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TERRITORIO
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8. PRINCÍPIOS E OBJECTIVOS DO ORDENAMENTO TERRITORIAL
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Por isso, a expressão desenvolvimento territorial é
frequentemente utilizada no sentido equivalente a
desenvolvimento integral, na medida em que o
desenvolvimento do sistema implica equilíbrio,
integração, funcionalidade, uso racional de recursos e
qualidade ambiental, conceitos que se expressam
através do planeamento territorial.
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8.2. Equilíbrio Territorial
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Para isso, utiliza diversos instrumentos, dentre os quais se
destacam:
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8.2.1. Integração
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A integração entre sectores refere-se às relações entre
os diferentes sectores, obviamente não apenas
económicas, de modo que se consiga um sistema
funcional em que se resolva a competição entre os
sectores.
Da mesma forma, a ideia de integração implica uma
espécie de justiça social: concilia os interesses
conflitantes dos diferentes agentes socioeconómicos e
faz com que o interesse da comunidade prevaleça sobre
os interesses privados, contribuindo assim para a
coesão e estrutura social.
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8.2.2. Funcionalidade
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8.3. Uso racional do território e gestão responsável dos
recursos naturais
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8.3.2. Respeite os critérios ecológicos para a sustentabilidade
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8.3.3. Evite localizar actividades em áreas de risco
A racionalidade do uso da terra também aborda riscos
e processos naturais (inundações, sismicidade,
vulcanismo, etc.) evitando áreas de risco no local das
actividades humanas.
8.4. Qualidade ambiental
Este objectivo persegue a qualidade dos vectores
ambientais: ar, água e solo, a conservação dos
ecossistemas e processos ecológicos essenciais,
paisagem, património cultural... , entendendo o meio-
ambiente como fonte de emprego, nicho de mercado,
factor de localização, elemento de competitividade para as
empresas e componente de qualidade de vida.
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8.5. Qualidade da gestão pública e coordenação
administrativa
A conquista de sistemas territoriais ambientalmente
integrados e socioeconómicos eficientes requer abordagens
integradas. A compartimentação da ciência e da tecnologia e
a falta de perspectiva espacial de inúmeras conquistas são
causa de insatisfação técnica e económica ao produzir efeitos
indesejados e imprevistos. Essa compartimentação da
ciência e tecnologia tem seu paralelo na estrutura e
organização dos poderes públicos, responsáveis pela gestão
do sistema territorial.
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Assim, entende-se a importância da articulação intersectorial
entre entidades administrativas do mesmo nível de
competência, por meio da troca de informações entre
entidades do mesmo nível e de níveis superior e inferior.
Ambos os tipos de coordenação administrativa, horizontal e
vertical, juntamente com a necessidade de coordenação
entre os agentes socioeconómicos, exigem um
planeamento prévio (Figura 1.3.4 da 2º aula) como
condição necessária, mas não suficiente, da mesma forma
que para a execução de uma obra ou acção. complexo é
necessário escrever um projecto. Esta é a única forma de
assegurar uma gestão responsável do sistema territorial.
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9. MODELO DE CONCEITO DO PLANEAMENTO DO
TERRENO USADO POR ESTE TRABALHO
9.1. Apresentação do modelo
A ideia de ordenamento do território exposta, as razões que a
justificam e os objectivos que persegue, aplicada a uma
determinada unidade territorial. Como qualquer modelo, é uma
imagem simplificada do conceito, cujo potencial reside na sua
capacidade de facilitar a compreensão do conceito
representado, e não na fidelidade com que os reproduz.
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O modelo foi desenvolvido a partir da sensibilidade
ambiental, e de acordo com os critérios de
sustentabilidade estabelecidos no Capítulo IV, ponto 3.12;
Por outro lado, todos os elementos que compõem o
planeamento territorial estão presentes nele, e que foram
expostos nas secções anteriores:
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— Em termos de equilíbrio territorial, ou entre as diferentes
áreas territoriais, entende-se em termos de qualidade de
vida, ou seja, níveis semelhantes de rendimento,
condições de vida e de trabalho, e qualidade ambiental,
tudo segundo critérios de igualdade entre as unidades.
territórios como garantia de estabilidade e coesão social.
Assim, promoção, planeamento, regulação, funcionalidade,
integração e equilíbrio são as palavras mágicas, os conceitos,
que caracterizam o ordenamento do território e os seus
objectivos, que embora estejam presentes em qualquer plano, a
sua importância varia com a problemática da área a que se
destinam. se aplicam: se nas zonas rurais profundas, por
exemplo, deve-se dar ênfase à promoção, ou seja, à procura de
actividades capazes de diversificar a economia, nas zonas
dinâmicas deve-se dar mais atenção ao controle da localização
e do comportamento das actividades pedir.
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9.2. Desenvolvimento de modelo
Localizados em uma determinada unidade geográfica,
localizados em um contexto externo, três elementos
fornecem a estrutura básica do modelo:
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9.2.1. Actividades por encomenda
As actividades que o plano de uso do solo deve levar em
conta são todas aquelas que estão presentes ou
esperadas na área, porque há recursos que as sugerem
ou porque há demanda de agentes externos; mesmo
aqueles indesejáveis devem ser considerados, embora
sejam rejeitados. Em princípio, deve-se considerar o
seguinte:
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— As existentes, para as quais serão analisadas a sua
coerência com o ambiente, a sua localização e o seu
comportamento.
— Aqueles que aproveitam os recursos endógenos: naturais,
construídos e humanos existentes na área a encomendar.
Como recursos naturais, devem ser incluídos materiais e
intangíveis; os materiais são aqueles de natureza tradicional:
solo, água, plantas, animais e minerais, susceptíveis à
propriedade privada e às transacções comerciais. Outros
atributos e funções de factores ambientais adquiriram
recentemente status de recurso e actualmente não possuem
mercado; destes, alguns são materiais: a biodiversidade, o ar
puro, a capacidade de assimilação de efluentes, a função de
sustentação do solo, etc., e outros são intangíveis: o
esplendor da natureza, o mistério de uma floresta, o
murmúrio de um riacho, um grande espaço aberto, ou a
beleza de uma paisagem, e proporcionar prazer de carácter
espiritual. 21
— As que surgem das oportunidades de localização da área,
entendendo como tal a possibilidade de geração de
actividades oferecidas pela posição relativa de uma
determinada área; É o caso, por exemplo, da proximidade
de uma grande cidade, da área de influência de um eixo de
desenvolvimento, da localização na intersecção de dois
eixos de comunicação ou da posição fronteiriça entre
países.
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— sensibilidade ambiental (conservação da natureza,
gestão de vectores ambientais: ar, água, solo,
recuperação ambiental etc.), a incorporação da mulher
ao trabalho (serviços domésticos, creches etc.),
envelhecimento populacional (serviços locais, etc.) ,
telemática, aumento da rede de transportes rápidos, "
neo -rural " ou incorporação de novas profissões no meio
rural, e muitas outras que se deduzem de uma análise
prospectiva.
— Aquelas que decorrem do objecivo de integração
horizontal com as demais unidades territoriais do mesmo
nível, levando em conta seu papel no conjunto. As
diferentes unidades territoriais devem centrar o seu
desenvolvimento na complementaridade e não na
competição.
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— As que derivam do objectivo de integração entre sectores
para que o sistema territorial seja diversificado e
equilibrado, sempre na medida em que os recursos
endógenos o permitam.
— Aquelas que derivam da conveniência da integração
vertical ascendente no nível superior ao qual pertence a
área a ser gerida e que, em geral, serão determinadas por
decisões de níveis administrativos de ordem superior.
— Aquelas que derivam da conveniência da integração
vertical descendente, geralmente definida em demandas e
previsões administrativas de níveis inferiores.
— Aqueles que derivam dos problemas, necessidades,
expectativas e aspirações da população. Por exemplo, um
depósito de lixo deve ser considerado em uma área onde
há assentamentos populacionais porque é necessário,
outra coisa é sua localização e a forma como é
administrado.
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— Por fim, também será necessário considerar aquelas
actividades de natureza exógena, ou seja, de duvidosa
coerência com a área, mas que são demandadas por
agentes externos; independentemente da análise dessa
coerência, que pode levar à rejeição, eles devem estar
sujeitos a um controle rigoroso sobre sua localização e
seu comportamento na área sob gestão.
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9.2.2.1. Respeito à capacidade de acolhimento do ambiente físico
A capacidade de acolhimento representa a relação do
ambiente físico com as actividades humanas, refere-se ao
"grau de adequação", ao uso que pode ser feito do ambiente
levando em consideração sua fragilidade e seu potencial, ou
seja, internalizando todos os custos. Vem expressar a
concordância de quem vê tal relação a partir do ambiente,
principalmente em termos de impacto: os «conservadores», e
de quem a percebe a partir da actividade, também
principalmente, em termos de aptidão ou potencial do
território: o «promotores»; A aptidão corresponde à procura
das condições mais favoráveis por parte do responsável de
uma actividade do projecto quando não internaliza os custos
sociais que ela gera:
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o promotor põe o ambiente ao serviço da actividade e tende
a ignorar as alterações indesejáveis que pode produzir na
primeira —externalidades negativas—, a menos que
afectem o próprio funcionamento da actividade; O conceito
também inclui os riscos derivados da operação para a
actividade: inundações, sismicidade, vulcanismo, etc.
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além disso, as entradas por unidades de integração são
somadas aos riscos ou aspectos críticos que operam de forma
sobreposta com as unidades de integração. A atribuição dos
códigos acima mencionados é feita tendo em conta:
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O primeiro problema a resolver refere-se à possibilidade de
coexistência dessas actividades no tempo e no espaço,
dependendo de suas exigências e influências mútuas,
expressas em termos de compatibilidade ou
incompatibilidade; essa dicotomia admite situações
intermediárias de acordo com uma gradação que vai da
incompatibilidade total (urbanização e conservação dos
ecossistemas, caça e recreação extensiva, por exemplo) à
compatibilidade clara (reflorestamento com caça), passando
por situações intermediárias definidas por graus mais ou
menos.
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intensa de disfuncionalidade (exploração pecuária com
extensas pastagens ao ar livre e recreação ao ar livre); há
também relações de complementaridade entre actividades,
quando elas se completam ou se aperfeiçoam, e sinergia,
quando há um efeito reforçador de algumas actividades sobre
outras: duas ou mais actividades entram em sinergia quando o
efeito resultante de sua acção conjunta é maior que o soma dos
efeitos agindo de forma independente; por exemplo,
equipamentos turísticos em áreas rurais com caça e pesca. Os
conceitos de complementaridade e sinergia podem ser
confundidos, pois muitas vezes quando duas actividades se
complementam, elas se aperfeiçoam, geralmente ocorre um
efeito de reforço ao mesmo tempo.
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Em suma, as relações entre as actividades podem ser
neutras, complementares, sinérgicas, disfuncionais e
incompatíveis, e isso no tempo e no espaço; O planeamento
territorial exige optimizar essas relações, localizando as
actividades no território de acordo com os seguintes critérios:
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A análise da relação entre pares de actividades é facilitada
cruzando-as entre si em uma matriz de dupla entrada,
cujas células são formalizadas com uma série de símbolos
que expressam a relação. A matriz de relacionamento
admite a intervenção da variável tempo, conforme ilustrado
na Figura 6. 1 (da 2º aula), que inclui uma interacção entre
as actividades nos seguintes termos:
— Compatível:
Compatível: duas actividades podem coexistir no mesmo
espaço e ao mesmo tempo sem prejuízo para nenhuma
delas. Por exemplo, agricultura e caça.
— Incompatíveis notempo:
Incompatíveis no tempo: as actividades podem ser
praticadas no mesmo local, mas não ao mesmo tempo. Por
exemplo, caça e recreação ao ar livre.
— Incompatíveis
Incompatíveis no
no tempo eeno noespaço:
espaço: duas actividades
não podem coexistir ao mesmo tempo e no mesmo lugar.
Há muitos exemplos: urbanização e agricultura.
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— Disfuncional:
Disfuncional: o exercício de uma actividade diminui a
qualidade dos factores que determinam a outra; por
exemplo, urbanização nas proximidades de um aterro
sanitário, pesca e banho no mesmo trecho de um rio ou na
mesma área do mar.
— Complementares:
Complementares: uma instalação de purificação em um
parque industrial, um centro de colecta de chorume em uma
área de pecuária intensiva, uma usina de reciclagem de
plástico em uma área de estufa, apicultura em uma área de
fruticultura, etc.
— Sinérgico:
Sinérgico: A promoção turística de uma zona é promovida
graças ao reforço mútuo entre a construção de bons
acessos, instalações hoteleiras e a recuperação do
património edificado, por exemplo.
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O sistema funcional que o ordenamento do território procura
pode ser delineado em termos das relações entre diferentes
tipos de ecossistemas, tematicamente bem contrastados,
mas sobrepostos espacialmente numa penetração difusa do
território; os seguintes são paradigmáticos, Figura 9.2.2.2.1:
— Ecossistemas protectores, sem função directa de
produção de bens, embora produzam serviços. São
ecossistemas mais ou menos naturais, em equilíbrio
dinâmico, reserva genética, refúgio de biodiversidade que
abriga espécies silvestres e fonte de recursos naturais
tangíveis e intangíveis.
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— Ecossistemas produtores, especializados na produção
primária: agricultura, silvicultura e pecuária.
— Ecossistemas difusos, intersticiais, com usos
indiferenciados, mistos e sobrepostos sem critérios de
ordem, que reflectem a falta de planeamento e gestão
territorial.
— Ecossistemas urbanos, com uma multiplicidade de usos
e actividades nos sectores secundário e terciário.
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Entre esses compartimentos do espaço, há um fluxo de
materiais, energia, organismos e informações, por meio de
canais de relacionamento, que devem ser optimizados
evitando interacções negativas: exportações poluentes ou
outros tipos de degradação.
Separam os referidos ecossistemas de zonas de transição
mais ou menos extensas, que partilham as características
de ambos os lados e nas quais os processos se
intensificam, o que torna particularmente difícil a sua gestão;
é o fenómeno conhecido na ciência ecológica como ecótono
que está associado às zonas que separam os diferentes
ecossistemas;
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É particularmente conflituoso e interessante o que corresponde
aos espaços periurbanos onde os usos agrícolas, florestais e
pecuárias se sobrepõem e convivem com as actividades que a
cidade expulsa por exigir muito espaço, por serem incómodas,
insalubres, nocivas ou perigosas, porque simplesmente
desenvolvem melhor em um ambiente claro ou porque não podem
competir com actividades dispostas a pagar mais pela mesma
terra.
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Respeitar o meio-ambiente na emissão de efluentes
significa não ultrapassar a capacidade de assimilação ou,
mais especificamente, a carga crítica, dos vectores
ambientais: água, ar e solo; carga crítica é entendida como
o limiar de concentração de um efluente em um vector
ambiental a partir do qual são produzidos impactos
significativos em ecossistemas, seres vivos ou património
edificado.
Estes conceitos são desenvolvidos no capítulo IV, ponto
3.12, onde são expostos o papel do meio físico para as
actividades de desenvolvimento e os critérios ecológicos
de sustentabilidade deles derivados.
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Com relação aos elementos físicos —edifícios e
instalações—, o planeamento territorial busca a coerência
com o meio-ambiente de acordo com as seguintes facetas:
— Coerência ecológica, ou seja, com o clima, ecossistemas,
habitats e biocenose.
— Coerência da paisagem, particularmente visual —formas,
materiais, cores, volume/escala— mas também olfativa e
sonora, pois a paisagem é a expressão externa do
ambiente e sua percepção polissensorial . A coerência da
paisagem pode ser por harmonia ou por contraste,
dependendo da semelhança ou discrepância com o
ambiente.
— Coerência territorial, ou seja, com a estrutura territorial, de
modo que a actividade seja uma peça coerente no quadro
de usos do solo, favorecendo relações complementares e
sinérgicas e evitando as de disfuncionalidade e
incompatibilidade. 43
— Coerência social, em termos de atenção às necessidades,
demandas, exigências, aspirações e expectativas da
população, consideração das preferências da população
na concepção e participação da população na gestão, na
medida do possível.
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9.2.4. Uso do modelo
O modelo pode ser aplicado ao sistema territorial actual, caso
em que se comporta como método de análise e diagnóstico,
ou em direcção ao futuro, caso em que se comporta como
metodologia de planeamento do sistema territorial em
qualquer área.
Também pode ser aplicado a outros casos que só podem ser
entendidos sob a ideia de sustentabilidade, como a
Avaliação Ambiental Estratégica.
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9.2.4.1. Uso do modelo para análise de diagnóstico territorial
No primeiro caso: aplicação à análise e diagnóstico da
situação actual, opera em três reflexões básicas:
— As actividades humanas existentes são consistentes com o
problema, carácter, recursos endógenos, localização e
função da área?
— Essas actividades estão localizadas de acordo com a
capacidade de suporte do meio físico, ou seja, dos
ecossistemas ou das unidades ambientais que o formam, e
dos processos e riscos activos? Eles configuram um
sistema funcionalmente correto? Eles fazem uso múltiplo
dos ecossistemas?
— Eles se comportam de forma a atender aos requisitos
ecológicos para a sustentabilidade ?
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9.2.4.2. Usando o modelo para o planeamento do
desenvolvimento sustentável
Na medida em que o modelo territorial é a projecção espacial
de uma estratégia de desenvolvimento económico e social, o
planeamento do desenvolvimento, em uma determinada
unidade territorial, nada mais é do que o desenho de um
futuro sistema territorial e a forma como ele pode ser
alcançado. Assim, podemos falar de desenvolvimento
territorial para identificar um desenvolvimento integral em que
a população tenha alta qualidade de vida. Porque é em
termos de qualidade de vida que o ordenamento do território
entende o desenvolvimento. A qualidade de vida de um
indivíduo é determinada pela integração de três componentes:
nível de renda, condições de vida e trabalho e qualidade
ambiental, com pesos diferentes dependendo do tempo e do
lugar (figura 9.2.4.2.1).
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Deve haver um ambiente saudável e crescimento económico
sustentável. A nossa economia vai ser sustentável e nela a norma
será o aumento da qualidade. Isso nos proporciona saúde contínua
e uma forma de garantir o fornecimento de bens e serviços para as
próximas gerações.
Visão de Manitoba para o Desenvolvimento Sustentável. Manitoba,
1992: 3.
O nível de renda tem um significado óbvio. As condições de vida
estão associadas à possibilidade de usufruir dos atributos que
costumam caracterizar as sociedades democráticas avançadas:
garantias de liberdade, participação na sociedade, igualdade de
oportunidades, igualdade perante a justiça, acesso à educação,
segurança social, etc. As condições de trabalho referem-se ao
ambiente físico, ruído, vibrações, poluição, temperatura, iluminação
e carga de trabalho mental: consideração, risco, iniciativa, pressão
do tempo, atenção, rigor,
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Figura 9.2.4.2.1- O desenvolvimento é entendido em termos de
qualidade de vida, cuja importância varia no espaço e no tempo.
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A qualidade ambiental, que deve ser interpretada do ponto de
vista humano, refere-se em termos gerais ao grau de
conservação dos ecossistemas e da paisagem, à pureza do
ar, à qualidade da água, ao estado e limpeza do solo e às
condições do cenário urbano.
Aqueles que são pobres e famintos, em sua tentativa de
sobreviver, destruirão o meio-ambiente, derrubarão florestas,
sobrepastorearão, explorarão demais terras marginais, e um
número crescente de pessoas se aglomerará nas cidades.
Comissão Mundial para o Meio-Ambiente e Desenvolvimento,
1987: 28.
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No passado recente, a importância atribuída à renda era tal
que, praticamente, os processos decisórios eram baseados
em modelos de um único factor: o factor económico. Esse
reducionismo é parcialmente explicado pela insatisfação das
necessidades primárias da sociedade e pelo modelo
socioeconómico vigente. Onde essas necessidades básicas,
alimentação, moradia, vestuário, saúde, educação, estão
longe de serem satisfatórias, o factor económico é visto como
condição necessária, quase exclusiva, para acessá-las. Mas
em países cuja população superou essas necessidades
primárias, mais e mais pessoas estão dispostas a sacrificar
parte de sua renda por uma melhor qualidade ambiental e
pagar mais por bens ou serviços produzidos sob condições
de compromisso ambiental.
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Esse modelo explicaria, por exemplo, por que são os países
mais desenvolvidos que têm as políticas mais activas em
matéria ambiental, como as medidas ambientais eficazes só
são adoptadas com base em um patamar de renda e por que o
desenvolvimento sustentável está vinculado à solidariedade
em termos de pobreza erradicação.
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oferta de emprego e equipamentos socioculturais localizados
de forma de fácil acesso para toda a população; ao meio-
ambiente, finalmente, na medida em que regula e controla a
localização e o funcionamento das actividades humanas.
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Na realidade, toda actividade ambientalmente integrada atende
em maior ou menor grau aos três componentes; alguns são
orientados prioritariamente para a produção de bens e se
inscrevem integralmente no primeiro componente, mas podem
ter efeitos nos outros dois, como ocorre com uma exploração
agrícola extensiva que, além de produzir alimentos, gera
externalidades ambientais positivas; o objectivo principal de
outros pode ser a promoção cultural da sociedade, a formação
profissional ou a promoção da solidariedade entre os cidadãos,
mas ao mesmo tempo gera emprego.
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9.4.3.3. Natureza das respostas
O modelo sugere respostas que conferem ao
desenvolvimento um carácter endógeno, local e bottom-up,
integrado e sistémico, dinâmico, flexível, concertado,
prospectivo, funcional, contínuo e cíclico, sustentável,
progressivo ou com abordagem incremental, estratégica e
planeada, todas isto nos termos descritos no capítulo III.
Quanto ao ordenamento do sistema territorial em geral, e
numa determinada unidade geográfica em particular, e desde
que o modelo territorial seja a concretização das medidas de
desenvolvimento, aplica-se o ordenamento territorial para
desenvolver diversos espaços definidos por um problema
específico , por exemplo:
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— O meio rural, e neste caso, comporta-se como uma
abordagem de planeamento do desenvolvimento rural,
pelo que pode ser aplicado no desenvolvimento dos
programas correspondentes às Iniciativas Comunitárias
LEADER e PRODER.
— espaços degradados.
— Espaços protegidos.
— Outros espaços definidos por um determinado problema.
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9.3.3. Aplicação do modelo ao desenvolvimento rural. A
abordagem do ordenamento do território no planeamento
do desenvolvimento rural
60
Por fim, em espaços equilibrados, a ênfase deve ser colocada
na continuidade do equilíbrio, que normalmente está associado
à comercialização de produtos como garantia de rentabilidade,
que, por sua vez, é garantia de continuidade.
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Assim, entra em cena a ideia da pegada ecológica, indicador
que mede a carga imposta por uma população à natureza,
representada pela área de terra (tem/pessoa) necessária para
extrair os afluentes que consome, para dispor os efluentes
emite e localizar os elementos que dão suporte físico às
actividades humanas. É composto por vários componentes:
pegada de alimentos, fibra e madeira, pegada energética,
pegada de resíduos, pegada hídrica, pegada de habitação,
infra-estrutura e serviços e pegada de bens de consumo.
Nesse sentido, a pegada ecológica pode ser entendida como
uma medida das externalidades positivas do campo para a
cidade: serviços que presta e pelos quais não cobra, situação
injusta cuja solução constitui elemento de desenvolvimento
rural.
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Nas zonas rurais profundas o problema é a falta de
actividade, pelo que o seu desenvolvimento exige a
mobilização de sectores alternativos à agricultura, embora
esta continue a ser uma prioridade em muitas áreas; deve
assentar numa abordagem integrada e incremental, que
tenha em conta a globalização dos mercados, que inclua no
mesmo quadro o reajustamento e o desenvolvimento da
agricultura, a diversificação da economia (especialmente
através das pequenas e médias empresas e dos serviços
rurais), a gestão dos recursos naturais, incluindo a
biodiversidade e a paisagem, a promoção das actividades
culturais, turísticas e recreativas, e as derivadas das novas
funções que a problemática e a sensibilidade ambientais
conferem ao meio rural, na medida em que este espaço
expande a sua função histórica como fonte de recursos
naturais e matérias-primas, ...
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com duas outras cada vez mais demandadas por uma
sociedade que adopta um estilo de desenvolvimento baseado
no consumo, alto rendimento e competitividade; É a função de
apoio às novas actividades e a função de recebimento de
efluentes, ambas essenciais para garantir a sustentabilidade
do desenvolvimento.
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A função sumidouro do meio rural sobre os três efluentes
típicos das cidades: gases, água e resíduos sólidos, e a forma
de compensá-los economicamente, exige estudar a
capacidade de fixação de gases de efeito estufa pelo campo, a
viabilidade de aproveitamento as recentes previsões de ajudas
estabelecidas ao abrigo dos acordos relativos ao efeito de
estufa, produtos orgânicos sólidos: origem, quantidade, tipo e
viabilidade de se tornar um aditivo e adubo para as culturas e
a possibilidade de reutilização de águas residuais.
Uma vez definidas as actividades, trata-se da mesma depois
de responder às questões levantadas no ponto 9.2.4.4.2.
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9.3.4. Planeamento de espaços degradados
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— Espaços residuais abandonados devido à perda de uso do
solo.
— Espaços afectados pelas actividades de mineração.
— Espaços degradados por actividades turísticas e recreativas.
— Espaços degradados devido ao acúmulo de visitantes.
— espaços contaminados.
— Espaços ocupados pela agricultura sob plástico.
Restaurar ou recuperar um espaço degradado significa,
sobretudo, procurar o uso (ou, dada a sua suposta
complexidade, usos) mais adequado às suas características e
sempre de acordo com as expectativas da população
envolvente sobre o mesmo.
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A abordagem do ordenamento do território encontra
justificação nesta ideia, pelo que as respostas solicitadas pelo
modelo têm aqui a sua aplicação. Com efeito, o espaço a
tratar, e a acção que nele se propõe, deve ser entendido
como uma peça de âmbito mais alargado e o seu tratamento
deve ser marcado pela ideia de «integração»: adaptação ao
ambiente, funcionalidade e regulamento:
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— Como eles se comportam com o ambiente imediato?
— Quais são as redes —fundamentalmente estradas— que
dão funcionalidade ao espaço?
— Como a área está conectada com o exterior?
De acordo com o exposto, pode-se desenhar uma metodologia
cujo fluxograma e algoritmo de aplicação estão representados
no capítulo III.
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9.3.5. Uso do modelo na gestão ambiental
Na medida em que o modelo é orientado para o
desenvolvimento sustentável presidido pela ideia de
integração, ele se comporta como um instrumento preventivo
de gestão ambiental; com efeito, o modelo permite identificar
as actividades razoáveis que apoiarão o desenvolvimento,
localiza-as de acordo com a "leitura" do ambiente em que
estão inseridas e regula seu comportamento em relação aos
vectores ambientais, ar, água e solo. Dessa forma, evita-se a
degradação ambiental associada ao estilo de
desenvolvimento, localização, superexploração e poluição.
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9.3.6. Uso do modelo para avaliação ambiental estratégica
Conforme veremos no capítulo VI, o modelo é útil para realizar
a avaliação ambiental de planos e programas, o que é
denominado estratégico, pois sua aplicação garante o objectivo
de integração ambiental e sustentabilidade, como tem sido
repetidamente indicado. , pois estabelece actividades
razoáveis, distribui-os de forma coerente com o meio-ambiente
e consigo mesmo, e os regula para que se comportem de
forma comprometida com o meio-ambiente.
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