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Demonstração dos Resultados

Conceito e determinação dos resultados do período


Os resultados conseguidos pelas diversas entidades – lucros ou
prejuízos – são um reflexo da atividade desempenhada pela sua
administração.
Podemos ver o conceito dos resultados segundo duas perspetivas:
A atividade operacional da entidade:
Pretende-se medir a utilização eficaz de recursos, no decurso da
atividade principal da entidade. Esta eficácia avalia-se através do valor
positivo dos resultados conseguidos num determinado período, em
comparação com:
 Os resultados obtidos em períodos anteriores;
 Os resultados previstos – estas previsões fazem-se quando se
aplica a gestão orçamental;
 Os resultados obtidos por entidades “modelo” do mesmo ramo
de atividade.
No âmbito do Sistema de Normalização Contabilística, coloca-se na DR o
“resultado operacional”, a qual se destina a registar, no fim do período,
os rendimento e os gastos da atividade regular de uma entidade. Em
resumo, pode-se dizer que o “resultado operacional” também é
classificado, muitas vezes, por “resultado económica”, e traduz os
rendimentos líquidos, provenientes da atividade básica de qualquer
entidade, ou seja, representa o resultado antes de “gastos de
financiamento” líquidos e do “imposto” sobe o rendimento do período.
O desempenho integral:
Foca-se sobre o reconhecimento e o registo contabilístico de todos os
rendimentos e de todos os gastos, de determinado período, quer
tenham sido provenientes de toda a atividade regular, quer não.
Ao nível do SNC, a conta “Resultado Líquido do Período” enquadra-se
neste último tipo de conceito, integrando, portanto, o valor da
diferença entre todos os rendimentos e gastos.
A determinação dos resultados de determinado período pode obter-se
de duas maneiras diferentes:
 Dinamicamente – quando há o reconhecimento dos rendimentos
e dos gastos do período, para a determinação dos “resultados
operacionais ou não operacionais”;
 Diferencialmente – calculando-se a diferença entre o capital
próprio do período n e do período n1, mas tendo em atenção uma
possível injeção de capital ou uma distribuição de dividendos.
o Esta alternativa é estática, pois a determinação do
resultado não evidencia a origem e a natureza das variações
do CP – alternativa dinâmica
o As entidades portuguesas utilizam, por norma, esta ótica
dinâmica na determinação dos resultados, através da
comparação das seguintes contas do SNC.

Definição de gastos inclui:


 Os que resultam do decurso das atividades ordinárias da entidade
(custo da mercadorias vendidas, remunerações, juros
suportados);
 Perdas que têm de satisfazer a definição de gastos e podem, ou
não, resultar do decurso das atividades correntes de uma
entidade, ou seja, respeitam a factos mais ocasionais ou
acidentais (as menos-valias geradas com a alienação de ativos não
correntes, sinistros).

A definição de rendimentos abrange os:


 Réditos – os quais derivam do desenvolvimento das atividades
correntes (vendas, prestações de serviços, jutos obtidos);
 Ganhos que têm de satisfazer a definição de rendimentos e
podem, ou não, resultar do decurso das atividades correntes de
uma entidade (as mais-valias originadas com a alienação de ativos
não correntes é, entre outros).
O SNC também evidencia outros referenciais contabilísticos:
 O conceito de justo valor (ver a nova conta “ganhos por
aumentos do justo valor”), em alternativa ao “custo histórico”,
facto este que irá proporcionar significativas alterações;
 O conceito de imparidade, o qual traduz uma perda de valores de
um ativo ou de grupos de ativos, implicando uma nova conta que
no POC não existia (“perdas por imparidade”).

Acréscimo versus base caixa


A contabilização dos gastos e rendimentos faz-se no período a que
dizem respeito os efeitos das transações que foram efetuadas. Este tipo
de registos contabilísticas faz-se segundo a base do acréscimo.
Alternativamente tem-se a contabilização base de caixa:
 De acordo com este princípio os efeitos provenientes das diversas
atividades realizadas por cada entidade são reconhecidos no
momento da ocorrência dos pagamentos e recebimentos;
 O seu registo contabilístico é relativo a período em que há um
fluxo de entrada, ou de saída, de meios monetários numa
entidade.
É de acordo com esta ótica “base de caixa” que se utiliza o conceito
“cash-flow” de tesouraria, e não na ótica de natureza económica.
O conceito económico refere-se ao cash-flow de exploração ou
autofinanciamento:
 Resultado líquido do período;
 (+) amortizações, depreciações, perdas por imparidade e
provisões do período (+) perdas por reduções do justo valor;
 (-) ganhos por aumentos do justo valor e (-) reversões.
Este cash-flow de exploração só seria igual ao cash-flow (meios
libertos):
 Se não houvesse inventários em armazém, pois os gastos dos
inventários são gastos “suspensos” e por isso mantidos nas
respetivas contas até à sua comercialização ou consumo.;
 E se todas as transações entre a entidade e terceiros fossem
pagas e recebidas a pronto pagamento.

Conceito de demonstração dos resultados


As demonstrações dos resultados, como elemento de avaliação
económica, evidenciam os resultados obtidos no decurso do
desempenho da administração das diversas entidades.
 Exprimem-se como se geram excedentes, no final e ao longo de
cada período económico;
 Tem por finalidade apurar os resultados, lucros ou prejuízo,
obtidos em cada período por qualquer entidade, através da
comparação entre rendimentos e gastos;
 Podemos afirmar que a DR pretende medir os resultados obtidos
pelos gestores da entidade no desempenho da sua missão;
 A estrutura da DR deverá ser tão flexível, quanto possível, de
modo a facilitar a sua adaptação à atividade que cada entidade
económica prossegue;
 Existem duas formas de representação da DR:
o Horizontal – aparecem descritos no lado esquerdo (1º
membro) os gastos, bem como o RLP. Por sua vez, os
rendimentos aparecem do lado direito (2º membro).
o Vertical – aparece primeiro os rendimentos e os gastos e
por fim o RLP – SNC.
O Resultado líquido do período pode ser evidenciado em dois tipos de
mapas:
DR por natureza
 Classifica-se a natureza das componentes positivas e negativas do
resultado, tendo por base a origem dos rendimentos e dos
gastos;
 A classificação desses componentes no SNC faz-se ao nível das
contas das classes 6 – Gastos - e 7 – Rendimentos, sendo estes
transferidos para as contas da classe 8 – Resultados;
 O apuramento do resultado é global, sendo este apuramento um
objeto da Contabilidade Financeira / Contabilidade Geral.
DR por funções
 Classifica-se a afetação funcional das componentes positivas e
negativas do resultado, analisando-se os gastos e os rendimentos
face ao seu destino;
 Há a possibilidade de se criar a classe 9, para se fazer uma
classificação funcional das tais componentes do resultado;
 É a Contabilidade Analítica ou Contabilidade de Gestão que faz
uma reclassificação das contas de gastos e de rendimentos,
através de uma “desmultiplicação” da DR por Naturezas,
viabilizada pela contabilidade financeira, em várias contas de
exploração elementares.

Elementos constitutivos da DR por naturezas


 Gastos
 Rendimento
 RLP
 RPAB
o Quantificação de ganhos de cada ação ordinária de uma
entidade-mãe durante o período de relato
Modelo reduzido (para pequenas entidades)
 Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e
impostos Subtraindo e somando Gastos/reversões de
depreciação e de amortização, tem-se o:
 Resultado operacional
 Resultado operacional + Gastos de financiamento líquidos =
Resultado antes de impostos (RAI)
 RAI – imposto sobre o rendimento do período = RLP
 Os resultados extraordinários que existiam no POC agora não
fazem parte desta DF.
Sistemas de Movimentação de Inventários
Sistema de inventário permanente (SIP): (obrigatório às entidades em
que são aplicáveis o SNC e as NIC
 Apura-se, contabilisticamente, a cada momento o valor dos
inventários em armazém, o “Custo das Mercadorias vendidas e
matérias consumidas” e o Resultado das vendas. A conta
“Compras” é subsidiária, e serve para registar o valor de aquisição
dos bens. De seguida tal valor deve ser transferido para a conta
de “Mercadorias” ou de “Matérias-primas, subsidiárias e de
consumo”.
Sistema de inventário intermitente (SII) ou periódico:
 O valor dos inventários adquiridos, registados na conta
“Compras”, somente é transferido no final de cada período
económico para as contas de “Mercadorias” e de “Matérias-
primas, subsidiárias e de consumo”. o valor dos inventários
adquiridos, registados na conta “Compras”, somente é
transferido no final de cada período económico para as contas de
“Mercadorias” e de “Matérias-primas, subsidiárias e de
consumo”.

Objetivos da utilização de Sistemas de Inventários:


 Calcular o Custo dos Produtos Vendidos e Consumidos, o
Resultado das Vendas ou da Produção;
 Apurar a quantidade e o valor dos inventários finais em armazém.

Resultados distribuídos e resultados retidos


Se o Resultado Líquido do Período (RLP) for Negativo – prejuízo, pode:
a) Ser coberto por:
 Detentores de capital – acionistas (sócios)
 Reservas ou resultados transitados positivos
b) Ficar na conta de resultados transitados, se os detentores de
capital não decidirem cobrir o resultado.
Se o RLP for positivo – lucro, pode:
a) Ser distribuído:
 Aos acionistas/sócios, ou ao empresário individual;
 Ao pessoal, se pelo contrato da sociedade tiverem direito a
participação nos lucros;
b) Ser retido, constituindo ou reforçando reservas – nas sociedades
– ou o capital individual.

Factos patrimoniais
Os diferentes agentes económicos realizam operações ou
acontecimentos correntes – vendas, recebimentos, compras, etc. – ou
não correntes, como sinistros, restituição de impostos, dívidas
incobráveis, entre outros - que originam variações na composição e ou
no valor do seu património.
Estas transformações patrimoniais designam-se por Factos mais
Jurídico-Patrimoniais e podem dividir-se em dois tipos de classes:
 Qualitativos/Permutativos – modifica-se a composição dos
elementos patrimoniais, mas não o seu valor: altera-se o valor dos
ativos e ou dos passivos, mas não do capital próprio.
 Quantitativos/Modificativos – altera-se a composição e o valor do
património:
o Negativos – diminutivos
o Positivos – aumentativos

Demonstração dos Fluxos de Caixa


Esta DF deve relatar as entradas/recebimentos e saídas/pagamentos de
caixa e seus equivalentes durante um determinado período, havendo
obrigatoriedade de todas as entidades prepararem esta DF, exceto as
pequenas entidades (PE) e as mico entidades (ME).
A DFC é uma DF muito importante pois não há uma total correlação
entre os resultados apurados e os meios monetários disponíveis.
Acresce que a DFC de certa entidade também possibilita o
conhecimento das fontes de entrada dos meios financeiros, bem como
do destino que lhes foi dado.

Conceito
A DFC é uma demonstração financeira ex-post que explicita com
detalhe os influxos (recebimentos) e exfluxos (pagamentos) efetuados
por uma entidade, em determinado período de tempo.
A DFC é uma informação financeira que enquadra os fluxos de entrada e
de saída de meios monetários, no âmbito das contas de “meios
financeiros líquidos”, informando:
 A origem dos fundos, o seu destino;
 A sua variação entre o início e o fim do período.

Caixa: Numerário e Depósitos bancários imediatamente mobilizáveis.


Equivalentes de caixa: Outros depósitos bancários (se tiverem um
vencimento a curto prazo, >3meses), Investimentos curto prazo e
descobertos bancários.

Atividades operacionais
Atividades de exploração das entidades que geram recebimentos e
pagamentos, ou seja, são as que constituem o objeto das atividades de
qualquer entidade, ou seja, são as principais atividades produtoras de
rédito de qualquer entidade e outras atividades que não sejam de
investimento, nem de financiamento.
 recebimentos de caixa provenientes da venda de bens e da
prestação de serviços;
 recebimentos provenientes de royalties (cedências temporárias
de marcas, patentes, processos de fabrico, etc.), honorários,
comissões e outros réditos;
 pagamentos de caixa a fornecedores de bens e serviços;
 pagamentos por conta de empregados;
 pagamentos ou recebimentos por restituições de impostos sobre
rendimento, montantes este que devem divulgados
separadamente;
 recebimentos e pagamentos de caixa de contratos detidos com a
finalidade de negócio.

Atividades de investimento
Estas atividades respeitam à aquisição e alienação de ativos a longo
prazo e de outros investimentos não incluídos em equivalentes de
caixa. Estamos, portanto, a falar das entradas e saídas de dinheiro como
consequência de investimentos e de desinvestimentos: ativos
intangíveis, ativos fixos tangíveis e outras aplicações financeiras
permanentes.
 pagamentos / recebimentos de caixa para aquisição / venda de
ativos fixos tangíveis, intangíveis e outros ativos a longo prazo;
 pagamentos / recebimentos para aquisição / vendas de
instrumentos de capital próprio ou de dívida de outras entidades
e de interesses em empreendimentos conjuntos;
 adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a outras entidades;
 recebimentos provenientes do reembolso de adiantamentos e de
empréstimos feitos a outras entidades;
 pagamentos / recebimentos de caixa provenientes de
instrumentos financeiros derivados (swaps: contratos de troca de
taxas ou de divisas, forwards: contratos de compra e venda de
um ativo em data futura com um preço definido, etc.).
Atividades de financiamento
Atividades que têm como consequência alterações na dimensão e
composição do capital próprio contribuído e nos empréstimos obtidos
pela entidade.
 recebimentos de caixa provenientes da emissão de ações ou de
outros instrumentos de capital próprio;
 pagamentos de caixa por aquisição de ações (quotas) próprias,
redução do capital ou amortização de ações (quotas);
 recebimentos provenientes da emissão de certificados de dívida,
empréstimos, livranças, obrigações, hipotecas e outros
empréstimos obtidos a curto ou longo prazo;
 desembolsos de caixa de quantias de empréstimos obtidos;
 pagamentos de caixa por um locatário para a redução de uma
dívida em aberto relacionada com uma locação financeira.

Metodologias de preparação
Apresentação dos fluxos de caixa das atividades operacionais:
Método direto – único utilizado no SNC
 Informação mais clara e pormenorizada dos pagamentos e dos
recebimentos no âmbito das atividades operacionais, informando
os diversos utentes como a entidade gera e aplica os meios de
pagamentos correntes.
Método indireto
 “fluxo líquido de caixa das atividades operacionais (…) a partir do
resultado líquido (...)”
 Relativamente às atividades operacionais calcula-se o efeito
líquido das entradas e saídas dos meios de pagamento, através de
alguns ajustamentos do RLP. -> determinar o fluxo de caixa
através do RLP.
 Mais fácil de elaboração técnica porem não é tão detalhado ->
não traduz os recebimentos por origem, nem os pagamentos
efetuados -> dificuldade em compreender a informação
apresentada.

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