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Trabalhar o território deve ser entendido como um espaço de encontro de ciências e de especialidades. A
intervenção no território exige, para além de capacidades científicas e técnicas, competências éticas, e de
responsabilidade e accountability. Intervir sobre o território tem sempre implicações para o futuro. Os
destinatários das nossas intervenções são pessoas com rosto, e a nossa intervenção tem consequência nas suas
vidas e no seu futuro. As nossas intervenções geram ganhos e perdas que devem ser previamente equacionadas
e antecipadas. O planeamento do território deverá ser feito com uma perspetiva de médio e longo prazo. O
desenvolvimento do território não está sempre dependente de condicionalismos de natureza orçamental nem
de estratégias exclusivamente baseadas em novas infraestruturas e equipamentos.
A dimensão espacial não é neutra do ponto de vista da análise económica. O modo de organização e de
localização das atividades económicas; A dimensão territorial do custo de oportunidade e da análise custo-
beneficio; A dimensão espacial das expectativas dos agentes económicos; A influência da dimensão espacial no
potencial de desenvolvimento dos agentes económicos;
A análise económica a-espacial ajusta-se mal à realidade, pois todo o desenvolvimento é localizado. As
noções de externalidades e de economias de escala têm uma importante dimensão espacial, sendo que as
externalidades têm importância regional para o ambiente devido aos custos de congestionamento; e as
economias de escala têm a ver com a dimensão. O conceito vem das empresas e pode aplicar-se ao contexto de
territórios cidades. À medida que aumentamos o volume de produção local, os custos de fabrico descem. Por
exemplo, se tivermos uma equipa de saúde com 500 pessoas tira-se um certo rendimento, mas se forem 2000
pessoas o equipamento dará maior rendabilidade, pois há mais pessoas a utilizá-lo.
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A importância das matrizes input-output regionais (são tabelas de dupla entrada, de um lado inputs do
processo produtivo e no meio quocientes que nos dão os valores dos fatores dos processos produtivos);
O desenvolvimento económico e social é um processo histórico e, portanto, acumulado. Durante quase
20 anos, toda a política de investimento em Portugal aumentou as assimetrias dentro do país. Bens e
serviços aumentaram no geral, mas a nível de regiões só algumas beneficiaram disso.
A inclusão da dimensão espacial na análise económica é muito mais do que apenas considerar mais uma
variável. É considerar a relevância da dimensão sistémica da dimensão espacial e a componente interdisciplinar
do conhecimento. É necessário recorrer a outros campos para perceber a economia regional em si.
Espaço natural, espaço geográfico e espaço económico: o espaço económico pode ser entendido como o
produto cartesiano dos espaços das atividades económicas com o espaço dos lugares e também o espaço de
todas as atividades humanas. Espaço de relações: O espaço deixa assim de ser considerado um espaço distância
para passar a ser considerado um espaço de relações. Valorizam-se desta forma não apenas os espaços
regionais mas também os espaços locais, nacionais e supranacionais e as diferentes escalas são
interdependentes.
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Estas exigências implicam que o território já disponha de um conjunto de caraterísticas que constituem pré-
condições de desenvolvimento necessárias para assegurar a viabilidade da novas iniciativas que se pretendem
implementar: territórios com diferentes características em termos dos recursos percebidos pelo mercado
implicam abordagens diferentes. O não reconhecimento prático deste facto provoca muitas vezes dificuldades
reais na absolutamente necessária compatibilização e articulação entre iniciativas estratégicas em
desenvolvimento no território.
Cada estratégia tem uma escala territorial e socioeconómico produtiva mínima para aplicação, da mesma
forma que exige, uma identificação rigorosa dos objetivos possíveis a alcançar, do tipo de iniciativas para as
concretizar e da escolha da escala ou escalas territoriais particularmente adequadas para a sua viabilização.
O espaço e o território:
Ao espaço construído dá-se a designação de território. Este caracteriza-se como um conjunto de objetos
dispostos na superfície, sendo eles naturais ou construídos artificialmente pelo homem. É este conjunto de
objetos, que se relacionam entre si, que dá a característica a estes espaços, a relação entre natureza, trabalho,
produção e circulação, onde o homem exerce sobre o seu espaço natural alterações que revelam as relações de
poder criadas naquela sociedade. O território é, assim, um espaço delimitado pelo uso de fronteiras, não
necessariamente visíveis, e que se consolida a partir de uma expressão de poder.
O desenvolvimento territorial é cada vez mais função não apenas de fatores naturais, mas sobretudo de
fatores construídos. A localização de atividades promove a construção do território e frequentemente também
a sua destruição. Ao espaço basta que contenha um fator que seja comum, não sendo exigida nenhuma outra
regra.
A região tem de ser definida de forma mais estrita nomeadamente por razões de vizinhança e de
delimitação. A região é uma área que foi dividida obedecendo a um critério específico; trata-se de uma
elaboração humana para melhor compreender uma determinada área ou um aspeto dela. A região tem de ser
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definida de forma mais estrita nomeadamente por razões de contiguidade e de delimitação. Os critérios de
homogeneidade e de polarização na base do processo de definição e delimitação de regiões são:
A posição relativa dos territórios em termos geográficos e em termos económicos, sociais ou outros. A
acessibilidade, a centralidade e a atratividade dos territórios. A estrutura político-administrativa e a organização
e hierarquização dos territórios. A estrutura político-administrativa corresponde ao Estado, às regiões, às
comissões de coordenação e desenvolvimento regional, às associações de municípios e respetivas comunidades
intermunicipais, aos municípios e às freguesias.
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O território e as suas infraestruturas e equipamentos:
Notas finais:
A plasticidade do território varia de caso para caso. A maior ou menor plasticidade de cada território está
dependente em grande medida da sua estrutura económica e social e das caraterísticas dos seu(s) setor(es)
económicos predominantes. A maior ou menor plasticidade ou rigidez em relação ao desenvolvimento nunca é
exclusivamente orçamental. A plasticidade do território em grande medida é a sua capacidade de reencontrar
novas formas de combinação de recursos e fatores e de se adaptar e reagir às decisões de deslocalização das
empresas e à perda de competitividade de sectores económicos nele dominantes.
A temporalidade tem a ver com a passagem do tempo no território. O território é um processo histórico, logo
as características atuais de cada território são o resultado de um processo histórico de decisões de localização e
de deslocalização, de iniciativas individuais e coletivas, e de aplicação de políticas públicas. O território é, em si
mesmo, um processo de construção e de destruição. De um ponto de vista teórico a é tomada de consideração
da temporalidade que permite distinguir espaço e território. O território enquanto construção socioeconómica
alimenta-se de temporalidades.
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de agentes económicos e institucionais externos, atuando a partir do exterior ou implantados no próprio
território. De um espaço de lugares a um espaço de fluxos, esta realidade tanto pode contribuir para reforçar
identidades ao nível local, reforçando o sentido de pertença a um determinado território, como poderá vir a
reforçar o processo crescente de fragmentação das realidades locais.
A possibilidade de interação interterritorial às diferentes escalas territoriais põe em causa algumas das
vocações locais/regionais tradicionais. A emergência de configurações territoriais de tipo arquipélago. O
processo de ajustamento estrutural que resulta da articulação transnacional de sistemas territoriais locais,
regionais, nacionais. A emergência de novas solidariedades e concorrências funcionais e territoriais à escala
global. Transformação dos territórios locais e regionais no sentido da crescente integração dos mercados.
As localizações são objeto de um processo de decisão onde é preciso decidir onde se localizará uma
infraestrutura. Este processo de decisão é complexo pois tem vários intervenientes e de natureza diversa, os
agentes atuam de forma multivariada, as decisões são interatuantes. Os agentes e as atividades são dotadas de
mobilidade, pois há vários intervenientes e de natureza diversa, e os agentes têm várias maneiras de atuar.
A partir da localização inicial de uma infraestrutura ou equipamento, as restantes decisões são influenciadas
pela primeira. As infraestruturas já existentes vão determinar as decisões para se instalar outras ou não. Os
efeitos das localizações refletem-se à escala local, mas também à escala regional e nacional. A análise custo-
benefício está subjacente à decisão de localização. As decisões alteram-se com a diversidade do prazo
considerado. Verifica-se uma otimização da decisão de localização vs custos de congestionamento das
aglomerações.
O espaço físico é um recurso escasso que afeta a necessidade de localização de múltiplas atividades, daí a
importância das aglomerações relacionais. A organização do espaço no quadro dos grandes objetivos sociais
distingue-se pelo desenvolvimento vs crescimento. O crescimento depende da decisão política (definição de
objetivos ao nível da melhoria da qualidade de vida, do aumento dos níveis de desenvolvimento, por exemplo,
as prioridades do estado português definidas na CRP privilegiam o acesso à habitação, saúde e educação para
toda a população). O aspeto fundamental é a promoção do desenvolvimento, a relação entre desenvolvimento
territorial e rede urbana (rede de centros a partir dos quais se verifica a disponibilidade de um conjunto de bens
e serviços convenientemente localizados, também denominados de polos de desenvolvimento).
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As teses de Cantillon:
Nada se localiza por acaso, contudo, algumas decisões de localização são erradas. As localizações influenciam
as características do ambiente e cada região apresenta atributos específicos da sociedade e do ambiente. A
localização tem a sua razão de ser nas interdependências existentes entre diversos elementos (naturais,
humanos, equipamentos).
Richard Cantillon (séc. XVIII) contribui para a discussão e explicação dos aglomerados a partir da atividade
agrícola, assente na terra como fonte de riqueza. A organização social encontra-se subordinada à terra, à qual o
trabalho confere riqueza. A posse da terra é detida apenas em alguns indivíduos. Distinguem-se duas classes: os
trabalhadores e os proprietários (e o Estado). Os proprietários são heterogéneos, grandes e pequenos. Quem
trabalha a terra deve viver próximo dela de forma a minimizar o tempo de deslocações. A localização das aldeias
deve ser feita de acordo com o objetivo anterior, sendo que a sua dimensão é variável em função das
necessidades de trabalho das terras envolventes, mas também dos burgos (lugares de mercado - posição central
em relação às restantes aldeias). A diferença nas características dos burgos reflete-se na qualidade de vida:
condicionam as escolhas que os proprietários fazem para localizar as suas habitações. As cidades são associadas
às “casas senhoriais”, sendo a cidade capital, escolhida pelo Rei e pelo Governo. A sua localização decorre da
distância às outras cidades e aos custos de transporte associados. Verifica-se uma importância das economias
de aglomeração e das economias de escala: os centros urbanos estão hierarquizados, com as respetivas áreas de
influência.
Horizontal: campo-burgo-cidade-capital;
Vertical: relação entre as classes sociais.
O sistema de Cantillon baseia-se na imagem de uma economia base agrícola, dominada pela relação social de
propriedade da terra e pelos gastos da classe independente, ou seja, a terra é como uma fonte de riqueza.
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Do ponto de vista da localização, sejam quais forem as decisões de cultivo, os trabalhadores que executam os
trabalhos agrícolas têm que viver nas proximidades do trato da terra, pois isso vai diminuir, ou seja, minimizar o
tempo de deslocações. As aldeias devem-se situar a uma distância compatível com o exercício do trabalho
diário. Isto é muito importante, pois este autor dá muita relevância às economias de tempo e de transporte,
sendo que estas são determinantes para a definição da organização espacial da sociedade. Pode-se até dizer
que, Cantillon referiu que as habitações perto da zona agrícola pertenciam a pessoas com menos posses (ex:
fazendeiros, trabalhadores agrícolas, trabalhadores manufatureiros, etc), por outro lado, as habitações mais
distantes pertenciam a reis, ou melhor, eram casas senhoriais.
De acordo com Cantillon, os proprietários mais modestos residem nas aldeias e burgos porque não poderiam
arcar com o custo de transporte dos meios de subsistência das suas propriedades até ao local de residência,
caso residissem em cidades mais distantes. Os centros urbanos estão hierarquizados, com as respetivas áreas de
influência. Este autor tem uma vista na localização das vilas o movimento das pessoas, os trabalhadores
agrícolas e os arrendatários e as aldeias e vários aglomerados urbanos vão-se estabelecendo de acordo com as
decisões dos proprietários. Para concluir, este modelo diz:
Na própria apresentação da visão de estrutura social, Cantillon efetua uma primeira aproximação à noção
de redes urbanas, hierarquizadas conforme decisões económicas e não económicas dos proprietários;
Os custos de transporte são um elemento central da teoria da circulação monetária e do modelo de
formação de preços;
Os custos de transporte qualificam o modelo de equilíbrio do balanço de pagamentos. Não obstante as
conceções avançadas de processo de mercado e de circulação monetária, no sistema de Cantillon a
análise de localização é muitas vezes limitada pela conceção agrícola e naturalista da economia.
Von Thunen:
Influência da distância (transportes) na organização espacial. O principal trabalho de Von Thunen (1826),
pretendia apontar para uma explicação relativamente à formação dos preços dos produtos agrícolas e às leis
que associam as variações nos preços aos padrões espaciais de utilização do solo.
Admitindo que os produtos agrícolas são oferecidos no mercado em situação de concorrência perfeita, a
produtividade, os custos de transporte e a procura hão de determinar uma sucessão no espaço, não arbitrária,
das áreas cultivadas, por produtos. Como os custos de transporte aumentam com a distância, o afastamento do
mercado determina a seleção das culturas de tal forma que se situam mais longe as que implicam menores
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custos de transporte, menor utilização de mão-de-obra e outros inputs e uma menos extensiva utilização do
solo.
Produtos agrícolas com elevada produtividade por hectare (ha), que não possam ser facilmente
transportados ou se deteriorem com relativa facilidade, hão de disputar entre si o espaço que rodeia o mercado.
A renda desse solo há de ser mais elevada devido à melhor acessibilidade ao local de venda, um desafio que se
coloca à utilização de métodos de exploração intensiva. Produtos para os quais os custos de transporte sejam
mais baixos podem localizar-se em terras mais afastadas.
O segmento das distâncias no qual uma certa produção se mostre concorrencial é função dos preços, do
volume de produção e dos custos de transporte. As culturas a desenvolver deveriam proporcionar os melhores
resultados, pois as que proporcionassem resultados inferiores seriam afastadas para localizações em que, em
termos concorrenciais, viessem a obtê-los face a outras. Era o resultado líquido por tipos de culturas que
interessava, por unidade de solo e não por unidade de produto, em termos diferenciais.
A renda económica define-se por ser, uma unidade de superfície, que dá a diferença de produtividade
existente entre dois tipos de terras ou, por outras palavras, o diferencial que qualquer agricultor está disposto a
pagar para, em vez de cultivar o solo do tipo II poder trabalhar o solo de tipo I. A renda económica reduz-se com
a fertilidade do solo. O conceito também pode ser aplicado a partir da distância ao centro consumidor. A
distância afeta os resultados pela via dos custos de transporte. Mantendo tudo o resto constante, a renda
económica do solo diminui com a distância a partir do centro. O conceito de renda económica é sugerida pelo
próprio crescimento da cidade.
Numa 1ª fase, em que a dimensão populacional seria reduzida, só se tornaria necessário utilizar o solo
adjacente a ela, os custos de transporte eram baixos e, por isso, os preços de mercado poderiam ser baixos,
proporcionando assim algum rendimento aos agricultores. Com o processo de crescimento, teve de se ir
utilizando sucessivamente novas parcelas, começando sempre pelas mais próximas, mas aumentando a
distância ao centro e, portanto, os custos de transporte. A renda económica aumentaria para o solo adjacente à
cidade e com ela o preço dos produtos no mercado.
Contudo, há sempre várias culturas possíveis para o mesmo solo. Se a fertilidade do solo não variar, a sua
localização preferencial vai ficar na dependência dos custos a suportar para fazer chegar os produtos ao
mercado de consumo em condições de utilização. A procura em função da distância ao mercado é, por exemplo,
mais elástica para um cereal como o trigo do que para uma família de produtos como os vegetais verdes
(frescos), o que determinará, para ambos, a evolução da renda económica com a distância.
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O espaço isotrópico, mesmo do ponto de vista da facilidade de
transportes à organização em círculos concêntricos no mercado, é um
caso extremo de regularidade dos padrões de ocupação do solo pela
agricultura. As áreas que eram periféricas ao centro urbano A vão ser
Uma configuração tal como a descrita na figura anterior só é possível dentro de condições muito restritivas
impostas pelas seguintes hipóteses:
O relaxamento das hipóteses virá a resultar numa maior aproximação da realidade que afastará a
configuração geométrica dos círculos concêntricos quer pela existência de um ou mais centros adicionais, ou
pela existência de vias de tráfego que permitiram alongar os círculos nas suas direções, quer de áreas de
fertilidade elevada em anéis de cultura extensiva que facilmente poderão determinar o aparecimento de
culturas que em princípio só deveriam encontrar-se mais perto do centro, se a produtividade adicional
compensasse os maiores custos de transporte.
Apesar das limitações, a abordagem de Von Thunen veio inspirar vários desenvolvimentos teóricos
particularmente em planeamento urbano, isto é, os custos unitários de transporte e o preço do solo são
normalmente tomados em meio urbano como funções decrescentes da distância ao centro e o grau de
acessibilidade, e a procura do solo na área urbana são, em regra, tidos como determinantes dos custos de
transportes e da renda urbana para que, nalgumas circunstâncias se admite complementaridade.
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Como extensões deste modelo temos a aplicação dentro da empresa agrícola, o modelo de equilíbrio geral
construído a partir da variável custo de transporte (equilíbrio estático, sem pressões sobre as variáveis e sobre
as relações), e a possibilidade de mobilidade (como por exemplo a localização de uma estufa).
Thunen organizou o modelo à escala da Europa. Assim na região do Noroeste existia um vasto conglomerado
urbano, ou mercado central, cuja expansão se fizera à custa de solo dedicado à produção de cereais em cultura
mais ou menos extensiva e, cuja reconversão para fins agrícolas, no excedente das áreas urbanas, conduziu a
culturas intensivas de frescos, floricultura e cereais e à produção de leite (ex: Holanda e a Dinamarca).
Cantillon e Von são diferentes, pois, enquanto que Cantillon procura explicar a hierarquia urbana com base
nas classes sociais e na posse (ou não), Von Thunen desenvolveu um modelo que explica como é que a atividade
agrícola funciona em torno do centro urbano e quais os determinantes das diversas culturas.
Em primeiro lugar, no estado isolado, Von Thunen pondera os custos de transporte das mercadorias. Em
segundo lugar, o modelo de Von pressupõe núcleos urbanos já estabelecidos.
A cidade estar localizada no centro de um estado isolado que é autossuficiente e não tem influências
externas;
O estado isolado ser rodeado por um deserto desocupado;
A terra do estado é completamente plana e não tem rios ou montanhas para interromper o terreno;
A qualidade do solo e clima são consistentes em todo o estado;
Os fazendeiros no estado isolado transportam os seus próprios produtos para o mercado por via de carro
de boi através da terra, diretamente para a cidade central. Portanto, não há estrada;
Os agricultores atuam de forma a maximizar o lucro.
Uma relação da renda da terra com a distância, isto é, quando mais distante do centro de comercialização,
menor o excedente do produtor, dado pelo custo de transporte e gastos com a produção. Von Thunen,
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economista alemão, tratou de como se distribuíam as atividade agrícolas em torno dos centros urbanos, em
função dos custos de transporte dos produtos. Para o autor, os problemas de uma economia espacial por ele
analisada são: a influência da cidade sobre a formação dos preços de produtos agrícolas, a influencia da
distância da cidade sobre a agricultura e sobre a renda dos agricultora e a influência do crescimento das cidades
sobre a área rural cultivada. O cenário básico de sua análise é uma área agrícola plana, cujo solo é igualmente
fértil em todos os pontos.
Basicamente, a teoria de Von Thunen diz que a renda económica - pré-disposição que os agricultores usam
para pagar uma terra melhor; é diferente do valor que os produtores estão dispostos a pagar para deixarem de
produzir num solo de pior qualidade para um de melhor qualidade - fica mais cara quanto mais perto for o solo,
pois de acordo com este autor a renda económica do solo decresce com a distância a partir do centro, ou seja,
quanto mais próximo se estiver dos consumidores, maior será a renda económica. Se a fertilidade do solo não
variar, a sua localização preferencial vai ficar na dependência dos custos a suportar para fazer chegar os
produtos ao mercado de consumo em condições de utilização.
Alfred Marshall:
Contributos
A relevância do carácter nacional tem atributos éticos e intelectuais da população, ou seja, é fator decisivo
para o crescimento económico. Tem como ideias fundamentais o capital humano e a organização empresarial. O
investimento em educação é determinante para a melhoria do capital humano, e por isso da capacidade
produtiva da população. Marshall descreve o mercado evoluído a partir do pressuposto da concorrência
perfeita. A organização empresarial tem como destaques:
Mais do que acumular capital, a empresa acumula capacitações, conhecimento, desenvolve a sua
organização interna (incluindo hierarquia e relações com os trabalhadores), estabelece e amplia o conjunto de
clientes. O ambiente empresarial está em mudança constante, com relevância dos efeitos associados às
economias de escala e economias de aglomeração. O equilíbrio de mercado não é espontâneo envolve esforços,
recursos e organização. Existência de distritos industriais a nível regional, a partir do conceito de economia de
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aglomeração, que se relaciona o crescimento das pequenas empresas e com o crescimento das grandes
empresas, ambiente que predomina a complementaridade em vez da concorrência. A nível nacional,
acrescenta-se a importância das instituições e as condições históricas.
O investimento em educação é determinante para a melhoria do capital humano e isso vai conduzir a que a
população tenha capacidade produtiva. Mais do que acumular capital, a empresa acumula capacitações,
conhecimento, desenvolve organizações internas e amplia o conjunto de clientes.
Efeitos associados às economias de escala e de aglomeração (vantagens que decorrem da localização das
empresas em aglomeração). A nível regional, distritos industriais, há um crescimento das pequenas empresas
com o crescimento das grandes empresas – predomina a complementaridade. Quanto mais investimento em
educação, melhor o ambiente empresarial.
Weber:
Localização industrial
Onde localizar a empresa industrial? A localização das matérias-primas e dos mercados, conduzem a fatores
que influenciam os custos de produção e os volumes de vendas, mais os aspetos institucionais de
enquadramento e comportamento da entidade empresarial. Como fatores de localização associados ao
processo produtivo temos, a variedade, disponibilidade, localização e características afetadoras da mobilidade
das matérias-primas, a variedade, disponibilidade, localização e características da mão-de-obra, e os meios
técnicos de produção.
Como fatores de localização associados às vendas temos a acessibilidade aos clientes e transportes dentro
dos mercados e estrutura empresarial; os fatores institucionais determinados pelos governos e sua formas de
intervenção, a entidade empresarial que definirá os seus objetivos considerando, entre outras, questões de
prestígio, gosto pessoal e motivação, e decisões de localização com o objetivo de maximizar os resultados
líquidos, ou seja, escolha de uma localização que permita minimizar os custos e maximizar as receitas. Contudo,
em regra, trata-se da escolha entre um número bem definido de opções, dispostas no espaço de forma discreta.
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Nesta decisão entram fatores subjetivos como o papel da minimização dos custos na decisão de localização, isto
é, se os custos de produção forem independentes da localização esta terá um mínimo custo de transporte.
Num exemplo de decisão de localização de uma empresa com dois fontes de matérias primas e um mercado,
importa conhecer os custos de transporte por unidade de peso e de distância, as
quantidades de matérias-primas e o peso do produto final, sendo os custos de
transporte constantes por unidade de peso e de distância. Contudo, é necessário
considerar outras questões como:
Na abordagem do custo mínimo de transporte, os custos de transporte são importantes e decisivos, ou seja,
a localização mais conveniente será encontrada no ponto em que os custos de transporte das matérias primas
vindas das suas várias origens e os de colocação do produto final sejam mínimos. Os fatores que influenciam os
custos são os pesos e quantidades das matérias-primas, e a disponibilidade geográfica. Contudo, se as matérias
primas são gerais o centro consumidor passa a ser determinante.
Tomam-se como dados a base geográfica das matérias primas, incluindo a energia, que se encontrarão
num número limitado de localizações;
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Os pontos de consumo, em número finito, são tidos como dados quer quanto à sua localização, quer
quanto à sua dimensão;
A economia funciona em concorrência perfeita, pelo que nenhum produtor tem possibilidade de explorar
vantagens monopolísticas com a escolha do local dispondo ainda de um mercado sobre o qual não lhe são
postas restrições. O trabalho como fator de localização apresenta-se também como um dado não se
admitindo, entre outros aspetos, a sua mobilidade.
O modelo tem como utilidade a evolução da localização da indústria, a evolução que tenderia a aproximar as
localizações das fontes de matérias-primas, e a consideração de outras perspetivas na abordagem, dada a
alteração para concentrar as atividades junto dos centros de consumo. Um dos fatores em que o modelo é
muito simplificado respeita ao fator trabalho que não admite a mobilidade do trabalho, não considera as
alterações na oferta de trabalho para diferenças salariais, e tem forças de aglomeração onde as vantagens
decorrentes da concentração não foram consideradas.
A força de aglomeração na análise de Weber não considera as vantagens que podem resultar da
aglomeração, mas analisa os efeitos negativos (ex: renda das instalações), considera o aumento da dimensão da
empresa e a integração de vários estabelecimentos, e as vantagens são confrontadas com os aumentos de
custos devido ao afastamento do ponto de custo mínimo (de transportes).
As hipóteses básicas da teoria de Weber, elaborada para responder a objetivos de minimização de custos
são:
Nas áreas de mercado, o mercado comporta-se como uma variável. Os consumidores estão dispersos e
condicionam a intensidade da procura que varia em função dos diferentes locais. O objetivo passa a ser a
localização das empresas que visam a maximização das áreas de mercado. As empresas dispunham de um
mercado ilimitado (concorrência perfeita). Na teoria das áreas de mercado os compradores estão dispersos e a
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empresa até pode atuar, em condições de monopólio, sobre os consumidores localizados próximos. Os preços
afetam as áreas de mercado potenciais. As relações entre a produção e o consumo conduzem à existência de
situações em que a localização da produção e do consumo estão interligadas. Se as atividades produtivas
tendem a concentrar-se mais, os serviços aproximam-se dos consumidores, ou seja, têm uma tendência de
desconcentração e dispersão. Apenas excecionalmente se terá uma escolha única para a localização, mas tendo
hipóteses de localização alternativa poderemos procurar obter generalizações.
A teoria de Weber mostra onde se localiza uma dada atividade industrial, ao contrário da teoria agrícola de
Von, que procura responder quais as atividades que se deverão localizar num determinada sítio. Estuda a
localização de uma empresa que produz um produto. É um modelo baseado nos custos de transporte e por isso
o principal problema dele vai ser a minimização de custos (triângulo localito). Tem de minimizar os custos de
transportes globais, sendo que para minimizar temos de nos aproximar da fonte onde os custos são maiores.
O peso físico do produto e a distância têm um papel decisivo na determinação da localização das
manufaturas nesta teoria. Weber (1909) preocupou-se com a questão da localização industrial, apresentando
uma teoria geral e abstrata, e, utilizando uma forma individual, analisou separadamente a influência dos custos
de transporte, do fator mão de obra e das forças aglomerativas. No primeiro caso, utilizou o que denominou de
triângulo locativo e nos demais, as curvas isodapanas. Há outras suposições como concorrência perfeita,
coeficientes fixos de produção e a minimização de custos. A sua análise baseava-se em três suposições gerais:
Hottelling:
As áreas de mercado
A localização dos vendedores numa praia funciona como mercado linear, ou seja, enquanto houver um único
vendedor ele escolherá provavelmente o centro do mercado para se instalar, e só se a procura for
absolutamente rígida (como é hábito admitir-se neste caso, poderia localizar-se com os mesmos resultados
noutro ponto qualquer). Podem ter momentos monopolistas, porém os exploradores vão construindo as áreas
de mercado de acordo com a procura e adotam comportamentos de acordo com o mercado.
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Um segundo vendedor que entre no mercado tem toda a vantagem em localizar-se junto do anterior, costas
com costas para ele, admitindo-se ainda a procura rígida. Um terceiro vendedor poderá ainda entrar no
mercado, devendo situar-se não entre os primeiros, mas no extremo do mercado, podendo ainda conquistar
parte dele para si, ainda que os seus preços sejam mais elevados. Um terceiro agente terá todo o interesse em
localizar-se junto dos já existentes, dando-se assim sequência a um processo aglomerativo.
Quanto maior for o número de empresas, maior a tendência para a não aglomeração uma vez que as
pequenas, procurando mercados que podem ser mais reduzidos, mover-se-ão com mais facilidade do que as
grandes empresas. Se afastarmos a hipótese da procura rígida e se admitirem os compradores dispersos, será
fácil demonstrar que a localização dos dois vendedores iniciais não deve ser a mesma, no centro do mercado,
mas nas posições correspondentes ao 1º e 3º quartis da distância extrema total, pelas vantagens de
minimização dos custos de transporte e de maximização das vendas. O mercado será, então, dividido por eles
em partes iguais se os seus preços e custos de transporte forem idênticos.
Este modelo foi estudado pela primeira vez por este autor para estudar a localização das barracas dos
vendedores de gelados ao longo de uma praia. A ideia básica deste modelo é que o fator localização é o
elemento que diferencia o produto oferecido pelas empresas. Neste modelo há dois aspetos importantes:
Procura rígida: não importa onde está o vendedor, nem o preço. Como só tens uma opção de oferta não
importa se andas muito ou quanto pagas porque queres o gelado, esse é o teu objetivo. Segmentando o
mercado, quem vende consegue fazê-lo em monopólio e não em concorrência perfeita. Vai haver
aglomeração no centro do mercado. Se se localizar noutro ponto qualquer, os resultados iriam ser os
mesmos;
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Procura não rígida: os consumidores vão ter onde quer que esteja o produto. Vai haver uma maior
aproximação entre os produtores e os consumidores. Há uma otimização. Em primeiro o vendedor vai
escolher um quartil, em segundo o vendedor vai escolher o lado oposto e em terceiro, o vendedor vai
colocar-se de modo a competir com o primeiro ou o segundo vendedor. Depende onde se situar. Mais
empresas a funcionar, tendência a não aglomeração, pois as pequenas procuram mercados mais
reduzidos, movem-se com maior facilidade que as empresas grandes.
Locsh:
Contributos
O que justifica a localização das atividades industriais é a interdependência locativa, tendo em linha de conta
as características da localização da procura. As variáveis para o processo produtivo e de vendas são importantes
e a influência de grandes empresas é importante para a escolha do território. O processo de localização da
atividade económica tem a ver com o ambiente económico em que é decidido. As empresas estão em contexto
quando tomam decisões e sabem que outras estão a fazer o mesmo com a mesma informação. A maximização
dos lucros como objetivo implica a análise de determinadas questões como:
A interdependência locativa;
A identificação das variáveis relevantes;
A influência das grandes empresas, entre as quais as multinacionais, bem como fatores subjetivos
relacionados com o comportamento do empresário;
A procura não é um dado, aceitando que se comporte com maior ou menor elasticidade em face dos
rendimentos e dos preços;
Interdependências locativas como forças de aglomeração que influenciam a decisão de localização;
Promove uma teoria geral de localização onde deixa de fazer sentido discutir uma unidade isoladamente
em termos do local escolhido para ter de considerá-la no sistema de que ela é parte;
Distinção entre localização efetiva e localização racional, onde a localização real é explicada por razões de
ordem essencialmente histórica e de comportamento empresarial que diferem ao longo do tempo.
No modelo de Losch, a empresa individual procura obter o lucro máximo. Como a atuação dos concorrentes
não pode ser menosprezada e não se lhe põem limites, a existência de vantagens lucrativas vai atrair novos
empresários até que tais vantagens desapareçam. A tendência é o aumento do número de unidades
económicas, surgindo a maximização do lucro individual e a maximização do número de empresas como as duas
forças controladoras do processo de equilíbrio.
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As condições gerais de equilíbrio, quer para a indústria quer para a agricultura, válidas para produtores e
consumidores independentes. Para o consumidor como para o produtor, a localização deve ser a mais
vantajosa, condição a que se contrapõem, o número de localizações deve ser elevado ao ponto de todo o
espaço se encontrar ocupado, donde, o número de concorrentes deve aumentar até desaparecerem as
vantagens lucrativas o que, para os produtores, fará aproximar os preços dos custos. Ainda em consequência, as
áreas da oferta, de produção e de vendas reduzir-se-ão a um mínimo correspondente à situação em que o
número de empresas concorrentes que podem sobreviver atinge o máximo e, por isso, as fronteiras das áreas
económicas funcionam como zonas de indiferença para as localizações que são extremos.
À teoria de Losch são apresentadas críticas e limitações decorrentes das hipóteses em que assenta:
A produção, as vendas e os preços dos diferentes bens são considerados de forma isolada, como se a
economia fosse um conjunto de atividades independentes e não um todo;
Os bens e os fatores de produção não aparecem interrelacionados;
Os preços dos bens são apenas função da procura e não decorrem de um sistema em equilíbrio;
Não consideração de variações espaciais nos preços, eliminadas pela aceitação da hipótese de um plano
uniforme em que os materiais e a população se encontram regularmente distribuídos.
Este autor tem como objetivo a maximização dos lucros. A interdependência está relacionada com a
aglomeração e anda em torno de uma grande empresa. As zonas aglomeradas estão relacionadas com o valor
(mais preferência por esta zona). Neste momento temos a homogeneidade do espaço, que quer dizer que
qualquer conceito é desenvolvido de forma aleatória, ou seja, não importa se é numa montanha, etc.
De certa forma, Locsh (1957) estaria a sublinhar a concentração nos grandes centros urbanos, pois neles ou
muito próximos a eles encontrar-se-ia necessariamente o ótimo locacional proporcionando os maiores
rendimentos, isto é, a maximização do lucro. Ao contrário dos seus antecessores, Locsh considera que a escolha
de localização deve procurar o maior lucro possível e não o maior custo possível.
Christaller:
A observação da realidade mostra-nos que em meio rural a aldeia, a sede do concelho e a capital de distrito,
surgem apetrechadas de forma diferente, mas denunciando organização hierárquica. Isto é, em meio urbano há
formas organizativas que podem considerar-se paralelas quando se analisa o equipamento existente ao nível do
19
quarteirão (ou da rua), do bairro e da cidade propriamente dita, com a sua baixa ou zona comercial onde se
pode encontrar tudo.
Há uma hierarquia nos lugares urbanos, com vários níveis de lugares centrais, dimensões e funções
diferentes. Há uma hierarquia de lugares urbanos pois uma cidade é constituída por vários pontos criando uma
hierarquia. O exercício de funções está localizado em centros, sendo que as principais funções socioeconómicas
estão nesses centros urbanos.
Para um mesmo habitante, existem bens e serviços a que ele tem de recorrer diariamente, outros só
semanalmente, outros só mensalmente e outros ainda com menor frequência, daí os centros serem
diferenciáveis de acordo com as funções desempenhadas, sendo diferenciáveis também as suas regiões
complementares. Devem criar-se condições para que seja possível recorrer com maior facilidade aos bens e
serviços necessários com maior frequência.
Aceita-se que se despenda um esforço relativo maior com os bens e serviços raramente procurados. Pode
admitir-se que a distância entre os centros que desempenham um mesmo nível de funções varie com esse nível,
sendo naturalmente maiores as distâncias entre os centros que oferecem, entre outros, bens e serviços menos
procurados, ou seja, bens e serviços de ordem superior.
Será de esperar que tenham mais população os lugares desempenhando funções raras, porque é maior a sua
importância e porque a oferta só acontece desde que se encontre salvaguardado um mínimo de vendas, mínimo
tanto melhor assegurado quanto maior for o centro. Assim, as questões centrais em relação aos centros são o
seu número, o seu tamanho e a sua distribuição espacial (espaçamento).
Quando procuramos um bem ou serviço procuramos que não estejam todos ao mesmo alcance. Ir ao médico
é diferente de ir a outro serviço mais especializado, sendo que quando são mais especializados recorremos
menos vezes. Os serviços mais frequentes, como centros de saúde, são mais próximos e menos especializados.
Quanto mais especializado, menos vezes o usamos e não fazemos muita questão que esteja próximo. Os centros
urbanos mais próximos de nós são menos especializados. Os lugares com muita dimensão e mais população têm
as funções mais especializadas. Os lugares com menor dimensão e menos população as funções são menos
especializadas.
Christaller (1933) desenvolveu a teoria com que se pretenderia justificar a dimensão, a distribuição e o
número de centros, de acordo com os princípios da oferta e da procura, considerando o objetivo de
maximização do lucro (do produtor) e da utilidade (do consumidor). Este modelo tem como pressupostos e
hipóteses:
20
A população distribui-se no espaço de forma homogénea. Esse espaço
é isotrópico. Em consequência, a ocupação humana processar-se-ia
segundo um padrão triangular que garante a existência de distâncias
iguais entre os compradores mais próximos;
A oferta localiza-se espacialmente num sistema de pontos,
denominados de lugares centrais. A procura de bens e serviços oferecidos nesses pontos é assegurada
pela população que neles vive e pela da região complementar (ou tributária) dele;
Os bens e serviços são de ordens de importância variáveis, avaliáveis a partir da frequência com que são
necessários, sendo que os de ordem mais elevada são os que mais raramente são procurados. A ordem
dos bens e serviços oferecidos num centro está associada à própria ordem de importância do centro para
cuja medida propõe o conceito de centralidade. O centro desempenhando funções de ordem superior
desempenha também as de ordem inferior.
O modelo de Christaller assenta na análise da estrutura de centros do sul da Alemanha. Os lugares de ordem
mais baixa devem fornecer os bens mais essenciais em condições de acessibilidade que permitam às populações
não gastar mais do que uma hora para adquiri-los, o que na prática corresponderia a uma distância de 4 ou 5
km, distância que num espaço isotrópico se pode considerar um raio de um círculo correspondente à região
complementar do centro de menor importância, ou seja, o seu alcance.
Os centros de igual importância localizam-se a uma distância idêntica, entre si, ou seja, a análise da paisagem
conduz-nos a uma configuração hexagonal para as regiões complementares. Alguns destes centros de ordem
mais baixa estarão em condições de exercer funções de ordem mais elevada. Comecemos pelos de ordem mais
imediata. Exercê-las significa oferecer bens e serviços para que em princípio se admita com menor frequência
no consumo e, portanto, mais tempo de deslocação, quer dizer maior distância a percorrer. Passamos a ter o
espaço organizado de acordo com a mesma configuração, mas com distâncias maiores entre os lugares que
estruturam esta rede. Se passarmos às funções de ordem seguinte, esperar-se-á que os centros que as
desempenham estejam ainda mais distanciados.
21
Qualquer centro de ordem superior tem na sua dependência dois centros de ordem imediata (mais baixa),
além de desempenhar também as funções que a esses dois centros pertencem;
O número de lugares centrais das sucessivas ordens hierárquicas, salvaguarda apenas a relação entre o
lugar de ordem mais elevada e os de ordem imediata,
A região complementar de um centro é partilhada (em partes iguais) pelos três centros de ordem superior
mais próximos.
Os bens e serviços de que necessitamos não têm todos a mesma importância. Para ter uma rede urbana
temos uma rede que reflete uma hierarquia dos centros urbanos. A centralidade tem a ver com a
disponibilidade. Só temos especialidade quando há procura. As cidades com mais especializações são as com
mais dimensão. A especialização está diretamente ligada à dimensão.
Explica a forma como os diferentes lugares se distribuem no espaço, pois nem todos os lugares têm acesso às
mesmas funções. Segundo esta teoria, um lugar central (um centro urbano) fornece um conjunto de bens e
serviços a uma determinada área envolvente (área de influência ou região complementar). Cada um destes
lugares centrais pode ser classificado hierarquicamente em função da quantidade e diversidade de bens e
serviços que fornecem a sua área de influência. Por exemplo, nos serviços de saúde usamos com mais
frequência um médico de saúde do que um médico especialista. Precisamos de ter mais especialidades.
Segundo a teoria dos lugares centrais e partindo do princípio de que as pessoas procuram o lugar central
mais próximo para se abastecerem e que os fornecedores seguem o princípio económico de maximização do
lucro, os lugares centrais e as respetivas áreas de influência tendem a dispor-se no espaço segundo uma malha
hexagonal. Os centros urbanos são classificados a partir das funções que desempenham, isto é:
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Se formos mais vezes ao médico de família, precisamos do melhor acesso para lá ir. Menor número de
médicos mais disseminados pelo território;
A construção de uma rede urbana faz-se a partir das funções que neles são exercidas e podem ser mais ou
menos especializadas, ou seja, a especialização das funções leva à especialização dos lugares. Se forem
mais especializados há menos procura, menos acesso e menos disseminação. Se forem menos
especializados, há mais procura, mais acesso e mais disseminação. Uma rede urbana equilibrada permite-
nos uma boa qualidade de vida, mas para isso temos de garantir que há equilíbrio no limiar da procura e
acesso ao bem (viabilidade garantida na oferta de bens/serviços).
A população distribui-se de forma homogénea entre o espaço, o que garante a procura;
Há uma rede hierárquica (natureza vertical, os centros são superiores à população, o que conduz a
centros mais especializados).
Losch vs Christaller:
Dos fatores que podem explicar a formação das regiões, Losch seleciona os de ordem económica, pois por
um lado justificam a concentração dos equipamentos, como as vantagens da especialização e as economias de
escala, e por outro contrariam-na como acontece com os custos de transporte e a diversificação da produção.
Na sua análise, utiliza hipóteses simplificadoras como a homogeneidade do espaço em todos os seus aspetos,
para poder isolar com maior segurança os efeitos decorrentes das formas económicas. Assim, as hipóteses
usadas na organização do modelo são:
Admitamos que, num espaço isotrópico, alguém pretende tomar a iniciativa de implantar um equipamento
que pode ser produtivo, mas que também inclui atividade de distribuição às populações. Losch usa o exemplo
de uma fábrica de cerveja. Com a instalação da unidade produtiva ficar-se-ia em condições de poder oferecer
23
certo bem a um mercado comprador a preços que vão variar com a distância: quem toma a iniciativa esperará
recuperar os custos de transporte e como o preço aumentará com o afastamento da fábrica e é razoável esperar
que a procura individual diminua com o afastamento.
Uma das críticas a este modelo é associar a especialização à dimensão, pois conseguimos ter especialização
em cidades com pouca dimensão. Como aspetos comuns para estes dois autores e, segundo Losch, as áreas de
mercado hexagonais foram consideradas como as ideais, de entre as configurações possíveis. Os aspetos
diferentes entre as duas abordagens são a não aceitação por Losch dos esquemas rígidos de organização
espacial dos princípios de mercado, tráfego e administrativo, a conduzirem às regularidades k=3, k=4, k=7 de
Christaller; e, para Losch, os limiares da procura não se apresentam com a inflexibilidade imposta em Christaller
pela associação com a ordem dos bens, não se encontrando necessariamente relacionados entre si por um fator
constante. Assim, no caso de Losch deixa de fazer sentido a hierarquia de Christaller de que centros de
determinada ordem desempenham todas as funções dos de ordem inferior.
As abordagens empíricas têm-se preocupado ou com o estudo dos lugares centrais ou com o das regiões
complementares, sendo menos frequentes os que procuram considerar juntamente lugares centrais e regiões.
As formulações da teoria dos lugares centrais são de natureza essencialmente estática. Christaller não traduziu
as suas preocupações num modelo dinâmico rigoroso. As mudanças, sejam elas endógenas, criadas pelo próprio
fator individual de acordo com a sua própria natureza, ou exógenas, resultantes da intervenção de outros
elementos, são de tal forma evidentes e relevantes que pouco sentido faz admitir situações de estabilidade.
A primeira limitação à teoria dos lugares centrais é que pode haver uma certa correspondência entre a teoria
e a realidade contemporânea assente em certo nível de mobilidade interna que caracteriza o sistema na sua
situação atual. Os consumidores podem deslocar-se livremente para satisfazer as suas necessidades aos vários
níveis da hierarquia.
24
A mobilidade varia no tempo a um ritmo crescente e não se compadece com a estabilidade de uma qualquer
organização de lugares centrais. Não é só a mobilidade que varia, pois, tudo se modifica. Há também questões
relativas ao comportamento humano, em regra, afetadoras da racionalidade económica que o modelo admite:
1. Apesar dos meios técnicos disponíveis, há ainda incapacidade para que as decisões humanas se
acomodem à lógica racionalizadora mesmo quando as variáveis se contêm no campo estritamente
económica;
2. As variáveis económicas são apenas algumas das que importa considerar;
3. A diversidade do comportamento em termos quer dos objetivos quer dos instrumentos a utilizar na
tomada de decisão e na sua execução variam enormemente sendo quase sempre irrealista falar de
populações homogéneas.
François Perroux:
Na proximidade de cada polo rural não pode existir um polo rural que ofereça os mesmos serviços que outro.
A especialização assegura que na proximidade, não há nenhum polo exatamente com o mesmo setor ou
especialização. Tornam-se complementares e não concorrentes e aumenta-se a densificação do alcance dos
objetivos.
25
A teoria traz o conceito de que o crescimento não ocorre em todos os locais simultaneamente, mas sim em
pontos específicos através da ação de um agente principal, no caso, uma industria-chave que influencia o espaço
ao seu redor, funcionando como um campo de forças. Os polos industriais de crescimento podem surgir em
torno de uma aglomeração urbana importante ou ao longo das grandes fontes de matérias-primas, assim como
nos locais de passagem e fluxos comerciais significativos ou ainda em torno de uma grande área agrícola
dependente.
O polo de crescimento tem uma forte identificação geográfica, porque é produto das economias de
aglomeração geradas pelos complexos industriais, liderados pelas indústrias motrizes. O polo de crescimento
pode vir a tornar-se um polo de desenvolvimento quando provocar transformações estruturais e expandir a
produção e o emprego no meio em que está inserido.
Podemos definir como um exemplo a inovação introduzida por uma macrounidade. Assim, o papel motor do
crescimento a montante é feito junto das empresas fornecedoras, e a jusante é feito junto dos clientes, em
termos dos preços praticados, ao aumento da capacidade de produção à qualidade dos produtos. A indústria
motora ideal é a que for capaz de gerar o máximo de efeitos a jusante e a montante. As atividades adicionais
resultantes da resposta aos impulsos das unidades motoras tendem a localizar-se perto das primeiras, porque
são unidades de pequena dimensão, com elevado grau de dependência dos mercados que beneficiam das
economias de aglomeração. Uma grande empresa não é um polo. Para existir um polo é necessário que exista
uma grande empresa e que em seu redor se instalem diversas pequenas empresas
O polo de crescimento é, assim, uma concentração de atividades, onde a atividade motora aparece como
dominante relativamente às que a rodeiam, induzindo crescimento e efeitos multiplicadores sobre as restantes
atividades com localização idêntica ou diferenciada da atividade motora. Inicialmente, o polo tende a captar
fatores e recursos das áreas envolventes, áreas periféricas, através dos efeitos de sucção, atração ou exaustão.
A médio prazo, deveria ser possível de transferir efeitos difusores de desenvolvimento para essas zonas.
Contudo os polos têm menos efeitos difusores do que aqueles que lhe seriam atribuídos. Na maior parte dos
casos, os efeitos de atração/exaustão sobre as áreas envolventes são mais intensos do que os fatores difusores.
A polarização é a concentração espacial provocada pelo impacto difusor originado pelas macrounidades. A
atracão é o mecanismo de concentração espacial, baseado na aptidão de uma atividade para perto de si uma ou
mais atividades diferentes. A gravitação é a intensidade das relações entre dois pontos, pela importância da sua
dimensão e pela distância que os separa.
26
Os fenómenos de atração e de polarização são diferentes na concentração espacial como fenómeno
observado, na polarização, pela explicação da concentração espacial pelo impacto de um ou mais
macrounidades, e na atração através do mecanismo de concentração espacial assente na aptidão de uma
atividade a atrair outra(s). É fundamental existirem nos polos correias de transmissão, isto é, aquilo que
permite que a unidade motora se relacione com o meio.
A noção de polo de desenvolvimento possui um forte poder mobilizador que reside nos conceitos centrais
de desigualdade e dominação;
Sobre a análise das estruturas industriais, ou seja, a indústria atrai indústria;
Sobre a política de crescimento através da criação de novos polos;
A existência de polos implica a reação das pequenas empresas perante decisões iniciais de grandes
empresas ou decorrentes da localização de grandes infraestruturas;
A capacidade do polo suscitar crescimento regional depende da aptidão da região em suscitar a criação
ou instalação de unidades motrizes.
A teoria dos polos de crescimento diz-nos que o desenvolvimento é desigual e há formas de promover esse
desempenho mais intenso. Um polo de crescimento é a concentração de atividade onde a atividade motora é
dominante às que a rodeiam, induzindo crescimento sobre as restantes atividades, ou seja, para que exista uma
grande empresa e que em seu redor se instalem várias empresas pequenas:
Os polos querem dar origem a ecossistemas produtivos, globais e eficientes. No entanto têm como problemas a
necessidade de uma política pública e a capacidade da região onde o polo se instala, acolher aquela atividade.
Tem como críticas ter pouca capacidade de se adaptar à mudança e ter fugas por importação.
27
Hirchman, Friedman e Weaver:
A noção de centro e de periferia. A noção da natureza cumulativa dos processos de desenvolvimento. O agro-
desenvolvimento e o surgimento da noção de desenvolvimento endógeno.
A teoria da base económica (ou base exportadora) enquanto estratégia de desenvolvimento surgiu nos anos
50 (séc. XX). Baseia-se na conceção do processo de crescimento orientado pela procura (perspetiva keynesiana
dos modelos de desenvolvimento). Esta teoria aplica-se, idealmente, nos conjuntos económicos de pequena
dimensão e que possuem características que lhe permitem garantir o seu próprio crescimento. A eficácia deste
modelo é tanto maior quanto mais aberta ao exterior forem os subsistemas e quanto maior for a integração
com as outras economias com as quais mantém relações. A capacidade de exportação de cada região é o
elemento estratégico de suporte do crescimento.
Esta teoria assume o desenvolvimento das trocas inter-espaciais como o motor do crescimento. Esta teoria
supõe a existência de dois sectores o exportador (de base) e o residencial (de procura local). Tem dois conjuntos
de atividades: as que dependem do exterior e geram crescimento como exportações e outras fontes de
rendimento provenientes do exterior (turismo, transferências, ...); e as que dependem da dinâmica interna e
não são capazes de se adaptar à dinâmica exportadora.
Hirschman estuda as experiências coloniais de diferentes países europeus e procura entender como era o
desenvolvimento neste contexto, as suas relações, etc. Introduz o conceito de centro e periferia. Constatou que
os centros coloniais eram o centro e tudo girava à sua volta. Se não houver reequilíbrio, então o centro vai ser
sempre centro e a periferia o mesmo. As zonas menos desenvolvidas têm tendência a ser menos desenvolvidas
28
a não ser que se criem estratégias para dinamizar essas áreas e combater a tendência. No centro também há
periferia (zonas mais periféricas/menos centrais) e na periferia também há centros (não são conceitos
homogéneos). Se interromper a periferia durante um tempo, quando ela voltar a ter contacto com os territórios
centrais vai ser mais fácil. Estes autores criam a noção de desenvolvimento endógeno e exógeno
A noção de centro e de periferia, o centro caracteriza-se pelos países mais desenvolvidos e a periferia pelos
menos desenvolvidos, e estes dois juntos vão original um efeito cumulativo – a noção da natureza cumulativa
dos processos de desenvolvimento. O agro-desenvolvimento e o surgimento da noção de desenvolvimento
endógeno, ou seja, a teoria agro-desenvolvimento foca-se em cortar relações do centro e da periferia, pois cada
um tem a sua característica, isto é, o centro é o centro e a periferia é a periferia.
Walter Störh
Zimmermann:
Contribuiu muito para a diplomacia económica, através da calibração desta questão ao nível territorial. A
ideia é a diplomacia económica de base territorial e todo este conjunto de novos instrumentos de política e
relacionamento entre territórios e as empresas. Fazendo ver aos territórios que as empresas não são um
elemento fixo e interno no âmbito territorial e que algumas delas deslocalizam-se mais depressa ou mais
lentamente, o potencial de desmobilização está presente naquilo que é a própria gestão empresarial e que
novos desafios se colocavam.
Obriga os próprios territórios a procurarem convencer as empresas e a dar-lhes mais argumentos e incentivá-
las para que elas se territorializem e não se localizem, isto é, entendendo que a territorialização é apenas uma
fase em que a empresa se localiza num determinado território e usa aquele território como uma plataforma
para exercer a sua atividade. O modelo de territorialização exige estabelecer relações cada vez mais profundas
29
com o território em que comece a estabelecer relações económicas com empresas já lá existentes e entidades
público privadas já existentes também. Abriu caminho para a diplomacia económica, isto é, os territórios
passam a ter a preocupação de desenvolver iniciativas de diplomacia económica.
Este autor reforça, a plasticidade, um olhar para as empresas como um ativo móvel, o ciclo das empresas e
volatilidade das mesmas. O novo relacionamento territórios-empresas: pode-se dizer que as empresas quando
querem ir embora do território, este dá incentivos para que estas fiquem ou então que vão embora mais tarde.
Há tipologia de empresas face à natureza do seu relacionamento com os territórios onde se localizam ou onde
se instalam. Os modelos de territorialização das empresas: as empresas estão num sítio como stocks, mas cada
vez mais as empresas estão a mover-se (não são recursos fixos), para territórios com melhores condições. O
conceito de territorialização tem a ver com o nível de intensidade diferente, e com criar raízes e relações (ex:
taico atual). Designam-se empresas mais rígidas quando num território uma empresa que esteja situada e que
tenha ligações com outras no mesmo território faz com que se torne mais rígida, sendo que as outras que estão
sozinhas são mais facilmente afastadas.
Texier e Bailly:
As estratégias de marketing territorial devem assentar num ponto intermédio que resulta da articulação de
cinco dimensões do território: uma dimensão real; uma simbólica, uma potencial, uma relacional e uma virtual.
O marketing territorial constitui um instrumento essencial para a gestão da identidade, a gestão das imagens, a
gestão da participação, a gestão da contratualização, no fundo, para a gestão da concorrência e das
solidariedades Intra territoriais. O processo de planeamento estratégico de cidades e regiões deverá desenrolar-
se através da adoção de iniciativas, e medidas concretas, que permitam encontrar soluções, no território, para
que este possa cumprir três etapas essenciais de desenvolvimento:
1. Da identidade à especificidade;
30
2. Da intencionalidade à visibilidade;
3. Da atratividade à competitividade.
Estes autores fizeram um contributo muito importante no seu trabalho, pois remetiam à ideia de que os
territórios passaram a estar sujeitos a uma concorrência entre si, por via da crescente globalização, mas
sobretudo por via do contexto da União Europeia das quatro liberdades de circulação. É também nesta ideia de
que os próprios territórios se foram disputando naquilo que era o conjunto de empresas instaladas em cada
região procurando atrair para cada um deles, muitas vezes contactando as próprias empresas, e incentivando as
empresas a ir para uma determinada localização particular (normalmente no território concorrente), dando-lhes
um conjunto de contrapartidas e ou outros argumentos para que essa atividade seja conseguida.
Olharam para o território de uma forma diferente, ou seja, não o examinam a partir da indústria ou dos
setores, mas resolveram vê-lo como um ativo no seu conjunto. Não põem em causa a importância das
infraestruturas, mas dizem que a solução não passa por tornar os territórios iguais, mas sim diferenciá-los.
Focam-se noutro tipo de ativo: olhar para o território e vê-lo com a sua identidade. Diferenciação e
rentabilização dessa rentabilidade. Há níveis de reconhecimento que diferem de várias fontes. Como podemos
rentabilizar a identidade de um território? Os territórios como os produtos não se conhecem só pelo marketing
– o que é exposto tem de corresponder à realidade.
Marcam a questão do marketing territorial. Uma das dificuldades que alertam é a criação da marca e da sua
produção. Deve conjugar-se as dimensões reais, simbólicas, potencial, relacional e virtual. Diplomacia
económica de base territorial – como os territórios atraem investimentos.
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Aydalot lançou a ideia do meio inovador. Nesta característica socio-territorial, o que está em causa é que
esta é a ideia de que a inovação por natureza é um processo individual. O que significa que na questão da
inovação continua a haver uma grande concorrência. A ideia é fazer com que os territórios sejam inovadores,
tenham potencial de inovação, sejam espaços vivos de empreendedores.
Para compreender a performance de uma região é fundamental considerar a inovação. Aydalot criou o
conceito de meio inovador. A inovação é um processo coletivo. Este conceito, mediante a criação de um
conjunto de regras, pode ter uma dimensão coletiva se responder às necessidades de uma ou várias regiões, ou
seja, se der resposta aos desafios coletivos.
Florida:
O learning region é a região enquanto coletor e repositório de conhecimento e ideias, com um ambiente e
infraestruturas facilitadoras dos fluxos de conhecimento, ideias e práticas de aprendizagem. Business and
technology intelligence. Territorial intelligence.
Este autor americano propõe o conceito de learning region, olhando para este como um processo continuo.
Ele parte da ideia de que um dos elementos fundamentais na nossa vida é a memória. Se é assim então significa
que há um potencial de rentabilização que deve ser tido em conta no planeamento do território.
Os territórios têm, assim, um sistema para capturar, tratar e disponibilizar essa informação aos seus
diferentes atores, mas também esta ideia do territorial intellegence, onde um território tem informação. O que
importa é a informação que se retira do território de maneira a poder estudá-lo mais tarde (business and
technology intelligence).
Em alguns casos esta business intellegence assenta em mecanismos de duas naturezas, o defensivo e reativo,
isto é recolher a informação para apoiar a tomada de decisão futura e conseguir ter a recolha em tempo útil. Por
exemplo se soubermos qual a cotação de uma matéria prima daqui a 6 meses, isso vai ter um determinado tipo
de performance.
Foca-se no conceito de learning region (região aprendendo), que basicamente é uma região em contexto de
aprendizagem, com capacidade de recolher conhecimentos e organizá-los em termos de memória. Permite-nos
ter autonomia.
Landry e Florida:
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As cidades criativas têm por base a ideia de que a cultura e os valores que lhe estão associados,
nomeadamente um determinado modo de vida, uma forma particular de estar e uma capacidade de expressão
criativa, constituem um terreno particularmente fértil para a criatividade emergir e afirmar-se como um
importante fator de desenvolvimento económico. A perspetiva das cidades criativas assenta no desígnio de
utilizar e rentabilizar, a criatividade, o conhecimento, a inovação e o empreendedorismo, a favor do
desenvolvimento das cidades e da sua regeneração, especialmente através da aposta nas indústrias criativas e
nas indústrias da cultura, localizadas ou a instalar na cidade, enquanto drivers de competitividade e atratividade.
Segundo o British Department of Media, Culture and Sports (1998), as indústrias criativas são atividades que
têm a sua origem na criatividade, competência e talento individual, às quais está associado um forte potencial
de criação de emprego e de riqueza, decorrente da rentabilização e gestão de direitos de propriedade
intelectual. Towse (2000) define indústrias da cultura como sendo indústrias de produção em série de bens e
serviços com suficiente conteúdo artístico, para que possam ser consideradas criativas e culturalmente
significativas.
A organização e estruturação sistémica das indústrias criativas em clusters criativos entendidos como lugares
que apresentam cumulativamente as seguintes características:
Uma comunidade de pessoas criativas e interessadas nos fatores associados à novidade e à inovação;
Um lugar catalisador onde pessoas, ideias e talentos sejam estimulados de forma sinérgica;
Um contexto territorial diversificado com elevada liberdade de expressão;
Um forte contexto relacional que consolide a identidade e a singularidade do lugar.
A aposta na criatividade, inovação e conhecimento, e consequentemente nas atividades e indústrias que lhes
estão direta e indiretamente associadas, é precisamente um dos aspectos mais apelativos desta abordagem.
Desde logo, porque incentiva o desenvolvimento nas cidades, de contextos sofisticados e participativos de
governança e governação territorial e de soluções que procurem incrementar o carácter cosmopolita da sua
vivência, a atração e fixação de novas elites criatvas e de indústrias baseadas no conhecimento, nas artes e
na cultura.
33
Baseiam-se no conceito de cidade criativas, isto quer dizer, ancorar um conjunto de atividade económicas
diferentes. Como podemos tornar as cidades criativas, mas também responder à necessidade de renovar os
centros históricos? Lançaram um caminho para a acupuntura urbana, que consistia em trabalhar a regeneração
de uma cidade, edifício a edifício.
Komninos:
Uma intelligent city é um território com elevada capacidade de aprendizagem e de inovação, resultado da
criatividade da sua população e das instituições territorialmente presentes, da capacidade local de produção e
de gestão de conhecimento e da qualidade das infraestruturas de informação e comunicação de que dispõe.
Baseia-se no conceito de inteligent city, que resulta da sedimentação sucessiva de ideias, ou melhor, como
fazer com que a tecnologia torne a cidade mais inteligente/eficiente. É uma tentativa de simplificar e tornar
mais inteligente o funcionamento de uma sociedade.
Cooke e Rodrigues-Pose:
Smart specialisahon.
Leitner e Sheppard:
O conceito de entrepreneurial city associa a ideia de cidade à ideia de empresa. Parte do pressuposto de que
o esforço das cidades para assegurar a sua compeHHvidade e desenvolvimento económico à escala global, gera
múlHplos beneucios para os cidadãos que nela residem.
Baseiam-se no conceito de entrepreneurial city, que associa a ideia de cidade à ideia de empresa. Diplomacia
em base territorial. Sendo todos estes conceitos um ideal de cidade, têm que ser refletidos nas políticas públicas
para dar concretização aos objetivos ali implícitos.
A globalização económica e políHca que caracteriza hoje o funcionamento da economia mundial, parece
induzir uma “crise da territorialidade” (Immerfall et al, 1998) ou uma decomposição acHva dos territórios.
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Para Badie (1996), a ”recomposição do espaço” em curso, decorre de um novo paradigma emergente em que
“a uma territorialidade segmentada, feita de limites e de soberania, suceder-se-ia na própria esfera do políHco,
outra geografia, que se alinharia pelos princípios da economia, feitos de relações fluídas, de coalizões
ganhadoras e mutáveis, de autonomias e de redes de relações inventando uma nova gramáHca do espaço que
reabilita o lugar em detrimento do território e que subsHtui o limite pela coordenação”.
Segundo Veltz é cada vez mais diucil localizar a produção, precisamente porque “a geo-economia moderna é
mais sincronizada e menos hierarquizada, o desenvolvimento da mulHpolaridade e a eliminação do modelo
centro-periferia mas o sincronismo da tecnologia não cria por si só um tempo mundial unificado”.
A nova ordem económica global “libertou a organização industrial dos condicionantes da proximidade
espacial e transforma o território enquanto espaço de lugares num espaço de fluxos”.
Reforçam a chamda crise da territorialidade ou uma composiçao ativa dos territories. Eliminaçao do conceito
centro-periferia.
Fabrízio Barca:
Políticas públicas place-blind – politicas públicas sem objetivos de natureza territorial, especialmente
focadas nos agentes económicos, mais do que em sectores de aHvidade, e não ancoradas em
territórios específicos.
Políticas públicas place-based – políticas públicas de base territorial e com objetivos e metas
territoriais bem definidas.
Políticas públicas place-neutral – políticas públicas neutras do ponto de vista territorial, isto é,
políHcas públicas com potencial de aplicação de forma homogénea, ou equitaHva, a diferentes
unidades territoriais.
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