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Contabilidade

Aula 04
Apresentação NBC TG Estrutura Conceitual, Resolução CFC
1.374/2011 – Parte II

Objetivos Específicos
• Conhecer a estrutura conceitual para a elaboração e a divulgação de Relatório
Contábil, determinada pelo Conselho Federal de Contabilidade mediante a
Resolução nº 1.374/2011.

Temas
Introdução
1 Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações
contábeis: texto remanescente
Considerações finais
Referências

Professora
Alexandra Medeiros Escobar
Contabilidade

Introdução
Nesta aula daremos continuidade ao estudoo da Estrutura Conceitual para a Elaboração
e a Divulgação de Relatório Contábil, determinada pelo Conselho Federal de Contabilidade
mediante a Resolução nº 1.374/2011.

Como já sabem, a Resolução refere-se a uma nova redação da NBC TG ESTRUTURA


CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro –, revogando, assim, a anterior Resolução CFC nº 1.121/2008. A nova resolução é
necessária devido ao processo de reformulação, ainda em andamento, do seu documento de
base, o The Conceptual Framework for Financial Reporting, documento elaborado e revisado
pelo International Accounting Standards Board (IASB), órgão internacional responsável pela
emissão das normas internacionais de contabilidade utilizada em diversos países.

Também como já mencionamos em nossa aula anterior, vamos abordar agora o capítulo
4 da referida resolução, ou seja, o texto remanescente da Resolução nº 1.121/2008.

Este capítulo é de fundamental importância, pois nos fornece definições sobre o que
compõe as contas do patrimônio da entidade e quais as contas de resultado, pois, embora
os conceitos sejam antigos, sofreram suaves alterações em relação à adaptação às regras
internacionais de contabilidade.

1 Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das


demonstrações contábeis: texto remanescente
1.1 Premissa subjacente
Já iniciamos nossa aula com um conceito importante em relação à forma que devemos
elaborar as nossas demonstrações contábeis, a primeira premissa abordada pela Resolução
nº 1.374/2011 é referente a continuidade! E o que é continuidade? Bom, em nossa legislação,
a grande maioria da empresas nasce com o propósito de ser “eterna”. Como assim? Elas não
possuem uma data de encerramento e como a sua existência não está obrigatóriamente
vinculada à existência de seus sócios ou à de seu proprietário, em caso de empresa individual,
para que uma empresa deixe de existir deve ser solicitada aos órgãos competentes a sua baixa;
caso contrário, mesmo que o proprietário ou um dos sócios venha a falecer, ela continuará
ativa e sobre a responsabilidade dos herdeiros.

Devido a este fato, as demonstrações geralmente são elaboradas considerando que a


empresa está e continuará em atividade; considera-se que não há por parte dos sócios a
intenção nem a necessidade de encerrá-la ou mesmo de reduzir a sua capacidade produtiva
em volume que necessitaria ser considerado. Precisamos abordar que, para os casos que
exista de fato a necessidade de liquidação ou de redução dos negócios, a demonstração
deverá ser elaborada em bases diferentes e essa base deve ser divulgada.
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Conforme vimos anteriormente, as demonstrações contábeis refletem os efeitos


patrimoniais e financeiros dos fatos ocorridos na entidade. Para que isto seja feito de forma
organizada e de mais fácil compreensão, os fatos são divididos em classes conforme sua
característica econômica. Os ativos, os passivos e o patrimônio líquido estão ligados, de
forma direta, à posição patrimonial e financeira da empresa e são demonstrados por meio
do balanço patrimonial. Já as contas relacionadas ao desempenho da empresa, ou seja,
suas receitas (ganhos) e despesas (gastos que são divididos entre custos e despesas) são
apresentadas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Não podemos deixar de
mencionar a demonstração das mutações do patrimônio líquido, que explica ao usuário
as variações ocorridas no patrimônio líquido da empresa, parte deste impactando apenas
elementos do balanço patrimonial e parte elementos da demonstração do resultado, não
possuindo uma conta exclusiva a que seja apresentada apenas nesta demonstração.

A apresentação de cada grupo destas demonstrações deve envolver um processo de


subclassificação para que a demonstração fique mais adequada e as informações expostas de
maneira mais útil. Podemos separar, por exemplo, ativos e passivos pela natureza da conta ou
em função do negócio da empresa.

De acordo com a Resolução nº 1.374/2011 – Estrutura Conceitual –, os grupos diretamente


ligados ao patrimônio da empresa são definidos da seguinte forma:

• Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e


do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade;

• Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja


liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar
benefícios econômicos;

• Patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos


todos os seus passivos.

Como podemos ver, a definição dada apresenta apenas as caracterísitcas essenciais das
contas dos grupo de ativo e passivo, sem colocar critérios específicos a serem observados
na elaboração da demonstração. Porém, algumas diretrizes ainda serão mencionadas pela
própria estrutura conceitual, para um melhor esclarecimento de itens que aparentemente
se encaixariam nesta definição e não devem fazer parte dos ativos ou passivos da empresa.

Na avaliação de itens de ativo, passivo ou patrimônio líquido, devemos estar atentos a


sua essência e à realidade econômica, ou seja, como de fato aquele item será utilizado dentro
da empresa e não apenas a sua forma legal, o que está escrito no contrato. Para exemplificar
esta diferença entre a essência e a forma de contrato, a resolução utiliza uma transação
que ocorre muito no mercado e que gerou bastante polêmica no início desta adaptação às
normas internacionais: o arrendamento mercantil financeiro cujas essências subjacentes e
realidade econômica são que o arrendatário terá os benefícios econômicos de utilização do

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bem arrendado durante a maior parte da vida útil deste bem em troca do pagamento da
obrigação de um valor próximo ao seu valor justo somado aos encargos financeiros, como
ocorre em um financiamento; sendo assim, ele satisfaz a definição de ativo e passivo e deve
ser reconhecido desta forma no balanço patrimonial.

Com relação ao ativo, quando falamos em benefícios econômicos futuros, falamos da sua
possibilidade de contribuição para o fluxo de caixa da empresa. Essa contribuição pode ser de
forma direta ou indireta, já que alguns ativos contribuem na produção de outros ativos, que
se transformarão em caixa ou equivalente de caixa – normalmente, os ativos da empresa são
utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços, sempre com o objetivo de suprir
as necessidades dos consumidores, caso contrário, o produto ou serviço não seria vendido.

A Resolução nº 1.374 exemplifica algumas formas pelas quais os benefícios econômicos


futuros podem ser incorporados à empresa. No caso do ativo, pode ser:

• usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de bens ou na


prestação de serviços a serem vendidos pela entidade;

• trocado por outros ativos;

• usado para liquidar um passivo; ou

• distribuído aos proprietários da entidade.

É importante lembrarmos que, embora a maioria dos ativos possua forma


física, ou seja, são bens palpáveis, esta não é uma condição imposta na definição
do ativo. Desta forma, qualquer direito que a empresa possua, por exemplo,
direitos autorais, que traga benefícios econômicos futuros para ela, deverá ser
reconhecido como ativo.

Um outro ponto importante é que o direito de propriedade do bem não é mais essencial,
pois um bem de arrendamento mercantil, por exemplo, que trará benefícios econômicos
futuros para a entidade, também deve ser reconhecido em seu ativo.

É condição do ativo que o mesmo seja resultado de eventos passados, este meio
geralmente está relacionado à compra ou à produção do bem, porém, pode ser gerado, por
exemplo, por apoio governamental, por beneficio concedido pelo governo, com o objetivo
de crescimento econômico na região ou por doação de qualquer outra pessoa ou empresa –
porém, essa doação, compra, produção ou benefício sempre deve ter ocorrido no passado.
Fatos que ocorrerão no futuro não podem ser reconhecidos no ativo presente.
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Da mesma forma que uma doação que não impactou em gastos da empresa deve ser
reconhecida como ativo, um gasto que não tenha gerado bens ou direitos com evidência de
benefício econômico futuro não poderá ser considerado ativo.

No reconhecimento do passivo, é fundamental que a obrigação já exista no presente, ou


seja, o fato que gerou o passivo a ser reconhecido deve estar sempre no passado. A obrigação
não precisa necessariamente estar ligada a um desembolso (pagamento em dinheiro), ela
pode estar ligada a uma prestação de serviço que a empresa já tenha acordado por meio de
contrato e recebido por ele.

Um detalhe importante é que, caso a empresa, por uma questão de zêlo pela marca ou
por práticas usuais do negócio, decida fazer uma correção em um produto, mesmo que isso
aconteça após o prazo de garantia – como por exemplo, o caso divulgado pela mídia em julho
de 2013, referente ao recall de cadeiras para automóveis Burigotto e Peg-Pérego (conceituada
marca de produtos infantis), solicitando que os consumidores de alguns de seus modelos
de cadeiras para automóveis comunicasse a empresa para, desta forma, receberem uma
nova fivela que deveria substituir uma fivela fornecida de fábrica com defeito, o que poderia
acarretar falha na retenção da criança em caso de acidente, ou seja, a falha no produto
podeira colocar em risco a vida da criança, logo era essencial para empresa se responsabilizar
pela correção do problema independentemente do produto estar na garantia ou não – neste
caso, as importâncias que a empresa espera gastar devem ser consideradas como passivo.

A entidade deve separar o que é obrigação presente e quais são os seus compromissos
futuros, pois a decisão administrativa de adquirir novos ativos futuramente não é uma
obrigação presente, esta só existirá quando, de fato, o ativo for adquirido.

Conforme estrutura conceitual, são consideradas formas de liquidação de uma obrigação:

• pagamento em caixa;

• transferência de outros ativos;

• prestação de serviços;

• substituição da obrigação por outra; ou

• conversão da obrigação em item do patrimônio líquido.

Outras formas de extinção da obrigação, que não a liquidação da mesma, seriam a


renúncia do credor ou perda dos seus direitos.

Em alguns casos, para serem mensurados os passivos, é necessária a utilização de


estimativas em grau significativo, nestes casos, esses passivos são denominados de provisões,
estas serão reconhecidas como passivo sempre que satisfizer os critérios de obrigação
presente, derivada de evento passado (conforme definição de passivo), mesmo que o seu
valor seja estimado.
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Com relação ao patrimônio líquido, mesmo que em sua definição ele seja considerado
“o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos”, ele
poderá apresentar subclassificações no balanço patrimonial da entidade. Estas subclassificações
são geradas devido à relevância da informação que pode impactar nas tomadas de decisão
dos usuários. Outros detalhes importantes, como a constituição de reservas nas empresas as,
podem estar determinados no estatuto da entidade ou em lei, como é o caso da reserva legal
determinada na Lei nº 6.404/76, em seu artigo 193. Já a existência de reservas estatutárias
ou fiscais, determinadas em estatuto, podem ser de grande importância nas tomadas de
decisão, logo, precisam ser demonstradas de forma clara. Também não se pode deixar de
mencionar que estas reservas de lucro não fazem parte das despesas da entidade.

Como o patrimônio líquido é demonstrado no balanço patrimonial pela diferença entre


o ativo e o passivo, geralmente, este valor não representa o valor de mercado agregado nas
ações da empresa ou mesmo o que se arrecadaria com a venda de seus ativos líquidos, apenas
em alguns casos pode ocorrer esta coincidência.

Conforme a Resolução nº 1.374/2011, estas definições de patrimônio líquido e demais


aspectos da Estrutura Conceitual são aplicáveis a todas as entidades, independentemente de
sua forma de constituição como firmas individuais, sociedades limitadas, entidade estatais e
outras organizações, mesmo suas estruturas legais e regulamentares sendo diferentes das
aplicáveis às sociedade por ações (SA).

Vamos, agora, buscar compreender a apuração do resultado da empresa. Este, muitas


vezes é utilizado como medida do desempenho da organização, pois conseguimos por
meio dele verificar qual foi o retorno do investimento ou o resultado por ação. O resultado
é composto por receitas e despesas, e as empresas têm como objetivo que os valores de
receitas sejam sempre superiores aos valores de despesas.

Como fizemos em relação aos grupos do patrimônio, vamos partir da definição de receita
e despesa, dada pela Resolução nº 1.374/2011, como se segue:

• receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a
forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos,
que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados
com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais;

• despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil,


sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos,
que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados
com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais.

Estas definições buscam identificar as características essenciais das receitas e despesas,


porém, outros critérios de reconhecimentos ainda serão abordados.

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Conforme a estrutura conceitual, as receitas e despesas podem ser apresentadas de


várias formas, desde que estruturadas de modo a demonstrar as informações relevantes para
as tomadas de decisão econômica. Estas formas de demonstrar também proporcionam visões
diferentes com maior ou menor grau de abrangência dos itens, porém, estas modificações devem
ser feitas sempre com o objetivo de tornar as demonstrações mais claras para os usuários e jamais
se esquecendo das características qualitativas fundamentais de relevância e fidedignidade.

A definição de receita contempla as receitas propriamente ditas e os ganhos. As receitas


serão definidas por nome diferentes, dependendo da atividade que a empresa exerce,
por exemplo, um advogado recebe honorário e a soma destes é a receita da empresa, um
comércio faz venda de mercadorias e sua receita é composta do somatório destas vendas.

Com relação aos ganhos, este podem ou não ocorrer durante as atividades comuns
da empresa e representando aumento nos benefícios econômicos, logo, possuem a
mesma natureza das receitas e são considerados da mesma forma na estrutura conceitual.
São exemplos de ganhos o resultado da venda de ativos não circulante. Embora sejam
considerados como receita “normal” na estrutura conceitual, na Demonstração do Resultado
do Exercício serão apresentados de forma separada, geralmente dentro do grupo Receita/
Despesas operacionais.

As receitas em geral aumentam alguns ativos da empresa, pois, quando vendemos ou


prestamos serviços, devemos receber o pagamento como contrapartida. Desta forma se o
pagamento for à vista, por exemplo, irá aumentar o ativo caixa; se for a prazo, irá aumentar o
ativo contas a receber. Além desses dois impactos mais clássicos, o pagamento pode ser feito por
meio de outros ativos, por troca ou por prestação de serviços, o que impactaria outras contas.

A definição dada para receita na estrutura conceitual engloba as despesas, os custos e as


perdas que ocorrem durante as atividade habituais da empresa, em geral, estas despesas se
transformam em desembolso ou redução de ativos.

As perdas podem ocorrer ou não durante as atividades habituais da empresa, comumente,


consideramos como perdas os gastos que fogem de nosso controle, como por exemplo,
prejuízos referentes a uma enchente.

A estrutura conceitual não separa estes dois grupos (perdas e custos), pois ambos se
tornam desembolso ou redução de ativo, logo, possuem a mesma natureza e por este motivo
são todos tratados como despesa.

1.2 Ajustes para manutenção de capital


Quando a empresa reavalia ou atualiza suas contas de ativos e passivos (o que deve
ser feito anualmente), acaba por incorrer em aumentos ou reduções do patrimônio líquido.
Estes aumentos ou reduções em alguns conceitos acabam se enquadrando como receitas
e despesas, porém, sob o conceito de manutenção de capital, estes não serão incluídos na
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demonstração do resultado e sim no patrimônio líquido como ajuste para manutenção do


capital ou reservas de reavaliação, isto conforme a estrutura conceitual.

1.3 Reconhecimento dos elementos das demonstrações contábeis


Reconhecer um elemento é inseri-lo na demonstração, este reconhecimento é realizado
apenas se o item se enquadra nas definições de ativo, passivo e patrimônio líquido para
inclusão no balanço e receita ou despesa para inclusão à demonstração do resultado. Estão
envolvidos nesta inclusão nas demonstrações a descrição do item/conta e a mensuração de
seu valor monetário.

O reconhecimento do item deve ser feito após ser enquadrado na definição de ativo,
passivo ou patrimônio líquido e apenas se:

• for provável que algum benefício econômico futuro associado ao item flua para a
entidade ou flua da entidade; e

• o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade (CFC,
Resolução nº 1.374/2011).

Na avaliação de enquadramento do item, além de considerarmos as definições dadas


neste capítulo quatro, não podemos nos esquecer das características qualitativas mencionadas
no capítulo três, que vimos em nossa última aula.

1.4 Probabilidade de futuros benefícios econômicos


A probabilidade de ver adotada com o objetivo de verificar as incertezas referentes aos
benefícios econômicos futuros, as avaliações referentes às incertezas devem ser feitas com
base nas evidências disponíveis no momento da elaboração das demonstrações. Referente a
estes reconhecimentos, a Resolução 1.374/2011 nos traz o seguinte exemplo:

Quando for provável que uma conta a receber devida à entidade será paga pelo
devedor, é então justificável, na ausência de qualquer evidência em contrário,
reconhecer a conta a receber como ativo. Para uma ampla população de contas a
receber, entretanto, algum grau de inadimplência é normalmente considerado
provável; dessa forma, reconhece-se como despesa a esperada redução nos benefícios
econômicos.

O segundo critério, porém não menos importante, para reconhecimento é a existência


de um custo ou valor em relação ao item que possa ser mensurado com confiabilidade. Caso
esse dado (custo/valor) precise ser estimado, como acontece em muitos casos, as estimativas
utilizadas devem ser no mínimo razoáveis, pois, desta forma não irão prejudicar a confiabilidade
da demonstração. Em casos que não seja possível fazer uma estimativa razoável, o item não
deverá ser reconhecido na demonstração.

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Com relação aos itens que atendam às características essenciais de elemento e não possam
ser mensurados devido à falta de estimativa razoável, estes devem obrigatoriamente ser divulgados
em nota explicativa, pois toda a informação relevante deve ser passada aos usuários da informação.

1.5 Reconhecimento de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas


e despesas
Ativos devem ser reconhecidos sempre que os benefícios econômicos futuros forem
prováveis e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. Logicamente, os gastos
com ativos que não possuem expectativas de benefícios futuros não devem ser reconhecidos.

Da mesma forma, os passivos devem ser reconhecidos apenas quando a saída de recursos
for provável e o seu custo/valor for mensurável.

As receitas serão reconhecidas na demonstração do resultado sempre que seus resultados


forem o aumento dos benefícios econômicos futuros e tiverem uma mensuração confiável.

Despesas, como nos demais casos, precisam ser mensuradas com confiabilidade e
terão seu reconhecimento vinculado ao fato de resultarem em redução dos benefícios
econômicos futuros. Outro fato de extrema importância em relação às despesas é que elas
devem, obrigatoriamente, ser reconhecidas de forma conjunta com suas respectivas receitas,
considerando a necessidade de contemplar o regime de competência.

Para os casos dos itens que geram, ou ao menos espera-se que gerem, resultados
econômicos em diversos períodos, fazendo com que sua associação com a receita só
seja possível de forma indireta, segundo a estrutura conceitual: “as despesas devem ser
reconhecidas na demonstração do resultado com base em procedimentos de alocação
sistemática e racional”, isto pode acontecer, por exemplo, com a despesa de depreciação de
máquinas utilizadas na produção dos produtos.

Assim que um ativo deixar de produzir benefícios econômicos futuros, tornando-se


obsoleto, seu valor residual (saldo referente ao seu valor/custo), deverá ser reconhecido
imediatamente na demonstração do resultado como despesa e excluído do balanço como
ativo, pois não satisfaz mais a condição de ativo. Sempre que a entidade incidir em passivo
sem um ativo correspondente, como acontece com as garantias de produtos, este passivo
deve ser reconhecido na demostração de resultado do período.

1.6 Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis


Mensuração é a determinação dos valores monetários dos elementos das demonstrações.,
para isto, deverá ser selecionada uma base específica. Segundo a Resolução nº 1.374/11 essas
bases possuem várias combinações nas demonstrações e são aplicadas nas demonstrações
em diferentes graus. São bases utilizadas na mensuração de itens das demonstrações:
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• Custo histórico, ou seja, os valores pagos pelo item no momento da compra;

• Custo corrente, são os valores em caixa que teriam de ser pagos pelo item caso fosse
adquirido na data do balanço;

• Valor realizável é o valor que a empresa receberia pela venda do item em forma
ordenada ou o valor que pagaria para saldar uma obrigação no curso normal das
operações da entidade;

• Valor presente são os valores atuais, porém, descontados dos fluxos futuros de
entradas ou saída líquidas de caixa (dependendo se for item do ativo ou passivo) e
que se espera que sejam gerados pelo item ou necessários para a liquidação do item
no curso normal das operações.

Em geral, a base utilizada na mensuração dos itens é o custo histórico que, em alguns
casos, é combinado com outras bases. Isto ocorre, por exemplo, com o estoque, que para
cumprir a legislação contábil deve ser mantido pelo menor valor entre o custo histórico e o
valor de realização.

1.7 Conceitos de capital e de manutenção de capital


Conforme a Resolução nº 1.374/2011, capital financeiro é o mesmo que ativos líquidos
ou patrimônio líquido, já capital físico ou capacidade operacional considera-se a capacidade
produtiva da empresa, ou seja, quantas unidades ela produz diariamente.

Para escolher o conceito a ser utilizado na entidade, deve-se considerar as necessidades


dos usuários das demonstrações contábeis. Para os usuários interessados na manutenção
do capital nominal investido ou no poder de compra deste capital, é importante a utilização
do capital financeiro; já para os usuários preocupados com a capacidade produtiva, deve-se
utilizar o conceito de capital físico. O conceito que for escolhido indicará o objetivo a ser
alcançado na determinação do lucro da empresa.

Segundo a Resolução nº 1.374/2011, os conceitos de capital mencionados anteriormente


dão origem aos seguintes conceitos de manutenção de capital:

• Manutenção do capital financeiro. De acordo com esse conceito, o lucro é


considedrado auferido somente se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos
líquidos no fim do período exceder o seu montante financeiro (ou dinheiro) no
começo do período, depois de excluídas quaisquer distribuições aos proprietários
e seus aportes de capital durante o período. A manutenção do capital financeiro
pode ser medida em qualquer unidade monetária nominal ou em unidades de
poder aquisitivo constante.

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• Manutenção do capital físico. De acordo com esse conceito, o lucro é considerado


auferido somente se a capacidade física produtiva (ou capacidade operacional) da
entidade (ou os recursos ou fundos necessários para atingir essa capacidade) no
fim do período exceder a capacidade física produtiva no início do período, depois
de excluídas quaisquer distribuições aos proprietários e seus aportes de capital
durante o período.

Como vimos, os conceitos de manutenção de capital e a forma de capital escolhido pela entidade
estão diretamente ligados. Esta opção também representará um elo com o conceito de lucro, pois,
como visto, o conceito de capital impacta diretamente a apuração do resultado da empresa.

Para o caso de utilização do conceito de manutenção do capital físico, é necessária a


adoção do custo corrente como base de mensuração; já o conceito de manutenção do capital
financeiro não necessita de uma base específica de mensuração.

Considerações finais
Nesta aula, concluímos nossos estudos em relação a Resolução nº 1.374/2011, Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil. A compreensão desta
resolução é fundamental para o bom desenvolvimento de nosso componente curricular, uma
vez que vamos estudar e aprender por meio dele a elaboração das demonstrações contábeis.

Para reforçarmos o estudado, vamos relembrar aqui os principais termos que utilizamos
em nossa aula:

• Ativo: são os recursos aplicados na organização que servirão para gerar novos
recursos, ou seja, benefícios econômicos futuros;

• Passivo: são os recursos originários da empresa que reduzirão os recursos aplicados;

• Patrimônio líquido: são os recursos residuais da entidade originados dos investidores


e da atividade operacional da empresa.

• Receitas: são os recursos que entram na empresa, aumentando o ativo ou diminuindo


o passivo, que resultam em aumentos do patrimônio líquido;

• Despesas: são as saídas de recursos que resultam na diminuição do ativo.

Espero que tenham aproveitado as aulas e compreendido a importância do tema.

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Referências
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Curso de contabilidade para gestores, analistas e outros
profissionais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Lex:
legislação federal, Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm>. Acesso em: 29/08/2013.

BRASIL. Resolução CFC nº 1.374, de 08 de dezembro de 2011. Estrutura conceitual para


elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Brasília, DF: CFC, 2011. Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001374>. Acesso em:
16/09/2013.

BURIGOTTO. Aviso de Risco. Disponível em: <https://setor42.websiteseguro.com/burigotto/


recall/aviso_de_seguranca.php>. Acesso em: 16/09/2013.

PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária.


São Paulo: Atlas, 2009.

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