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LUANDA
Opção: Pedagogia
LUANDA, 2022
Instituto Superior de Ciências da Educação
-- ISCED –
LUANDA
Opção: Pedagogia
LUANDA, 2022
I
Dedicatória I
«Elizabeth Capitango»
Dedicatória II
«Luís Kiani»
Agradecimentos I
«Elizabeth Capitango»
A Deus pela vida e pela protecção divina durante todo o ciclo formativo, aos meus
pais e demais familiares pela orientação e inspiração na conclusão deste trabalho, à todos os
amigos pelo apoio material e espiritual prestados em todos os dias e momentos a quando as
minhas necessidades.
Agradecimentos II
«Luís Kiani»
Toda a obra nesta terra é vã, se não colocarmos Deus como o principal guia de todos
os nossos passos.
Primeiramente devo agradecer a Deus pela vida, força coragem e dedicação desde o
princípio da formação até à esta fase. Aos meus familiares e amigos, a destacar a minha
querida mãe pelo apoio financeiro e moral, à Direcção do Instituto Superior de Ciências da
Educação e seu colectivo de trabalhadores pelo serviço prestado durante este ciclo formativo,
sem esquecer a incansável tutora professora Sandra Mussungo pela orientação fornecida na
elaboração deste trabalho. Pelo que, apraz-me dizer que esta formação é fruto do esforço de
todos quanto foram mencionados.
IV
Resumo
Esta pesquisa cujo tema é a diversidade cultural; Seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, foi um estudo de caso realizado no Complexo Escolar Privado GILIPA, com o
objectivo de compreender o impacto da diversidade cultural no processo de ensino-
aprendizagem nas turmas do ensino primário da referida escola. Tratou-se de uma pesquisa de
abordagem qualitativa, e nela abordou-se vários aspectos, a destacar a análise da diversidade
cultural, seu enquadramento no contexto educativo, o papel do corpo docente face a
diversidade cultural em sala de aula, bem como as políticas que se deve ter em conta na
gestão da diversidade cultural no ambiente escolar e o impacto desta diversidade no processo
de ensino-aprendizagem. Nesta pesquisa, constatou-se que a escola é um local rico e propício
para a existência da variedade de culturas por receber sujeitos vindos de diferentes regiões da
sociedade, e não obstante, por intermédio da entrevista realizada aos participantes desta
pesquisa, foi possível aferir que nas turmas do ensino primário do Complexo escolar GILIPA,
existe a diversidade cultural fruto da presença de alunos vindos de famílias pertencentes às
diferentes regiões da sociedade, e não só, como também oriundos de outras nacionalidades. E,
esta diversidade de cultura que a escola enfrenta, de acordo aos entrevistados, impacta
significativamente no processo de ensino-aprendizagem e a vida dos alunos, pois permite uma
interação saudável entre os alunos no ambiente escolar, bem como influencia-os a respeitar as
diferenças existentes neste ambiente, a viverem na diferença e a estarem preparados para
viver e servir a sociedade de forma justa e igualitária.
(Abstract)
This research whose theme is cultural diversity; Its impact on the teaching-learning process
was a case study carried out at the GILIPA Private School Complex, with the aim of
understanding the impact of cultural diversity in the teaching-learning process in the primary
education classes of that school. It was a qualitative approach research, and it addressed
several aspects, highlighting the analysis of cultural diversity, its framing in the educational
context, the role of the teaching staff in the face of cultural diversity in the classroom, as well
as the policies that must be taken into account in the management of cultural diversity in the
school environment and the impact of this diversity on the teaching-learning process. In this
research, it was found that the school is a rich and favorable place for the existence of a
variety of cultures for receiving subjects from different regions of society, and nevertheless,
through the interview carried out with the participants of this research, it was possible to
verify that In the primary school classes at the GILIPA School Complex, there is cultural
diversity as a result of the presence of students from families belonging to different regions of
society, and not only, but also from other nationalities. And, this cultural diversity that the
school faces, according to the interviewees, significantly impacts the teaching-learning
process and the students' lives, as it allows a healthy interaction between students in the
school environment, as well as influences them to respect the differences existing in this
environment, to live in difference and to be prepared to live and serve society in a fair and
egalitarian way.
Artigo.…………………………………..…………………………………………………...Artº
Center of Contemporary Cultural Studies………………………………………………..CCCS
Estados Unidos da América.…………………………………………………………..….E.U.A
Instituto Superior de Ciências da Educação.………………………………………….…ISCED
Mais de três autores ou vários autores ……………………………………………....….….Et al
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.……….……...UNESCO
Página……………………………………………………..…………………………………...P.
Projecto Político Pedagógico.………………………………………..……………………...PPP
Índice
Introdução .................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA ........................................................................................ 11
1.1. Justificativa ..................................................................................................................... 11
1.2. Formulação da Problemática .......................................................................................... 12
1.3. Objectivos ....................................................................................................................... 13
1.3.1. Objectivo geral........................................................................................................... 13
1.3.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 13
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 14
2.1. Definição de termos e conceitos ..................................................................................... 14
2.1.1. Conceito de diversidade ............................................................................................. 14
2.1.2. Conceito de cultura .................................................................................................... 15
2.1.3. Conceito de ensino ..................................................................................................... 17
2.1.4. Conceito de aprendizagem ......................................................................................... 17
2.1.5. Conceito de escola ..................................................................................................... 18
2.1.6. Conceito de educação ................................................................................................ 19
2.1.7. Conceito de ambiente escolar .................................................................................... 22
2.1.8. Conceito de multiculturalismo ................................................................................... 22
2.2. Revisão bibliográfica ...................................................................................................... 23
2.2.1. A diversidade cultural..................................................................................................... 23
2.2.1.1. A diversidade cultural no contexto escolar......................................................... 26
2.2.1.2. A Escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura .................... 29
2.2.1.3. A escola e os seus desafios frente à diversidade cultural ................................... 30
2.2.2. A gestão da diversidade cultural no ambiente escolar ............................................... 33
2.2.2.1. O gestor escolar e o seu papel face à diversidade cultural ................................. 35
2.2.2.2. O professor e os seus desafios diante da diversidade cultural em sala de aula .. 37
2.2.3. O impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem ................. 40
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA............................................................ 42
3.1. Metodologia .................................................................................................................... 42
3.1.1. Classificação da pesquisa .......................................................................................... 42
3.1.1.1. Quanto à Natureza .............................................................................................. 43
3.1.1.2. Quanto a abordagem ........................................................................................... 43
3.1.1.3. Quanto aos objectivos ......................................................................................... 43
3.1.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................... 44
3.1.2. Campo de estudo........................................................................................................ 45
3.1.3. População e amostra .................................................................................................. 45
3.1.4. Dificuldades ............................................................................................................... 46
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................................................... 47
4.1. Resultado das entrevistas dirigidas aos participantes do estudo .................................... 47
4.1.1. Resultado da entrevista dirigido à Senhora Directora ............................................... 48
4.1.1.1. Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem.................................................................. 48
4.1.1.2. Política para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar .................... 49
4.1.1.3. Papel do gestor (Director) diante da diversidade cultural na escola ................... 49
4.1.1.4. Os desafios da diversidade cultural no contexto escolar .................................... 50
4.1.2. Resultado da entrevista dirigida aos professores ....................................................... 50
4.1.2.1. Conceito de diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem.................................................................. 50
4.1.2.2. Sobre a diversidade cultural. Sua presença no ambiente escolar, em particular na
sala de aula ........................................................................................................................ 53
4.1.2.3. Competências e estratégias para conhecer e lidar com a diversidade cultural na
escola, particularmente na sala de aula ............................................................................. 54
4.1.2.4. Os desafios da escola face à diversidade cultural no contexto escolar ............... 55
4.1.2.5. Papel do corpo docente diante da diversidade cultural na escola, em particular
na sala de aula ................................................................................................................... 55
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 57
SUGESTÕES ........................................................................................................................... 59
Bibliografia .............................................................................................................................. 60
Anexos ..................................................................................................................................... 65
Introdução
9
A curiosidade em perceber até que ponto a variedade de culturas presente nas escolas,
particularmente em sala de aula influi no processo de ensino-aprendizagem, bem como
mostrar de que forma a escola deve lidar com este facto, impulsionou a escolha desta
temática. Uma vez que a escola sendo uma instituição de índole social, reúne elementos de
estratos sociais e culturais diferentes, cujos hábitos, costumes e modos de vida muitas vezes
são determinados pelos aspectos culturais de cada grupo, facto que pode trazer grande
impacto, directo ou indirecto na eficácia e eficiência do processo de ensino.
Portanto, de acordo à sua estrutura, esta pesquisa encontra-se dividida por 4 (quatro)
capítulos, a destacar: I capítulo, onde é apresentada a problematização da pesquisa. O II
capítulo que faz referência à fundamentação teórica do referido tema, começando pela
definição de alguns termos e conceitos que surgem frequentemente no desenvolvimento da
pesquisa, seguidamente da revisão bibliográfica onde são analisados de forma detalhada a
questão da diversidade cultural de forma geral e particularmente no contexto escolar; ainda
neste capítulo fez-se também uma reflexão sobre a escola enquanto campo social produtor e
reprodutor de cultura; analisou-se também sobre os desafios da escola frente à diversidade
cultural; a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar; o papel do gestor bem como do
corpo docente face à diversidade cultural na escola; e o impacto da diversidade cultural no
processo de ensino-aprendizagem. O III capítulo trata-se dos aspectos metodológicos que
orientaram o desenvolvimento do presente estudo, e por fim, o IV capítulo, onde fez-se a
apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos no campo.
10
CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA
1.1. Justificativa
Este tema, actualmente tem ganhado interesse na política educacional de vários países,
e as discussões referentes ao assunto versam sobre a construção da multiplicidade étnica de
forma democrática, da convivência pacífica no meio escolar e particularmente do respeito
pela diferença no contexto da sala de aula.
11
Diante desta veracidade, é visível o grande desafio da escola face a esta situação, bem
como a urgência de tomada de decisões por parte dos gestores e do corpo docente na criação
de políticas para a boa gerência da diversidade cultural no ambiente escolar.
Assim, achou-se imperioso realizar esta pesquisa para a compreensão de tal fenômeno,
o fenômeno da diversidade cultural no âmbito escolar, seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, bem como o papel da escola e de seus agentes diante desta realidade.
Acredita-se que esta pesquisa não esgotou o assunto em destaque, mas de alguma
forma trouxe algumas contribuições que poderão possibilitar às escolas a estarem mais abertas
e dispostas em quebrar os paradigmas de superioridade ou inferioridade de um grupo sobre
outro, e não só, como também a criarem modelos de ensino que influenciarão os alunos ao
respeito pela diferença existente na escola, particularmente em sala de aula.
Todo ser humano é parte integrante de um determinado grupo social, com hábitos,
valores e costumes que divergem um do outro, traduzindo naquilo que podemos chamar de
diversidade de culturas ou multiculturalidade, fazendo-se presente em todas as esferas da
sociedade.
12
costumes, valores e etnias distintas. Neste caso, os professores bem como todos os sujeitos
que actuam no ambiente escolar vêm-se obrigados a enfrentar um grande desafio face à esta
realidade, e para isso necessitam se predispor a rever e actualizar os seus conhecimentos e as
suas atitudes em relação a este assunto a fim de saberem quais os impactos causados por essa
pluralidade cultural no processo de ensino e aprendizagem, como a escola deve lidar com essa
diversidade, como abordar de forma pedagógica a diversidade cultural no espaço escolar, e
quais as atitudes os professores devem tomar face à esta realidade em sala de aula.
Outras questões:
1.3. Objectivos
13
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Actualmente este termo tem sido empregado em diversos campos de estudo, sendo
que é possível conceber a diversidade em vários campos: no ambiente de trabalho, nos
espaços de convivência social, ou até mesmo se quisermos em todo o contexto social.
14
o espaço, tornando-se uma questão cada vez mais séria na medida em que mais complexas
vão se tornando as sociedades.
Bergamaschi (2015), refere que a palavra diversidade diz respeito à diferença, estas
diferenças, para o autor, podem ser entendidas de duas formas, por um lado aquelas
construídas culturalmente e empiricamente observáveis, e por outra, aquelas construídas ao
longo do processo histórico, nas relações sociais e nas relações de poder.
Definir cultura não é uma tarefa simples, pois é um termo que evoca interesses
multidisciplinares, e é estudada em várias áreas como sociologia, antropologia, história,
comunicação, administração, economia, entre outras, sendo que cada área apresenta o seu
enfoque com relação ao assunto. Além disso, também tem sido utilizada em diferentes
campos semânticos em substituição a outros termos como mentalidade, espírito, tradição e
ideologia, Canedo (2009).
O termo cultura deriva do latim colore, que tem o seu sentido de arte de cultivar, ou
mesmo o resultado da cultivação, envolvendo, portanto, a ideia de labor e perseverança.
Laraia (1932), ao analisar o conceito de cultura faz uma resenha sobre a origem e
significado do referido termo, mostrando-nos que nos finais do século XVIII e princípios do
século XIX, o termo cultura, em germano, kultur, era utilizado para simbolizar todos os
aspectos ligados à espiritualidade de uma comunidade, enquanto no francês, civilization, o
termo referenciava as realizações materiais de cada povo. Daí que o autor, em seu entender,
15
define cultura como a forma que cada povo ou grupo vê o mundo que o rodeia, ou seja, as
aspirações sociais como produto de uma herança social.
Citado por Laraia (1932), Taylor (1832-1917), entende que o termo cultura, em seu
sentido etnográfico, inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a moral, as leis, costumes ou
qualquer outra capacidade e hábitos adquiridos pelo Homem enquanto membro de uma
sociedade.
Na visão de Kruppa (1993, p. 32) “cultura é o conjunto dos costumes, modo de vida,
forma de se vestir, de viver, de pensar, bem como das expressões de linguagem e dos valores
de um povo ou de diferentes grupos sociais”, concordando com (Morin, 2001) que a seu
entender o termo cultura deve ser visto como o conjunto de todas as normas, valores e regras
de um grupo social e que vão sendo transmitidas de geração à geração.
Bittencourt, Santos, Trindade e Rocha (2019), definem cultura como tudo o que o ser
humano produz para a construção eterna da sua existência. O ser humano, além de ser
inserido na cultura ao nascer, a partir de suas vivências, produz e propaga a sua própria
cultura. É um patrimônio humano, pode ser entendida como toda e qualquer manifestação da
espiritualidade humana:
De acordo com Corrêa (2010), a cultura deve ser entendida como um processo
cumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores, que limita ou
estimula a acção criativa do Homem. E, nesse processo criativo humano, tal como afirma o
autor, a cultura pode ser perpetuada, como recriada.
16
2.1.3. Conceito de ensino
Para Haydt (2007, p.13), “o ensino é uma ação deliberada e organizada, ou seja, uma
actividade pela qual o professor, através de métodos adequados, orienta a aprendizagem dos
alunos”. São as acções, meios e condições para a realização da instrução. Este processo
engloba a instrução, que refere-se à formação intelectual, formação e o desenvolvimento das
capacidades cognitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados”,
Libâneo (2006, p.23), acrescentando que:
17
demonstra que aprendeu quando ele é capaz de reelaborar de maneira diferente o que lhe foi
apresentado, ou seja, capaz de conceituar e abstrair.
Reforçando a ideia acima, Piletti (2004, p. 31) “explica que a aprendizagem não deve
ser entendida apenas como um processo que visa na aquisição de conhecimentos, conteúdos
ou informações”. Estas informações são importantes, mas precisam passar por um
processamento complexo, ou seja, devem ser trabalhadas de maneira consciente e crítica por
parte de quem os recebe, para que possam se tornar mais significantes na vida do aprendente,
afirma o autor, que a seu entender a aprendizagem deve ser vista como o processo de
aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de
perceber, ser, pensar e agir.
Sabe-se que a escola é uma instituição social de grande importância para a sociedade,
e isto justifica-se pelo facto de, além desta possuir a tarefa de preparar intelectual e
moralmente os alunos, também se ocupa em moldá-lo para a sua inserção social, sem deixar
de considerar também o papel da família. “É o lugar por excelência onde se realiza a
educação, a qual se restringe a um processo de transmissão de informações em sala de aula e
funciona como uma agência sistematizadora de uma cultura complexa”. Mizukami (1986, p.
12)
18
de convivência social, acrescenta Silva e Ferreira (2014), como se pode conferir na citação
abaixo:
É neste sentido que, a escola, determina os objectivos cognitivos, que cada aluno deve
atingir ao longo do seu processo de maturação intelectual, e paralelamente estabelece os
parâmetros culturais que contribuem para a concretização dos objectivos preconizados pela
política educativa. (Nunes).
Assim, podemos perceber que a escola, enquanto uma instituição social voltada para o
desenvolvimento e manutenção da cidadania, tem uma nobre missão como a de preparar o
indivíduo no processo para a vida em sociedade, na transmissão de conhecimentos,
desenvolvimento de habilidades, valores, atitudes, bem como na formação para cidadania a
fim de que este seja um cidadão crítico e participativo.
E para que ela cumpra com estas exigências, deve primar por uma gestão responsável,
que garante a sua sobrevivência e o seu funcionamento regular, gestão esta que deve incluir
em seu programa a planificação, a concepção, a iniciativa de actividade, o controlo das
actividades e dos resultados na base de recursos disponibilizados. Nunes (2013).
A palavra educação surge pela primeira vez na Grécia, e a sua difusão aconteceu com
a expansão do território romano e a adopção do latim enquanto língua oficial. Ela tem origem
em dois verbos latinos, educare que traduzido significa alimentar, cuidar, criar, transmitir
19
informações a alguém (estudo), (acção de fora de para dentro de), e educere que significa
extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo (educação), (acção de dentro de
para fora de).
A palavra educação tem sido utilizada, ao longo do tempo, com dois sentidos: social e
individual, Haydt (2011). Do ponto de vista social, explica a autora, a educação é concebida
como a ação que as gerações adultas exercem sobre as gerações jovens, esta acção é
manifestada através da orientação destes, por meio da transmissão de conhecimentos, normas,
valores, crenças, usos e costumes aceites pelo grupo social, já do ponto de vista individual, a
20
educação é o desenvolvimento das habilidades e potencialidades de cada indivíduo, tendo em
vista o aprimoramento de sua personalidade.
Kruppa (1993), vai mais além explicando que a educação pode ser conceituada de
duas formas, informal e formal, enfatizando que a educação informal é aquela sem forma,
aquela que acontece fora do ambiente escolar, e a educação formal é percebida, na óptica do
autor, como aquela que se desenvolve dentro do espaço escolar, obedecendo critérios e
normas para o agrupamento dos alunos, e engloba um conjunto de profissionais com papéis
diferenciados nomeadamente o professor, o Director, e outros. Esta forma de educação,
podemos entendê-la como aquela que dá-se de forma institucionalizada e sistematizada.
A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no
ensino escolar institucionalizada, cronologicamente gradual e
hierarquicamente estruturada, a que tem lugar nas escolas, colégios e
instituições de ensino superior, tendo currículos e regras de certificação
claramente definidas. A educação informal, porém, define-se como um
processo de aprendizagem social, que normalmente se realiza fora dos
quadros do sistema formal de ensino, onde as crianças e jovens adquirem e
acumulam conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho
e no lazer.
21
pois este processo pode ser realizado a partir da observação do aprendiz. Araújo e Braga
(2019).
De acordo com Filloux (2010), por ambiente escolar, pode-se compreender tanto a sala
de aula como o estabelecimento no qual está situada. Trata-se de uma associação mais extensa
do que a família, menos abstrata do que a sociedade política. Nela, pode se formar o hábito da
vida em comum na classe, a vinculação à essa classe e mesmo à escola, da qual a classe é
apenas uma parte
Para Zanin e Lemke (2017), multiculturalismo refere-se aos estudos voltados sobre as
diferentes culturas espalhadas em diversos lugares do mundo, já que não há uma única
22
cultura, mas sim culturas. É um termo que tem sido compreendido como um campo teórico,
prático e político que busca respostas à diversidade cultural e desafios a preconceitos, com
ênfase na identidade como categoria central para se pensar em uma educação valorizadora da
pluralidade no contexto escolar, acrescentam os autores.
Partindo do pressuposto de que toda obra científica deve ter um embasamento teórico,
neste item procurou-se apresentar de forma muito detalhada alguns dos aspectos que já foram
discutidos por diversos autores sobre o tema abordado. Assim, começou-se com uma
abordagem sobre a Diversidade cultural e seu enquadramento no contexto escolar, seguido da
análise sobre a escola enquanto campo social produtor e reprodutor de cultura, bem como os
seus desafios frente à diversidade cultural, a gestão da diversidade cultural no ambiente
escolar, o papel do gestor escolar face à diversidade cultural no ambiente escolar, os desafios
dos docentes diante da diversidade cultural em sala de aula e por fim analisou-se o impacto da
diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem.
A diversidade, pode ser percebida nos costumes das pessoas, e muitas vezes é tida
como divertida, mas nalgumas vezes agimos de maneira preconceituosa ao nos depararmos
com certos hábitos e costumes característicos de cada povo, tais como a maneira de se vestir,
de cumprimentar, etc. Tudo isto é característico da diversidade cultural.
23
A diversidade cultural é a representação das diferentes manifestações culturais, como
as línguas, tradições, hábitos e costumes, formas de pensar, agir, hábitos alimentares, ou até
mesmo as diversas formas de organização e modelos de família de certas pessoas pertencentes
a grupos claramente distintos. Também, pode ser concebida, do ponto de vista de Ramalho
(2015), como o conjunto das diversas culturas existentes numa sociedade, sendo que cada
grupo tem as suas peculiaridades, expressando de forma diferente os seus valores culturais em
diferentes épocas e lugares por meio das suas atitudes.
Furtado (2014), acrescenta que a diversidade cultural são as diferenças culturais que
existem entre o ser humano, considerando que existem vários tipos, tais como: a linguagem,
danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da sociedade, ou seja, é o
conjunto das diferenças culturais, pluralidade e a multiplicidade de culturas ou de identidades
culturais.
24
Além dos autores já referidos acima, sob o ponto de vista teórico, Batista (2009),
afirma que o desenvolvimento de estudos de índole cultural também teve respaldo nas obras
de Roland Barthes, Henri Lefebvre e Fanon, na França, e Fiedler no EUA, e ainda grande
influência por parte do CCCS, sublinhando que este Centro, fazendo um recuo às suas
origens, suas actividades visavam na promoção da cooperação entre as diversas áreas do
conhecimento a fim de estimular a investigação interdisciplinar e a interligação prioritária a
temas da actualidade como estudos ligados à política cultural, aspectos ligados à raça, etnia e
língua.
Actualmente, esta questão tem merecido a devida atenção na política do ponto de vista
geral à nível nacional e internacional, e as discussões concernentes ao assunto têm como foco,
a construção de democracias multiétnicas, a convivência pacífica com base no respeito a
opiniões diversas, bem como no respeito e valorização da diversidade em todas as esferas da
sociedade.
Por outro lado, a diversidade cultural também tem merecido especial atenção por parte
da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural pelo facto desta tratar de
forma específica assuntos relacionados a este tema. De realçar que a referida Declaração foi
aprovada em 2001 com o objectivo de garantir a valorização dos saberes e o respeito a todas
as pessoas, independentemente de suas distinções.
25
Enquanto fonte de intercâmbios, inovação e criatividade, a diversidade cultural é tão
necessária para a Humanidade como a biodiversidade o é para a natureza. Neste sentido,
constitui o património comum da Humanidade e deve ser reconhecida e afirmada em
benefício das gerações presentes e futuras.
Outrossim, no seu art.º 3º, a Declaração consagra a diversidade cultural como factor
de desenvolvimento, tendo em conta que a cultura alarga o leque de opções à disposição de
todos; é uma das fontes de desenvolvimento, entendido não apenas em termos de crescimento
económico, mas também como meio para alcançar uma existência intelectual, emocional,
moral e espiritual mais satisfatória.
Desta feita, a aceitação e o respeito pela diversidade cultural são fatores essenciais
para a tolerância e para uma convivência pacífica e harmoniosa entre os diferentes grupos
existentes dentro de uma sociedade, onde os adultos enquanto membros ativos desta
sociedade, são os responsáveis pela forma como os mais novos vêem o mundo e como
aceitam os outros à sua volta, independentemente da sua nacionalidade, raça, etnia ou cultura.
Neste sentido, é dever de todos aceitar, respeitar e tratar com dignidade e igualdade todos
aqueles que nos rodeiam e interagem connosco, seja em qualquer contexto social.
Nos dias de hoje, esta temática tem assumido um papel fundamental no contexto
educativo. Ela está presente no cotidiano escolar, manifestando-se de diferentes formas, quer
seja através da criação, produção, expressão cultural, bem como em diferentes representações.
Assumindo este papel preponderante no contexto educacional, sua abordagem fora do
contexto educativo, significa permitir que, a existência de diferenças entre os alunos conduza
os mesmos a actos como a intolerância, a discriminação e outras consequências fruto do
preconceito. Por outra, a relevância desta abordagem dentro do campo escolar, explica-se pelo
26
facto de, no momento em que a escola desenvolve as suas práticas pedagógicas, procura
atender a sua clientela de forma igualitária e democrática, tal como elucida Leite (2014).
É importante aqui destacar que dentro de uma sociedade, a cultura não é homogênea.
Como afirma Leite (2014), ela inclui conhecimentos sobre as diversas manifestações culturais
como crenças, arte, moral, costumes e hábitos adquiridos pelo Homem como herança do
grupo social a que este faz parte, visto que cada grupo é identificado por um tipo de cultura
que o diferencia um do outro. Conforme Martinazzo, Schmidt e Burg (2015), o espaço escolar
constitui-se num território rico e fértil onde ocorrem tais manifestações culturais e vivências
27
de valores referidos por Leite(2014). Diante desta realidade, é necessário que a escola
trabalhe e considere os conceitos como o respeito mútuo, a liberdade de expressão e a
solidariedade em relação aos outros, e para que isto seja uma realidade, os educadores e
educandos, bem como todos os agentes afectos ao espaço escolar, precisam sentir-se
integrantes e representantes de uma determinada cultura e abertos às influências recíprocas,
procurando compreendê-las.
Neste contexto, a escola como parte da sociedade, constitui-se num espaço formado
por uma população com hábitos, crenças e costumes diferentes, e este facto é condição
essencial para o aumento e desenvolvimento do cenário da diversidade de culturas neste
ambiente em detrimento da convivência que se verifica a cada dia neste local. Para
Kadlubitski e Junqueira (2009), é um espaço que possui a vantagem de ser uma das
instituições sociais em que é possível o encontro das diferentes presenças, um espaço
sociocultural marcado por símbolos, rituais, crenças, culturas e valores diversos.
A questão da diversidade cultural neste âmbito, deve ser encarada com naturalidade
pela escola visto que a desigualdade, são manifestações normais dos seres humanos é tão
normal quanto a própria vida, e devemos acostumar-nos a viver com ela e a trabalhar a partir
dela. Dias (2010).
Dizer que, a diversidade cultural é um facto que não deve ser descurado quando se
quer estudar aspectos relacionados à sociedade. Defender a sua valorização é importante na
medida em que, particularmente, ao ser considerada no ambiente escolar, a criança acaba por
adquirir hábitos de empatia, responsabilidade, criatividade e habilidades na resolução de
problemas. Outro sim é que a defesa da diversidade cultural, além de ser importante para o
desenvolvimento de hábitos necessários para o desenvolvimento integral da criança ou da
nova geração, implica, ainda, um imperativo ético, um facto indissociável do respeito pelos
direitos humanos e um compromisso para com os direitos humanos e liberdades
28
fundamentais, como espelha o art.º 4º da Declaração Universal da UNESCO sobre a
Diversidade Cultural.
29
espaço onde se desenvolve o processo de ensino-aprendizagem, esta deve proporcionar uma
educação que visa no aperfeiçoamento da cidadania de todos que a integram. Leite (2014).
A escola, enquanto espaço onde coexistem diversas culturas, e por se constituir numa
instituição presente e parte da sociedade, frente à pluralidade cultural, assume um grande
30
desafio que vai além daquilo que é o ensino das ciências, ou seja, de acordo com Monteiro
(2020), ela detém a responsabilidade de formação do sujeito com a oferta de condições
necessárias para que estes possam conviver e interagir em sociedade dentro dos padrões éticos
e morais. Outrssim, esta educação, perpetuada pela escola, deve preparar os alunos para o
reconhecimento da pluralidade e da diversidade com base no respeito e tolerância recíproca, e
para isso, a escola precisa assumir todas as culturas, reconhecendo-as e valorizá-las, com vista
a construção de uma sociedade unificada e justa com oportunidade para todos. Nunes (2013).
Partindo deste pensamento, pode-se dizer que são vários os desafios que a escola deve
assumir face ao contexto da diversidade cultural e para o sucesso daquilo que é a sua missão.
Sendo assim, Silva e Pereira (2013) listam alguns dos vários desafios que à escola cabe diante
do contexto da diversidade, reconhecendo que neste âmbito a escola deve:
Carvalho (2013), por sua vez, recomenda que a escola, frente à diversidade de
culturas, deve funcionar tendo em vista a construção da democracia, pautando por políticas
que visam na promoção de princípios éticos, liberdade, respeito mútuo, justiça, equidade,
solidariedade e diálogo no seu cotidiano. E, como aponta Fonseca (2021), a escola como
responsável pela promoção destes princípios a que refere Carvalho, deve também, promover
valores de modo que as crianças e jovens aprendam a lidar com a diferença, reconhecendo
que todos têm os mesmos direitos e deveres. Porém, deve-se considerar também indispensável
31
o papel dos docentes na abordagem clara, simples e realista destes conceitos, uma vez que a
integração e o sucesso educativo dos alunos é um indicador importante de integração social,
de desenvolvimento e de coesão social.
Neste sentido, a escola deve ser um local de aprendizagem de regras que permitem o
reconhecimento das diferenças, pactuando com Oliveira (2018), quando explica que a escola
deve reunir um conjunto de estratégias baseadas em programas curriculares que expressam a
diversidade de culturas de forma a se eliminar os preconceitos e as discriminações decorrentes
das diferenças raciais, étnicas e culturais. Trabalhar a diversidade cultural na escola, exige que
esta alimente uma “cultura de paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e
na noção de cidadania compartilhada por todos. O aprendizado, neste contexto, deve ocorrer
num clima em que todas as diferenças de culturas sejam consideradas e respeitadas por cada
um.
32
população escolar, dado que só assim será possível incluir todas as particularidades de cada
cultura e dar-lhes o devido valor, destacando cada detalhe que as torna singulares.
Assim, pode-se perceber que, dentre os vários desafios hoje da escola no contexto da
diversidade cultural, destaca-se o reconhecimento da diversidade neste âmbito, como
elemento inseparável da identidade nacional e regional de seus educandos, pois esse
reconhecimento implica na superação de qualquer tipo de preconceito e no ensino ao
educando da valorização das especificidades dos grupos que compõem a sua escola e os seus
vínculos afectivos.
33
Elma Carvalho (2012), entende que a gestão da diversidade cultural no contexto
escolar, prevê um conjunto de acções e uma nova cultura organizacional onde a diversidade
não deve ser encarada como um problema, mas como uma oportunidade que possibilitará a
boa convivência e uma aprendizagem eficaz e eficiente para todos.
Logo, para que a gestão da diversidade cultural dentro do espaço escolar seja um
facto, é preciso um olhar atento e cuidadoso por parte do gestor para que o sucesso da mesma
não seja colocado em causa. Nesta perspectiva, os gestores escolares devem, no exercício das
suas funções, reconhecer as diferenças existentes dentro do espaço escolar e trabalhá-las
mediante uma postura crítica e reflexiva para a promoção do respeito pelas determinadas
34
culturas existentes dentro deste ambiente, e não só, como também para promoção de uma
educação democrática e inclusiva, onde cada um nota o reconhecimento e a valorização da
sua cultura, mas tendo em consideração que não existe nenhuma cultura superior ou inferior à
outra.
35
Para isso, é indispensável a função do gestor escolar, visto que, e Conforme aponta
Castro (2016), este profissional é uma personalidade que desempenha um papel bastante
expressivo na construção e materialização de um plano diligente para o funcionamento da
escola, bem como para o sucesso dos sujeitos que dela fazem parte.
Batista (2017), ao analisar as funções do gestor escolar, certifica que este deve criar
condições para a promoção de uma educação democrática, ajustada com as especificidades
dos alunos. Pereira (2020), entende que o exercício da função de gestor escolar requer
comprometimento, capacidade e habilidades administrativas, espírito de liderança, atitudes
democráticas e responsabilidade. Deve adoptar uma postura de trabalho conjunto, onde em
colaboração com a sua equipa e com os demais elementos ligados à comunidade escolar vão
traçar programas de acção para uma gestão que preze o respeito e a valorização das
diferenças, acrescenta o autor.
Liston (2014), também faz menção ao papel deste profissional, o gestor escolar, face à
diversidade cultural no contexto escolar, considerando que este precisa trabalhar a tolerância,
o respeito e o reconhecimento da diversidade em toda a comunidade. Nesta mesma linha de
pensamento, o autor refere ainda que o gestor, diante de um clima multicultural no ambiente
escolar, deve assumir certas tarefas como:
36
discussões e debates dentro da sala de aula e fazer com que todos se sintam responsáveis pela
promoção de um espaço educativo que visa à valorização da diferença cultural existente
dentro do recinto escolar.
A sala de aula constitui um espaço fértil para as relações interpessoais, com vista ao
aperfeiçoamento das aprendizagens dos alunos, levando em conta que estes não são objectos
de aprendizagem e sim os agentes principais que devem ser o centro de conhecimentos que já
trazem do meio em que vivem, pois eles são sujeitos que pertencem a uma sociedade ou a um
grupo social que transmite valores, comportamentos e ideias diferentes.
Segundo Nunes (2013), o professor é um indivíduo que ensina, mas também tem de
perceber que não é só depositar os seus conhecimentos numa determinada sala de aula, para
que o seu papel seja bem desempenhado, nem tão-pouco a capacidade técnica, bem como o
domínio dos conteúdos e da metodologia, estas capacidades são ainda insuficientes para o
aseguramento de uma educação para a diversidade. Para isso, o professor devem, junto às
capacidades referidas acima, alterar e modificar as estratégias de ensino, para que estas
possam estar de acordo às políticas que visam o respeito pela diversidade.
37
Ainda quanto ao papel do professor perante a diversidade de cultural em sala de aula,
Moreira (2001), sugere três importantes papéis que este profissional deve desenvolver em
suas práticas pedagógicas:
1. Que este se volte tanto para dentro, para a prática, como para fora, para as condições
sociais e culturais em que a prática se desenvolve e contribui para a formação das
identidades docentes e discentes;
2. Deve se questionar tanto sobre as desigualdades como as diferenças identitárias
presentes na sala de aula, buscando compreender e desequilibrar as relações de poder
nelas envolvidas;
3. Deve estimular a reflexão coletiva, propiciando a formação de grupos de discussão e
de aprendizagem nas escolas, por meio dos quais os professores apoiam e sustentam os
esforços de crescimento uns dos outros, bem como a articulação entre diferentes
escolas, entre as escolas e a universidade, entre as escolas e distintos grupos da
comunidade. A ideia é que o professor preserve a preocupação com os aspectos
políticos, sociais e culturais em que se insere sua prática, e leve em conta todos os
silêncios e todas as discriminações que se manifestam na sala de aula, bem como
ampliação do espaço de discussão de sua atuação.
Para além destes aspectos a desenvolver nas práticas pedagógicas, defendidas por
Moreira (2001), o professor não se deve limitar apenas a expor as suas ideias e
conhecimentos, mas sim ser um mediador no processo ensino/aprendizagem, concordando
com Salomão (2007, p.93), quando afirma que, “sendo a escola, por excelência, um local de
sociabilização, o professor deve ir assumindo gradualmente o papel de mediador, dando aos
alunos a oportunidade de constituírem as suas aprendizagens”.
Para isso, é essencial o desenvolvimento de uma convicção por parte dos mesmos que
visa na mudança das suas práticas em sentidos multiculturais e que estes possam estar
munidos de condições e disponibilidade para promoverem mudanças. Cardoso (1996).
Stoer (2008), destaca o papel do professor face à diversidade cultural, fazendo uma
breve comparação das características do professor monocultural e intercultural, sendo este
último, aquele que, em torno do desenvolvimento da sua função respeita e considera a
diversidade em sala de aula. Nesta ordem de ideia, a autora afirma que o professor
multicultural, em sua missão, deve:
38
Encarar a diversidade cultural como fonte de riqueza para o processo de ensino-
aprendizagem;
Promover a rentabilização de saberes e de culturas;
Tornar a diversidade cultural em sala de aula como condição da confrontação entre
culturas;
Refazer o mapa da sua identidade cultural a fim de ultrapassar o etnocentrismo
cultural;
Defender a descentração da escola;
Conhecer as diferenças culturais através do desenvolvimento de dispositivos
pedagógicos na base da noção de cultura como prática social.
A cultura diz respeito a “tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo,
nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade”. (Santos, 1987, p.20-21). Nesta
perspectiva, numa sala de aula, é comum ver alunos de mundos diferentes, sejam eles de
classes sociais e etnias que existem em nossa sociedade, e muitas vezes, professores há que
não conseguem ter uma visão ampliada de tantas culturas que passam despercebidas ou
mesmo ignoradas pelo fato de não saberem trabalhar na diferença.
O aluno é uma pessoa que antes de entrar numa sala de aula, carrega consigo sua
identidade, sua história de vida que não se apagam por simples olhares cegos ou equivocados
no espaço escolar, daí que o professor deve ter um olhar investigador da vida dos seus alunos,
para que avalie seu ensino e adapte as realidades destas culturas que se encontra em sala de
aula. Muitos docentes em sala de aula tem grandes dificuldades de lidar com quem é
diferente, com o estranho, facto que compromete o sucesso do ensino, e deste modo, o aluno
em sala de aula sentir-se-á constrangido pelos seus colegas e pelo próprio professor, levando-
o à desmotivação e consequentemente pondo em causa a sua inserção participativa e crítica no
ambiente escolar. Vejamos a afirmação abaixo:
Esta é uma grande realidade conflitante da prática do professor e da própria escola que
desconhecendo ou mesmo sabendo das culturas dos alunos em seu contexto, pouco se tem
feito para a formação específica com os docentes passando as informações básicas para lidar
39
com quem é apenas diferente não por aparência física e sim pela forma de não saber a história
e modos de culturas existentes no educando. Portanto, as diferenças em sala de aula devem
respeitar as culturas individuais de cada aluno.
Ela está presente em todos os segmentos da sociedade, e a escola não está fora desta
realidade, visto que é um espaço social onde se desenvolvem actividades ligadas ao processo
de socialização, bem como àquelas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem, e por
sua vez recebe várias culturas da comunidade que a integra. Mas, é de realçar que, o aspecto
relacionado à formação de valores e o carácter cultural de todos que a escola recebe, dá-se
fora do espaço escolar, isto é, na família.
Toda a manifestação cultural que surge dentro do espaço escolar por parte da
população que a integra tem grande impacto e relevância no processo de ensino-
aprendizagem. E, visto que a diversidade cultural nos dias de hoje assume um papel
fundamental no contexto educativo, e uma vez que as turmas estão cada vez mais
diversificadas, quer a nível de etnias, religiões e até mesmo de nacionalidades, há a
necessidade de se reflectir sobre o impacto de todas estas diferenças dentro da sala de aula e
consequentemente as suas influências no processo de ensino-aprendizagem.
De acordo com Candau (2008, p. 13), “há uma relação intrínseca entre educação e
cultura, isto pelo facto de não haver educação que não esteja imersa aos processos culturais do
contexto em que se situa”, logo, a autora realça que não é possível conceber uma experiência
pedagógica desvinculada totalmente das questões culturais da sociedade.
40
cultura é um tema de extrema importância que deve ser trabalhado na escola juntamente com
os educandos no processo de ensino-aprendizagem, e nesta perspectiva o ensino deve estar
voltado para uma educação humana e multicultural, com o intuito de se construir, com base
nos princípios éticos, o respeito e a convivência entre as diversas realidades existentes no
ambiente escolar.
Corroborando a ideia acima, Carvalho (2008), refere que a diversidade que coexiste
em contextos escolares implica importantes vantagens no campo educativo para todos os
alunos, o autor prevê que em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir
conflitos que por sua vez constituem-se numa mais-valia, não só como um desafio a resolver,
mas como uma excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância em sociedade cada
vez mais heterogênea e conflituosa. Mas, também é preciso entender que a diversidade, neste
contexto, não pode ser tratada apenas como um problema, mas como algo precioso, capaz de
contribuir para a boa convivência e maior aprendizagem entre os alunos e a todos que
comungam do mesmo espaço escolar. Liston (2014).
Para isso, Oliveira (2017), enfatiza que a escola deve contemplar as diferenças
individuais e sociais de forma ética, sob pena de assumir uma postura antidemocrática que
reduzirá o respeito pela diversidade, homogeneizando-a e desconsiderando, de facto as
características socioculturais próprias e resultantes das vivências dos alunos. Nesta
perspectiva, ainda de acordo com Oliveira (2017), Quando a escola se fecha em seu mundo e
se acomoda em sua estrutura, encontra-se totalmente desligada da realidade social de todos os
alunos, desligada da realidade cotidiana das crianças, do tipo de experiência ou de vivência no
qual os alunos se sentiriam à vontade.
41
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA
3.1. Metodologia
De acordo com Gil (2002), é nesta etapa que define-se o tipo de pesquisa, onde e como
será realizada a pesquisa, a população (universo da pesquisa) e a amostra, bem como as
técnicas de coleta de dados e os procedimentos ou a forma de como se pretende tabular e
analisar os dados.
A palavra pesquisa pode ser concebida de diversas formas. De acordo com Silva e
Menezes (2005), pesquisa é um conjunto de acções propostas com vista a se encontrar uma
solução para um determinado problema; tem por base procedimentos racionais e sistemáticos,
e realiza-se quando se tem um problema desconhecendo-se as informações para solucioná-lo.
42
A pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado
com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos. Gerhardt e
Silveira (2009). “É o conjunto dos procedimentos sistemáticos baseados no raciocínio lógico,
com o objetivo de se encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de
métodos científicos”. (Andrade, 2010, p. 109).
Do ponto de vista dos seus objectivos, esta pesquisa é Descritiva, pois relata e
descreve a realidade da escola estudada. Gil (2002), afirma que as pesquisas descritivas têm
como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenômeno. De acordo com o autor, são inúmeros os estudos que podem ser enquadrados neste
43
modelo de pesquisa, a destacar aquelas que têm por objetivo estudar as características de um
grupo, bem como aquelas que visam levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma
população. Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados,
classificados e interpretados, sem a interferência do pesquisador. Prodanov e Freitas (2013).
Quanto aos procedimentos técnicos esta pesquisa é Bibliográfica1 por ser elaborada a
partir de materiais já publicados a destacar: livros, artigos de periódicos, revistas,
dissertações, monografias e outros materiais actualizados e disponíveis na Internet; é
Participante2, pois houve a interação directa entre os pesquisadores e os participantes do
estudo no campo; é um Estudo de caso3 porque trata-se de um estudo num ambiente
específico.
A entrevista, de acordo com Prodanov e Freitas (2013), é uma técnica que consiste na
busca de informações ou dados sobre determinado assunto ou tema que não se encontram
documentados. Esta técnica, segundo Marconi e Lakatos (2003), mostra-se vantajosa por ser
utilizada com todos os segmentos da população tais como os letrados e não letrados, por
oferecer maior oportunidade para avaliar atitudes e condutas, podendo o entrevistado ser
observado naquilo que diz e como diz, por dar a oportunidade para a obtenção de dados que
não se encontram em fontes documentais e que julgam-se relevantes e significativas, bem
1
Tipo de pesquisa que utiliza fontes secundárias como livros, revistas, artigos e outros documentos
bibliográficos. Andrade (2010)
2
Quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.
Prodanov e Freitas (2013)
3
Estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento. Gil (2002)
4
Tipo de entrevista que consiste num roteiro ou conjunto de questões elaboradas pelo pesquisador sobre o tema
que está sendo estudado para o entrevistado, dando liberdade para que este debruce livremente sobre assuntos
que vão surgindo como desdobramentos do tema principal. Gerhardt e Silveira (2009, p. 72)
44
como por permitir o acesso à informações mais precisas, podendo ser comprovadas de
imediato.
Foi fundado a 28 de Março de 2007. A mesma conta com três níveis de ensino
divididos em dois turnos (manhã e tarde), nomeadamente: Pré-escolar e Ensino Primário, Iº
Ciclo e o IIº Ciclo do Ensino Secundário dos cursos de Ciências Económicas e Jurídicas e
Físicas e Biológicas.
45
pode-se entender como o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população, acrescenta o autor.
Esta pesquisa contou com uma população composta por 20 participantes, onde retirou-
se uma amostra de 11participantes, dentre os quais, o Director e os professores do referido
Complexo Escolar. E, Para a selecção desta amostra, usou-se a técnica de amostragem não
probabilística56 por conveniência ou acessibilidade.
De realçar que esta técnica caracteriza-se pelo facto de os elementos para composição
da amostra depender ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no
campo. Outro sim, uma outra característica à que se refere a esta técnica é o não uso de
formas aleatórias de seleção, tornando-se impossível a aplicação de formas estatísticas para
cálculo, e é usada quando se desconhece o tamanho do universo e os indivíduos são
selecionados através de critérios subjetivos do pesquisador. Marotti, et al (2008)
3.1.4. Dificuldades
Durante a elaboração desta pesquisa foram encontradas várias dificuldades, que dentre
as quais podemos mencionar:
5
São compostas de forma acidental ou intencional, cujos elementos não são selecionados aleatoriamente.
(Prodanov & Freitas, 2013, p. 98)
6
Não apresentam fundamentação matemática ou estatística e dependendo unicamente de critérios do
pesquisador. (Gil, 2008, p.91)
46
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Após uma abordagem detalhada sobre o tema desta pesquisa nos capítulos anteriores,
segue-se o momento de apresentação, análise e interpretação das entrevistas dirigidas aos
participantes deste estudo, nomeadamente o Director e os respectivos professores.
Esta fase, de acordo com Gil (2010), envolve diversos procedimentos como: a
codificação das respostas, a tabulação dos dados e os cálculos estatísticos. Ainda de acordo
com o autor, é nesta etapa da pesquisa onde faz-se também a interpretação dos dados,
processo este que consiste fundamentalmente em estabelecer a ligação entre os resultados
obtidos com outros conhecidos, ou seja, com os estudos já realizados.
De realçar que, esta pesquisa, tal como já referenciou-se na parte metodológica, foi
aplicada no Complexo Escolar Privado “GILIPA”, com o objectivo de compreender o
impacto da diversidade cultural no processo de ensino-aprendizagem nas Turmas do Ensino
Primário do referido Complexo.
47
4.1.1. Resultado da entrevista dirigido à Senhora Directora
Depois de uma entrevista feita à directora do Complexo Escolar, foi feita a transcrição
literal das respostas, organização e a súmula dos principais resultados obtidos durante a
entrevista, conforme se pode aferir no texto abaixo:
Diante das respostas dadas pela entrevistada à este primeiro bloco de questões, foi
possível notar que a mesma, ao conceber a diversidade cultural fez menção à variedade de
culturas presentes dentro da sociedade, estando de acordo com Furtado (2014) que concebe a
diversidade cultural como as diferenças culturais existentes entre o ser humano, no que se
refere a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições presentes na sociedade.
Quanto ao impacto desta no processo de ensino-aprendizagem, aferiu-se que a directora
considera este fenómeno, a diversidade cultural, um factor de grande impacto no processo de
ensino por permitir uma interação saudável entre os alunos e o respeito das diferenças dentro
do ambiente escolar, estando de acordo com Carvalho (2008), quando refere que a
48
diversidade que coexiste em contextos escolares implica importantes vantagens no campo
educativo para todos os alunos, e em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir
conflitos, mas estes, por sua vez, constituem-se numa mais-valia, não só como um desafio a
resolver, mas numa excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância.
Quanto a isto, e analisando o que foi dito pela directora relactivamente à gestão da
diversidade no ambiente escolar, dizer que a diversidade cultural neste contexto, necessita de
ser trabalhada mediante uma postura crítica e reflexiva por parte das instâncias
administrativas e pedagógicas. Essa postura, na visão de Batista (2017), requer um trabalho
colectivo e descentralizador do contexto escolar. Assim, pode-se afirmar que faz sentido a
opinião da entrevistada quando refere-se ao princípio da gestão e administração democrática
como principal política para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar.
Nesta questão, a Directora referiu que são inúmeros os papéis que o corpo gestor deve
desempenhar face à diversidade cultural na escola, dentre os quais destacou:
49
Nesta linha de pensamento, Liston (2014), fazendo menção ao papel deste
profissional, o gestor escolar, face à diversidade cultural na escola, afirma que este precisa
trabalhar a tolerância, o respeito e o reconhecimento da diversidade em toda a comunidade.
Face à diversidade cultural, a directora afirmou que a escola assume vários desafios,
como: vencer os preconceitos culturais, raciais e religiosos, e ainda influenciar os alunos a
aprender a conviver com a diferença, seja em qual ambiente estiverem.
E para a sustentabilidade deste pensamento, buscou-se Nunes (2013), pois este autor
entende que a educação escolar deve desafiar-se na preparação de alunos para o
reconhecimento da pluralidade de culturas com base no respeito e na tolerância recíproca.
Assim, a escola deve assumir todas as culturas, reconhecendo-as, valorizando-as e sobretudo
encarar a diversidade cultural como trunfo para a construção de uma sociedade justa e
oportuna para todos.
50
culturas que existem à nossa volta. Para o professor (D), a diversidade cultural é a interação
entre as diversas culturas presentes na sociedade, e esta interação ajuda na integração do
indivíduo no meio social, colocando-o em constante interação com as diversas realidades
sociais.
Face as respostas dos entrevistados sobre o conceito de diversidade cultural, nas suas
intervenções, percebe-se que os mesmos entendem a diversidade cultural como o conjunto das
diferentes culturas, fazendo menção aos hábitos, costumes, religião, linguagem, bem como as
formas de organização familiar, social e política de um determinado grupo numa sociedade, e
isso corresponde ao que Cilato e Srtori (2015), haviam chamado de multiculturalismo, um
termo que segundo os autores indica a existência de culturas diversificadas dentro de uma
comunidade ou região. Ainda de acordo a este conceito, corroborando as ideias acima já
referenciadas, Ramalho (2015), concebe a diversidade cultural como o conjunto das diversas
culturas existentes numa sociedade, a forma como cada grupo expressa os seus valores
culturais, suas distintas maneiras de comportamento e o modo como estes atribuem
significados aos diferentes objectos à sua volta.
51
partir do momento em que ela se faça presente neste meio, somos capazes de observar e
conhecer as diferentes culturas que circundam o meio escolar e assim poder-se-á orientar os
alunos ao respeito pela diferença, fazendo-os entender que cada um é diferente do outro, e que
esta diferença é salutar para o desenvolvimento da sociedade. Já o professor (J), considera que
a diversidade cultural sempre irá existir dentro do contexto escolar, e a valorização desta
diferença no meio ambiente escolar é motivo para o fortalecimento do processo educativo,
bem como para a promoção da identidade cultural de cada povo.
52
escolar. E isto é perceptível na medida em que esta possibilita o desenvolvimento da
personalidade e identidade do aluno, o seu nível de cultura geral, bem como o aprendizado da
tolerância e do respeito e o fortalecimento dos laços de amizade no meio escolar. E diante
disto, Carvalho (2008), afirma que a diversidade de culturas coexistente em contextos
escolares implica importantes vantagens no campo educativo para todos os alunos,
entendendo que em turmas onde haja significativa diversidade podem surgir conflitos, mas
estes por sua vez, devem constituir-se numa mais-valia, não só como um desafio a resolver,
mas como uma excelente oportunidade para o aprendizado da tolerância dentro do ambiente
escolar.
53
e valores diversos. Diante destas afirmações, pode-se afirmar que, o ambiente escolar é um
espaço onde não se deve desconsiderar a existência da diversidade cultural.
De acordo com Moraes e Pereira (2014), é claro que as iniciativas sobre a intenção na
formação inicial de docentes sobre a multiculturalidade são ainda muito incipientes, mas neste
caso, estes autores chamam atenção para que as escolas de formação inicial de professores,
principalmente as universidades, por meio das suas licenciaturas possam assumir a
responsabilidade a responsabilidade de formar docentes para a diversidade, não como uma
acto benevolente, mas como de compromisso político-pedagógico e social.
54
Portanto, analisando as respostas dos entrevistados quanto à este ponto, pode-se notar
que os mesmos, para lidarem com a diversidade cultural no decorrer de suas práticas
pedagógicas, são defensores de políticas que visam a promoção e o desenvolvimento de
atitudes de respeito as diferenças, tal como mencionado no parágrafo acima. E para sustentar
este pensamento, Carvalho (2012), acrescenta que para lidar com a diversidade é necessário o
estudo e a implementação de políticas que promovam certos valores como o respeito,
reconhecimento, valorização e a aceitação das diferenças.
Nesse sentido, de acordo com a ideia dos professores entrevistados quando referiram
que a escola tem como desafio instruir seus alunos em todos os aspectos, vale realçar que,
enquanto espaço onde coexistem diversas culturas, e por se constituir numa instituição
presente e parte da sociedade, frente à pluralidade cultural, esta assume um grande desafio
que vai além daquilo que é o ensino das ciências, ou seja, ela detém a responsabilidade de
formação do sujeito com a oferta de condições necessárias para que estes possam conviver e
interagir em sociedade dentro dos padrões éticos e morais. Monteiro (2020).
55
que fazem parte da nossa sociedade, estimulando-os ao exercício da reflexão sobre os
principais benefícios da vivência em ambiente multicultural;
Dar continuidade ao trabalho dos órgãos de gestão, levando ao conhecimento do aluno
as diferentes culturas e influenciá-los a representá-las e valorizá-las de forma
orgulhosa.
Neste contexto, corroborando as afirmações acima referidas, Nunes (2013), admite que
o professor é um indivíduo que ensina, mas também tem de perceber que não é só depositar os
seus conhecimentos numa determinada sala de aula, para que o seu papel seja bem
desempenhado. Porém, é necessário que em contextos escolares multiculturais, estes
considerem que a capacidade técnica bem como o domínio dos conteúdos e da metodologia,
são insuficientes. Para isso, no exercício da sua missão, Moreira (2001), afirma que o
professor deve estimular a reflexão de seus alunos, propiciando a formação de grupos de
discussão e de aprendizagem nas escolas, particularmente em sala de aula.
56
CONCLUSÃO
Por outro lado, de modo geral, quanto ao impacto da diversidade cultural no processo
de ensino-aprendizagem, por intermédio das afirmações dos participantes, foi possível
compreender que a presença da variedade cultural impacta significativamente o processo de
ensino-aprendizagem, pois esta diversidade traz consigo um potencial bastante nutritivo para
todo o processo de ensino, ou seja, por intermédio dela, os alunos mantêm contactos com
culturas diferentes, e através deste contacto vão conhecendo novos hábitos e costumes, e fruto
disto, o aumento do grau de conhecimento a nível cultural, bem como o aprendizado da
57
tolerância e do respeito às demais culturas. Além disso, como foi possível notar também nas
entrevistas realizadas, a presença da diversidade cultural nas turmas do ensino primário deste
Complexo escolar, tem influenciado bastante no desenvolvimento dos laços de amizade entre
os alunos e na transformação do ambiente escolar num local mais diversificado em contexto
cultural, onde os alunos aprendem o verdadeiro conceito de cultura, sendo que ela une vários
factores como a dança, música, artes, literatura, dentre outras formas de conhecimento. Desta
feita, e por intermédio destes resultados, apraz-nos dizer que os objectivos desta pesquisa
foram alcançados.
58
SUGESTÕES
Uma vez que a maior parte dos professores nunca tiveram recebido uma formação
relacionada com a diversidade cultural neste contexto, sugerimos ao corpo gestor do
Complexo Escolar GILIPA a organizarem Seminários de capacitação relativamente a
esta temática.
Sugerimos que a escola crie políticas e mecanismos, como por exemplo, o
preenchimento de fichas e questionários para a recolha de certas informações, para
possibilitar o pleno conhecimento dos seus alunos.
Sugere-se também que os órgãos de gestão da escola incentivem o corpo docente no
sentido de apostarem mais na sua autoformação, e não esperar somente até que as
entidades competentes criem mecanismos para a implementação de ciclos formativos
sobre a matéria da diversidade cultural.
59
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61
Laraia, R. de. B. (1932). Cultura, um conceito antropológico. (14ª edição), Rio de Janeiro.
Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2002). Técnicas de Pesquisa (5ª edição). Atlas, São Paulo.
Marotti, J., Galhardo, A., P., M., Furuyama, R., J., Pigozzo, M., N., Campos, T., N., de.,
Laganá, D. C. (Maio-Agosto, 2008). Amostragem em pesquisa clínica: tamanho da
amostra. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, pp. 186-194.
62
Pereira, W. F. (Agosto-2020). A gestão escolar pautada nos princípios de diversidade e
tecnologia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed.
08, Vol. 03, pp. 48-55.
Piletti, C. (2004). Didática Geral. Universidade Católica de Campinas. 23ª Edição, editora
Ática.
Prodanov, C. C., & Freitas, E. C. de. (2013). Metodologia do Trabalho científico: Métodos e
Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico (2ª edição). Novo Hamburgo - Rio
Grande do Sul, FEEVALE- Brasil.
63
obtenção do grau de Doutor no ramo de Educação, especialidade de Formação de
Professores. Instituto de Educação, Lisboa.
Silva, A. F., & Pereira, J. H. (Jun./Dez. de 2011). O papel da escola frente à diversidade
cultural expresso em documentos nacionais.
Silva, A. T., & Soares, I. R. (Jan./Dez. de 2021). A diversidade cultural como potência
pedagógica: do encontro à educação intercultural.
Silva, L. G., & Ferreira, T. J. (Dezembro de 2014). O papel da escola e suas demandas
sociais. Projeção e Docência, pp. 6-23.
Silva, N. N. da. (Jul/Dez. 2011). A diversidade cultural como princípio educativo. Revista
Paideia do curso de pedagogia da Faculdade de Ciências. Humanas, Sociais e Saúde,
Universidade FUMEC, Belo Horizonte, pp. 13-29.
Sousa, D. A., Canto, J. F., Theobald, L., Kottschalk, N., & Staub, W. (2015). Diversidade
Cultural na Escola. Maiêutica, Indaial, 25-32.
64
Anexos
À
EXMA. SR.ª DIRECTORA DO COMPLEXO
ESCOLAR PRIVADO GILIPA
LUANDA
Atenciosamente,
Luis José Kiani & Elizabeth Firmino Capitango
65
B. Guião de entrevista dirigidas aos participantes da pesquisa
Identificação
Nome (opcional):____________________________________________________________
Género: Masculino_____Feminino______Grau Acadêmico:________________________
Nacionalidade:____________________; Religião__________________________________
Área de Formação___________________________________________________________
Tempo à frente na Gestão desta escola_____________________
Questões
1. Concepção sobre a diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem
1.1. Qual é a concepção do Senhor Director sobre a diversidade cultural?
1.2. A diversidade cultural é uma temática que permeia uma série de discussões dentro da
sociedade contemporânea devido ao seu estabelecimento nos mais diversos espaços de
debates em diferentes áreas, particularmente no campo da educação.
1.2.1. Partindo desta afirmação, como o Senhor concebe a diversidade cultural no contexto
escolar?
66
1.2.2. Considera a diversidade cultural, neste âmbito, um factor de grande impacto no
processo de ensino e aprendizagem? Justifique.
2. A diversidade cultural e sua presença no ambiente escolar.
2.1. Na qualidade de Director, considera que existe diversidade cultural nesta escola?
Classifique.
2.2. Tem havido dificuldades da escola em lidar com esta diversidade? Justifique.
2.3. Como órgão máximo de gestão desta instituição, já deparou-se com práticas
discriminatórias de uma cultura nesta escola? Se sim, qual foi a postura do Sr. Dr. diante
desta realidade?
3. Quanto às estratégias utilizadas para conhecer e lidar com a diversidade cultural
3.1. A escola, no âmbito da sua missão, tem cumprido com a preocupação de conhecer a
diversidade cultural dos seus alunos? Se sim, de que forma? Se não, porquê?
3.2. Que estratégias têm adoptado para lidar com a diversidade cultural no seio escolar?
4. Sobre os desafios da diversidade cultural no contexto escolar
4.1. Já alguma vez a escola teve que mediar conflitos resultantes da diversidade cultural? Se
sim, que medidas foram tomadas para a resolução destes conflitos?
4.2. Quais são os principais desafios que a escola tem assumido diante da diversidade
cultural?
5. Políticas para a gestão da diversidade cultural no ambiente escolar
5.1. Como gestor desta Instituição, que política tem adotado para gerir o fenômeno da
diversidade cultural nesta escola?
5.2. Esta escola tem recebido directrizes do Ministério da Educação, relactivamente em como
se deve trabalhar a questão da Diversidade cultural no contexto escolar?
6. Sobre o Papel do gestor (Director) e do corpo docente diante da diversidade cultural
na escola, em particular na sala de aula
6.1. Na qualidade de gestor, qual é a sua opinião sobre o papel que este profissional deve
desempenhar face à diversidade cultural na escola?
6.2. Relactivamente ao corpo docente, que papéis estes profissionais devem desempenhar
diante da diversidade cultural em sala de aula?
67
Instituto Superior de Ciências da Educação
-- ISCED /Luanda –
Departamento de Ciências da Educação
Curso de Pedagogia/Opção Gestão e Inspecção Escolar
Identificação
Nome (opcional):____________________________________Classe que lecciona________
Género: Masculino_____Feminino______Grau Acadêmico:________________________
Área de Formação___________________________________________________________
Tempo de docência nesta Instituição:______________________
Questões
1. Concepção sobre a diversidade cultural, sua abordagem no contexto escolar e seu
impacto no processo de ensino-aprendizagem
1.1. Como o (a) Senhor (a) professor (a) concebe a diversidade cultural?
1.2. A diversidade cultural é uma temática que permeia uma série de discussões dentro da
sociedade contemporânea devido ao seu estabelecimento nos mais diversos espaços de
debates em diferentes áreas, particularmente no campo da educação.
1.2.1. Partindo desta afirmação, como concebe a diversidade cultural no contexto escolar?
1.2.2. Considera a diversidade cultural, neste contexto, um factor de grande impacto no
processo de ensino e aprendizagem? Justifique.
68
2.4. A turma em que leciona apresenta diversidade cultural? Se sim, em que consiste esta
diversidade?
3. De acordo com as competências e estratégias utilizadas para conhecer e lidar com a
diversidade cultural na escola, particularmente na sala de aula.
3.1. Já participou de uma formação relacionada com a diversidade cultural? Se sim, como
classifica esta formação para a sua vida profissional?
3.2. Sente-se suficientemente preparado para lidar e trabalhar com a diversidade cultural na
sala de aula? Justifique a sua resposta.
3.3. Que políticas e metodologias têm adotado como professor (a), para lidar com o fenômeno
da diversidade cultural dentro deste ambiente escolar, particularmente em sala de aula?
3.4. Na sua opinião, o corpo gestor desta escola, no âmbito da sua missão, tem se preocupado
em conhecer a diversidade cultural de seus alunos? Se sim, de que forma? Se não, porquê?
4. Sobre os desafios da diversidade cultural no contexto escolar, particularmente na
sala de aula.
4.1. Já presenciou ou teve conflitos com os alunos, cujo problema estava relaciondo com a
questão da diversidade cultural? Se sim, qual foi a sua posição em relação a este assunto?
4.2. Que desafio a escola deve assumir diante da diversidade cultural no contexto escolar?
5. Políticas para a gestão da diversidade cultural
5.1.Como colaborador desta Instituição, de que forma tem contribuído na política de gestão
do fenômeno da diversidade cultural nesta escola?
5.2. Os órgãos de gestão que conduzem as dinâmicas desta escola, têm respeitado e
valorizado a diversidade cultural, sob perspectiva de promover uma integração melhor e
saudável de todos no ambiente escolar? Justifique.
6. Sobre o Papel dos órgãos de gestão e do corpo docente diante da diversidade cultural
na escola, em particular na sala de aula
6.1. Na sua opinião, que papéis os órgãos de gestão desta escola devem desempenhar face à
diversidade cultural nesta Instituição?
6.2. Na qualidade de professor, que papel este profissional deve desempenhar diante da
diversidade cultural em sala de aula?
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