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PLANEJAMENTO AMBIENTAL E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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Sumário

PLANEJAMENTOAMBIENTALEDESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL 0

FACUMINAS ............................................................................................ 2

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................. 5

A construção de um novo desenvolvimento ....................................... 12


PROTEGER OU CONSERVAR? ........................................................... 14

FORMAS DE CONSERVAÇÃO E PORQUE MANEJAR A NATUREZA 20

O espaço e os impactos ambientais................................................... 22


PLANEJAMENTO AMBIENTAL ............................................................. 24

COMO FAZER UM PLANEJAMENTO AMBIENTAL ............................. 27

PLANEJAMENTO AMBIENTAL URBANO ............................................ 28

Zoneamento Ambiental Urbano ......................................................... 28


Instrumentos de Planejamento ........................................................... 30
Instrumentos Econômicos .................................................................. 32
Indicadores......................................................................................... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 34

REFERENCIAS ..................................................................................... 35

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um


grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos
de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Dentre todas as grandes mudanças que aconteceram durante a evolução


da sociedade, a terra sempre esteve presente como principal fator da busca da
mudança. A terra pode ser considerada como a fonte de vida do homem, é a
terra seu local de habitação, é nela que se constitui sua segurança física e é na
terra que se encontra recursos para sua sobrevivência.

O descontentamento dos detentores de terra com Leis protecionistas é


grande, pois esse tipo de regra faz com que estes não possam comercializar
totalmente sua terra, elementos como mata nativa, nascentes de água podem
diminuir o espaço de uso da terra, tornando uma parte da propriedade um bem
comum.

O planeta se encontra em um ponto onde não se sabe mais o que fazer,


o crescimento populacional é um fator que afeta diretamente a destruição do
planeta. As maiores populações são as que mais vivem em estado de miséria,
onde poucos indivíduos detêm grandes espaços e a maioria não tem onde tirar
seu sustento da terra.

Os bens comuns estão cada vez mais disputados, as avenidas dos


grandes centros sempre cheias de veículos, tomadas por congestionamentos e
pelo caos; os estacionamentos públicos cada vez mais escassos que em
contrapartida deveriam impulsionar a melhora dos meios de transportes
públicos, não cumprem tal objetivo e impulsionam o uso da terra para a
construção de estacionamentos privados; os espaços públicos continuam do
mesmo tamanho, mas a população segue a crescer. Isso faz com que a
comercialização da terra, do espaço, dos recursos ambientais, passe a ter outras
consequências, como a poluição.

A tragédia dos comuns pode aparecer em sentido inverso. Quando não se


tira algo do bem comum, mas quando se deposita algo no bem comum. Um
assunto que vem sendo muito comentado nas últimas décadas, são as

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consequências da poluição. Esgoto, químicos, radioativos, resíduos e gases


nocivos são depositados no meio ambiente o que leva a destruição do bem
comum. Isso ocorre devido o valor de depositar esses resíduos no ambiente ser
muito menos custoso do que tratar o resíduo antes de liberá-lo.

O presente artigo desenvolve uma abordagem acerca das formas de se


buscar alcançar o desenvolvimento sustentável, dentro das nuances das teorias
preservacionista conservacionista, verificando quais ferramentas têm sido
utilizadas. Nessa perspectiva verifica-se que as formas de gestão e manejo se
dão pautadas em afastar o ser humano das unidades de preservação.

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O conceito de sustentabilidade é resultado de diversos debates a respeito


do desenvolvimento das cidades. Diversas visões foram necessárias para
formação do conceito de sustentabilidade, que guiou a análise dos instrumentos
normativos reguladores do uso e ocupação do solo da faixa litorânea do
Município do Ipojuca. Paralelamente, são apresentados conceitos identificados
como complementares para compreensão das dinâmicas urbanas e da relação
homem-natureza, como o conceito de espaço, meio ambiente e impacto
ambiental, assim como o conceito de planejamento ambiental, destacando-se o
papel da legislação na construção da sustentabilidade.

O paradigma da sustentabilidade surge de questionamentos e críticas ao


modelo de desenvolvimento econômico neoliberal, que pregava a maximização
dos lucros e da produção. Seus primeiros sinais de falência nos países
subdesenvolvidos surgem a partir da década de 1960, representados, entre
outros aspectos, pelos elevados patamares de desigualdade socioeconômica
que caracterizavam os países do Terceiro Mundo. Essa realidade apontava para
a necessidade de mudanças no modelo de crescimento econômico e,
consequentemente, no padrão de crescimento urbano que se consolidava no
mundo inteiro.

Não apenas as questões dos países subdesenvolvidos, mas também os


primeiros indícios da crise ambiental mundial contribuíram para as reflexões
sobre a necessidade de uma mudança de paradigma. Aliados a isso também
estavam reflexões teóricas e científicas sobre o papel do meio ambiente na
formação da sociedade, assim como o papel do homem na transformação do
meio. O paradigma da sustentabilidade surge como uma nova postura ética, que
procura amenizar os efeitos maléficos do progresso buscando um conforto
ambiental e interior para o homem, buscando resgatar o valor do meio ambiente

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e do homem como parte deste meio e de suas relações harmônicas, buscando


pensar a natureza de forma única.

O conceito de desenvolvimento sustentável surge da necessidade de se


aliar crescimento econômico à preservação ambiental, como forma de equilibrar
a relação homem-natureza na condução do desenvolvimento. Teve suas bases
no conceito de ecodesenvolvimento formulado em 1973 por Maurice Strong,
como estilo de desenvolvimento baseado na utilização criteriosa e racional dos
recursos locais disponíveis. O ecodesenvolvimento como um novo estilo de
desenvolvimento, visto a partir de um enfoque participativo de planejamento e
gestão, que busca a partir de instrumentos alternativos de regulação o equilíbrio
nas relações sociais e de produção. O ecodesenvolvimento, acima de tudo,
busca inserir as questões sociais no seio dos debates como contribuição para
qualidade de vida e do ambiente.

O desenvolvimento sustentável tem como princípio garantir a qualidade


de vida das gerações atuais, sem que seja prejudicado o desenvolvimento das
gerações futuras, evitando desigualdades entre as classes sociais, defendendo
a equidade social, propondo ações e projetos de desenvolvimento que incluam
todos os atores sociais. O desenvolvimento sustentável indica a extensão da
tomada de consciência das elites econômicas mundiais sobre a problemática
dos limites naturais. Porém, ao mesmo tempo, o coloca como a negação ou
superação do modelo anterior como consequência do esgotamento do
paradigma do desenvolvimento, apontando o termo sustentável como
qualificativo do antigo modelo, sem mudanças estruturais na condução do
desenvolvimento. As ações de desenvolvimento devem introduzir mecanismos
voltados para preservação e conservação do meio ambiente, buscando
minimizar os impactos das atividades humanas sobre o meio.

Algumas dimensões devem ser destacadas no trato da sustentabilidade:


sustentabilidade social, sustentabilidade econômica, sustentabilidade ecológica,
sustentabilidade espacial e sustentabilidade cultural. Essas dimensões buscam

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o pleno desenvolvimento da qualidade de vida humana, pressupondo a


existência de equidade, não havendo, portanto, padrões díspares de
desigualdade, seja econômica, social ou ambiental. O desenvolvimento
sustentável como defendido por Sachs não se resume à questão ambiental,
envolvendo as demais disciplinas das atividades humanas. Em 2002, foram
acrescentadas algumas dimensões da sustentabilidade compreendidas como
fundamentais para o desenvolvimento, ficando assim caracterizadas:

. Sustentabilidade social – processo de desenvolvimento sustentado pela lógica


da criação de uma sociedade equilibrada, buscando a equidade na distribuição
de renda e de bens, de forma que se construam sociedades menos desiguais.
Aspectos como o fortalecimento do capital social e do capital humano, o
empoderamento da população e o fortalecimento das redes de articulação social
são de fundamental importância para construção de um novo modelo de
sociedade, baseado nas relações de solidariedade e afeto;

. Sustentabilidade econômica – relacionada aos aspectos macro sociais, é


viabilizada através da distribuição equitativa dos recursos, buscando uma justa
distribuição da renda. A maioria dos autores que se reportam às questões da
sustentabilidade econômica se refere ao termo equidade, e não igualdade
socioeconômica, visto que a existência de uma igualdade total da renda não
condiz com o sistema capitalista adotado como referência no desenvolvimento
econômico;

. Sustentabilidade ecológica – questões relacionadas ao suporte natural,


buscando o uso adequado dos recursos, redução dos níveis e volumes de
poluição gerados pelas atividades humanas, e da mesma forma estabelecendo
instrumentos de proteção ambiental adequados. A sustentabilidade ecológica
engloba os aspectos ligados aos ecossistemas componentes do meio ambiente,
onde se processam as atividades humanas que refletem na qualidade desse
meio;

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. Sustentabilidade espacial – voltada para a busca de um equilíbrio nas


ocupações rurais e urbanas, buscando reduzir a densidade populacional nas
áreas metropolitanas e os impactos ambientais. A sustentabilidade espacial está
voltada para as questões do território e as relações que o envolvem. Diante
disso, serão enfocados nessa pesquisa os aspectos da sustentabilidade
espacial, compreendida como a ocupação ordenada do espaço urbano através
de instrumentos normativos capazes de equilibrar os interesses existentes nas
relações sociais, evitando a degradação ambiental;

. Sustentabilidade cultural – resguarda as raízes culturais das sociedades locais,


levando em consideração o contexto socioecológico onde as sociedades estão
inseridas, como forma de manter particularidades e a diversidade das culturais
locais;

. Sustentabilidade política – voltada para o desenvolvimento político, a


democratização da gestão, e o envolvimento da população nos processos que
dizem respeito ao desenvolvimento;

. Sustentabilidade legal – resultado da adequação dos instrumentos normativos


às necessidades de regulamentação da conciliação entre as atividades
econômicas, a inclusão social, a conservação dos valores culturais e o
ordenamento urbano.

Falar em sustentabilidade no âmbito das políticas públicas urbanas é


ressaltar o papel fundamental das cidades na qualidade de vida humana. A
cidade, enquanto palco das atividades cotidianas se desenvolve sobre o meio
natural e construído, que por sua vez sentem os impactos negativos do
crescimento descontrolado e sem planejamento. A clareza de que as atividades
humanas de alguma maneira geram impactos no meio ambiente exige a
necessidade do equilíbrio na dinâmica urbana, através de mecanismos
mediadores dos interesses humanos e da realidade ambiental da área em
questão. A construção da sustentabilidade prevê uma integração da cidade nas
suas diversas escalas, sendo fundamental o equilíbrio urbano-ambiental das

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áreas naturais e construídas, assim como viabiliza a ideia de equilíbrio entre


questões conflitantes do desenvolvimento econômico e da preservação
ambiental.

A sustentabilidade é construída através de ações cotidianas resultantes


de eficazes processos de educação ambiental e por políticas públicas sólidas,
implementadas através de instrumentos adequados que levem a inclusão de
parcelas excluídas da sociedade, assim como a harmonização entre o
crescimento econômico e a preservação ambiental. Implica uma mudança de
postura com relação ao consumo, a redução da poluição, a geração de emprego
e renda, a ocupação ordenada e planejada do solo urbano, dentre outros
aspectos. Essas ações, quando planejadas e geridas continuadamente,
resultaram em um ambiente mais equilibrado e saudável para todos. É certo que
a sustentabilidade pode ser alcançada através da elaboração de instrumentos
coerentes e da implementação de políticas públicas voltadas à consolidação do
bem-estar social e da qualidade de vida das populações, enquanto resultado da
conscientização da sociedade a respeito dos problemas existentes e da
necessidade de resolvê-los, aliados a esforços políticos para equacionar as
questões ambientais.

Alguns eventos foram fundamentais nas discussões sobre a


sustentabilidade, destacando- se a conferência realizada pela ONU, que reuniu
cerca de 110 países com a finalidade discutir questões sobre desenvolvimento
e meio ambiente, na Suécia no ano de 1972. A Conferência de Estocolmo, foi
presidida por Maurice Strong, marcou o primeiro debate mundial sobre as
questões ambientais, abordando a relação entre desenvolvimento e meio
ambiente. Como um dos desdobramentos da Conferência de Estocolmo, cabe
destacar a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), que muito contribuiu para os debates a respeito do desenvolvimento
sustentável e da necessidade da sustentabilidade das cidades.

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No ano de 1987 foi publicado o Relatório Brundtland que definiu o


desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de satisfazer suas necessidades. Essa acepção representa os resultados dos
debates a respeito das preocupações ambientais, vistas a partir do
desenvolvimento em todas as suas disciplinas, e não apenas do crescimento
econômico. Essa noção de sustentabilidade foi utilizada como base para
Conferência do Rio de Janeiro (Rio92), que teve como objetivo reafirmar a
declaração da ONU sobre o ambiente humano e dar prosseguimento aos
debates e ações a caminho do desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento
sustentável adotado no Relatório Brundtland é um dos mais conhecidos e
empregados nos debates sobre as necessidades da mudança de postura com
relação ao meio ambiente, ou seja, a mudança de paradigma necessária, para
garantir a qualidade ambiental mundial.

Resultado da Conferência de Estocolmo, a Agenda 21 foi pensada para


ser um instrumento de gestão ambiental, capaz de relacionar as questões
ambientais com os demais aspectos componentes das cidades. Elaborou-se
então, a Agenda 21 Global, onde foram estabelecidos metas e diretrizes,
pactuadas com diversas nações, tendo por finalidade dar encaminhamento às
discussões da Conferência.

A partir das diretrizes formuladas na Agenda 21 Global, foram elaboradas


agendas nacionais, estaduais e municipais, estabelecendo uma maior relação
nas escalas de planejamento e gestão com a questão ambiental. O Brasil
elaborou sua Agenda 21 no ano 2000, apresentada em dois documentos:
Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias e Agenda 21 Brasileira – Resultado da
Consulta Nacional. O primeiro documento se refere aos desafios identificados
como obstáculos ao desenvolvimento do país, apresentadas 21 ações para
superação dos obstáculos e construção do desenvolvimento sustentável; o

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segundo documento apresenta o resultado das discussões ocorridas durante o


processo de elaboração.

O instrumento da Agenda 21 é identificado como um dos mais importantes


na construção da sustentabilidade espacial, visto que apresenta um diagnóstico
da situação ambiental, elaborando diretrizes que respondam positivamente aos
obstáculos e potencialize as qualidades identificadas. Porém, os instrumentos
básicos das políticas públicas nem sempre são utilizados da melhor forma
possível, seja por divergências políticas ou incompatibilidade dos pontos de vista
sobre a melhor forma de abordagem dos problemas cotidianos. Não se discute
a importância de instrumentos como a Agenda 21 que estabelecem metas para
o planejamento e gestão, a partir de questões essenciais ao desenvolvimento,
apenas destaca-se a importância de uma continuidade nas ações, para que os
instrumentos normativos que incidem sobre o território, correspondam às
necessidades ambientais e contribuam para construção da sustentabilidade.

A sustentabilidade está ligada ao equilíbrio necessário para o


desenvolvimento das diversas dimensões que compõem a vida, a partir da
relação homem-natureza. Essa sustentabilidade, em qualquer área, deve ser
guiada por mecanismos que sejam intermediários dessa relação, e que
garantam da melhor forma possível a existência da equidade entre os atores
sociais. A sustentabilidade espacial é conduzida por instrumentos de
ordenamento territorial condizentes com a realidade local, incluídos os aspectos
relacionados não só com o suporte físico, mas também com a infraestrutura
disponível, qualidade dos serviços públicos, compatibilidade do sistema viário.
Enfim, a sustentabilidade espacial envolve diversas questões que interferem na
qualidade do espaço urbano, e consequentemente, na qualidade de vida.

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A construção de um novo desenvolvimento

As expectativas em torno da consolidação do paradigma da


sustentabilidade giram em torno das mudanças de posturas da sociedade frente
ao meio ambiente. A concretização do desenvolvimento sustentável perpassa
pela justa distribuição dos benefícios econômicos, evitando desta forma a
desigualdade social, pelo uso racional dos recursos naturais no âmbito da
realidade urbana, sendo desta forma, fundamentais as ações para sua
consolidação.

No Brasil a questão urbana ganhou destaque através da inserção no texto


constitucional dos artigos 182 e 183, que versam sobre a política urbana. A partir
do texto constitucional, foram apresentadas pelo Estatuto da Cidade as diretrizes
e os princípios da política urbana, assim como definidos os instrumentos
normativos. A partir do conceito de desenvolvimento sustentável, o Estatuto
busca embasar a elaboração de instrumentos que conduzam o desenvolvimento
urbano, confirmando o Plano Diretor como instrumento básico de política urbana
municipal na condução equilibrada da ocupação urbana.

As questões ambientais no Brasil são regidas por legislações que buscam


a proteção do patrimônio natural, a exemplo do Código Florestal (Lei nº.
4.771/1965), que procura garantir a ocupação ordenada e a qualidade da
vegetação por meio de restrições a ocupações em áreas de grande potencial
ambiental.

Cabe ressaltar que o Brasil apesar de possuir um dos conjuntos de


legislação ambiental mais avançados do mundo, a eficácia no que concerne à
proteção do meio ambiente, ainda é insuficiente. Muito se destaca da importância
do Estatuto da Cidade como instrumento de integração das questões urbanas à
proteção do meio ambiente, ao trazer o desenvolvimento sustentável como
princípio básico da política urbana, porém, a Política Nacional do Meio Ambiente

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(Lei nº. 6.938/81) já remetia à necessidade de preservação da qualidade do meio


natural para o desenvolvimento socioeconômico.

É notório que a aprovação do Estatuto da Cidade está vinculada às


diretrizes lançadas pela CF de 1988 no que se refere à política urbana e
ambiental e à obrigatoriedade do plano diretor como instrumento básico de
planejamento e gestão urbana para os municípios. O instrumento tem por
objetivo garantir o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da
propriedade urbana, tendo para isso definido diretrizes que estabelecem,
conforme o Art. 2º, I, o “direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito
à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao
transporte e aos serviços urbanos, ao trabalho e ao lazer”. Versam também
sobre a sustentabilidade das cidades e o equilíbrio ambiental necessário ao
desenvolvimento da qualidade de vida, tendo por finalidade o bem da
coletividade e a manutenção do equilíbrio na ocupação do território.

Um dos preceitos estabelecidos pelo Estatuto da Cidade para os planos


diretores é a garantia de participação popular no processo de elaboração, de
maneira que as visões de todos os atores envolvidos na formação, produção,
uso e preservação das cidades sejam consideradas pelo instrumento. A
participação desses atores pressupõe a garantia de que as necessidades e
desejos da comunidade local sejam contemplados. O plano diretor consiste em
um conjunto de princípios e regras, baseados na realidade local, onde são
indicados os instrumentos para garantir a ocupação ordenada do espaço, as
áreas propícias ao desenvolvimento de habitação social, as áreas de
preservação e conservação ambiental, os instrumentos de incentivos fiscais,
enfim, são indicados instrumentos para condução do desenvolvimento
sustentável.

A proposta dos novos instrumentos de planejamento e gestão disponíveis


a partir do Estatuto é de consolidar um projeto nacional de concretização do
desenvolvimento sustentável. Porém, pressupõe-se que os instrumentos

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elaborados, em sua maioria, não se configuram como ferramentas eficazes na


condução do desenvolvimento, colocando não só o processo de elaboração,
mas também o conceito utilizado, sob questionamentos de modos mais
adequados para condução das políticas urbanas.

O desenvolvimento sustentável requer uma transversalidade nas


dimensões que compõem a vida, a existência de um diálogo capaz de minimizar
diferenças e maximizar potencialidades, porém, essa transversalidade esbarra
em aspectos como a burocracia e interesses específicos, o que dificulta a
construção de um processo que busca a equidade social, onde a partir dela as
demais dimensões são acrescentadas.

A sustentabilidade é construída por ações especificas que buscam a


qualidade em determinada dimensão. Apesar das dificuldades enfrentadas,
acredita-se que se está caminhando para elaboração de instrumentos capazes
de contribuir para construção da sustentabilidade. Tem-se a consciência de que
os instrumentos e mecanismos disponíveis devem ser cada vez mais
aperfeiçoados a partir da realidade local, como consequência da dinâmica
estabelecida nas cidades, acreditando-se ser o caminho da sustentabilidade.

PROTEGER OU CONSERVAR?

O reconhecimento do conceito de desenvolvimento sustentável, a


concepção de ações que teriam como objetivo a proteção do meio ambiente e a
tomada de consciência da importância do desenvolvimento socioeconômico em
harmonia com a natureza, foram pautas que nasceram e foram discutidas na
Rio-92. Como resultado de tais discussões surgiu como documento a
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a CDB de acordo com seu Art.1º
tem como objetivos: são a conservação da diversidade biológica, a utilização
sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios
derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso

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adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias


pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias,
e mediante financiamento adequado.

Para que esses objetivos sejam cumpridos um dos seus artigos,


precisamente o Art. 8º tem como assunto a Conservação, no qual discorre sobre
a obrigação de cada parte contratante em situações que irão promover a
conservação como: estabelecer áreas de proteção ou áreas onde medidas
especiais devem ser tomadas para garantir a conservação da biodiversidade
biológica; desenvolver diretrizes para seleção, estabelecimento e administração
dessas áreas; regulamentar recursos biológicos que são importantes para a
conservação da diversidade biológica; promover a proteção de ecossistemas,
hábitats naturais e manutenção de populações de espécies em seu meio natural;
promover desenvolvimento sustentável nas áreas próximas as áreas de
preservação; recuperar e restaurar ecossistemas degradados e espécies
ameaçadas; estabelecer meios para regulamentar, administrar ou controlar
riscos associados a liberação de organismos vivos modificados que podem
afetar de meio negativo a conservação e utilização sustentável da diversidade
biológica e a saúde; impedir a introdução de espécies exóticas que ameacem
os ecossistemas, habitats e espécies; procurar aliar as utilizações atuais da
conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável de seus
componentes; dentre outras obrigações.

Dentre as obrigações descritas acima pode-se destacar sobre a


preservação de conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e
populações indígenas com estilo de vida tradicionais relevantes à conservação
e à utilização sustentável da diversidade biológica. Tais comunidades locais como
os povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais produzem seu
conhecimento através de atividades e práticas coletivas desenvolvidas na
floresta, o que torna tal conhecimento de estrita importância para a conservação
e utilização sustentável dos recursos naturais.

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E é na relação estreita com a floresta que esses povos conseguem


desenvolver e compartilhar seus conhecimentos, pesquisando, observando,
especulando, experimentando e trocando amplamente informações, o que torna
fundamental a garantia de condições que assegurem a sobrevivência física e
cultural desses povos.

Ao analisar o Art. 8º da CDB fica clara a preocupação dos países


participantes da Rio 92 quanto a conservação dos recursos naturais e da
diversidade biológica, o que leva a dúvida da diferença entre preservar e
conservar. Muitas vezes esses termos são utilizados para dar o mesmo
significado a uma frase, mas na verdade conservar e preservar tem sentidos
bastante diferentes quando são utilizados em relação aos recursos naturais e
diversidade biológica.

Quando se propõe a conservação de algum recurso natural ou da


diversidade biológica significa que visa a proteção dos recursos naturais através
da utilização racional dos recursos, garantindo sua sustentabilidade e existência
para as gerações futuras. Já quando se é proposta a preservação de algum
recurso essa ação visa a integridade total, a perenidade de tal recurso, referindo-
se à proteção total, a intocabilidade, tal medida geralmente é tomada quando há
risco de perda de biodiversidade, seja ela pela extinção de uma espécie, um
ecossistema ou um bioma como todo.

Esses dois conceitos o de preservação e conservação podem ser melhor


explicados pelos movimentos preservacionista e conservacionista. O movimento
preservacionista e seus adeptos defendem uma linha de pensamento onde a
natureza está no centro, buscando a preservação dos bens naturais pelo valor
que tem em si mesma e não pelo valor atribuído pelo homem. Com isso o
preservacionismo utiliza de métodos, procedimentos e ações que tem como
principal objetivo garantir a proteção integral de espécies, ecossistemas e de
processos ecológicos, sem que o valor atribuído pelo homem seja levado em
consideração.

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Quando é necessário o ato de preservação de algum recurso natural,


chega-se ao ponto da não permissão da retirada de qualquer tipo de benefício
do recurso a ser preservado. Portanto a ato de preservação gera uma série
de consequências como a exclusão dos povos da floresta de seu ambiente
natural, pois estes para sua sobrevivência dependem da interação estreita com
a floresta, o que a preservação restringe e também quebra o processo de
produção que é a interação entre o homem e a natureza. Portanto se faz
necessária a disseminação da conservação da diversidade biológica para que
não se chegue ao ponto da necessidade do ato de preservação.

O conservacionismo tem como ideia principal o uso racional dos recursos


naturais que é a ideia que impulsiona o desenvolvimento sustentável. No
pensamento conservacionista entende-se que a natureza possui uma série de
utilidades que podem ser de uso do ser humano, desde que este demostre
respeito à biodiversidade, o uso consciente de matérias primas, apoio a criação
de políticas relacionadas ao meio ambiente e áreas de preservação em
ecossistemas que possuam espécies em extinção ou que correm algum tipo de
risco.

O ato de conservação pode ser considerado um empreendimento da


sociedade, pois ao se conservar algum tipo de recurso natural tem se a aplicação
do conceito de sustentabilidade que é o desenvolvimento socioeconômico
buscando garantir a existência dos recursos naturais para as gerações futuras.
Com isso vê-se que a conservação da diversidade biológica vem como uma
grande fermenta para que o desenvolvimento e evolução humana continue em
crescimento sem que o meio ambiente seja degradado a ponto de colocar em
risco a diversidade biológica, afetando diretamente a vida e desenvolvimento
humano.

Visto as ideias preservacionistas e conservacionista fica claro que seria


muito mais vantajoso para o ser humano o pensamento conservacionista, mas
ao ponto em que se encontra a relação do homem com o meio ambiente muitas

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vezes é necessária utilização do pensamento preservacionista. Para evitar


medidas radicais como as preservacionistas e continuar desfrutando
conscientemente dos recursos naturais foi preciso ser criada medidas de
regulamentação do uso do meio ambiente.

Como já citado documentos provenientes da Rio 92 como a CDB foram


criados para orientar o homem sobre o uso consciente e a conservação da
diversidade biológica, mas antes da criação da CDB já existia uma Lei que
estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente. Sendo o seu objetivo: a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

Fica claro que à proteção a dignidade humana é sempre colocada em


pauta como objetivo da conservação do meio ambiente, portanto deve-se
pensar na preservação dos modos de vida como uma forma de conservação
desse meio. Nos pensamentos conservacionistas o homem faz parte do meio
ambiente, pois ele tira proveito dos recursos naturais de forma consciente,
portanto a preservação dos povos e conhecimentos tradicionais se faz
extremamente necessária para a conservação da diversidade biológica.

A preservação dos povos tradicionais como citado é essencial para


conservação dos recursos naturais, consequentemente a preservação de seus
conhecimentos, pesquisas e técnicas devem ser passadas de geração em
geração para que se mantenha o ensinamento da relação consciente entre
homem e natureza. Mas a questão é se seria possível a preservação de algo
imaterial.

Bens como as expressões culturais tradicionais, de criação coletiva e


transmissão de uma geração para outra pertencente a comunidades locais e às
comunidades indígenas, podendo ser classificados como bens imateriais e de
acordo com o Art. 215 da Constituição Federal de 1988, “O Estado protegerá as

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manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de


outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.

A Constituição Brasileira teve um grande avanço no que diz respeito a


proteção dos bens culturais, tendo consagrado um novo entendimento de
patrimônio cultural no qual acredita ser mais abrangente e democrático. Através
do Art. 216 a Constituição ampliou o conceito de patrimônio cultural
reconhecendo sua natureza, material e imaterial, incluindo entre os bens
culturais as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver e as criações
científicas, artísticas e tecnológicas dos diferentes grupos sociais brasileiros. A
concepção adotada pela Constituição foi a de que não a possibilidade de
entender os bens culturais sem que se considere os valores neles investidos que
podem ser representados por sua dimensão imaterial, da mesma forma que não
se pode compreender a dinâmica do patrimônio imaterial sem levar em
consideração a cultura material que foi utilizada para a produção de tal bem.
Desta forma a definição constitucional abrange as manifestações culturais de
caráter processual e dinâmico, e tende a valorizar a cultura viva que está
enraizada no dia a dia das sociedades.

Para a UNESCO de acordo com o caput do Art. 1 da Declaração Universal


sobre a Diversidade Cultural, a diversidade cultural que é fonte de intercâmbios,
inovação e criatividade é para o gênero humano, tão necessário como a
diversidade biológica é para a natureza.

A própria palavra agricultura se analisada melhor traz o termo cultura na


sua composição, que tem historicamente o significado de cultivo da terra.
Portanto, cultura e agricultura estão intimamente ligadas e não se pode
prescindir da utilização de ferramentas jurídicas de salvaguarda do patrimônio
cultural afim de reconhecer, valorizar e proteger os sistemas agrícolas locais e
todos os seus componentes, tangíveis e intangíveis, sendo esses: plantas
cultivadas, técnicas, práticas e saberes agrícolas.

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Através de tal declaração entende-se que a conservação da diversidade


cultural como fonte de conhecimentos, costumes e técnicas dos diversos povos
existentes é de extrema importância para a preservação da humanidade, dos
diferentes modos de vida, o que também se torna importante para a conservação
da diversidade biológica, já que para que isso aconteça deve existir a interação
equilibrada entre homem e natureza, se um passa a não existir, não existirá
equilíbrio entre a interação.

FORMAS DE CONSERVAÇÃO E PORQUE MANEJAR A


NATUREZA

Para que essa interação entre homem e natureza continue acontecendo


em equilíbrio a CDB dividiu em três grandes grupos as formas possíveis de
conservação e são elas: a clássica, com o estabelecimento de áreas que
possuem restrição de uso e acesso, a de uso sustentável e a repartição de
benefícios provenientes do uso da biodiversidade.

No sistema de conservação clássica, pode-se encontrar além da criação


de áreas protegidas, são criados mecanismos ligados à proteção e recuperação
de espécies, podendo essas serem feitas in situ, ou seja, no seu habitat natural
ou ex situ em locais fora do seu ambiente natural, como em zoológicos, jardins
botânicos ou em até mesmo em laboratórios. O uso sustentável da
biodiversidade visa encontrar alternativas que envolvam um compartilhamento e
uma negociação sobre o uso da terra e dos recursos naturais. Por último tem-se
a repartição dos benefícios que sã originários do uso da biodiversidade, sendo
esse o, mas complexo dos três. Nesse caso a ideia é que quando a
biodiversidade de uma região for utilizada para gerar algum tipo de benefício,
esse benefício deve ser repartido com o país ou a área da qual detêm esse
componente da biodiversidade.

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Esses meios de conservação do meio ambiente visam garantir o equilíbrio


do meio ambiente e esse equilíbrio é resguardado pelo Art. 225 da Constituição
Federal de 1988 que diz: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações”.

E ainda através dos incisos I a VII, do § 1º, do Art. 225 é exposto os


deveres do poder público para que se garanta a efetividade de tal direito, como:
preservar e restaurar processos ecológicos essenciais; preservar a diversidade
e a integridade do patrimônio genético do País e a fiscalização de instituições
que trabalham com material genético; definir em todo o território nacional
espaços e componentes a serem protegidos; exigir estudo prévio de impacto
ambiental para obras ou empreendimentos que possam levar risco ao meio
ambiente; controlar a produção, comercialização e execução de técnicas que
levem risco para qualidade de vida e integridade do meio ambiente, promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino; e proteger a fauna e a flora,
através de leis, as práticas que coloquem espécies em risco de extinção.

Baseado no Art. 225 da Constituição Federal foi criado o Sistema Nacional


de Unidades de Conservação (SNUC). Mas para que chegassem a esse sistema
o processo de elaboração e negociação durou um pouco mais de dez anos,
causando grande polêmica entre os ambientalistas.

O processo se iniciou quando em 1988 o Instituto Brasileiro de


Desenvolvimento Florestal à Fundação Pró-Natureza (Funatura) fez um pedido
de criação de um anteprojeto de lei que instituísse um sistema de unidades de
conservação. Este anteprojeto foi aprovado pelo Conselho nacional do Meio
Ambiente (Conama) e em maio de 1992 foi encaminhado para o Congresso
Nacional.

A grande polêmica gira em torno do projeto substitutivo que foi


apresentado em 1994 pelo então deputado Fábio Feldmann, que introduziu

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modificações significativas no projeto original, a principal mudança foi a


permissão da presença de populações tradicionais nas áreas de conservação.
Em 1995 houve um novo projeto substitutivo dessa vez apresentado pelo
deputado Fernando Gabeira o que aumentou as divergências. Mas foi só em
2000 que o projeto foi aprovado e mesmo assim sendo vetados alguns
dispositivos, como por exemplo a definição de populações tradicionais.

Com a criação do SNUC foram instituídos através do Art. 7º a divisão das


unidades de conservação em dois grupos sendo essas: Unidades de proteção
Integral e Unidades de Uso Sustentável. Nas Unidades de Proteção Integral o
principal objetivo é preservar a natureza retirando dessa apenas recursos
naturais de uso indireto. Já nas Unidades de Uso Sustentável o objetivo é
conciliar a conservação da natureza com o uso consciente de parte dos seus
recursos naturais.

Ainda dentro dessas duas categorias existem subdivisões onde as


Unidades de Proteção Integral se dividem em cinco categorias e as Unidades de
Uso Sustentável em sete categorias. Além disso existem categorias que não são
citadas na Lei, pois com a demora da aprovação do Projeto foram criadas
Unidades de Conservação (UCs) que não se enquadram nas categorias
apresentadas pelo SNUC e não foram enquadradas na nova legislação. Outra
fonte de diferentes categorias não citadas na Lei são UCs estaduais e municipais
que foram criadas pelo Conama com o objetivo de atender a características
regionais ou locais que não estão previstas na Lei.

O espaço e os impactos ambientais

O espaço é o lugar onde as atividades humanas são processadas,


formado a partir da relação entre a sociedade e a natureza, portanto socialmente
constituído. A formação do espaço é o reflexo das atividades e das relações que

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se processam sobre ele, que transformam o meio natural a partir de suas


necessidades, conferindo particularidades, que devem ser sempre levadas em
consideração pelos processos de planejamento. Da mesma forma que o espaço,
o ambiente ou meio ambiente é social e historicamente construído. Sua
construção se faz no processo da interação continua entre uma sociedade em
movimento e um espaço físico, particular que se modifica permanentemente. O
ambiente é passivo e ativo. É, ao mesmo tempo, suporte geofísico, condicionado
e condicionante de movimento, transformadora da vida social. Ao ser modificado,
torna-se condição para novas mudanças, modificando assim a sociedade.

O homem tem por essência a transformação da natureza através do


trabalho, estabelecendo uma relação dialética entre apropriação e adequação
do espaço. Os problemas ambientais decorrem da apropriação inadequada do
meio, onde a capacidade de suporte deste não absorve as transformações
decorrentes das atividades humanas. Diante da relação estabelecida entre as
atividades humanas e o meio, impacto, ou dano, ambiental é compreendido
como o processo de mudanças da qualidade e do equilíbrio do meio ambiente
causado pelas ações humanas, resultando na degradação ambiental. O impacto
ambiental não é, obviamente, só o resultado de uma determinada ação realizada
sobre o ambiente: é a relação de mudanças sociais e ecológicas em movimento.

A compreensão de que as atividades humanas se processam sobre o


meio ambiente, conferindo características próprias ao espaço, gerando
processos diferenciados de impacto ambiental foi determinante para definição
da categoria de uso e ocupação do solo como foco da análise. A qualidade do
uso e ocupação do solo urbano é fundamental na definição da qualidade
ambiental, devendo, portanto, serem elaboradas ações de planejamento que
busquem uma relação equilibrada entre a ocupação humana e o meio natural,
de forma que as atividades humanas não gerem riscos e impactos ao meio
ambiente, contribuindo desta forma para o desenvolvimento local.

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PLANEJAMENTO AMBIENTAL

A necessidade do ser humano de viver coletivamente e adequar os


espaços para tal, confere ao planejamento e à gestão urbanos uma grande
responsabilidade com relação à qualidade dos espaços. Eles desenvolvem a
função de mediadores na relação entre homem e meio, buscando o equilíbrio
entre o crescimento econômico, urbano e todos os aspectos que envolvem a
dinâmica da sociedade e dos limites do meio físico.

O planejamento é uma ferramenta utilizada para elaboração de


intervenções futuras, baseadas na realidade local, que busca solucionar e/ou
minimizar os problemas e maximizar as potencialidades locais, de modo que o
desenvolvimento local seja sempre o foco das ações. Ou seja, o planejamento
deve ser entendido como um meio sistemático de determinar o estágio em que
você está, aonde você quer chegar e qual o melhor caminho para se chegar lá.
Os conceitos de planejamento e gestão estão intimamente ligados, visto que
ambos trabalham em busca do desenvolvimento, através de ações para melhoria
da qualidade de vida. Gerir é administrar o planejamento no tempo atual,
colocando em prática planos, projetos e ações que visem à qualidade dos
espaços urbanos.

Planejamento e gestão não são termos intercambiáveis, por possuírem


referenciais temporais distintos e por se referirem a diferentes tipos de
atividades. Planejar sempre remete ao futuro. Gestão sempre remete ao
presente, gerir significa administrar uma situação dentro dos marcos dos
recursos presentemente disponíveis e tendo vistas as necessidades imediatas.
O planejamento é a preparação para a gestão futura, buscando-se evitar ou
minimizar problemas e ampliar margens de manobra; e a gestão é a efetivação
das condições que o planejamento feito no passado ajudou a construir. Longe
de serem concorrentes ou intercambiáveis, planejamento e gestão são distintos
e complementares.

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Acredita-se que para consolidação da sustentabilidade, os conceitos de


planejamento e gestão devem ser trabalhados em conjunto, visto que ambos
buscam a qualidade dos espaços e o desenvolvimento urbano. Planejamento e
gestão trabalham pelo desenvolvimento, na busca da qualidade de vida, aliada
à qualidade dos espaços, atribuindo qualidade ao espaço urbano, ou seja, na
busca pelo desenvolvimento sustentável. Os instrumentos de planejamento
devem conduzir uma ocupação adequada e ordenada da ocupação humana,
levando em consideração o suporte físico, a infraestrutura instalada, serviços
públicos e sistema viário disponível. Ou seja, o planejamento deve ser elaborado
a partir da realidade local buscando a qualidade do espaço urbano, tendo como
objetivo a construção do desenvolvimento. Os processos de planejamento são
guiados por metodologias participativas, onde a inserção da população é
fundamental para construção do futuro desejado, utilizando o conhecimento
social na definição dos objetivos e dos instrumentos para consolidação do
desenvolvimento.

Diante dos novos conceitos que surgem sob a ótica da sustentabilidade,


o planejamento ambiental nasce como uma nova modalidade de planejamento,
onde o meio ambiente é tratado como elemento balizador das ações, aplicando
os princípios do desenvolvimento sustentável no ordenamento territorial e
utilizando instrumentos que têm como princípios a adequação do meio ambiente
de maneira equilibrada.

Planejamento Ambiental é todo o planejamento que parte do princípio da


valoração e conservação das bases naturais de um dado território como base de
auto sustentação da vida e das interações que a mantém, ou seja, das relações
ecossistêmicas.

A integração entre os conceitos de preservação ambiental e de


planejamento e gestão na formulação do conceito de planejamento ambiental,
traz para realidade urbana caminhos para se alcançar patamares de qualidade
de vida. O planejamento ambiental deve fornecer sistemas de infraestrutura

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ambientalmente saudáveis, que possam ser traduzidos pela sustentabilidade do


desenvolvimento urbano, o qual está atrelado à qualidade do ar, drenagem,
serviços sanitários e rejeitos de lixo sólido e perigoso, ou seja, o planejamento
ambiental busca suprir as necessidades da sociedade sem prejuízos ao meio
ambiente. Daí a importância da participação da população nos processos de
elaboração das políticas públicas.

O planejamento ambiental traz diversos instrumentos que buscam garantir


a qualidade do meio ambiente, através de mecanismos de ordenação territorial
adequados ao suporte natural que respondam às necessidades e expectativas
da população, que podem se configurar como instrumentos da sustentabilidade
sendo, portanto, de fundamental importância ações no sentido de identificar as
suas reais contribuições na construção da sustentabilidade.

O planejamento ambiental envolve alguns princípios necessários para a


existência do equilíbrio na relação entre o homem e o meio, voltando às
preocupações para a qualidade do meio. No princípio da preservação, também
chamado de princípio da não-ação, os ecossistemas deverão permanecer
intocados pela ação humana e representam áreas de reserva e bancos genéticos
de interesse para vidas futuras; o princípio da recuperação aplica-se a áreas
alteradas pela ação humana, adotado a partir de certo momento onde os danos
das ações humanas já estão presentes; o princípio da conservação pressupõe o
uso dos recursos naturais pelo homem na linha do risco mínimo, ou seja, sem
que as atividades humanas representem degradação ao meio ambiente.

A definição de tais conceitos no processo de planejamento tem como


resultados os produtos das políticas urbanas, como forma de conduzir o tipo de
ocupação, a partir da definição de zoneamento urbano levando em consideração
o potencial do suporte natural. Não está se negando o desenvolvimento das
cidades, e sim destacando a importância de se analisar as condições disponíveis
para o desenvolvimento local.

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A construção da sustentabilidade pressupõe a existência de instrumentos


de planejamento ambiental, levando-se em consideração a realidade ambiental
na condução do desenvolvimento local. A análise dos instrumentos de
ordenamento territorial da faixa litorânea do Ipojuca partiu da compreensão do
planejamento ambiental como condição ao desenvolvimento sustentável e
construção da sustentabilidade local.

COMO FAZER UM PLANEJAMENTO AMBIENTAL

Para alcançar um objetivo de forma rápida e eficiente, o melhor recurso é


utilizar um planejamento. E para isso, não existem muitos segredos.
Basicamente, para bons resultados, deve-se estabelecer o estado atual, definir
o objetivo e meta, realizar uma análise da presente situação e seus
influenciadores, traçar um plano de ação, fazer as verificações e ajustes
necessários e continuar o ciclo.

Com o planejamento ambiental, as regras não se distinguem. Esse,


também envolve um processo contínuo, que requer a coleta, organização e
análise das informações. Dessa maneira, o intuito é atingir metas e objetivos
futuros, tanto em relação a recursos naturais quanto à sociedade.

Interligado diretamente com o desenvolvimento sustentável, esse tipo de


planejamento exige uma abordagem interdisciplinar e integrada. Isso, devido à
complexidade que compreende os aspectos físicos, ambientais e sociais.

Portanto, para alcançar alternativas mais sustentáveis e obter o melhor


aproveitamento dos recursos naturais disponíveis, o planejamento ambiental
utiliza métodos e sistemas específicos, que possibilitam estudos como: a
problemática econômica e social da população e a análise das características do
meio, suas carências, virtudes e possibilidades.

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Para cada contexto e objetivo almejado, usa-se um tipo ou instrumento


próprio. Por exemplo, em casos que envolvem políticas públicas, é necessário
um planejamento mais detalhado, que vá além do plano de ação e inclua o
estudo de outros meios (físicos, biológicos, entre outros).

Por outro lado, se uma empresa analisa as consequências ambientais que


uma ação pode causar e quer levantar alternativas, outro tipo de planejamento
é aplicado. Por essa razão, geralmente utilizam-se dois termos que categorizam
e melhor representam suas características: abrangência operacional e
abrangência espacial.

PLANEJAMENTO AMBIENTAL URBANO

Zoneamento Ambiental Urbano

Os municípios brasileiros, pelas competências constitucionais que lhes


foram atribuídas, constituem atores decisivos na implementação do
planejamento e na gestão ambiental urbana. No entanto, apesar da existência
de leis e instrumentos muitas vezes apropriados, o estágio atual de
implementação de políticas públicas ambientais e urbanas ainda não atende aos
requisitos necessários de sustentabilidade. O grande desafio, portanto, é
aperfeiçoar a legislação e os instrumentos de gestão e implementação do
desenvolvimento urbano com uso sustentável dos recursos naturais. O Ministério
do Meio Ambiente (MMA), no âmbito das suas ações para a gestão ambiental
territorial e urbana, iniciou em 2017 a construção da proposta metodológica
técnica para o Zoneamento Ambiental Municipal – ZAM. Esse instrumento
constitui-se como imprescindível, especialmente para os municípios que estão
na fase de revisão dos seus Planos Diretores, mas também para os que estão
elaborando o plano pela primeira vez. O ZAM visa contribuir para a relação

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sustentável do ambiente natural com o ambiente construído e para a prestação


de serviços ecossistêmicos como pressupostos para o ordenamento do território
nos diversos biomas brasileiros. O Zoneamento Ambiental Municipal – ZAM
converge com os instrumentos da política urbana previstos no Estatuto da
Cidade (Lei Federal no 10.257, de 10 de julho de 2001) e da Política Nacional de
Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). Foi criado como
resposta a uma série de demandas de planejamento ambiental urbano,
buscando subsidiar o ordenamento do uso e ocupação do solo, especialmente
advindos do processo de implementação dos Planos Diretores municipais
aportando a dimensão ambiental, na sua plenitude de planejamento, gestão e
implementação. Por meio da identificação das principais fragilidades e
vulnerabilidades existentes, o ZAM se constitui como um instrumento estratégico
para salvaguardar os recursos naturais existentes no município, em consonância
com a Meta 11, que trata das “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, prevista
nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos no âmbito das
Nações Unidas. Oportunidades com o Zoneamento Ambiental Municipal - ZAM:
- Apoiar os processos de Licenciamento Ambiental e Urbanístico do Município;-
Contribuir para o Planejamento, Gestão e Monitoramento Ambiental municipal;-
Gerar conhecimento sobre as Vulnerabilidades e Potencialidades ambientais do
Município;- Oferecer Relatório contendo informações ambientais
sistematizadas;- Fornecer estudos para a construção do Macrozoneamento no
âmbito do Plano Diretor Municipal;- Gerar a elaboração de Cadernos de Mapas
Temáticos;- Subsidiar a integração de Planos, Projetos e Ações às mais diversas
políticas-públicas ambientais, setoriais e urbanas. Para saber mais, acessem
as publicações do Zoneamento Ambiental Municipal: Folder Zoneamento
Ambiental Municipal Livro Zoneamento Ambiental Municipal.

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Instrumentos de Planejamento

O planejamento das cidades no Brasil é prerrogativa constitucional da


gestão municipal que responde, inclusive, pela delimitação oficial da zona
urbana, rural e demais territórios para onde são direcionados os instrumentos de
planejamento ambiental. No âmbito do meio ambiente urbano, os principais
instrumentos de planejamento ambiental são o Zoneamento Ecológico-
Econômico - ZEE, o Plano Diretor Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica, o
Plano Ambiental Municipal, a Agenda 21 Local, e o Plano de Gestão Integrada
da Orla. No entanto, todos os planos setoriais ligados à qualidade de vida no
processo de urbanização, como saneamento básico, moradia, transporte e
mobilidade, também constituem instrumentos de planejamento ambiental. O
fundamental é que esses instrumentos sejam compostos por ações preventivas
e normativas que permitam controlar os impactos territoriais negativos dos
investimentos público-privados sobre os recursos naturais componentes das
cidades. Com isso, almeja-se evitar a subutilização dos espaços já infraestrutura
dos e a degradação urbana e imprimir uma maior eficiência das dinâmicas
socioambientais de conservação do patrimônio ambiental urbano. Iniciativas
envolvendo Instrumentos de Planejamento Ambiental Urbano 8ª Convocatória
dos Diálogos Setoriais Brasil-União Europeia (BR-UE) A urbanização brasileira
tem requerido novos saberes, olhares e práticas compatíveis com as demandas
postas pela dinâmica sócio espacial contemporânea e com a necessidade de
articulação das diferentes dimensões envolvidas no fenômeno urbano. O
processo de urbanização tem-se colocado como um grande desafio para o
pensamento que se articula em torno do conceito de desenvolvimento
sustentável. Este desafio pode ser transcrito em uma grande questão: É possível
conciliar a necessidade de conservar os recursos naturais e de manter aberto o
leque de opções das futuras gerações com a urbanização - uma radical e
irreversível transformação humana de uma paisagem natural? Se a questão
formulada é pertinente, então é imprescindível identificar, no campo da gestão e

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do ordenamento espacial urbano, ferramentas adequadas a uma gestão que


promova a inclusão da dimensão ambiental. Neste sentido em 2016, em sua 8ª
convocatória, os Diálogos Setoriais Brasil-União Europeia (BR-UE), na Ação
MMAA0013, teve como principal objetivo apresentar experiências exitosas de
políticas públicas na área de Gestão Ambiental Urbana no Brasil e na União
Europeia. Esse objetivo visa estabelecer parâmetros ou exemplos para a
construção de políticas públicas que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o
Ministério das Cidades (MCidades) pretendem empreender. Para a realização
deste trabalho, foram contratados dois peritos em gestão ambiental urbana com
notável experiência, um atuante no Brasil, outro na União Europeia. Eles
trabalharam em parceria com os técnicos dos Ministérios do Meio Ambiente e do
Ministério das Cidades para levantamento das experiências a serem
trabalhadas, pesquisa dos dados e realização de um evento para discussão
antes do fechamento e divulgação do relatório. Para o estudo foram escolhidos
3 temas prioritários no âmbito da gestão ambiental urbana. Foram escolhidos
cinco municípios brasileiros que desenvolveram ações relevantes em pelo
menos um desses temas e três cidades europeias consideradas modelos de
gestão em pelo menos um desses temas para melhorar o desempenho
ambiental local. Os temas escolhidos foram: Gestão dos corpos d’água e os
mecanismos adotados para sua proteção; Conservação e uso da cobertura
vegetal localizada na área urbana e de expansão urbana de propriedade pública
ou privada, incluindo também as áreas verdes, compreendidas por zonas
arbóreas, tais como praças e parques urbanos; O zoneamento ambiental (ZA),
ou seja, um instrumento de planejamento do território local que considera a
dimensão ambiental, conta com uma linha de base, objetivos estratégicos e
sistema de monitoramento e avaliação. Os resultados dos trabalhos realizados
no âmbito da 8ª convocatória dos Diálogos Setoriais Brasil-União Europeia (BR-
UE).

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Instrumentos Econômicos

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável, fruto da ECO-92, enuncia em seu princípio 16 que os Estados
devem promover a adoção de instrumentos econômicos como iniciativa de
proteção à integridade do sistema ambiental global. Tais instrumentos podem
envolver pagamento, compensação ou concessão de benefícios fiscais e são
considerados uma alternativa eficiente em termos econômicos e ambientais,
indo além dos mecanismos já existentes na legislação ambiental brasileira. O
objetivo principal desses instrumentos é incentivar aqueles que ajudam a
conservar ou produzir serviços ambientais a conduzirem práticas cada vez mais
adequadas que assegurem a conservação e a restauração dos ecossistemas,
atribuindo à conservação obtida um valor monetário, ausente anteriormente.
Atualmente, já é considerado o pagamento por serviços ambientais urbanos que
atuariam na remuneração pela produção de impactos positivos ou minimização
de impactos negativos ambientalmente. Entre eles, podem-se citar: manutenção
de áreas verdes urbanas; melhoria na rede de transporte coletivo; disposição
correta e reciclagem de resíduos sólidos urbanos; e tratamento de esgoto
sanitário. Na política ambiental urbana, constam dispositivos de incentivo
econômico à preservação de áreas de interesse ambiental, como a transferência
do direito de construir, existente no artigo 35 do Estatuto das Cidades. Também
pode ser citada, na esfera da gestão ambiental, a iniciativa intitulada "ICMS
Ecológico", que teve início em 1992 com a inclusão de critérios ambientais a uma
parcela do ICMS que é repassado dos estados aos municípios. Nesse contexto,
a SRHU, dentro das suas competências institucionais, atua no fomento à
proposição e difusão de tais instrumentos econômicos, como incentivo à
melhoria da qualidade ambiental urbana.

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Indicadores

A formulação de indicadores ao longo das últimas décadas vem se


consolidando como uma importante ferramenta para planejamento e avaliação
de políticas públicas, entre elas a política ambiental urbana. A correta utilização
e leitura de indicadores possibilita o fortalecimento das decisões, facilitando,
entre outras dinâmicas, a participação da sociedade. Com o crescimento da
população urbana mundial e a consequente expansão das cidades,
principalmente nos países em desenvolvimento, é fundamental a definição e
monitoramento de indicadores de qualidade ambiental urbana nos municípios
brasileiros. A avaliação desses indicadores permitirá, entre outras ações, a
inserção de variáveis e parâmetros ambientais nos instrumentos de caráter
urbanístico, como planos diretores, planos setoriais, leis de parcelamento do solo
e zoneamentos urbanos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O termo sustentabilidade nunca fez tanto sentido, levando em


consideração sua concepção de conciliar o desenvolvimento humano com a
conservação do meio ambiente, garantindo os recursos para a sobrevivência da
geração futura é muito mais urgente do que se imagina. Uma vez que o impacto
humano sobre a natureza tem muitas vezes como consequência o
comprometimento da capacidade natural regenerativa e autossustentáveis de
alguns ecossistemas, que podem trazer como resultado riscos a espécie
humana. Para que os impactos negativos causados pelos seres humanos no
meio ambiente sejam diminuídos o uso recursos que auxiliem nessa diminuição
de impactos deverão ser cada vez mais utilizado.

Com a sustentabilidade sendo pauta de discussões mundiais nos últimos


anos, pensar na preservação do meio ambiente em equilíbrio com o
desenvolvimento humano vem sendo uma tarefa bastante árdua. O que deve ser
levado em consideração é que povos indígenas, comunidades quilombolas e
ribeirinhas e populações locais já mantem essa relação consciente e de equilíbrio
com a natureza durante muitos anos. Portanto não há dúvidas quanto a
importância dos conhecimentos desses povos para a preservação do meio
ambiente.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido no que diz respeito à


proteção ambiental, sendo que a financeirização se deu em um processo
desregrado de “coisificação” da natureza, o qual coloca em risco a manutenção
desses recursos. Concluindo pelo necessário investimento em políticas públicas,
na qual a natureza seja protagonista e possa garantir a efetivação dos direitos
sobre um meio ambiente sadio e equilibrado.

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REFERENCIAS

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Planejamento Ambiental urbano.


Disponível em: < https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/planejamento-
ambiental-e-territorial-urbano/itemlist/category/62-planejamento-ambiental-
urbano.html >. Acesso em: 05 nov.2020.

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https://ibracam.com.br/blog/como-fazer-um-planejamento-ambiental >. Acesso
em: 06 nov.2020.

PONTES, Mariana. Planejamento para o desenvolvimento: sustentável?


2009. Programa de Pós Graduação - Desenvolvimento Humano, Universidade
Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2009.

SEIELO. A construção de um modelo de gestão que promove o


desenvolvimento sustentável. Disponível em: <
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
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SEBRAE. Planejamento estratégico. Disponível em: <


http://sustentabilidade.sebrae.com.br/sites/Sustentabilidade/Para%E2%80%93s
ua%E2%80%93Empresa/Dimensoes/Planejamento-Estrat%C3%A9gico >.
Acesso em: 08 nov.2020.

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6

DIREITONET. O meio ambiente na constituição Federal de 1988. Disponível


em: < https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/4873/O-meio-ambiente-na-
Constituicao-Federal-de-1988 >. Acesso em: 08 nov.2020.

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