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República de Angola

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Instituto Superior de Ciências da Educação


-- ISCED –

LUANDA

Departamento de Ciências da Educação

A DIVERSIDADE CULTURAL: SEU IMPACTO NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM

(ESTUDO DE CASO NO COMPLEXO ESCOLAR PRIVADO GILIPA)

Autores: Luís José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango

Orientadora: Prof.ª Sandra Mussungo, MSc

Trabalho apresentado ao Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda como


requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências da Educação.

Opção: Pedagogia

Variante: Gestão/Inspecção da Educação

LUANDA, 2022
Instituto Superior de Ciências da Educação
-- ISCED –

LUANDA

Departamento de Ciências da Educação

A DIVERSIDADE CULTURAL: SEU IMPACTO NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM

(ESTUDO DE CASO NO COMPLEXO ESCOLAR PRIVADO GILIPA)

Autores: Luís José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango

Orientadora: Prof.ª Sandra Mussungo, MSc

Trabalho apresentado ao Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda como


requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências da Educação.

Opção: Pedagogia

Variante: Gestão/Inspecção da Educação

LUANDA, 2022
I

Dedicatória I
«Elizabeth Capitango»

Aos meus pais, à minha querida filha, aos meus irmãos e


familiares. À vós dedico este trabalho.

Dedicatória II
«Luís Kiani»

Dedico este trabalho primeiramente à minha querida mãe


Delfina Marcos, ao padrinho José Francisco Domingos
(Filho), à minha esposa Domingas Kiani, às minhas irmãs, e
aos meus pequeninos Kiani, por serem a minha força de
inspiração.
II

“Quanto mais convivermos com a


diversidade cultural de toda ordem,
mais nosso repertório interno se aprimora, e
nossa visão se amplia, resultando assim a
desmistificação e a destituição do poder de
preconceitos”.

(Carlos Alberto Harg)


III

Agradecimentos I
«Elizabeth Capitango»

A Deus pela vida e pela protecção divina durante todo o ciclo formativo, aos meus
pais e demais familiares pela orientação e inspiração na conclusão deste trabalho, à todos os
amigos pelo apoio material e espiritual prestados em todos os dias e momentos a quando as
minhas necessidades.

À Direcção do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED-Luanda) pelo


apoio institucional, aos professores pela recepção calorosa e hospitalidade, sem esquecer a
nossa tutora, Professora Sandra Mussungo, pela orientação e suporte dado no decorrer desta
pesquisa, e a todos que directa e indirectamente acompanharam-me durante o meu período de
formação; os meus sinceros agradecimentos.

Agradecimentos II
«Luís Kiani»

Toda a obra nesta terra é vã, se não colocarmos Deus como o principal guia de todos
os nossos passos.

Primeiramente devo agradecer a Deus pela vida, força coragem e dedicação desde o
princípio da formação até à esta fase. Aos meus familiares e amigos, a destacar a minha
querida mãe pelo apoio financeiro e moral, à Direcção do Instituto Superior de Ciências da
Educação e seu colectivo de trabalhadores pelo serviço prestado durante este ciclo formativo,
sem esquecer a incansável tutora professora Sandra Mussungo pela orientação fornecida na
elaboração deste trabalho. Pelo que, apraz-me dizer que esta formação é fruto do esforço de
todos quanto foram mencionados.
IV

Resumo

Esta pesquisa cujo tema é a diversidade cultural; Seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, foi um estudo de caso realizado no Complexo Escolar Privado GILIPA, com o
objectivo de compreender o impacto da diversidade cultural no processo de ensino-
aprendizagem nas turmas do ensino primário da referida escola. Tratou-se de uma pesquisa de
abordagem qualitativa, e nela abordou-se vários aspectos, a destacar a análise da diversidade
cultural, seu enquadramento no contexto educativo, o papel do corpo docente face a
diversidade cultural em sala de aula, bem como as políticas que se deve ter em conta na
gestão da diversidade cultural no ambiente escolar e o impacto desta diversidade no processo
de ensino-aprendizagem. Nesta pesquisa, constatou-se que a escola é um local rico e propício
para a existência da variedade de culturas por receber sujeitos vindos de diferentes regiões da
sociedade, e não obstante, por intermédio da entrevista realizada aos participantes desta
pesquisa, foi possível aferir que nas turmas do ensino primário do Complexo escolar GILIPA,
existe a diversidade cultural fruto da presença de alunos vindos de famílias pertencentes às
diferentes regiões da sociedade, e não só, como também oriundos de outras nacionalidades. E,
esta diversidade de cultura que a escola enfrenta, de acordo aos entrevistados, impacta
significativamente no processo de ensino-aprendizagem e a vida dos alunos, pois permite uma
interação saudável entre os alunos no ambiente escolar, bem como influencia-os a respeitar as
diferenças existentes neste ambiente, a viverem na diferença e a estarem preparados para
viver e servir a sociedade de forma justa e igualitária.

Palavras-chave: Diversidade Cultural. Impacto. Ensino-aprendizagem


V

(Abstract)

This research whose theme is cultural diversity; Its impact on the teaching-learning process
was a case study carried out at the GILIPA Private School Complex, with the aim of
understanding the impact of cultural diversity in the teaching-learning process in the primary
education classes of that school. It was a qualitative approach research, and it addressed
several aspects, highlighting the analysis of cultural diversity, its framing in the educational
context, the role of the teaching staff in the face of cultural diversity in the classroom, as well
as the policies that must be taken into account in the management of cultural diversity in the
school environment and the impact of this diversity on the teaching-learning process. In this
research, it was found that the school is a rich and favorable place for the existence of a
variety of cultures for receiving subjects from different regions of society, and nevertheless,
through the interview carried out with the participants of this research, it was possible to
verify that In the primary school classes at the GILIPA School Complex, there is cultural
diversity as a result of the presence of students from families belonging to different regions of
society, and not only, but also from other nationalities. And, this cultural diversity that the
school faces, according to the interviewees, significantly impacts the teaching-learning
process and the students' lives, as it allows a healthy interaction between students in the
school environment, as well as influences them to respect the differences existing in this
environment, to live in difference and to be prepared to live and serve society in a fair and
egalitarian way.

Keywords: Cultural Diversity. Impact. teaching-learning


VI

Lista de abreviaturas e siglas

Artigo.…………………………………..…………………………………………………...Artº
Center of Contemporary Cultural Studies………………………………………………..CCCS
Estados Unidos da América.…………………………………………………………..….E.U.A
Instituto Superior de Ciências da Educação.………………………………………….…ISCED
Mais de três autores ou vários autores ……………………………………………....….….Et al
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.……….……...UNESCO
Página……………………………………………………..…………………………………...P.
Projecto Político Pedagógico.………………………………………..……………………...PPP
Índice
Introdução .................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA ........................................................................................ 11
1.1. Justificativa ..................................................................................................................... 11
1.2. Formulação da Problemática .......................................................................................... 12
1.3. Objectivos ....................................................................................................................... 13
1.3.1. Objectivo geral........................................................................................................... 13
1.3.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 13
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 14
2.1. Definição de termos e conceitos ..................................................................................... 14
2.1.1. Conceito de diversidade ............................................................................................. 14
2.1.2. Conceito de cultura .................................................................................................... 15
2.1.3. Conceito de ensino ..................................................................................................... 17
2.1.4. Conceito de aprendizagem ......................................................................................... 17
2.1.5. Conceito de escola ..................................................................................................... 18
2.1.6. Conceito de educação ................................................................................................ 19
2.1.7. Conceito de ambiente escolar .................................................................................... 22
2.1.8. Conceito de multiculturalismo ................................................................................... 22
2.2. Revisão bibliográfica ...................................................................................................... 23
2.2.1. A diversidade cultural..................................................................................................... 23
2.2.1.1. A diversidade cultural no contexto escolar......................................................... 26
2.2.1.2. A Escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura .................... 29
2.2.1.3. A escola e os seus desafios frente à diversidade cultural ................................... 30
2.2.2. A gestão da diversidade cultural no ambiente escolar ............................................... 33
2.2.2.1. O gestor escolar e o seu papel face à diversidade cultural ................................. 35
2.2.2.2. O professor e os seus desafios diante da diversidade cultural em sala de aula .. 37
2.2.3. O impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem ................. 40
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA............................................................ 42
3.1. Metodologia .................................................................................................................... 42
3.1.1. Classificação da pesquisa .......................................................................................... 42
3.1.1.1. Quanto à Natureza .............................................................................................. 43
3.1.1.2. Quanto a abordagem ........................................................................................... 43
3.1.1.3. Quanto aos objectivos ......................................................................................... 43
3.1.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................... 44
3.1.2. Campo de estudo........................................................................................................ 45
3.1.3. População e amostra .................................................................................................. 45
3.1.4. Dificuldades ............................................................................................................... 46
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................................................... 47
4.1. Resultado das entrevistas dirigidas aos participantes do estudo .................................... 47
4.1.1. Resultado da entrevista dirigido à Senhora Directora ............................................... 48
4.1.1.1. Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem.................................................................. 48
4.1.1.2. Política para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar .................... 49
4.1.1.3. Papel do gestor (Director) diante da diversidade cultural na escola ................... 49
4.1.1.4. Os desafios da diversidade cultural no contexto escolar .................................... 50
4.1.2. Resultado da entrevista dirigida aos professores ....................................................... 50
4.1.2.1. Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem.................................................................. 50
4.1.2.2. Sobre a diversidade cultural. Sua presença no ambiente escolar, em particular na
sala de aula ........................................................................................................................ 53
4.1.2.3. Competências e estratégias para conhecer e lidar com a diversidade cultural na
escola, particularmente na sala de aula ............................................................................. 54
4.1.2.4. Os desafios da escola face à diversidade cultural no contexto escolar ............... 55
4.1.2.5. Papel do corpo docente diante da diversidade cultural na escola, em particular
na sala de aula ................................................................................................................... 55
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 57
SUGESTÕES ........................................................................................................................... 59
Bibliografia .............................................................................................................................. 60
Anexos ..................................................................................................................................... 65
Introdução

A presente pesquisa, constitui trabalho de fim de curso para a obtenção do grau de


Licenciatura em Ciências da Educação, opção Pedagogia na variante de Gestão e Inspecção
Escolar. Tem como tema a diversidade cultural; Seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, um estudo de caso desenvolvido no Complexo Escolar Privado-GILIPA cujo
objectivo visou compreender o impacto da diversidade cultural no processo de ensino-
aprendizagem nas turmas do ensino primário do referido Complexo Escolar.

A diversidade cultural é vista como um conjunto de diferentes manifestações culturais


como as línguas, tradições, costumes, formas de pensar, de agir, hábitos alimentares, formas
de realização de cultos religiosos, organização político-social, ou até mesmo as diversas
formas de organização e modelos de família.

A escola, como instituição de índole social, é um espaço marcado pelo encontro da


variedade de culturas, e esta multiplicidade cultural, neste meio, caracteriza-se pela presença
das diferentes crenças, valores morais, hábitos e costumes, ou seja, por uma variedade de
culturas que vão se entrecruzando neste ambiente. E por conseguinte, ignorar a sua
abordagem fora deste contexto, significa permitir a existência de actos como a intolerância, a
discriminação e outras consequências sobrevindas do preconceito no ambiente escolar.

Nesta perspectiva, a abordagem deste tema é de suma importância, pois desafia a


escola a rever as suas concepções e padrões, bem como criar espaços inclusivos, de modo a
promover o respeito e a valorização das diferentes culturas nela presente. Outrossim, a escola
enquanto meio social onde coexistem diversas culturas, e por se constituir numa instituição
presente e parte da sociedade, frente à esta multiculturalidade, seu desafio deve ir além
daquilo que é o ensino das ciências, ou seja, a ela deve convir a responsabilidade de formar o
sujeito com a oferta de condições necessárias para que estes possam conviver e interagir
dentro dos padrões éticos e morais aceites pela sociedade. Por outra, diante desta veracidade,
o corpo docente também é desafiado no sentido de encontrar e implementar, em suas práticas
pedagógicas, estratégias capazes de atender a demanda da diversidade cultural de seus alunos
na escola, particularmente em sala de aula.

9
A curiosidade em perceber até que ponto a variedade de culturas presente nas escolas,
particularmente em sala de aula influi no processo de ensino-aprendizagem, bem como
mostrar de que forma a escola deve lidar com este facto, impulsionou a escolha desta
temática. Uma vez que a escola sendo uma instituição de índole social, reúne elementos de
estratos sociais e culturais diferentes, cujos hábitos, costumes e modos de vida muitas vezes
são determinados pelos aspectos culturais de cada grupo, facto que pode trazer grande
impacto, directo ou indirecto na eficácia e eficiência do processo de ensino.

De realçar que, esta pesquisa trata-se de um estudo de caso, com abordagem


qualitativa-descritiva, pois objectivou-se gerar conhecimentos para a solução de problemas
específicos, e a sua abordagem fundamentou-se principalmente em análises qualitativas, por
não se utilizar instrumentos estatísticos no processo de análise e interpretação dos dados
coletados.

Portanto, de acordo à sua estrutura, esta pesquisa encontra-se dividida por 4 (quatro)
capítulos, a destacar: I capítulo, onde é apresentada a problematização da pesquisa. O II
capítulo que faz referência à fundamentação teórica do referido tema, começando pela
definição de alguns termos e conceitos que surgem frequentemente no desenvolvimento da
pesquisa, seguidamente da revisão bibliográfica onde são analisados de forma detalhada a
questão da diversidade cultural de forma geral e particularmente no contexto escolar; ainda
neste capítulo fez-se também uma reflexão sobre a escola enquanto campo social produtor e
reprodutor de cultura; analisou-se também sobre os desafios da escola frente à diversidade
cultural; a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar; o papel do gestor bem como do
corpo docente face à diversidade cultural na escola; e o impacto da diversidade cultural no
processo de ensino-aprendizagem. O III capítulo trata-se dos aspectos metodológicos que
orientaram o desenvolvimento do presente estudo, e por fim, o IV capítulo, onde fez-se a
apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos no campo.

10
CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA

1.1. Justificativa

A escolha da temática visou, por um lado, compreender o impacto do fenômeno da


diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem, e por outra mostrar como a escola
deve lidar com este fenómeno no seu contexto, uma vez que esta, sendo uma instituição de
carácter social, reúne vários indivíduos de estratos sociais e culturais diferentes, cujos hábitos,
costumes e modos de vida muitas vezes são determinados pelos aspectos culturais de cada
grupo, e estes aspectos têm influências directa ou indirecta na eficácia e eficiência do
processo de ensino. Daí, a tamanha necessidade de se desenvolver estudos a fim de se
identificar e analisar as influências deste fenómeno no processo de ensino.

A cultura constitui-se num conjunto valores, hábitos, costumes, regras e ideais


transmitidos de geração em geração e que se produzem em cada indivíduo, gerando assim, um
modo peculiar de viver de cada grupo.

A diversidade cultural diz respeito aos vários aspectos que representam as


particularidades das diferentes culturas, como a linguagem, as tradições, a gastronomia, a
religião, os costumes, o modelo de organização familiar, a política e outras características
próprias de um grupo de seres humanos que habitam num determinado território, ou seja,
refere-se aos processos de diferenciação entre as várias culturas que existem ao nosso redor.

Este tema, actualmente tem ganhado interesse na política educacional de vários países,
e as discussões referentes ao assunto versam sobre a construção da multiplicidade étnica de
forma democrática, da convivência pacífica no meio escolar e particularmente do respeito
pela diferença no contexto da sala de aula.

Toda a sociedade possui diferentes tipos de culturas, e a escola sendo parte da


sociedade, constitui-se num local formado por uma população diversa, onde cada um se
manifesta com as suas crenças e costumes, não obstante, o cenário da diversidade de culturas
vai se acentuando e se desenvolvendo a cada dia neste ambiente, diferenças estas que em
alguns casos têm gerado a discriminação de determinados grupos no ambiente escolar,
comprometendo desta forma a qualidade, bem como o sucesso do processo de ensino.

11
Diante desta veracidade, é visível o grande desafio da escola face a esta situação, bem
como a urgência de tomada de decisões por parte dos gestores e do corpo docente na criação
de políticas para a boa gerência da diversidade cultural no ambiente escolar.

Assim, achou-se imperioso realizar esta pesquisa para a compreensão de tal fenômeno,
o fenômeno da diversidade cultural no âmbito escolar, seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, bem como o papel da escola e de seus agentes diante desta realidade.

Acredita-se que esta pesquisa não esgotou o assunto em destaque, mas de alguma
forma trouxe algumas contribuições que poderão possibilitar às escolas a estarem mais abertas
e dispostas em quebrar os paradigmas de superioridade ou inferioridade de um grupo sobre
outro, e não só, como também a criarem modelos de ensino que influenciarão os alunos ao
respeito pela diferença existente na escola, particularmente em sala de aula.

1.2. Formulação da Problemática

Todo ser humano é parte integrante de um determinado grupo social, com hábitos,
valores e costumes que divergem um do outro, traduzindo naquilo que podemos chamar de
diversidade de culturas ou multiculturalidade, fazendo-se presente em todas as esferas da
sociedade.

No ambiente escolar, também é visível a presença desta variedade de culturas, visto


que esta constitui-se numa instituição social que alberga não só indivíduos de uma única
cultura, mas de uma vasta miscigenação de culturas, acolhendo assim famílias de diferentes
regiões, país ou estado, pelo que, tornando-a numa instituição multicultural.

Outrossim, o ambiente escolar, sendo um dos locais onde o cenário da diversidade


cultural é visível, vezes há que os gestores, bem como o corpo docente, mesmo com uma
certa experiência pedagógica, sentem dificuldades para lidar com o assunto em questão, uma
vez que a comunidade escolar tem uma população formada por diversos grupos étnicos com
seus próprios costumes, rituais e crenças que divergem uma das outras, e estas diferenças têm
se tornado problemas ao invés de oportunidades para a produção de saberes em diferentes
níveis de aprendizagens.

É importante realçar que a diversidade cultural não é um tema novo, particularmente


no contexto educativo, mas ainda é visto, actualmente como um problema que tem gerado
vários conflitos no ambiente escolar, uma vez que não é fácil trabalhar com alunos de

12
costumes, valores e etnias distintas. Neste caso, os professores bem como todos os sujeitos
que actuam no ambiente escolar vêm-se obrigados a enfrentar um grande desafio face à esta
realidade, e para isso necessitam se predispor a rever e actualizar os seus conhecimentos e as
suas atitudes em relação a este assunto a fim de saberem quais os impactos causados por essa
pluralidade cultural no processo de ensino e aprendizagem, como a escola deve lidar com essa
diversidade, como abordar de forma pedagógica a diversidade cultural no espaço escolar, e
quais as atitudes os professores devem tomar face à esta realidade em sala de aula.

Daí levanta-se a seguinte pergunta de partida: Qual o impacto da diversidade cultural


no processo de ensino-aprendizagem e como lidar com este fenômeno no ambiente escolar?

 Outras questões:

 A escola é um espaço sociocultural marcado pela presença de diferenças significativas.


Será que estas diferenças têm sido respeitadas neste local?
 A garantia da educação escolar como um direito social tem possibilitado a inclusão de
todo tipo de diferença dentro do espaço escolar?
 Como a escola deve abordar, de forma pedagógica, a questão da diversidade cultural?
 Qual deve ser o papel do professor face à diversidade cultural em sala de aula?

1.3. Objectivos

Com esta pesquisa, pretendeu-se alcançar os seguintes objectivos:

1.3.1. Objectivo geral

 Compreender o impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem


nas Turmas do Ensino Primário no Complexo Escolar Privado “GILIPA”.
1.3.2. Objectivos específicos
 Identificar a diversidade cultural nas turmas do Ensino Primário no Complexo Escolar
Privado “GILIPA”;
 Verificar até que ponto a diversidade cultural influi na eficácia do processo de ensino
e aprendizagem nas turmas do Ensino Primário no Complexo Escolar Privado
“GILIPA”;
 Descrever as tarefas do professor face à diversidade cultural em sala de aula nas
turmas do Ensino Primário no Complexo Escolar Privado “GILIPA”.

13
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Definição de termos e conceitos

Para uma melhor compreensão dos subtemas desenvolvidos na revisão bibliográfica


desta pesquisa problemática em questão, achou-se conveniente desmistificar e conceituar
alguns termos, a destacar: diversidade, cultura, ensino, aprendizagem, escola, educação,
ambiente escolar e multiculturalismo, com base nas ideias de alguns autores como Corrêa,
Laraia, Bittencourt, Kruppa, Silva, Nunes, Canivez e outros que serão referenciados mais
adiante.

2.1.1. Conceito de diversidade

A palavra diversidade, remete-nos a pensar a tudo o que é diferente, desigual. Pabis e


Martins (2014), apoiando-se em Ferreira (2004, p. 485), fazem referência da “origem da
palavra diversidade, do latim diversitate, que quer dizer diferença, dissemelhança,
dissimilitude, divergência, contradição, oposição”.

Actualmente este termo tem sido empregado em diversos campos de estudo, sendo
que é possível conceber a diversidade em vários campos: no ambiente de trabalho, nos
espaços de convivência social, ou até mesmo se quisermos em todo o contexto social.

Partindo do pressuposto da variedade deste termo em diversos campos, Aranha et al


(2019), explicam que não existe uma definição única para a palavra diversidade, ou seja, pode
ser definida sob o ponto de vista restrito, fazendo referência a variedade de raça, etnia e
género, do ponto de vista amplo, faz referência ao respeito à todas as diferenças vividas entre
os seres humanos.

Para Nunes (2013, p. 17), diversidade é “variedade, diferença e multiplicidade entre


diferentes objectos ou realidade”. Faz parte do acontecer humano, e na visão de Lima (2006),
é a norma da espécie Humana, uma vez que há uma diversidade entre os seres humanos no
que tange às experiências culturais, visto que cada um possui a sua própria personalidade, sua
forma de pensar e perceber o mundo que o circunda.

A variedade, a diferença e a multiplicidade, de acordo com Nunes (2013), são


adjectivos característicos de diversidade, mas estas qualidades não se constroem no vazio, e
sim no contexto social. Para este autor a diversidade é um fenómeno que atravessa o tempo e

14
o espaço, tornando-se uma questão cada vez mais séria na medida em que mais complexas
vão se tornando as sociedades.

O termo diversidade “diverso”, também significa diferença, dissemelhança,


dissimilitude, divergência, contradição ou oposição, Corrêa (2010). Esta acepção pode
incorporar elementos não propriamente convencionais, “quando se trata de opção sexual e
gênero, quando questões referentes às antigas minorias são trazidas à baila no seio social e
ganham relevo pela importância social que passaram a adquirir na sociedade contemporânea”.
(Corrêa, 2010, p. 101).

Bergamaschi (2015), refere que a palavra diversidade diz respeito à diferença, estas
diferenças, para o autor, podem ser entendidas de duas formas, por um lado aquelas
construídas culturalmente e empiricamente observáveis, e por outra, aquelas construídas ao
longo do processo histórico, nas relações sociais e nas relações de poder.

2.1.2. Conceito de cultura

Definir cultura não é uma tarefa simples, pois é um termo que evoca interesses
multidisciplinares, e é estudada em várias áreas como sociologia, antropologia, história,
comunicação, administração, economia, entre outras, sendo que cada área apresenta o seu
enfoque com relação ao assunto. Além disso, também tem sido utilizada em diferentes
campos semânticos em substituição a outros termos como mentalidade, espírito, tradição e
ideologia, Canedo (2009).

O termo cultura deriva do latim colore, que tem o seu sentido de arte de cultivar, ou
mesmo o resultado da cultivação, envolvendo, portanto, a ideia de labor e perseverança.

De acordo ao Dicionário Integral da Língua Portuguesa 3ª edição, cultura é o


“conjunto dos padrões de comportamentos, das crenças, das instituições e de outros valores
morais e materiais, característicos de uma sociedade”.

Laraia (1932), ao analisar o conceito de cultura faz uma resenha sobre a origem e
significado do referido termo, mostrando-nos que nos finais do século XVIII e princípios do
século XIX, o termo cultura, em germano, kultur, era utilizado para simbolizar todos os
aspectos ligados à espiritualidade de uma comunidade, enquanto no francês, civilization, o
termo referenciava as realizações materiais de cada povo. Daí que o autor, em seu entender,

15
define cultura como a forma que cada povo ou grupo vê o mundo que o rodeia, ou seja, as
aspirações sociais como produto de uma herança social.

Citado por Laraia (1932), Taylor (1832-1917), entende que o termo cultura, em seu
sentido etnográfico, inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a moral, as leis, costumes ou
qualquer outra capacidade e hábitos adquiridos pelo Homem enquanto membro de uma
sociedade.

Na visão de Kruppa (1993, p. 32) “cultura é o conjunto dos costumes, modo de vida,
forma de se vestir, de viver, de pensar, bem como das expressões de linguagem e dos valores
de um povo ou de diferentes grupos sociais”, concordando com (Morin, 2001) que a seu
entender o termo cultura deve ser visto como o conjunto de todas as normas, valores e regras
de um grupo social e que vão sendo transmitidas de geração à geração.

Bittencourt, Santos, Trindade e Rocha (2019), definem cultura como tudo o que o ser
humano produz para a construção eterna da sua existência. O ser humano, além de ser
inserido na cultura ao nascer, a partir de suas vivências, produz e propaga a sua própria
cultura. É um patrimônio humano, pode ser entendida como toda e qualquer manifestação da
espiritualidade humana:

Um patrimônio reflexivo, emotivo e intersubjetivo que caracteriza um


determinado ambiente social: classe, grupos, razões, nações, que se
manifesta nas formas de normas, ideia, convicções por um dado grupo
social, e que constitui a fonte da vontade coletiva e do comportamento
coletivo. É qualquer manifestação da espiritualidade humana – ciência, arte,
religião, filosofia e a política – desde que exprime um produto no
desenvolvimento histórico de um grupo social. (Angeli, 2011, pp.30).

De acordo com Corrêa (2010), a cultura deve ser entendida como um processo
cumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores, que limita ou
estimula a acção criativa do Homem. E, nesse processo criativo humano, tal como afirma o
autor, a cultura pode ser perpetuada, como recriada.

Assim, e de acordo com as ideias acima referenciadas pelos diferentes autores,


podemos perceber que cultura resume-se em tudo o que uma geração recebe como herança da
geração anterior, tudo o que ela cria e transmite para as gerações seguintes. É, pois, um todo
onde se incluem os conhecimentos, as crenças, a arte, o direito, a moral, os costumes e outras
aptidões que o Homem adquire enquanto membro de um grupo social.

16
2.1.3. Conceito de ensino

As pedagogias construtivistas consideram que o acto de ensinar deve subordinar-se à


aprendizagem, e esta ao desenvolvimento. Neste acto, o professor passa a desempenhar papéis
de facilitador da aprendizagem, dinamizador de situações problemáticas e orientador de
projectos.

De acordo com o Dicionário Breve de pedagogia 2ª edição, o ensino é o processo pelo


qual o professor transmite ao aluno o legado cultural em qualquer ramo do saber. É uma
actividade associada à transmissão do saber já constituído.

Para Haydt (2007, p.13), “o ensino é uma ação deliberada e organizada, ou seja, uma
actividade pela qual o professor, através de métodos adequados, orienta a aprendizagem dos
alunos”. São as acções, meios e condições para a realização da instrução. Este processo
engloba a instrução, que refere-se à formação intelectual, formação e o desenvolvimento das
capacidades cognitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados”,
Libâneo (2006, p.23), acrescentando que:

Há uma relação de subordinação da instrução à educação, uma vez que o


processo e o resultado da instrução são orientados para o desenvolvimento
das qualidades específicas da personalidade. A instrução mediante o ensino
tem resultados formativos quando converge para o objecto educativo, isto é,
quando os conhecimentos, habilidades e capacidades propiciados pelo
ensino se tornam princípios reguladores da acção humana, em convicções e
atitudes reais frente à realidade. (p. 23).

2.1.4. Conceito de aprendizagem

O termo aprendizagem deriva do latim aprehendere, que significa agarrar, pegar,


apoderar-se de algo. Partindo desta ideia, Nunes e Silveira (2015, p.9), definem aprendizagem
como um “processo no qual a pessoa pode apropriar-se de, ou tornar seus, certos
conhecimentos, habilidades, estratégias, atitudes, valores, crenças ou informações”.

É um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações, conhecimentos,


habilidades, atitudes e valores para construir de modo progressivo e interminável suas
representações do interno «o que pertence a ele» e do externo «o que está fora dele», numa
constante inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente na infância, através
da ajuda proporcionada pelos outros, Díaz (2011). É um processo de aquisição e assimilação
consciente de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir. O indivíduo só

17
demonstra que aprendeu quando ele é capaz de reelaborar de maneira diferente o que lhe foi
apresentado, ou seja, capaz de conceituar e abstrair.

Reforçando a ideia acima, Piletti (2004, p. 31) “explica que a aprendizagem não deve
ser entendida apenas como um processo que visa na aquisição de conhecimentos, conteúdos
ou informações”. Estas informações são importantes, mas precisam passar por um
processamento complexo, ou seja, devem ser trabalhadas de maneira consciente e crítica por
parte de quem os recebe, para que possam se tornar mais significantes na vida do aprendente,
afirma o autor, que a seu entender a aprendizagem deve ser vista como o processo de
aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de
perceber, ser, pensar e agir.

Moreira (1999), vai mais além ao considerar a existência de três tipos de


aprendizagem: a cognitiva, a afetiva e a psicomotora. No que tange a aprendizagem cognitiva,
o autor concebe-a como o resultado do armazenamento organizado de informações na mente
do ser que aprende; quanto a afetiva, resulta de sinais internos ao indivíduo que pode ser
identificada através de experiências como o prazer e dor, satisfação ou descontentamento,
alegria ou ansiedade; e a psicomotora que, segundo o autor, pode ser entendida como aquela
que envolve respostas musculares por meio do treino e da prática.

2.1.5. Conceito de escola

Sabe-se que a escola é uma instituição social de grande importância para a sociedade,
e isto justifica-se pelo facto de, além desta possuir a tarefa de preparar intelectual e
moralmente os alunos, também se ocupa em moldá-lo para a sua inserção social, sem deixar
de considerar também o papel da família. “É o lugar por excelência onde se realiza a
educação, a qual se restringe a um processo de transmissão de informações em sala de aula e
funciona como uma agência sistematizadora de uma cultura complexa”. Mizukami (1986, p.
12)

Assim, entende-se que a escola é um espaço onde os indivíduos começam a ter as


primeiras relações para além da família, ou seja, segundo Silva e Ferreira (2014, p. 7), é o
“espaço onde os indivíduos passam a conviver com pessoas de diferentes raças, cor, etnia,
religião e cultura”. Depois da família, é o segundo espaço de cunho social que une os
indivíduos, não por grau de parentesco, ou de afinidade, mais por uma obrigação das normas

18
de convivência social, acrescenta Silva e Ferreira (2014), como se pode conferir na citação
abaixo:

A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixam


de pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa comunidade
mais ampla em que os indivíduos estão reunidos não por vínculo de
parentesco ou de afinidade, mas pela obrigação de viver em comum. A
escola institui, em outras palavras, a coabitação de seres diferentes sob a
autoridade de uma mesma regra.

Ainda de acordo com Nunes (2013), a escola é uma organização específica de


educação formal, marcada pelos traços da sistematicidade, sequencialidade, contacto directo e
prolongado, pelo interesse público dos serviços que prestam e a certificação dos saberes que
proporciona. Reforçando esta ideia, Alves (2000), enfatiza que a escola, na qualidade de
organização formal de interesse público, é uma instituição social que tem a missão de
proporcionar às gerações mais jovens uma instrução sistemática e sequencial, caracterizada
pela transmissão de conhecimentos e técnicas, valores e atitudes com vista a promoção do
desenvolvimento integral dos mesmos.

É neste sentido que, a escola, determina os objectivos cognitivos, que cada aluno deve
atingir ao longo do seu processo de maturação intelectual, e paralelamente estabelece os
parâmetros culturais que contribuem para a concretização dos objectivos preconizados pela
política educativa. (Nunes).

Assim, podemos perceber que a escola, enquanto uma instituição social voltada para o
desenvolvimento e manutenção da cidadania, tem uma nobre missão como a de preparar o
indivíduo no processo para a vida em sociedade, na transmissão de conhecimentos,
desenvolvimento de habilidades, valores, atitudes, bem como na formação para cidadania a
fim de que este seja um cidadão crítico e participativo.

E para que ela cumpra com estas exigências, deve primar por uma gestão responsável,
que garante a sua sobrevivência e o seu funcionamento regular, gestão esta que deve incluir
em seu programa a planificação, a concepção, a iniciativa de actividade, o controlo das
actividades e dos resultados na base de recursos disponibilizados. Nunes (2013).

2.1.6. Conceito de educação

A palavra educação surge pela primeira vez na Grécia, e a sua difusão aconteceu com
a expansão do território romano e a adopção do latim enquanto língua oficial. Ela tem origem
em dois verbos latinos, educare que traduzido significa alimentar, cuidar, criar, transmitir
19
informações a alguém (estudo), (acção de fora de para dentro de), e educere que significa
extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo (educação), (acção de dentro de
para fora de).

Segundo o Manual do Tronco Comum publicado pelo Instituto Superior de Ciências e


Educação à Distância (ISCED), a educação é uma experiência social, mediante a qual a
criança descobre-se a si mesma, desenvolve suas relações com os outros, adquire bases do
conhecimento e do saber fazer. Essa experiência deve iniciar-se antes da idade escolar
obrigatória, sob diferentes formas, além de envolver a família e a comunidade de base.
Jacques Delors citado no Manual acima referenciado

Para Westbrook (2010, p. 37) a educação é o “processo de reconstrução e


reorganização da experiência, pelo qual percebemos mais agudamente o sentido, e com isso
nos habilitamos a melhor dirigir o curso de nossas experiências futuras”. É um fenômeno
direto da vida, tão inelutável como a própria vida, e constitui a característica mais particular
da espécie humana, desde que emergiu do nível puramente animal para o nível mental ou
espiritual, acrescenta o autor.

Revisando o Dicionário Breve de pedagogia 2ª edição, este termo aparece definido


como o processo de desenvolvimento e realização do potencial intelectual, físico, espiritual,
estético e afetivo existente em cada criança. Também o designa como o processo de
transmissão da herança cultural às novas gerações.

De acordo a Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, Lei nº 17/16, de 7 de


Outubro, alterada pela Lei nº 32/20 de 12 de Agosto,

Educação é um processo planificado e sistematizado de ensino e


aprendizagem, que visa preparar de forma integral o indivíduo para as
exigências da vida individual e colectiva e se desenvolve na convivência
humana, a fim de ser capaz de enfrentar os principais desafios da sociedade,
especialmente na consolidação da paz e da unidade nacional e na promoção
e protecção dos direitos da pessoa humana e do ambiente, bem como no
processo de desenvolvimento científico, técnico, tecnológico, económico,
social e cultural do país. ( nº 1 do artigo 2º).

A palavra educação tem sido utilizada, ao longo do tempo, com dois sentidos: social e
individual, Haydt (2011). Do ponto de vista social, explica a autora, a educação é concebida
como a ação que as gerações adultas exercem sobre as gerações jovens, esta acção é
manifestada através da orientação destes, por meio da transmissão de conhecimentos, normas,
valores, crenças, usos e costumes aceites pelo grupo social, já do ponto de vista individual, a

20
educação é o desenvolvimento das habilidades e potencialidades de cada indivíduo, tendo em
vista o aprimoramento de sua personalidade.

A educação constitui um processo que contribui para o asseguramento da continuidade


da cultura, L. Silva e Ferreira (2014).

Educação é um processo pelo qual uma sociedade molda os indivíduos que a


constituem, assegurando sua repetição ou continuidade histórica, pois o
processo de escolarização dura por toda a vida; mostrando-nos que a
sociedade pode moldar seus indivíduos de acordo com o seu interesse
particular, visando repassar a seus membros, suas significações, valores,
saberes e interpretações do mundo, utilizando o meio que mais o favorece: a
escola. (p. 8).

Entendida como um processo, na visão de Oliveira (2018), a educação contribui para


tornar os indivíduos mais conscientes na necessidade de fazer tudo quanto for necessário para
a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária, visto que cidadãos bem
instruídos contribuem de forma mais decisiva para a promulgação de leis que tornam reais os
direitos humanos e a democracia.

Kruppa (1993), vai mais além explicando que a educação pode ser conceituada de
duas formas, informal e formal, enfatizando que a educação informal é aquela sem forma,
aquela que acontece fora do ambiente escolar, e a educação formal é percebida, na óptica do
autor, como aquela que se desenvolve dentro do espaço escolar, obedecendo critérios e
normas para o agrupamento dos alunos, e engloba um conjunto de profissionais com papéis
diferenciados nomeadamente o professor, o Director, e outros. Esta forma de educação,
podemos entendê-la como aquela que dá-se de forma institucionalizada e sistematizada.

Corroborando com Kruppa (1993), Kundongende (2013, p. 51), também concebe a


educação sob o ponto de vista formal e informal:

A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no
ensino escolar institucionalizada, cronologicamente gradual e
hierarquicamente estruturada, a que tem lugar nas escolas, colégios e
instituições de ensino superior, tendo currículos e regras de certificação
claramente definidas. A educação informal, porém, define-se como um
processo de aprendizagem social, que normalmente se realiza fora dos
quadros do sistema formal de ensino, onde as crianças e jovens adquirem e
acumulam conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho
e no lazer.

No entanto, em linha geral, podemos perceber que a educação é um processo de


ensino-aprendizagem. Ela pode ocorrer em diferentes lugares de maneira intencional ou não,

21
pois este processo pode ser realizado a partir da observação do aprendiz. Araújo e Braga
(2019).

2.1.7. Conceito de ambiente escolar

O ambiente escolar diz respeito ao meio escolar, ou seja, ao conjunto de todos os


elementos do espaço escolar tais como o próprio edifício, o mobiliário, os meios de ensino, e
entre outros aspectos que influenciam na saúde de todos que a frequentam, bem como no
aproveitamento do processo de ensino. O ambiente escolar mostra-se rico na variedade de
sujeitos e suas origens. É o local ideal e apto para se pontuar um trabalho que aborda a
riqueza do repertório cultural popular, sabedoria que origina-se no seio do imaginário popular
e espelha todas as suas expectativas, sua visão de mundo e conhecimento sobre o
funcionamento e origem de tudo aquilo que é conhecido, e até desconhecido.

De acordo com Filloux (2010), por ambiente escolar, pode-se compreender tanto a sala
de aula como o estabelecimento no qual está situada. Trata-se de uma associação mais extensa
do que a família, menos abstrata do que a sociedade política. Nela, pode se formar o hábito da
vida em comum na classe, a vinculação à essa classe e mesmo à escola, da qual a classe é
apenas uma parte

O espaço escolar é, ao mesmo tempo, o conjunto de materialidades que compõem os


variados ambientes frequentados por educadores e estudantes, “é o espaço sentido, o espaço
de consciência, onde se realizam as atividades de ensino e aprendizagem”. Almeida e
Carpinteiro (2008, p.6).

2.1.8. Conceito de multiculturalismo

O termo multiculturalismo é adotado para indicar a existência de culturas


diversificadas numa mesma comunidade, região ou país, considerando que nenhuma das
culturas ali presentes predomina sobre as outras, (Cilato & Srtori, 2015). Estes autores
explicam que o referido termo constituiu-se por um movimento social que teve início nos
E.U.A, visando à luta pelos direitos civis dos grupos dominados, ganhando força apenas no
âmbito estadunidense e mundial, pois os grupos silenciados num primeiro momento não
calaram sua voz e se uniram nos movimentos sociais reivindicando seus direitos.

Para Zanin e Lemke (2017), multiculturalismo refere-se aos estudos voltados sobre as
diferentes culturas espalhadas em diversos lugares do mundo, já que não há uma única

22
cultura, mas sim culturas. É um termo que tem sido compreendido como um campo teórico,
prático e político que busca respostas à diversidade cultural e desafios a preconceitos, com
ênfase na identidade como categoria central para se pensar em uma educação valorizadora da
pluralidade no contexto escolar, acrescentam os autores.

De acordo com Rocha, Santos, Triani, Columá e Chaves (2020), multiculturalismo


pode ser percebido de um ponto de vista meramente folclórico, voltado para festas típicas,
comidas, sotaques ou de maneira a uni-las, levando em consideração questões que critiquem a
forma como tal cultura se apresenta, questionando as relações de desigualdade de poder entre
elas, a construção histórica do preconceito e da discriminação. Para Canen (2014), o
multiculturalismo pode ser entendido como a diversidade de culturas existente em uma
sociedade, tratando-se das relações entre culturas, trazendo conflitos gerados pelas suas
relações e interações.

2.2. Revisão bibliográfica

Partindo do pressuposto de que toda obra científica deve ter um embasamento teórico,
neste item procurou-se apresentar de forma muito detalhada alguns dos aspectos que já foram
discutidos por diversos autores sobre o tema abordado. Assim, começou-se com uma
abordagem sobre a Diversidade cultural e seu enquadramento no contexto escolar, seguido da
análise sobre a escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura, bem como os
seus desafios frente à diversidade cultural, a gestão da diversidade cultural no ambiente
escolar, o papel do gestor escolar face à diversidade cultural no ambiente escolar, os desafios
dos docentes diante da diversidade cultural em sala de aula e por fim analisou-se o impacto da
diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem.

2.2.1. A diversidade cultural

Todo ser humano, ao nascer, já é membro integrante de uma cultura. O homem, no


sentido amplo da palavra, é o resultado da interação dialeticamente estabelecida entre os
processos intrapessoais e interpessoais que se constituem e se transformam numa determinada
cultura, Furtado (2014).

A diversidade, pode ser percebida nos costumes das pessoas, e muitas vezes é tida
como divertida, mas nalgumas vezes agimos de maneira preconceituosa ao nos depararmos
com certos hábitos e costumes característicos de cada povo, tais como a maneira de se vestir,
de cumprimentar, etc. Tudo isto é característico da diversidade cultural.

23
A diversidade cultural é a representação das diferentes manifestações culturais, como
as línguas, tradições, hábitos e costumes, formas de pensar, agir, hábitos alimentares, ou até
mesmo as diversas formas de organização e modelos de família de certas pessoas pertencentes
a grupos claramente distintos. Também, pode ser concebida, do ponto de vista de Ramalho
(2015), como o conjunto das diversas culturas existentes numa sociedade, sendo que cada
grupo tem as suas peculiaridades, expressando de forma diferente os seus valores culturais em
diferentes épocas e lugares por meio das suas atitudes.

Furtado (2014), acrescenta que a diversidade cultural são as diferenças culturais que
existem entre o ser humano, considerando que existem vários tipos, tais como: a linguagem,
danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da sociedade, ou seja, é o
conjunto das diferenças culturais, pluralidade e a multiplicidade de culturas ou de identidades
culturais.

Não é errôneo afirmar que na sociedade contemporânea, a temática da diversidade, do


ponto de vista cultural, permeia uma série de interesse e discussões devido ao seu
estabelecimento nos mais diversos espaços de debates no campo acadêmico, bem como em
outras esferas da sociedade. Por outro lado, “ao ser analisada do ponto de vista cultural, a
diversidade pode ser apresentada a partir de uma construção histórica, cultural e social das
diferenças”. Gomes (2008, p. 17) citado por Batista (2017, p. 169).

Este interesse sobre os estudos referentes à cultura e aos fenômenos da diversidade


cultural não são recentes. De acordo com Batista (2009) a origem desta área de investigação
situa-se nos finais da década de 50 do século XX, na Inglaterra, e institucionalizou-se em
1964 com a criação do Center of Contemporary Cultural Studies-Centro de Estudos Culturais
Contemporâneos (CCCS) pelo professor de Literatura Moderna em Língua Inglesa, Richard
Hoggart, na Universidade de Birmingham, em Inglaterra, embora os principais alicerces
conceituais para a percepção da diversidade cultural já terem sido mencionados antes por
Claude Lèvi-Strauss (1950), em seu ensaio Raça e História como pontuam Kauark, Barros,
Torreão e Miguez (2015):

A compreensão da inexistência de uma relação de causa e efeito entre as


diferenças culturais e as diferenças no plano biológico; a defesa da
dinamicidade histórica da diversidade; o reconhecimento de que operam
simultaneamente nas sociedades tanto forças que acentuam as permanências
e as particularidades, quanto outras que agem na facilitação de
convergências e das afinidades. (p. 9)

24
Além dos autores já referidos acima, sob o ponto de vista teórico, Batista (2009),
afirma que o desenvolvimento de estudos de índole cultural também teve respaldo nas obras
de Roland Barthes, Henri Lefebvre e Fanon, na França, e Fiedler no EUA, e ainda grande
influência por parte do CCCS, sublinhando que este Centro, fazendo um recuo às suas
origens, suas actividades visavam na promoção da cooperação entre as diversas áreas do
conhecimento a fim de estimular a investigação interdisciplinar e a interligação prioritária a
temas da actualidade como estudos ligados à política cultural, aspectos ligados à raça, etnia e
língua.

Actualmente, esta questão tem merecido a devida atenção na política do ponto de vista
geral à nível nacional e internacional, e as discussões concernentes ao assunto têm como foco,
a construção de democracias multiétnicas, a convivência pacífica com base no respeito a
opiniões diversas, bem como no respeito e valorização da diversidade em todas as esferas da
sociedade.

A título de exemplo, ao nível internacional, destaca-se a Convenção sobre a Protecção


e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO e a Declaração Universal
da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. Por um lado, lendo a Convenção em epígrafe, no
seu nº 1 do artigo 4º destaca-se a diversidade cultural como a multiplicidade da forma pelas
quais as culturas dos grupos e sociedades encontram sua expressão. De acordo ao documento,
a diversidade cultural manifesta-se não apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se
enriquece e se transmite o patrimônio cultural da humanidade mediante a variedade das
expressões culturais, mas também através dos diversos modos de criação, produção, difusão,
distribuição e fruição das expressões culturais, quaisquer que sejam os meios e tecnologias
empregadas.

Por outro lado, a diversidade cultural também tem merecido especial atenção por parte
da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural pelo facto desta tratar de
forma específica assuntos relacionados a este tema. De realçar que a referida Declaração foi
aprovada em 2001 com o objectivo de garantir a valorização dos saberes e o respeito a todas
as pessoas, independentemente de suas distinções.

Este documento, consagra, no seu art.º nº 1 a Diversidade Cultural como Património


Comum da Humanidade, defendendo que a cultura assume diversas formas ao longo do
tempo e do espaço, diversidade esta que encontra-se inscrita no carácter único e na
pluralidade das identidades dos grupos e das sociedades que formam a Humanidade.

25
Enquanto fonte de intercâmbios, inovação e criatividade, a diversidade cultural é tão
necessária para a Humanidade como a biodiversidade o é para a natureza. Neste sentido,
constitui o património comum da Humanidade e deve ser reconhecida e afirmada em
benefício das gerações presentes e futuras.

Outrossim, no seu art.º 3º, a Declaração consagra a diversidade cultural como factor
de desenvolvimento, tendo em conta que a cultura alarga o leque de opções à disposição de
todos; é uma das fontes de desenvolvimento, entendido não apenas em termos de crescimento
económico, mas também como meio para alcançar uma existência intelectual, emocional,
moral e espiritual mais satisfatória.

No entanto, é fundamental que se valorize o respeito pela diversidade cultural dentro


da sociedade, para se evitar o desenvolvimento de preconceitos, facto que acontece quando
não existe espaço para que o outro se expresse, tornando-se motivos para a inexistência ou
mesmo o impedimento do intercâmbio cultural.

Desta feita, a aceitação e o respeito pela diversidade cultural são fatores essenciais
para a tolerância e para uma convivência pacífica e harmoniosa entre os diferentes grupos
existentes dentro de uma sociedade, onde os adultos enquanto membros ativos desta
sociedade, são os responsáveis pela forma como os mais novos vêem o mundo e como
aceitam os outros à sua volta, independentemente da sua nacionalidade, raça, etnia ou cultura.
Neste sentido, é dever de todos aceitar, respeitar e tratar com dignidade e igualdade todos
aqueles que nos rodeiam e interagem connosco, seja em qualquer contexto social.

2.2.1.1. A diversidade cultural no contexto escolar

A diversidade cultural envolve a variedade de culturas manifestada através da


linguagem, do comportamento, do vestuário, das crenças, dos valores, dos posicionamentos
políticos, da orientação sexual, das tradições, das artes e de toda forma de expressão.

Nos dias de hoje, esta temática tem assumido um papel fundamental no contexto
educativo. Ela está presente no cotidiano escolar, manifestando-se de diferentes formas, quer
seja através da criação, produção, expressão cultural, bem como em diferentes representações.
Assumindo este papel preponderante no contexto educacional, sua abordagem fora do
contexto educativo, significa permitir que, a existência de diferenças entre os alunos conduza
os mesmos a actos como a intolerância, a discriminação e outras consequências fruto do
preconceito. Por outra, a relevância desta abordagem dentro do campo escolar, explica-se pelo

26
facto de, no momento em que a escola desenvolve as suas práticas pedagógicas, procura
atender a sua clientela de forma igualitária e democrática, tal como elucida Leite (2014).

Para Nunes (2013, p. 33), “esta igualdade ou democratização do ensino, surge no


intuito da abertura de uma escola que atende alunos provenientes das mais diversas origens
não só étnica e religiosa, mas também socioeconómicas e culturais”. Neste contexto, é urgente
e pertinente a tomada de consciência por parte de todos os agentes educativos para a reflexão
sobre a questão da diversidade cultural no âmbito escolar, com vista a dar respostas
satisfatórias aos múltiplos desafios que advêm em detrimento desta diversidade, acrescenta o
autor.

Uma outra relevância na abordagem da diversidade cultural no contexto escolar,


conforme Corrêa (2010), vê-se no facto de permitir uma reflexão profunda sobre a construção
de uma escola mais democrática, inclusiva e aberta para a convivência com as diferentes
expressões culturais, a fim de se estimular os movimentos de afirmação da identidade cultural
dos diferentes grupos presentes no ambiente escolar. E, neste contexto, considerar a
diversidade cultural é aceitar que cada ser é único dentro do processo educativo, sendo
necessário entender também que cada um precisa entender-se e aceitar-se, e dentro deste
processo o professor deve aceitar-se como um ser diferente, com potencialidades e fraquezas.
Sousa et al (2015).

Para Nunes (2013), reflectir sobre a escola e a diversidade cultural significa


reconhecer as diferenças, respeitá-las, aceitá-las e colocá-las no cerne do processo educativo.
Nesta perspectiva, urge olhar cada aluno como um ser único, individual, com conhecimentos,
interesses e estilos de aprendizagem diferentes, dando voz às diferenças de idade, de sexo, de
personalidade, hábitos familiares, proveniência social, entre outros. A prática pedagógica, ao
reconhecer e se apropriar da diversidade, tem a probabilidade de enriquecer o seu leque de
experiências que possibilitam o aprimoramento da praxis educativa, face aos desafios que a
modernidade exige das acções escolares.

É importante aqui destacar que dentro de uma sociedade, a cultura não é homogênea.
Como afirma Leite (2014), ela inclui conhecimentos sobre as diversas manifestações culturais
como crenças, arte, moral, costumes e hábitos adquiridos pelo Homem como herança do
grupo social a que este faz parte, visto que cada grupo é identificado por um tipo de cultura
que o diferencia um do outro. Conforme Martinazzo, Schmidt e Burg (2015), o espaço escolar
constitui-se num território rico e fértil onde ocorrem tais manifestações culturais e vivências

27
de valores referidos por Leite(2014). Diante desta realidade, é necessário que a escola
trabalhe e considere os conceitos como o respeito mútuo, a liberdade de expressão e a
solidariedade em relação aos outros, e para que isto seja uma realidade, os educadores e
educandos, bem como todos os agentes afectos ao espaço escolar, precisam sentir-se
integrantes e representantes de uma determinada cultura e abertos às influências recíprocas,
procurando compreendê-las.

Neste contexto, a escola como parte da sociedade, constitui-se num espaço formado
por uma população com hábitos, crenças e costumes diferentes, e este facto é condição
essencial para o aumento e desenvolvimento do cenário da diversidade de culturas neste
ambiente em detrimento da convivência que se verifica a cada dia neste local. Para
Kadlubitski e Junqueira (2009), é um espaço que possui a vantagem de ser uma das
instituições sociais em que é possível o encontro das diferentes presenças, um espaço
sociocultural marcado por símbolos, rituais, crenças, culturas e valores diversos.

A questão da diversidade cultural neste âmbito, deve ser encarada com naturalidade
pela escola visto que a desigualdade, são manifestações normais dos seres humanos é tão
normal quanto a própria vida, e devemos acostumar-nos a viver com ela e a trabalhar a partir
dela. Dias (2010).

Na perspectiva de Gadotti (1992), a diversidade cultural é uma riqueza da


humanidade, e para a salvaguarda deste património humano, a escola deve mostrar aos alunos
que existem outras culturas além da sua, e a partir desse pensamento, tal como explana o
autor, a escola tem que ser local como ponto de partida, mas internacional e intercultural
como ponto de chegada, ou seja, deve ser autônoma, e esta autonomia refere-se a curiosidade,
audácia e no diálogo com todas as culturas e concepções ao seu redor.

Dizer que, a diversidade cultural é um facto que não deve ser descurado quando se
quer estudar aspectos relacionados à sociedade. Defender a sua valorização é importante na
medida em que, particularmente, ao ser considerada no ambiente escolar, a criança acaba por
adquirir hábitos de empatia, responsabilidade, criatividade e habilidades na resolução de
problemas. Outro sim é que a defesa da diversidade cultural, além de ser importante para o
desenvolvimento de hábitos necessários para o desenvolvimento integral da criança ou da
nova geração, implica, ainda, um imperativo ético, um facto indissociável do respeito pelos
direitos humanos e um compromisso para com os direitos humanos e liberdades

28
fundamentais, como espelha o art.º 4º da Declaração Universal da UNESCO sobre a
Diversidade Cultural.

Portanto, a diversidade cultural traduz-se na variedade das identidades de cada povo e


o que faz com que este seja único no mundo. Sua abordagem no contexto escolar, como
afirma Silva (2011), realiza-se, por tanto, a partir do encontro de nossos valores simbólicos,
econômicos, culturais e sociais. Neste âmbito, a diversidade cultural diz respeito a uma
coexistência de várias etnias e culturas dentro do ambiente escolar. Segundo Lima (2018), ela
emite uma grande importância ao ser abordada dentro da escola, pois é através dela que novos
conhecimentos são adquiridos. Tanto os profissionais da educação quanto os alunos, ao se
depararem com a diversidade de cultura adquirem novos conhecimentos, pois esse contato
com o novo gera outras experiências e novas descobertas consideradas vitais para o processo
de ensino-aprendizagem. Vale realçar que, estas diferenças além de serem vitais para o
processo de ensino-aprendizagem, também podem contribuir para a melhoria da metodologia
do educador, visto que este,

ao perceber a diversidade dos alunos, o professor deve se posicionar de


forma que consiga interagir com todos, suprimindo a necessidade de grupos
homogêneos. É um momento em que o educador consegue discernir as
divergências e convergências que permeiam o perfil de sua sala de aula, e
por conseguinte, promove a socialização do conhecimento, tornando-o
promotor do diálogo. (Lima, 2018).

É importante que toda política desenvolvida em torno do sistema educacional, deve


constar da sua agenda assuntos relacionados à diversidade de culturas, visto que esta permite
o desenvolvimento de relações saudáveis e humanas dentro do ambiente escolar, e não só, tal
como debruçamos nos subcapítulos anteriores, considerar a diversidade cultural neste âmbito,
significa permitir a existência do respeito pelas diversas formas de pensar e de agir, para que
todos sintam-se integrantes e representantes de uma determinada cultura.

2.2.1.2. A Escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura

A escola é um espaço social onde se desenvolve o processo de ensino-aprendizagem,


processo este que está relacionado com a percepção do mundo à nossa volta, que por sua vez
caracteriza-se pela diversidade do modus vivendi de cada um. Pelo facto de ela ser parte da
sociedade, este processo, o de ensino-aprendizagem, é caracterizado como social, e a relação
estabelecida em sala de aula é tida como um acto rico, pois nos põe em contacto com outras
culturas, outras pessoas, outros mundos, outras formas de pensar, de agir e de sentir. E como

29
espaço onde se desenvolve o processo de ensino-aprendizagem, esta deve proporcionar uma
educação que visa no aperfeiçoamento da cidadania de todos que a integram. Leite (2014).

Segundo Demenech (2014, p. 40), “a escola constitui-se numa instituição específica


para a instrução, um local de transmissão de hierarquias, valores, princípios de ordem social,
representações mentais”, ou seja, uma instituição socializadora, de produção e transmissão de
uma cultura que permitirá ao indivíduo agir face a factores internos, externos, sociais e
políticos. Como instituição socializadora, Cardoso e Lara (2009), afirmam que esta cumpre
uma função puramente conservadora que é a de garantir a reprodução social e cultural do
cidadão e da nova geração, em particular, como requisito para a continuidade da sociedade.

Desta forma, e como confirma Leite (2014) sistematizar, propagar e difundir os


conhecimentos elaborados historicamente pela sociedade, é função primordial e social da
escola, e em função disso, o sistema educacional deve estar constituído de metodologias
socializadoras de formação de sujeitos capazes de se tornarem agentes de protecção aos
processos de normatização social.

De acordo com a Lei nº 17/16 de 7 de Outubro – Lei de Bases do Sistema de


Educação e Ensino,

O Sistema de Educação e Ensino deve promover o respeito pelos símbolos


nacionais e a valorização da história, da identidade nacional, da unidade e
integridade territorial, da preservação da soberania, (...) bem como dos
valores morais, dos bons costumes e da cidadania. (art.º 15º).

Assim, a escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura, conforme


elucida Leite (2014, p.16) “se estabelece num lócus excepcional de um conjunto de
actividades que de maneira sistemática, continuada e ordenada, deve debater pela formação de
princípios da pessoa enquanto cidadão, situando-lhe frente ao mundo social”. Sendo uma
instituição social cujo fim destina-se na produção e reprodução do saber e da cultura,
Pietroski (2014), considera que a escola constitui-se num espaço privilegiado para o processo
de reapropriação e interpretação da cultura, e é através desse processo que as normas, regras e
estatutos gerados e impostos pelos sistemas de ensino são revigorados e adaptados à realidade
de cada escola.

2.2.1.3. A escola e os seus desafios frente à diversidade cultural

A escola, enquanto espaço onde coexistem diversas culturas, e por se constituir numa
instituição presente e parte da sociedade, frente à pluralidade cultural, assume um grande

30
desafio que vai além daquilo que é o ensino das ciências, ou seja, de acordo com Monteiro
(2020), ela detém a responsabilidade de formação do sujeito com a oferta de condições
necessárias para que estes possam conviver e interagir em sociedade dentro dos padrões éticos
e morais. Outrssim, esta educação, perpetuada pela escola, deve preparar os alunos para o
reconhecimento da pluralidade e da diversidade com base no respeito e tolerância recíproca, e
para isso, a escola precisa assumir todas as culturas, reconhecendo-as e valorizá-las, com vista
a construção de uma sociedade unificada e justa com oportunidade para todos. Nunes (2013).

Partindo deste pensamento, pode-se dizer que são vários os desafios que a escola deve
assumir face ao contexto da diversidade cultural e para o sucesso daquilo que é a sua missão.
Sendo assim, Silva e Pereira (2013) listam alguns dos vários desafios que à escola cabe diante
do contexto da diversidade, reconhecendo que neste âmbito a escola deve:

 Constituir-se num espaço de desenvolvimento da convivência democrática entre


indivíduos de origens, níveis socioeconómicos, dogmas e costumes diferentes, bem
como visões de mundo diversas daquelas que compartilham em família;
 Ser um dos lugares onde são ensinadas as regras do espaço público para o convívio
democrático com a diferença;
 Apresentar à criança ou ao jovem conhecimentos sistematizados sobre o país e o
mundo, fornecendo subsídios para debates e discussões em torno de questões sociais.

Ainda na perspectiva de Silva e Pereira (2013, p. 53), “a escola deve assumir um


compromisso perante a sociedade que a envolve, posicionando-se criticamente e criando
novas formas de relação social e interpessoal”. Para que isso ocorra, segundo as autoras, mais
do que ensinar a pluralidade cultural, a escola deve vivenciá-la, conhecer a sua comunidade,
bem como os valores adoptados por elas e possibilitar o intercâmbio de informações para
permitir ao indivíduo o conhecimento e o respeito pela diferença daqueles que com ele
interage.

Carvalho (2013), por sua vez, recomenda que a escola, frente à diversidade de
culturas, deve funcionar tendo em vista a construção da democracia, pautando por políticas
que visam na promoção de princípios éticos, liberdade, respeito mútuo, justiça, equidade,
solidariedade e diálogo no seu cotidiano. E, como aponta Fonseca (2021), a escola como
responsável pela promoção destes princípios a que refere Carvalho, deve também, promover
valores de modo que as crianças e jovens aprendam a lidar com a diferença, reconhecendo
que todos têm os mesmos direitos e deveres. Porém, deve-se considerar também indispensável

31
o papel dos docentes na abordagem clara, simples e realista destes conceitos, uma vez que a
integração e o sucesso educativo dos alunos é um indicador importante de integração social,
de desenvolvimento e de coesão social.

Neste sentido, a escola deve ser um local de aprendizagem de regras que permitem o
reconhecimento das diferenças, pactuando com Oliveira (2018), quando explica que a escola
deve reunir um conjunto de estratégias baseadas em programas curriculares que expressam a
diversidade de culturas de forma a se eliminar os preconceitos e as discriminações decorrentes
das diferenças raciais, étnicas e culturais. Trabalhar a diversidade cultural na escola, exige que
esta alimente uma “cultura de paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e
na noção de cidadania compartilhada por todos. O aprendizado, neste contexto, deve ocorrer
num clima em que todas as diferenças de culturas sejam consideradas e respeitadas por cada
um.

De facto, a escola deve entender a diversidade cultural (diferentes origens, classes


sociais, valores) não como algo diminuído, fazendo com que todos pareçam iguais quando
não são, mas como algo enriquecedor para um currículo autónomo com objectivos
específicos, mostrando as diferenças, valorizando-as, fazendo do espaço escolar um lugar para
o exercício de uma educação mais feliz para todos, onde valores e culturas existem com
respeito e entendimento de ambas as partes. A escola deve ser um espaço de inclusão, onde os
gestores, professores e alunos estabeleçam um compromisso com base na coesão social, e
para isso, Oliveira (2010), destaca que é preciso que haja um trabalho em conjunto com os
alunos, a equipa docente, os demais membros da escola e a comunidade para a formação de
indivíduos críticos, conscientes, actuantes e que reconheçam a diversidade cultural como
factor natural do ser humano.

No entanto, a escola no desenvolver da sua função, num contexto multicultural, seu


desafio deve estar pautado na promoção do respeito pela diversidade, da tolerância e no
desenvolvimento de acções democráticas, considerando as diversas formas de pensar, agir e
sentir, bem como defender informações indispensáveis que tenha em vista a construção de
uma cultura escolar baseada na vivência e no respeito pela diversidade. Outrossim é que a
“escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas além da sua, ela tem que ser
local como ponto de partida, mas internacional e intercultural como ponto de chegada”,
Gadotti (1992, p. 23). Nesta mesma linha de pensamento, Fonseca (2021), diz que a escola,
em detrimento da sua função deve dar resposta à realidade pluricultural que caracteriza a

32
população escolar, dado que só assim será possível incluir todas as particularidades de cada
cultura e dar-lhes o devido valor, destacando cada detalhe que as torna singulares.

Assim, pode-se perceber que, dentre os vários desafios hoje da escola no contexto da
diversidade cultural, destaca-se o reconhecimento da diversidade neste âmbito, como
elemento inseparável da identidade nacional e regional de seus educandos, pois esse
reconhecimento implica na superação de qualquer tipo de preconceito e no ensino ao
educando da valorização das especificidades dos grupos que compõem a sua escola e os seus
vínculos afectivos.

2.2.2. A gestão da diversidade cultural no ambiente escolar

Actualmente, os assuntos referentes às desigualdades ou diversidade de culturas, têm


ganhado destaque e interesse no campo político à nível nacional e internacional,
particularmente no contexto educativo, facto que tem desafiado os educadores e gestores
escolares na construção de novas práticas pedagógicas e administrativas para a promoção de
uma educação democrática, inclusiva e de qualidade.

Estes interesses políticos encontram-se expressos em legislações que visam a


regularização do sistema de ensino. Mas, estas intenções políticas só, não bastam quando se
pretende produzir um sistema de ensino democrático e inclusivo, tal como explana Sousa
(2000), referindo que estas políticas devem, para o efeito, estar acompanhadas de concepções
críticas do próprio currículo, por parte dos professores, uma vez que a verdadeira
democratização da educação tem mais a ver com a capacidade que a escola e os seus actores
têm de acolher no seu meio, sem exclusão ou discriminação, a enorme diversidade social e
cultural de sua clientela. “Neste contexto, um princípio ético e político de justiça social deve
orientar não só as práticas pedagógicas dos professores nas escolas, mas também a própria
selecção do saber para o currículo”. (Pinto, 1998, p. 70).

A gestão da diversidade do ponto de vista geral, consiste na adopção de medidas


administrativas que garantam que os atributos pessoais, ou de grupo, sejam considerados
recursos para melhorar o desempenho de uma determinada organização. Alves e Silva (2004).
De acordo com esta definição, pode-se perceber a gestão da diversidade no contexto
educacional como um conjunto de práticas administrativas que têm por objecto a promoção
de uma educação democrática, inclusiva e o reconhecimento das particularidades dos alunos.

33
Elma Carvalho (2012), entende que a gestão da diversidade cultural no contexto
escolar, prevê um conjunto de acções e uma nova cultura organizacional onde a diversidade
não deve ser encarada como um problema, mas como uma oportunidade que possibilitará a
boa convivência e uma aprendizagem eficaz e eficiente para todos.

Dentro do ambiente escolar a gestão da diversidade é fundamental. Há escolas que no


desenvolvimento da sua missão têm pautado por políticas que visam na construção de uma
educação multi/intercultural, defendendo que a aprendizagem não pode continuar da mesma
forma, isto é, seguindo um padrão único de currículo e de práticas pedagógicas advindas de
uma formação pedagógica monocultural. Liston (2019). Para Dalben e Nabuco (2021),
quando a diversidade cultural não é administrada adequadamente, há a possibilidade de
aumento da rotatividade, de maior dificuldade de comunicação e de mais conflitos
interpessoais, e esta realidade pode comprometer o sucesso do processo de ensino.

No ambiente escolar, a gestão da diversidade cultural deve estar vinculada a um


conjunto de acções que atribuem ao gestor uma responsabilidade especial na promoção de
atitudes positivas por parte de toda a comunidade envolvida no processo educativo. Estas
acções, segundo (Elma Carvalho, 2012), devem estar voltadas em políticas que promovem
certos valores como: o reconhecimento e o respeito das diferenças, o incentivo de atitudes de
aceitação e de valorização da diversidade por parte da comunidade educacional, a formulação
de um projecto educativo que contemple a atenção pela diversidade e o desenvolvimento de
relações de colaboração e intercâmbio com outras escolas da comunidade.

Um outro aspecto a considerar na gestão da diversidade cultural, neste contexto, tem a


ver com o reconhecimento e o respeito das particularidades de cada aluno, ou seja, e como
aponta Sousa (2000), a escola não deve silenciar ou ofuscar os padrões culturais que cada
aluno trás consigo, pois deve se ter a consciência de que estes, são seres sociais portadores de
crenças, valores, atitudes e comportamentos adquiridos fora do meio escolar que devem ser
contemplados, ou melhor, estes valores devem ser considerados como uma riqueza da
humanidade e fonte para a produção de novos conhecimentos.

Logo, para que a gestão da diversidade cultural dentro do espaço escolar seja um
facto, é preciso um olhar atento e cuidadoso por parte do gestor para que o sucesso da mesma
não seja colocado em causa. Nesta perspectiva, os gestores escolares devem, no exercício das
suas funções, reconhecer as diferenças existentes dentro do espaço escolar e trabalhá-las
mediante uma postura crítica e reflexiva para a promoção do respeito pelas determinadas

34
culturas existentes dentro deste ambiente, e não só, como também para promoção de uma
educação democrática e inclusiva, onde cada um nota o reconhecimento e a valorização da
sua cultura, mas tendo em consideração que não existe nenhuma cultura superior ou inferior à
outra.

2.2.2.1. O gestor escolar e o seu papel face à diversidade cultural

A diversidade cultural necessita de ser trabalhada no contexto escolar mediante uma


postura crítica e reflexiva, tal como já foi referido antes, por parte das instâncias
administrativas e pedagógicas, visto que é oportuno a transformação deste espaço num local
onde as diferenças possam ser questionadas e compreendidas para a promoção da reflexão
sobre a multiplicidade de identidades, valores e representações que fazem parte do nosso ser
enquanto sujeitos moldados de diferenças.

Essa postura, na visão de Batista (2017), requer um trabalho colectivo e


descentralizador do contexto escolar, bem como a compreensão da relevância da gestão
escolar. O gestor escolar ao desenvolver as suas acções, deve tomar decisões a favor de
questões que envolvem a instituição num contexto multicultural, e para isso é necessário uma
análise profunda da função do Projecto Político Pedagógico (PPP), principalmente sobre os
assuntos que emergem da diversidade cultural presente no ambiente escolar, devendo o
próprio gestor, bem como os demais profissionais envolvidos na elaboração deste documento
encontrar em torno da sua elaboração e reelaboração, medidas necessárias para suprir as
principais limitações e carências existentes no espaço escolar relativamente à gestão da
diversidade.

Para além da análise profunda do PPP, a organização de um currículo que atenda a


tanta diversidade também constitui um dos grandes desafios para a gestão escolar. Regio
(2015). Martinelli Perrude (2016, p. 8), entendem que para que o currículo atenda à tanta
diversidade é preciso que este seja real e explícito:

É necessário romper com o ocultamento na elaboração de currículos


escolares, visto que a escola é um dos espaços de socialização que congrega
e educa vários cidadãos, e para o cumprimento desta nobre missão, não pode
mais se restringir unicamente aos seus próprios valores, muitas vezes não
reconhecendo os diferentes espaços sociais e culturais por onde os jovens
circulam e elaboram, desenvolvem e aprendem certos valores, hábitos,
visões de mundo e saberes que de alguma forma se tornam elementos
constituidores de identidades. (p. 8).

35
Para isso, é indispensável a função do gestor escolar, visto que, e Conforme aponta
Castro (2016), este profissional é uma personalidade que desempenha um papel bastante
expressivo na construção e materialização de um plano diligente para o funcionamento da
escola, bem como para o sucesso dos sujeitos que dela fazem parte.

Batista (2017), ao analisar as funções do gestor escolar, certifica que este deve criar
condições para a promoção de uma educação democrática, ajustada com as especificidades
dos alunos. Pereira (2020), entende que o exercício da função de gestor escolar requer
comprometimento, capacidade e habilidades administrativas, espírito de liderança, atitudes
democráticas e responsabilidade. Deve adoptar uma postura de trabalho conjunto, onde em
colaboração com a sua equipa e com os demais elementos ligados à comunidade escolar vão
traçar programas de acção para uma gestão que preze o respeito e a valorização das
diferenças, acrescenta o autor.

Liston (2014), também faz menção ao papel deste profissional, o gestor escolar, face à
diversidade cultural no contexto escolar, considerando que este precisa trabalhar a tolerância,
o respeito e o reconhecimento da diversidade em toda a comunidade. Nesta mesma linha de
pensamento, o autor refere ainda que o gestor, diante de um clima multicultural no ambiente
escolar, deve assumir certas tarefas como:

❖ A implementação de políticas pedagógicas, que preveem a cada momento a


articulação necessária para a promoção do fazer coletivo, apropriando-se dos ideais de
atendimento e reconhecimento da diversidade cultural no ambiente escolar;
❖ Envolver-se com a comunidade escolar para a tomada de decisões que garantam uma
formação de qualidade, compreendendo que é necessário a participação de todos neste
processo;
❖ Reconhecer que as diferenças são construções culturais instituídas historicamente nos
relacionamentos dos sujeitos entre si e de grupos sociais que proporcionam a cada um
a percepção da importância da diversidade cultural dentro do ambiente escolar;
❖ Encontrar uma forma própria de trabalhar com as diferenças, como por exemplo, a
promoção de debates que visam transparecer a importância da discussão e análise da
diversidade cultural no espaço escolar.

No entanto, vale considerar que, face à diversidade cultural no ambiente escolar, o


gestor escolar deve procurar analisar esta temática dentro de reuniões pedagógicas, estimular

36
discussões e debates dentro da sala de aula e fazer com que todos se sintam responsáveis pela
promoção de um espaço educativo que visa à valorização da diferença cultural existente
dentro do recinto escolar.

2.2.2.2. O professor e os seus desafios diante da diversidade cultural em sala de aula

A sala de aula constitui um espaço fértil para as relações interpessoais, com vista ao
aperfeiçoamento das aprendizagens dos alunos, levando em conta que estes não são objectos
de aprendizagem e sim os agentes principais que devem ser o centro de conhecimentos que já
trazem do meio em que vivem, pois eles são sujeitos que pertencem a uma sociedade ou a um
grupo social que transmite valores, comportamentos e ideias diferentes.

Segundo Nunes (2013), o professor é um indivíduo que ensina, mas também tem de
perceber que não é só depositar os seus conhecimentos numa determinada sala de aula, para
que o seu papel seja bem desempenhado, nem tão-pouco a capacidade técnica, bem como o
domínio dos conteúdos e da metodologia, estas capacidades são ainda insuficientes para o
aseguramento de uma educação para a diversidade. Para isso, o professor devem, junto às
capacidades referidas acima, alterar e modificar as estratégias de ensino, para que estas
possam estar de acordo às políticas que visam o respeito pela diversidade.

É evidente que na sala de aula o professor também desenvolve um conjunto de


actividades, manifestando certas atitudes e comportamentos que são frutos, para além do peso
da disciplina e saberes escolares adquiridos, duma cultura interiorizada que torna cada um
portador de concepções diferentes dos outros, tal como explana Vieira (1995). Mas estas
actividades, na visão de Carvalho (2013), devem destinar-se na promoção da compreensão,
aceitação e valorização das diferenças, de modo a que possam:

 Estimular a aprendizagem cooperativa entre os alunos;


 Incentivar atitudes de respeito por parte dos mesmos;
 Criar tempo para ouvi-los tanto em grupo como individualmente;
 Desenvolver um relacionamento coerente e justo que gere confiança nos educandos.

A autora acrescenta ainda que os educadores, para a promoção e valorização das


diferenças, as suas práticas em sala de aula não podem voltar-se para um padrão único de
aluno, de currículo e de estratégias pedagógicas, mas sim na uniformização, valorização e
reconhecimento das diferenças étnicas, culturais, de capacidades individuais, de níveis de
instrução, modos de vida e dos modos de aprender.

37
Ainda quanto ao papel do professor perante a diversidade de cultural em sala de aula,
Moreira (2001), sugere três importantes papéis que este profissional deve desenvolver em
suas práticas pedagógicas:

1. Que este se volte tanto para dentro, para a prática, como para fora, para as condições
sociais e culturais em que a prática se desenvolve e contribui para a formação das
identidades docentes e discentes;
2. Deve se questionar tanto sobre as desigualdades como as diferenças identitárias
presentes na sala de aula, buscando compreender e desequilibrar as relações de poder
nelas envolvidas;
3. Deve estimular a reflexão coletiva, propiciando a formação de grupos de discussão e
de aprendizagem nas escolas, por meio dos quais os professores apoiam e sustentam os
esforços de crescimento uns dos outros, bem como a articulação entre diferentes
escolas, entre as escolas e a universidade, entre as escolas e distintos grupos da
comunidade. A ideia é que o professor preserve a preocupação com os aspectos
políticos, sociais e culturais em que se insere sua prática, e leve em conta todos os
silêncios e todas as discriminações que se manifestam na sala de aula, bem como
ampliação do espaço de discussão de sua atuação.

Para além destes aspectos a desenvolver nas práticas pedagógicas, defendidas por
Moreira (2001), o professor não se deve limitar apenas a expor as suas ideias e
conhecimentos, mas sim ser um mediador no processo ensino/aprendizagem, concordando
com Salomão (2007, p.93), quando afirma que, “sendo a escola, por excelência, um local de
sociabilização, o professor deve ir assumindo gradualmente o papel de mediador, dando aos
alunos a oportunidade de constituírem as suas aprendizagens”.

Para isso, é essencial o desenvolvimento de uma convicção por parte dos mesmos que
visa na mudança das suas práticas em sentidos multiculturais e que estes possam estar
munidos de condições e disponibilidade para promoverem mudanças. Cardoso (1996).

Stoer (2008), destaca o papel do professor face à diversidade cultural, fazendo uma
breve comparação das características do professor monocultural e intercultural, sendo este
último, aquele que, em torno do desenvolvimento da sua função respeita e considera a
diversidade em sala de aula. Nesta ordem de ideia, a autora afirma que o professor
multicultural, em sua missão, deve:

38
 Encarar a diversidade cultural como fonte de riqueza para o processo de ensino-
aprendizagem;
 Promover a rentabilização de saberes e de culturas;
 Tornar a diversidade cultural em sala de aula como condição da confrontação entre
culturas;
 Refazer o mapa da sua identidade cultural a fim de ultrapassar o etnocentrismo
cultural;
 Defender a descentração da escola;
 Conhecer as diferenças culturais através do desenvolvimento de dispositivos
pedagógicos na base da noção de cultura como prática social.

A cultura diz respeito a “tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo,
nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade”. (Santos, 1987, p.20-21). Nesta
perspectiva, numa sala de aula, é comum ver alunos de mundos diferentes, sejam eles de
classes sociais e etnias que existem em nossa sociedade, e muitas vezes, professores há que
não conseguem ter uma visão ampliada de tantas culturas que passam despercebidas ou
mesmo ignoradas pelo fato de não saberem trabalhar na diferença.

O aluno é uma pessoa que antes de entrar numa sala de aula, carrega consigo sua
identidade, sua história de vida que não se apagam por simples olhares cegos ou equivocados
no espaço escolar, daí que o professor deve ter um olhar investigador da vida dos seus alunos,
para que avalie seu ensino e adapte as realidades destas culturas que se encontra em sala de
aula. Muitos docentes em sala de aula tem grandes dificuldades de lidar com quem é
diferente, com o estranho, facto que compromete o sucesso do ensino, e deste modo, o aluno
em sala de aula sentir-se-á constrangido pelos seus colegas e pelo próprio professor, levando-
o à desmotivação e consequentemente pondo em causa a sua inserção participativa e crítica no
ambiente escolar. Vejamos a afirmação abaixo:

Os chamados fracassos se devem, pois à dificuldade em lidar com o estranho, com o


desconhecido e com as novas possibilidades de significância, enfim, com o outro,
que, embora sem perceber, constitui o sujeito na sua língua materna. Se, ainda por
cima, a escola reforça esse medo, silenciando o aluno, pela relação castradora do
poder - entre alunos e professores e entre estes e a direcção (coordenação ou
secretaria de educação) os alcances de fracasso são ainda maiores. (Coracini, 2003,
p. 157).

Esta é uma grande realidade conflitante da prática do professor e da própria escola que
desconhecendo ou mesmo sabendo das culturas dos alunos em seu contexto, pouco se tem
feito para a formação específica com os docentes passando as informações básicas para lidar

39
com quem é apenas diferente não por aparência física e sim pela forma de não saber a história
e modos de culturas existentes no educando. Portanto, as diferenças em sala de aula devem
respeitar as culturas individuais de cada aluno.

2.2.3. O impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem

Sabe-se que a cultura é entendida como toda a acção, gestos, comportamentos,


expressões, arte, moral, lei, hábitos, costumes, crenças e outras manifestações que expressam
e ditam as condutas de um grupo dentro de uma sociedade.

Ela está presente em todos os segmentos da sociedade, e a escola não está fora desta
realidade, visto que é um espaço social onde se desenvolvem actividades ligadas ao processo
de socialização, bem como àquelas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem, e por
sua vez recebe várias culturas da comunidade que a integra. Mas, é de realçar que, o aspecto
relacionado à formação de valores e o carácter cultural de todos que a escola recebe, dá-se
fora do espaço escolar, isto é, na família.

Toda a manifestação cultural que surge dentro do espaço escolar por parte da
população que a integra tem grande impacto e relevância no processo de ensino-
aprendizagem. E, visto que a diversidade cultural nos dias de hoje assume um papel
fundamental no contexto educativo, e uma vez que as turmas estão cada vez mais
diversificadas, quer a nível de etnias, religiões e até mesmo de nacionalidades, há a
necessidade de se reflectir sobre o impacto de todas estas diferenças dentro da sala de aula e
consequentemente as suas influências no processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Candau (2008, p. 13), “há uma relação intrínseca entre educação e
cultura, isto pelo facto de não haver educação que não esteja imersa aos processos culturais do
contexto em que se situa”, logo, a autora realça que não é possível conceber uma experiência
pedagógica desvinculada totalmente das questões culturais da sociedade.

Sendo impossível a concepção de uma experiência pedagógica desvinculada dos


aspectos culturais, a sua diversidade na educação acarreta consigo vários efeitos no processo
de ensino-aprendizagem. Como afirma Carvalho (2008), toda aprendizagem baseada em
contextos multiculturais, para além de desenvolver a capacidade na resolução de conflitos e
da tolerância, proporcionam oportunidades para a consolidação de objectivos educacionais de
grande importância tais como o desenvolvimento da autonomia, a compreensão dos direitos
humanos e no desenvolvimento da empatia entre os cidadãos. Oliveira (2017), percebe que a

40
cultura é um tema de extrema importância que deve ser trabalhado na escola juntamente com
os educandos no processo de ensino-aprendizagem, e nesta perspectiva o ensino deve estar
voltado para uma educação humana e multicultural, com o intuito de se construir, com base
nos princípios éticos, o respeito e a convivência entre as diversas realidades existentes no
ambiente escolar.

Corroborando a ideia acima, Carvalho (2008), refere que a diversidade que coexiste
em contextos escolares implica importantes vantagens no campo educativo para todos os
alunos, o autor prevê que em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir
conflitos que por sua vez constituem-se numa mais-valia, não só como um desafio a resolver,
mas como uma excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância em sociedade cada
vez mais heterogênea e conflituosa. Mas, também é preciso entender que a diversidade, neste
contexto, não pode ser tratada apenas como um problema, mas como algo precioso, capaz de
contribuir para a boa convivência e maior aprendizagem entre os alunos e a todos que
comungam do mesmo espaço escolar. Liston (2014).

Para isso, Oliveira (2017), enfatiza que a escola deve contemplar as diferenças
individuais e sociais de forma ética, sob pena de assumir uma postura antidemocrática que
reduzirá o respeito pela diversidade, homogeneizando-a e desconsiderando, de facto as
características socioculturais próprias e resultantes das vivências dos alunos. Nesta
perspectiva, ainda de acordo com Oliveira (2017), Quando a escola se fecha em seu mundo e
se acomoda em sua estrutura, encontra-se totalmente desligada da realidade social de todos os
alunos, desligada da realidade cotidiana das crianças, do tipo de experiência ou de vivência no
qual os alunos se sentiriam à vontade.

Um outro aspecto que deve se ter em conta ao se analisar o impacto ou os efeitos da


diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem, é que ela é fundamental para a
construção da vida em sociedade. Diante disso, podemos perceber o grande impacto deste
fenômeno no processo de formação do Homem na opinião de Oliveira (2017), quando afirma
que a cultura traduz-se em princípios que proporciona aos indivíduos uma forma eficaz de ver
o mundo, de como vivenciá-lo emocionalmente e de como se comportar em relação às outras
pessoas, visto que a cultura não é homogênea, ela difere de grupo para grupo. Sem esta
percepção, é impossível a coesão e a continuidade de qualquer grupo humano. Oliveira
(2017).

41
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA

3.1. Metodologia

Etimologicamente, a palavra metodologia, conforme Gerhardt e Silveira (2009, p.12),


significa o “estudo dos caminhos e dos instrumentos utilizados na realização de uma pesquisa
científica”. É uma palavra oriunda dos termos methodos que significa organização, e logos,
que traduzido significa o estudo sistemático, pesquisa e investigação, ou seja, a metodologia,
de acordo a este conceito, significa o estudo da organização dos caminhos a serem percorridos
para a realização de uma pesquisa. Gerhardt e Silveira (2009).

Para Andrade (2010), metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são


percorridos para a busca do conhecimento. “É o conjunto das actividades sistemáticas e
racionais que com maior rigor, segurança e economia, permitem o alcance dos objetivos
traçados”. (Marconi & Lakatos, 2003, p. 83).

Gerhardt e Silveira (2009), concebem metodologia de forma mais abrangente ao


considerar que trata-se da apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e
instrumentos operativos utilizados para a busca de informações durante uma pesquisa.

Num trabalho científico, a selecção da metodologia, segundo Marconi e Lakatos


(2003), está relacionada com a problemática a ser estudada, e depende de factores como a
natureza do fenômeno, o objecto da pesquisa, bem como de outros elementos que possam
surgir no campo da investigação.

De acordo com Gil (2002), é nesta etapa que define-se o tipo de pesquisa, onde e como
será realizada a pesquisa, a população (universo da pesquisa) e a amostra, bem como as
técnicas de coleta de dados e os procedimentos ou a forma de como se pretende tabular e
analisar os dados.

3.1.1. Classificação da pesquisa

A palavra pesquisa pode ser concebida de diversas formas. De acordo com Silva e
Menezes (2005), pesquisa é um conjunto de acções propostas com vista a se encontrar uma
solução para um determinado problema; tem por base procedimentos racionais e sistemáticos,
e realiza-se quando se tem um problema desconhecendo-se as informações para solucioná-lo.

42
A pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado
com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos. Gerhardt e
Silveira (2009). “É o conjunto dos procedimentos sistemáticos baseados no raciocínio lógico,
com o objetivo de se encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de
métodos científicos”. (Andrade, 2010, p. 109).

Existem várias formas de classificar as pesquisas. Para Silva e Menezes (2005), as


pesquisas podem ser classificadas quanto à sua natureza, à abordagem, quanto aos objectivos
e quanto aos procedimentos técnicos.

Assim, de acordo a esta classificação, esta pesquisa pode classificar-se:

3.1.1.1. Quanto à Natureza

É Aplicada, pois teve como objectivo gerar conhecimentos na solução de problemas


específicos. Este tipo de pesquisa, de acordo Silva e Menezes (2005, p. 20), tem como
principal objectivo “gerar conhecimentos para aplicação prática destinados à solução de
problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais”.

3.1.1.2. Quanto a abordagem

É Qualitativa, pois fundamenta-se principalmente em análises qualitativas,


caracterizando-se por não utilizar instrumental estatístico no processo de análise e
interpretação dos dados coletados. A pesquisa Qualitativa tem como princípios básicos a
interpretação de fenômenos e a atribuição de significados, não requerendo o uso de métodos e
técnicas estatísticas para o seu desenvolvimento. O ambiente natural é a principal fonte para a
coleta dos dados, sendo o pesquisador o instrumento-chave desta coleta. Silva e Menezes
(2005). Uma outra característica da pesquisa qualitativa é o facto desta objectivar no
aprofundamento e compreensão de fenômenos; nela o cientista procura estudar as acções dos
indivíduos, grupos e organizações dentro do seu contexto social, interpretando os dados
obtidos sem se preocupar com a representatividade numérica. Guerra (2014).

3.1.1.3. Quanto aos objectivos

Do ponto de vista dos seus objectivos, esta pesquisa é Descritiva, pois relata e
descreve a realidade da escola estudada. Gil (2002), afirma que as pesquisas descritivas têm
como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenômeno. De acordo com o autor, são inúmeros os estudos que podem ser enquadrados neste

43
modelo de pesquisa, a destacar aquelas que têm por objetivo estudar as características de um
grupo, bem como aquelas que visam levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma
população. Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados,
classificados e interpretados, sem a interferência do pesquisador. Prodanov e Freitas (2013).

3.1.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos

Em metodologia científica, entende-se por técnica ao conjunto de regras ou processos


de que se serve uma ciência para a obtenção de seus propósitos. Corresponde, portanto, à
prática de recolha de dados, Lakatos e Marconi (1992).

Quanto aos procedimentos técnicos esta pesquisa é Bibliográfica1 por ser elaborada a
partir de materiais já publicados a destacar: livros, artigos de periódicos, revistas,
dissertações, monografias e outros materiais actualizados e disponíveis na Internet; é
Participante2, pois houve a interação directa entre os pesquisadores e os participantes do
estudo no campo; é um Estudo de caso3 porque trata-se de um estudo num ambiente
específico.

E, para a recolha dos dados no campo de pesquisa, empregou-se a técnica de


entrevista do tipo semiestruturada4, sobrepondo o guião de entrevista como base
instrumental para a coleta das informações.

A entrevista, de acordo com Prodanov e Freitas (2013), é uma técnica que consiste na
busca de informações ou dados sobre determinado assunto ou tema que não se encontram
documentados. Esta técnica, segundo Marconi e Lakatos (2003), mostra-se vantajosa por ser
utilizada com todos os segmentos da população tais como os letrados e não letrados, por
oferecer maior oportunidade para avaliar atitudes e condutas, podendo o entrevistado ser
observado naquilo que diz e como diz, por dar a oportunidade para a obtenção de dados que
não se encontram em fontes documentais e que julgam-se relevantes e significativas, bem
1
Tipo de pesquisa que utiliza fontes secundárias como livros, revistas, artigos e outros documentos
bibliográficos. Andrade (2010)
2
Quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.
Prodanov e Freitas (2013)
3
Estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento. Gil (2002)
4
Tipo de entrevista que consiste num roteiro ou conjunto de questões elaboradas pelo pesquisador sobre o tema
que está sendo estudado para o entrevistado, dando liberdade para que este debruce livremente sobre assuntos
que vão surgindo como desdobramentos do tema principal. Gerhardt e Silveira (2009, p. 72)

44
como por permitir o acesso à informações mais precisas, podendo ser comprovadas de
imediato.

Conforme Zanella (2013), a entrevista semiestruturada segue um roteiro ou guia


criado pelo entrevistador, mas sem se prender rigidamente à sequência das perguntas. A
conversa segue conforme os depoimentos do entrevistado, sem obedecer rigidamente ao
roteiro da entrevista. Nesta ordem de ideia, o autor cita Richardson et al que concebem este
tipo de entrevista como entrevista guiada, pois o entrevistador conhece previamente os
aspectos que deseja pesquisar e, com base neles, formula alguns pontos a tratar na entrevista.

3.1.2. Campo de estudo

A pesquisa foi realizada no Complexo Escolar Privado – GILIPA. Este Complexo


Escolar encontra-se localizado no Município de Cacuaco, Bairro da Eco Campo, Província de
Luanda.

Foi fundado a 28 de Março de 2007. A mesma conta com três níveis de ensino
divididos em dois turnos (manhã e tarde), nomeadamente: Pré-escolar e Ensino Primário, Iº
Ciclo e o IIº Ciclo do Ensino Secundário dos cursos de Ciências Económicas e Jurídicas e
Físicas e Biológicas.

Comporta uma estrutura física de 1º andar e conta com as seguintes partições: 21


Salas de aulas incluindo uma sala da tipologia multiuso e uma de informática; Gabinetes dos
Director Geral, Director Administrativo e Sub-Director Pedagógico; Secretária-geral; uma
reprografia (Cyber); uma cantina e 4 (WC).

3.1.3. População e amostra

A palavra população, no seu sentido amplo, representa o conjunto de habitantes de


uma dada região em determinado período. Num trabalho científico, a População (ou universo
da pesquisa) refere-se à totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características
definidas para um determinado estudo, e a amostra aqui é entendida como a parte da
população ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou um plano, ou seja, refere-
se ao subconjunto do universo ou da população. Prodanov e Freitas (2013).

Gil (208), define população ou universo, em pesquisa científica, como o conjunto


definido de elementos que possuem determinadas características. Comumente fala-se de
população como referência ao total de habitantes de determinado lugar. Quanto à amostra,

45
pode-se entender como o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população, acrescenta o autor.

Esta pesquisa contou com uma população composta por 20 participantes, onde retirou-
se uma amostra de 11participantes, dentre os quais, o Director e os professores do referido
Complexo Escolar. E, Para a selecção desta amostra, usou-se a técnica de amostragem não
probabilística56 por conveniência ou acessibilidade.

De realçar que esta técnica caracteriza-se pelo facto de os elementos para composição
da amostra depender ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no
campo. Outro sim, uma outra característica à que se refere a esta técnica é o não uso de
formas aleatórias de seleção, tornando-se impossível a aplicação de formas estatísticas para
cálculo, e é usada quando se desconhece o tamanho do universo e os indivíduos são
selecionados através de critérios subjetivos do pesquisador. Marotti, et al (2008)

Na técnica de amostragem não probabilística por conveniência ou acessibilidade os


elementos são selecionados de acordo com a conveniência do autor. De acordo com Gil
(2008), neste tipo de amostragem o pesquisador tem a liberdade de selecionar os elementos a
que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo da
pesquisa. Este tipo de amostragem aplica-se em estudos exploratórios ou qualitativos, onde
não é requerido elevado nível de precisão.

3.1.4. Dificuldades

Durante a elaboração desta pesquisa foram encontradas várias dificuldades, que dentre
as quais podemos mencionar:

 Demora por parte da instituição para a autorização do estudo de campo na referida


escola.
 Pouco tempo no campo de pesquisa, por motivos laborais.
 Fraca adesão dos participantes, no que concerne a disponibilidade de responder ao
guião de entrevistas.

5
São compostas de forma acidental ou intencional, cujos elementos não são selecionados aleatoriamente.
(Prodanov & Freitas, 2013, p. 98)
6
Não apresentam fundamentação matemática ou estatística e dependendo unicamente de critérios do
pesquisador. (Gil, 2008, p.91)

46
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DOS RESULTADOS DA PESQUISA

4.1. Resultado das entrevistas dirigidas aos participantes do estudo

Após uma abordagem detalhada sobre o tema desta pesquisa nos capítulos anteriores,
segue-se o momento de apresentação, análise e interpretação das entrevistas dirigidas aos
participantes deste estudo, nomeadamente o Director e os respectivos professores.

Esta fase, de acordo com Gil (2010), envolve diversos procedimentos como: a
codificação das respostas, a tabulação dos dados e os cálculos estatísticos. Ainda de acordo
com o autor, é nesta etapa da pesquisa onde faz-se também a interpretação dos dados,
processo este que consiste fundamentalmente em estabelecer a ligação entre os resultados
obtidos com outros conhecidos, ou seja, com os estudos já realizados.

De realçar que, esta pesquisa, tal como já referenciou-se na parte metodológica, foi
aplicada no Complexo Escolar Privado “GILIPA”, com o objectivo de compreender o
impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem nas Turmas do Ensino
Primário do referido Complexo.

Assim, e tendo em conta o objectivo deste estudo, foi elaborado um guião de


entrevista que encontra-se em anexo nas páginas finais deste trabalho composto por 17
questões subdivididas em seis (6) categorias, mas tomou-se em consideração as seguintes
questões: concepção da diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem; a existência da diversidade cultural no
ambiente escolar; estratégias utilizadas para lidar com a diversidade cultural na sala de aula;
políticas para a gestão da diversidade cultural na escola; papel do Director, bem como do
corpo docente face à diversidade cultural na escola; e os desafios da escola diante da
diversidade cultural no contexto educativo.

47
4.1.1. Resultado da entrevista dirigido à Senhora Directora

Depois de uma entrevista feita à directora do Complexo Escolar, foi feita a transcrição
literal das respostas, organização e a súmula dos principais resultados obtidos durante a
entrevista, conforme se pode aferir no texto abaixo:

4.1.1.1. Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu


impacto no processo de ensino-aprendizagem

Relactivamente ao conceito de diversidade cultural, a Directora, quando questionada,


afirmou que esta consiste na existência de uma grande variedade de culturas dentro de uma
sociedade, fazendo com que cada povo seja único no mundo com os seus elementos
característicos, no que tange aos idiomas, religião, hábitos, costumes, folclore, etc.

No contexto escolar, a entrevistada considerou que a diversidade cultural refere-se à


variedade de culturas presentes no meio ambiente escolar, argumentando que, esta deve ser
vista como um elemento de grande importância para o desenvolvimento saudável da criança,
bem como na transmissão de conhecimentos que lhes permitirá reconhecer às diferenças e
semelhanças culturais para melhor convivência na sociedade.

Sobre o impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem, a


Directora referiu que a diversidade cultural tem grande impacto no processo de ensino,
aprimorando que a abordagem da diversidade cultural bem como o seu reconhecimento dentro
do contexto escolar permite uma melhor interação entre os alunos, e não só, como também
permitirá aos mesmos familiarizar-se com as demais culturas à sua volta e respeitar as
diferenças existentes no espaço escolar, visto que aprendendo a viver na diferença, a criança
estará preparada para viver e servir a sociedade de forma justa, tolerante e democrática.

Diante das respostas dadas pela entrevistada à este primeiro bloco de questões, foi
possível notar que a mesma, ao conceber a diversidade cultural fez menção à variedade de
culturas presentes dentro da sociedade, estando de acordo com Furtado (2014) que concebe a
diversidade cultural como as diferenças culturais existentes entre o ser humano, no que se
refere a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições presentes na sociedade.
Quanto ao impacto desta no processo de ensino-aprendizagem, aferiu-se que a directora
considera este fenómeno, a diversidade cultural, um factor de grande impacto no processo de
ensino por permitir uma interação saudável entre os alunos e o respeito das diferenças dentro
do ambiente escolar, estando de acordo com Carvalho (2008), quando refere que a

48
diversidade que coexiste em contextos escolares implica importantes vantagens no campo
educativo para todos os alunos, e em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir
conflitos, mas estes, por sua vez, constituem-se numa mais-valia, não só como um desafio a
resolver, mas numa excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância.

Assim, considerando as teorias de Furtado (2014) e Carvalho (2008), juntamente com


as respostas da entrevistada apresentadas e analisadas acima, vê-se que a diversidade cultural
refere-se à variedade de culturas existentes na sociedade. No contexto educativo, esta
variedade de culturas tem um impacto significativo no processo de ensino e aprendizagem, a
destacar: a melhoria da interação entre os alunos, a familiarização entre estes com as demais
culturas existentes no espaço escolar, o respeito pelas diferenças e o aprendizado da
tolerância.

4.1.1.2.Política para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar

Questionada sobre as políticas para a gestão da diversidade cultural, a Directora foi


muito lacônica ao responder que, para a gestão da diversidade cultural em sua instituição, tem
adotado como principal política o princípio da gestão e administração democrática.

Quanto a isto, e analisando o que foi dito pela directora relactivamente à gestão da
diversidade no ambiente escolar, dizer que a diversidade cultural neste contexto, necessita de
ser trabalhada mediante uma postura crítica e reflexiva por parte das instâncias
administrativas e pedagógicas. Essa postura, na visão de Batista (2017), requer um trabalho
colectivo e descentralizador do contexto escolar. Assim, pode-se afirmar que faz sentido a
opinião da entrevistada quando refere-se ao princípio da gestão e administração democrática
como principal política para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar.

4.1.1.3.Papel do gestor (Director) diante da diversidade cultural na escola

Nesta questão, a Directora referiu que são inúmeros os papéis que o corpo gestor deve
desempenhar face à diversidade cultural na escola, dentre os quais destacou:

 Conhecer, reconhecer e respeitar as diferentes culturas presentes na sua escola;


 Ser o primeiro e o principal promotor da valorização das diferenças culturais
existentes na escola;
 Implementar estratégias que melhor se enquadram no exercício da sua missão face a
este fenómeno na escola.

49
Nesta linha de pensamento, Liston (2014), fazendo menção ao papel deste
profissional, o gestor escolar, face à diversidade cultural na escola, afirma que este precisa
trabalhar a tolerância, o respeito e o reconhecimento da diversidade em toda a comunidade.

4.1.1.4.Os desafios da diversidade cultural no contexto escolar


● Principais desafios que a escola tem assumido diante da diversidade cultural

Face à diversidade cultural, a directora afirmou que a escola assume vários desafios,
como: vencer os preconceitos culturais, raciais e religiosos, e ainda influenciar os alunos a
aprender a conviver com a diferença, seja em qual ambiente estiverem.

E para a sustentabilidade deste pensamento, buscou-se Nunes (2013), pois este autor
entende que a educação escolar deve desafiar-se na preparação de alunos para o
reconhecimento da pluralidade de culturas com base no respeito e na tolerância recíproca.
Assim, a escola deve assumir todas as culturas, reconhecendo-as, valorizando-as e sobretudo
encarar a diversidade cultural como trunfo para a construção de uma sociedade justa e
oportuna para todos.

4.1.2. Resultado da entrevista dirigida aos professores


Neste ponto, o modelo de apresentação dos resultados das entrevistas não se diferencia
daquele aplicado à diretora. Foi feita a transcrição literal das respostas dos entrevistados e sua
devida organização, e seguidamente uma análise dos resultados como pode-se ver adiante.
Mas, para a salvaguarda das informações pessoais dos mesmos, decidiu-se codificar os nomes
por letras alfabéticas (A, B, C,…).

4.1.2.1.Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu


impacto no processo de ensino-aprendizagem
 Conceito de diversidade cultural
Em relação ao conceito de diversidade, os participantes quando questionados, foram
unânimes nas suas respostas, afirmando que a diversidade cultural refere-se aos diferentes
costumes presentes numa determinada sociedade tais como as vestimentas, os hábitos
alimentares, as manifestações religiosas, os rituais tradicionais, a linguagem, modelo de
organização familiar, formas de organização política, econômica e social. Outros
participantes, foram mais além em suas respostas, no caso do professor (A), afirmou que
afirmou que além da diversidade cultural referir-se aos hábitos e costumes, deve ser vista
como um conceito criado para compreender os processos de diferenciação entre as várias

50
culturas que existem à nossa volta. Para o professor (D), a diversidade cultural é a interação
entre as diversas culturas presentes na sociedade, e esta interação ajuda na integração do
indivíduo no meio social, colocando-o em constante interação com as diversas realidades
sociais.

Face as respostas dos entrevistados sobre o conceito de diversidade cultural, nas suas
intervenções, percebe-se que os mesmos entendem a diversidade cultural como o conjunto das
diferentes culturas, fazendo menção aos hábitos, costumes, religião, linguagem, bem como as
formas de organização familiar, social e política de um determinado grupo numa sociedade, e
isso corresponde ao que Cilato e Srtori (2015), haviam chamado de multiculturalismo, um
termo que segundo os autores indica a existência de culturas diversificadas dentro de uma
comunidade ou região. Ainda de acordo a este conceito, corroborando as ideias acima já
referenciadas, Ramalho (2015), concebe a diversidade cultural como o conjunto das diversas
culturas existentes numa sociedade, a forma como cada grupo expressa os seus valores
culturais, suas distintas maneiras de comportamento e o modo como estes atribuem
significados aos diferentes objectos à sua volta.

● Conceito de diversidade cultural no contexto escolar

Quanto ao conceito da diversidade cultural no contexto escolar, notou-se uma


convergência nas respostas fornecidas pelos entrevistados a quando questionados sobre o
conceito em referência, pelo que os mesmos afirmaram que no contexto escolar, a diversidade
cultural é a presença e a interação das diversas culturas dentro do meio ambiente escolar. Mas
vale apenas conferir algumas das respostas dadas pelos participantes. Para o professor (A), a
diversidade cultural no contexto escolar é a representação de diferentes grupos no ambiente
escolar, o que contribui bastante para o ensino das diferenças, além do mais, proporciona um
ambiente propício para a realização do trabalho em grupo tornando mais fácil e eficaz o
trabalho docente. De acordo ao professor (F), este afirmou que falar sobre a diversidade
cultural, neste contexto, constitui uma situação muito delicada e de extrema importância, visto
que cada aluno traz consigo dentro do ambiente escolar os seus hábitos e costumes, que como
se sabe, divergem um do outro. Mas no seu ponto de vista este docente concebe a diversidade
cultural neste contexto como a existência de diferentes culturas dentro do ambiente escolar.

Segundo o professor (H), a diversidade sob o ponto de vista educativo é o encontro de


diversas culturas dentro do espaço escolar. Este professor foi mais explícito ao argumentar
que é importante que essa diversidade se faça presente dentro ambiente escolar, porque a

51
partir do momento em que ela se faça presente neste meio, somos capazes de observar e
conhecer as diferentes culturas que circundam o meio escolar e assim poder-se-á orientar os
alunos ao respeito pela diferença, fazendo-os entender que cada um é diferente do outro, e que
esta diferença é salutar para o desenvolvimento da sociedade. Já o professor (J), considera que
a diversidade cultural sempre irá existir dentro do contexto escolar, e a valorização desta
diferença no meio ambiente escolar é motivo para o fortalecimento do processo educativo,
bem como para a promoção da identidade cultural de cada povo.

No entanto, a diversidade cultural no contexto escolar, de acordo aos professores


entrevistados, é a existência de diferentes culturas no ambiente escolar. É importante que esta
diversidade se faça presente no espaço escolar, pois, como afirmaram os professores, o
reconhecimento e a valorização destas diferenças no ambiente escolar tem como benefício o
fortalecimento do processo educativo. A admissão e o respeito pela diversidade cultural são
fatores essenciais para a tolerância e uma convivência pacífica. Fonseca (2021).

● Impacto da diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem

Neste ponto, os professores, questionados sobre o impacto da diversidade cultural no


processo de ensino-aprendizagem, consideraram a diversidade cultural factor de grande
impacto neste processo, ao afirmarem que dentro do ambiente escolar, a diferença traz
consigo um potencial bastante nutritivo para todo o processo de ensino, manifestando-se no
desenvolvimento da personalidade e identidade do aluno, e não só, como também no maior
alcance dos objectivos almejados, que é a formação integral do aluno.

De acordo aos professores, é através da diversidade cultural que os alunos, no decorrer


do processo de ensino vão manter contactos com culturas diferentes da sua, e por intermédio
deste contacto vão conhecendo novos hábitos e costumes que por sinal aumentará o seu grau
de conhecimento a nível cultural, possibilitando o aprendizado da tolerância e do respeito às
demais culturas. Um outro impacto deste fenómeno no processo de ensino, mencionado nas
afirmações dos docentes entrevistados, é o fortalecimento dos laços de aprendizagem e
amizade entre os alunos; torna o ambiente escolar mais diversificado em contexto cultural,
onde os alunos aprendem o verdadeiro conceito de cultura, sendo que ela une vários factores
como a dança, música, artes, literatura, dentre outras formas de conhecimento.

Olhando para as respostas dos professores relactivamente à questão em epígrafe, pode-


se dizer que os mesmos consideram um facto o impacto da diversidade cultural no contexto

52
escolar. E isto é perceptível na medida em que esta possibilita o desenvolvimento da
personalidade e identidade do aluno, o seu nível de cultura geral, bem como o aprendizado da
tolerância e do respeito e o fortalecimento dos laços de amizade no meio escolar. E diante
disto, Carvalho (2008), afirma que a diversidade de culturas coexistente em contextos
escolares implica importantes vantagens no campo educativo para todos os alunos,
entendendo que em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir conflitos, mas
estes por sua vez, devem constituir-se numa mais-valia, não só como um desafio a resolver,
mas como uma excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância dentro do ambiente
escolar.

4.1.2.2.Sobre a diversidade cultural. Sua presença no ambiente escolar, em particular na


sala de aula
● Existência da diversidade cultural na escola

Com relação a esta questão, todos os entrevistados foram unânimes ao confirmarem a


existência da diversidade cultural na escola, afirmando que o colectivo de alunos desta
instituição são oriundos de famílias com identidade cultural diferentes, e por outra, fizeram
menção que, além da nacionalidade angolana, há nesta instituição alunos pertencentes a outras
nacionalidades, a destacar a senegalesa e maliana. E, como pontuaram os docentes, nesta
instituição a diversidade vai além do encontro de alunos com nacionalidades diferentes, ou
seja, é visível até no próprio currículo, manifestando-se através do ensino das várias
modalidades de danças por exemplo das diferentes nacionalidades existentes na instituição,
facto que tem permitido o intercâmbio e a partilha de hábitos e costumes dentro da escola.

Assim, pode-se provar a existência da diversidade cultural no complexo escolar


GILIPA, que segundo os entrevistados, basta um olhar na composição do colectivo de alunos
da instituição.

A cultura, de acordo com Leite (2014), inclui conhecimentos sobre as diversas


manifestações como crenças, arte, moral, costumes e hábitos adquiridos pelo Homem. Desta
feita, o espaço escolar não se imiscui desta realidade, pois, e como afirmam Martinazzo,
Schmidt e Burg (2015), constitui-se num território fértil e rico para a ocorrência de tais
manifestações culturais. Kadlubitski e Junqueira (2009), consideram-na como um espaço que
possui a vantagem de ser uma das instituições sociais em que é possível o encontro das
diferentes presenças, um espaço sociocultural marcado por símbolos, rituais, crenças, culturas

53
e valores diversos. Diante destas afirmações, pode-se afirmar que, o ambiente escolar é um
espaço onde não se deve desconsiderar a existência da diversidade cultural.

4.1.2.3.Competências e estratégias para conhecer e lidar com a diversidade cultural na


escola, particularmente na sala de aula
● Formação relacionada com a diversidade cultural. Impacto na vida profissional

Relativamente a este ponto, respondendo a questão colocada, excepto os professores


(B & F), todos os participantes afirmaram nunca terem participado de nenhuma formação
sobre como trabalhar a diversidade cultural em sala de aula.

De acordo com Moraes e Pereira (2014), é claro que as iniciativas sobre a intenção na
formação inicial de docentes sobre a multiculturalidade são ainda muito incipientes, mas neste
caso, estes autores chamam atenção para que as escolas de formação inicial de professores,
principalmente as universidades, por meio das suas licenciaturas possam assumir a
responsabilidade a responsabilidade de formar docentes para a diversidade, não como uma
acto benevolente, mas como de compromisso político-pedagógico e social.

● Nível de preparação, políticas e metodologias adotadas para lidar com o


fenômeno da diversidade cultural no ambiente escolar, particularmente em sala
de aula

Quanto ao nível de preparação, bem como as políticas e metodologias gizadas para


lidar com a diversidade cultural no ambiente escolar, particularmente em sala de aula, notou-
se uma divergência nas afirmações dos entrevistados, visto que uns mostraram-se
suficientemente preparados para lidar e trabalhar com a diversidade no ambiente escolar em
relação a outros. Mas, quanto as políticas e metodologias adoptadas para o efeito, as ideias
convergiram, pois, os professores quando questionados sobre este ponto, afirmaram que como
principal estratégia e políticas para lidar com a diversidade cultural têm adoptado os seguintes
princípios: a promoção do respeito pela diferença, a empatia, o combate ao preconceito, o
diálogo, a convivência pacífica e a partilha de conhecimento entre os alunos e a política do
princípio da igualdade, tratando todos da mesma forma, independentemente de qual cultura
pertencer, pois o professor deve sempre transmitir aos alunos que todos somos iguais e não há
nenhuma cultura superior em relação a outra, afirmaram os participantes, acrescentando que
estes princípios, possibilitam não só a harmonia dentro da sala de aula, mas também o
conhecimento e consequentemente a valorização das diversas culturas existentes dentro do
meio escolar por parte dos alunos para a construção de uma sociedade justa e democrática.

54
Portanto, analisando as respostas dos entrevistados quanto à este ponto, pode-se notar
que os mesmos, para lidarem com a diversidade cultural no decorrer de suas práticas
pedagógicas, são defensores de políticas que visam a promoção e o desenvolvimento de
atitudes de respeito as diferenças, tal como mencionado no parágrafo acima. E para sustentar
este pensamento, Carvalho (2012), acrescenta que para lidar com a diversidade é necessário o
estudo e a implementação de políticas que promovam certos valores como o respeito,
reconhecimento, valorização e a aceitação das diferenças.

4.1.2.4.Os desafios da escola face à diversidade cultural no contexto escolar

Sobre os desafios da escola face à diversidade cultural, os participantes afirmaram que


diante desta realidade a escola assume vários desafios, e dos quais puderam destacar:

 Educar e instruir os seus alunos em todos os aspectos;


 Levar o aluno ao conhecimento e valorização da sua própria cultura a fim de ser capaz
de representá-la sem qualquer receio;
 Apresentar a possibilidade de mudar a situação de discriminação praticada contra
grupos sociais e ser formadora de indivíduos capazes de reconhecer e aceitar a
conviver na diversidade.

Nesse sentido, de acordo com a ideia dos professores entrevistados quando referiram
que a escola tem como desafio instruir seus alunos em todos os aspectos, vale realçar que,
enquanto espaço onde coexistem diversas culturas, e por se constituir numa instituição
presente e parte da sociedade, frente à pluralidade cultural, esta assume um grande desafio
que vai além daquilo que é o ensino das ciências, ou seja, ela detém a responsabilidade de
formação do sujeito com a oferta de condições necessárias para que estes possam conviver e
interagir em sociedade dentro dos padrões éticos e morais. Monteiro (2020).

4.1.2.5.Papel do corpo docente diante da diversidade cultural na escola, em particular na


sala de aula

Relactivamente ao papel do docente diante da diversidade cultural em sala de aula, em


resposta ao guião de entrevista, conferiu-se as seguintes respostas por parte dos professores:

 Diante da diversidade cultural em sala de aula, o professor deve ser mediador no


ensino da diversidade, impulsionando os alunos a conhecer melhor as outras culturas

55
que fazem parte da nossa sociedade, estimulando-os ao exercício da reflexão sobre os
principais benefícios da vivência em ambiente multicultural;
 Dar continuidade ao trabalho dos órgãos de gestão, levando ao conhecimento do aluno
as diferentes culturas e influenciá-los a representá-las e valorizá-las de forma
orgulhosa.

Assim, entende-se que estes professores, face à diversidade cultural, particularmente


em sala de aula, o docente deve estimular os alunos a conhecer melhor os traços
característicos das demais culturas à sua volta, bem como impulsionando-os a reflectir sobre
os principais benefícios do respeito pela diversidade bem como da vivência em ambiente
multicultural.

Neste contexto, corroborando as afirmações acima referidas, Nunes (2013), admite que
o professor é um indivíduo que ensina, mas também tem de perceber que não é só depositar os
seus conhecimentos numa determinada sala de aula, para que o seu papel seja bem
desempenhado. Porém, é necessário que em contextos escolares multiculturais, estes
considerem que a capacidade técnica bem como o domínio dos conteúdos e da metodologia,
são insuficientes. Para isso, no exercício da sua missão, Moreira (2001), afirma que o
professor deve estimular a reflexão de seus alunos, propiciando a formação de grupos de
discussão e de aprendizagem nas escolas, particularmente em sala de aula.

56
CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise sobre a diversidade


cultural, seu impacto no processo de ensino-aprendizagem, bem como uma reflexão acerca da
presença da diversidade cultural no ambiente escolar, particularmente em sala de aula, e dos
principais aspectos que deve-se levar em consideração para a gestão deste fenómeno no
espaço escolar. Além disso, permitiu também destacar os principais papéis, quer seja do corpo
gestor, bem como do corpo docente frente a esta pluralidade de culturas na escola.

Assim, depois de realizada a pesquisa e ouvido os diferentes participantes, bem como


consultadas diferentes referências bibliográficas, pudemos perceber que a escola constitui-se
num espaço fértil e rico para a presença da diversidade cultural por receber sujeitos
pertencentes às diferentes culturas existentes na sociedade, e em função disso, foi possível
identificar, por intermédio das entrevistas realizadas aos participantes desta pesquisa, que a
diversidade cultural nas turmas do Complexo escolar GILIPA faz-se presente, pois verificou-
se que a escola tem recebido alunos oriundos de famílias de diferentes regiões da nossa
sociedade, bem como de outras nacionalidades, a destacar a senegalesa e a maliana, e não
obstante, estas diferenças têm sido respeitadas e valorizadas por parte da entidade gestora da
instituição, como também abordada de forma pedagógica por parte dos docentes.

Quanto as tarefas do professor face à diversidade cultural em sala de aula, os mesmos


puderam mostrar que o docente diante desta realidade tem como principais tarefas mediar o
ensino da diversidade, impulsionar os alunos para o pleno conhecimento de outras culturas à
sua volta, bem como levá-los ao exercício da reflexão sobre os principais benefícios da
vivência em ambiente multicultural e influenciá-los ao respeito da sua própria cultura a fim
destes serem capazes de representá-las e valorizá-las de forma orgulhosa. Também, notou-se
também que as di

Por outro lado, de modo geral, quanto ao impacto da diversidade cultural no processo
de ensino-aprendizagem, por intermédio das afirmações dos participantes, foi possível
compreender que a presença da variedade cultural impacta significativamente o processo de
ensino-aprendizagem, pois esta diversidade traz consigo um potencial bastante nutritivo para
todo o processo de ensino, ou seja, por intermédio dela, os alunos mantêm contactos com
culturas diferentes, e através deste contacto vão conhecendo novos hábitos e costumes, e fruto
disto, o aumento do grau de conhecimento a nível cultural, bem como o aprendizado da

57
tolerância e do respeito às demais culturas. Além disso, como foi possível notar também nas
entrevistas realizadas, a presença da diversidade cultural nas turmas do ensino primário deste
Complexo escolar, tem influenciado bastante no desenvolvimento dos laços de amizade entre
os alunos e na transformação do ambiente escolar num local mais diversificado em contexto
cultural, onde os alunos aprendem o verdadeiro conceito de cultura, sendo que ela une vários
factores como a dança, música, artes, literatura, dentre outras formas de conhecimento. Desta
feita, e por intermédio destes resultados, apraz-nos dizer que os objectivos desta pesquisa
foram alcançados.

No entanto, dada a importância deste tema, torna-se necessário o desenvolvimento de


projectos que visam a formação continuada dos profissionais da educação, principalmente o
corpo docente, a fim de absorverem mais conhecimentos para o desencadeamento de
habilidades e competências no tratamento de questões ligadas à diversidade cultural no
ambiente escolar para a garantia de um ensino de maior qualidade, que atenda e considere a
diversidade cultural como factor preponderante para o processo de ensino e aprendizagem.

58
SUGESTÕES

Das conclusões tiradas na realização deste trabalho, achamos importante sugerir


algumas contribuições que julgamos interessantes e que poderão ajudar o Complexo Escolar
GILIPA a conhecer, gerir e lidar melhor com a diversidade cultural presente no seu cotidiano.

 Uma vez que a maior parte dos professores nunca tiveram recebido uma formação
relacionada com a diversidade cultural neste contexto, sugerimos ao corpo gestor do
Complexo Escolar GILIPA a organizarem Seminários de capacitação relativamente a
esta temática.
 Sugerimos que a escola crie políticas e mecanismos, como por exemplo, o
preenchimento de fichas e questionários para a recolha de certas informações, para
possibilitar o pleno conhecimento dos seus alunos.
 Sugere-se também que os órgãos de gestão da escola incentivem o corpo docente no
sentido de apostarem mais na sua autoformação, e não esperar somente até que as
entidades competentes criem mecanismos para a implementação de ciclos formativos
sobre a matéria da diversidade cultural.

59
Bibliografia

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64
Anexos

A. Carta de solicitação para o estudo de caso

À
EXMA. SR.ª DIRECTORA DO COMPLEXO
ESCOLAR PRIVADO GILIPA

LUANDA

Assunto: Solicitação de Entrevista.

Com os respeitosos cumprimentos.

Luis José Kiani e Elizabeth Firmino Capitango, estudantes do Instituto Superior de


Ciências da Educação de Luanda, curso de Pedagogia, variante Gestão e Inspecção Escolar.
Tendo terminado o Plano Curricular do curso em epígrafe, e no âmbito do Trabalho de Fim de
Curso que por norma deve ser apresentado à referida Instituição para a obtenção do grau de
Licenciado em Ciências da Educação, estamos a elaborar um Trabalho de Pesquisa com tema:
a Diversidade Cultural. Seu Impacto no Processo de Ensino-aprendizagem, cujo objectivo
visa compreender o impacto da diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem. E,
para a sequência e conclusão deste Projecto, há a necessidade de se realizar uma pesquisa de
campo para a colecta de dados que por nós será pertinente na conclusão do mesmo.
Assim, vimos por esta via, solicitar ao gestor da referida Instituição se digne a receber-nos na
vossa instalação escolar a fim de conceder-nos, juntamente com alguns de seus colaboradores,
uma entrevista relacionada ao tema já referenciado para a recolha de dados cuja fonte será
mantida em anonimato e utilizados exclusivamente para fins científicos.
Pelo que, esperamos uma resposta de vossa parte o mais breve possível.
Sendo tudo de momento, e cientes de que este assunto merecerá a devida atenção de vossa
parte, despedimo-nos com a mais alta estima e consideração.
Luanda, 07 de Dezembro de 2021.

Atenciosamente,
Luis José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango

65
B. Guião de entrevista dirigidas aos participantes da pesquisa

Instituto Superior de Ciências da Educação


-- ISCED /Luanda –
Departamento de Ciências da Educação
Curso de Pedagogia/Opção Gestão e Inspecção Escolar

Trabalho de Fim de Curso


Tema: A Diversidade Cultural. Seu Impacto no Processo de Ensino-Aprendizagem
(Estudo de caso no Complexo Escolar Privado “GILIPA”)

GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDO À DIRECTORA GERAL DA ESCOLA

No âmbito do Trabalho de Fim de Curso apresentado ao Instituto Superior de Ciências da


Educação de Luanda para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências da Educação, desejamos
contar com a vossa contribuição e auxílio, dedicando parte do vosso precioso tempo para ceder-nos
a presente entrevista e responder as questões que dela fazem parte, pelo que prometemos manter em
anonimato os dados aqui obtidos que serão utilizados exclusivamente para fins científicos.

Desde já, estamos gratos pela sua colaboração

Identificação
Nome (opcional):____________________________________________________________
Género: Masculino_____Feminino______Grau Acadêmico:________________________
Nacionalidade:____________________; Religião__________________________________
Área de Formação___________________________________________________________
Tempo à frente na Gestão desta escola_____________________
Questões
1. Concepção sobre a diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem
1.1. Qual é a concepção do Senhor Director sobre a diversidade cultural?
1.2. A diversidade cultural é uma temática que permeia uma série de discussões dentro da
sociedade contemporânea devido ao seu estabelecimento nos mais diversos espaços de
debates em diferentes áreas, particularmente no campo da educação.
1.2.1. Partindo desta afirmação, como o Senhor concebe a diversidade cultural no contexto
escolar?

66
1.2.2. Considera a diversidade cultural, neste âmbito, um factor de grande impacto no
processo de ensino e aprendizagem? Justifique.
2. A diversidade cultural e sua presença no ambiente escolar.
2.1. Na qualidade de Director, considera que existe diversidade cultural nesta escola?
Classifique.
2.2. Tem havido dificuldades da escola em lidar com esta diversidade? Justifique.
2.3. Como órgão máximo de gestão desta instituição, já deparou-se com práticas
discriminatórias de uma cultura nesta escola? Se sim, qual foi a postura do Sr. Dr. diante
desta realidade?
3. Quanto às estratégias utilizadas para conhecer e lidar com a diversidade cultural
3.1. A escola, no âmbito da sua missão, tem cumprido com a preocupação de conhecer a
diversidade cultural dos seus alunos? Se sim, de que forma? Se não, porquê?
3.2. Que estratégias têm adoptado para lidar com a diversidade cultural no seio escolar?
4. Sobre os desafios da diversidade cultural no contexto escolar
4.1. Já alguma vez a escola teve que mediar conflitos resultantes da diversidade cultural? Se
sim, que medidas foram tomadas para a resolução destes conflitos?
4.2. Quais são os principais desafios que a escola tem assumido diante da diversidade
cultural?
5. Políticas para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar
5.1. Como gestor desta Instituição, que política tem adotado para gerir o fenômeno da
diversidade cultural nesta escola?
5.2. Esta escola tem recebido directrizes do Ministério da Educação, relactivamente em como
se deve trabalhar a questão da Diversidade cultural no contexto escolar?
6. Sobre o Papel do gestor (Director) e do corpo docente diante da diversidade cultural
na escola, em particular na sala de aula
6.1. Na qualidade de gestor, qual é a sua opinião sobre o papel que este profissional deve
desempenhar face à diversidade cultural na escola?
6.2. Relactivamente ao corpo docente, que papéis estes profissionais devem desempenhar
diante da diversidade cultural em sala de aula?

Muito obrigado por ter aceitado responder o nosso guião da entrevista.

Elaborado por: Luis José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango

67
Instituto Superior de Ciências da Educação
-- ISCED /Luanda –
Departamento de Ciências da Educação
Curso de Pedagogia/Opção Gestão e Inspecção Escolar

Trabalho de Fim de Curso


Tema: A Diversidade Cultural. Seu Impacto no Processo de Ensino-Aprendizagem
(Estudo de caso no Complexo Escolar Privado “GILIPA”)
GUIÃO DE ENTREVISTA DIRIGIDO AOS (ÀS) PROFESSOR (AS)
No âmbito do Trabalho de Fim de Curso apresentado ao Instituto Superior de Ciências da
Educação de Luanda para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências da Educação, desejamos
contar com a vossa contribuição e auxílio, dedicando parte do vosso precioso tempo para ceder-nos a
presente entrevista e responder as questões que dela fazem parte, pelo que prometemos manter em
anonimato os dados aqui obtidos que serão utilizados exclusivamente para fins científicos.

Desde já, estamos gratos pela sua colaboração

Identificação
Nome (opcional):____________________________________Classe que lecciona________
Género: Masculino_____Feminino______Grau Acadêmico:________________________
Área de Formação___________________________________________________________
Tempo de docência nesta Instituição:______________________

Questões
1. Concepção sobre a diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem
1.1. Como o (a) Senhor (a) professor (a) concebe a diversidade cultural?
1.2. A diversidade cultural é uma temática que permeia uma série de discussões dentro da
sociedade contemporânea devido ao seu estabelecimento nos mais diversos espaços de
debates em diferentes áreas, particularmente no campo da educação.
1.2.1. Partindo desta afirmação, como concebe a diversidade cultural no contexto escolar?
1.2.2. Considera a diversidade cultural, neste contexto, um factor de grande impacto no
processo de ensino e aprendizagem? Justifique.

2. A diversidade cultural. Sua presença no ambiente escolar, em particular na sala de


aula.
2.1. Considera que existe diversidade cultural nesta escola? Classifique.
2.2. Tem havido dificuldades da escola em lidar com esta diversidade? Justifique.
2.3. Como professor (a) desta instituição, já se deparou com práticas discriminatórias de uma
cultura nesta escola? Se sim, qual foi a sua postura diante desta realidade?

68
2.4. A turma em que leciona apresenta diversidade cultural? Se sim, em que consiste esta
diversidade?
3. De acordo com as competências e estratégias utilizadas para conhecer e lidar com a
diversidade cultural na escola, particularmente na sala de aula.
3.1. Já participou de uma formação relacionada com a diversidade cultural? Se sim, como
classifica esta formação para a sua vida profissional?
3.2. Sente-se suficientemente preparado para lidar e trabalhar com a diversidade cultural na
sala de aula? Justifique a sua resposta.
3.3. Que políticas e metodologias têm adotado como professor (a), para lidar com o fenômeno
da diversidade cultural dentro deste ambiente escolar, particularmente em sala de aula?
3.4. Na sua opinião, o corpo gestor desta escola, no âmbito da sua missão, tem se preocupado
em conhecer a diversidade cultural de seus alunos? Se sim, de que forma? Se não, porquê?
4. Sobre os desafios da diversidade cultural no contexto escolar, particularmente na
sala de aula.
4.1. Já presenciou ou teve conflitos com os alunos, cujo problema estava relaciondo com a
questão da diversidade cultural? Se sim, qual foi a sua posição em relação a este assunto?
4.2. Que desafio a escola deve assumir diante da diversidade cultural no contexto escolar?
5. Políticas para a gestão da diversidade cultural
5.1.Como colaborador desta Instituição, de que forma tem contribuído na política de gestão
do fenômeno da diversidade cultural nesta escola?
5.2. Os órgãos de gestão que conduzem as dinâmicas desta escola, têm respeitado e
valorizado a diversidade cultural, sob perspectiva de promover uma integração melhor e
saudável de todos no ambiente escolar? Justifique.
6. Sobre o Papel dos órgãos de gestão e do corpo docente diante da diversidade cultural
na escola, em particular na sala de aula
6.1. Na sua opinião, que papéis os órgãos de gestão desta escola devem desempenhar face à
diversidade cultural nesta Instituição?
6.2. Na qualidade de professor, que papel este profissional deve desempenhar diante da
diversidade cultural em sala de aula?

Muito obrigado por ter aceitado responder o nosso guião da entrevista.


Elaborado por: Luis José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango

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