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4.

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações financeiras correspondem a uma representação estruturada e apropriada da posição financeira, do desempenho financeiro e
dos fluxos de caixa de uma entidade.
De acordo com o parágrafo 8 da EC, um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui normalmente um balanço, uma demonstração
dos resultados, uma demonstração das alterações na posição financeira (demonstração das alteações no Capital Próprio) e uma demonstração
de fluxos de caixa, bem como as notas e outras demonstrações e material explicativo que constituam parte integrante das demonstrações
financeiras.
Se o leitor pretender aprofundar um pouco mais esta temática, deverá recorrer à NCRF 1– Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras
e à NCRF 2– Demonstração de Fluxos de Caixa pois são as normas que descrevem a estrutura e conteúdo das diversas demonstrações
financeiras.
Seguidamente, é apresentado um breve resumo da importância de cada uma das demonstrações financeiras contemplas no SNC, no Regime
Geral.

4.1. BALANÇO
O Balanço corresponde à demonstração da posição financeira, ou seja, é a demonstração que apresenta os Ativos, os Passivos e o Capital
Próprio da entidade. Na prática corresponde à “fotografia” da situação da entidade àquela data.
Aquando da apresentação dos ativos e passivos, devemos ter presente que estes são classificados e apresentados em correntes e não correntes.
De acordo com o parágrafo 14 a 16 da NCRF 1, um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
Detido essencialmente para ser negociado;
Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço;
For caixa ou equivalente de caixa.

Exemplos: Inventários, dívidas a receber de clientes, caixa e depósitos bancários.


Relativamente aos ativos não correntes, estes são todos os outros ativos que não sejam classificados como correntes.
De acordo com o parágrafo 17 a 24 da NCRF 1, um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um dos seguintes
critérios:

Espera-se que seja liquidado no decurso do ciclo operacional da entidade;


Detido essencialmente para ser negociado;
Espera-se que seja liquidado num período até doze meses após a data do balanço;
A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Exemplos: dívidas a fornecedores, dívidas ao Estado, dívidas ao pessoal.


Devemos ter em atenção que a questão do corrente e não corrente é sempre avaliado à data em que se está a apresentar o balanço. Ou seja, de
uma forma simplista, tendo presente a data em que é apresentado o balanço, considera-se corrente o que está dentro dos 12 meses (curto prazo)
e não corrente o que vai além desses 12 meses.
No balanço, umas das rubricas que importa destacar é a do “Resultado líquido do período”, a qual integra o Capital Próprio. Esta rúbrica está
diretamente relacionada com a demonstração dos resultados (por naturezas ou funções), pois é nessa demonstração que são destacados os
rendimentos e gastos que estiveram na origem daquele resultado. Como o próprio nome indica, a demonstração dos resultados irá demonstrar
como foi gerado o resultado no período.
Assim, a ligação entre o balanço e a demonstração dos resultados reside na rubrica do resultado líquido do período, sendo que, o balanço apenas
indica qual o resultado líquido do período e a demonstração dos resultados demonstra como este foi obtido.
O mesmo raciocínio será aplicado na rubrica “Caixa e depósitos bancários”, no balanço, em que, na demonstração de fluxos de caixa, será
demonstrada a variação da rubrica entre o período N-1 e o período N, ou seja, como foi efetuada a aplicação e a obtenção de fluxos de caixa.
O mesmo raciocínio será aplicado no total do elemento “Capital Próprio” em que, na demonstração das alterações no Capital Próprio, será
demonstrada a variação do elemento entre o período N-1 e o período N, ou seja, quais as alterações ocorridas no capital próprio.
Balanço: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.2. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS
A demonstração dos resultados por natureza é a demonstração que apresenta a forma como a entidade gerou os seus resultados num
determinado período (avalia o desempenho). Nesta demonstração conseguimos identificar os diversos gastos e rendimentos pelas diversas
naturezas (por exemplo, os gastos com pessoal são apresentados atendendo à sua natureza, não sendo relevante se é gastos com pessoal das
vendas ou da produção) e assim identificamos os seguintes resultados:

Resultado antes de depreciações, gastos de financiamentos e impostos


Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)
Resultado antes de impostos
Resultado líquido do período

Demonstração dos resultados por naturezas: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.3. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES
A demonstração dos resultados por funções é também a demonstração que apresenta a forma como a entidade gerou os seus resultados num
determinado período. Contudo, nesta demonstração conseguimos identificar os diversos gastos e rendimentos pelas diversas funções (por
exemplo, os gastos com pessoal são apresentados atendendo à função a que estão afetos, sendo relevante se é gastos com pessoal das vendas
ou da produção) e assim identificamos os seguintes resultados:

Resultado bruto
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)
Resultado antes de impostos
Resultado líquido do período

Demonstração dos resultados por funções: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.4. DEMONSTRAÇÃO DAS ALTERAÇÕES NO CAPITAL PRÓPRIO
Tal como nome indica, esta demonstração apresenta e evidência as alterações ocorridas no capital próprio de uma entidade. No fundo, trata-se de
uma demonstração que vem detalhar todas as alterações ocorridas no capital próprio da entidade. Nesta demonstração as colunas correspondem
às rubricas do balanço, enquanto as linhas são explicações das alterações ocorridas por tipo de operação e por contribuição para o resultado.
Uma vez que a demonstração tem de apresentar o período comparativo, esta é apresentada em dois ficheiros em tudo semelhantes, mas um
referente ao ano em questão e outro referente ao ano anterior. Nesta demonstração há que ter presente o conceito de resultado integral, o qual
corresponde ao valor do resultado líquido do período, acrescido de todas as variações ocorridas em capitais próprios não diretamente relacionadas
com os detentores de capital. No fundo o resultado integral corresponde a todo o resultado gerado pela entidade, mas que ainda não está refletido
em resultados do período.
Demonstração das alterações no Capital Próprio : Modelo aplicável no regime geral do SNC
f

4.5. DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA


Tal como o nome indica, a demonstração de fluxos de caixa apresenta a informação acerca das alterações históricas de caixa e seus equivalentes
classificando os fluxos de caixa durante o período em operacionais, de investimento e de financiamento.
A classificação por atividades proporciona informação que permite aos utentes determinar o impacto dessas atividades na posição financeira da
entidade e nas quantias de caixa e seus equivalentes. Tal como as restantes demonstrações financeiras, esta é extremamente importante pois
permite a avaliação da entidade e pode ajudar na identificação de fragilidades e pontos fortes, auxiliando assim no processo de tomada de decisão.
Demonstração de fluxos de caixa : Modelo aplicável no regime geral do SNC

4.6. ANEXO
O anexo corresponde a uma das demonstrações financeiras mais relevantes e interessantes pois, para além de apresentar valores apresenta
também informação descritiva. Esta demonstração faz a ligação com as restantes demonstrações financeiras, ou seja, existe uma referência
cruzada com essas demonstrações (através do campo “notas” que consta em cada uma delas).
De acordo com a NCRF 1, o anexo deve:

Apresentar informação acerca das bases de preparação das demonstrações financeiras e das políticas contabilísticas usadas;
Divulgar a informação exigida pelo Modelo de Demonstrações Financeiras que não seja apresentada no balanço, na demonstração dos
resultados, na demonstração das alterações no capital próprio ou na demonstração dos fluxos de caixa; e
Proporcionar informação adicional que não seja apresentada no balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das
alterações no capital próprio ou na demonstração dos fluxos de caixa, mas que seja relevante para uma melhor compreensão de
qualquer uma delas.

É importante ter presente que as entidades devem apresentar as notas, tanto quanto for praticável, de uma forma sistemática. Contudo, de acordo
com a estrutura de anexo aplicável as entidades do Regime Geral, cada entidade deverá criar a sua própria sequência numérica, em conformidade
com as divulgações que deva efetuar, sendo que as notas de 1 a 4 serão sempre explicitadas e ficam reservadas para os assuntos identificados
no presente documento, nomeadamente:

Nota 1 – Identificação da entidade e período de relato;


Nota 2 – Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras;
Nota 3 – Adoção pela primeira vez das NCRF – divulgação transitória;
Nota 4 – Principais políticas contabilísticas.

Deste modo, a nota 5 e seguintes ficam reservadas às temáticas que as entidades entendam ser relevantes em função da informação
apresentada nas restantes demonstrações financeiras. Em conclusão podemos reforçar a importância desta demonstração financeira, pois é nela
que se podem obter esclarecimentos e detalhes dos valores apresentados nas restantes DF’s.

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