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Contabilidade

Tributária
Material Teórico
Tributos diretos – Lucro real

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.a Esp. Nair Moretti Baradel

Revisão Técnica:
Prof.a Me..Graziela de Faria Santos Soares

Revisão Textual:
Prof. Esp. Kelciane da Rocha Campos
a
Tributos diretos – Lucro real

• Lucro real
• Ajustes ao lucro líquido
• LALUR - Livro de Apuração do Lucro Real
• Adicional do Imposto de Renda
• PAT - Programa de Alimentação ao Trabalhador

·· Conhecimento da legislação, análise e aplicação da tributação pelo sistema de


Lucro Real, opção pela forma trimestral ou anual, obrigatoriedade.

Bem-vindos!
Esta unidade apresenta o sistema de tributação do Imposto de Renda pelo lucro real, cujo objetivo
principal é transmitir, de forma clara e precisa, o funcionamento da legislação, a opção e a forma de
apuração baseados no lucro real trimestral ou anual, a utilização dos benefícios fiscais concedidos pela
legislação brasileira, quais são as despesas dedutíveis ou não dedutíveis, como são feitos os cálculos de
ajuste do lucro real e do imposto devido.
Não podemos deixar de mencionar que a legislação tributária no Brasil é bastante dinâmica e vive em
constante atualização, portanto é recomendável que se acompanhem as mudanças nas leis que regem
essa sistemática, para que nenhum detalhe de aplicação passe despercebido e coloque o contribuinte
em situação de contingência.
Não se esqueça de acessar o material didático, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas
para esta unidade. Em caso de dúvidas, coloque-as no fórum de discussão, pois estaremos em contato
permanente com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard.
Tenha um excelente aproveitamento e conte sempre com o tutor para sanar qualquer dúvida.
Bons estudos!

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Contextualização

Tributos diretos, o que vem a ser isso? São tributos que incidem diretamente sobre  o
contribuinte e cujo ônus, teoricamente, não é possível repassar para outrem. Isso pode acontecer
com a pessoa física, na retenção na fonte do Imposto de Renda (no trabalho assalariado) e,
também, com a pessoa jurídica, ou seja, quando a empresa tem por obrigação a tributação do
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ.
O Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas é um dos principais impostos e nesta unidade
trataremos da forma de tributação pelo lucro real.

é onde é exigida a forma de contabilização mais completa, sendo obrigatória a


Lucro real escrituração do Livro LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, além de maiores
controles contábeis e financeiros e obrigações acessórias.

Essa forma de tributação pelo lucro real, apesar de ser opcional para algumas empresas, é
obrigatória para empresas que tenham auferido, no ano anterior, receita superior ao valor de
R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) e para empresas cujas atividades estejam
relacionadas com bancos comerciais, de investimento, caixas econômicas, entre outros.
Diariamente estamos envolvidos com empresas que mantêm essa forma de tributação,
apesar de não nos darmos conta da importância da escolha de tributação.
Essa sistemática de apuração exige um controle bastante rígido quanto aos gastos da
empresa e quanto à documentação fiscal, pois é muito comum, dentro de uma empresa,
quando não se tem um comprovante hábil para uma despesa, o administrador lembrar que a
falta de comprovante hábil custará à empresa 33% de imposto.
Com esse contexto vivenciamos diariamente essa forma de tributação.
Um grande abraço e bons estudos!

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Lucro real

No cenário corporativo, sempre estamos em


contato com palavras como “lucro”, “prejuízo”,
“compensação” “dedutibilidade”, entre outras
palavras muito comuns quando se fala de lucro real.
A tributação pelo lucro real pode ser utilizada
por empresas de grande ou pequeno porte, porém
algumas empresas estão obrigadas a pagar seus
impostos por esse sistema, cuja obrigatoriedade está
Fonte: Thinkstock/Getty Images
descrita no Art. 14 da Lei no 9.718/98.

A Receita Federal define que lucro real é a base de cálculo do imposto sobre a renda,
a ser apurada com base nos registros contábeis e fiscais, obedecendo a forma sistemática
estabelecida pela legislação comercial e fiscal.
A apuração do lucro real é feita na parte A do Livro de Apuração do Lucro Real, mediante
adições e exclusões ao lucro líquido de um determinado período, podendo ser anual ou
trimestral, do imposto e compensações de prejuízos fiscais autorizadas pela legislação do
imposto de renda, de acordo com as determinações contidas na Instrução Normativa SRF nº
28, de 1978, e demais atos legais e infralegais posteriores.
Quando a Receita Federal define lucro real como lucro ou prejuízo apurado na escrituração
comercial, existe o pressuposto das seguintes considerações em relação às pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro real quanto à escrituração comercial que compreende toda a documentação
comprobatória dos fatos escriturados:
• que elas são obrigadas a mantê-la em boa ordem e guarda;
• que elas devem observar as leis comerciais e fiscais; e
• que elas devem observar os princípios contábeis.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Apuração do lucro real: obrigatoriedade

Uma das principais características do lucro real é


a sua obrigatoriedade para alguns tipos de pessoas
jurídicas, conforme estabelece o artigo 246 do
Regulamento do Imposto de Renda (artigo 14 da Lei
nº 9.718, de 1998):

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:

I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$


78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número
de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela
Lei nº 12.814, de 2013) (Vigência)

II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos


de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de
seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais


relativos à isenção ou redução do imposto;

V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal


pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996;

VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços


de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários,


financeiros e do agronegócio. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010.)
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9718compilada.htm. Acesso em: 16 jul. 2015.

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Possibilidade de opção pelo lucro real
Pode ocorrer que uma pessoa jurídica faça a opção de apurar o seu resultado pelo lucro
real, mesmo ela não tendo tal obrigatoriedade.
A empresa pode apresentar um lucro pequeno ou até mesmo um prejuízo (o que a
desobrigaria à opção pelo lucro real), porém ela recorre à apuração do resultado pelo lucro
real tendo em vista um planejamento tributário/fiscal, pelo qual ela pode obter uma economia
tributária, lembrando, porém, que deverão ser considerados aspectos de mudanças nos
controles e obrigações acessórias para atendimento ao sistema.
No caso de opção pelo lucro real, esta poderá ser feita no início do ano, com o pagamento
do primeiro imposto, com o código da receita do sistema escolhido.

PIS e COFINS no lucro real


As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real recolhem o PIS e a COFINS pelo sistema não
cumulativo, em que é possível tomar crédito dos impostos pagos nas operações anteriores.
As alíquotas são:
• 1,65% para o PIS.
• 7,6% para a COFINS.
Os créditos serão nesses percentuais, independentemente da forma de tributação da
empresa vendedora.

Determinação do lucro real


Para determinar o valor do lucro real, as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real têm como
ponto de partida o balanço anual levantado no dia 31 de dezembro ou, ainda, o levantamento
de balanços ou balancetes trimestrais na forma da Lei 9.430/96.

Diálogo com o Autor


O lucro real é apurado a partir do resultado contábil do período-base, que pode
ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Logo, pressupõe escrituração contábil
regular e mensal (FABRETTI, 2013, p. 224).

Conforme Art. 248 do RIR/99:


O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional
(Capítulo V), dos resultados não operacionais (Capítulo VII), e das participações,
e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 1º, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18,
e Lei nº 9.249, de 1995, art. 4º).

A legislação fiscal determina que as despesas não reconhecidas como dedutíveis devem
ser adicionadas ao lucro líquido do período, assim como as receitas que não sejam tributáveis
devem ser excluídas, para que o lucro real seja apurado. De forma geral, podemos dizer que
as despesas que não estão relacionadas com o objetivo social da empresa não poderão ser
consideradas despesas.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Ajustes ao lucro líquido

Sabemos que as empresas, em geral, registram diversas receitas e despesas que fazem parte
do seu sistema de informação contábil, econômico e financeiro. Contudo, a legislação fiscal
restringe algumas despesas que podem ser contabilizadas, ou seja, não aceita a sua dedução do
lucro contábil para fins de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro.
Essas limitações podem ser classificadas como diferenças permanentes e diferenças
temporárias.

Diferenças permanentes
São as despesas e receitas que não são dedutíveis naquele momento, e jamais serão. Da mesma
forma, existem as receitas que não são tributáveis atualmente e também não serão no futuro.

Exemplos
• Receitas de dividendos recebidos de outras sociedades;
• Despesas com multas por infração de trânsito.

Diferenças temporárias
São as despesas e as receitas que não são dedutíveis naquele momento, porém poderão ser
no futuro, desde que cumpridos os ordenamentos legais. Da mesma forma, existem as receitas
que não são tributáveis atualmente, mas serão no futuro.

Exemplos
• Receita da venda de imóveis (para empresas do ramo
imobiliário); ainda que tenha contabilizado o lucro pelo
regime de competência, o lucro pelo recebimento
(regime de caixa) poderá ser tributado;
• Despesas de amortização de ágio na aquisição de
investimentos avaliados pelo método da equivalência
patrimonial. Não é dedutível na data da contabilização,
porém será quando da venda ou baixa do investimento.

Para controlar essas despesas e receitas, foi criado pela legislação fiscal e tributária o livro
LALUR - Livro de Apuração do Lucro Real.

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LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real

O LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real deve ser escriturado por todas as
pessoas jurídicas que são contribuintes do imposto de renda com base no lucro real. Essa
regra, inclusive, aplica-se àquelas pessoas jurídicas que fizeram a opção pelo lucro real de
forma espontânea.
A criação do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR ocorreu através do Decreto-lei
n 1.598, de 1977, em obediência ao § 2º do art. 177 da Lei no 6.404, de 1976, tendo em
º

vista a apuração extracontábil do lucro real. Esse lucro submete-se à tributação do Imposto de
Renda, que ocorre a cada período de apuração, e pode conter, ainda, elementos que poderão
afetar o resultado de períodos de apuração futuros (RIR/1999, art. 262). Nele são feitos os
ajustes ao lucro líquido do período para fins de apuração do lucro real, que serão compostos
de adições, exclusões ou compensações, que serão escriturados nas partes “A” e “B” (sendo
a primeira subdivida em duas outras partes), a partir do lucro contábil antes da constituição da
provisão para o Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro.
A Lei 7.689, de 15 de dezembro de 1988, instituiu a Contribuição Social sobre o lucro
líquido – CSLL. De maneira semelhante ao Imposto de Renda, a Contribuição Social sobre o
lucro líquido – CSLL era registrada a débito no resultado e a crédito no passivo da empresa,
intitulada provisão para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Embora o valor
desse tributo fosse deduzido do resultado contábil (valor a ser deduzido do resultado antes
da Provisão para o Imposto de Renda), para efeito de apuração do lucro real, a parcela de
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL é considerada como despesa não dedutível.
O LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real é composto por duas partes: a parte “A” e
a parte “B”.

Parte “A” do LALUR


Na parte A do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) estarão demonstrados os ajustes do
lucro líquido do período (adições, exclusões e compensações), tendo como fecho a transcrição
da demonstração do lucro real.
Alguns detalhes devem ser observados quando da escrituração da parte A do LALUR:
• Escrituração em ordem cronológica;
• Folha após folha;
• Sem intervalos nem entrelinhas;
• Encerrada período a período;
• Com a transcrição da demonstração do lucro real.
A conclusão da escrituração de cada período acontece com assinatura do responsável pela
pessoa jurídica e do contabilista legalmente habilitado.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Adições
São valores registrados como despesa na contabilidade da empresa, mas a legislação fiscal não
permite a sua dedução do lucro. Como esse valor (despesa) deve ser retirado do resultado contábil,
consequentemente o lucro aumenta, daí configura-se como uma ADIÇÃO ao lucro líquido.
Também serão adicionadas as receitas exigidas pelo fisco e não contabilizadas em receita.
Podemos exemplificar quando a empresa não registra na contabilidade em receita, mas o
Fisco exige seu reconhecimento para fins fiscais. Como não está contemplado no resultado da
empresa, se fosse incluído representaria uma adição.
Art. 249 do Decreto-lei nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do
Imposto de Renda – RIR):

Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido


do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º):
I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer
outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este
Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real;
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos
na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser
computados na determinação do lucro real.
Parágrafo único. Incluem-se nas adições de que trata este artigo:
I - ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias tiradas dos
lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento do capital,
para distribuição de quaisquer interesses ou destinadas a reservas, quaisquer que
sejam as designações que tiverem, inclusive lucros suspensos e lucros acumulados
(Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas “f”, “g” e “i “);
II - os pagamentos efetuados à sociedade civil de que trata o § 3º do art. 146
quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que
sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar
os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das
referidas pessoas (Decreto-Lei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, art. 4º);
IV - as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia
(day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei nº 8.981, de
1995, art. 76, § 3º);
V - as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores,
ressalvado o disposto na alínea “a” do inciso II do art. 622 (Lei nº 9.249, de
1995, art. 13, inciso IV);
VI - as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear
seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos
da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da
pessoa jurídica (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso V);

VII - as doações, exceto as referidas nos arts. 365 e 371, caput (Lei nº 9.249,
de 1995, art. 13, inciso VI);

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VIII - as despesas com brindes (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VII);

IX - o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo


ou despesa operacional (Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, art. 1º,
caput e parágrafo único);

X - as perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda


variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações
(Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 4º);

XI – o valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –


COFINS, compensada com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo
com o art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998 (Lei nº 9.718, de 1998, art. 8º, § 4º).
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm Acesso em 20 jul. 2015.

Nesse mesmo Decreto-lei nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de


Renda – RIR), porém, no artigo 250 são apresentadas as possíveis exclusões ao lucro líquido:

Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro


líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º):

I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham
sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração;

II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos


na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam
computados no lucro real;

III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada


a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e
exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os
livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo
fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515
(Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único).

Parágrafo único. Também poderão ser excluídos:

a) os rendimentos e ganhos de capital nas transferências de imóveis


desapropriados para fins de reforma agrária, quando auferidos pelo
desapropriado (CF, art. 184, § 5º);

b) os dividendos anuais mínimos distribuídos pelo Fundo Nacional de


Desenvolvimento (Decreto-Lei nº 2.288, de 1986, art. 5º, e Decreto-Lei nº
2.383, de 1987, art. 1º);

c) os juros produzidos pelos Bônus do Tesouro Nacional - BTN e pelas Notas


do Tesouro Nacional - NTN, emitidos para troca voluntária por Bônus da Dívida
Externa Brasileira, objeto de permuta por dívida externa do setor público, registrada
no Banco Central do Brasil, bem assim os referentes aos Bônus emitidos pelo
Banco Central do Brasil, para os fins previstos no art. 8º do Decreto-Lei nº 1.312,
de 15 de fevereiro de 1974, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.105, de
24 de janeiro de 1984 (Lei nº 7.777, de 19 de junho de 1989, arts. 7º e 8º, e
Medida Provisória nº 1.763-64, de 11 de março de 1999, art. 4º);

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

d) os juros reais produzidos por Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidas


para troca compulsória no âmbito do Programa Nacional de Privatização -
PND, controlados na parte “B” do LALUR, os quais deverão ser computados
na determinação do lucro real no período do seu recebimento (Lei nº 8.981,
de 1995, art. 100);
e) a parcela das perdas adicionadas conforme o disposto no inciso X do parágrafo
único do art. 249, a qual poderá, nos períodos de apuração subsequentes, ser
excluída do lucro real até o limite correspondente à diferença positiva entre os
ganhos e perdas decorrentes das operações realizadas nos mercados de renda
variável e operações de swap (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 5º).
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm . Acesso em 20 jul. 2015.

Parte “B” do LALUR


A parte B do LALUR é destinada exclusivamente ao controle dos valores que não constem da
escrituração comercial, mas que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos futuros.
Na sua parte B, utilizando-se uma folha para cada conta ou fato que requeira controle
individualizado, são registrados todos os lançamentos que podem afetar a base fiscal de
períodos posteriores, tais como as despesas que representam adição temporária, pois em
algum momento, posteriormente, essa despesa poderá ser dedutível.
Uma despesa de Perdas de Devedores Duvidosos - PDD, por exemplo, embora não seja
dedutível quando de sua constituição, representa uma adição temporária, mesmo porque
somente duas coisas podem acontecer com o referido cliente, sobre o qual se constituiu a
provisão: pagar ou não pagar. No caso do pagamento, a provisão poderá ser revertida, gerando
uma receita de reversão, que não é exigida pelo Fisco, sendo excluída no LALUR, desde que
a despesa de PDD esteja registrada na parte B. Se o cliente não pagar, a empresa confirmará
a despesa e reconhecerá a provisão já efetuada, realizando a baixa da conta retificadora do
ativo (PDD) contra a conta de ativo (contas a receber) e deduzirá essa despesa na base do IR
tão logo ela atinja os prazos definidos na Lei n° 9.430/96.
Também na parte B são escriturados os prejuízos fiscais apurados que serão compensados em
períodos futuros. Em virtude da limitação de compensação de somente 30% do valor do lucro do
período seguinte, esse controle dos prejuízos na parte B do LALUR ganha ainda mais importância.
Também são registrados na parte B os valores do incentivo fiscal para o Programa de
Alimentação ao Trabalhador - PAT, que, devido à sua limitação percentual, podem ser
aproveitados em dois anos subsequentes.

O Lalur é destinado a registrar valores que,


por sua natureza eminentemente fiscal, não
devam constar da escrituração comercial.
Assim, não pode ser utilizado para suprir
deficiências da escrituração comercial
(registrar despesas não constantes da
escrituração comercial ou insuficientemente
registradas) (PN CST no 96, de 1978; e PN
CST no 11, de 1979).

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Atualmente, a Receita Federal já disponibiliza a escrituração do LALUR mediante a utiliza-
ção de sistema eletrônico de processamento de dados. Mesmo assim, ao utilizar o sistema eletrô-
nico, na escrituração, as folhas deverão ser numeradas, obedecerão à ordem sequencial, mecânica
ou tipograficamente, e o Livro conterá termos de abertura e encerramento (RIR/1999, arts. 255
e 263; IN SRF no 68/1995; e Portaria Cofins no 13, de 1995). É dispensado o registro do Lalur
em qualquer órgão ou repartição (IN SRF nº 28, de 1978, item 1.3).
O LALUR deverá ser entregue anualmente por meio do SPED.De forma bastante simples,
a apuração do lucro real será:
• Lucro líquido antes do IR...........142.000,00
• + Adições.....................................30.000,00
• (-) Exclusões................................22.000,00
• = Lucro real...............................150.000,00

Portanto, nesse exemplo, o valor de R$ 150.000 será a base de cálculo do Imposto de Renda
e do adicional do Imposto de Renda, conforme a forma de tributação anual ou trimestral.

DRE
....
....
....
....
LALUR LALUR
....
Livro de Apuração
L.L.A.I.R L.L.A.I.R
do Lucro Real
.... (+) Adições
.... (-) Exclusões
L.L.A.I.R
(=) Lucro real Lucro Líquido antes
Provisão IRPJ
Cálculo do IRPJ do Imposto de Renda

Lucro líquido

Lançamentos no LALUR
Segundo o regime de tributação adotado pelo contribuinte, os lançamentos serão efetuados
como a seguir:
Segundo a orientação da Receita Federal, quando da apuração da parte “A”, os ajustes
ao lucro líquido do período serão feitos no curso do trimestre, ou na data de encerramento
deste, no momento da determinação do lucro real. Na parte B, concomitantemente com os
lançamentos de ajustes efetuados na parte A, ou ao final do período de apuração.
No caso de levantamento de balanços ou balancetes para fins de suspensão ou redução
do imposto de renda, as adições, exclusões e compensações computadas na apuração do
lucro real deverão constar, discriminadamente, na parte A, para elaboração da demonstração
do lucro real do período em curso, não cabendo nenhum registro na parte B. No final do
exercício, com a apuração do lucro real anual, deverão ser efetuados todos os ajustes do lucro
líquido do período na parte A, bem como os lançamentos na parte B.
Alíquotas aplicadas:
• 15% - Imposto de Renda.
• 10% - Adicional do Imposto de Renda.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Adicional do Imposto de Renda

O adicional do Imposto de Renda deverá incidir sobre a parcela do lucro real, presumido ou
arbitrado que exceder o valor da parcela de R$ 20.000,00, que deverá ser multiplicada pelo
número de meses que compõem o período de apuração do resultado.

No trimestral, o limite será de R$ 60.000,00, enquanto no anual será de R$ 240.000,00.

Apuração do lucro real


As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão optar entre recolher os impostos
pela apuração trimestral ou pela apuração anual.

Lucro real trimestral


No lucro real trimestral, o Imposto de Renda e o adicional são calculados com base no
resultado apurado em cada trimestre civil de forma isolada, sendo que nessa modalidade
haverá, durante o ano, quatro apurações definitivas.
A opção por essa modalidade deve ser vista com bastante cautela, pois como a apuração
dos lucros e/ou prejuízos são apurados trimestralmente de forma definitiva, não será possível
compensar integralmente os prejuízos acumulados no ano.

Momento da opção
O momento da opção pela apuração trimestral ocorrerá na apuração do lucro real de
cada trimestre: 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, cujo imposto
apurado poderá ser pago em 3 parcelas, sendo que no caso de pagamento parcelado a
primeira parcela não terá qualquer acréscimo e a partir da segunda terá os acréscimos
determinados em lei.

Apuração e o pagamento do imposto


A apuração do lucro real trimestral é feita através do levantamento do balancete do trimestre,
efetuando os ajustes de adições, exclusões ou compensações ao lucro líquido do período para
fins de apuração do lucro real.
Caso sejam apurados prejuízos no trimestre, estes poderão ser compensados até o limite de
30% dos lucros líquidos ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação, apurados
nos períodos seguintes.
O imposto apurado e devido no trimestre deverá ser pago até o último dia do mês subsequente
ao trimestre encerrado; ainda assim, a legislação permite que o imposto devido no trimestre
encerrado seja pago em três parcelas ou quotas mensais iguais e sucessivas, vencíveis no último
dia dos três meses subsequentes ao encerramento do trimestre, porém com a observação das
regras de valores mínimos e da correção dos valores parcelados.

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Compensação dos prejuízos
Poderá ocorrer a compensação dos prejuízos de períodos anteriores até o limite de 30%
dos lucros líquidos ajustados pelas adições e exclusões, conforme prevê a legislação vigente,
apurados nos períodos seguintes.

Dessa forma, no lucro real trimestral, o lucro do trimestre anterior não poderá ser
compensado com o prejuízo fiscal de trimestres seguintes, mesmo dentro do ano-
calendário. Os prejuízos não poderão ser compensados na sua totalidade, pois se no
primeiro trimestre a empresa tiver um prejuízo de R$ 50.000,00 e no trimestre seguinte a
mesma empresa tiver um lucro de R$ 20.000,00, mesmo ainda estando com um prejuízo
acumulado de R$ 30.000,00 no semestre, ela terá de pagar Imposto de Renda sobre R$
14.000,00, pois nesse sistema só poderá compensar 30% do lucro de R$ 20.000,00, que
corresponde a R$ 6.000,00.

O imposto a pagar, apurado em cada trimestre, poderá ser pago em uma quota única no
mês seguinte ao trimestre, sem qualquer acréscimo, ou em três quotas mensais com juros pela
taxa SELIC até o mês anterior ao do pagamento e de 1% nesse mês.

Escrituração do Livro de Inventário


No lucro real trimestral, existe a obrigatoriedade da escrituração do livro inventário, ao
final de cada trimestre. Isso porque esse lucro é definitivo, portanto trimestralmente deve-se
escriturar o Livro.

Lucro real anual


A pessoa jurídica optante pelo lucro real anual deverá efetuar, mensalmente, o pagamento
do Imposto de Renda, a ser calculado pela forma estimada ou com base no balancete, conforme
estabelecido pelo regulamento do Imposto de Renda.
Os percentuais utilizados para determinação da receita bruta que será a base de cálculo
do imposto de renda são os mesmos utilizados para as pessoas jurídicas tributadas pelo
lucro presumido.
Caso a empresa seja composta por diversas atividades, será aplicado o percentual
correspondente a cada atividade. Assim, se a pessoa jurídica auferiu receita da venda de
mercadorias e receita de prestação de serviços de manutenção, sobre a receita da venda de
mercadoria será percentual de presunção de 8%, enquanto para a receita de manutenção será
aplicado o percentual de 32%.
Caso a empresa não demonstre, por meio de balanço ou balancete mensal, a apuração de
prejuízo fiscal, a falta de pagamento mensal sujeitará à multa isolada lançada de ofício, ainda que
tenha apurado prejuízo fiscal ao final do ano-calendário (art. 44 § 1o, IV, da Lei nº 9.430/96).
A Receita Federal definiu, por meio do ADN nº 6, de 13-01-97, que a atividade de
construção por empreitada deverá ser aplicado o percentual de 8% sobre a receita bruta
quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade, e de 32% quando houver
emprego unicamente de mão de obra, ou seja, sem a aplicação de materiais.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

O art. 3o, §7o, da IN nº 93/97, dispõe que sobre as receitas auferidas nas atividades de
loteamento de termos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos
para revenda será aplicado o percentual de 8%, considerando como receita bruta o montante
efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas.
As receitas obtidas com atividade incentivada não irão compor a base de cálculo de
imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de
tributação com base no lucro real, fizer jus. Dessa forma, como exemplo, a pessoa jurídica
instalada na região da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) ou
SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) com isenção de 100%
sobre o lucro da exploração, não incluirá na base de cálculo do imposto de renda a
receita bruta da atividade incentivada. Se a empresa tiver direito apenas à redução de um
percentual, o resultado da aplicação desse percentual será excluído da receita bruta da
atividade incentivada.
A legislação dispõe que o ganho de capital auferido na venda de bens do ativo permanente
para recebimento do valor integral ou em parte, após o término do ano-calendário seguinte ao
da contratação, deverá integrar a base de cálculo do imposto de renda mensal, podendo, para
efeito de determinar o lucro real, ser computado na proporção da parcela do preço recebido
em cada mês.

Momento da opção
Opção por estimativa com base nos balancetes mensais a partir do mês de janeiro ou do
início da atividade, sendo a opção feita durante o ano- calendário irretratável. Dessa forma, a
pessoa jurídica não poderá alterar a forma de tributação para o regime de apuração trimestral
e vice-versa. Entretanto, pode suspender ou reduzir o recolhimento por estimativa, caso os
valores recolhidos demonstrem ou excedam o valor do imposto devido.

Base de cálculo da estimativa mensal


A base de cálculo do imposto de renda com base na apuração anual, a ser pago mensalmente,
é o resultado da somatória de um percentual aplicado sobre a receita bruta do mês, acrescido de
ganhos de capital, demais receitas e resultados positivos, excetuados os rendimentos ou ganhos
tributados como de aplicações financeiras. Os percentuais aplicáveis sobre a receita bruta variam
de acordo com a atividade da pessoa jurídica e constam do art. 15 da Lei nº 9.249/95.

Receitas financeiras não são computadas


para obtenção da base de cálculo do Imposto
de Renda Apuração por estimativa.

Na sistemática de pagamento por Estimativa Mensal, a receita bruta deve compreender:


• O produto da venda de bens nas operações de conta própria;
• O preço dos serviços prestados;
• O resultado auferido nas operações de conta alheia.
Vale lembrar que o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados não deve compor a
receita bruta.

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Outro detalhe importante a ser observado são as exclusões a serem efetuadas do montante
da receita bruta:
• Vendas canceladas;
• Devoluções de vendas;
• Descontos incondicionais concedidos.
Desconto incondicional é aquele concedido independentemente de condição de prazo de
pagamento.
Não comporão a base de cálculo do imposto as receitas provenientes de atividade incentivada,
na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de tributação com
base no lucro real, fizer jus (Lei 9.249/1995, art. 15, § 3º).
Os rendimentos líquidos ganhos nas operações realizadas em bolsa de valores e os ganhos
de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza serão apurados e tributados
separadamente, e não integrarão a base de cálculo do Imposto de Renda, na declaração anual,
sendo que o imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração.
Quando do pagamento do imposto de renda mensal por estimativa, a pessoa jurídica
poderá deduzir o imposto retido na fonte sobre receitas, rendimentos ou ganhos computados
na apuração do imposto, porém o imposto retido sobre rendimentos ou ganhos de aplicações
financeiras somente poderá ser deduzido na declaração. A empresa poderá deduzir os incentivos
fiscais de que trata o art. 34 da Lei nº 8.918/95, com nova redação dada pela Lei 9.065/95.
A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
coeficiente indicado para a atividade sobre a receita bruta auferida mensalmente. Conforme
determinado na Lei 9.249/1995, art. 15, § 1º.
Dentre os coeficientes utilizados, podemos destacar:
• 1,6% revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico
carburante e gás natural;
• 8% para atividades em geral, tais como venda, revenda, transporte de cargas, atividades
imobiliárias, serviços hospitalares, atividade rural e outras;
• 32% para as atividades de serviços em geral, serviços prestados pelas sociedades civis de
profissão regulamentada, intermediação de negócios;
• 16% para atividades de serviços de transporte (exceto o de cargas), bancos comerciais,
de investimentos, de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras
de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros
privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta.
Também deverão utilizar o coeficiente de 16% as empresas prestadoras de serviços em
geral que auferirem receita bruta anual até R$ 120.000,00.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Exemplo de apuração de base de cálculo


Uma empresa em determinado mês obteve receitas de prestação
de serviços de manutenção no valor de R$ 100.000,00.
• Base de cálculo = receita do mês x coeficiente.
• Base de cálculo = R$ 100.000,00 x 8%.
• Base de cálculo = R$ 8.000,00.
Apuração do Imposto de Renda – Pessoa Jurídica
• R$ 8.000,00 x 15% = R$ 1.200,00.
• IRPJ devido por estimativa no mês R$ 1.200,00.

Compensação de Prejuízos
A empresa, na apuração do lucro real anual, poderá compensar integralmente os prejuízos
acumulados durantes os meses, com lucros apurados, desde que dentro do mesmo ano-
calendário. Assim, o lucro de janeiro poderá ser compensado com o prejuízo de fevereiro
ou dezembro, e o lucro de março poderá ser compensado com o prejuízo de qualquer mês.

Alíquota do Imposto de Renda e do Adicional


Assim como no lucro real trimestral, a alíquota do imposto de renda continua sendo 15%
e a do adicional 10%, mas o pagamento do adicional terá de ser feito mensalmente sobre a
parcela do lucro estimado que exceder R$ 20.000,00.
A partir de 01-01-98, as empresas que optarem pelo lucro real trimestral estão dispensadas
do pagamento estimado do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro referentes
às operações de janeiro e fevereiro.

Pagamento do imposto
As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base no lucro real anual deverão
recolher o Imposto de Renda mensalmente, calculado com base nas regras de estimativa.
O valor pago mensalmente a título de antecipação será recuperado no final do ano. A
contabilização será em conta do ativo em imposto de renda a recuperar. No final do exercício
contabiliza-se a provisão do Imposto de Renda no passivo circulante.
Deve ser feita a confrontação do ativo e passivo, para definição do saldo a pagar ou a recuperar.

Suspensão ou redução do imposto


A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual poderá suspender ou reduzir o pagamento
do imposto devido em cada mês, desde que, por meio de balanços ou balancetes mensais,
demonstre que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional,
calculado com base no lucro real do período em curso.
A suspensão ou redução do pagamento do Imposto é aplicável inclusive ao imposto do
mês de janeiro. Assim, se no mês de janeiro a empresa verificar, por meio de balanços ou
balancete, que teve prejuízo fiscal, não terá imposto a pagar. A faculdade de suspender ou
reduzir o pagamento está baseado na Lei 9.430/96, artigo 2º.

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O balanço ou balancete de suspensão ou de redução do imposto deverá compreender o
período entre 1o de janeiro do respectivo ano e a data da apuração do lucro. Assim, a pessoa
jurídica pagou o imposto dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril com base na receita
bruta e em 31 de maio levantou o balanço; o lucro real desse balanço terá de compreender o
período de 1º de janeiro a 31 de maio do respectivo ano.

O imposto de renda e o adicional do imposto de renda, calculados com base no lucro


real daqueles períodos, serão comparados com o imposto e o adicional pagos dos meses de
janeiro, fevereiro, março e abril. Se a soma dos pagamentos efetuados for maior que o imposto
devido apurado com base no balanço, a empresa não terá de pagar os impostos relativos às
operações de maio, porém se o imposto sobre o lucro apurado no balanço ou balancete for
um pouco maior, a empresa deverá pagar a diferença. O código da receita deverá ser sempre
o de pagamento estimado.

No balanço ou balancete de suspensão ou redução de pagamento apurado, o limite de


isenção do adicional corresponderá ao valor do resultado da multiplicação do limite mensal de
R$ 20.000,00 pelo número de meses que compõem o período desde janeiro até o mês do
balanço ou balancete, nesse caso 5 meses. Assim, o limite de isenção do adicional no balanço
de suspensão de 31 de maio será de R$ 100.000,00.

O balanço de maio não servirá para suspender ou reduzir o pagamento relativo ao mês de
junho. A empresa terá de levantar novo balanço ou balancete compreendendo o período de
1o de janeiro a 30 de junho. O imposto e adicional devidos são comparados com o imposto e
adicional pagos nos meses de janeiro a maio, e assim por diante.

Para a comparação, deverá ser considerado como imposto devido o resultado da aplicação
da alíquota do imposto sobre o lucro real, acrescido do adicional e deduzido, quando for o
caso, dos incentivos fiscais de dedução e de isenção ou redução.

Considera-se imposto de renda pago a somatória dos valores correspondentes aos impostos
de renda pagos mensalmente, retidos na fonte sobre receitas ou rendimentos computados na
determinação do lucro real do período; pago sobre os ganhos líquidos de renda variável ou
mesmo pagos a maior ou indevidamente em anos-calendário anteriores.

O balanço ou balancete de suspensão ou redução de pagamento do imposto terá de ser


transcrito no Livro Diário até a data fixada para pagamento do imposto do respectivo mês.

No lucro real anual, em caso de suspensão ou redução do imposto mensal, o §3o do art.
12 da IN nº 93, de 12/12/97, dispensa a escrituração do livro do inventário. Se a pessoa
jurídica possuir registro permanente de estoque, o §4o permite que o confronto entre a
contagem física e a escritural seja feito só no balanço de 31 de dezembro. Os saldos de
estoques do registro permanente, apurados no final de cada mês, servem para apuração
do lucro mensal.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Balanço anual
No final do exercício, deverá ser levantado o balanço anual, e a diferença entre o imposto
devido apurado de forma anual e o pago pelas importâncias estimadas será:
a) Havendo diferença ao recolher, a mesma deverá ser efetuada até o último dia do mês
de março, em uma única quota, acrescida de juros equivalentes à soma:
1) Taxa Selic a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao pagamento.
2) 1% no mês do pagamento.

b) Havendo recolhimento a maior entre o valor do imposto sobre o lucro real apurado
e o pago por estimativa, o mesmo poderá ser compensado a partir de janeiro do ano-
calendário seguinte.
De acordo com o artigo 858 do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda),
estabeleceu-se que a compensação será feita a partir de abril do ano subsequente ao do período
de apuração, entretanto a Secretaria da Receita Federal editou o Ato Declaratório Normativo
nº 3, de 7 de janeiro de 2000, estabelecendo que a compensação ou a restituição possa ser
feita a partir do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao período de apuração.
O balancete deverá ser levantado com as observações das leis comerciais e fiscais, transcrito
no livro-diário. O resultado contábil do período será ajustado pelas adições, exclusões e
compensações admitidas pela legislação do Imposto de Renda, resultando, assim, no lucro
real ou lucro tributável.
Nesse sistema, o livro de apuração do lucro real deverá ser escriturado mensalmente,
determinando a cada período ou mês um novo lucro real e considerando sempre os
resultados acumulados.

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PAT – Programa de Alimentação ao Trabalhador

O Programa de Alimentação ao Trabalhador, o PAT, é um dos incentivos que a legislação


permite que as empresas tributadas pelo lucro real possam deduzir do imposto de renda,
respeitando o limite estabelecido de até o valor equivalente a 15% do total das despesas de
custeio efetuadas no período de apuração.
Porém, o custo máximo da refeição será de R$2,49 (dois reais e quarenta e nove centavos),
no caso de o custo efetivo ter sido superior a esse valor. O valor mensal do benefício será
calculado mediante a aplicação da alíquota do imposto sobre o resultado da multiplicação
do número de refeições fornecidas em cada período de apuração, correspondente a 80% do
custo efetivo de cada refeição. No caso de o custo efetivo ser igual ou superior a R$2,49, o
valor mensal do benefício será calculado mediante a aplicação da alíquota do imposto sobre o
resultado da multiplicação do número de refeições fornecidas, no período de apuração, pelo
valor de $1,99 (um real e noventa e nove centavos) (IN RF n° 16, de 1992). A pessoa jurídica
que estiver apurando lucro real anual considerará como valor do benefício o resultado da soma
dos valores correspondentes aos meses do ano-calendário, observados os limites em relação
ao imposto devido.
A dedução do imposto de renda a este título não poderá exceder, isoladamente, a 4%
do imposto de renda devido, observado o disposto no § 4° do art. 3º da Lei nº 9.249, de
1995 (Lei n° 9.532, de 1997, art. 5° e art. 81, II). Para o cálculo do limite dessa dedução
deverá ser excluída, do imposto de renda devido, a parcela do imposto correspondente a
lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 9.430, de 1996, art.
16, § 4º). Eventuais excessos podem ser transferidos para dedução nos dois anos-calendário
subsequentes (Decreto nº 3.000, de 1999, art. 582).
Observando os limites acima mencionados e os requisitos normativos, o incentivo PAT
poderá ser deduzido do valor do imposto de renda devido mensalmente por estimativa, ainda
que calculado com base em balanços ou balancetes de suspensão ou redução do imposto
mensal e no valor devido apurado com base no lucro real anual ou trimestral.
Para aproveitar esse incentivo, o correto é fazer o cálculo entre as formas de apuração e
utilizar aquele que corresponder ao menor valor entre as três opções.
a) 15% (quinze por cento) sobre o resultado da multiplicação do número de refeições
fornecidas em cada trimestre, pelo valor equivalente a R$ 1,99 (um real e noventa e
nove centavos);
b) 15% (quinze por cento) sobre o valor total das despesas de custeio efetuadas no
período de apuração, observado o limite específico.
c) dedução do incentivo, diretamente do Imposto de Renda apurado, está limitada a 4%
(quatro por cento) do imposto em cada período, sem a inclusão do adicional, quando
devido (art. 6º da Lei nº 9.532/1997).

Saiba Mais
No site da Receita Federal
http://goo.gl/E7DuXW, podemos encontrar as considerações adicionais para o caso
de incentivos.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Exemplos práticos de cálculo do Imposto de Renda Pessoa


Jurídica – Sistema Lucro Real.
Lucro real trimestral
Considere as seguintes informações, em 30.06.20X4 de uma empresa
tributada pela apuração TRIMESTRAL DO LUCRO REAL.
Lucro líquido do período antes do IR......................... R$ 300.000,00.
Dividendos recebidos de participações societárias avaliadas pelo
Método de Custo.................................................. R$ 16.000,00.
Provisão para contingências..................................... R$ 30.680,00.
Despesas não relacionadas intrinsecamente com a atividade operacional
da empresa............................................................. R$ 76.000,00.
Prejuízos fiscais acumulados até 31.03.20X4........... R$ 145.000,00.
Considere as alíquotas: IRPJ 15%, Adicional 10% sobre o que exceder a
R$ 60.000 no trimestre.

Cálculo
– Lucro líquido antes do Imposto de Renda:............................R$ 300.000,00
– Adições:
– Provisão para contingências:.................................................R$ 30.680,00
– Despesas não relacionadas intrinsecamente ..............................R$ 76.000,00
– Exclusões:
– Dividendos recebidos participações societárias......................(R$ 16.000,00)
BASE DE CÁLCULO ANTES DA COMPENSAÇÃO.....R$ 390.680,00
– Compensação do prejuízo (limitado a 30%)............................(R$ 117.204,00)
– Base de cálculo.........................................................................R$ 273.476,00

Cálculo do Imposto de Renda e do Adicional


– Imposto de Renda............................ 273.476,00 x 15% = R$ 41.021,40
– Adicional do IR...............................213.476,00 x 10% = R$ 21.347,60.
TOTAL IMPOSTO DEVIDO............................................... R$ 62.369,00.

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Lucro real anual – Estimativa
Suponhamos que uma empresa, tributada pelo sistema de lucro real anual, apurando seu
Imposto de Renda pelo sistema de Estimativa, no mês de fevereiro de 20X4, apresente os
seguintes dados:

Receita total de vendas de produtos:................................R$ 289.750,00


IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados....................R$14.487,50
Receita de intermediação de negócios:.............................R$ 103.250,00
Rendimentos sobre aplicações financeiras:.......................R$3.180,00
IRRF sobre receitas de intermediação de negócios............R$1.548,75

Cálculo do Imposto de Renda


– Receita de venda de produtos.................................................289.750,00
– (-) IPI......................................................................................14.487,50
– Receita líquida de venda...............................275.262,50 x 8% = 22.021,00
– Receita de serviços.........................................103.250,00 x 32% = 33.040,00
BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA....................55.061,00
– Cálculo do Imposto............................................55.061,00 x 15% = 8.259,15
– Adicional do IR.................................................35.061,00 x 10% = 3.506,10
– IR DEVIDO.............................................................................11.765,25
– (-) IRRF.....................................................................................1.548,75
IMPOSTO DE RENDA A PAGAR.........................................10.216,50

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Material Complementar

Livros:
AVILA, H. Sistema constitucional tributário. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. (e-book).
BOMFIM, D. Tributação e livre concorrência. São Paulo: Saraiva, 2010. (e-book).
CHIMENTI, R. C.; TOLEDO. A. teoria e prática do direito tributário. 2 ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. (e-book).
LUZ, E. E. Contabilidade tributária. Curitiba: IBPEX, 2010. (e-book).
POLONIO, W. A. Terceirização: aspectos legais, trabalhistas e tributários. São Paulo:
Atlas, 2001. (e-book).

Sites:
Acesso à Legislação do LUCRO REAL pelo site da Receita Federal. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/orientacoes/lucroreal.htm
Acesso em: 22 nov. 2014.

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Referências

FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.


OLIVEIRA, L. M.; CHIEREGATO, R.; PEREZ JUNIOR, J. H.; GOMES, M. B. Manual de
contabilidade tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
PEGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2011.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Decreto
3.000/99. Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm. Acesso em 21 nov. 2014.

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Unidade: Tributos diretos – Lucro real

Anotações

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