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Provisões
Em função dos princípios da Oportunidade, Competência e Prudência, em algumas situações é necessário que
sejam reconhecidos a ocorrência de perdas cujos valores não são perfeitamente quantificáveis, isso em função dos
efeitos de seus fatos geradores ainda não terem se concretizado. Por não haver a possibilidade de se medir com
exatidão o impacto da ocorrência de tais fatos, em alguns casos, tais valores serão baseados em estimativas.
Segundo CPC 251 provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos. Em sentido geral, todas as provisões são
contingentes porque são incertas quanto ao seu prazo ou valor.
Uma provisão deve ser reconhecida quando:
1) A entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado;
2) Seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos para
liquidar a obrigação; e
3) Possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.
Para que fique claro vejamos os três conceitos a baixo segundo o CPC 25:
1. Passivo de prazo ou de valor incertos que cumpram os três requisitos vistos acima: para o CPC 25 é
considerado provisão.
2. Ajustes dos valores contábeis de ativos, como a provisão para devedores duvidosos: para o CPC 25 não
é considerado provisão.
3. Passivos derivados de apropriações por competência (accruals), como provisão para férias e 13º salários:
para o CPC 25 não é provisão
Porém, a prática adotada no Brasil é a de denominar de provisão os itens acima citados, tanto que, como dito, em
vários dispositivos, a Lei 6404/76 determina a constituição de provisões também no Ativo, que, em realidade, são
ajustes aos valores dos ativos aos quais elas se referem. Serve de exemplo o art. 183 que determina que, no balanço,
os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:
(...)
II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como
matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção,
deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior;
III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos
248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor,
quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do
recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas;
IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis
na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior;
Por esse motivo, o termo Provisão será usado para os três conceitos acima citados.
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CPC 25 - PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES
Aprovado por: CVM - Deliberação CVM nº. 594/09;
CMN - Resolução nº. 3.823/09 (Banco Central do Brasil);
ANEEL - Despacho nº 4.722/09;
ANS - Instrução Normativa nº. 37/09;
SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV.
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Passivos Contingentes
Segundo o CPC 25, passivos continentes que não são reconhecidos como passivo porque são:
obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma obrigação
presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos; ou
obrigações presentes que não satisfazem os critérios de reconhecimento desta Norma (porque não é
provável que seja necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos para liquidar a
obrigação, ou não pode ser feita uma estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação).
A menos que seja remota a possibilidade de ocorrer qualquer desembolso na liquidação, a entidade deve divulgar,
para cada classe de passivo contingente na data do balanço, uma breve descrição da natureza do passivo contingente
e, quando praticável:
1) A estimativa do seu efeito financeiro, mensurada conforme os itens 36 a 52;
2) A indicação das incertezas relacionadas ao valor ou momento de ocorrência de qualquer saída; e
3) A possibilidade de qualquer reembolso.
Ativo contingente
Segundo o CPC 25, ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja existência será
confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da
entidade.
A entidade não deve reconhecer um ativo contingente.
Os ativos contingentes surgem normalmente de evento não planejado ou de outros não esperados que dão origem
à possibilidade de entrada de benefícios econômicos para a entidade. Um exemplo é uma reivindicação que a entidade
esteja reclamando por meio de processos legais, em que o desfecho seja incerto.
Os ativos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações contábeis, uma vez que pode tratar-se de
resultado que nunca venha a ser realizado. Porém, quando a realização do ganho é praticamente certa, então o ativo
relacionado não é um ativo contingente e o seu reconhecimento é adequado.
O ativo contingente é divulgado, como exigido pelo item 89, quando for provável a entrada de benefícios
econômicos.
Os ativos contingentes são avaliados periodicamente para garantir que os desenvolvimentos sejam
apropriadamente refletidos nas demonstrações contábeis. Se for praticamente certo que ocorrerá uma entrada de
benefícios econômicos, o ativo e o correspondente ganho são reconhecidos nas demonstrações contábeis do período
em que ocorrer a mudança de estimativa. Se a entrada de benefícios econômicos se tornar provável, a entidade divulga
o ativo contingente (ver item 89).
Provisões do Ativo
No ativo as provisões são utilizadas para ajustar o valor das contas a que se referem. Todas terão natureza credora
e assim reduzirão o valor das contas as quais estão ligadas, reduzindo assim o valor total do ativo.
No momento da constituição de uma provisão deve-se creditar a provisão propriamente dita, que é uma conta
patrimonial, e debitar uma conta de despesa, para registrar a redução proporcional provocada no Patrimônio Líquido
pela respectiva redução do Ativo, conforme abaixo:
Constituição da Provisão:
D - Despesas com Provisão (Despesa)
C - Provisão (Ativo – Retificadora)
A provisão é contabilizada em função de uma estimativa que pode ocorrer ou não. Assim, conforme ocorra ou não
o que foi previsto, deverá ser efetuado um dos seguintes lançamentos:
Pela perda Consumada:
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Assim, em relação às matérias-primas A e C, deve ser constituída provisão para ajuste ao valor de mercado. O
lançamento de ajuste é este:
D – Despesa com Provisão
C – Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado (retif. do AC/ANC)...................70
No balanço patrimonial, o saldo da conta Estoque de Mercadorias deve indicar o seu valor de aquisição, deduzido
da provisão:
Ativo Circulante ou não circulante
Estoque de Mercadorias............................................1200
(-) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado .... .......(30)
Por meio da subtração dessas duas contas chega-se ao valor contábil dos estoques
Valor contábil das Mercadorias ..............................1170
Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (Provisão para Devedores Duvidosos - PDD);
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Também denominada Provisão para Perdas com Créditos incobráveis, essa provisão é uma conta retificadora das
contas de direitos a receber, como Duplicatas a Receber, sendo constituída em função da possibilidade de insolvência
de clientes (calote) no exercício seguinte.
No Brasil, o usual é determinar o valor em percentual de perdas passadas (últimos três anos) e aplicado ao valor
dos direitos a que se referem, ou seja, a média aritmética dos calotes dos últimos três anos.
Segundo o CPC 38, as perdas esperadas como resultado de acontecimentos futuros, independentemente do
grau de probabilidade, não são reconhecidas.
Isso significa que as práticas na determinação de provisão utilizando estimativas com base em eventos passados
não é aceita pela norma internacional, veiculada no Brasil pelo CPC 38. Assim, a prática de se estabelecer provisão
para devedores duvidosos com base em percentual dos últimos três anos, por exemplo, não é a mais correta
segundo essa norma, mesmo assim é utilizada.
Em contrapartida a sua constituição, o lançamento devedor será em uma Despesa com Provisão para Devedores
Duvidosos. Essa provisão só deve ser constituída para valores recebíveis após o exercício vigente, conforme
lançamentos a baixo.
Pela constituição da Provisão:
D - Despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (Despesa operacional)
C - Provisão para Devedores Duvidosos (AC/ANC– Retificadora)
A provisão é contabilizada em função de uma estimativa que pode ocorrer ou não. Assim, conforme ocorra ou não
o que foi previsto deverá ser efetuado um dos seguintes lançamentos:
Pela perda Consumada:
D - Provisão para Devedores Duvidosos (Ativo – Retificadora)
C – Duplicatas a Receber/Clientes (Ativo Circulante/não Circulante)
Se as perdas forem maiores que o valor provisionado deve-se complementar o valor com a diferença lançada em
conta de despesa como a abaixo. Imaginemos que a provisão tenha sido de 100 e as predas efetivas tenham sido de
110.
D - Provisão para Devedores Duvidosos (Ativo – Retificadora) 100
D – Despesa com duplicatas incobráveis (Despesa Operacional) 10
C – Duplicatas a Receber/Clientes (Ativo Circulante/não Circulante) 110
Pela reversão do total ou parcela da provisão, ou seja, não ocorrendo a perda esperada:
D - Provisão (Ativo – Retificadora)
C – Receita de Reversão da Provisão (Receita)
Para Ativos financeiros, especificamente, o CPC 382 estabelece que a entidade deve avaliar, na data de cada balanço
patrimonial, se existe ou não qualquer evidência objetiva de que um ativo financeiro ou um grupo de ativos financeiros
esteja sujeito a perda no valor recuperável. Se tal evidência existir, para determinar a quantia de qualquer perda no
valor recuperável, a entidade deve aplicar:
1. Para ativos financeiros contabilizados pelo custo amortizado:
Se existir evidência objetiva de que se tenha incorrido em perda no valor recuperável em empréstimos e
contas a receber ou investimentos mantidos até o vencimento contabilizado pelo custo amortizado, a quantia
da perda é medida como a diferença entre a quantia contabilizada do ativo e o valor presente dos fluxos de
caixa futuros estimados (excluindo as perdas de crédito futuras em que não se tenha incorrido), descontado
pela taxa efetiva de juros original do ativo financeiro (i.e., a taxa efetiva de juros calculada no reconhecimento
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS: RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO. Aprovado por:
CVM - Deliberação CVM nº. 604/09;
CFC - NBC TG 38 - Resolução nº. 1.196/09;
ANS - Instrução Normativa nº. 37/09
SUSEP - Circular nº. 424/11, anexos, anexo IV
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inicial). A quantia escriturada do ativo deve ser baixada diretamente ou por meio do uso de conta redutora.
A quantia da perda deve ser reconhecida no resultado.
2. Para ativos financeiros contabilizados pelo custo:
Se houver evidência objetiva de que uma perda da recuperabilidade tiver sido incorrida em ativo patrimonial
sem cotação em mercado ativo que não é mensurado pelo valor justo porque seu valor justo não pode ser
confiavelmente mensurado, ou um instrumento derivativo que está associado ou será liquidado pela entrega
de instrumento sem cotação em mercado ativo, o montante da perda de irrecuperabilidade é mensurado
como a diferença entre o montante do custo do ativo financeiro e o valor presente dos fluxos futuros de caixa
estimados descontados à taxa atual de retorno do mercado para um instrumento similar. Esse tipo de perda
não pode ser revertida.
3. Para ativos financeiros disponíveis para venda:
Quando o declínio no valor justo de ativo financeiro disponível para venda foi reconhecido como outros
resultados abrangentes e houver evidência objetiva de que o ativo tem perda no valor recuperável, a perda
cumulativa que tinha sido reconhecida como outros resultados abrangentes deve ser tratada como ajuste por
reclassificação e reconhecida no resultado mesmo que o ativo financeiro não tenha sido desconhecido.
Ainda segundo o CPC 38, um ativo financeiro ou um grupo de ativos financeiros tem perda no valor recuperável e
incorre-se em perda no valor recuperável se, e apenas se, existir evidência objetiva de perda no valor recuperável
como resultado de um ou mais eventos que kiocorreram após o reconhecimento inicial do ativo (evento de perda) e
se esse evento (ou eventos) de perda tiver impacto nos fluxos de caixa futuros estimados do ativo financeiro ou do
grupo de ativos financeiros que possa ser confiavelmente estimado.
Pode não ser possível identificar um único evento discreto que tenha causado a perda no valor recuperável. Em
vez disso, o efeito combinado de vários eventos pode ter causado a perda no valor recuperável. As perdas esperadas
como resultado de acontecimentos futuros, independentemente do grau de probabilidade, não são reconhecidas.
Isso significa que as práticas na determinação de provisão utilizando estimativas com base em eventos passados
não é aceita pela norma internacional, veiculada no Brasil pelo CPC 38. Assim, a prática de se estabelecer provisão
para devedores duvidosos com base em percentual dos últimos três anos, por exemplo, não é a mais correta segundo
essa norma.
Conforme o que expressa o CPC 38, a evidência objetiva de que um ativo financeiro ou um grupo de ativos tem
perda no valor recuperável inclui dados observáveis que chamam a atenção do detentor do ativo a respeito dos
seguintes eventos de perda:
1. Significativa dificuldade financeira do emitente ou do obrigado;
2. Quebra de contrato, tal como o descumprimento ou atraso nos pagamentos de juros ou de capital;
3. Emprestador ou financiador, por razões econômicas ou legais relacionadas com as dificuldades
financeiras do tomador do empréstimo ou do financiamento, oferece ao tomador uma concessão que o
emprestador ou financiador de outra forma não consideraria;
4. Torna-se provável que o devedor vá entrar em processo de falência ou outra reorganização financeira;
5. Desaparecimento de mercado ativo para esse ativo financeiro devido a dificuldades financeiras; ou
6. Dados observáveis indicando que existe decréscimo mensurável nos fluxos de caixa futuros estimados
de grupo de ativos financeiros desde o reconhecimento inicial desses ativos, embora o decréscimo ainda
não possa ser identificado com os ativos financeiros individuais do grupo, incluindo:
(a) alterações adversas no status do pagamento dos devedores do grupo (por exemplo, número
crescente de pagamentos atrasado ou número crescente de devedores de cartão de crédito que
atingiram o seu limite de crédito e estão apenas pagando a quantia mínima mensal); ou
(b) as condições econômicas nacionais ou locais que se correlacionam com os descumprimentos
relativos aos ativos do grupo (por exemplo, aumento na taxa de desemprego na área geográfica
dos devedores, decréscimo nos preços das propriedades para hipotecas na área relevante,
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Como exemplo, imaginemos ao final de cada mês a constituição de provisão em função dos 1/12 de 13º salário dos
funcionários de uma entidade.
Na constituição da Provisão
D - Despesas com Provisão para Imposto de Renda (Despesa)
C - Provisão para Imposto de Renda (PC)
No pagamento:
D - Provisão para Imposto de Renda (PC)
C - Bancos (AC)
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