresa, terrenos, máquinas, equipamentos etc.

Já os bens imateriais ou incorpóreos são aqueles que, embora considerados bens,


não possuem corpo, por exemplo: direitos autorais, marcas e patentes, pinturas.
Esses bens são conhecidos também na Contabilidade como ativos intangíveis.

Direitos são todos os valores que a empresa tem a receber de terceiros, por
exemplo: a organização vendeu mercadorias para pagamento por parte do cliente
no prazo de sessenta dias. O recebimento do valor devido pelo cliente é um direito
da empresa.

Obrigações são todos os valores que a empresa tem a pagar para terceiros, por
exemplo: para produzir as mercadorias que foram vendidas ao cliente, conforme
exemplo apresentado acima, a organização comprou matéria-prima para a
produção da mencionada mercadoria. Logo, tal matéria-prima foi comprada de
um determinado fornecedor para pagamento no prazo de trinta dias. Esse evento
gerou uma obrigação para a empresa, compromisso esse que será liquidado quando
do pagamento da dívida.

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

A Estrutura Patrimonial
Ativo
Pode-se dizer que a “espinha dorsal” da teoria da Contabilidade é o ativo,
o passivo e o patrimônio líquido. Esses três itens formam o patrimônio
da entidade (IUDÍCIBUS et al., 2009).

De acordo com Marion (2011): “Ativo é um recurso controlado pela entidade


como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros
benefícios econômicos para a entidade”.
Para Iudícibus e colaboradores (2009) ativo é conceituado de várias maneiras,
mas esse autor sustenta a definição de que ativo é um conjunto de bens e direitos
à disposição da administração.

Passivo
Passivo é uma obrigação presente da entidade, que se originou de eventos já
ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de
gerar benefícios econômicos (MARION, 2011).

Patrimônio Líquido
Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos
todos os seus passivos. Pode-se defini-lo também como a diferença entre o ativo e
passivo de uma entidade, em determinado momento.
Para melhor entendimento, imaginemos que uma entidade tenha um ativo,
composto por bens e direitos no valor de R$ 9.000,00 e um passivo, composto
de obrigações no valor de R$ 5.000,00. Qual é o valor do patrimônio líquido
dessa organização?
O valor do patrimônio líquido da empresa em questão é de R$ 4.000,00.
Em todas as empresas existem bens, direitos e obrigações. Em uma
representação gráfica simplificada, pode-se apresentar contas de ativo à esquerda
e de passivo à direita, apresentando, por exemplo, o patrimônio de uma entidade
da seguinte forma:

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Quadro 1
Ativo (bens mais direitos) Passivo (obrigações com terceiros)
Bens: Obrigações:
• Dinheiro; • Fornecedores – duplicatas a pagar;
• Estoque; • Empréstimos a pagar;
• Imóveis; • Salários a pagar;
• Máquinas; • Financiamentos a pagar;
• Ferramentas; • Impostos a recolher;
• Móveis e utensílios; • Encargos sociais a recolher;
• Veículos; • Aluguéis a pagar;
• Marcas e patentes. • Provisão de férias a pagar;
• Provisão de 13º salário a pagar;
• Contas a pagar.
Patrimônio líquido –
Direitos:
obrigações com os proprietários:
• Depósitos em bancos; • Capital social;
• Duplicatas a receber; • Reservas de capital;
• Títulos a receber; • Ajustes de avaliação patrimonial;
• Aluguéis a receber; • Reservas de lucros;
• Investimentos. • Ações em tesouraria;
• Prejuízos acumulados.

Apresentados os conceitos básicos sobre a estrutura patrimonial, é necessário


que se tenha as informações sobre os métodos de mensuração que serão
fundamentais para a apresentação do ativo e passivo de uma entidade em um
determinado período de tempo.

O Ativo e sua Mensuração


O processo de mensuração está relacionado ao aspecto qualitativo de um ativo
em um determinado momento. Mensurar significa atribuir valor a um bem ou
direito que compõe o ativo da entidade.

Na Contabilidade os ativos são mensurados levando-se em consideração medidas


de entrada, saída ou de custo, ou ainda mercado, dos dois o menor (HENDRIKSEN;
BREDA, 1999).

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

Medidas de Entrada
As medidas de entrada são transações em dinheiro, ou um valor de alguma outra
forma de compensação, operações que entram na empresa e são originadas de
vendas de produtos ou serviços (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).

Essas medidas são contabilizadas de acordo com os custos históricos de entrada


ou custos correntes de entrada, igualmente conhecido como custo corrigido
de entrada.

Custo Histórico de Entrada


O custo histórico é definido pelo preço agregado pago pela empresa
para adquirir a propriedade e o uso de um ativo, incluindo todos os
pagamentos necessários para colocar o ativo no local e nas condições
que permitam prestar serviços na produção ou em outras atividades da
empresa (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).

Para Iudícibus e colaboradores (2009) uma vantagem do custo histórico é


sua objetividade, pois representa para a empresa o sacrifício financeiro pela sua
aquisição na data da transação.

Segundo esses autores, algumas desvantagens são encontradas quando se


mensura um ativo pelo seu valor histórico, pois com o passar do tempo o ativo
pode perder seu valor econômico ou ter uma avaliação monetária defasada se o
item não for corrigido pelas variações monetárias entre o período de compra desse
ativo e a data de apresentação do balanço da empresa.

Custo Histórico Corrigido


Na mensuração dos ativos pelo seu custo histórico corrigido ocorre a correção
dos custos históricos pela variação do poder aquisitivo médio geral da moeda.
Nesse sentido, pode-se levar em consideração, por exemplo, o Índice Geral de
Preços Médios (IGPM), pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas. Em outras
palavras, trata-se da correção dos valores originais dos ativos por algum índice
que mensure as variações do poder aquisitivo médio geral da moeda do País (IU-
DÍCIBUS et al., 2009).

Medidas de Saída
As medidas de saída representam os valores de venda de ativos em mercados
organizados. Pressupõe-se que os ativos vendidos ou trocados pela entidade são
avaliados por um preço de mercado próximo do preço de venda em um curto
prazo (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).

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As medidas de mensuração para a saída de ativos são: valores realizáveis
líquidos, equivalentes correntes de caixa, valores de liquidação e valores des-
contados de fluxos de caixa ou capacidade de geração de serviços futuros:
Especificando-as, temos:
• Valores realizáveis líquidos: são definidos como o preço corrente de saída
menos o valor corrente de todos os custos e despesas incrementais esperados,
relacionados à conclusão, à venda e à entrega da mercadoria (HENDRIKSEN;
BREDA, 1999);
• Equivalentes correntes de caixa: o método de mensuração pelo equivalente
corrente de caixa considera que todos os itens do ativo possuem um valor
presente de mercado e aqueles que não o possuem seriam descarregados do
ativo no ato da compra. Assim, os preços de saída correspondem a preços
normais de mercado. Trata-se de um conceito de difícil aplicação, pois excluiria
do ativo todos os itens que não tivessem um valor de mercado, refletindo
inclusive na demonstração de posição financeira da empresa (HENDRIKSEN;
BREDA, 1999);
• Valores de liquidação: o conceito de valor de liquidação prevê uma venda
forçada com preços abaixo do custo ou reduzido. Hendriksen e Breda (1999)
afirmam que a venda por liquidação geralmente resulta na reavaliação para
menos dos ativos, bem como seu reconhecimento como perdas. Segundo esses
autores, os ativos mensurados pelos valores de liquidação não são considerados
dentro de condições realistas em circunstâncias normais, de modo que devem
ser mensurados por esse critério quando:
• Mercados ou ativos tenham perdido sua utilidade normal, por obsolescência
ou outro motivo qualquer, e tenham perdido o seu mercado normal;
• A entidade espera ser desativada em futuro próximo, de modo que não
poderá vender seus ativos em seu mercado normal.
• Valores descontados de entradas de caixa futuro – fluxo de caixa
descontado: o conceito de fluxo de caixa descontado está relacionado ao
valor presente de um fluxo de caixa futuro, descontado a uma determinada
taxa e tempo. Porém, o desconto compreende não apenas um estimado
interesse verdadeiro, que é o custo de oportunidade do dinheiro, mas também
um estimado da probabilidade de cobrar o valor previsto. É importante
ressaltar que a utilização de uma taxa de desconto a valor presente somente
pode ser validada quando os recebimentos futuros de dinheiro ou equivalente
forem conhecidos, ou quando os valores estimados garantirem um alto grau de
certeza (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Para a aplicação deste método são
necessárias as seguintes informações:
• Importância ou montante que será recebido;
• Fator de desconto – taxa de juros;
• Tempo ou período compreendido para pagamento.

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

De posse dessas informações e aplicando-se o método do fluxo de caixa


descontado, os ativos são representados pelos futuros recebimentos líquidos de
dinheiro, os quais decorrentes dos produtos/serviços potenciais.

O Passivo e sua Mensuração


De acordo com Hendriksen e Breda (1999), o passivo é conceituado como:
“Sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos resultantes de obrigações
presentes de uma entidade no sentido de transferir ativos ou serviços para outras
entidades no futuro em consequência de transações e eventos passados”.

O passivo também é reconhecido como uma exigibilidade da empresa perante


terceiros. Nesse contexto, as obrigações registradas no passivo contemplam
tais exigibilidades. Para Hendriksen e Breda (1999) a mensuração de passivos
ocorre quando:
• Geram os benefícios econômicos esperados;
• São passíveis de mensuração;
• São relevantes e precisos;
• Em geral, são medidos pelo valor presente das saídas de caixa, futuras e esperadas.

Principais Características do Passivo


Hendriksen e Breda (1999, p. 410) relacionaram, segundo a visão do Financial
Accounting Standards Board (Fasb), as principais características de passivos:
• Para que um passivo possa ser reconhecido, a obrigação deve existir no
presente momento, resultante de uma transação ou um evento passado;
• A obrigação pode derivar da aquisição de bens ou serviços, de perdas incorridas
quando a empresa assume obrigações, ou expectativas de perdas pelas quais
essa organização se comprometeu;
• Obrigações ou deveres equitativos e construtivos devem ser incluídos, caso
sejam baseados na necessidade de realização de pagamentos futuros para
manter boas relações comerciais ou estejam de acordo com práticas negociá-
veis normais;
• Não pode haver nenhuma liberdade para evitar o sacrifício futuro. Assim, é
necessário o seu reconhecimento como sacrifício futuro provável, embora o
valor da obrigação ainda não seja conhecido com certeza;
• Normalmente, a exigibilidade requer uma data conhecida para vencimento, ou
caso não seja conhecida no presente que se tenha uma expectativa que este se
dará em algum momento específico de tempo.

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Encerramento de Passivos
Uma vez reconhecido e mensurado um passivo, após o seu pagamento ou
liquidação, pode-se, na contabilidade, encerrar essa obrigação.

Iudícibus e colaboradores (2009) afirmam que a liquidação de uma dívida,


obrigação ou exigibilidade pode ocorrer de diversas formas, a saber:
• Pagamento em dinheiro;
• Transferência de outros ativos;
• Execução de serviços;
• Substituição de uma exigibilidade por outra; e
• Conversão da exigibilidade em capital ou outro item do patrimônio líquido.

Para Hendriksen e Breda (1999, p. 416-418) o encerramento de passivos


poderá ocorrer das seguintes formas:
• Extinção da dívida, quando ocorre o seu pagamento;
• Reestruturação da dívida: perdão integral ou parcial de dívidas por parte
do credor;
• Desoneração em substância: utilização de dinheiro ou outros ativos apli-
cados em fundos pelo devedor no intuito de tais resgates serem utilizados
exclusivamente para cumprir as obrigações de pagamento de juros e amor-
tização de dívida contraída e reconhecida no passivo;
• Desoneração instantânea: advém de emissão de títulos de dívida e reserva de
dinheiro por parte do devedor com o objetivo de resgate da referida dívida na
época mais apropriada. A intenção é tirar proveito de diferenciais de taxas de
juros existentes nos principais mercados monetários a fim de não prejudicar
ou afetar o balanço.

A estrutura patrimonial de uma entidade representada pelos ativos, passivos


e patrimônio líquido constituem, assim, o que na Contabilidade chama-se con-
tas patrimoniais.

No primeiro momento, a equação bens + direitos (-) obrigações resulta no


patrimônio da empresa. No entanto, para se constituir, uma organização necessita
de investimentos de sócios ou do proprietário para que a empresa possa iniciar as
suas atividades. Desse modo, o patrimônio da entidade pode ser formado por:
• Investimento inicial de capital por parte dos sócios;
• Aumento de capital ou promessa de investimentos futuros por parte dos sócios;
ou ainda
• Confronto entre as contas de receitas e as contas de despesas, dentro do
período contábil.

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

Você percebeu que agora temos dois novos conceitos?

As receitas e despesas de uma entidade são conhecidas como contas de resultado


e sua origem está relacionada à atividade da empresa. Para melhor entendimento,
vamos a um exemplo:

João e José se organizaram e planejaram abrir uma empresa para a produção de


sapatos na região da Grande São Paulo. Para que esse projeto fosse colocado em
prática, os dois investiram R$ 100.000,00. Após toda a formalização do negócio e
registro nos órgãos competentes, a empresa de João e José iniciou suas atividades
operacionais e administrativas. Toda a produção de sapatos que foi finalizada e
transferida para estoque, no decorrer do exercício social da empresa – período de
doze meses – foi vendida. No final do período contábil, foram contabilizadas as
vendas, os custos e as despesas envolvidas no processo de produção da empresa.

Na contabilidade foram apurados R$ 30.000,00 de receitas e R$ 10.000,00 de


despesas. Assim, o resultado obtido pelas vendas dos sapatos foi de R$ 20.000,00.

Pode-se afirmar, portanto, que o lucro obtido na empresa de João e José foi de
R$ 20.000,00.

Importante! Importante!

Agora que você já sabe a composição do resultado da empresa de João e José,


entenderemos melhor os conceitos que estão relacionados à essa parte da contabilidade.

Receitas e Ganhos
Hendriksen e Breda (1999, p. 223) asseveram que receitas podem ser definidas
como o produto gerado por uma empresa, de modo que são medidas em termos
de preços correntes de troca.

Já Iudícibus (2010), em sua definição para receitas, aborda mais os aspectos


de quando reconhecer a receita e em que montante, do que na caracterização de
sua natureza:
Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob forma
de dinheiro ou direitos a receber, correspondente, normalmente, à venda
de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita
também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e de
outros ganhos eventuais (IUDÍCIBUS, 2010, p. 164).

Os ganhos diferenciam-se das receitas e das despesas por ficarem superficiais


às atividades operacionais ou básicas da empresa. “Um ganho representa um re-
sultado líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às
operações normais da empresa” (IUDÍCIBUS, 2010).

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Despesas e Perdas
Despesas
Entende-se por despesa o consumo de bens ou serviços que, direta ou indi-
retamente, contribuem para a realização de uma receita. Diminuindo o ativo ou
aumentando o passivo, uma despesa é realizada com a finalidade de se obter uma
receita, cujo valor se espera superior à diminuição que provoca no patrimônio lí-
quido (IUDÍCIBUS, 2010).

Para Marion (2011) despesas estão relacionadas a sacrifícios de ativos realizados


em troca da obtenção de receitas, cujo resultado dessa receita espera-se que seja
maior ou que supere as despesas.

Hendriksen e Breda (1999, p. 232) referem-se à despesa como um conceito


de fluxo, representando, porém, as variações desfavoráveis dos recursos da
organização, ou seja, são as reduções de lucro. Nesse tocante, os autores afirmam
que nem todas as despesas constituem o uso ou o consumo de bens e serviços no
processo de obtenção de receitas.

Perdas
O sentido de despesa inclui as perdas cuja definição do autor está relacionada
ao efeito líquido desfavorável e que não surge das operações normais da empresa.
“As perdas incluem outros itens que também impactam Ativo e Patrimônio Líquido
da mesma forma que as Despesas” (IUDÍCIBUS, 2010).

Como exemplo, esse autor cita itens relacionados a desastres, inundações,


incêndios etc. Percebe-se que tais exemplos não são esperados e contemplados
em operações normais da organização.

Resultado
Caso as receitas obtidas superem as despesas incorridas, o resultado do período
contábil será positivo – lucro –, provando, assim, um aumento no patrimônio líquido.
Se as despesas forem maiores que as receitas, tal fato ocasionará um prejuízo que
diminuirá o patrimônio líquido.

Para que haja condições de análise e informações detalhadas dentro de uma


empresa, receitas e despesas constituem apenas os grupos principais, sendo
desdobradas em cada classe, em diversas contas componentes, segundo a natureza
e o tipo de cada uma das quais. Exemplo:

Quadro 2
Receitas Despesas
Venda de serviços Aluguel
Venda de mercadorias Salários

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Receitas Despesas
Comissões Telefonia
Aplicações financeiras Combustível
Juros – quando a empresa recebe juros Juros – quando a empresa paga juros

Período Contábil
Período contábil é o espaço de tempo escolhido para que a contabilidade mostre
a situação patrimonial e financeira na evolução dos negócios da empresa. Quando
esse período corresponde a um ano, é também chamado de exercício social.
Para finalidades externas, o período é normalmente de um ano e, muitas vezes,
corresponde ao ano-calendário.

Regime Contábil
É o período utilizado obrigatoriamente pela contabilidade. Segundo os princípios
contábeis, os mais utilizados são o regime de competência e o regime de caixa.

Regime de Competência
No regime de competência as receitas e despesas devem ser contabilizadas no
momento de cada ocorrência, tal procedimento segue a norma estabelecida no
Artigo 9º da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) n.º 750/93.

Princípio de competência: as receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de


Explor

cada ocorrência, independentemente de seu recebimento.

É fato que o princípio da competência está relacionado ao reconhecimento


das receitas realizadas, incorridas em determinado período – e não em seu
recebimento. Dessa forma e respeitando o regime de competência, as receitas
serão contabilizadas no momento em que houver a transferência do bem ou serviço
para terceiros, sendo os pagamentos realizados à vista ou a prazo.

Regime de Caixa
Neste regime são consideradas como receitas e despesas do exercício aquelas
efetivamente recebidas ou pagas dentro desse período e recebidas pelo caixa
da empresa.

Embora não seja aceito oficialmente, o regime de caixa é praticado em empresas


sem fins lucrativos, nas pequenas e microempresas e é também um instrumento
valioso para as tomadas de decisões.

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Encerramento das Contas de Receita
e Despesa
No encerramento do exercício social da empresa as contas de receitas e despesas
com seus respectivos saldos são transferidas para o resultado do exercício, ou seja,
obtém-se o lucro ou prejuízo de um exercício.

De forma geral, pode-se apresentar a seguinte equação:


• Receitas = 100.000,00
• Despesas = 80.000,00
• Resultado do exercício = 100.000,00 (-) 80.000,00
• Resultado do exercício = 20.000,00

É necessária também a demonstração do resultado do exercício, onde aparecerão,


detalhadamente e dentro de critérios de classificação, as contas de receitas, despesas
e o lucro ou prejuízo líquido. Uma forma simples de se apresentar a demonstração
do resultado do exercício é a seguinte:

Quadro 3
Receitas operacionais
(-) deduções de receitas
= receitas operacionais líquidas
(-) custo das vendas
= resultado em vendas
(-) despesas operacionais
= resultado operacional
+/- receitas e despesas não operacionais
(incluindo ganhos e perdas)
= resultado antes do imposto de renda
(-) imposto de renda e contribuição social
= resultado líquido
Fonte: Marion (2011, p. 98).
Explor

Mas por que é necessária a elaboração da demonstração do resultado do exercício?

Finalidade da Demonstração do Resultado do Exercício


• Informar os acionistas e/ou quotistas sobre os resultados das operações;
• Possibilitar aos bancos a apuração da rentabilidade da empresa, para atender
aos financiamentos solicitados por esta;

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

• Informar os investidores em ações e debêntures;


• Informar os administradores para que estes façam as medições de sua eficiên-
cia e, quando necessário, alterem a política dos negócios da empresa como,
por exemplo, alterações de preços, aumentos de produção, expansão da pro-
paganda etc.

Você Sabia? Importante!

Que income é a palavra genérica, que engloba receitas e ganhos?


Que revenue significa receita derivante de atividades normais – vendas propriamente ditas?
Que gains são os ganhos extraordinários descritos acima?

Patrimônio Líquido
Em termos gerais, o patrimônio líquido pode ser considerado a diferença entre
o valor do ativo e do passivo de uma entidade em um determinado momento.
No entanto, esse conceito se restringe à teoria do proprietário, na qual o patrimônio
líquido da empresa pertence somente ao proprietário.

Contabilmente e de acordo com os princípios da Contabilidade, o patrimônio


dos sócios, acionistas, pessoas físicas e jurídicas não deve se confundir como
patrimônio da entidade, tal como se vê no Artigo 4º da Resolução n.º 750, de 29
de dezembro de 1993:
O princípio da entidade reconhece o patrimônio como objeto da Conta-
bilidade com a autonomia patrimonial. A necessidade da diferenciação
de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, in-
dependentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas,
uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou
sem fins lucrativos. Logo, o patrimônio particular de sócios e proprietá-
rios não se confunde com os da sociedade ou instituição.

Nessa perspectiva da teoria da entidade, a equação patrimonial é expressa em


ativo = passivo + patrimônio líquido da entidade (MARION, 2011).

Constituição do Patrimônio Líquido


De acordo com a Lei das sociedades por ações, o patrimônio líquido de uma
entidade é constituído por:
• Capital social: é a soma dos valores que os proprietários investiram;

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• Reservas de capital: constituídas com valores recebidos e que não transitam
pelo resultado como receitas;
• Ajustes de avaliação patrimonial: aumentos ou diminuições de valor atri-
buído a elementos do ativo e do passivo em decorrência de sua avaliação a
preço de mercado;
• Reservas de lucros: partes retiradas do lucro para finalidades legais e
societárias de provisão;
• Ações em tesouraria: tratam-se das ações da companhia que forem adquiridas
pela própria sociedade;
• Prejuízos acumulados: resultados obtidos sobre a aplicação do capital total
da empresa no mercado.

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UNIDADE Fundamentos da Teoria Contábil

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Teoria da Contabilidade
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. cap. 2.

  Sites
NPC - Normas e Procedimentos de Contabilidade
NORMAS e Procedimentos Contábeis (NPC) para receitas e despesas. Pronunciamento
do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), n. 14, 18 jan. 2001.
https://goo.gl/NdZw91

 Leitura
Mensuração e Avaliação do Ativo: Uma Revisão Conceitual e uma Abordagem do Goodwill e do Ativo Intelectual
ALMEIDA, A. G. M.; HAJJ, Z. S. El. Mensuração e avaliação do ativo: uma revisão
conceitual e uma abordagem do Goodwill e do ativo intelectual. Cad. Estud. São Paulo,
n. 16, jul./dez. 1997.
https://goo.gl/WZ2F0K

O IMPACTO DA LEI 11.638/07 NO MUNDO CONTÁBIL


ROSA, D. C. D.; FARIA, J. C. de. O impacto da Lei n.º 11.638 no mundo contábil. In:
Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, 14., e Encontro Latino Americano
de Pós-Graduação, 10., da Universidade do Vale do Paraíba. Anais... [2010].
https://goo.gl/JXG9KO

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Referências
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750, princípios
fundamentais de Contabilidade. Brasília, DF, 1993.

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. V. Teoria da Contabilidade. São Paulo:


Atlas, 1999.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

_______. et al. Introdução à teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MARION, J. C. Teoria da Contabilidade. ed. esp. São Paulo: Alínea, 2011.

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