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Provisões

Provisões são como uma espécie de "poupança" que uma empresa faz para se preparar
para despesas ou obrigações futuras que ela sabe que terá de pagar ou cumprir, mas
que ainda não pagou ou cumpriu. Elas são como uma economia feita pela empresa
para garantir que haja dinheiro disponível quando necessário.
Por exemplo, se uma empresa vender um produto com garantia de um ano, ela pode
fazer uma provisão para cobrir o custo caso o produto apresente defeito e precise ser
arranjado ou substituído dentro desse período. Assim, se isso acontecer, a empresa já
terá recursos financeiros reservados para cobrir esses custos.
Requisitos para o reconhecimento de uma provisão:

Existe uma obrigação presente: Significa que a empresa possui uma obrigação atual que surgiu
no passado. Isso pode ser devido a uma lei, contrato, prática comercial ou expectativas de
terceiros. Por exemplo, se uma empresa causou danos a alguém e tem a obrigação de pagar
uma indenização, isso seria uma obrigação presente.

É provável uma saída de recursos: Significa que é provável que a empresa precise usar seus
recursos, como dinheiro, bens ou serviços, para cumprir a obrigação. A empresa deve
considerar se é mais provável do que improvável que ocorra uma saída de recursos para
liquidar a obrigação. Por exemplo, se uma empresa está a enfrentar um processo legal e é
provável que tenha que fazer um pagamento, isso seria uma saída de recursos provável.

É possível efetuar uma estimativa confiável: Significa que a empresa deve ser capaz de fazer
uma estimativa confiável do valor da obrigação. Ela deve ser capaz de determinar uma quantia
razoável que será necessária para liquidar a obrigação. Embora nem sempre seja possível
determinar o valor exato com precisão, a empresa precisa fazer uma estimativa baseada em
informações disponíveis e métodos apropriados. Por exemplo, se uma empresa tem uma
obrigação de fornecer manutenção em seus produtos, ela deve ser capaz de estimar o custo
razoável dessa manutenção.

Passivo contingente:

a) É uma possível obrigação que resulta de eventos/acontecimentos passados, mas ainda


não foi confirmada. Isso significa que a empresa não tem certeza se terá de pagar ou
cumprir essa obrigação no futuro. A existência dessa obrigação será confirmada apenas
pela ocorrência ou não de eventos futuros incertos, que estão fora do controle da
empresa. Portanto, um passivo contingente é uma incerteza em relação a uma
obrigação futura.
b) É uma obrigação persente que resulta de eventos/acontecimentos passados, mas que
não é reconhecida. Existem duas razões para não a reconhecer:
i) a empresa não considera provável que seja necessário pagar ou cumprir a obrigação.
Isso significa que a probabilidade de que ocorra um desembolso financeiro para
liquidar a obrigação é considerada baixa.
ii) e porque a quantia da obrigação não pode ser mensurada com suficiente
confiabilidade, ou seja, a empresa não consegue estimar com precisão o valor da
obrigação. Pode haver incertezas significativas em relação à quantia a ser paga ou
cumprida, o que torna difícil ou impossível fazer uma estimativa confiável.

Exemplos de passivo contingente:

a) Imagine que uma empresa está a ser processada por um cliente por danos causados por
um produto defeituoso que a empresa fabricou. Nesse caso, a empresa ainda não sabe se
terá de pagar uma indenização ao cliente ou não, já que o resultado do processo ainda é
incerto. Assim, esse processo judicial é um passivo contingente, uma vez que a empresa
pode ter de pagar a indenização, mas a obrigação ainda não foi confirmada. Se for
comprovado que o produto estava realmente defeituoso, a obrigação torna-se presente e
será reconhecida como um passivo.
b) i) Suponha que uma empresa esteja envolvida em um processo judicial em que uma ação
foi movida contra ela por um ex-funcionário, alegando rescisão injusta do contrato de
trabalho. No entanto, a empresa acredita que tem uma defesa sólida e considera
improvável que precise pagar uma indenização ao ex-funcionário. Nesse caso, a obrigação
de pagamento de uma indenização não é reconhecida no balanço patrimonial da empresa,
pois é considerada improvável. Se no futuro o tribunal decidir contra a empresa e ela for
obrigada a pagar uma indenização, a obrigação se tornará presente e será reconhecida
como um passivo.
ii) Suponha que uma empresa tenha produzido um produto defeituoso que foi vendido
aos clientes. A empresa descobriu o defeito, mas não sabe quantos produtos
precisarão ser substituídos e qual será o valor total da indenização a ser paga aos
clientes afetados. Nesse caso, a obrigação existe, mas não é reconhecida no balanço
patrimonial da empresa porque a quantia da obrigação não pode ser mensurada com
suficiente confiabilidade, ou seja, a empresa não consegue estimar o valor exato da
obrigação de forma precisa e confiável.

Um ativo contingente é um possível ativo que pode surgir de eventos passados, mas a sua
existência só será confirmada no futuro, dependendo da ocorrência ou não de
eventos/acontecimentos incertos, que estão fora do controle da empresa. Ou seja, uma
empresa pode ter a expectativa de obter um ativo no futuro, mas a sua realização depende de
eventos incertos. A empresa não tem controle total sobre esses eventos e precisa de esperar
para confirmar se o ativo realmente será obtido.

Exemplo de ativo contingente imagine uma ação judicial movida pela empresa contra outra
parte, na qual a empresa espera receber uma indenização. A existência desse ativo (a
indenização) só será confirmada quando o tribunal decidir a favor da empresa. No entanto, até
que a decisão seja tomada pelo tribunal, o valor que a empresa pode receber é apenas uma
possibilidade, pois depende do resultado incerto do processo.

Ajssim, os ativos contingentes e os passivos contingentes não são reconhecidos no balanço


patrimonial, mas são divulgados nas notas explicativas das demonstrações financeiras para que
os usuários das informações possam avaliar o potencial impacto desses eventos incertos na
empresa.

Imparidade

Quando uma empresa possui um ativo, como um equipamento ou um imóvel, ela regista-o
contabilisticamente pelo seu valor original de compra, o que chamamos de valor contabilístico.
Ao longo do tempo, o valor de um ativo pode diminuir devido a vários fatores, como desgaste,
perda de utilidade ou mudanças no mercado, chamado valor recuperável.

Quando o valor contábil do ativo é maior do que o valor que a empresa espera recuperar ao
usá-lo ou vendê-lo, isso chama-se imparidade. Por outras palavras, se a empresa não conseguir
obter dinheiro suficiente com o uso ou a venda do ativo para cobrir o seu valor contábil,
dizemos que o ativo está em imparidade.

Quando há imparidade, a empresa precisa reconhecer essa perda contabilisticamente. Ela


precisa ajustar o valor contábil do ativo para refletir seu valor mais realista, que é a quantia que
pode ser recuperada com o uso ou venda do ativo.

Esse reconhecimento da perda por imparidade é importante para garantir que as informações
financeiras da empresa sejam precisas. Basicamente, significa que a empresa está ajustando o
valor do ativo para refletir seu valor atual de mercado ou seu valor de utilidade.

O valor de uso é calculado com base nos fluxos de caixa futuros que se espera obter do uso
contínuo do ativo ao longo de sua vida útil.

Por exemplo: Imagine que uma empresa tem um equipamento. O valor de uso é calculado
considerando quanto dinheiro esse equipamento pode gerar para a empresa no futuro. Isso
envolve olhar para os benefícios financeiros que a empresa espera obter ao usar
continuamente o equipamento. Por exemplo, quanto dinheiro a empresa espera receber por
usar o equipamento para produzir produtos ou prestar serviços. O valor de uso é como estimar
o valor futuro do equipamento para a empresa.

O valor justo líquido de despesas de venda é o valor que poderia ser obtido pela venda do
ativo no mercado, menos as despesas estimadas associadas à venda. Essas despesas podem
incluir custos como comissões de corretores, impostos sobre a venda do ativo e outros custos
relacionados. Esse valor é determinado com base em avaliações de mercado, informações
sobre transações recentes de ativos semelhantes e outras fontes relevantes.

Por exemplo: Agora, vamos pensar na venda do equipamento. O valor justo líquido de
despesas de venda é o valor que a empresa poderia obter se vendesse o equipamento no
mercado, levando em conta as despesas relacionadas à venda. Por exemplo, se a empresa
quisesse vender o equipamento, ela precisaria pagar despesas como comissões para corretores
e impostos sobre a venda. O valor justo líquido de despesas de venda é o quanto dinheiro a
empresa poderia realmente receber depois de subtrair essas despesas da venda.

Para determinar o justo valor de uma loja, especialmente no caso de terrenos e edifícios, é
necessário obter uma avaliação de um perito/avaliador especializado e independente.

Em resumo, o valor recuperável de um ativo é uma estimativa de quanto dinheiro a empresa


pode obter com o ativo. Pode ser calculado considerando o valor futuro que o ativo trará para
a empresa (valor de uso) ou considerando o valor da venda do ativo no mercado, subtraindo as
despesas de venda (valor justo líquido de despesas de venda).

Indicadores internos de imparidade (IAS 36):

Obsolescência ou dano físico do ativo: Este indicador refere-se a situações em que o ativo
torna-se ultrapassado ou sofre danos físicos que o impeçam de ser usado adequadamente. Por
exemplo, se um equipamento tornar-se ultrapassado devido ao avanço tecnológico ou se uma
máquina sofrer danos que afetem a sua capacidade de operação, isso pode indicar uma
possível imparidade.

Alterações adversas significativas na medida em que ou na forma como o ativo é usado ou se


espera que seja usado: Este indicador envolve mudanças adversas significativas nas
circunstâncias ou no ambiente em que o ativo está a ser usado ou que se espera que seja
usado. Por exemplo, se um edifício comercial sofrer uma queda acentuada na procura de
aluguel devido a mudanças no mercado imobiliário ou a uma recessão econômica, isso pode
indicar que o ativo não poderá gerar os benefícios econômicos esperados. Essas alterações
significativas podem indicar a necessidade de uma avaliação de imparidade.

Reavaliação da vida útil de um ativo como finita em vez de indefinida: Alguns ativos são
inicialmente considerados com uma vida útil indefinida, o que significa que não se espera que
haja um limite temporal para a sua geração de benefícios econômicos. No entanto, se houver
evidências de que a vida útil do ativo é finita, ou seja, que há um período específico em que se
espera que o ativo seja utilizado antes de se tornar obsoleto ou não ser mais útil, então podem
indicar a necessidade de uma avaliação de imparidade.

Deterioração do nível esperado de performance do ativo: Este indicador refere-se a uma


situação em que o ativo não está a atingir os resultados ou o desempenho esperado. Por
exemplo, se um equipamento não está a funcionar corretamente, não estando a produzir a
quantidade esperada de produtos ou esta a operar com menor eficiência do que o previsto,
isso poderá indicar a necessidade de uma avaliação de imparidade.

Indicadores externos de imparidade:

Declínio do valor de mercado do ativo: Este indicador refere-se a uma queda do valor de
mercado do ativo. Ou seja, se o preço pelo qual o ativo poderia ser vendido no mercado
diminuir significativamente em relação ao seu valor contabilístico, isso poderá indicar uma
possível imparidade.

Alterações adversas no ambiente tecnológico, mercado, econômico ou legal: Este indicador


envolve mudanças negativas significativas no ambiente externo que afetam o valor do ativo.
Por exemplo, se houver uma nova regulamentação que torne o uso do ativo menos lucrativo ou
se houver uma mudança tecnológica que torne o ativo obsoleto, isso pode indicar uma possível
imparidade. Mudanças no mercado, condições econômicas adversas ou alterações no
ambiente competitivo também podem afetar o valor do ativo.

Aumentos nas taxas de retorno que possam afetar materialmente a taxa de desconto usada no
cálculo da quantia recuperável: Esse indicador diz respeito a aumentos significativos nas taxas
de retorno exigidas pelos investidores. Se as taxas de retorno aumentarem de forma
considerável, isso pode afetar a taxa de desconto usada para calcular o valor presente dos
fluxos de caixa futuros esperados do ativo. Como resultado, a quantia recuperável do ativo
pode diminuir, indicando a possibilidade de uma imparidade

A quantia escriturada dos ativos excede a capitalização de mercado da empresa: Esse indicador
refere-se à situação em que o valor contábil total dos ativos de uma empresa é maior do que a
capitalização de mercado da empresa. A capitalização de mercado é o valor total das ações da
empresa negociadas no mercado de capitais. Se a quantia escriturada dos ativos exceder a
capitalização de mercado, isso pode indicar que os investidores estão avaliando os ativos da
empresa abaixo do seu valor contábil, o que pode indicar a possibilidade de uma imparidade.
A amortização é o processo de pagamento gradual de uma dívida com pagamentos regulares
que cobrem o principal e os juros. Isto permite que se reduza a dívida ao longo do tempo até
que ela seja totalmente paga.

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Imagine que possui um negócio. Para que o negócio seja lucrativo, é necessário que o volume
de vendas seja suficiente para cobrir todos os custos envolvidos. Esses custos podem ser
divididos em dois tipos: custos variáveis e custos fixos.

Os custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem de acordo com a quantidade de
produtos ou serviços vendidos. Por exemplo, se vendermos camisolas, o custo dos materiais e
da mão de obra para produzir cada camisola é um custo variável. Quanto mais camisolas se
vender, maiores serão esses custos.

Os custos fixos são aqueles que existem independentemente do volume de vendas. Eles estão
relacionados aos gastos que precisamos de fazer para manter o negócio a funcionar, como o
aluguel, os salários dos funcionários administrativos, as contas de energia, água, etc.

Assim, o risco do negócio está relacionado com a possibilidade de o volume de vendas não ser
suficiente para cobrir todos esses custos. Ou seja, se o volume de vendas não for alto o
suficiente, o resultado financeiro do negócio será negativo, ou seja, teremos prejuízo.

Para garantir que o negócio seja sustentável e lucrativo, é importante acompanhar a


capacidade de cobertura dos encargos de exploração, ou seja, verificar se o volume de vendas
é capaz de cobrir todos os custos envolvidos. Além disso, também é necessário observar a
evolução dos custos variáveis e fixos ao longo do tempo para determinar a sensibilidade dos
resultados ás variações na atividade. Isso é relevante porque a empresa precisa de entender
como é que esses custos estão a comportar-se em relação às mudanças na atividade. Por
exemplo, se a atividade da empresa aumenta, é possível que os custos variáveis também
aumentem devido ao maior uso de matéria-prima ou mão de obra.

Página 38- Divulgação do risco

O relato do risco, ou divulgação do risco, apresenta uma série de objetivos e vantagens


importantes:

Conformar a função de utilidade dos investidores e aproximar a informação divulgada dos


modelos de decisão identificados na teoria financeira: Ao fornecer informações sobre os riscos,
o relato do risco ajuda os investidores a tomarem decisões mais informadas e alinharem as
suas expectativas de retorno com os riscos associados ao investimento.

Aumentar a utilidade da informação corporativa e financeira disponibilizada aos investidores: A


divulgação de informações sobre os riscos permite aos investidores obter uma visão mais
completa da situação e perspetivas da empresa, o que melhora a sua capacidade de avaliar o
seu valor e desempenho potencial.

Melhorar a alocação do capital no mercado de capitais: Ao fornecer informações mais


detalhadas sobre os riscos, o relato do risco aumenta a transparência e a confiança no
mercado, o que pode levar a uma alocação mais eficiente do capital pelos investidores.
Diminuir o custo de capital das empresas: as empresas que relatam adequadamente os riscos
enfrentados têm maior probabilidade de ganhar a confiança dos investidores e, como
resultado, podem obter capital a custos mais baixos.

Salvaguardar a idoneidade e saúde das empresas a longo prazo: Ao divulgar os riscos, as


empresas podem tomar medidas para gerenciá-los de forma proativa, protegendo a sua
reputação e evitar problemas futuros que possam prejudicar a sua sustentabilidade.

Aumentar a reputação junto dos investidores: As empresas que demonstram transparência e


responsabilidade ao relatar os seus riscos podem construir uma reputação sólida junto aos
investidores, aumentando a sua confiança e disposição para investir.

Evitar litigância por não informar adequadamente os investidores: Ao fornecer informações


abrangentes sobre os riscos, as empresas podem reduzir o risco de processos judiciais de
investidores insatisfeitos que se sintam prejudicados pela falta de informação adequada.

Assegurar eficiência aos sistemas de controle interno requeridos pelos códigos de governação
empresarial, reduzindo as assimetrias de informação: A divulgação de informações de risco
ajuda a promover uma cultura de governação corporativa sólida, fornecendo aos investidores e
partes interessadas as informações necessárias para avaliar a gestão de riscos e os controles
internos da empresa.

Fornecer informações sobre as estratégias, características, operações e outros fatores externos


que possam tenham o potencial de afetar os resultados esperados: O relato do risco permite
que os usuários compreendam melhor os fatores que influenciam o desempenho futuro da
empresa, incluindo as estratégias adotadas, as características do mercado e as operações
específicas.

Permitir aos usuários avaliar os riscos do futuro desempenho econômico: Ao fornecer


informações sobre os riscos enfrentados, o relato do risco permite que os usuários avaliem de
forma mais precisa os riscos potenciais associados ao desempenho futuro da empresa e
tomem decisões informadas com base nessa avaliação.

Alguns inconvenientes (desvantagens) do relato do risco:

Custo agravado de produção e divulgação da informação: A divulgação de informações sobre os


riscos enfrentados pela empresa pode exigir recursos significativos, como tempo e dinheiro,
para recolher, analisar e comunicar essas informações aos investidores e outras partes
interessadas.

Litigância e má reputação por divulgar informações que não se confirmam: Existe o risco de
que as informações divulgadas sobre os riscos não se concretizem, levando a processos
judiciais por parte de investidores insatisfeitos. Além disso, se a empresa divulgar informações
erradas ou enganosas sobre os riscos, a sua reputação pode ser prejudicada.

Divulgação de informação proprietária: Alguns riscos enfrentados pela empresa podem estar
relacionados a informações confidenciais ou proprietárias. A divulgação excessiva dessas
informações pode colocar a empresa em desvantagem competitiva ou comprometer a sua
posição no mercado.

"Profecia autorrealizável": Quando as informações sobre riscos são divulgadas, os investidores


e outras partes interessadas podem agir com base nessas informações, o que pode levar a um
efeito em cadeia em que a profecia se torna realidade. Por exemplo, se os investidores
acreditam que uma empresa está em risco de falência, eles podem começar a vender as suas
ações, afetando negativamente o valor da empresa e, por fim, levando à sua falência real.

Página 40- Normas aplicáveis à divulgação do risco:

CMVM - Código de Valores Mobiliários (Art.º 245 e 246)

O Artigo 245 desse código alínea c) menciona que as pessoas responsáveis pela empresa
devem fazer declarações sobre as informações divulgadas. Essas declarações devem afirmar
que as informações foram preparadas de acordo com as regras contábeis adequadas, de forma
a mostrar uma imagem verdadeira e correta das finanças da empresa e de como ela está a se
sair. Além disso, o relatório de gestão também deve refletir com precisão como é que a
empresa está a ir e descrever os principais riscos que ela enfrenta.

Artigo 245.º-A - Relatório anual sobre governo das sociedades

De acordo com o Artigo 245.º-A do Código de Valores Mobiliários, as empresas listadas em


bolsas de valores em Portugal devem incluir, no seu relatório anual de gestão, um relatório
detalhado sobre o governo das sociedades. Esse relatório tem o objetivo de fornecer
informações sobre a estrutura e as práticas de governação corporativa da empresa. Um dos
elementos que devem constar nesse relatório é (alínea m)) a descrição dos principais sistemas
de controle interno e gestão de risco implementados pela empresa em relação ao processo de
divulgação de informações financeiras. Isso significa que a empresa precisa de explicar como é
que ela garante a qualidade e a confiabilidade das informações financeiras que são divulgadas
ao público.

Código das Sociedades Comerciais (art.º 66)

De acordo com o Código das Sociedades Comerciais, mais especificamente o artigo 66, o
relatório da gestão das empresas deve conter, no mínimo, uma exposição fiel e clara da
evolução dos negócios, do desempenho e da posição da sociedade. Além disso, é necessário
incluir uma descrição dos principais riscos e incertezas enfrentados pela empresa. O relatório
deve indicar, em especial, os objetivos e as políticas da sociedade em matéria de gestão dos
riscos financeiros.

Pagina 44 - Normas internacionais aplicáveis à divulgação do risco:

IAS 1

Esta norma estabelece os princípios gerais para a apresentação das demonstrações financeiras.
Ela exige que as empresas divulguem, nas notas explicativas, os principais riscos e incertezas
que podem afetar a sua situação financeira e o seu desempenho futuro. Isso inclui riscos
relacionados a fatores como concorrência, mudanças regulatórias, flutuações cambiais, riscos
operacionais, entre outros.

IAS 32, IAS 39 e IFRS 7

Estas normas tratam especificamente da divulgação e gestão do risco relacionado a


instrumentos financeiros, como risco de liquidez, crédito e mercado. Essas normas
estabelecem procedimentos e formas de medição detalhados para a divulgação quantitativa e
qualitativa desses riscos.

IFRS 7
A norma IFRS 7, emitida pelo International Accounting Standards Board (IASB), estabelece
requisitos para a divulgação de informações relacionadas aos instrumentos financeiros em
demonstrações financeiras. Essas divulgações têm o objetivo de permitir que os
utentes/utilizadores das demonstrações avaliem o significado dos instrumentos financeiros
para a posição e desempenho financeiros da entidade, bem como compreendam a natureza e
a extensão dos riscos associados a esses instrumentos e de que forma é que a entidade gere
esses riscos.

A norma exige que as entidades forneçam/divulguem informações qualitativas e quantitativas


sobre os riscos associados aos instrumentos financeiros.

As divulgações qualitativas referem-se a informações descritivas sobre a exposição da entidade


aos riscos, ou seja, a origem desses riscos e as políticas e procedimentos de gestão de risco
adotados pela entidade. Isto ajuda os utentes/usuários a entenderem quais os riscos que a
entidade está a enfrentar e como é que ela os está a gerenciar.

As divulgações quantitativas envolvem a apresentação de informações numéricas sobre a


exposição da entidade a diferentes tipos de riscos financeiros, como risco de crédito, risco de
liquidez e risco de mercado. Estas informações quantitativas ajudam os usuários a terem uma
visão mais precisa da exposição da entidade aos riscos financeiros.

Nota: Se as informações quantitativas divulgadas no final do período de relato não forem


consideradas representativas dos riscos reais enfrentados pela entidade, a norma exige que a
entidade forneça informações adicionais que sejam mais adequadas e representativas.

IAS 39

A norma IAS 39 é uma norma contábil que trata da contabilidade de instrumentos financeiros.
Ela estabelece as diretrizes para o reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação
dos instrumentos financeiros nas demonstrações financeiras de uma entidade.

Dentro da norma IAS 39, há diferentes tipos de relações de cobertura que uma entidade pode
utilizar para reduzir ou minimizar os riscos associados aos instrumentos financeiros. Essas
relações de cobertura incluem:

Cobertura de justo valor: É uma cobertura da exposição às alterações no justo valor de um


ativo, passivo ou compromisso firme. Ela procura compensar os efeitos das mudanças no justo
valor do ativo, passivo ou compromisso firme, que possam afetar os lucros ou prejuízos da
entidade.

Cobertura de fluxos de caixa: É uma cobertura da exposição à variabilidade nos fluxos de caixa.
Ela é aplicada a ativos, passivos ou transações previstas e visa compensar os efeitos das
variações nos fluxos de caixa associados a esses itens que possam afetar os lucros ou prejuízos
da entidade.

Cobertura de um investimento líquido numa unidade operacional estrangeira: Refere-se a uma


entidade que possui uma subsidiária, associada, acordo conjunto ou sucursal em um país ou
moeda diferente da entidade que relata. O investimento líquido nessa unidade operacional
estrangeira representa o interesse da entidade nos ativos líquidos dessa unidade.

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