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Contabilidade| Material de apoio

Professor Marcelo Adriano

Balanço Patrimonial

1. Introdução
O Balanço Patrimonial é um demonstrativo contábil que tem por função expor a estrutura patrimonial da organização,
ou seja, seus bens, direitos, obrigações e o Patrimônio Líquido. Ao expor o patrimônio o balanço patrimonial está
materializando um dos aspectos da função administrativa da contabilidade, ou seja, controle do patrimônio.

Esse demonstrativo evidencia qualitativa e quantitativamente a situação patrimonial e financeira da entidade em um


dado momento, ou seja, é a situação estática da organização. No balanço só figurarão as contas patrimoniais, não
aparecendo as contas de resultado.

É como se fosse uma fotografia de todos os bens tangíveis e intangíveis, direitos, obrigações e a situação líquida.

2. Organização
Se todas as contas patrimoniais estarão expostas no balanço, a sua disposição deve ser ordenada e agrupada de modo
a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. A Lei 4.320/64, alterada pelas leis
11.687/2007 e 11.941/2009 como parte do processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade às Nor-
mas Internacionais de Contabilidade (IFRS), determina a organização do balanço patrimonial, separando os elementos
patrimoniais, conforme sua natureza, em ativo e passivo, dividindo-os em subgrupos e estabelecendo o critério de
disposição desses grupos.

A estrutura do balanço patrimonial sofreu diversas alterações na sai composição com o advento das leis 11.687/2007
e no 11.941/2009. Antes a estrutura do balaço era composta de:

No ativo, as contas eram dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos
seguintes grupos:

a) ativo circulante;

b) ativo realizável a longo prazo;

c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido.

No passivo, as contas eram classificadas nos seguintes grupos:

a) passivo circulante;

b) passivo exigível a longo prazo;

c) resultados de exercícios futuros;

d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.

Como critério de disposição das contas contábeis a lei estabeleceu, para o ativo, a ordem decrescente de grau de
liquidez dos elementos nelas registrados, dividindo-os nos seguintes grupos:

 ativo circulante; e
 ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.

No passivo, as contas serão classificadas conforme o grau de decrescente de exigibilidade nos seguintes grupos:

 passivo circulante;
 passivo não circulante; e

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 patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas
de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Essa divisão estabelecida pela lei nos traz a figura clássica do Balanço Patrimonial que já vimos anteriormente.

Isso não quer dizer que o balanço não possa ser apresentado de forma diversa, com o passivo a baixo do ativo, por
exemplo, o que importa é que a divisão das contas seja mantida segundo os critérios estabelecidos, respeitando a
estrutura disposta na norma legal que em seus mandamentos estabelece regras rígidas, principalmente no que tange
a ordem de apresentação dos grupos e das contas dentro desses grupos.

Apesar do mandamento legal determinar a divisão de Ativos e Passivos em circulante e não circulante, o CPC 26 esta-
beleceu que a entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes,
como grupos de contas separados no balanço patrimonial, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez pro-
porcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem
ser apresentados por ordem de liquidez.

A apresentação desses elementos no balanço patrimonial envolve um processo de subclassificação. Por exemplo,
ativos e passivos podem ser classificados por sua natureza ou função nos negócios da entidade, a fim de mostrar as
informações da maneira mais útil aos usuários para fins de tomada de decisões econômicas.

Em complementação a essa determinação, o CPC ainda estabelece que qualquer que seja o método de apresentação
adotado, a entidade deve divulgar o montante esperado a ser recuperado ou liquidado em até doze meses ou mais do
que doze meses, após o período de reporte, para cada item de ativo e passivo

Outro dispositivo legal para o qual devemos ficar atentos é o que determina que os saldos devedores e credores que
a companhia não tiver direito de compensar deverão ser classificados separadamente.

Isso porque existem contas que são ligadas umas as outras pelo direito da empresa de compensar seus saldos, se tais
contas aparecessem no Balanço seriam apresentadas separadamente. A lei determina que antes de apresentar as
contas envolvidas, deve-se fazer as compensações entre elas, restando apenas aquela que tiver saldo remanescente.
O exemplo mais clássico desse tipo de contas são as contas relacionadas a impostos recuperáveis.

Por exemplo: Uma indústria ao adquirir matéria prima paga 10 de IPI. Pela regra, que nós já aprendemos, esse valor
será classificado no ativo como um direito cuja conta será denominada IPI a Recuperar. A indústria então vende seus
produtos e em função dessa venda registra a despesa com o IPI sobre a venda no valor de 20. Como esse IPI não será
efetivamente pago no momento da venda, ele se torna uma obrigação com a denominação IPI a Pagar. Essa obrigação
será registrada no Passivo Exigível com valor de 20.

Agora a empresa tem duas contas contábeis relacionadas e que se compensarão: um direito no valor de 10 (IPI a
Recuperar) e uma obrigação no valor de 20 (IPI a Pagar). A lei determina então que no momento de se levantar o
Balanço Patrimonial esse dois saldos sejam compensados, isso quer dizer que no Balanço ao invés de aparecerem as

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duas contas aparecerá somente aquela que apresentar saldo após a compensação, que nesse caso será a conta IPI a
Pagar e no valor 10.

O que não poderá ocorrer é a compensação de tributos diferentes, pois o IPI a Recuperar só se compensa
com IPI a Recolher e nunca com ICMS a Recolher, por exemplo.

Porém, ativos e passivos ou receitas e despesas não devem ser compensados exceto quando exigido ou permitido por
norma, interpretação ou comunicado técnico, como o exemplo citado acima.

Por esse motivo o CPC 26 determina que a entidade deve informar separadamente os ativos e os passivos, as receitas
e as despesas. A compensação desses elementos no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado, exceto
quando refletir a essência da transação ou outro evento, prejudica a capacidade dos usuários de compreender as
transações, outros eventos e condições que tenham ocorrido e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade. A
mensuração de ativos líquidos de provisões relacionadas, por exemplo, a de obsolescência nos estoques ou a de cré-
ditos de liquidação duvidosa nas contas a receber de clientes não é considerada compensação.

Vejamos agora cada grupo do balanço patrimonial e suas especificidades.

3. Ativo
Já sabemos que o ativo é composto por todos os bens e direitos da empresa, formando a parte positiva do patrimônio.
Também é denominado ativo total e patrimônio bruto.

É definido pelo CPC 00 como é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual
se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade1.

Reconhecimento de ativos no Balanço Patrimonial

Segundo o CPC – 00 um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que benefícios econô-
micos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade.

Um ativo não deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando os gastos incorridos não proporcionarem a expec-
tativa provável de geração de benefícios econômicos para a entidade além do período contábil corrente. Ao invés
disso, tal transação deve ser reconhecida como despesa na demonstração do resultado. Esse tratamento não implica
dizer que a intenção da administração ao incorrer nos gastos não tenha sido a de gerar benefícios econômicos futuros
para a entidade ou que a administração tenha sido mal conduzida.

A única implicação é que o grau de certeza quanto à geração de benefícios econômicos para a entidade, além do
período contábil corrente, é insuficiente para garantir o reconhecimento do ativo.

Critérios de disposição das contas no Ativo

Conforme determina a lei, no ativo as contas serão dispostas, de cima para baixo, em ordem decrescente de grau de
liquidez dos elementos nelas registrados.

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Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação - de Relatório Contábil-Financeiro (CPC 00) - Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – The Conceptual Framework for
Financial Reporting (IASB – BV 2011 Blue Book). Disponível em http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1.pdf (acessado em 18/022012) aprovado por:
 CVM - Deliberação nº. 675/11;
 CFC - NBC TG Estrutura Conceitual - Resolução nº. 1.374/11.
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Grau de liquidez é o grau de expectativa de conversão em espécie de bens e direitos, ou seja, é a facilidade com que
uma pessoa movimenta uma conta.

Por exemplo, a conta bancos contas movimento é um direito que a pessoa tem contra o banco e que, para movimentá-
la, convertê-lo em dinheiro, basta ir ao banco e sacar. Essa característica faz dessa conta um direito com alto grau de
liquidez. Já para uma hidroelétrica “movimentar” uma turbina não deve ser muito fácil, afinal ela está sendo usada na
produção, e nem há interesse em vendê-la, o que faz com que esse bem tenha um baixo grau de liquidez.

Assim, no balanço patrimonial da hidroelétrica a conta Bancos Conta Movimento virá antes da conta que registra o
valor a turbina.

Seguindo esse critério e as determinações do art. 179 da lei 6.404/76, as contas de uma organização ficam assim
dispostas:

4. Ativo Circulante
Segundo o CPC – 262, um ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional
da entidade;

b) Está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;

c) Espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou

d) É caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na nbc tg 03 – demonstração dos fluxos de caixa), a menos que
sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do ba-
lanço.

Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante.

De acordo com a lei 6.404/76 o ativo circulante é dividido em três grupos:

Disponibilidades
Esse grupo é composto pelos elementos de maior liquides, dinheiro ou o que possa ser imediatamente convertido em
dinheiro, são valores utilizados normalmente como meio de pagamento é formado pelo Caixa e equivalentes a caixa.

Segue alguns deles:

Caixa:

Segundo o CPC 033, caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis, enquanto
equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis

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APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Aprovado por:
CVM - Deliberação nº. 676/11;
CFC - NTC TG 26 - Resolução nº. 1.185/09 alt. 1.376/11.
3 CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa
Aprovado por:
CVM - Deliberação nº. 641/10
CFC - NBC TG 03 - Resolução nº. 1.296/10;
CMN - Resolução nº. 3.604/08 (Banco Central do Brasil);
ANS - Instrução Normativa nº. 37/09;
SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV.
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em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Já fluxos de caixa
são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.

É o elemento de maior liquides de uma organização, nessa conta estarão o dinheiro vivo e os cheques de terceiros a
vista.

Bancos Conta Movimento

É o elemento patrimonial que representa os valores depositados nas contas correntes da empresa, valores que são
depositados para as movimentações financeiras e que não tem o fim específico de auferir rendimento. No balanço
essa conta deverá aglutinar os valores de todas as contas correntes da empresa que por sua vez será dividida em
subcontas, cada uma referente a uma conta corrente especificamente.

Por exemplo:

 Bancos Conta Movimento................................10.000


 Banco N, conta xxxx-x.........................................5.000
 Banco N, conta yyyy-y........................................2.000
 Banco K...................................................................3.000

Aplicações financeiras de liquidez imediata

Nessa conta devem ser registrados os valores depositados em instituições financeiras com a finalidade específica de
se auferir algum rendimento, porém somente aqueles depósitos que podem ser levantados a qualquer momento, sem
prazo para resgate ou com prazo curto, por exemplo, poupança.

Numerários em trânsito:

Refere-se a remessas de valores entre estabelecimento da organização ou entre estes e clientes, fornecedores, etc.

O conceito de equivalentes de caixa era pouco difundido no Brasil antes da implementação das normas internacionais
de contabilidade. Esse conceito é mais abrangente que o convencionalmente adotado no Brasil para as disponibilida-
des, pois não se restringe aos valores de liquidez imediata, embora não haja restrições à sua conversibilidade em prazo
e valor certos.

Equivalentes de Caixa

Segundo o CPC 03, os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de
curto prazo e, não, para investimento ou outros propósitos. Para que um investimento seja qualificado como
equivalente de caixa, ele precisa ter duas características:

1) Conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa; e


2) Estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor.

Portanto, um investimento normalmente qualifica-se como equivalente de caixa somente quando tem vencimento de
curto prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição. Os investimentos em instrumentos
patrimoniais (de patrimônio líquido) não estão contemplados no conceito de equivalentes de caixa, a menos que eles
sejam, substancialmente, equivalentes de caixa, como, por exemplo, no caso de ações preferenciais resgatáveis que
tenham prazo definido de resgate e cujo prazo atenda à definição de curto prazo.

Empréstimos bancários são geralmente considerados como atividades de financiamento. Entretanto, saldos bancários
a descoberto, decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas
correntes garantidas que são liquidados em curto lapso temporal compõem parte integral da gestão de caixa da
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entidade. Nessas circunstâncias, saldos bancários a descoberto são incluídos como componente de caixa e
equivalentes de caixa. Uma característica desses arranjos oferecidos pelos bancos é que frequentemente os saldos
flutuam de devedor para credor.

Direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente.


São os chamados direitos de curto prazo. Para que possamos entender que direitos são esses precisamos saber o que
significa três conceitos:

Direitos

Na lei, a expressão “direitos” tem um sentido mais abrangente do que vimos até o momento como elemento do pa-
trimônio e integrante do ativo. Tal expressão se refere a direitos subjetivos patrimoniais que incluirão direitos reais
(os bens) e direitos pessoais (os créditos, os direitos que vimos até agora).

Vamos entender que direitos são esses que são realizáveis até o término do curso do exercício social subsequente.

Eles podem ser divididos em:

Direitos reais

São direitos sobre a coisa própria, ou seja, em princípio só devem ser registrados os bens de propriedade da companhia
como os diversos estoques que uma empresa pode ter. Esses estoques incluem aqueles de propriedade da companhia,
mas que estejam depósitos de terceiros, e ainda os estoques da companhia em consignação de terceiros.

Conforme determina o Inciso II do art. 183 da Lei 6404/76, os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos
do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, devem ser
avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este
for inferior.

Assim conjuntamente com a conta estoque, se necessário for, haverá também a conta de provisão para ajuste ao valor
de mercado, sempre que este for maior, ou seja, é uma conta credora, redutora do valor do Estoque.

A realização em regra se dá pela venda, pela transformação ou pelo consumo.

Direitos pessoais

Para a classificação como elemento patrimonial, os direitos realizáveis pessoais são os direitos propriamente ditos, ou
seja, valores que a companhia tem a receber de terceiros, também denominados créditos.

Esses créditos podem ser divididos em dois grupos:

Créditos de financiamento: são valores advindos de atividades estranhas às atividades da empresa, como emprésti-
mos a empregados e dirigentes feitos por um supermercado.

Créditos de funcionamento: são os valores decorrentes de atividades normais da empresa, como a venda de merca-
dorias para o mesmo supermercado.

São exemplos de direitos pessoais:

Duplicatas a receber (Clientes)

A conta duplicatas a receber será deduzida da Provisão para Devedores Duvidosos, conta de natureza credora que
reduzirá o valor dos créditos a receber.

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Tributos a recuperar.

Adiantamentos à fornecedores.

Normalmente direitos pessoais são realizados de três formas distintas:

1) Recebimento do valor em dinheiro (recebimento de duplicatas ou promissórias a receber);

2) Recebimento do valor em bens ou serviços (adiantamento a fornecedores); e

3) Compensação (impostos).

Os créditos do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de servi-
ços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) decorrentes da entrada de bens
destinados ao ativo permanente da empresa têm seu aproveitamento integral condicionado ao período de
permanência desses bens no ativo.

O CPC 26 divide os direitos realizáveis em financeiros e não financeiros ou não monetários. Os ativos financeiros in-
cluem recebíveis comerciais e outros recebíveis, os não monetários incluem estoques e provisões.

Realizáveis

Realização é a possibilidade de transformar esses direitos em dinheiro vivo, outro valor, ou ainda, serem consumidos,
como por exemplo, a venda de uma mercadoria, transformação de matéria prima em produto ou o recebimento de
uma duplicata.

A informação acerca das datas previstas para a realização de ativos e de passivos é útil na avaliação da liquidez e
solvência da entidade. Assim como os ativos financeiros, a informação sobre a data prevista para a recuperação e
liquidação de ativos e de passivos não monetários tais como estoque e provisão é também útil, qualquer que seja a
classificação desses ativos e passivos como circulantes ou não circulantes. Por exemplo, a entidade deve divulgar o
montante de estoques que se espera seja recuperado após doze meses da data do balanço

Exercício social subsequente

Exercício social nós já conhecemos, é o período legalmente estabelecido de 12 meses no qual a empresa opera, apura
seus resultados e ao final faz sua prestação de contas.

Porém, pelo fato de não haver obrigatoriedade de coincidência entre o exercício social e o ano civil, e pela possibili-
dade de o Balanço Patrimonial ser elaborado a qualquer tempo, muitas vezes ocorre confusão sobre o que seja o início
do exercício social subsequente para fins de classificação no Balanço Patrimonial. Por exemplo:

Se uma empresa elabora seu balanço patrimonial com data de 25 de agosto do ano X1, ou em virtude de ser o fim do
seu exercício social ou por se tratar de um balanço intermediário. Quando se inicia o Exercício Social subsequente?

Pelo fato de se associar o exercício social ao ano civil ou ainda por confundir a expressão subsequente como um ano
após o Balanço, a resposta tende a ser 01 de janeiro do ano X2 ou ainda 26 de agosto do ano X2.

O que se deve entender é que, para fins de classificação no ativo circulante e não circulante, o exercício social subse-
quente se inicia um dia após a data de elaboração do Balanço Patrimonial, não importando que data seja, no caso
apresentado, 26 de agosto de X1.

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Tal conhecimento é muito importante porque, como veremos a baixo, no Ativo não Circulante também teremos direi-
tos parecidos como os Direitos Realizáveis no Curso do Exercício Social Subsequente, tendo praticamente a mesma
composição, são os Chamados Direitos Realizáveis no Longo Prazo.

A diferença entre eles será o prazo para realização.

No Ativo Circulante estarão os direitos realizáveis no prazo de doze meses a contar do primeiro dia após a data do
Balanço, ou seja, no curto prazo.

No Ativo não Circulante estão os direitos realizáveis após o exercício social subsequente, ou seja, a partir de doze
meses a contar do primeiro dia após a data do Balanço. São os direitos que superam ao exercício seguinte ao período
em que as demonstrações contábeis estiverem sendo levantadas.

Isso não quer dizer que serão contas contábeis diferentes. As contas serão as mesmas, porém o contador deverá
verificar a previsão de realização dos direitos (recebimento das duplicatas, venda dos estoques) e fazer o desdobra-
mento conforme a previsão indicar. A parte dos direitos que for realizada no curso do exercício social subsequente
será classificada no Ativo Circulante. A parte dos direitos que tenha previsão de realização após o curso do exercício
social subsequente será classificada no Ativo não Circulante.

Por exemplo:

Se a empresa que elaborou o balanço acima tivesse entre seus bens e direitos a conta duplicatas a receber no valor
de 2.400, com previsão para recebimento de 100 por mês e estoques no valor de 40.000, com previsão de venda de
30.000 para o exercício social subsequente e 10.000 para depois do exercício social Subsequente, a classificação seria
como se segue.

No Ativo Circulante:

1.200 (100X12), pois receberá esse valor nos próximos doze meses subsequentes à data do Balanço, de 26 de agosto
de X1 até 25 de agosto de X2, ou seja, no curso do exercício social subsequente.

30.000, pois é a parte do estoque prevista para ser vendida nos próximos doze meses subsequentes à data do Balanço,
de 26 de agosto de X1 até 25 de agosto de X2, ou seja, no curso do exercício social subsequente.

No Ativo não circulante:

1.200 (100X12), pois receberá esse valor após os doze meses subsequentes à data do Balanço, a contar de 26 de agosto
de X2, ou seja, após o curso do exercício social subsequente.

10.000, pois é a parte do estoque prevista para ser vendida após os doze meses subsequentes à data do Balanço, a
contar de 26 de agosto de X2, ou seja, após o curso do exercício social subsequente.

Juntado os três conceitos, entendemos que no passivo circulante estarão o dinheiro ou equivalentes a dinheiro, além
dos bens e direitos (direitos em sentido mais amplo) com possibilidade de serem transformados em dinheiro, em
produto ou consumidos (realizáveis) no período de doze meses subsequentes, que se inicia um dia após a data do
balanço (exercício social subsequente).

Com relação às questões de concursos, encontraremos problemas quando nos depararmos com uma questão que
peça a classificação de um direito a ser realizado no tempo sem citar a data de elaboração do Balanço Patrimonial, ou
então uma questão que peça a classificação desse direito a contar de uma data que não seja o ultimo mês do exercício
social.

A depender da situação e da interpretação, um direito poderia ser classificado como circulante em até 23 meses após
a ocorrência do fato que o gerou, bastando que esse fato ocorresse no primeiro mês do exercício social, pois teria

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ainda 11 meses do exercício social vigente em que ocorreu o fato e mais doze meses do exercício social subsequente
como no exemplo abaixo.

Imaginemos uma questão que não trouxesse nenhum outro dado a não ser um fato contábil que ocorresse em janeiro
do ano de X1 e que gerasse um direito no valor de 36.000 a ser recebido 1.000 a cada mês, sendo a primeira parcela
para o dia 01 de fevereiro de X1.

Bem, o fato ocorreu em X1 e o direito em questão será recebido durante o restante do ano de X1 (exercício social
vigente, 11 meses), todo ano de X2 (exercício social subsequente, 12 meses) e ainda no ano de X3 (após o curso do
exercício social subsequente).

Os valores recebidos referentes a X1 (11.000) e X2 (12.000) seriam então classificados como de curto prazo, ou seja,
no passivo circulante.

A dúvida está em relação ao que afirma CPC 26, que um ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer
qualquer dos seguintes critérios:

1) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacio-
nal da entidade, e veremos o que é ciclo operacional abaixo;

2) Está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;

3) Espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou

4) É caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na NBC TG 03 – demonstração dos fluxos de caixa), a menos que
sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do ba-
lanço.

Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante.

Como se pode observar, o CPC 26 não se refere ao exercício social subsequente citando somente o prazo de 12 meses.
Se levarmos em consideração somente essa informação, o exemplo citado acima teria somente os primeiros doze
meses classificados como direitos de curto prazo.

José Ricardo Ferreira4 já encampava um entendimento parecido, ou pelo menos com o efeito parecido, pois para tal
autor a classificação em Circulante e não Circulante leva-se em consideração a elaboração de um Balanço Patrimonial,
mesmo que seja intermediário. Assim o Exercício social subsequente sempre se inicia no primeiro dia útil após a Ela-
boração do Balanço com consequente classificação dos direitos em Circulante e não Circulante, o que tornará Circu-
lante necessariamente aquele direito realizável nos doze meses subsequentes à elaboração do balanço.

Tal pensamento faz todo sentido, haja vista que a classificação de um direito como circulante ou não circulante existe
somente para fins de elaboração do Balanço Patrimonial, já que não existem contas para direitos circulantes e não
circulantes. As contas são as mesmas sendo essa segregação uma mera classificação de valores em função da previsão
do prazo para realização, gerando assim uma informação a mais ao usuário da informação contida no Balanço Patri-
monial.

Mas o que fazer?

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FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2010.

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Hora, se você já tem um concurso em vista e esse concurso é tradicionalmente realizado por determinada banca co-
mece a pesquisar questões em busca de entender o pensamento da banca em relação a esse assunto. Se não, é esperar
que certamente as bancas e a doutrina começarão a se posicionar sobre o tema.

Como exemplo, seguem a baixo duas questões tratando o assunto de forma diversa.

Ciclo Operacional
Segundo Ferreira (2010), “Ciclo operacional é a série sucessiva de transições envolvendo as atividades usuais da com-
panhia. Dentro do prazo de duração do ciclo operacional, a companhia aplica recursos em suas atividades usuais e os
recupera, acrescidos do lucro, mediante o recebimento das vendas”.

Segundo o CPC 26, o ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e sua
realização em caixa ou seus equivalentes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identi-
ficável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses.

Segundo o CPC 26, quando a entidade fornece bens ou serviços dentro de ciclo operacional claramente identificável,
a classificação separada de ativos e passivos circulantes e não circulantes no balanço patrimonial proporciona infor-
mação útil ao distinguir os ativos líquidos que estejam continuamente em circulação como capital circulante dos que
são utilizados nas operações de longo prazo da entidade. Essa classificação também deve destacar os ativos que se
espera sejam realizados dentro do ciclo operacional corrente, bem como os passivos que devam ser liquidados dentro
do mesmo período.

Simplificando, ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e sua realiza-
ção em caixa ou seus equivalentes.

Segundo a lei 6.404/76, na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício
social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Assim, segundo a lei, se uma empresa tem um ciclo operacional maior que 12 meses ela fará a classificação de seus
bens e direitos em circulante e não circulante tendo por base esse ciclo. Por outro lado, se a empresa tiver um ciclo
operacional inferior a doze meses, não poderá classificar seus bens e direitos de acordo com ele, adotando o exercício
social.

Levando em consideração esse conceito, o CPC 26 estabelece que os ativos circulantes incluem ativos (tais como es-
toque e contas a receber comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional
normal mesmo quando não se espera que sejam realizados no período de até doze meses após a data do balanço. Os
ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados (por exem-
plo, ativos financeiros dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de acordo com a NBC TG 38
– Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos financeiros não circulan-
tes.

Para algumas entidades, tais como instituições financeiras, a apresentação de ativos e passivos por ordem crescente
ou decrescente de liquidez proporciona informação que é confiável e mais relevante do que a apresentação em circu-
lante e não circulante pelo fato de que tais entidades não fornecem bens ou serviços dentro de ciclo operacional
claramente identificável.

Segundo o CPC 26, na classificação das contas, é permitido à entidade apresentar alguns dos seus ativos e
passivos, utilizando-se da classificação em circulante e não circulante e outros por ordem de liquidez
quando esse procedimento proporcionar informação confiável e mais relevante. A necessidade de apre-
sentação em base mista pode surgir quando a entidade tem diversos tipos de operações.

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Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte


Em função do princípio da competência as despesas só devem ser reconhecidas no momento que efetivamente ocor-
rerem, pois pertencerão a esse período.

Imaginemos então um prestador de serviços que presta serviços mês a mês para uma empresa. Tal prestador é essen-
cial para o funcionamento de uma organização, mas está passando por dificuldades financeiras para continuar pres-
tando serviços por não conseguir crédito na praça.

No ano X1 a prestadora prestou serviços à organização no valor de 1200 (100 por mês) e, para não fechar as portas
por falta de crédito, propôs que, no momento do pagamento do valor referente a dezembro de X1, a organização
fizesse um adiantamento no valor de 2.400 referentes a 24 meses subsequentes a dezembro de X1.

Como o prestador de serviços é essencial à empresa e a paralisação de suas atividades poderia provocar prejuízos, a
organização resolveu aceitar a proposta e em 31 de dezembro de X1 efetuou um pagamento no valor de 2.500, 100
referente ao mês de dezembro de X1 e 2400 referentes aos anos de X2 e X3.

Como representar o impacto no patrimônio desse fato contábil?

Bem, primeiramente vamos entender que prestação de serviços normalmente será uma despesa para a organização
quando prestado, então fica fácil em relação aos 100 referentes ao mês de dezembro:

Despesa com prestação de serviços


a Bancos Conta Movimento..................................................................100.
E em relação aos serviços que foram pagos e ainda não foram prestados?

Ora é simples, o princípio da competência determina que a despesa só pode ser reconhecida no patrimônio quando
ocorre, e no caso do serviços só será reconhecida quando o serviço for efetivamente prestado. Conclui-se então que
tal despesa ainda não ocorreu e assim, não pode ser computado como sendo despesa do ano de X1.

Mas como classificar o adiantamento de 2.400?

Ora o adiantamento foi em função de uma prestação de serviços futura e só quando ela ocorrer é que se poderá
considera essa despesa realizada. Entendemos então que tal operação se assemelha a um empréstimo, que será pago
com serviços ao longo dos dois anos.

Sabemos que quando a empresa empresta dinheiro à alguém ela registra no Ativo um direito em contrapartida da
saída de dinheiro. O tratamento dado a essa operação é o mesmo, ou seja, a empresa deverá registrar em seu Ativo
um direito contra prestadora de serviços dessa forma.

Adiantamento a Prestador de Serviços


a Bancos Conta Movimento.........................................2.400.
O registro da despesa antecipada é um fato contábil meramente permutativo, não provocando alterações no PL por
não ter havido ainda despesa alguma, pois em contrapartida a saída de dinheiro, houve o registro de um direito, não
ocorrendo alterações no Ativo.

Mas quando essa despesa será considerada, registrada?

A cada período, na medida em que o serviço for sendo prestado, com lançamento credor na conta representativa do
direito.

Vejamos o lançamento desse fato em 31 de janeiro de X2.

Despesa com Serviços

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a Adiantamento a Prestador de Serviços...........................100

Com o lançamento acima a conta representativa de direito “Adiantamento a Prestador de Serviços” será reduzida em
100 e ficará com saldo de 2.300, de assim por diante, até que seu saldo seja zerado no término do 24 º mês.

Esse tratamento deve ser dado às outras aplicações de recursos em despesas de exercícios seguintes como:

Adiantamento a empregados.

Prêmios de seguros pagos antecipadamente (seguros a vencer);

Aluguéis pagos antecipadamente (aluguéis a vencer);

Assinaturas e anuidades a apropriar;

Comissões pagas antecipadamente.

E no dia 31 de dezembro de X1, ao elaborar o Balanço Patrimonial, o valor a ser classificado no ativo como direito
ficará no Ativo Circulante ou no Ativo não Circulante?

A lei se omite em relação à classificação de despesas antecipadas em direitos de longo prazo, mas parte da doutrina
afirma que o tratamento dado deve ser o mesmo dos outros direitos desse grupo.

Levando em consideração esse posicionamento, no exemplo dado temos que observar o prazo para realização no
momento de fazer a classificação. Assim, a parte do direito que será realizada no curso do exercício social subsequente
(primeiros 12 meses) será classificada no Ativo Circulante. O restante (1.200) será realizado após o curso do exercício
social subsequente, por esse motivo será classificado no Ativo não Circulante.

Os ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados (por
exemplo, ativos financeiros dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de acordo com a NBC
TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos financeiros não
circulantes.

5. Ativo não circulante


O restante dos bens e direitos da empresa não classificáveis no Ativo Circulante será classificado no Ativo não Circu-
lante que se subdivide em:

Realizável a Longo Prazo;

Investimentos;

Imobilizado;

Intangível;

O CPC 26 utiliza o termo “não circulante” para incluir ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de natureza
associada a longo prazo. Não se proíbe o uso de descrições alternativas desde que seu sentido seja claro.

Apesar do exposto, o CPC mantém a determinação de que o ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a
longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.

5.1. Realizável a Longo Prazo


O Ativo Realizável a Longo Prazo se divide ainda em dois subgrupos:

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1) Direitos Realizáveis de longo prazo


Nesse subgrupo serão classificados os direitos da empresa e que sejam realizáveis após o exercício social subsequente.

Assim, esse grupo é muito parecido com o grupo do Passivo Circulante denominado “Direitos Realizáveis no Curso do
Exercício Social Subsequente” que vimos acima. A diferença estará na expectativa para prazo de realização, que, nesse
caso, será após o exercício social subsequente, ou seja, a partir do 13º mês subsequente à data do balanço.

Dessa forma as contas encontradas nesse subgrupo serão praticamente as mesmas encontradas no subgrupo do Pas-
sivo Circulante:

Estoques diversos (com previsão de venda para após o exercício social subsequente)

Conforme determina o Inciso II do art. 183 da Lei 6404/76, os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos
do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, devem ser
avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este
for inferior.

Duplicatas a receber (clientes)

A conta duplicatas a receber será deduzida da Provisão para Devedores Duvidosos, conta de natureza credora que
reduzirá o valor dos créditos a receber.

Tributos a recuperar

Adiantamentos à fornecedores.

2) Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte (Para parte da doutrina).


A lei se omite em relação ao tratamento dado às aplicações de recursos em despesas de exercícios seguintes, não
fazendo qualquer referência à ela.

Diante dessa omissão, parte da doutrina entende que o mais lógico é dar a esses direitos o mesmo tratamento dado
aos direitos realizáveis de longo prazo, ou seja, classificá-los em circulante ou não circulante, conforme exista ou não
previsão de realização no após o curso do exercício social subsequente, como vimos no exemplo acima.

3) Operações não usuais com pessoas ligadas.


A lei fez uma classificação diferenciada em relação a uma classe de direitos muito específica, chamada de “operações
não usuais com pessoa ligadas”

Para esse tipo de direitos a lei desconsiderou o principal critério utilizado, o tempo. Como vimos até agora, o que
diferencia um direito realizável circulante de um não circulante é a previsão de realização ou não no curso do exercício
social subsequente.

Porem as operações não usuais com pessoas ligadas serão sempre classificadas no Passivo não Circulante Realizável a
Longo Prazo, independente do prazo de realização. Para tanto é preciso que possua as seguintes características:

Que a operação não seja usual.

A operação não será considerada usual se não estiver entre aquelas previstas no contrato social da empresa, ou seja,
não seja objeto da companhia. Por exemplo:

Um supermercado tem como suas principais atividades vender mercadorias. Assim, é considerada uma operação não
usual o supermercado emprestar dinheiro à alguém.

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Já para um banco o empréstimo seria uma operação usual e a venda de mercadorias não.

Que gere créditos para a companhia;

O fato contábil só será registrado no ativo se gerar direitos para a companhia, como no caso do empréstimo feito.

Que sejam derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos;

Que sejam pessoas ligadas.

A lei considera pessoas ligadas: as sociedades coligadas ou controladas; diretores; acionistas; ou participantes no lucro
da companhia

Para ser classificado nesse grupo, o fato dever conter todos os requisitos acima citados, na falta de um deles, a classi-
ficação levará em conta o prazo para realização.

Por exemplo, o banco tem como um dos seus objetos emprestar dinheiro. Se um diretor resolve fazer um empréstimo
no banco em que dirige seguindo os trâmites de um cliente normal, esse empréstimo será classificado, conforme a
expectativa de realização, nos ativos circulante e não circulante. Tal fato não foi classificado como operação não usual
com pessoa coligada por lhe falta um requisito, essa operação é usual.

4) Ajuste de ativos de longo prazo e circulante, quando relevantes, ao valor presente.


A necessidade de adesão ao processo de harmonização e convergência das práticas nacionais às normas contábeis
previstas nas International Financial Reporting Standards (IFRS), emitidas pelo International Accounting Standard Bo-
ard (IASB), fez com que os processos contábeis no Brasil passassem por alterações que resultaram nas Leis nº
11.638/07 e 11.941/09 e nos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

A lei 11.638/07 que alterou a lei 6404/76, trouxe como novidade a determinação de que os elementos do ativo decor-
rentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito
relevante.

A maioria das operações de longo prazo que geram créditos para a empresa tem em seu interior receitas e despesas
inclusas advindas da necessidade de tratamento diferenciado entre estas e as operações a vista. Tais procedimentos
ocorrem, normalmente, em função do risco do não recebimento e do custo de se vender a prazo, afinal a empresa
entrega a terceiros bens, mercadorias ou serviços que lhe custaram esforços financeiros que, muitas vezes já ocorre-
ram, para receber tais receitas somente no longo prazo.

Para compensar esse esforço e o risco de não recebimento as empresas embutem no preço do produto, mercadoria,
ou serviço os juros.

Como, até o advento da lei, o tratamento dado às operações a vista e a prazo não sofriam diferenciação, o resultado
apurado era distorcido pelos juros embutidos que eram considerados receita de vendas.

É necessário entender quais ativos estarão sujeitos aos ajustes. A lei fala nos ativos de longo prazo, ou seja, todos os
elementos o realizáveis a longo prazo, além dos de curto prazo quando tenham efeitos relevantes nas demonstrações
contábeis.

Para excluir os juros, a lei determina que os valores decorrentes dessas operações sejam calculados a valor presente,
que sejam calculados de forma que reflitam o impacto patrimonial como se recebidos a vista. Vejamos o seguinte
exemplo:

Na venda a prazo de mercadorias para recebimento a longo prazo temos que se a mercadoria fosse vendida a vista
seria por 200, mas por se a prazo a venda foi por 220.

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Desconsiderando outras implicações para o patrimônio, como o Custo da Mercadoria Vendida.

a Diversos

a Receita de Vendas..................................200

a Ajuste ao Valor Presente..........................20

Contas a Receber.................................................220

Dessa forma livra-se a receita do juro incidente sobre a venda de longo prazo, mostrando quanto vale efetivamente
aquele direito.

Com o passar do tempo, em atendimento ao princípio da competência, esses juros serão apropriados ao resultado
proporcionalmente ao tempo decorrido em conta de receita, conforme diz Ferreira, pró-rata tempore.

Conforme o valor proporcional ao tempo decorrido o lançamento será:

Ajuste ao valor Presente.............................

a Receita financeira.................................................

5.2. Investimentos
Nesse grupo serão classificados todos os bens que sejam partes do patrimônio da organização e que não estejam
ligados às atividades principais dela e que não estão disponíveis para a venda.

Segundo a lei são:

As participações permanentes em outras sociedades

São os valores aplicados na compra de ações e outros títulos de participação no capital de outra empresa, com a
intenção de mantê-las em caráter permanente. Podem ser materializados por meio de ações ou cotas.

O caráter permanente diz respeito à intenção no momento da compra. Para que uma aquisição seja consi-
derada de “caráter permanente” a intenção da compradora deve ser a de manter essas ações no ativo sem
a intenção de vendê-las, buscando com elas obter uma fonte permanente de renda ou outro benefício por
meio da participação na outra empresa.

Se a compra cumprir esses requisitos, tais participações devem ser registradas como Ativo não Circulante no subgrupo
Investimento. Se, ao contrário, as ações e outros títulos de participação forem comprados com a intenção de obtenção
de lucros com a venda posterior, ou seja, especulando, essas ações devem ser registradas no Ativo Circulante, ou no
Não Circulante Realizável a Longo Prazo, dependendo do prazo para a venda, se durante ou após o exercício social
subsequente, ou, a depender da empresa, do ciclo operacional subsequente.

Essa intenção será manifestada no momento em que se adquire a participação, mediante a sua inclusão no subgrupo
de investimentos, caso haja interesse de permanência, ou o registro no ativo circulante, não havendo esse interesse.

Será, no entanto, caracterizada a intenção de permanência sempre que o valor registrado no ativo circulante não for
alienado até a data de encerramento do ano-calendário seguinte àquele em que tiver sido adquirido.

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Segundo Ferreira5,são elas:

Participação em controladas;

Avaliada pela equivalência patrimonial, ou seja, pelo valor do patrimônio líquido.

Participação em coligadas;

Avaliada pela equivalência patrimonial, ou seja, pelo valor do patrimônio líquido.

Em outras sociedades que façam parte do mesmo grupo;

O valor desses investimentos será deduzido da provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando esta
perda estiver comprovada como permanente.

Em outras sociedades cuja participação não seja temporária ou especulativa.

O valor desses investimentos será deduzido da provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando esta
perda estiver comprovada como permanente.

Os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da
atividade da companhia ou da empresa.

A expressão direito acima citada, se refere a direito em sentido amplo, ou seja, bens (direitos reais) e
direitos (direitos pessoais).

O critério utilizado para a classificação nesse subgrupo é a exclusão, ou seja, se existir um direito que não se enquadre
em qualquer outro grupo ele será incluído aqui.

Os exemplos mais comuns desse tipo de direito, chamado por alguns de outros investimentos são:

 Terrenos não utilizados na atividade da companhia,


 Obras de Arte adquiridas com o fim de investir (para um museu, por exemplo, obra de arte não seria
investimento, seria imobilizado).
 Imóveis não utilizados nas atividades da organização;
 Imóveis para aluguel.

Tais investimentos são avaliados pelo custo aquisição deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na rea-
lização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior.

Segundo o CPC 286, propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício – ou parte de edifício – ou
ambos) mantida (pelo proprietário ou pelo arrendatário em arrendamento financeiro) para auferir aluguel ou para
valorização do capital ou para ambas, e não para:

5
FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2010.
6
CPC 28 - PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO
Aprovado por:
CVM - Deliberação CVM nº. 584/09;
CFC - NBC TG 28 - Resolução Nº. 1.178/09;
ANEEL - Despacho nº 4.722/09;
ANS - Instrução Normativa nº. 37/09;
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Uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades administrativas; ou

Venda no curso ordinário do negócio.

O CPC 28 apresenta a exemplos de propriedades para investimento:

Terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para venda a curto prazo no curso ordinário dos
negócios;

Terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado (se a entidade não tiver determinado que usará o
terreno como propriedade ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso ordinário do negócio, o
terreno é considerado como mantido para valorização do capital);

Edifício que seja propriedade da entidade (ou mantido pela entidade em arrendamento financeiro) e que seja arren-
dado sob um ou mais arrendamentos operacionais;

Edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais;

Propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura utilização como propriedade para investimento.

Seguem-se exemplos de itens que não são propriedades para investimento, estando, por isso, fora do alcance do CPC
28:

Propriedade destinada à venda no decurso ordinário das atividades ou em vias de

construção ou desenvolvimento para tal venda (ver pronunciamento técnico cpc 16 – estoques), como, por exemplo,
propriedade adquirida exclusivamente com vista à alienação subsequente no futuro próximo ou para desenvolvimento
e revenda;

Propriedade em construção ou desenvolvimento por conta de terceiros (ver pronunciamento técnico cpc 17 – contra-
tos de construção);

Propriedade ocupada pelo proprietário (ver pronunciamento técnico cpc 27), incluindo (entre outras coisas) proprie-
dade mantida para uso futuro como propriedade ocupada pelo proprietário, propriedade mantida para desenvolvi-
mento futuro e uso subsequente como propriedade ocupada pelo proprietário, propriedade ocupada por empregados
(paguem ou não aluguéis a taxas de mercado) e propriedade ocupada pelo proprietário no aguardo de alienação;

Propriedade que é arrendada a outra entidade sob arrendamento financeiro.

5.3. Imobilizado
Segundo lei, serão classificados no ativo não circulante Imobilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos
destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os
decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.

Isso significa que para ser considerado um imobilizado, um bem não precisa pertencer juridicamente uma pessoa,
basta o controle dos riscos e benefícios, como no arrendamento mercantil (leasing finaceiro).

Pelo entendimento que se extrai da lei, nesse subgrupo só serão classificados os direitos reais (bens) utilizados nas
atividades da empresa e que sejam utilizados em suas atividades, ou seja, que auxiliam a empresa no desenvolvimento
de suas atividades.

SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV


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Segundo o CPC 277 Ativo imobilizado é o item tangível que:

 É mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para
fins administrativos; e
 Se espera utilizar por mais de um período.
 O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:
 For provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e

O custo do item puder ser mensurado confiavelmente.

Atenção para as seguintes observações da do CPC 27 e da ICP 108:

A menção da palavra “aluguel” no item citada acima e a menção da expressão “para obter rendas” citada na definição
das propriedades para investimento, se diferenciam basicamente no seguinte:

No ativo imobilizado, a figura do aluguel só pode existir quando estiver vinculado a ativo complementar na produção
ou no fornecimento de bens ou serviços. Por exemplo, uma fazenda pode ter residências alugadas a seus funcionários,
uma extratora de minerais pode construir residências no meio da floresta também para alugar a seus funcionários,
etc. Nesse caso, os ativos alugados são, na verdade, parte do imobilizado necessário ao atingimento da atividade-fim
da entidade.

Se houver investimento para obter renda por meio de aluguel, em que este é o objetivo final, no qual o imóvel é um
investimento em si mesmo, e não o complemento de outro investimento, aí se tem a caracterização não do ativo
imobilizado, mas sim de propriedade para investimento. A propriedade para investimento, ao contrário do ativo alu-
gado classificado no imobilizado, tem um fluxo de caixa específico e independente, ou seja, ele é o ativo principal
gerador de benefícios econômicos, e não um acessório a outros ativos geradores desses benefícios.

Sobressalentes, peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno são classificados como ativo imobili-
zado quando a entidade espera usá-los por mais de um período. Da mesma forma, se puderem ser utilizados somente
em conexão com itens do ativo imobilizado, também são contabilizados como ativo imobilizado. Por exemplo: o esto-
que de peças para reposição dos tratores utilizados por uma empresa de terraplanagem deve ser registrado no ativo
imobilizado em subconta à parte.

Para o reconhecimento daquilo que constitui um item do ativo imobilizado, é necessário exercer julgamento ao aplicar
os critérios de reconhecimento às circunstâncias específicas da entidade. Pode ser apropriado agregar itens individu-
almente insignificantes, tais como moldes, ferramentas e bases, e aplicar os critérios ao valor do conjunto.

Por outro lado, a entidade não deve reconhecer no valor contábil de um item do ativo imobilizado os custos da manu-
tenção periódica do item. Pelo contrário, esses custos são reconhecidos no resultado quando incorridos. Os custos da
manutenção periódica são principalmente os custos de mão-de-obra e de produtos consumíveis, e podem incluir o
custo de pequenas peças. A finalidade desses gastos é muitas vezes descrita como sendo para “reparo e manutenção”
de item do ativo imobilizado.

7
CPC 27 - ATIVO IMOBILIZADO
Aprovado por:
CVM - Deliberação CVM nº. 583/09;
CFC - NBC TG 27 - Resolução nº. 1.177/09;
ANEEL - Despacho nº 4.722/09;
ANS - Instrução Normativa nº. 37/09;
SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV
8 ICPC 10 - Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43
Aprovado por:
CVM - Deliberação nº. 619/09;
CFC - ITG 10 - Resolução nº. 1.263/09;
SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV
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A entidade deve avaliar todos os seus custos de ativos imobilizados no momento em que eles são incorridos. Esses
custos incluem custos incorridos inicialmente para adquirir ou construir um item do ativo imobilizado e os custos
incorridos posteriormente para renová-lo, substituir suas partes, ou dar manutenção ao mesmo.

Ainda segundo o CPC 27, itens do ativo imobilizado podem ser adquiridos por razões de segurança ou ambientais. A
aquisição de tal ativo imobilizado, embora não aumentando diretamente os futuros benefícios econômicos de qual-
quer item específico já existente do ativo imobilizado, pode ser necessária para que a entidade obtenha os benefícios
econômicos futuros dos seus outros ativos.

Esses itens do ativo imobilizado qualificam-se para o reconhecimento como ativo porque permitem à entidade obter
benefícios econômicos futuros dos ativos relacionados acima dos benefícios que obteria caso não tivessem adquirido
esses itens. Por exemplo, uma indústria química pode instalar novos processos químicos de manuseamento a fim de
atender às exigências ambientais para a produção e armazenamento de produtos químicos perigosos; os melhora-
mentos e as benfeitorias nas instalações são reconhecidos como ativo porque, sem eles, a entidade não estaria em
condições de fabricar e vender tais produtos químicos. Entretanto, o valor contábil resultante desse ativo e dos ativos
relacionados deve ter a redução ao valor recuperável revisada de acordo com a NBC TG 01 – Redução ao Valor Recu-
perável de Ativos.

Custo de um ativo imobilizado

Um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como ativo deve ser mensurado pelo seu
custo.

O custo de um item do ativo imobilizado compreende:

Seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de
deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;

Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz
de funcionar da forma pretendida pela administração;

A estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está
localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como con-
sequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse
período.

Deve-se ficar atento para a dedução dos impostos recuperáveis quando a legislação permitir.

São exemplos desses bens, quando atendidas as condições acima expostas:

Máquinas e equipamentos;

Veículos;

Edificações;

Móveis e utensílios;

Instalações.

Equipamentos de informática

Importante estar atento ao fato de que quando o software é parte integrante do respectivo hardware, ele deve ser
tratado como ativo imobilizado.

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Baixa

O valor contábil de um item do ativo imobilizado deve ser baixado:

Por ocasião de sua alienação; ou

Quando não há expectativa de benefícios econômicos futuros com a sua utilização ou alienação.

5.4. Intangível
Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física.

Serão classificados no intangível, os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.

Como vimos na classificação dos bens, bens intangíveis são bens que tem por principal característica não ter existência
física.

Esse grupo nasceu a partir de 01.01.2008. Trata-se de um desmembramento do ativo imobilizado, que, passa a contar
apenas com bens corpóreos de uso permanente.

Se é uma divisão do imobilizado, não basta não ter um corpo físico para ser classificado nesse grupo, para tanto é
preciso que um bem que não tenha corpo físico esteja destinado à manutenção da companhia, ou seja, esteja sendo
utilizado no seu funcionamento, na busca de resultado.

Assim, se uma empresa adquire um bem intangível com o fim especulativo (ganhar dinheiro com a sua revenda) esse
bem não deverá ser classificado no grupo intangível, apesar de o ser. Se a intenção da companhia é vendê-lo ele deve
ser classificado no ativo circulante ou não circulante a depender da expectativa do prazo de venda. Ou ainda, se tal
ativo foi adquirido com a outra finalidade pode ser classificado como investimento.

Segundo CPC9 04, para que seja reconhecido no grupo Intangível, um ativo intangível deve se identificável, controlado
e gerador de benefícios econômicos futuros.

Identificação

A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, para diferenciá-lo do ágio derivado da expectativa de
rentabilidade futura (goodwill).

O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) reconhecido em uma combinação de negócios é um
ativo que representa benefícios econômicos futuros gerados por outros ativos adquiridos em uma combinação de
negócios, que não são identificados individualmente e reconhecidos separadamente. Tais benefícios econômicos fu-
turos podem advir da sinergia entre os ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que, individualmente, não se qua-
lificam para reconhecimento em separado nas demonstrações contábeis.

Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo intangível, quando:

For separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, indivi-
dualmente ou junto com um contrato, ativo ou passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade;
ou

9 CPC 04 (R1) - Ativo Intangível


Aprovado por:
CVM - Deliberação nº. 644/10;
CFC - NBC TG 04 - Resolução nº. 1.303/10;ANS - Instrução Normativa nº. 37/09
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Resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de tais direitos serem transferíveis ou
separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações.

Controle

A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo recurso
subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade da entidade de con-
trolar os benefícios econômicos futuros de ativo intangível advém de direitos legais que possam ser exercidos num
tribunal. A ausência de direitos legais dificulta a comprovação do controle. No entanto, a imposição legal de um direito
não é uma condição imprescindível para o controle, visto que a entidade pode controlar benefícios econômicos futuros
de outra forma.

Benefício econômico futuro

Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível podem incluir a receita da venda de produtos ou servi-
ços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propri-
edade intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção futuros em vez de aumentar as
receitas futuras.

Reconhecimento

Um ativo intangível deve ser reconhecido apenas se:

For provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade;
e

O custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade.

Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo.

São exemplos de bens classificados no subgrupo Intangíveis (desde que utilizados nas atividades da companhia):

Os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão ou permissão do Poder Público;

 Marcas e patentes;
 Softwares;
 Fundo de comércio adquirido.

Em função de a lei citar especificamente o fundo de comércio adquirido segue a sua definição:

O fundo de comércio tem como elemento essencial a ligação de uma clientela que adquire um produto ou serviço de
uma determinada pessoa. Esse fundo pode ser adquirido ou criado e mantido por uma pessoa. Também pode ser
denomina aviamento ou Goodwill.

Os bens intangíveis adquiridos de terceiros deverão ser reconhecidos contabilmente e figurarem no ativo, quando
destinados à manutenção da atividade da empresa. Quando tais bens forem gerados pela própria organização, em
geral não deverão ser reconhecidos contabilmente.

ATENÇÃO!!!!!

O grupo ativo diferido foi extinto pela MP no 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09) conforme texto a
baixo:

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Art. 299-A. O saldo existente em 31 de dezembro de 2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, não
puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua com-
pleta amortização, sujeito à análise sobre a recuperação de que trata o § 3o do art. 183 desta Lei.

Em função disso, o CPC 13 determinou que os gastos ativados que não possam ser reclassificados para outro
grupo de ativos, devem ser baixados no balanço de abertura, na data de transição, mediante o registro do
valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais, nos termos do item 55 ou mantidos
nesse grupo até sua completa amortização, sujeito à análise sobre recuperação conforme a NBC TG 01 –
Redução ao Valor Recuperável de Ativos. No caso de ágio anteriormente registrado nesse grupo, análise
meticulosa deve ser feita quanto à sua destinação: para o ativo intangível se relativo a valor pago a terceiros,
independentes, por expectativa de rentabilidade futura (goodwill); para investimentos, se pago por dife-
rença entre valor contábil e valor justo dos ativos e passivos adquiridos; e para o resultado, como perda, se
sem substância econômica.

6 - Critérios de Avaliação do Ativo


A lei 6404/76 alterada pela lei 11.638, DE 2007 determina que no balanço, os elementos do ativo serão avaliados
segundo os seguintes critérios:

I. As aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no


ativo circulante ou no realizável a longo prazo:

Obs.: Caracteriza-se como instrumento financeiro todo contrato que dá origem a um ativo financeiro em uma entidade
e a um passivo financeiro ou título representativo do patrimônio em outra entidade. São exemplos de instrumentos
financeiros: ações.

 Pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda;
e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
 Pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais,
ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos
de crédito; (Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007)

II. Os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-pri-
mas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão
para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior;

III. Os investimentos em participação no capital social de outras sociedades deverão ser avaliados pelo custo de aqui-
sição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada
como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou
quotas bonificadas. Ressalvado a avaliação do investimento em coligadas e controladas e no caso das demonstrações
consolidadas.

IV. Os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na rea-
lização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior;

V. Os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreci-
ação, amortização ou exaustão;

VI. Os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de
amortização;

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VII. Os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais
ajustados quando houver efeito relevante.

A lei considera valor justo:

 Das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser
 Repostos, mediante compra no mercado;
 Dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos
os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro;
 Dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros.
 Dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não
compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado
instrumento financeiro:
 O valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de
natureza, prazo e risco similares
 O valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco
similares; ou
 O valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros.

A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas
de:

 Depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a
desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;
 Amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da
propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;
 Exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam
recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e
no intangível, a fim de que sejam:

I. registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou
atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recu-
peração desse valor; ou (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

II. revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da
depreciação, exaustão e amortização. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse
for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.

6. Passivo
Como visto, passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera
que resulte na saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. Uma obrigação é um dever ou responsabi-
lidade de agir ou de desempenhar uma dada tarefa de certa maneira.

A lei 6.404/76 chama de Passivo Exigível o conjunto de obrigações da companhia. Esse grupo do Balanço Patrimonial
congrega então todas as contas contábeis que, de uma forma ou de outra, represente o direito de outras pessoas
obterem de alguma forma valores da organização avaliáveis monetariamente, seja de que natureza for, dinheiro, bens
ou serviços.

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É também chamado de capital de terceiros, por representar a parte de recursos entregues por terceiros utilizado no
financiamento de ativo.

Segundo o CPC 00, as obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de exigências esta-
tutárias. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por bens e serviços recebidos. Entretanto, obri-
gações surgem também de práticas usuais do negócio, de usos e costumes e do desejo de manter boas relações co-
merciais ou agir de maneira equitativa. Desse modo, se, por exemplo, a entidade que decida, por questão de política
mercadológica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado
conhecidos depois da expiração do período da garantia, as importâncias que espera gastar com os produtos já vendi-
dos constituem passivos.

O CPC 00 explica a distinção entre uma obrigação presente e um compromisso futuro. A decisão da Administração de
uma entidade de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente. A obrigação normalmente
surge somente quando o ativo é recebido ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. Neste
último caso, a natureza irrevogável do acordo significa que as conseqüências econômicas de deixar de cumprir a obri-
gação, por exemplo, por causa da existência de uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou ne-
nhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte.

A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica na utilização, pela entidade, de recursos capazes de gerar
benefícios econômicos (ativos) a fim de satisfazer o direito da outra parte. A extinção de uma obrigação presente pode
ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, por meio de:

 Pagamento em dinheiro;
 Transferência de outros ativos;
 Prestação de serviços;
 Substituição da obrigação por outra; ou
 Conversão da obrigação em capital.

Uma obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus
direitos creditícios.

Reconhecimento

Segundo o CPC 00 um passivo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de
recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação presente e o valor pelo qual
essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade.

Na prática, as obrigações originadas de contratos ainda não integralmente cumpridos de modo proporcional – propor-
tionately unperformed (por exemplo, passivos decorrentes de pedidos de compra de produtos e mercadorias ainda
não recebidos) - não são geralmente reconhecidas como passivos nas demonstrações contábeis. Contudo, tais obriga-
ções podem enquadrar-se na definição de passivos caso sejam atendidos os critérios de reconhecimento nas circuns-
tâncias específicas, e podem qualificar-se para reconhecimento. Nesses casos, o reconhecimento dos passivos exige o
reconhecimento dos correspondentes ativos ou despesas.

Os juros, as variações monetárias e outros encargos financeiros dos compromissos assumidos (empréstimos e finan-
ciamentos) deverão ser reconhecidos segundo o regime de competência, não podendo ser registrados como obriga-
ções. Com o transcurso do tempo, tais encargos serão apropriados como despesa, conforme efetivamente ocorrerem,
em cada exercício.

Provisões

Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau de estimativa. No Brasil esses
passivos são descritos como provisões. A definição de passivo tem um enfoque amplo e assim, se a provisão envolve
uma obrigação presente e satisfaz os demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu valor tenha que

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ser estimado. Exemplos incluem provisões por pagamentos a serem feitos para satisfazer acordos com garantias em
vigor e provisões para fazer face a obrigações de aposentadoria, décimo terceiro salário, férias dos funcionários, etc.

Alguns passivos são derivados de apropriações por competência (accruals). São obrigações surgidas em função de
aquisições de bens ou serviços que não tenham sido pagos, faturados ou formalmente acordados com o fornecedor,
incluindo valores devidos a empregados (por exemplo, valores relacionados com pagamento de férias, 13º salários,
etc.). Embora algumas vezes seja necessário estimar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito
menor do que nas provisões. Desse modo, o CPC 25 esclarece que tais obrigações não deveriam ser classificadas como
provisões, porém, essa é a prática adotada no Brasil.

Exemplos de contas do passivo:

Adiantamentos de clientes

Fornecedores ou duplicatas a pagar;

Empréstimos bancários;

Títulos a pagar;

Encargos sociais a pagar ou a recolher;

Salários a pagar;

Impostos a pagar ou a recolher (ICMS, IPI, ISS, etc.)

Financiamentos;

Dividendos a pagar;

Debêntures a resgatar;

Duplicatas descontas10;

Encargos a transcorrer

Participações estatutárias a pagar;

Provisão para o 13º salário,

Provisão para férias,

Provisão para o imposto de renda;

10 Até o exercício financeiro de 2009 a conta Duplicatas Descontados era classificada como retificadora do Ativo.
A Resolução CFC Nº. 1.196/09 que aprovou o CPC 38 – Instrumentos Financeiros. Esse CPC determina que, em caso de transferência de Ativos, se a transferência não resultar em
desreconhecimento porque a entidade reteve substancialmente todos os riscos e benefícios da propriedade do ativo transferido, a entidade deve continuar a reconhecer o ativo transferido
na sua totalidade e deve reconhecer um passivo financeiro pela retribuição recebida. Em períodos posteriores, a entidade deve reconhecer qualquer rendimento do ativo transferido e
qualquer gasto incorrido como passivo financeiro.
Assim, segundo esclarecimento do prórpio CPC, AS DUPLICATAS DESCONTADAS (parcela recebida do desconto) são agora classificadas COMO PASSIVO, sendo que a duplicata
a receber continua a ser mantida no ativo até o seu efetivo recebimento (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_Destaques.pdf).
Assim, fique atento para ter certeza se as bancas esposarão essa determinação.
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Provisão para a contribuição social sobre o lucro líquido;

Provisão para contingências.

Critérios de disposição das contas no passivo

A disposição das contas no passivo obedece um critério, a ordem decrescente de exigibilidade.

Exigibilidade é a possibilidade de exigência de pagamento de uma obrigação em um determinado prazo, é o prazo


para pagamento da respectiva conta, quanto menor esse prazo maior o grau de exigibilidade da conta.

No Passivo Exigível as contas serão dispostas de cima para baixo em ordem decrescente em relação ao grau de Exigi-
bilidade.

Assim como no Ativo, a depender do prazo para pagamento, o Passivo exigível será composto de Passivo Circulante e
Não Circulante, tendo por base o exercício social ou ciclo operacional, se este for maior.

As contas do Passivo Circulante e não Circulante serão praticamente as mesmas, porém, o contador deverá verificar a
previsão de vencimento das obrigações e fazer o desdobramento conforme a previsão indicar. A parte das obrigações
que tiver previsão de vencimento no curso do exercício social subsequente será classificada no Ativo Circulante. A
parte das obrigações que tiver previsão de vencimento após o curso do exercício social subsequente será classificada
no Passivo não Circulante.

6.1. Passivo Circulante


Composto pelas obrigações que vencem no curso do exercício social subsequente, ou ciclo operacional subsequente,
se este for maior.

De acordo com o artigo 180 da Lei no 6.404/76, o Passivo Circulante corresponde às obrigações da companhia, inclu-
sive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, quando vencerem no exercício seguinte. São as
chamadas obrigações de curto prazo.

Segundo o CPC 26, o passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

 Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;


 Está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
 Deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou
 A entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses
após a data do balanço. Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por
meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação.

Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes.

O CPC 26 fez uma observação importante sobre o Passivo Circulante que começa a ser cobrada em prova:

Alguns passivos circulantes, tais como contas a pagar comerciais e algumas apropriações por competência relativas a
gastos com empregados e outros custos operacionais são parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal
da entidade. Tais itens operacionais são classificados como passivos circulantes mesmo que estejam para ser liquida-
dos em mais de doze meses após a data do balanço. O mesmo ciclo operacional normal aplica-se à classificação dos
ativos e passivos da entidade. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pres-
supõe-se que a sua duração seja de doze meses.

6.2. Passivo não Circulante


Composto pelas obrigações que vencem após o curso do exercício social subsequente, ou ciclo operacional subse-
quente, se este for maior. São as chamadas obrigações de longo prazo.
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Segundo a Lei 4.320/64, as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não
circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não cir-
culante, se tiverem vencimento em prazo maior, desde que o Ciclo Operacional não seja maior, que, nesse caso, será
a base temporal para a classificação.

Observação importante diz respeito ao tratamento dado às obrigações exigíveis com pessoas ligadas. Diferente o do
que ocorre com os direitos gerados em função vendas, adiantamentos ou empréstimos feitos com pessoas ligadas,
que devem ser classificadas no Ativo não Circulante, independente de prazo, as obrigações geradas com essas pessoas
ligadas deverão ser classificadas em circulante e não circulante conforme o prazo de vencimento.

Lembremo-nos que a lei considera pessoas ligadas: as sociedades coligadas ou controladas; diretores; acionistas; ou
participantes no lucro da companhia.

Receitas diferidas

Na maioria dos casos, uma receita recebida antecipadamente representará uma obrigação, devendo ser classificada
no Passivo exigível. Atualmente existe uma certa dificuldade na classificação das receitas diferidas em razão do que
reza o art. 299 – B da lei 6404/76.

Art. 299-B. O saldo existente no resultado de exercício futuro em 31 de dezembro de 2008 deverá ser reclassificado
para o passivo não circulante em conta representativa de receita diferida. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

Parágrafo único. O registro do saldo de que trata o caput deste artigo deverá evidenciar a receita diferida e o respec-
tivo custo diferido. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

O grupo Resultado de exercícios futuros foi extinto e o saldo remanescente em 31 de dezembro de 2008 reclassificado
como receita diferida no passivo não circulante. Em função da afirmação desse dispositivo legal, a maioria dos doutri-
nadores afirma que foi um criado grupo específico dentro do Passivo Não-circulante para esse tipo de receita, onde
ficam registradas as receitas recebidas antecipadamente, independente de prazo, sobre as quais não pesam nenhum
compromisso futuro de entrega de um bem, de prestação de um serviço ou de devolução do valor recebido. Com
relação às despesas sobre as quais pesam algum compromisso futuro, a classificação deve levar em conta o prazo para
apropriação.

Dessa forma, por exemplo, se uma empresa recebe antecipadamente o valor de um aluguel sem nenhuma condição
para a devolução, esse valor deve ser classificado no Passivo Não-circulante até que seja apropriada ao resultado,
independente de prazo. Por outro lado, se sobre essa mesma despesa pesar alguma condição futura que, ocorrendo,
obrigue a empresa a devolver esse valor, essa receita deverá ser classificada conforme o prazo de apropriação, ou
seja, no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem venci-
mento em prazo maior, observado o ciclo operacional.

Porém, algumas bancas não entendem dessa maneira e nomeiam as receitas diferidas indistintamente.

Outra mudança significativa foi o tratamento dado ao prêmio recebido na emissão de debêntures que deixou de ser
reserva de capital e passou a ser receita diferida, devendo ser apropriada ao resultado conforme o regime de compe-
tência.

Já para as receitas diferidas de juros, a maioria dos doutrinadores afirma que o mais correto é classificá-las no ativo
circulante ou não circulante, dependendo do prazo para realização, como retificadora da conta representativa do valor
a receber.

6.3. Ajuste de passivos de longo prazo e circulantes, quando relevantes, ao valor presente.
Pelos mesmos motivos que a lei previu o ajuste ao valor presente para elementos do ativo, ela também previu tais
ajustes para as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante, sendo os demais ajustados
quando houver efeito relevante.
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A maioria das operações de longo prazo que gerem débitos para a empresa tem em seu interior juros que são cobra-
dos, normalmente, em função do risco do não pagamento e do custo de se vender a prazo.

Vejamos o seguinte exemplo:

Na compra a prazo de mercadorias para pagamento a longo prazo temos que, se a mercadoria fosse comprada a vista
seria por 200, mas por ser a prazo a compra foi por 220.

Diversos

Mercadorias...........................................200

Ajuste ao Valor Presente..........................20

a Contas a Pagar.................................................220

Dessa forma, livra-se a o valor da mercadoria do juro incidente sobre a compra de longo prazo, mostrando quanto
vale.

Com o passar do tempo, em atendimento ao princípio da competência, esses juros serão apropriados ao resultado
proporcionalmente ao tempo decorrido em conta de despesa, conforme diz Ferreira, pró-rata tempore.

Conforme o valor proporcional ao tempo decorrido o lançamento será:

Despesa financeira.............................

a Ajuste ao valor Presente.................................................

Critérios de Avaliação do Passivo

A lei determina que, no Balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios:

I. as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base
no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço;

II. as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional
à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;

III. as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor
presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.

7. Patrimônio Liquido
O patrimônio líquido representa o capital próprio aplicado na formação do Ativo. Esse capital é formado pelos recursos
dos sócios que deram origem à empresa e pelo resultado do funcionamento da organização, ou seja, o confronto entre
as receitas auferidas e as despesa incorridas. É também chamado de Situação Líquida ou Capital Efetivo.

Esse grupo representa a parte do ativo a que os proprietários farão jus se a empresa for extinta ou se houver retirada
de sócio, nesse caso, na medida de sua participação. A partir de então, essas obrigações passarão a ser exigíveis.

É importante entender que os recursos estão no Ativo e que o Patrimônio Líquido apenas representa o direito sobre
a parte do ativo que sobra, após honradas as obrigações exigíveis.

Por exemplo, uma empresa que esteja sendo liquidada hoje e que tenha seus bens e direitos avaliados em 100 e
obrigações exigíveis no valor de 60. Liquidados os bens e direitos, pagam-se primeiramente as obrigações exigíveis
(impostos, direitos trabalhistas, contas a pagar) no valor de 60. Os 40 restantes serão distribuídos entre os sócios, que
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somente a partir do pagamento das obrigações originalmente exigíveis tem o direito de exigir também tal quantia,
cada um na medida de suas participações.

Segundo CPC 00, patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus
passivos.

Embora o patrimônio líquido seja definido como algo residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial.
Por exemplo, na sociedade por ações, recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes de retenções de lucros e
reservas representando ajustes para manutenção do capital podem ser demonstrados separadamente. Tais classifica-
ções podem ser relevantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis quando indicarem
restrições legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma
os seus recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que determinadas partes com direitos de propriedade
sobre a entidade têm direitos diferentes com relação ao recebimento de dividendos ou ao reembolso de capital.

Segundo a lei 6.404/76, alterada recentemente, o Patrimônio Líquido é composto de:

Capital Social

+ Reservas de Capital

+ ou - Ajustes de Avaliação Patrimonial,

+ Reservas de Lucros;

(-) Ações em Tesouraria;

(-) Prejuízos Acumulados (As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do
patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição).

Vejamos cada uma dessas contas contábeis.

7.1. Capital Social


O Capital Social representa a origem dos recursos entregues pelos proprietários á empresa ou, com o passar do tempo,
por intermédio de suas operações, por ela gerados.

No momento de criação de uma empresa seus proprietários lhe entregam recurso (integralizam o que foi subscrito
em contrato) para que ela possa iniciar suas atividades. Esses recursos, subscritos em contrato ou estatuto, formarão
os primeiros ativos da entidade, podendo ser dinheiro, outros bens ou, inclusive, direitos, representando a participa-
ção de cada sócio. Segundo princípio da entidade, a partir do momento da entrega, esses recursos não pertencerão
mais aos proprietários, pertencerão à empresa e a conta Capital Social representa o direito sobre esses recursos e não
os recursos em si. Também chamado de Capital Nominal, no momento de criação, ele corresponde ao Patrimônio
Líquido inicial da empresa.

O valor da conta Capital Social estará registrado em contrato ou estatuto e não será alterado a cada fato contábil que
tenha impacto no total da Situação Líquida (receita e despesa). Para registrar essas alterações existirão outras contas
que junto com o Capital Social formarão esse total como veremos a baixo.

Mas o valor do capital social é inalterável?

A resposta é não. Porém, para que haja essas alterações, para mais ou para menos, deverá haver um procedimento
formal que altere o contrato social ou estatuto.

E no caso de aumento qual vai ser a fonte desses recursos?

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Pode ser as atividades da própria empresa que, com o passar do tempo, gerando mais receitas que despesas, acaba
obtendo lucro que, em função da opção do administrador, vai se acumulando nas contas de reserva de lucros. Essas
reservas podem ser destinadas ao aumento do Capital social. Essas contas já compõem a Situação Líquida e, em função
da opção do administrador e por motivos diversos, acaba por incorporar esses valores ao capital social. Nessa situação
não há aumento da Situação Líquida, pois haverá o aumento da conta Capital Social à custa da redução de uma reserva
de lucros, ocorrendo uma mera permutação.

Pode também ter como origem recursos externos quando a empresa resolve captar mais recursos dos sócios já exis-
tentes ou então recursos de novos sócios. No caso das sociedades por ações, isso pode se dar por intermédio da
emissão de novas ações.

Segundo a lei 6404/76, no Balanço Patrimonial, a conta Capital Social discriminará o montante subscrito e, por dedu-
ção, a parcela ainda não realizada fincando apresentada dessa forma.

Capital social (valor subscrito em contrato)

(-) Capital a Integralizar (por dedução)

Capital Integralizado (realizado)

Seguem algumas definições para que não haja confusão com os termos na hora da prova11.

Capital nominal: investimento inicial feito pelos proprietários de uma empresa que é registrado pela contabilidade
numa "conta" denominada Capital Social.

Capital subscrito: É o valor do capital registrado em contrato, significa o comprometimento dos sócios de entregar
certo valor. A necessidade de existência dessa conta se dá pelo fato de que, em algumas situações e por motivos
diversos, os sócios não integralizam (entregam) imediatamente o valor total previsto em contrato. Dessa forma é ne-
cessário deixar claro qual o valor pretendido para o Capital Nominal e qual valor foi entregue.

Capital integralizado: representa a parcela do capital nominal já entregue à organização.

Capital a integralizar: representa a parcela de recursos ainda não entregue pelos sócios e que foram acordadas em
contrato. Tal conta não aparecerá no Balanço patrimonial, seu valor será conhecido por dedução entre as contas ca-
pital social e Capital Integralizado, conforme determina a lei.

Capital autorizado: poderão existir situações em que a empresa necessitará aumentar seu capital social (para partici-
par de uma licitação que exija um valor mínimo, por exemplo). Essas alterações dependem de formalidades. No caso
da lei de sociedade por ações esse aumento depende de autorização concedida em assembleia de acionistas que, na
maioria das vezes, não algo fácil de conseguir com rapidez. Tal dificuldade pode atrapalhar a empresa na consecução
de seus objetivos.

Capital próprio: Corresponde ao conceito de Patrimônio Líquido, abrangendo o Capital Social e tudo que compõe o
Patrimônio líquido.

Capital de terceiros: que corresponde aos investimentos feitos na empresa, com recursos provenientes de terceiros,
corresponde ao Passivo Exigível.

Capital total à disposição da empresa: É o conjunto dos valores disponíveis pela empresa em dado momento. Corres-
ponde a soma do capital próprio com o capital de terceiros.

11 WIERZCHÓN, Silvana Aparecida. Capital Social. Artigo publicado em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2703. Acessado

em 04/03/2012 às 20h44min
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Com o fim de estarem preparados para aproveitar as oportunidades que possam surgir, os administradores podem
pleitear uma autorização antecipada junto à assembleia que ocorre regularmente, normalmente uma vez por ano, ou
seja, quando haja somente previsão de necessidade de aumento do capital social.

Dessa forma os a administradores ficam previamente autorizados a aumentarem o capital social da empresa, desde
que cumpridas as exigências e sob as condições acordadas em assembleia.

7.2. Reserva de capital


Existem valores que se incorporam ao capital da empresa e que não transitam pelo resultado, ou seja, surgem sem
que a empresa necessite se esforçar para gerar receitas correspondentes a esses valores. Isso quer dizer que em con-
trapartida a tais valores não houve a entrega de bens ou a prestação de serviços.

Esses valores não podem ser utilizados pela empresa como se fossem uma receita qualquer, no caso das sociedades
por ações, a lei determina que somente poderão ser utilizados para:

I. absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas de lucros;

II. resgate, reembolso ou compra de ações;

III. resgate de partes beneficiárias;

IV. incorporação ao capital social;

V. pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada.

A reserva constituída com o produto da venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao resgate desses títulos.

Segundo a lei das sociedades por ações reservas de capital serão constituídas em função:

Da contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem
valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão
em ações de debêntures ou partes beneficiárias; e

O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição.

Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não-
capitalizado.

Ágio na emissão de ações

Ações são papeis que representam uma parcela do Capital Social. A empresa pode decidir em determinado momento
expandir esse capital por meio de emissão de novas ações. Essas ações conjuntamente terão o valor do aumento que
se pretenda, por exemplo: Se a empresa desejar aumentar o capital Social em 10.000, poderá lançar 5.000 ações no
valor de 2 reais cada uma.

Em função de diversos fatores (previsão de grande rentabilidade futura, por exemplo), os compradores podem aceitar
pagar um valor maior que valor estabelecido de cada ação, 3 reais, por exemplo.

Cada ação continuará representando 2 reais e o aumento do capital social continuará sendo de 10.000. Porém a em-
presa arrecadou 15.000 (5.000x3) qual o tratamento dado ao valor excedente?

Esse valor será então contabilizado como reserva de capital da forma que se segue.

a Diversos

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a Capital Social..............................10.000

a Reserva de Capital........................5.000

Caixa..............................................15.000

Produto da alienação de partes beneficiárias.

Partes beneficiárias são valores mobiliários sem valor nominal. São emitidos somente pelas companhias fechadas e
asseguram ao seu titular direito de crédito eventual contra a sociedade anônima emissora, consistente numa partici-
pação nos lucros desta. Mas existe uma limitação, a empresa não poderá comprometer mais que 10% dos seus lucros
com esses títulos, inclusive na a formação de reserva para resgate.

Diferente das ações, esses papeis não representam uma parte do Capital Social, trata-se de direito a crédito eventual,
pois não poderá ser reclamado da sociedade se ela não registrar lucro num determinado exercício. Porém, segundo a
Lei 6.404/76, o estatuto da empresa pode prever a conversão desses títulos em ações, mediante capitalização de
reserva criada para esse fim.

As empresas emitem partes beneficiárias com o intuito de captar recursos para se financiar, como alternativa a outras
formas de financiamento. Podem ainda emitir esses títulos com outros dois intuitos: O primeiro é a remuneração por
prestação de serviços; O segundo é a emissão gratuita para entidades, normalmente, beneficentes. Em relação a esta
última existe uma limitação temporal, pois esses títulos não podem se emitidos para um prazo superior a 10 anos, a
menos que seja em favor de entidades dos empregados da sociedade anônima (fundação ou associação).

Só haverá lançamento contábil se a emissão for onerosa pois na emissão gratuita, não haverá o que ser lançado. Em
caso de emissão onerosa, todo valor arrecadado com a alienação de partes beneficiárias será contabilizado em reserva
de capital, debitando-se Caixa ou Bancos Contas Movimento e creditando-se Reserva de Capital específica.

Produto da alienação de bônus de subscrição.

Segundo a lei 6404/76, a companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto,
títulos negociáveis denominados "Bônus de Subscrição" que conferirão aos seus titulares, nas condições constantes
do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à
companhia e pagamento do preço de emissão das ações.

Assim como as partes beneficiárias o Bônus de Subscrição só será contabilizado se for a título oneroso.

Em caso de emissão onerosa, todo valor arrecadado com a alienação será contabilizado em reserva de capital, debi-
tando-se Caixa ou Bancos Contas Movimento e creditando-se Reserva de Capital específica.

Valores que segundo a lei 11.638/07 deixaram de ser considerados reservas de capital

A lei 6.404/76 sofreu várias alterações nos últimos anos, dentre elas está a que deixou de considerar como reserva de
capital os valores referentes à prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e as subvenções para investi-
mento.

Prêmio recebido na emissão de debêntures

Segundo a lei, debêntures são valores mobiliários emitidos pela companhia que conferirão aos seus titulares direito
de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.

São títulos representativos de dívida de médio e longo prazos que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito
de crédito contra a companhia emissora. É uma forma de financiamento feita diretamente ao público e destinada a
captação de recursos, onde a empresa aliena papéis que garantirão ao comprador o direito de receber juros em rela-
ção a eles.
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A captação de recursos no mercado de capitais por meio de emissão de debêntures, pode ser feita por Sociedade por
Ações (S.A.), de capital fechado ou aberto. Entretanto, somente as companhias abertas, com registro na CVM – Co-
missão de Valores Mobiliários – podem efetuar emissões públicas de debêntures.

Em função de alterações na lei, os valores arrecadados com o prêmio na emissão de debêntures deixaram de ser
contabilizados como reserva de capital. Segundo a CVM, o tratamento mais adequado a ser dado para esses valores é
a contabilização como um resultado não realizado, ou seja, uma receita diferida no grupo Passivo não Circulante.
Cumprindo o princípio da competência, esses valores devem ser apropriados como receita na medida em que são
apropriadas as despesas referentes a esses títulos (juros).

Os valores ainda existentes por ocasião da mudança da lei devem ser mantidos até sua utilização.

7.3. Ajustes da avaliação patrimonial.


Determina a lei que serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado
do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atri-
buídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei
ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

Visando expressar a realidade patrimonial da empresa, tal ajuste tem por objetivo corrigir o valor apresentado no
balanço patrimonial de um ativo ou passivo, em relação ao seu valor justo.

Tais valores se originarão da obrigação de avaliar elementos do ativo e do passivo àquilo que a lei chama de valor
justo. Esses ajustes terão como contrapartida uma conta do Patrimônio Líquido chamada ajuste de avaliação patrimo-
nial. Como tais elementos podem ser avaliados para mais ou para menos, essa conta poderá ter seu saldo credor se
positivo ou devedor se negativo.

Segundo o CPC 00, a reavaliação ou a atualização de ativos e passivos dão margem a aumentos ou a diminuições do
patrimônio líquido. Embora tais aumentos ou diminuições se enquadrem na definição de receitas e de despesas, sob
certos conceitos de manutenção de capital eles não são incluídos na demonstração do resultado. Em vez disso, tais
itens são incluídos no patrimônio líquido como ajustes para manutenção do capital ou reservas de reavaliação. Esses
conceitos de manutenção de capital estão expostos nos itens 4.57 a 4.65 desta Estrutura Conceitual.

A lei 6.404/76 estabelece que as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos
de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo serão avaliadas pelo seu valor justo, quando
se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda.

Também serão registrados no PL da investidora, na conta ajuste da avaliação patrimonial, os valores que representam
a diferença entre o valor contábil e o valor justo nas operações de fusão, cisão ou incorporação entre partes indepen-
dentes com a transferência de controle.

A lei 6.404/76 Considera valor justo:

 das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra
no mercado;
 dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos
os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro;
 dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros.
 dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não
compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado
instrumento financeiro: (Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007)
 o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de
natureza, prazo e risco similares; (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
 o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco
similares; ou (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
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 o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros.


(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

§ 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas con-
tas de: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

 depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a
desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;
 amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da
propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;
 exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam
recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e
no intangível, a fim de que sejam:

I. registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos
ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para re-
cuperação desse valor; ou

II. revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo
da depreciação, exaustão e amortização.

Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse
for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.

O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da resolução 1.142 de 2008 estabelece que Valor justo é o valor pelo
qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e
independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem
uma transação compulsória.

Para que possamos visualizar na prática tudo o que vimos sobre ajuste de avaliação vejamos um Exemplo:

Uma Determinada empresa investe em instrumentos financeiros adquiridos janeiro de X0 para serem alienados em
X2. O valor do investimento é de 200.000, pago a vista.

Fato 01: registro no momento da compra

Investimentos temporários

a Bancos conta Movimento .................................... 200.000

Em 31/12/X0 ocorre a avaliação do investimento em 190.000

Fato 02: registro da avaliação

Ajuste da avaliação patrimonial (PL)

a Investimentos temporários ........................................ 10.000

No dia 31/12/X1 avaliação do investimento em 220.000

Fato 03: registro da avaliação

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Investimento temporário

a Ajuste da Avaliação Patrimonial...................................30.000

Em novembro de X2 a empresa aliena o investimento por 220.000

Fato 03: alienação do investimento simultaneamente a apropriação da receita em função da alienação.

Pela alienação:

Bancos Conta Movimento ou Caixa

a Investimentos Temporários .................................................220.000

Pela apropriação da receita:

Ajuste da avaliação patrimonial

a Outras receitas operacionais...................................................20.000

Observação importante

A Reserva de Reavaliação foi extinta e em seu lugar criou os Ajustes de Avaliação Patrimonial. Os saldos que ainda
restarem nessas reservas deverão ser mantidos até a sua efetiva realização.

7.4. Reservas e Retenção de lucro


As reservas de lucros são valores que tem origem no resultado, pois calculados com base no lucro líquido e constituídos
como uma destinação específica. Essa é a principal diferenciação entre essas reservas e as reservas de capital.

Dependendo dessa destinação ficam assim classificadas:

Reserva Legal

Chama-se reserva legal por ser determinação da lei. Segundo o mandamento legal, do lucro líquido do exercício, 5%
(cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não exce-
derá de 20% (vinte por cento) do capital social.

A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do mon-
tante das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.

A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar
prejuízos ou aumentar o capital.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros acumulados

a Reserva Legal............................

Reservas Estatutárias

Chamam-se estatutárias porque estarão previstas no Estatuto. Reza a lei que o estatuto poderá criar reservas desde
que, para cada uma:

I. indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;


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II. fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição;

III. estabeleça o limite máximo da reserva.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados

a Reserva Estatutária

Reservas para Contingências

A reserva de contingência poderá ser constituída com o intuito de preparar a empresa para enfrentar incertezas futu-
ras, ou seja, dependem de eventos que podem ou não ocorrer mas que existe razoável possibilidade de ocorrência.

Reserva para Contingência é diferente de Provisão para Contingência. Reserva para Contingência está baseada em
fato ainda não ocorrido, mas que existe razoável possibilidade de que ocorram, como um evento climático que sempre
ocorre em determinada época do ano e que pode gerar redução dos lucros da empresa.

Já a provisão para contingência está baseada em fato já ocorrido que ainda não concretizou seu impacto patrimonial,
como no caso de uma ação judicial movida contra empresa que poderá resultar no pagamento de uma indenização.
Nesse caso o fato já ocorreu, mas não se sabe ainda o resultado, se a empresa vai ganhar ou perder. Segundo o prin-
cípio da prudência, como são duas opções válidas, ganhar ou perder, a empresa deve optar por aquela que gere um
menor Patrimônio Líquido, aumentando seu passivo exigível com a constituição uma de provisão no valor previsto da
indenização.

Segundo a lei a reserva para contingência é facultativa. Assim, a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da
administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício
futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.

A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões de pru-
dência que a recomendem, a constituição da reserva.

A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição ou em
que ocorrer a perda.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados

a Reserva para Contingências

Reserva de Incentivos Fiscais

A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a
parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser
excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados

a Reserva de Incentivos Fiscais

Reserva de Retenção de Lucros

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A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do
exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado.

Também chamada de Reserva para Investimentos, Reserva para Plano de Expansão ou Reserva Orçamentária, ela é
constituída em função de um plano de investimentos que a lei chama de plano de capital.

O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da retenção de lucros proposta, deverá
compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5
(cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento.

O orçamento poderá ser aprovado na assembleia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado
anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados

a Reserva de Retenção de Lucros

Reserva de Lucros a Realizar

No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou, se este for omisso,
do Art 202 da lei 6404, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a assembleia-geral poderá, por
proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.

Tal dispositivo tem a finalidade de evitar a distribuição de lucros ainda não realizados em termos financeiros. Segundo
o princípio da competência as receitas são consideradas realizadas e as despesas consideradas incorridas no momento
em que ocorrem, independente de recebimento ou pagamento.

Em função disso, poderá haver situações em que a empresa apresente lucratividade sem, no entanto, ter recebido
efetivamente as receitas realizadas ou pago as despesas incorridas.

Dessa forma a distribuição de lucros tendo por base apenas o lucro contábil poderá gerar desequilíbrio, a medida que
as receitas atreladas aos direitos que ainda serão recebidos podem não se realizar financeiramente.

Para evitar esse problema a lei faculta à empresa criar uma reserva de Lucros a Realizar, constituída no exercício em
que o montante do dividendo obrigatório ultrapassar o valor da parcela realizada de lucro líquido do exercício. O valor
da reserva será igual a parcela do montante de dividendos obrigatórios que ultrapassar o valor do lucro realizado.

Para tanto, considera-se realizada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores:

O resultado líquido positivo da equivalência patrimonial;

O lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício
social seguinte;

O lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo
prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte.

Assim, para se chegar ao valor do lucro dito realizado, basta subtrair do Lucro Líquido do Exercício o Resultado Positivo
da Equivalência Patrimonial e os lucro, rendimento ou ganho líquidos de longo prazo.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados
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a Reserva de Lucros a Realizar.

A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do dividendo obrigatório.

Quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos
ao primeiro dividendo declarado após a realização.

Serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem
realizados em dinheiro.

Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos

Os parágrafos 4º e 5º do Art. 202 da lei 6404/76, trazem a previsão da Reserva para dividendos obrigatórios não
distribuídos, criada para os exercícios em que a obrigatoriedade de distribuir lucros é incompatível com a situação
financeira da empresa. Assim, se por algum motivo a empresa fica impedida de distribuir tais dividendos, os mesmos
ficarão retidos em uma reserva.

Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida
no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com a lei.

Os dividendos previstos não serão obrigatórios no exercício social em que os órgãos da administração informarem à
assembleia-geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em fun-
cionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão
à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembleia geral, exposição justificativa
da informação transmitida à assembleia.

Os lucros que deixarem de ser distribuídos serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos
em exercícios subsequentes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da compa-
nhia.

Na constituição dessas reservas a contabilização é feita em contrapartida a conta lucros Acumulados.

Lucros Acumulados

a Reserva para dividendos obrigatórios não distribuídos

Limite da Constituição de Reservas e Retenção de Lucros

A constituição de reservas é, por vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à entidade e seus credores uma
margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras reservas podem ser constituídas em atendimento a
leis que concedem isenções ou reduções nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A
existência e o tamanho de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações que podem ser impor-
tantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências para tais reservas são apropriações de lucros acumu-
lados, portanto, não constituem despesas.

Segundo a 4320/64, a destinação dos lucros para constituição das reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos
termos do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo obriga-
tório (artigo 202).

Limite do Saldo das Reservas de Lucros

O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá
ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização
ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos.

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Assim, segundo Ricardo J. Ferreira (2010)12, esse cálculo pode ser resumido dessa forma:

(Reserva Legal + Reserva Estatutária + Reserva de Retenção de Lucros) > ou = Capital Social.

Não há consenso entre os autores sobre a inclusão ou não da Reserva Especial para Dividendos não Distribuídos, pois
por se tratar de uma reserva involuntária, em condições normais ela nem existiria.

7.5. Ações em Tesouraria


Segundo a Lei 6.404/76, As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patri-
mônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

Assim elas deverão figurar como retificadora do Patrimônio Líquido, mais especificamente, retificadora da conta que
deu origem aos recursos para aquisição.

Atenção!!!

Ações em tesouraria são papéis emitidos pela própria empresa que, por motivos diversos, ela própria
comprou de volta, tornando-se acionista de si mesma.

Por ocasião da aquisição deverá ser assim o lançamento:

Ações em Tesouraria

a Caixa

Se a alienação tiver um saldo positivo, valor de venda maior que o de compra, o excedente será registrado em conta
de reserva de capital. Se for negativo o valor a menor será registrado na conta que deu origem ao recurso par aquisi-
ção, reduzindo-a.

7.6. Lucros ou prejuízos acumulados


Com o fim de proteger o interesse do acionista que não tem influência sobre as decisões da companhia, a Lei 11.638/07
alterou a Lei 6404/76 retirando do Balanço Patrimonial a conta Lucros ou Prejuízos acumulados. Tal mudança obriga
agora o administrador a dar destinação a todo lucro apurado no exercício.

Desse modo a conta lucros acumulados não mais aparecerá no balanço patrimonial de fim de período contábil. Porém
isso não quer dizer que essa conta não exista mais, ao contrário ela continua existindo e sendo usada, só nãp podendo
apresentar saldo no final do exercício.

8. Contas do Balanço Patrimonial segundo CPC 26


Segundo o CPC 26 o balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, no mínimo, as seguintes contas:

 caixa e equivalentes de caixa;


 clientes e outros recebíveis;
 estoques;
 ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”);
 total de ativos classificados como disponíveis para venda (NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante
Mantido para Venda e Operação Descontinuada;

12 FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2010.

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 ativos biológicos;
 investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial;
 propriedades para investimento;
 imobilizado;
 intangível;
 contas a pagar comerciais e outras;
 provisões;
 obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”);
 obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido na NBC TG 32 – Tributos sobre o
Lucro;
 impostos diferidos ativos e passivos, como definido na NBC TG 32;
 obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31;
 participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e
 capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade.

A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos e subtotais nos balanços patrimoniais sempre que sejam
relevantes para o entendimento da posição financeira e patrimonial da entidade.

Esta Norma não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresentação das contas do balanço patri-
monial, mas a ordem legalmente instituída no Brasil deve ser observada. A relação de contas acima simplesmente lista
os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza ou função para assegurar uma apresentação individuali-
zada no balanço patrimonial. Adicionalmente:

Contas do balanço patrimonial devem ser incluídas sempre que o tamanho, natureza ou função de um item ou agre-
gação de itens similares apresentados separadamente seja relevante na compreensão da posição financeira da enti-
dade;

A nomenclatura de contas utilizada e sua ordem de apresentação ou agregação de itens semelhantes podem ser mo-
dificadas de acordo com a natureza da entidade e de suas transações, no sentido de fornecer informação que seja
relevante na compreensão da posição financeira e patrimonial da entidade. Por exemplo, uma instituição financeira
pode ter que modificar a nomenclatura acima referida no sentido de fornecer informação relevante no contexto das
operações de instituições financeiras.

Modelo de Balanço Patrimonial

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

DISPONÍVEL Fornecedores

Caixa Dividendos a Pagar

Bancos Conta Movimento Provisão para Férias

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Aplicações de Liquidez Imediata Provisão para 13º Salário

DIR. REALIZ. NO CURSO DO EX. SOCIAL SUB.

Estoques Adiantamento de Clientes

(-) Provisão para Ajuste ao valor de Mercado ICMS a Recolher

Clientes Duplicatas Descontadas

(-) Provisão para Devedores Duvidosos (-) Encargos Fin. a Vencer

DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE

Adiantamento a Fornecedor PASSIVO NÃO CIRCULANTE

IPI a Recuperar Debêntures a Pagar LP

ICMS a Recuperar Duplicatas a Pagar de LP

Seguros a Vencer Receitas Diferidas

ATIVO NÃO CIRCULANTE (-) Custos e Despesas Diferidos

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicata a Receber de Longo Prazo Capital Social

Nota Promissória de Longo Prazo (-) Capital a Realizar

Empréstimos a Administrador Reservas de capital

Adiantamento a Coligada Ágio na Emissão de Ação

INVESTIMENTO Alienação de partes Beneficiárias

Participações no Capital de Outras Empresas Alienação de Bônus de Subscrição

(-) Prov. para Perda na Alienação de Invest. Res. Correção Monetária Capital

Bens de Renda (+) ou (-) Ajuste de avaliação patrimonial

IMOBILIZADO Reserva De Lucros

Prédios Reserva Legal

Veículos Reserva de Contingência

(-) Depreciação Acumulada Reserva de Lucros a Realizar

Reservas Florestais Reserva de Retenção de Lucros

(-) Exaustão Acumulada Reserva Estatutária

INTANGÍVEL Reserva de Incentivo Fiscal

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Fundo de Comércio Reserva Especial

Marcas e Patentes (-) Prejuízos Acumulados

(-) Amortização Acumulada (-) Ações em Tesouraria

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