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PLANEJAMENTO AMBIENTAL

URBANO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

PLANEJAMENTO E O ENFOQUE AMBIENTAL

PROFESSOR ESP. IBRAHIM CALIL


A evolução tecnológica, aplicada de forma
globalizada, aprimora o conhecimento
humano, conscientiza as populações de
que uma nova ordem está se configurando
e transforma velhos conceitos, abrindo e
iluminando novos horizontes,
contemplando e valorizando a criatividade
como uma forma de levar um maior
número de benefícios a um maior número
de cidadãos.
É com esse olhar, que nós, atores desse
processo em formação, buscamos também
uma nova forma de organização social-
urbana para que futuras gerações possam
usufruir desses benefícios de forma plena,
conscientes de que as gerações que
advirem também viverão num mundo
melhor.
Essa evolução não se atém exclusivamente
na tecnologia da indústria da construção
no seu aspecto físico, seja civil, industrial
ou qualquer outro.

Ela se nos impõe através de técnicas que


fazem com que esses aspectos (físicos) se
mantenham inalterados, fazendo parte da
vida das pessoas e do ambiente onde
estejam inseridos.
É aí que entra o planejamento sustentável,
que faz que o meio ambiente seja um
grande parceiro do cidadão e não o seu
inimigo.

Sem planejamento, as cidades viveriam


num estado caótico, num ambiente
doentio e extremamente agressivo para os
cidadãos.
Sabemos que é muito menos difícil buscar a
organização de estruturas menores, que aqui
chamaremos de estruturas regionais, do que
fazê-lo em macro-áreas. Não é mais fácil cuidar
de uma rua do que de um bairro? Cuidar de um
bairro do que de um setor? Cuidar de um setor
do que de uma cidade? Cuidar de uma cidade
do que de um Estado? Cuidar de um Estado do
que de país? E assim, sucessivamente…
As questões ambientais e sociais contemporâneas
efetivamente trouxeram novas perspectivas para o
desenvolvimento regional. Desde a Conferência das
Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento
no Rio de Janeiro, em 1992 (RIO 92), o mundo
procurou novos conceitos para o desenvolvimento
sustentável.
 
Deste modo, a região passa a ser um locus
privilegiado de definição das políticas públicas em
substituição aos megaprojetos tecno-burocráticos
gerados pelos governos centrais. Nesta perspectiva, o
enfoque da gestão ambiental regional é baseado no
espaço precisamente definido, não necessariamente
coincidente com uma região administrativa.
REGIÃO é um conceito abstrato, cuja definição é
impossível, sem se estabelecer, “a priori”, critérios de
conceituação, ao qual corresponderá uma
demarcação diferente de região.  

Vamos analisar, sob a visão de varias ações regionais


de gestão ambiental, os diferentes critérios na
definição das unidades territoriais regionais utilizadas
pelas instituições .
Um dos métodos adotados consiste na realização de
consultas junto aos organismos de desenvolvimento,
acerca das diferentes unidades territoriais regionais.

O trabalho salienta a necessidade de unificação na


definição das unidades territoriais regionais, pois a
maior parte das ações de gestão ambiental exigem a
integração de diferentes ações entre os diferentes
organismos de desenvolvimento.
As ações regionais de gestão ambiental escolhidas,
geralmente, são:

• A dos recursos hídricos;

• A gestão e o ordenamento físico espacial e

• O planejamento urbano.
O ENFOQUE REGIONAL
 
No atual contexto do processo de desenvolvimento
assumem relevância os estudos que buscam desenvolver
uma abordagem mesológica do desenvolvimento,
orientados na perspectiva da compreensão das
transformações do espaço regional contemporâneo. O
esforço de crítica exige a superação do debate clássico
sobre o desenvolvimento, que contrapõem as
abordagens macrossociais e as microssociais.
 
 
A análise da globalização, impõe uma reflexão sobre a
dialética global/local como ponto de partida para
definição de propostas metodológicas. Ao invés de uma
homogeneização dos espaços produtivos em nível
mundial, o processo de mundialização, significa uma
reordenação dos espaços produtivos (DOWBOR, 1997) e
a requalificação das diferenças regionais.
 
Para SARACENO (1998), o percurso do
desenvolvimento econômico até os anos 60 foi
percebido como um processo linear. As diversidades
territoriais eram concebidas como disparidades do
desenvolvimento.
Assim sendo, qualquer que fosse o tipo de espaço,
apresentaria estágios semelhantes de
desenvolvimento. Neste esquema, as diferenças entre
zonas desenvolvidas e não desenvolvidas não é
significativo, sendo que as políticas de
desenvolvimento poderiam ser idênticas para áreas
distintas.
Como conseqüência, as abordagens de desenvolvimento

verticalizado, justificam-se desde o momento em que são

imaginados os objetivos e instrumentos a fim de promover a

transformação de tipologia de área desfavorecida em uma de

área desenvolvida. Com um quadro conceitual desta

natureza, somos forçados a considerar abordagens do tipo

vertical
 
 

No entanto, a partir dos 70 começa-se a reconhecer


que as diferenciações territoriais são o resultado das
inter-relações entre aspectos sociais, econômicos,
culturais e institucionais que caracterizam a realidade,
determinada conjuntamente com as ligações de
natureza variada que ela tem com o resto do mundo
(o mercado global).
 
Contudo, foram os problemas ambientais e sociais
contemporâneos que trouxeram novas perspectivas
para o desenvolvimento regional. Desde a
Conferência das Nações Unidas para Ambiente e
Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992 (RIO
92), procuraram-se novos conceitos regionais para o
desenvolvimento sustentável.
Desta forma, qualquer política de desenvolvimento
projetada para o século XXI deve estar em
concordância com as resoluções das convenções e
encontros internacionais sobre os recursos da terra.
Cita-se como exemplo, a Agenda 21, Habitat II,
Conferência Mundial de Mulheres, etc. (THOMAS,
1998; GTZ, 1998; STUMPF,1998)
A INTEGRIDADE TERRITORIAL (URBANO/RURAL)
 
O processo crescente de diferenciação do espaço rural
trouxe como resultado que o conceito a ele associado,
perdeu progressivamente seu caráter de categoria
analítica homogênea, contrapondo-se ao urbano. Em
parte, as outras atividades paralelas ou integradas à
agricultura variam segundo o contexto e pelo modo
como algumas funções foram incorporadas ou adaptadas
no ambiente rural.  
A percepção do espaço rural surge no mundo como
um novo critério analítico e de interpretação da
complexidade do espaço rural, suas relações com
outros setores da economia e da sociedade.

 
 
Outras atividades econômicas tem fortes relações
com a utilização da terra no espaço rural. A função
primordial da agricultura segue sendo a produção de
alimentos e outros produtos básicos. Entretanto, gera
uma gama de produtos e serviços não primários, que
condicionam o ambiente, afetam os sistemas sociais e
culturais, contribuindo com o crescimento
econômico.
Segundo SARACENO (1998), países europeus, tais
como Portugal, Espanha, Grécia, Alemanha, Suíça e a
Áustria, não possuem políticas setoriais autônomas
na sua tradição administrativa, mas sim políticas
regionais que interagem.
Assim sendo, a noção de rural deveria ser
estritamente territorial ou espacial, não podendo ser
identificada por setores de atividades. As
transformações ocorridas no meio rural implicam o
fato de que elas têm necessidades novas, típicas de
uma sociedade urbana moderna. Cita-se como
exemplo, o zoneamento para definir áreas industriais
e de moradia, áreas de preservação ambiental.
O espaço regional é o local do encontro entre esses dois
mundos. Porém, nele as particularidades não são anuladas,
ao contrário são fontes de integração e de cooperação. O que
resulta desta aproximação não é a diluição de um dos pólos
do “continuum”, mas a configuração de uma rede de relações
recíprocas, em múltiplos planos, sob muitos aspectos, que
reitera e viabiliza as particularidades (WANDERLEY, 1999).

 
 

A questão é o reconhecimento do papel desempenhado pelo


território, visto como um espaço de interação entre atores
sociais. Afinal, o espaço não é um substrato neutro e passivo,
sobre o qual repousa a organização social, mas um ponto de
partida, material por excelência. Tem conteúdo histórico, ao
mesmo tempo em que condiciona as atividades humanas
sendo por elas transformadas.
 
 
AÇÕES REGIONAIS DE GESTÃO AMBIENTAL
 
A Gestão dos Recursos Hídricos
 

O crescimento demográfico, a expansão industrial e a urbanização


acelerada provocou aumento e diversificação dos usos da água. A poluição
ambiental passou a ser um fenômeno global, com repercussões localizadas
e bem definidas. Cursos d’água foram atingidos e sua recuperação tem sido
difícil e onerosa. A disputa da água está gerando conflitos de uso
disseminados, tornando-a um bem econômico.
 
Essa situação está provocando preocupações na
administração dos usos d’água e suas fontes. Objetiva
planejar o uso de um bem natural limitado,
racionalizando suas aplicações, através do controle de
sua exploração, assim como a preservação de suas
fontes.
 
 

Esta concepção gerencial necessita se traduzir em


instrumentos de gestão, como normas, instituições,
intervenções programadas e acompanhadas de
modificação comportamental.
A UNIDADE ESPACIAL DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Uma questão básica que trata da gestão dos recursos


hídricos é a definição da unidade espacial de gestão.
A bacia hidrográfica tem sido a unidade consensual
quando o critério de definição se apóia na observação
da natureza e o conhecimento do ciclo hidrológico.
 
 
Para a Ciência Ambiental, a bacia hidrográfica contém o
conceito de integração.
 
Seu uso e aplicação para estudos de problemas ambientais são
fundamentais, pois contém informações físicas, biológicas e
sócio-econômicas.

A solução de muitos problemas ambientais estão intimamente


vinculados com as preocupações que objetivam a manutenção
das bacias hidrográficas (O`SULLIVAN, 1979).
A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

A Lei de Direito da Água no Brasil foi estabelecida pelo


Código das Águas de 1934. Entretanto, foi com a
Constituição de 1988 que se estabeleceu a propriedade
estatal dos recursos hídricos. A Lei No. 9.433 de 8 de
janeiro de 1997 (Lei das Águas) que, ao normatizar os
princípios e instrumentos de gestão das águas, imprimiu
dinâmica na gestão dos recursos hídricos.
OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA LEI 9.433 (Lei das Águas) SÃO

• A adoção da bacia hidrográfica como unidade de


planejamento;
• O princípio dos usos múltiplos;
• O reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável;
• O reconhecimento do valor econômico da água e
• O estabelecimento da gestão descentralizada e participativa
dos recursos hídricos.
 
A Lei das Águas implica quatro princípios inovadores para a
legislação ambiental brasileira. O planejamento da utilização
dos recursos hídricos (o plano deverá ser elaborado
participativamente pelo comitê da bacia), a “outorga” de direito
de uso dos recursos hídricos (o usuário deve receber uma
autorização do poder público para poder utilizar a água e a
partir da outorga), estabelece os comitês de gestão dos
recursos hídricos por bacia, formados pelos usuários, sociedade
civil e órgãos públicos e o estabelecimento de instrumentos de
cobrança pela utilização da água.
PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO FÍSICO ESPACIAL
 
O planejamento e ordenamento físico espacial foi uma das
preocupações da Conferência das Nações Unidas, pois na Agenda 21
o capítulo 10 menciona a questão.

Todas as atividade que envolvam os recursos hídricos devem ser


licenciados. A autorga prevê também a cobrança de uma taxa pela
utilização da água, além das taxas de licenciamento.
 
PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO FÍSICO ESPACIAL
 
 
Estas preocupações se apóiam na previsão de que até
o ano 2050 a população mundial aumentará 75%.

Segundo relatório do Rio+5 (1999), em vários países


em desenvolvimento, o crescimento demográfico
será muito significativo, tanto que as necessidades de
alimentos serão cinco vezes superior aos níveis atuais.
 
PLANEJAMENTO E ORDENAMENTO FÍSICO ESPACIAl
 
O planejamento e ordenamento físico espacial foi uma
das preocupações da Conferência das Nações Unidas,
pois na Agenda 21 o capítulo 10 menciona a questão.

Todas as atividades que envolvam os recursos hídricos


devem ser licenciados, a autorga prevê também a
cobrança de uma taxa de pela utilização da água, além
das taxas de licenciamento.
 
 

Estas preocupações se apóiam na previsão que até o


ano 2050 a população mundial aumentará 75%.
Segundo relatório do Rio+5 (1999), em vários países
em desenvolvimento, o crescimento demográfico
será muito significativo, tanto que as necessidades de
alimentos serão cinco vezes superior aos níveis atuais.

 
Um enfoque integrado de gestão ambiental exige a

ótima coordenação dos planejamentos setoriais com

a ordenação dos recursos da terra. Nesta perspectiva,

o Capítulo 10 da Agenda 21 solicita que sejam

reforçadas as políticas de planejamento e

ordenamento territorial.
Dois instrumentos e políticas podem ser destacadas nesta temática

• O Zoneamento e Disciplinamento Territorial

• Políticas de Reordenamento Fundiário.


 
O Zoneamento e Disciplinamento Territorial diz respeito a necessidade
da política ambiental ser diferenciada, tanto para espaços ecológicos,
quanto às diferentes funções que o zoneamento rural desempenha. O
Zoneamento é uma regulamentação do uso do espaço e da terra, a fim
de indicar aos agentes econômicos a localização adequada para as
atividades.
 
O Reordenamento Fundiário é um processo de relocação da
propriedade e dos usos da terra. As políticas de reordenamento espacial
obtiveram impulso na Europa depois da II Guerra Mundial (THOMAS,
1998).
Estas políticas tinham um objetivo exclusivamente agrícola, reordenando o espaço
rural com o objetivo de constituir sistemas técnico/econômicos adequados para as
propriedades. Na maior parte dos países, a formação de propriedades antieconômicas
(estreitas e longas) ocorreu pela falta de legislação no fracionamento das
propriedades por motivos de herança (SONNEMBERG, 1988).

  

No Brasil as propriedades longas e estreitas ocorrem em áreas de agricultura, onde o


processo de ocupação do solo ocorreu mediante a divisão dos lotes de forma
retangular. Diversos estudos (LOCH, 1993 e SEIFERT, 1996), demonstram as
conseqüências técnicas, econômicas, sociais e ambientais desta tipologia de
propriedade.

 
O PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
 
Segundo NOGUEIRA(1994), as regiões estão sujeitas a determinados processos
espontâneos e característicos que se manifestam em três níveis:
 
Nível da cidades

O acelerado crescimento de determinadas cidades; a metropolização, o


intenso intercâmbio social e cultual , o esvaziamento e a decadência de
cidades;
 
Nível das áreas rurais

As migrações para as cidades, a concentração e fragmentação da propriedade,


os baixos salários e a decadência social e cultural;
 
Nível do ambiente natural

A exploração dos recursos naturais e a transformação do meio natural.


Desta forma, na abordagem das questões urbanas é
necessária que sejam consideradas a dinâmica regional,
entre as quais, destaca-se:
 
• A migração interregional (os movimentos migratórios
intermunicipais);

O crescimento vegetativo não é o único responsável pelo


crescimento urbano. Os movimentos migratórios são
responsável por expressiva parcela desse crescimento.
 
 
• O estilo de urbanização: a forma do crescimento
urbano pode contribuir para acentuação dos
problemas ambientais na região, como o atendimento
das demandas de água, tratamento do esgoto, lixo, e
outros.
 
• A distribuição espacial da população: A maneira pela
qual a população se distribui no espaço terá impactos
diretos no ambiente, no consumo d’água e na
produção de resíduos. Se a população tende a se
concentrar numa sub-região onde a qualidade e
quantidade da água está comprometida, os
movimentos intermunicipais tenderão a ocupar as
cabeceiras.
OS CRITÉRIOS DE REGIONALIZAÇÃO

Como já dissemos anteriormente, REGIÃO é um termo abstrato, cuja


definição é impossível atingir sem estabelecer “a priori” um critério
de conceituação. A cada critério preestabelecido corresponderá uma
demarcação diferente de região de planejamento. As regiões têm,
como característica comum áreas contínuas e localizadas.
(FERRARI,1982)
 
Adotam-se dois critérios para definir uma região de planejamento:

• Critérios de Homogeneidade e

• Critérios de Interação ou Interdependência.

Conforme seja utilizado um ou outro, resultarão dois tipos de região


de planejamento.
 
REGIÕES METROPOLITANAS 
 
-
Antes de enveredar pela questão do
Planejamento Metropolitano, entende-se
necessária uma investigação sobre a
conceituação do espaço urbano denominado
de região metropolitana. Para tanto, a seguir,
são apresentadas algumas ponderações
sobre esta definição, seguida de um
levantamento básico das regiões
metropolitanas no Brasil.
Região Metropolitana pressupõe um fato
social e econômico cuja essência é a
 
metrópole, esta, o pólo de atração e/ou
dominação de um grande espaço de
produção e consumo. A caracterização de
uma Região Metropolitana é a intensa
urbanização que dá origem a funções
públicas de interesse comum aos
municípios que a compõem, integrando a
organização, o planejamento e a execução
de programas.
Comin (1974) chegou à conclusão de que
"Região Metropolitana é uma determinada área
submetida
  ao processo de metropolização“.
Após discutir os conceitos de áreas e regiões,
afirma que dentro de uma área podem existir
regiões diversas, não acontecendo o mesmo
com a região, onde a área é única. Ressalta-se
que esta discussão ateve-se à dinâmica
espacial, não sendo consideradas as
características funcionais e sociais. Cita as
definições formuladas por Sérgio Boisier (1972)
para os dois termos:
ÁREA METROPOLITANA
É um aglomerado urbano constituído por um núcleo
 
central metropolitano e os centros urbanos a ela
incorporados mediante o processo de
suburbanização, incluindo também os espaços rurais
contíguos e imediatos ao casco urbano. Do ponto de
vista administrativo, trata-se de uma área que inclui
vários municípios, que no passado eram
geograficamente separados. A área metropolitana é
parte de uma região metropolitana. Pode-se inclusive
tentar delimitar fisicamente a área metropolitana,
unindo os extremos dos braços do casco urbano
conurbanizado.
REGIÃO METROPOLITANA

 
É um sistema econômico espacial, composto
por uma área metropolitana, por uma periferia
inter-metropolitana, por centros
metropolitanos e por um conjunto de eixos de
comunicações e desenvolvimento unindo os
centros e a área.
Juridicamente afirma-se que:

 
Uma região metropolitana consiste
numa realidade urbano-regional que
se estende por um espaço geográfico
dentro do qual se distinguem várias
jurisdições políticos-territoriais,
contíguas ou superpostas entre si,
segundo o nível de competência, seja
local ou regional, formando uma
mesma unidade sócio-econômica.
ASPECTOS JURÍDICOS DE REGIONALIZAÇÃO
A União, mediante Lei Complementar, poderá
estabelecer regiões metropolitanas, constituídas por
 
municípios que independentemente de sua
vinculação administrativa, integrem a mesma
comunidade sócio econômica, visando à realização de
interesse comum.

A União, mediante Lei Complementar, poderá, para


realização de serviços comuns, estabelecer regiões
metropolitanas, constituídas por municípios e, que,
independentemente de vinculação administrativa,
façam parte da mesma comunidade sócio-econômica.
ASPECTOS JURÍDICOS DE REGIONALIZAÇÃO

Portanto, a criação de regiões metropolitanas era de


 
exclusiva competência da União, mantendo um caráter
centralizador de gestão.
A regulação só aconteceu em 1973 com a Lei Complementar
Federal nº 14, que estabeleceu as primeiras oito regiões
metropolitanas no Brasil: Belém, Belo Horizonte, Curitiba,
Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.
Posteriormente, a Lei Complementar nº 20, de 1974,
expandiu este número com a criação da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro. Observa-se nesta relação
que só foram privilegiadas capitais de Estados.
ASPECTOS JURÍDICOS DA REGIONALIZAÇÃO
 
Através do artigo 25 §3º, estabeleceu como competência
do Estado Federado, através de leis complementares, a
organização de unidades regionais na forma de regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
desde que sejam constituídas pelo agrupamento de
municípios limítrofes. Porém, não consta neste diploma
legal nem a definição e nem a distinção para estes
termos. De Ambrosis (2001) propõe as seguintes
definições:
"Por microrregião identificamos um
território compreendendo vários
 
municípios, com características peculiares
de homogeneidade quanto à polarização,
necessidades, potencialidades, etc..., que
os diferenciam do território circundante.
Pressupõe uma realidade social e
econômica que pode envolver funções
públicas de interesse comum a municípios
limítrofes.
Aglomeração
 
urbana pressupõe
uma realidade social e econômica
cuja característica é uma área
urbanizada mais ou menos
contínua, envolvendo municípios
limítrofes e múltiplas funções de
interesse comum.
R
  egião Metropolitana pressupõe uma
realidade social e econômica cujo centro
dinâmico é a metrópole, pólo de atração
(e/ou dominação) de um grande espaço de
produção e consumo, e cuja manifestação
é a intensa urbanização que dá origem a
múltiplas funções de interesse comum aos
municípios limítrofes que a contêm".
O objetivo da proposição de criação destas
regiões, segundo o jurista Alaôr Caffé Alves
(2002, p. 123), foi a de "integrar a organização,
o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum a todos os
municípios envolvidos". Porém, observa, levou
ao problema de como regrar as decisões da
região metropolitana, que passou a ser uma
entidade administrativa, sem um Legislativo,
órgão capacitado para instituir as leis que
disciplinam os serviços e ações públicas.
As possibilidades para equacionar este
problema são duas: a regularização pode
ser efetuada pela Assembléia Legislativa do
Estado, ou pelas Câmaras Municipais dos
diversos municípios integrantes, que
deveriam manter uma proposta una e
consensual, fato difícil de se realizar devido
à autonomia das Casas Legislativas.
Apesar desta nova relação entre os municípios ser
compulsória, pois os municípios não podem
excluir-se da participação por simples
autodeterminação, tem por objetivo a integração
regional, permitindo os municípios a participarem
do processo decisório da região, ao mesmo tempo
em que não perdem o poder referente às questões
locais. Cada município pode, individualmente, se
recusar a participar da gestão regional, mas não
pode se abster de acatar as decisões
implementadas pelo conselho metropolitano,
mesmo que estas impliquem em intervenções no
seu território.
Com a expansão dos aglomerados urbanos
e com a possibilidade criada pela Carta
Magna, o Brasil conta atualmente com 26
Regiões Metropolitanas, englobando um
total de 413 municípios e
aproximadamente 68 milhões de
habitantes. A figura a seguir, mostra a
localização dessas regiões podendo-se
verificar a concentração nas Regiões Sul e
Sudeste.
.
Essas regiões estão assim demarcadas:
REGIÕES METROPOLITANAS NO BRASIL

Data de  Nº Atual de Município


Estados Regiões Metropolitanas
Criação Municípios Sede

AL RM de Maceió 19/11/1998 11 Maceió

BA RM de Salvador 08/06/1973 10 Salvador

CE RM de Fortaleza 08/06/1973 13 Fortaleza

Região Integrada de
Desenvolvimento do
DF 19/02/1998 21 Brasília
Distrito Federal e Entorno
(RIDE)

ES RM de Vitória 21/02/1995 6 Vitória

GO RM de Goiânia 30/12/1999 11 Goiânia


Continuando…

MA Grande São Luís 12/01/1998 4 São Luís

RM de Belo Horizonte 08/06/1973 34 Belo Horizonte

MG

RM do Vale do Aço 30/12/1998 26 Ipatinga

PA RM de Belém 08/06/1973 5 Belém

RM de Curitiba 08/06/1973 25 Curitiba

PR RM de Londrina 17/06/1998 6 Londrina

RM de Maringá 17/07/1998 8 Maringá

PE RM de Recife 08/06/1973 14 Recife

RJ RM do Rio de Janeiro 1º/07/1974 20 Rio de Janeiro


Temos ainda…
RS RM de Porto Alegre 08/06/1973 31 Porto Alegre

RM de Florianópolis 06/01/1998 22 Florianópolis

RM do Vale do Itajaí 06/01/1998 16 Blumenau

RM do Norte/Nordeste
06/01/1998 20 Joinville
Catarinense
SC

RM da Foz do Rio Itajaí 06/01/1998 9 Itajaí

RM Carbonífera 09/01/2002 10 Criciúma

RM de Tubarão 09/01/2002 18 Tubarão

RM de São Paulo 08/06/1973 39 São Paulo

SP RM da Baixada Santista 30/07/1996 9 Santos

RM de Campinas 19/06/2000 19 Campinas

Total 26   413  
A Constituição Estadual de 1989 dedica o
Capítulo II à organização regional,
apresentando como um dos seus objetivos, no
art. 152, "o planejamento regional para o
desenvolvimento sócio-econômico e melhoria
da qualidade de vida", e definindo no parágrafo
único deste mesmo artigo que os planos e
sistemas de caráter regional serão coordenados
e compatibilizados pelo Poder Executivo
Estadual. A definição para região metropolitana
encontra-se no art. 153 §1º, transcrito a seguir:
Considera-se região metropolitana o
agrupamento de Municípios limítrofes que
assuma destacada expressão nacional, em
razão de elevada densidade demográfica,
significativa conurbação e de funções
urbanas e regionais com alto grau de
diversidade, especialização e integração
sócio-econômica, exigindo planejamento
integrado e ação conjunta permanente dos
entes públicos nela atuantes.
.
O sistema de gestão é tratado no art. 154,
ficando estabelecido a criação de um Conselho
normativo e deliberativo, com participação
paritária do conjunto dos municípios com
relação ao Estado. Através do §1º fica
estabelecido a vinculação a este conselho de
uma entidade executora, e o §2º assegura a
participação da população no processo de
planejamento, na tomada de decisões e na
fiscalização da realização dos serviços ou
funções públicas em nível regional.
O Estado de São Paulo possui atualmente
três Regiões Metropolitanas: a de São
Paulo, a da Baixada Santista e a de
Campinas, cujas localizações podem ser
visualizadas. Juntas concentram 58,6% da
população do Estado e 12% do País. 
A gestão metropolitana no Estado de São
Paulo encontra-se vinculada a três
entidades: Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitana S.A.
(EMPLASA), Agência Metropolitana da
Baixada Santista (AGEM) e Secretaria de
Estado dos Transportes Metropolitanos.
Um outro processo urbano ocorre
atualmente no Estado de São Paulo, que
apresenta uma sub-região a qual vem
sendo denominada Complexo
Metropolitano Expandido (CME)
A RMBS está inserida no espaço envolvido,
localizado num raio aproximado de 150km
a partir da cidade de São Paulo. As diversas
áreas que integram o CME compõem um
dos principais eixos econômicos do Estado,
constituindo-se numa região com forte
poder atrativo de investimentos, e
apresentando um alto potencial de
crescimento.
Lencioni (2003) analisa este aglomerado
metropolitano como o anúncio de uma
megalópole em formação, acrescentando que
constitui a área metropolitana mais
importante do país. Megalópole formada mais
por áreas urbanas contínuas do que
descontínuas, e onde se verifica a adoção da
prática de morar e trabalhar em cidades
distintas. Este é um assunto complexo e
merecedor de pesquisa própria, somente
inserido neste trabalho com o objetivo de
registrar um processo em andamento e que
engloba o espaço referencial de estudo.
O Estatuto da Cidade considera o
planejamento das regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões
como um dos instrumentos da política
urbana. Porém, o texto aprovado não
dedicou um capítulo específico a este
tema. Encontram-se mais duas referências
no referido documento:
1) art. 41 § II, que estabelece a
obrigatoriedade do Plano Diretor para
as cidades integrantes de regiões
metropolitanas e aglomerações
urbanas; e,

2) art. 45, o qual torna obrigatória a


participação da comunidade nas
atividades dos organismos gestores das
regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas.
A versão anterior do projeto de lei
dedicava um capítulo relativo às áreas
metropolitanas, o qual foi retirado pela
Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação, por ter sido considerado
inconstitucional, entendendo-se que se
tratava de competência exclusiva dos
Estados.
Estabelecia como requisito básico para a
criação de uma região metropolitana a
existência de agrupamento de municípios
limítrofes, com áreas urbanas contíguas,
com região de influências sobre, no
mínimo, o território do Estado em que se
encontre, e com uma complexidade das
funções públicas que justifique a
necessidade de organização, planejamento
e execução em comum.
A função pública de interesse comum era
definida como as atividades ou serviços
cuja realização por parte de um município
isoladamente, fosse inviável ou passível de
causar impacto nos outros municípios
integrantes da região.
Em relação ao patrimônio público, era colocado
como diretriz, que fosse realizado um
planejamento comum, sendo entendido que se
tratava do conjunto de equipamentos de
educação, saúde, transporte e lazer, assim
como os recursos naturais, econômicos e
culturais, que atendessem simultaneamente a
todos os municípios. O Plano Diretor
Metropolitano era considerado uma exigência,
devendo abranger o território de todos os
municípios integrantes.
Pode-se considerar que o Estatuto da
Cidade promulgado, apesar de seus
incontestáveis avanços na questão da
política urbana municipal, não logrou
ocupar o vazio representado pela falta de
diretrizes para uma política urbana
metropolitana.
A partir da análise realizada sobre as
proporções que o fenômeno da
metropolização vem alcançando no
Brasil, resultando em inúmeros
problemas econômicos, sociais e
ambientais, Braga (1999, p.320)
considera que a questão da gestão
metropolitana possui um papel
estratégico:
Ao se criar uma Região Metropolitana,
muito mais do que reconhecer um
importante fenômeno geográfico e
social está se propondo criar condições
institucionais para o planejamento da
resolução dos problemas urbanos
decorrentes do processo de
metropolização, ou seja, para uma
política de gestão metropolitana.
Porém, nesta discussão surge a
polêmica sobre o aspecto jurídico-
político representada pelo exercício do
poder para implementar e gerir as
políticas públicas metropolitanas, visto
não existir no sistema federativo
brasileiro a esfera de um quarto poder,
isto é, um poder intermediário entre o
estadual e o municipal.
A partir desta perspectiva, Braga
(op.cit.) coloca como solução para o
planejamento e gestão metropolitana
a instituição de uma agência de
desenvolvimento como órgão
organizador das políticas setoriais,
dentro de um contexto de integração
entre os municípios.
Esta proposta de Braga condiz parcialmente
com o art. 9º da Lei Complementar nº 760, de
1º de agosto de 1994, a qual estabelece
diretrizes para a organização regional do Estado
de São Paulo. O artigo citado dispõe que cada
unidade regional contará com um Conselho de
Desenvolvimento, composto por
representantes dos municípios que a integram
e por representantes do Estado nos campos
funcionais de interesse comum.
A diferença entre a colocação de Braga e
as diretrizes da Lei encontra-se na ausência
de referência a representantes do Estado
na agência ventilada. Braga, portanto,
propõe uma união intermunicipal sem
ingerência dos mecanismos estaduais, uma
organização que cumpriria o papel do
quarto poder, a partir de acordos entre os
municípios envolvidos.
O regional deve ser repensado a partir do
local. O planejamento regional
metropolitano deve ser encarado como
uma questão de planejamento
intermunicipal metropolitano, e nesse
sentido, o desenvolvimento e a gestão
metropolitana dependem só da capacidade
dos municípios de se assumirem como
sujeitos da metrópole.
INSERÇÃO DO PARÂMETRO AMBIENTAL
NO PLANEJAMENTO DAS CIDADES

A definição de planejamento ambiental


formulada por Franco (2001) é bastante
abrangente: É considerado como todo
planejamento que tenha entre seus princípios a
valoração e conservação dos sistemas naturais
do território a ser trabalhado, tomando-o como
base para a auto-sustentação da vida e das
relações entre os ecossistemas, naturais e
antrópicos. 
Seu principal objetivo seria o
desenvolvimento sustentável da espécie
humana, dos agro-ecossistemas e dos
ecossistemas urbanos, e, dentro deste
contexto, deve enquadrar-se aos limites
das bacias hidrográficas, que envolvem
várias cidades em um mesmo ecossistema
natural, tornando-o uma questão
complexa. 
Entre as propostas elaboradas pelo Consórcio
Parceria 21 (BEZERRA; FERNANDES, 2000),
dentro das estratégias principais para o avanço
da sustentabilidade das cidades brasileiras,
consta a adoção da bacia hidrográfica como
unidade de planejamento e gestão do território,
caracterizada como gerenciadora da questão
ambiental, com caráter integrado, participativo,
descentralizado e financeiramente sustentável.
Em relação a esta última colocação, a questão
financeira, há de se considerar que no caso
brasileiro as unidades de gerências das Bacias
nem sempre possuem uma situação estável,
dependendo de verbas disponibilizadas pelo
Estado. Para viabilizar uma leitura da bacia
como unidade de análise, planejamento e
intervenção, o Consórcio 21 recomenda a
compatibilização das informações sobre a
estruturação de território e a articulação dos
agentes públicos. Suas outras recomendações
são:
Investir na organização associativa de instâncias
locais;

Criar critérios ambientais para a ligação de redes nos


assentamentos, dificultando o aumento de
assentamentos inadequados, ilegais e em áreas de
risco; e

Considerar na instalação dos comitês em contexto


metropolitano, os aspectos sócio-econômicos,
culturais e simbólicos associados
Considerando a questão do planejamento ambiental
somente em relação ao urbano, delimitando assim o
território de ação, destaca-se aqui o entendimento
exposto por Fortes (2003) sobre a gestão ambiental
urbana como o conjunto das atividades dedicadas ao
gerenciamento de uma cidade, compreendendo tanto
o espaço intra-urbano quanto as áreas de influência,
que busquem a melhoria e a conservação da
qualidade ambiental. Envolve as atividades técnicas,
administrativas e jurídicas em nível governamental,
num sistema coordenado e integrado, legitimado pela
participação da comunidade.
As propostas de Almeida e Menegat (2002) para a
implantação de uma gestão ambiental urbana no
Brasil englobam e ampliam as idéias de Fortes.
Partindo do entendimento de que as autoridades
locais enfrentam uma série de dificuldades para a
implantação de programas ambientais devido às
enormes disparidades que ocorrem no processo de
urbanização em termos territoriais e sociais, situação
agravada por corpos municipais técnico-
administrativos despreparados e obsoletos, e pela
falta de recursos financeiros, concluem que é
imprescindível para a integração da gestão ambiental
às políticas públicas a articulação de quatro setores: 
Conhecimento local;

Programas de gestão ambiental adequados com as


questões de desenvolvimento econômico local;

Programas de informação e educação, não só para a


comunidade, mas também para os pesquisadores e
gestores, e

Participação da população nas decisões


orçamentárias e na formatação das políticas públicas
municipais.
O documento Cidades Sustentáveis (BEZERRA;
FERNANDES, 2000) propõe que seja reorganizado o
sistema de gestão urbana, para a legitimidade do
paradigma da sustentabilidade e sugere entre outros
novos marcos na reestruturação do sistema a
incorporação da dimensão ambiental nas políticas
setoriais urbanas, assim como a inclusão dos custos
ambientais e sociais no orçamento e na contabilidade
dos projetos de infra-estrutura.
Dentro desta linha de incorporação da dimensão
ambiental nas políticas urbanas, encontra-se o
Estatuto da Cidade que inclui o zoneamento
ambiental como um dos instrumentos de
planejamento municipal (art.4 § III alínea c),
fornecendo-lhe um destaque e retirando-o da posição
de simples componente do zoneamento referente ao
uso e ocupação do solo.
Há que se ter em mente, sempre, que um
planejamento adequado, que tenha o ser humano
com o principal alvo, deve se sustentar, sempre , no
seguinte tripé:

SER ECONOMICAMENTE VIÁVEL

SER SOCIALMENTE JUSTO

SER AMBIENTALMENTE CORRETO

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