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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..................................................... 5

2.1 Alternativas e impasses........................................................................ 8

3 INDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................. 9

4 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E SEUS INDICADORES........................... 11

5 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ............................................... 14

6 COMPORTAMENTO HUMANO VOLTADO AO MEIO AMBIENTE .......... 15

7 ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE, OS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS


BRASILEIROS .......................................................................................................... 18

7.1 Floresta Amazônica ............................................................................ 19

8 PANTANAL MATO-GROSSENSE ............................................................ 22

9 CAMPOS SULINOS .................................................................................. 24

9.1 Fauna deste bioma ............................................................................. 24

10 CAATINGA ............................................................................................ 25

10.1 Vegetação .......................................................................................... 26

10.2 Fauna ................................................................................................. 26

10.3 Restinga ............................................................................................. 26

11 MANGUEZAL ........................................................................................ 29

12 CERRADO ............................................................................................. 30

13 CERRADO (STRICTU SENSU)............................................................. 32

14 FLORESTA MESOFÍTICA DE INTERFLÚVIO (CERRADÃO) ............... 32

14.1 Campo rupestre .................................................................................. 32

14.2 Campos litossólicos miscelâneos: ...................................................... 32

14.3 Vegetação de afloramento de rocha maciça ...................................... 33

15 MATA ATLÂNTICA ................................................................................ 33

1
16 MATA DE ARAUCÁRIA ......................................................................... 34

17 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS


HÍDRICOS, CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................... 34

17.1 Resíduos perigosos ............................................................................ 37

18 LIXO: PROBLEMA DE TODOS ............................................................. 39

18.1 Reciclagem: a indústria do presente .................................................. 40

18.2 Destino do lixo .................................................................................... 41

18.3 Embalagem: quanto mais simples, melhor ......................................... 45

18.4 A responsabilidade é de quem produz ............................................... 46

18.5 O lixo e o consumo ............................................................................. 46

19 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS – LEI 12.305/2010 ................... 47

19.1 Quem obedece deve obedecer à nova Lei ......................................... 48

19.2 A Lei obriga à logística reversa .......................................................... 49

19.3 Responsabilidade da coleta ............................................................... 49

19.4 Descumprimento da Lei...................................................................... 51

19.5 Resultados e consequências.............................................................. 52

20 RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................ 53

20.1 Ciclo hidrológico ................................................................................. 54

20.2 Precipitação........................................................................................ 54

20.3 Evaporação e evapotranspiração ....................................................... 55

20.4 Água subterrânea ............................................................................... 55

20.5 Escoamento superficial ...................................................................... 56

20.6 Hidrografia .......................................................................................... 57

20.7 Processos erosivos ............................................................................ 57

20.8 Assoreamento de corpos d’água ........................................................ 58

20.9 Gestão de bacias urbanas.................................................................. 59

20.10 Cobrança pelo uso da água ............................................................... 60


2
21 CONTROLE DE ENCHENTES .............................................................. 61

21.1 Medidas para controle de inundações ................................................ 62

21.2 Zoneamento de áreas de inundações ................................................ 62

22 USO RACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS ................................... 62

22.1 Navegação e aproveitamento hidrelétrico .......................................... 63

22.2 Abastecimento .................................................................................... 64

22.3 Irrigação e vazão ecológica ................................................................ 64

22.4 Transposição de corpos d’água ......................................................... 65

23 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ................................................................... 65

23.1 Outras importantes leis a serem citadas ............................................ 66

24 POLÍTICA AMBIENTAL ......................................................................... 67

24.1 Ações práticas de uma política ambiental (exemplos) ....................... 68

25 DIREITO AMBIENTAL, PRINCÍPIOS PRÓPRIOS DO DIREITO


AMBIENTAL .............................................................................................................. 68

25.1 Lei de Política Nacional do Meio Ambiente ........................................ 70

25.2 Licenciamento ambiental .................................................................... 71

26 DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL ....................................................... 72

26.1 Princípios fundamentais do direito ambiental brasileiro...................... 76

27 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ...................................... 77

27.1 Áreas degradadas: formas e exemplos de degradação ..................... 78

27.2 Planejamento Urbano Influindo na degradação ambiental ................. 80

28 A IMPORTÂNCIA DA MATA CILIAR ..................................................... 82

28.1 Formas de recuperação da mata ciliar ............................................... 83

29 PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA O SUCESSO DO


REFLORESTAMENTO, SELEÇÃO DE ESPÉCIES. ................................................. 84

30 CONCLUSÃO ........................................................................................ 85

31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 85

3
32 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 94

1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.

4
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Fonte: jornaloliberal.net

Conceito: A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o


desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem
5
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
(NAÇÕES UNIDAS, 2019).

Para ser sustentável, o desenvolvimento deve ser economicamente


sustentado (ou eficiente), socialmente desejável (ou includente) e
ecologicamente prudente (ou equilibrado). Os dois primeiros critérios
estavam presentes no debate sobre desenvolvimento econômico que se abre
no pós-guerra. O terceiro é novo. As expressões "crescimento econômico
sustentado" e "crescimento econômico excludente" opunham a corrente
"mainstream" neoclássica às correntes heterodoxas, marxistas e
estruturalistas. Para a primeira, o crescimento econômico sustentado estava
aberto como possibilidade a todos os países, sendo uma condição necessária
e suficiente para a inclusão social. Para a segunda, ao contrário, o
crescimento econômico e seus benefícios eram para poucos, os países
capitalistas centrais. Marxistas e estruturalistas discordavam entre si,
entretanto, em relação às causas do fato. (VEIGA, 2005, apud ROMEIRO,
2012).

O Desenvolvimento Sustentável pode ser caracterizado como o


desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades. Ela implica possibilitar às pessoas, agora e no futuro, atingir um nível
satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural,
fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as
espécies e os habitats naturais. Em resumo, é o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro.

A aplicação prática de princípios e estratégias do desenvolvimento


sustentável apresenta-se mais complexa e difícil que a simples incorporação
de uma dimensão ambiental dentro dos paradigmas econômicos, dos
instrumentos do planejamento e das estruturas institucionais que sustentam
a racionalidade produtiva prevalecente (LEFF, 2002, apud HANAI, 2012).

Um desenvolvimento sustentável requer planejamento e o reconhecimento de


que os recursos são finitos. Ele não deve ser confundido com crescimento econômico,
pois este, em princípio, depende do consumo crescente de energia e recursos
naturais. O desenvolvimento nestas bases é insustentável, pois leva ao esgotamento
dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.

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O conceito de desenvolvimento sustentável foi reconhecido internacionalmente
em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
realizada em Estocolmo, Suécia. A comunidade internacional adotou a ideia de que o
desenvolvimento socioeconômico e o meio ambiente, até então tratados como
questões separadas, podem ser geridos de uma forma mutuamente benéfica.
Em 1983, é estabelecida a Comissão Mundial das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento. Esta comissão foi incumbida de investigar as
preocupações levantadas nas décadas anteriores acerca dos graves e negativos
impactos das atividades humanas sobre o planeta, e como os padrões de crescimento
e desenvolvimento poderiam se tornar insustentáveis caso os limites dos recursos
naturais não fossem respeitados. O resultado desta investigação foi o Relatório
"Nosso Futuro Comum" publicado em abril de 1987.
O documento ficou conhecido como Relatório Brundtland, em referência à Gro
Harlem Brundtland, ex- primeira ministra norueguesa e médica que chefiou a
comissão da ONU responsável pelo trabalho. O Relatório Brundtland formalizou o
conceito de desenvolvimento sustentável e o tornou conhecido do público.

E acordo com o Relatório Brundtland (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO


AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988, p. 49), o desenvolvimento
sustentável deve ser entendido como: [...] um processo de transformação no
qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do
desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e
aspirações humanas. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 1988, apud IPIRANGA, 2011).

"Satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das


gerações futuras de suprir suas próprias necessidades ", cerne do conceito de
desenvolvimento sustentável se tornou o fundamento da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada no Rio de
Janeiro em 1992. O encontro foi um marco internacional, que reconheceu o
desenvolvimento sustentável como o grande desafio dos nossos dias, e também
assinalou a primeira tentativa internacional de elaborar planos de ação e estratégias
neste sentido.

A percepção das pessoas sobre a escassez dos recursos naturais e sobre os


danos ambientais de suas ações pode influenciá-las a adotar
comportamentos mais ecológicos (PATO, 2004, apud CAIXETA, 2010).

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O campo do desenvolvimento sustentável pode ser dividido em quatro
componentes: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica,
a sustentabilidade sociopolítica e a sustentabilidade cultural.
Sustentabilidade ambiental: consiste na manutenção das funções e
componentes dos ecossistemas para assegurar que continuem viáveis – capazes de
se auto reproduzir e se adaptar a alterações, para manter a sua variedade biológica.
É também a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida
para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a
beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis.
Sustentabilidade econômica: é um conjunto de medidas e políticas que visam
a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. O lucro passa a
ser também medido através da perspectiva social e ambiental, o que leva à otimização
do uso de recursos limitados e à gestão de tecnologias de poupança de materiais e
energia. A exploração sustentável dos recursos evita o seu esgotamento.
Sustentabilidade sociopolítica: é orientada para o desenvolvimento humano,
a estabilidade das instituições públicas e culturais, bem como a redução de conflitos
sociais. É um veículo de humanização da economia, e, ao mesmo tempo, pretende
desenvolver o tecido social nos seus componentes humanos e culturais.
Vê o ser humano não como objeto, mas sim como objetivo do desenvolvimento.
Ele participa na formação de políticas que o afetam, decide, controla e executa
decisões.
Sustentabilidade cultural: leva em consideração como os povos encaram os
seus recursos naturais, e sobretudo como são construídas e tratadas as relações com
outros povos a curto e longo prazo, com vista à criação de um mundo mais sustentável
a todos os níveis sociais. A integração das especificidades culturais na concepção,
medição e prática do desenvolvimento sustentável é fundamental, uma vez que
assegura a participação da população local nos esforços de desenvolvimento.

2.1 Alternativas e impasses

Antes mesmo que a ideia de desenvolvimento humano começasse a ser


assimilada, também ganhava força uma expressão: desenvolvimento sustentável
(DS). A partir do ano de 1992, um movimento internacional foi lançado pela Comissão

8
para o Desenvolvimento Sustentável (CSD) das Nações Unidas com o objetivo de
construir indicadores de sustentabilidade.

Reunindo governos nacionais, instituições acadêmicas, ONG’s, organizações


do sistema das Nações Unidas e especialistas de todo o mundo, esse
movimento pretende colocar em prática, alguns capítulos da “Agenda 21”
firmada na Eco- 92, referentes à necessidade de informações para a tomada
de decisões. (VEIGA, 2015, apud ASSUNÇÃO,2015, p. 17).

Em 1996, a CSD publicou o documento “Indicadores de desarollo sostenible:


marco y metodologías”, que ficou conhecido como “Livro Azul”. Continha um conjunto
de 143 indicadores, que foram quatro anos depois reduzidos a uma lista mais curta,
com apenas 57, mas acompanhados de fichas metodológicas e diretrizes de
utilização. Foram cruciais para que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) viesse a publicar em 2002 e 2004, os primeiros indicadores brasileiros de
desenvolvimento sustentável.
A importância desses dois pioneiros trabalhos do IBGE não deve ser
subestimada pelo fato da maioria de suas estatísticas e indicadores se referir mais ao
tema do desenvolvimento do que ao tema da sustentabilidade. Foi a primeira vez que
uma publicação dessa natureza incluiu explicitamente a dimensão ambiental ao lado
da social, da econômica e da institucional.

3 INDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Fonte: jornalggn.com.br

9
Todavia, uma rápida consulta aos resultados desses dois primeiros esforços
certamente provocará a seguinte indagação: poderá surgir daí um índice sintético de
desenvolvimento sustentável? A resposta mais sensata parece ser negativa, porque
índices compostos por várias dimensões (que, por sua vez, resultam de diversas
variáveis) costumam ser contraproducentes, para não dizer enganosos ou traiçoeiros.
Por outro lado, sem um bom termômetro de sustentabilidade, o mais provável é que
todo mundo continue a usar apenas índices de desenvolvimento (quando não de
crescimento), deixando de lado a dimensão ambiental.
Tanto quanto um piloto precisa estar permanentemente monitorando os
diversos indicadores que compõem seu painel, qualquer observador do
desenvolvimento sustentável será necessariamente obrigado a consultar dezenas de
estatísticas, sem que seja possível amalgamá-las em um único índice. Talvez seja
essa a razão que faz o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente)
não ter se lançado na construção de um índice de desenvolvimento sustentável
equivalente ao IDH.
Isto não impede, contudo, que se procure elaborar um índice de
sustentabilidade ambiental, em vez de desenvolvimento sustentável, para que possa
ser comparado com outros índices de desenvolvimento, como os que foram
mencionados no início deste livro. Ou ainda, que se prefira representações gráficas
multifacetadas, em vez de um número índice. A ideia foi apresentada em 2002 ao
Fórum Econômico Mundial por um grupo de trabalho formado por pesquisadores de
duas universidades americanas.

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Primeira geração: nesta fase,


os indicadores eram os ambientais clássicos que não incorporavam
interrelações entre os componentes de um sistema, como por exemplo:
emissões de CO2, desmatamento, erosão, qualidade das águas, entre
outros; segunda geração: os indicadores são compostos por quatro
dimensões: econômica, social, institucional e ambiental, mas não
estabelecem vinculações entre os temas. O maior exemplo desse tipo de
iniciativa seria o Livro Azul da CSD (1996); terceira geração: Correspondem
aos indicadores vinculantes, sinérgicos e transversais, que incorporam
simultaneamente vários atributos ou dimensões do Desenvolvimento
Sustentável. Não se tratam mais de listas de indicadores como os de segunda
geração. As variáveis escolhidas têm que possuir correlação muito clara com
os demais, pois fazem parte de um mesmo sistema. (QUIROGA- MARTINEZ,
2003, apud TAYRA, 2006)

Com 68 variáveis referentes a 20 indicadores essenciais, o índice de


sustentabilidade ambiental elaborado por pesquisadores de Yale e Columbia pôde ser
10
calculado para 142 países. Esse índice considera cinco dimensões: sistemas
ambientais, estresses, vulnerabilidade humana, capacidade social e institucional, e
responsabilidade global. O primeiro envolve quatro sistemas ambientais: ar, água,
solo e ecossistemas. O segundo considera estresse algum tipo muito crítico de
poluição, ou qualquer nível exorbitante de exploração de recurso natural. No terceiro,
a situação nutricional e as doenças relacionadas ao ambiente são entendidas como
vulnerabilidades humanas. A quarta dimensão se refere à existência de capacidade
sócio institucional para lidar com os problemas e desafios ambientais. E na quinta
entram os esforços e esquemas de cooperação internacional representativos da
responsabilidade global.
As premissas básicas que norteiam essas cinco dimensões foram bem
explicitadas pelos pesquisadores. Em primeiro lugar, é necessário que os sistemas
ambientais vitais sejam saudáveis e não entrem em deterioração. Também é
essencial que os estresses antrópicos sejam baixos e não causem danos aos
sistemas ambientais. Em terceiro, a alimentação e a saúde não devem ser
comprometidas por distúrbios ambientais. Em quarto, é preciso que existam
instituições, padrões sociais, habilidades, atitudes e redes que fomentem efetivas
respostas aos desafios ambientais. E, em quinto, há que cooperar para o manejo dos
problemas ambientais comuns a dois ou mais países, além de reduzir os
“transbordamentos” de problemas ambientais de um país para outro.

4 NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E SEUS INDICADORES

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Fonte: geranegocios.com

Retornos sustentados sobre o capital investido no longo prazo e, em


certa medida, o crescimento dos negócios requerem, cada vez mais, o enfrentamento
das questões de desenvolvimento social e de sustentabilidade que influenciam e são
influenciadas pelas ações das empresas no mercado, por interesses setoriais, por
demandas das comunidades do entorno e pelo próprio sistema capitalista em sua
versão neoliberal local.
Na prática, a sustentação de resultados acima da média em prazos mais
elásticos parece exigir formulações estratégicas e direcionamentos operacionais que
conjuguem, em uma mesma unidade de performance, retornos econômicos, sociais,
ambientais e culturais diferenciados. Assim como parece induzir a composição, com
outros atores, de arranjos produtivos que potencializem ou ampliem, por um lado,
escala e participação de mercado; por outro, infraestrutura, recursos, tecnologia
apropriada, competências, sensibilidade social e capacidade de inovar.
A maximização das condições de produzir, comercializar, comunicar, oferecer
produtos e serviços inovadores, promover desenvolvimento, valorizar direitos
humanos, dar conta dos impactos no entorno inerentes ao negócio, lidar com a
concorrência, abrir novos mercados e estar próximo aos clientes onde quer que eles
estejam neste mundo globalizado parece tender a se viabilizar, cada vez mais, a partir
de arranjos produtivos capazes de conjugar investidores, especialistas, empresas,
financiadores, organizações da sociedade civil, instituições de pesquisa e
desenvolvimento e organismos de governo.
Entretanto, é preciso resolver antes e sempre, o curto prazo. Sem atingir o
resultado do dia, da semana, da quinzena, do mês, do semestre e do ano não haverá
argumento válido para transformações a longo prazo, menos ainda para a inclusão da
perspectiva socioambiental no ambiente de negócios. Até porque é difícil distinguir
entre dispersão de recursos e investimentos em iniciativas voltadas a resultados de
longo prazo; assim como é difícil decidir se a melhor alternativa está mesmo no
horizonte do tempo. Os resultados imediatos, portanto, precisam ser obtidos enquanto
se constroem as plataformas do futuro. Presente e futuro são pensados e articulados
juntos, no presente; e essa é uma tarefa que, em certa medida, pode envolver
diferentes atores.

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Explorar sinergias e complementaridades é, portanto, fator de
competitividade, de promoção do desenvolvimento e de enfrentamento de
questões de sustentabilidade. A melhor performance depende, entretanto, da
qualidade intrínseca dos arranjos produtivos. Em outras palavras, depende
da natureza do engajamento (legitimidade, motivação, visão de futuro e
compartilhamento de crenças, significados e valores dos diferentes atores),
da capacidade de construírem, consolidarem e manterem em permanente
desenvolvimento um ambiente capaz de gerar resultados (econômicos,
sociais, ambientais e culturais) sustentados a longo prazo, da qualidade dos
vínculos (transparência, confiança e proximidade entre os atores), da eficácia
dos mecanismos de interação e cooperação e da capacidade de
reconhecimento sincero dos interesses legítimos dos atores envolvidos. No
plano operacional, depende do empenho em se encontrar uma fórmula aceita
para a responsabilização, o acompanhamento, controle e auditoria dos
processos e a apropriação dos resultados e dos impactos decorrentes da
ação conjunta, tanto os de natureza econômico-financeira como os sociais,
ambientais e culturais; tanto os tangíveis quanto os intangíveis. KEINERT ,
2007, apud DANDAL, 2014, p. 29

Trata-se de um desafio enorme para a gestão contemporânea por conta,


principalmente, de alguns fatores: da baixa competência das organizações para se
integrarem à lógica e às dinâmicas sociais típicas de ambientes multi- stakeholders,
naturalmente inclusivas e, portanto, complexas; da prevalência do individualismo,
mesmo quando há valorização do teamwork; das dificuldades de formulação e
legitimação de decisões complexas em ambientes organizacionais que
supervalorizam a lógica exclusiva e direta do capital, as relações de poder, o
imediatismo, o autoritarismo e o pragmatismo, que são aspectos culturais cultuados
no neoliberalismo. Soma-se a isso, a existência de interesses imbricados de diferentes
arranjos produtivos com que os mesmos atores, ou parte deles, possam estar
envolvidos, e que são cada vez mais prováveis pela necessidade de ampliação das
fontes de geração de riqueza e minimização dos riscos além das incertezas impostas
tanto pelo ambiente competitivo como pelo ambiente social.
Uma estratégia corporativa ampla e de longo-prazo, integrada com os objetivos
centrais do negócio e com as suas competências essenciais atuando para criar
mudança social positiva e valor para o negócio e que está inserida nas operações
negociais do dia a dia é o que se pode chamar de CSR Estratégica ou ainda
Sustentabilidade Estratégica.

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5 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

As análises realizadas através do uso de indicadores vêm ganhando peso nas


metodologias utilizadas para resumir a informação de caráter técnico e científico,
permitindo sua transmissão de forma sintética, desde que preservada a essência da
informação e utilizadas apenas as variáveis que melhor servem os objetivos e não
todas as que podem ser medidas ou analisadas. A informação é assim mais facilmente
utilizável por tomadores de decisão, gestores, políticos, grupos de interesse ou pelo
público em geral.
A formulação de indicadores pressupõe a disponibilidade de informações e
dados confiáveis e comparáveis num determinado período de tempo. Esse é o
principal desafio que se apresenta, ou seja, apontar caminhos para a identificação de
parâmetros confiáveis e comparáveis no tempo para a averiguação do cumprimento
e do progresso das práticas de gestão sustentável de maneira custo-efetiva. Há
grande variabilidade de tipos e qualidade de informações que podem impedir sua
comparação, daí ser necessário identificar alguns parâmetros comparáveis,
legitimados pelas partes interessadas e convenientes para o sistema em questão.

Indicadores de sustentabilidade tem como objetivo auxiliar empresas e


instituições a avaliarem se estão caminhando rumo à sustentabilidade. Os
indicadores usualmente abrangem procedimentos empresariais, desde seus
conceitos estratégicos até suas relações com fornecedores e consumidores,
considerando as questões fundamentais da sustentabilidade, social,
ambiental e econômico (LOUETTE, 2007, apud PENTEADO, 2014, p. 2).

Não se pode deixar de mencionar que a utilização de indicadores e índices não


é uma abordagem pacífica. Sempre se recobre de alguma controvérsia, em face das
simplificações que são efetuadas na aplicação destas metodologias. As eventuais
perdas (ou descontinuidade) de informação têm constituído um entrave à adoção de
forma generalizada e consensual dos sistemas de indicadores e índices.
Indicadores: parâmetros selecionados e considerados isoladamente ou
combinados entre si, sendo de especial pertinência para refletir determinadas
condições dos sistemas em análise (normalmente são utilizados com pré-tratamento,
isto é, são efetuados tratamentos aos dados originais, tais como médias aritméticas
simples, percentuais, medianas, entre outros). Definidos, aceitos e inseridos nos
processos de gestão de uma instituição (governos, empresas ou outras organizações

14
da sociedade civil) um dado conjunto de indicadores pode revelar a situação atual
dessa instituição (e daí permitir compará-la com outras de mesma natureza) ou indicar
sua evolução em relação a sua própria situação em algum momento anterior.

6 COMPORTAMENTO HUMANO VOLTADO AO MEIO AMBIENTE

A sede econômico-financeira do homem aliada à hiperexpansão populacional


vem, nesta Era da Globalização, provocando desenfreada e desrespeitosa exploração
de recursos naturais sem nenhuma consideração a normas de proteção ao meio
ambiente levando, consequentemente, à degradação do mesmo.
Em meio ao desenvolvimento tecnológico está a natureza, não sabemos se
acuada ou esquecida, deixada de lado pelo homem no que tange aos cuidados
relativos à preservação. Esta, no entanto, é a única contribuição que nos é cobrada
em troca do fornecimento de frutos, ar respirável, a biodiversidade de nossos
ecossistemas, da flora, terras férteis e belíssimas paisagens.
Esta é uma luta Global e Humanitária onde, independente de campanhas como
a Rio + 10, dentre muitas outras, o homem deveria conscientizar-se e contribuir
individual e coletivamente na busca do equilíbrio ecológico do meio.

A lógica do crescimento econômico presente na maioria dos países, somado


ao avanço tecnológico, entre outros, faz com que as pessoas desejem e
adquiram uma maior quantidade de bens de consumo e de serviços. Isto
resultou em uma sociedade atual marcada por um consumismo crescente
que tem como consequência maior degradação da natureza, com implicações
inclusive à sobrevivência do ser humano (FERREIRA, 2004, apud CAIXETA,
2010).

Os brasileiros possuem o direito ao meio ambiente garantido


constitucionalmente. A Carta Magna vigente, em seu art. 225, nos garante o direito de
usufruir o meio ambiente e o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. Ocorre que, a maioria das pessoas, sendo raríssimas as exceções,
tanto naturais como jurídicas, vêm se interessando somente em exercer o direito, mas
não cumprir o dever.
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental previsto no inciso III do artigo 9º da Lei
n.º 6.938/81 e no art. 225, § 1º da Constituição Federal, dispõe a respeito da

15
obrigatoriedade e importância deste estudo, que é tratado constitucionalmente como
poder-dever do Poder Público. O Estudo prévio de Impacto Ambiental é uma
manifestação significativa do princípio da prevenção e constitui um dos instrumentos
básicos da Política Nacional do Meio Ambiente. Tem a função de apontar os possíveis
riscos que um projeto pode oferecer à natureza e indicar uma solução para a
implantação do projeto de forma a combater e prevenir um possível dano ambiental.
São merecedoras de gratificações as grandes empresas de elevada produção
que, em meio a este escopo, preocupam-se não só com o lucro, mas também com a
preservação da natureza. Tais empresas são dotadas de certificados como a ISO
14001, comprovadores e reconhecedores de tal mérito e passam a valorizar cada
particularidade do sistema natural, ou seja, comprometem-se com a coleta seletiva do
lixo e a reciclagem do mesmo, gerando economia de energia e proteção sistemática
do Meio Ambiente. Trabalham intensamente no combate ao desperdício de todo
gênero natural, como a água, o solo e a energia.
Apesar de campanhas mundiais e divulgação de estatísticas, a sede humana
de exploração, consumo e lucro é cada vez maior, aumentando assim as
consequências do efeito estufa. Podemos citar a título de ilustração, o derretimento
de geleiras nos polos e degradação da camada de ozônio.
Na “Guerra Econômica” travada entre Nações, o homem vem destruindo algo
que lhe pertence e, tal situação, aliada ao hiper crescimento populacional traz como
consequências o aumento do consumo, a exploração do solo em larga escala,
descarga de dejetos e emissão de CO2, contribuindo para um meio desequilibrado.
Populações sofrem com catástrofes meteorológicas, como enchentes, passam
fome devido à ausência de solos férteis devido à seca, escassez de água potável além
de problemas respiratórios causados pelo ar impuro impregnado de agentes fruto do
efeito estufa. Este, um dos maiores demonstradores do descaso ambiental, que vem
sendo contribuído pela queima de combustíveis fósseis como a gasolina e também
pelas queimadas de florestas.

Depois da 2ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento (ECO92) foi reconhecido que o crescimento e
desenvolvimento econômicos alteram os sistemas naturais, embora não se
possam pôr em risco os sistemas naturais mais importantes como atmosfera,
água, solos e seres vivos (HANSEN, 2001, apud COSTA, 2014).

16
Desastres ecológicos ocorrem e a não reparação destes pelos seus agressores
é, muitas vezes, acobertada pela impunidade. Infelizmente, temos que acreditar que
são necessárias normas impositivas de sanção para que o homem se eduque em
relação aos cuidados com algo que é seu por direito. Foi preciso a criação de
legislações de Direito Ambiental com normas coercitivas, onde o homem vê-se
obrigado a preservar seu ambiente e sobrepujar seu eterno animus lucrandi. Foi
preciso impor sanções como multas pecuniárias e até mesmo penas restritivas de
liberdade dentre outras para o homem respeitar seu direito.
As civilizações estão sendo dominadas pelo consumismo e, em contrapartida,
pelo desejo desenfreado de poder econômico-financeiro, não tendo a preocupação
adequada com a preservação de um bem que, se utilizado racionalmente, seria
contribuindo para a manutenção dessas vontades eternamente, de modo que, como
vem sendo utilizado está a ponto de desencadear, a níveis mundiais, uma enorme
catástrofe ambiental e, consequentemente, econômica, política e financeira, trazendo
uma infinidade de prejuízos para a humanidade, principalmente para as gerações
futuras.
A sustentabilidade do Meio Ambiente depende exclusivamente de uma
consciência universal e respeito os Paradigmas da Ecologia e dos processos naturais
para a evolução da Humanidade.

17
7 ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE, OS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS
BRASILEIROS

Fonte: catracalivre.com.br

O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu


território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantidade
de calor durante todo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no mapa
a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil.

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Fonte da imagem: sobiologia.com. br

7.1 Floresta Amazônica

Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes.


Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória-
régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o
pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses
ecossistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais
identificadas por cientistas.
Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta
Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso
território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta
tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial.

Mas o futuro da Amazônia não será definido apenas por sua importância
socioambiental e por seus potenciais. As ameaças de degradação avançam
em ritmo acelerado. Os dados oficiais elaborados pelo INPE sobre o
desmatamento na região mostram que ele é extremamente alto e está

19
crescendo. Já foram eliminados cerca de 570 mil quilômetros quadrados de
florestas na região, uma área equivalente à superfície da França, e a média
anual dos últimos sete anos é da ordem de 17,6 mil quilômetros quadrados
(INPE, 2001, apud MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DE
BIODIVERSIDADE E FLORESTAS, 2002, p. 21).

A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado


quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos
de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano,
não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é
propício ao grande número de árvores por m².
Costuma-se classificar essa floresta conforme a proximidade dos cursos
d’água. Dessa forma, existem três subtipos principais: mata de igapó, mata de várzea
e mata de terra firme.
Mata de igapó: também chamada de floresta alagada, a mata de igapó
caracteriza-se por se localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente
inundada. Apresenta plantas de pequeno porte em comparação ao restante da
vegetação da Amazônia e que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade.
Possui, em geral, raízes elevadas que acompanham os troncos.
Mata de várzea: assim como a mata de igapó, a várzea também sofre com as
inundações, porém apenas no período das cheias dos grandes rios, por se encontrar
em áreas um pouco mais elevadas. É uma mata muito fechada, com elevada
densidade, árvores altas (em média 20m de altura) e, em geral, com galhos
espinhosos, o que dificulta o seu acesso. As espécies mais conhecidas são o Jatobá
e a Seringueira, essa última muito usada na extração de látex, a matéria-prima da
borracha.
Mata de terra firme: também chamada de caetê, a mata de terra firme
caracteriza-se por se encontrar relativamente distante dos grandes cursos d’água,
localizando-se em planaltos sedimentares. Em razão disso, não costuma ser alvo de
inundações, recobrindo a maior parte da floresta e apresentando as maiores médias
de altura (algumas árvores chegam a alcançar os 60m).
A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função
ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do
mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua
importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da

20
umidade, que é resultado da constante evapotranspiração da floresta, produzindo
massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios
Voadores.
É importante não confundir o Bioma Amazônia com a Floresta Amazônica. O
primeiro termo refere-se às características gerais que envolvem a mata, os animais,
os rios, os solos e a flora, o segundo limita-se às características da floresta.
Mata de cocais: A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a
caatinga. São matas de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de
animais habitam esse ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú. É um tipo
de cobertura vegetal situada entre as florestas úmidas da região Norte e as terras
semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona de transição entre os
biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange predominantemente o
Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e Piauí), mas também se
estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de
climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do
bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e
úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e
seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma.
A Mata dos Cocais se formou ocupando lacunas de outras formações vegetais
(cerrados e florestas amazonenses), que foram desmatadas para criação de pasto e
exploração de madeira. Seu solo é rico em minérios como: ferro, ouro,
diamante, bauxita, alumínio e níquel. Uma característica interessante é que o solo, na
região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o
ano inteiro.
A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a
mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como
o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange
o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira
carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia
flexuosa) e a oiticica (Licania rígida). Uma grande quantidade de arbustos e
vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores
altitudes.
21
O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até
2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das
quais é extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias,
farmacêuticas, químicas, etc.). Outras partes do coco também são
aproveitadas, como o epicarpo (camada externa), que é utilizado na produção
de estofados, embalagens, vasos, placas, entre outros. (SANTOS, 2013,
apud SUÇUARANA, 2015).

A carnaúba também é utilizada de várias formas. O uso mais importante é a


extração da cera de suas folhas, que é utilizada na fabricação de diversos produtos.
Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população
local. A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião-
real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas
espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o
acará-bandeira (peixe), entre outros.
A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado
para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de
minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais.

8 PANTANAL MATO-GROSSENSE

No início da colonização do Brasil, a região pantaneira era ocupada índios.


Acredita-se que espanhóis vindos pela Bolívia iniciaram a colonização da área, por
volta de 1.550, antes dos portugueses.

O Pantanal é uma planície sedimentar, com área de 138.183 km2, preenchida


com depósitos aluviais dos rios da bacia do Alto Paraguai, com 65% de seu
território no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso. A região
é uma planície aluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto
Paraguai, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado,
Chaco e Mata Atlântica (PRANCE et al.).

A partir da segunda metade do século XVI, os bandeirantes paulistas


alcançaram a região, em busca de pedras preciosas e índios como mão-de-obra
escrava. A hostilidade da região deu origem a muitas lendas e histórias contadas até
hoje pelos caboclos chamados pantaneiros. Entre elas, há a história do Minhocão,
uma poderosa cobra, provavelmente identificada como uma sucuri, que derrubava
barrancos e gritava. Outros contos envolvem onças e seres sobrenaturais.

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Uma das últimas regiões a ser ocupada e desenvolvida no Brasil, o Pantanal
abriga hoje um Parque Nacional, além de muitas fazendas, principalmente de gado.
O Pantanal Mato-grossense é uma das mais exuberantes e diversificadas
reservas naturais do Planeta integrando-o ao acervo dos patrimônios da humanidade.
É a maior extensão úmida contínua do planeta. Hidrograficamente, todo o Pantanal
faz parte da bacia do rio Paraguai constituindo-se em uma imensa planície de áreas
alagáveis. Quando do período das cheias justifica a lenda sobre sua origem, que seria
um imenso mar interior - o mar de Xaraés.
O clima é tipo quente no verão, com temperatura média em torno de 32°C e frio
e seco no inverno, com média em torno de 21°C, ocorrendo ocasionalmente, geadas
nos meses de julho e agosto. A união de fatores tais como o relevo, o clima e o regime
hidrográfico da região favoreceram o desenvolvimento de numerosas espécies
animais e vegetais que povoam abundantemente toda sua extensão.
Existem dez tipos de pantanal na região com características diferentes de solo,
vegetação e drenagem, são eles: Nabileque - 9,4 %; Miranda, 4,6%; Aquidauana, 4,9
%; Abobral - 1,6 %; Nhecolândia - 17,8 %; Paiaguás - 18,3 %; Paraguai - 5,3 %; Barão
de Melgaço - 13,3 %; Poconé - 12,9 %; Cáceres - 11,9 %.
A beleza proporcionada pela paisagem pantaneira fascina pessoas de todo o
mundo fazendo com que o turismo se desenvolva em vários municípios da região. O
desenvolvimento de um pensamento ambientalista e social para o pantanal mato-
grossense tem levado vários pesquisadores a discutirem o impacto da ocupação
humana neste ecossistema.
Dentre os principais problemas ambientais destaca-se: A pesca predatória; a
caça de jacarés; a poluição dos rios da bacia do Paraguai; os garimpos do Estado de
Mato Grosso; a poluição das águas pelo mercúrio; a hidrovia Paraguai-Paraná.
Tais questões tem sido alvo de uma extensa discussão e algumas ações
ambientais por parte dos órgãos ambientais e da comunidade tem coibido tais
agressões.

23
9 CAMPOS SULINOS

No Brasil, o bioma Campos Sulinos abrange parte do território do Rio Grande


do Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por
terras do Uruguai e da Argentina.
Os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem
indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas um
pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos
e algumas áreas semelhantes a savanas.
Nos campos do Sul já foram encontradas 102 espécies de mamíferos, 476 de
aves e 50 de peixes.

9.1 Fauna deste bioma

Mamíferos: tatu, o guaxinim, o zorrilho, o graxaim (Pseudalopex


gymnocercus) e outras duas espécies em risco de extinção: o gato-dos-pampas ou
gato palheiro (Leopardus pajeros) e a preguiça-de-coleira.
Aves mais comuns: Cisne-de-pescoço-preto, o marreco, a perdiz, o quero-
quero, o pica-pau do campo e a coruja-buraqueira (que ganhou este nome por fazer
seus ninhos em buracos cavados no solo). Fazem parte das 50 espécies de peixes
catalogadas o lambari-listrado, o lambari-azul, o tamboatá, o surubim e o cação-anjo.
Répteis: tartaruga-verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o
cágado-de-barbicha.
Insetos: vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, também chamado
traça-das-frutas.
Nos pampas a vegetação pode ser considerada rala e pobre em espécies,
porém o solo é fértil. Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra
roxa", (batizado assim devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para
o Brasil trabalhar na lavoura. Por causa de sua cor avermelhada, eles chamavam o
solo de terra rossa, pois em italiano, rosso é vermelho).
Ela vai se tornando mais rica nas proximidades de áreas mais altas. Nas
encostas de planaltos, existem matas com grandes pinheiros e outras árvores, como
a cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o cedro. Nestas regiões,
24
chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal
predominante é o pinheiro-do-paraná.
Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados,
ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido
banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) para preservação de tão importante ecossistema.
Destacam-se como rios importantes deste bioma o Santa Maria, o Uruguai, o
Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em duas bacias
hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam
boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região.
Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada
no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior
da América Latina, com 265 km de comprimento. O clima da região é o subtropical
úmido. O que isso significa? Bom, isso quer dizer que, nos campos sulinos, os verões
são quentes, os invernos são frios e chove regularmente durante todo o ano.

10 CAATINGA

A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o


único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de
734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional. Ela está presente
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas,
Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.
As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O
clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes
de rochas. A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que
atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação,
que não permitem a exploração de recursos naturais. As secas são cíclicas e
prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de,
aproximadamente, 25 milhões de habitantes. As chuvas ocorrem no início do ano e o
poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores
ficam cobertas de folhas. A região enfrenta também graves problemas sociais, entre
25
eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e
os altos índices de mortalidade infantil.
Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na
caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade
das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na
caatinga é a agropecuária. A agricultura destaca-se na região através da irrigação
artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de
irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São
Francisco, o principal rio da região, juntamente ao Parnaíba.

10.1 Vegetação

As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à


pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes
superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com
recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é
formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o
arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre
as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas
dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.

10.2 Fauna

A fauna é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e


cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul (ameaçada de
extinção), sapo-cururu, asa- branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatupeba,
sagui-do-nordeste, entre outros animais.

10.3 Restinga

A restinga é uma planície arenosa costeira, de origem marinha, incluindo a


praia, cordões arenosos, depressões entre cordões, dunas e margem de lagunas, com
vegetação adaptada às condições ambientais.

26
Sobre a restinga é possível se encontrar a vegetação de restinga, que é um
conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência
marinha e Fúlvio-marinha, que ocorrem distribuídas em mosaico e em áreas de
grande diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas, por
dependerem mais da natureza do substrato que do clima.
A cobertura vegetal nas restingas pode ser encontrada em praias e dunas,
sobre cordões arenosos, e associadas a depressões. Na restinga os estágios
sucessionais diferem das formações ombrófilas e estacionais, ocorrendo
notadamente de forma mais lenta, em função do substrato que não favorece o
estabelecimento inicial da vegetação, principalmente por dissecação e ausência de
nutrientes. O corte da vegetação ocasiona uma reposição lenta, geralmente de porte
e diversidade menores, onde algumas espécies passam a predominar. Os diferentes
tipos de vegetação ocorrentes nas restingas brasileiras variam desde formações
herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a
florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. São em
geral caracterizada por comunidade com pouca riqueza, quando comparada a outras
comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade.
Em muitas áreas de restinga no Brasil, especialmente no sul e sudeste,
ocorrem períodos mais ou menos prolongados de inundação do solo, fator que tem
grande influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. A
periodicidade com que ocorre o encharcamento e a sua respectiva duração são
decorrentes principalmente da topografia do terreno, da profundidade do lençol
freático e da proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), produzindo em muitos
casos um mosaico de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias
variadas, o que até certo ponto justifica o nome de “complexo” que é empregado para
designar as restingas.
As formações herbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e ante-
dunas, em locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou
então em depressões alagáveis. Nas zonas de praia, dunas frontais e dunas mais
próximas ao mar, predominam espécies herbáceas, em alguns casos com pequenos
arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada e pouco expressiva, como
formando agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas
fisionomias, composições e graus de cobertura. A vegetação das praias e dunas tem
27
ocorrência praticamente ao longo de toda a costa brasileira, mas a sua exata
circunscrição e os termos empregados para designá-la variam muito. As pressões
antrópicas no sentido de ocupação e urbanização da zona costeira já suprimiram
muitas áreas representativas desta formação em vários pontos no litoral brasileiro.
As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores
constituem a restinga propriamente dita são os tipos vegetacionais que mais chamam
a atenção no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando
desde densos emaranhados de arbustos junto a trepadeiras, bromélias terrícolas e
cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas
que em muitas locais expõem diretamente a areia, principal constituinte do substrato
nestas formações. Os termos “scrub”, “thicket”, “escrube” e “fruticeto” já foram
empregados para designar comunidades e/ou formações desta natureza,
notadamente na região litorânea.
As formações florestais que ocorrem na planície litorânea brasileira variam
bastante ao longo da costa, sendo essas variações geralmente atribuídas às
influências das formações vegetacionais adjacentes e às características do substrato,
principalmente sua origem, composição e condições de drenagem.
Estas florestas variam desde formações com altura do estrato superior a partir
de 5m, em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol
freático durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com
alturas em torno de 15 a 20m, muitas vezes associadas a solos hidro mórficos e/ou
orgânicos.
Estes dois tipos de florestas em geral acompanham as variações topográficas
decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos, ao menos onde tais feições são
bem definidas. Em locais situados mais para o interior da planície costeira, geralmente
em terrenos mais deprimidos onde tais alinhamentos não são claramente definidos e
os solos são saturados hidricamente e têm uma espessa camada orgânica superficial,
ocorrem florestas mais desenvolvidas semelhantes florística e estruturalmente
àquelas situadas nas depressões entre os cordões.
A fauna ocorrente nas restingas brasileiras está relativamente menos estudada
quando comparada com os conhecimentos que já se acumulam sobre a composição
e estrutura dos seus diferentes tipos vegetacionais. Dentre os estudos tratando de
grupos de animais invertebrados, podem ser mencionados os realizados com os
28
artrópodes, notadamente com diferentes grupos de insetos, estes constituindo a
maioria dos relatos encontrados. A fauna de vertebrados ocorrente nas restingas
brasileiras também é relativamente pouco pesquisada, com destaque para os
trabalhos realizados no litoral do Rio de Janeiro, principalmente com pequenos
mamíferos e répteis.

11 MANGUEZAL

Os mangues ou manguezais são um ecossistema típico de áreas litorâneas,


alagadas, onde há o encontro da água do mar com a dos rios dando um aspecto
salobro à água dessas regiões. É de sua característica a transição entre aspectos
marinhos e terrestres e sua presença em locais com clima tropical ou subtropical.
Sua vegetação é composta por três tipos de árvores que podem atingir até 20 metros
de altura em certos pontos do país: Rhizophora mangle (mangue-bravo ou
vermelho), Laguncularia racemosa (mangue-branco) Schaueriana (mangue-seriba ou
seriúba).

Os manguezais são ecossistemas costeiros que se originaram nas regiões


dos oceanos Índico e Pacífico e que distribuíram suas espécies pelo mundo
com auxílio das correntes marinhas durante o processo da separação dos
continentes (HERZ, 1987, apud SEMADS, 2001).

Os mangues estão presentes em diversas partes do mundo como Oceania,


África, Ásia, alguns países da América e Brasil. No Brasil esse ecossistema pode ser
encontrado no nordeste do país em Cabo Orange no estado do Amapá até a região
sul em Laguna em Santa Catarina compreendendo um total de 20 mil quilômetros
quadrados, 15 % do total em todo o mundo.
Este é um ecossistema rico em diversas espécies de animais como peixe-boi-
marinho, caranguejo, lontra, jacaré, cobras, mexilhão, aranhas, craca, lagartos,
tartaruga, crocodilos entre outros. Possui o solo extremamente rico em nutrientes e
matéria orgânica, raízes e material vegetal em decomposição. Suas raízes aéreas são
uma de suas características mais marcantes, e têm como principal função
proporcionar a respiração das plantas já que o solo é pobre em oxigênio e elas obtêm
o mesmo fora dele.

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O cheiro dos mangues também é um aspecto bem característico, isso ocorre
devido à presença de água salobra e matérias vegetais em estado de decomposição.
Uma das principais ameaças a esse ecossistema é a exploração, (como a caça
do caranguejo) que teve início com fins comerciais em países da Ásia ganhando
expansão rápida para demais países detentores de mangues. O uso desordenado e
de maneira não sustentável de seus recursos causa uma depredação quase que
irrefreável, em países como Tailândia e Filipinas a área de manguezal teve grande
parte dizimada por conta da super- exploração, chegando a ser reduzida em 110.000
hectares da área original de 448.000 nas Filipinas.
No Brasil não é diferente, porém algumas leis foram estabelecidas com o intuito
de promover a preservação dos manguezais. A lei de número 4.771 de 15 de setembro
de 1965 define os mangues como APPs (Área de Preservação Permanente), e a
Resolução do CONAMA de número 369 de março de 2006 estabelece a proibição da
supressão de vegetação ou qualquer outro tipo de intervenção, salvo apenas em
casos de utilidade pública para as áreas de mangues. Ainda assim esse ecossistema
é o mais ameaçado dentre todos nos Brasil.
A poluição também é outra grande inimiga dos manguezais. A poluição
proveniente das cidades costeiras e de indústrias instaladas na região como o
depósito de lixo nos mares e rios, derramamentos de petróleo, são fatores que
contribuem para a degradação do ecossistema.

12 CERRADO

É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por


uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje,
restam apenas 20% desse total. Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas
estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical,
deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca,
entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação,
de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América
do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua
biodiversidade.

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Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos
vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo
comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração
com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas.
Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego,
falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo,
intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu
assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia,
também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa
a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária
extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado.
Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas,
esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com
campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma
extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda
a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi
considerada uma área perdida para a economia do país.
Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos
planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e
apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o
inverno é demarcado por um período de seca que se prolonga por cinco a seis meses.
Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o
pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o
indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-
flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-
se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de
árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes
de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.
A presença humana na região data de pelo menos 12 mil anos, com o
aparecimento de grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos

31
naturais. Só recentemente, há cerca de 40 anos, é que começou a ser mais
densamente povoada.
Os tipos fisionômicos do cerrado (latu sensu) se distribuem de acordo com três
aspectos do substrato onde se desenvolvem: a fertilidade e o teor de alumínio
disponível; a profundidade; e o grau de saturação hídrica da camada superficial e
subsuperficial. Os principais tipos de vegetação são:

13 CERRADO (STRICTU SENSU)

É a vegetação característica do cerrado, composta por exemplares arbustivo-


arbóreos, de caules e galhos grossos e retorcidos, distribuídos de forma ligeiramente
esparsa, intercalados por uma cobertura de ervas, gramíneas e espécies
semiarbustivas.

14 FLORESTA MESOFÍTICA DE INTERFLÚVIO (CERRADÃO)

Este tipo de vegetação cresce sob solos bem drenados e relativamente ricos
em nutrientes, as copas das árvores, que medem em média de 8-10 metros de altura,
tocam-se o que denota um aspecto fechado a esta vegetação.

14.1 Campo rupestre

Encontrado em áreas de contato do cerrado com o caatinga e floresta atlântica,


os solos deste tipo fisionômico são quase sempre rasos e sofrem bruscas variações
em relação a profundidade, drenagem e conteúdo nutricional. É caracteristicamente,
composto por uma vegetação arbustiva de distribuição aberta ou fechada.

14.2 Campos litossólicos miscelâneos:

É caracterizada pela presença de um substrato duro, rocha mãe, e a quase


inexistência de solo macio, este quando presente não ocupa mais que poucos
centímetros de profundidade até se depararem com a camada rochosa pela qual não

32
passam nem umidade nem raízes. Sua flora é caracterizada por um tapete de ervas
latifoliadas ou de gramíneas curtas, havendo em geral a ausências de exemplares
arbustivos, ou a presença de raríssimos espécimes lenhosos, neste caso enraizados
em frestas da camada rochosa.

14.3 Vegetação de afloramento de rocha maciça

Representada por cactos, liquens, musgos, bromélias, ervas e raríssimas


árvores e arbustos, cresce sob penhascos e morros rochosos.

15 MATA ATLÂNTICA

A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais (Florestas:


Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e
Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e
campos de altitude, que se estendiam originalmente por aproximadamente 1.300.000
km2 em 17 estados do território brasileiro. Hoje os remanescentes de vegetação
nativa estão reduzidos a cerca de 22% de sua cobertura original e encontram-se em
diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 7% estão bem conservados em
fragmentos acima de 100 hectares. Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se
que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das
espécies existentes no Brasil), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas
de extinção. Essa riqueza é maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na
América do Norte e 12.500 na Europa) e por isso a região da Mata Atlântica é
altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. Em relação à
fauna, os levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849
espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de
mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.
Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, tem
importância vital para aproximadamente 120 milhões de brasileiros que vivem em seu
domínio, onde são gerados aproximadamente 70% do PIB brasileiro, prestando
importantíssimos serviços ambientais. Regula o fluxo dos mananciais hídricos,
assegura a fertilidade do solo, suas paisagens oferecem belezas cênicas, controla o
33
equilíbrio climático e protege escarpas e encostas das serras, além de preservar um
patrimônio histórico e cultural imenso. Neste contexto, as áreas protegidas, como as
Unidades de Conservação e as Terras Indígenas, são fundamentais para a
manutenção de amostras representativas e viáveis da diversidade biológica e cultural
da Mata Atlântica.
A cobertura de áreas protegidas na Mata Atlântica avançou expressivamente
ao longo dos últimos anos, com a contribuição dos governos federais, estaduais e
mais recentemente dos governos municipais e iniciativa privada. No entanto, a maior
parte dos remanescentes de vegetação nativa ainda permanece sem proteção. Assim,
além do investimento na ampliação e consolidação da rede de áreas protegidas, as
estratégias para a conservação da biodiversidade visam contemplar também formas
inovadoras de incentivos para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, tais
como a promoção da recuperação de áreas degradadas e do uso sustentável da
vegetação nativa, bem como o incentivo ao pagamento pelos serviços ambientais
prestados pela Mata Atlântica. Cabe enfatizar que um importante instrumento para a
conservação e recuperação ambiental na Mata Atlântica, foi a aprovação da Lei
11.428, de 2006 e o Decreto 6.660/2008, que regulamentou a referida lei.

16 MATA DE ARAUCÁRIA

A mata de araucária situa-se na região subtropical, no sul do Brasil, de


temperaturas mais baixas. Entre outros tipos de árvores abriga o pinheiro-do-
paraná, também conhecido como araucária. Da sua fauna destacamos, além
da ema, a maior ave das Américas, a gralha-azul, o tatu, o quati e o gato-do-
mato.

17 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS HÍDRICOS,


CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Lixo: Em geral, as pessoas consideram lixo tudo aquilo que se joga fora e
que não tem mais utilidade. Mas, se olharmos com cuidado, veremos que o lixo não
é uma massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de

34
resíduos, que precisam de manejo diferenciado. Assim, pode ser classificado de
várias maneiras.
Classificação: Pode ser classificado como seco ou úmido. O lixo seco é
composto por materiais potencialmente recicláveis (papel, vidro, lata, plástico entre
outros). Entretanto, alguns materiais não são reciclados por falta de mercado, como é
o caso de vidros planos, entre outros materiais. O lixo úmido corresponde à parte
orgânica dos resíduos, como as sobras de alimentos, cascas de frutas, restos de poda
etc., que pode ser usada para compostagem. Essa classificação é muito usada nos
programas de coleta seletiva, por ser facilmente compreendida pela população.
O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos potenciais. De
acordo com a NBR/ABNT 10.004 (2004), os resíduos dividem-se em Classe I, que são
os perigosos, e Classe II, que são os não perigosos. Estes ainda são divididos em
resíduos Classe IIA, os não inertes (que apresentam características como
biodegradabilidade, solubilidade ou combustibilidade, como os restos de alimentos e
o papel) e Classe IIB, os inertes (que não são decompostos facilmente, como plásticos
e borrachas). Quaisquer materiais resultantes de atividades que contenham
radionuclídeos e para os quais a reutilização é imprópria são considerados rejeitos
radioativos e devem obedecer às exigências definidas pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN.

No entanto, a compostagem é o apodrecimento controlado dos materiais


orgânicos descartados. Além disso, a compostagem tem sua aplicação em:
“horticultura; fruticultura; produção de grãos; jardinagem; projetos
paisagísticos; reflorestamento; produção de mudas; recuperação de solos
esgotados; controle de erosão; cobertura de aterros; etc.” (CARVALHO, et al,
2000, apud BEZERRA, 2019).

Existe ainda outra forma de classificação, baseada na origem dos resíduos


sólidos. Nesse caso, o lixo pode ser, por exemplo, domiciliar ou doméstico, público,
de serviços de saúde, industrial, agrícola, de construção civil e outros. Essa é a forma
de classificação usada nos cálculos de geração de lixo. Principais características
dessas categorias:
Domiciliar: são os resíduos provenientes das residências. É muito
diversificado, mas contém principalmente restos de alimentos, produtos deteriorados,
embalagens em geral, retalhos, jornais e revistas, papel higiênico, fraldas descartáveis
entre outros.

35
Comercial: são os resíduos originados nos diversos estabelecimentos
comerciais e de serviços, tais como supermercados, bancos, lojas, bares,
restaurantes, entre outros.
Público: são aqueles originados nos serviços de limpeza urbana, como restos
de poda e produtos da varrição das áreas públicas, limpeza de praias e galerias
pluviais, resíduos das feiras livres e outros.
De serviços de saúde: resíduos provenientes de hospitais, clínicas médicas
ou odontológicas, laboratórios, farmácias etc. É potencialmente perigoso, pois pode
conter materiais contaminados com agentes biológicos ou perigosos, produtos
químicos e quimioterápicos, agulhas, seringas, lâminas, ampolas de vidro, brocas
entre outros.
Industrial: são os resíduos resultantes dos processos industriais. O tipo de lixo
varia de acordo com o ramo de atividade da indústria. Nessa categoria está a maior
parte dos materiais considerados perigosos ou tóxicos.
Agrícola: resulta das atividades de agricultura e pecuária. É constituído por
embalagens de agrotóxicos, rações, adubos, restos de colheita, dejetos da criação de
animais entre outros.
Entulho: restos da construção civil, reformas, demolições, solos de
escavações entre outros.
No Brasil, a geração de lixo per capita varia de acordo com o porte populacional
do município. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB),
elaborada pelo IBGE em 2000, a geração per capita de resíduos no Brasil varia entre
450 e 700 gramas para os municípios com população inferior a 200 mil habitantes e
entre 700 e 1.200 gramas em municípios com população superior a 200 mil habitantes .
De acordo ABRELPE 2017 com a população brasileira apresentou um
crescimento de 0,75% entre 2016 e 2017, enquanto a geração per capita de RSU
apresentou aumento de 0,48%. A geração total de resíduos aumentou 1% no mesmo
período, atingindo um total de 214.868 toneladas diárias de RSU no país.
Segundo ABRELPE,2019 entre 2017 e 2018, a geração de RSU no Brasil
aumentou quase 1% e chegou a 216.629 toneladas diárias. Como a população
também cresceu no período (0,40%), a geração per capita
teve elevação um pouco menor (0,39%). Isso significa que, em média, cada brasileiro
gerou pouco mais de 1 quilo de resíduo por dia.
36
17.1 Resíduos perigosos

Os resíduos industriais e alguns domésticos, como restos de tintas, solventes,


aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, medicamentos vencidos,
pilhas e outros, contêm significativa quantidade de substâncias químicas nocivas ao
meio ambiente.
Estima-se que existam de 70 a 100 mil produtos químicos sintéticos, utilizados
de forma comercial na agricultura, na indústria e em produtos domésticos.
Infelizmente, as suas consequências são percebidas apenas depois de muito tempo
de uso. Foi o que aconteceu com o clorofluorcarbono, conhecido como CFC, que há
bem pouco tempo era amplamente usado em aerossóis, isopor, espumas, sistemas
de ar condicionado, refrigeradores e outros produtos, até descobrir-se que sua
liberação na atmosfera vinha causando a destruição da camada de ozônio.
Muitos desses produtos contêm metais pesados, como mercúrio, chumbo,
cádmio e níquel, que podem se acumular nos tecidos vivos, até atingir níveis perigosos
para a saúde.
Os efeitos da exposição prolongada do homem a essas substâncias ainda não
são totalmente conhecidos. No entanto, testes em animais mostraram que os metais
pesados provocam sérias alterações no organismo, como o aparecimento de câncer,
deficiência do sistema nervoso e imunológico, distúrbios genéticos etc.
Quando não são adequadamente manejados, os resíduos perigosos
contaminam o solo, as águas e o ar. Veja a seguir alguns exemplos de resíduos
perigosos, que devem ser dispostos adequadamente para evitar riscos ao homem e
ao meio ambiente:
Pilhas: algumas pilhas de uso doméstico ainda possuem elevadas
concentrações de metais pesados. Porém, como o processo de reciclagem é
complicado e caro, não é realizado na maioria dos países. Por isso, o consumo de
pilhas que contêm altas concentrações de metais pesados e de pilhas de origem
incerta deve ser evitado. A Legislação Brasileira (Resolução CONAMA 257/99)
estabelece que as pilhas alcalinas do tipo manganês e zinco-manganês, com
elevados teores de chumbo, mercúrio e cádmio, devem ser recolhidas pelo importador
ou revendedor. Para melhor informar o consumidor, esta Resolução estabelece que
as cartelas das pilhas contenham informações sobre o seu descarte. Assim, ao

37
comprar pilhas, verifique na embalagem as informações sobre os metais que a
compõem e como descartá-las.
Baterias: as baterias de automóveis, industriais, de telefones celulares (entre
outras) contêm metais pesados em concentração elevada. Por isso, devem ser
descartadas de acordo com as normas estabelecidas para proteção do meio ambiente
e da saúde. O descarte das baterias de carro, que contêm chumbo, e de telefones
celulares, que contêm cádmio, chumbo, mercúrio e outros metais pesados, deve ser
feito somente nos postos de coleta mantidos por revendedores, assistências técnicas,
fabricantes e importadores (pois é deles a responsabilidade de recolher e encaminhar
esses produtos para destinação final ambientalmente adequada). O mesmo vale para
qualquer outro tipo de bateria, devendo o usuário criar o hábito de ler as instruções de
descarte presente nos rótulos ou embalagem dos produtos.
Lâmpadas fluorescentes: mais econômicas, as lâmpadas fluorescentes se
tornaram muito populares no Brasil, principalmente em função da necessidade de
economizar energia durante o período de racionamento de energia elétrica, ocorrido
em 2001. Isso, no entanto, criou um problema, uma vez que as lâmpadas
fluorescentes contêm mercúrio, um metal pesado altamente prejudicial ao meio
ambiente e à saúde. Como ainda não há dispositivos legais específicos que regulem
o descarte nem o interesse dos fabricantes em proporcionar soluções tecnológicas e
sistemas de destinação adequados para esse tipo de material, toda essa quantidade
de lâmpadas fluorescentes vem sendo descartada junto com o lixo domiciliar. Caso o
lixo seja encaminhado para um lixão ou aterro controlado, o mercúrio poderá
contaminar o ambiente, colocando a saúde da população em risco. O consumidor
pode usar seu poder de escolha e de pressão sobre as autoridades e as empresas,
exigindo o estabelecimento de medidas adequadas e seguras para o descarte desse
tipo de lâmpada e de outros resíduos perigosos.
Resíduos indesejáveis: Os pneus usados são classificados como inertes,
sendo considerados resíduos indesejáveis do ponto de vista ambiental. A grande
quantidade de pneus descartados tornou-se um sério problema ambiental. Segundo
a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, o Brasil descarta, anualmente,
cerca de 21 milhões de pneus de todos os tipos: de trator, caminhão, automóvel,
carroça, moto, avião e bicicleta, entre outros. Quando descartados inadequadamente,
por exemplo, em lixões, propiciam o acúmulo de água em seu interior e podem
38
contribuir para a proliferação de mosquitos transmissores da dengue e do cólera.
Quando descartados em rios e lagos podem contribuir para o assoreamento e
enchentes. Quando são queimados, produzem emissões extremamente tóxicas,
devido à presença de substâncias que contêm cloro (dioxinas e furanos).
Por esse motivo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) proibiu o
descarte e a queima de pneus a céu aberto e responsabilizou fabricantes e
importadores pela destinação final ambientalmente adequada daqueles que não
tiverem mais condições de uso. De acordo com a Resolução CONAMA nº 258/1999,
a partir de 2004, para cada pneu novo fabricado, o fabricante deve recolher um em
desuso (inservível) e, a partir de 2005, para cada quatro pneus novos, a empresa
deverá recolher cinco pneus inservíveis.
Existem várias formas de reutilizar os pneus, como por exemplo, fazendo a
recauchutagem. Ainda, a partir dos pneus, pode-se produzir um pó de borracha que
serve para fabricar tapetes, solados de sapatos, pneus e outros artefatos.
No Brasil e em muitos outros países, os pneus inservíveis já têm sido utilizados
na pavimentação de estradas, misturando-se a borracha ao asfalto. Para obter mais
informações sobre o que vem sendo feito com os pneus usados, você pode contatar
as associações de classe, como a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos
(ANIP) ou a Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (ABIP).

18 LIXO: PROBLEMA DE TODOS

Um caminho para a solução dos problemas relacionados com o lixo é apontado


pelo Princípio dos Três Erres (3R’s) – reduzir, reutilizar e reciclar. Fatores associados
com estes princípios devem ser considerados, como o ideal de prevenção e não-
geração de resíduos, somados à adoção de padrões de consumo sustentável, visando
poupar os recursos naturais e conter o desperdício.
Reduzir significa consumir menos produtos e preferir aqueles que ofereçam
menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade. A reutilização
é a melhor forma de redução do lixo (exemplo: os potes plásticos de sorvetes servem
para guardar alimentos ou outros materiais).

As primeiras cooperativas de materiais recicláveis foram formadas a partir da


década de 1990, possibilitando novas relações dos grupos de catadores.
39
Essa visão compartilhada possibilita diversos benefícios, como a valorização
e a profissionalização do trabalho do catador, a inclusão social e o resgate da
cidadania, bem como a retirada dos catadores dos lixões e aterros
(DEMAJOROVIC, et al, 2007, apud SANTOS, 2012).

Reciclar envolve a transformação dos materiais, por exemplo fabricar um


produto a partir de um material usado. Podemos produzir papel reciclando papéis
usados. Papelão, latas, vidros e plásticos também podem ser reciclados. Para facilitar
o trabalho de encaminhar material pós-consumo para reciclagem, é importante fazer
a separação no lugar de origem – a casa, o escritório, a fábrica, o hospital, a escola
etc. A separação também é necessária para o descarte adequado de resíduos
perigosos.

18.1 Reciclagem: a indústria do presente

A reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais


vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo
de recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui o volume de lixo e a
poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a
reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. Pode gerar emprego e renda
para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros
prioritários na coleta seletiva.
Para atrair mais investimentos para o setor, é preciso uma união de esforços
entre o governo, o segmento privado e a sociedade no sentido de desenvolver
políticas adequadas e desfazer preconceitos em torno dos aspectos econômicos e da
confiabilidade dos produtos reciclados.

Os catadores de material reciclável desempenham um papel significativo nos


países em desenvolvimento. Dentre os benefícios que resultam da coleta de
material reciclável, além da geração de renda para os trabalhadores
envolvidos, pode-se citar: a contribuição para a saúde pública e para o
sistema de saneamento; o fornecimento de material reciclável de baixo custo
para a indústria; a redução nos gastos municipais e a contribuição para a
sustentabilidade do meio ambiente, tanto pela diminuição de matéria prima
primária utilizada, que conserva recursos e energia, como pela diminuição da
necessidade de terrenos a serem utilizados como lixões e aterros sanitários.
(WIEGO, 2009, apud SANTOS, 2010).

Os materiais normalmente encaminhados para a reciclagem são: o vidro


(garrafas, frascos, potes, entre outros), o plástico (garrafas, baldes, copos, frascos,
40
sacolas, canos, entre outros), papel e papelão de todos os tipos e metais (latas de
alimentos, refrigerantes, entre outros). Por questões de tecnologia ou de mercado,
alguns materiais ainda não são reciclados.

18.2 Destino do lixo

O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos


sólidos é responsável pela organização e prestação direta ou indireta desses
serviços, observados o respectivo plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos, a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e seu
regulamento (BRASIL, 2010, apud PINTO, 2018).

Como oferecem alimentação abundante e facilidade de abrigo, os lixões atraem


animais, que, podem disseminar (direta ou indiretamente), várias doenças. Do ponto
de vista imobiliário, os lixões também se tornaram um transtorno, pois depreciam os
imóveis vizinhos. Em relação, à questão social o problema ainda é mais grave: os
lixões se tornaram um meio de vida para alguns segmentos excluídos da população
brasileira. Atualmente, apesar do empenho do governo e das organizações sociais em
promover ações e campanhas contra esta forma degradante de trabalho, muitas
famílias brasileiras ainda tiram seu sustento da catação do lixo, trabalhando em
condições indignas e totalmente insalubres.
Como resultado da degradação dos resíduos sólidos e da água de chuva é
gerado um líquido de coloração escura, com odor desagradável, altamente tóxico,
com elevado poder de contaminação que pode se infiltrar no solo, contaminando-o e
podendo até mesmo contaminar as águas subterrâneas e superficiais. Esse líquido,
chamado líquido percolado, lixiviado ou chorume, pode ter um potencial de
contaminação até 200 vezes superior ao esgoto doméstico.
Além da formação do chorume, os resíduos sólidos, ao serem decompostos,
geram gases, principalmente o metano (CH4), que é tóxico e altamente inflamável, e
o dióxido de carbono (CO2) que, juntamente com o metano e outros gases presentes
na atmosfera, contribui para o aquecimento global da Terra, já que são gases de efeito
estufa.
Existe uma técnica ambientalmente segura para dispor os resíduos,
denominada aterro sanitário. Esta técnica surgiu na década de 1930 e vem se
aperfeiçoando com o tempo. O aterro sanitário pode ser entendido como a disposição

41
final de resíduos sólidos no solo, fundamentado em princípios de engenharia e normas
operacionais específicas, com o objetivo de confinar o lixo no menor espaço e volume
possíveis, isolando-o de modo seguro para não criar danos ambientais e para a saúde
pública. Os resíduos dispostos em aterros estão isolados do meio ambiente externo
por meio da impermeabilização do solo, da cobertura das camadas de lixo e da
drenagem de gases.
Tratamento e disposição final do lixo: Existem algumas formas possíveis
para o tratamento do lixo e sua disposição final na natureza. No Brasil, o
gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das Prefeituras
Municipais. Ainda é bastante reduzido o número de municípios que possuem um bom
gerenciamento de resíduos sólidos, com sistemas adequados de coleta, tratamento e
disposição final dos resíduos. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico, realizada pelo IBGE em 2000, 64% dos municípios brasileiros depositam seus
resíduos em lixões. Apenas 14% possuem aterros sanitários e 18% possuem aterros
controlados. Existe, ainda, a necessidade de se promover a universalização da
limpeza pública (coleta, varrição, tratamento, destinação final etc.) para toda a
população brasileira, já que cerca de 30 % do total de resíduos gerados não é coletado
no país (IPT/Cempre 2000).
O conjunto de ações que objetivam a minimização da geração de lixo e
a diminuição da sua periculosidade constitui a fase de tratamento dos resíduos, que
representa uma forma de torná-los menos agressivos para a disposição final,
diminuindo o seu volume, quando possível. Os processos de tratamento dos resíduos
são os seguintes:
Compostagem: É um processo no qual a matéria orgânica putrescível (restos
de alimentos, aparas e podas de jardins etc.) é degradada biologicamente, obtendo-
se um produto que pode ser utilizado como adubo. A compostagem permite aproveitar
os resíduos orgânicos, que constituem mais da metade do lixo domiciliar. A
compostagem pode ser feita em casa ou em unidades de compostagem.

A procura por sistemas de produção mais econômicos e mais eficientes são


buscados por parte da sociedade, desse modo a reciclagem de resíduos
orgânicos mostra-se como uma atividade viável para isso. Desse modo, a
“reciclagem recomendada para a matéria orgânica do lixo gerado é a
compostagem, visando melhorar a qualidade dos produtos onde o composto
é aplicado, e diminuir o envio de materiais para aterros” (ECKERT, 2011,
apud BEZERRA, 2019).

42
Incineração: É a transformação da maior parte dos resíduos em gases, através
da queima em altas temperaturas (acima de 900º C), em um ambiente rico em
oxigênio, por um período pré-determinado, transformando os resíduos em material
inerte e diminuindo sua massa e volume. Não se deve confundir a incineração com a
simples queima dos resíduos. No primeiro caso, os incineradores geralmente são
dotados de filtros, evitando que gases tóxicos sejam lançados na atmosfera.
De qualquer forma, devido a aspectos técnicos, a incineração não é o
tratamento mais indicado para a maioria dos resíduos gerados e não é adequado à
realidade das cidades brasileiras. Algumas unidades de incineração estão sendo
desativadas no país por operarem precariamente, sem sistemas de tratamento
adequado dos gases emitidos. A incineração é um sistema complexo, que envolve
milhares de interações físicas e reações químicas. Além do dióxido de carbono e do
vapor de água, outros gases são produzidos, incluindo diversas substâncias tóxicas,
como metais pesados e outras.
Entre elas, destacam-se as dioxinas e os furanos, classificados como poluentes
orgânicos persistentes (POPs), que são tóxicos, cancerígenos, resistentes à
degradação e acumulam-se em tecidos gordurosos (humanos e animais). Esses
poluentes são transportados pelo ar, água e pelas espécies migratórias, sendo
depositados distante do local de sua emissão, onde se acumulam em ecossistemas
terrestres e aquáticos. Em decorrência dessas características, em setembro de 1998
a Environmental Protection Agency (EPA), a agência de proteção ambiental
americana, anunciou que não existe um nível “aceitável” de exposição às dioxinas.
Pirólise: Diferentemente da incineração, na pirólise a queima acontece em
ambiente fechado e com ausência de oxigênio.
Digestão Anaeróbica: É um processo baseado na degradação biológica, com
ausência de oxigênio e ambiente redutor. Neste processo há a formação de gases e
líquidos. Este princípio é bastante utilizado em todo o mundo em aterros sanitários.
Reuso ou Reciclagem? Já implantados em vários municípios brasileiros, estes
processos baseiam-se no reaproveitamento dos componentes presentes nos resíduos
de forma a resguardar as fontes naturais e conservar o meio ambiente. Como todo
processo de tratamento produz um rejeito, isto é, um material que não pode ser
utilizado, a disposição final em aterros acaba sendo imprescindível para todo tipo de
tratamento.
43
Aterro sanitário: É um método de aterramento dos resíduos em terreno
preparado para a colocação do lixo, de maneira a causar o menor impacto ambiental
possível. Veja a seguir algumas das medidas técnicas empregadas para proteger o
meio ambiente:
O solo é protegido por uma manta isolante (chamada de geomembrana) ou por
uma camada espessa de argila compactada, impedindo que os líquidos poluentes,
lixiviados ou chorume, se infiltrem e atinjam as águas subterrâneas; são colocados
dutos captadores de gases (drenos de gases) para impedir explosões e combustões
espontâneas, causadas pela decomposição da matéria orgânica. Os gases podem ser
queimados para evitar sua dispersão na atmosfera; é implantado um sistema de
captação do chorume, para que ele seja encaminhado a um sistema de tratamento;
as camadas de lixo são compactadas com trator de esteira, umas sobre as outras,
para diminuir o volume, e são recobertas com solo diariamente, impedindo a exalação
de odores e a atração de animais, como roedores e insetos; o acesso ao local deve
ser controlado com portão, guarita e cerca, para evitar a entrada de animais, de
pessoas e a disposição de resíduos não autorizados.
Aterro controlado: O aterro controlado não é considerado uma forma
adequada de disposição de resíduos porque os problemas ambientais de
contaminação da água, do ar e do solo não são evitados, já que não são utilizados
todos os recursos de engenharia e saneamento que evitariam a contaminação do
ambiente. No entanto, representa uma alternativa melhor do que os lixões, e se
diferenciam destes por possuírem a cobertura diária dos resíduos com solo e o
controle de entrada e saída de pessoas.
Unidades de segregação e/ou de compostagem: Essa forma de tratamento
prevê a instalação de um galpão para a separação (triagem) manual dos resíduos,
usualmente realizada em esteiras rolantes. Quando o município realiza a coleta
seletiva, os resíduos já chegam separados, isto é, materiais recicláveis separados dos
resíduos orgânicos.
Entretanto, quando não existe esta separação nas residências, comércios entre
outras, os sacos de lixo coletados na coleta convencional são encaminhados para a
triagem, onde os resíduos recicláveis são separados dos orgânicos. Neste último
caso, a separação é muito mais difícil porque os resíduos estão misturados,

44
dificultando a segregação e comprometendo a qualidade do composto orgânico
produzido.
No Brasil, o sistema de reciclagem e compostagem desvinculado da coleta
seletiva tem-se mostrado oneroso, pois além de exigir gastos elevados com muitos
funcionários e equipamentos, a separação do material orgânico do reciclável é muito
baixa. Por esta razão, a melhor alternativa é integrar as centrais de triagem e de
compostagem a um sistema de coleta seletiva, promovendo a separação dos
materiais recicláveis e compostáveis na origem e a participação comunitária. Para que
a coleta seletiva seja realmente eficiente é necessária a mudança de hábito na
disposição e acondicionamento do lixo já na fonte geradora. Além dos benefícios
ambientais promovidos pela coleta seletiva e consequente destinação dos resíduos
para reciclagem e compostagem, podemos considerar também os benefícios de
inclusão social dos catadores, caso eles sejam os parceiros preferenciais na coleta
seletiva.

18.3 Embalagem: quanto mais simples, melhor

O uso indiscriminado de embalagem também é causa de preocupação em


relação ao meio ambiente. As embalagens estão ficando cada vez mais sofisticadas
e, complexas. Com o aperfeiçoamento das técnicas de conservação de produtos,
novos materiais foram agregados às embalagens para torná-las mais eficientes.
Essas misturas, no entanto, dificultam tanto a sua degradação natural como a sua
reciclagem.
Por esse motivo, o setor de embalagens poderá contribuir de forma substancial
para o consumo sustentável se encarar o desafio de atender à demanda e ao mesmo
tempo eliminar os resíduos pós consumo que comprometam o futuro. Isso implica
desenvolver tecnologias mais limpas e que privilegiem a redução da geração de
resíduos, utilizar materiais menos agressivos ao meio ambiente, reduzir o uso de
materiais desnecessários, promover a reutilização e a reciclagem.

45
18.4 A responsabilidade é de quem produz

Vários países europeus como Alemanha, Holanda, Áustria, Espanha e Suécia,


entre outros, introduziram nos últimos anos leis para reduzir a geração de resíduos,
como vasilhames e embalagens.
Na Suécia, por exemplo, as empresas são responsáveis pelo recolhimento de
seus vasilhames de alumínio, papel, papelão, papel corrugado, plásticos, aço e vidro.
O mesmo ocorre com jornais, folhetos publicitários, revistas e catálogos, além de
pneus. Para racionalizar esse processo e tornar mais econômico o manejo da coleta
e reciclagem, os produtores uniram esforços e se organizaram.
A medida resultou numa redução significativa dos volumes de vasilhames e
embalagens encaminhadas aos aterros sanitários, demonstrando a eficiência das leis
que determinam a busca de soluções pelas empresas.

18.5 O lixo e o consumo

A geração de lixo cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo. Quanto


mais mercadorias adquirimos, mais recursos naturais consumimos e mais lixo
geramos. A situação é mais grave nos países desenvolvidos. Porém, nos países em
desenvolvimento o quadro também é preocupante.
O crescimento demográfico, a concentração da população nas grandes cidades
e, em muitas regiões, a adoção de estilo de vida semelhante ao dos países ricos,
fizeram aumentar o consumo e a consequente geração de lixo.

O acúmulo de resíduos é um elemento exclusivo das sociedades humanas.


Sistemas naturais não antropogênicos, por exemplo, não geram resíduos:
seres vivos absorvem o que não serve mais para os outros de maneira
contínua. No caso humano, entretanto, produz-se diariamente uma vasta
quantidade de resíduos, muitas vezes tóxicos, ocasionando a poluição das
águas, do solo e do ar, o que propicia a proliferação de doenças e acentua a
causa mortis (HESS, 2002, apud PINTO, 2018).

Hoje já sabemos que, se os países em desenvolvimento passarem a consumir


matérias-primas no mesmo ritmo dos países desenvolvidos, poderemos chegar, em
um curto espaço de tempo, a um esgotamento dos recursos naturais e a níveis
altíssimos de contaminação e geração de resíduos. A situação tem sido amplamente
debatida nos fóruns internacionais, nos quais especialistas de todo o mundo apontam
46
uma saída: para que os países pobres do mundo possam aumentar seu consumo de
maneira sustentável, o consumo dos países desenvolvidos precisará diminuir. O
desafio, de qualquer maneira, impõe-se a todos: consumir de forma sustentável
implica poupar os recursos naturais, conter o desperdício, diminuir a geração, reutilizar
e reciclar a maior quantidade possível de resíduos. Só assim conseguiremos
prolongar o tempo de vida dos recursos naturais do planeta.

19 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS – LEI 12.305/2010

Quanto aos lixões a céu aberto e aterros controlados ficam proibidos. A Lei,
determina que todas as administrações públicas municipais, indistintamente do seu
porte e localização, devem construir aterros sanitários e encerrarem as atividades dos
lixões e aterros controlados, no prazo máximo de 4 (quatro) anos, substituindo-os por
aterros sanitários ou industriais, onde só poderão ser depositados resíduos sem
qualquer possibilidade de reciclagem e reaproveitamento, obrigando também a
compostagem dos resíduos orgânicos.
Fabricantes, distribuidores e comerciantes, organizados em acordos setoriais,
ficam obrigados a recolher e destinar para a reciclagem as embalagens de plástico,
papel, papelão, de vidro e as metálicas usadas. As embalagens de Agrotóxicos, pilhas
e baterias, pneus, óleos lubrificantes e suas embalagens, todos os tipos de lâmpadas
e de equipamentos eletroeletrônicos descartados pelos consumidores, fazem parte da
“logística reversa”, que deverá também retornar estes resíduos à sua cadeia de
origem para reciclagem.
O setor de construção civil fica obrigado a dar destinação final ambientalmente
adequada aos resíduos de construção e demolição (RCD), não podendo mais
encaminhá-los aos aterros.
A responsabilidade pelo lixo passa a ser compartilhada, com obrigações que
envolvem os cidadãos, as empresas, as prefeituras e os governos estaduais e federal.
As administrações municipais, no prazo máximo de 2(dois) anos, devem
desenvolver um Plano de Gestão Integrada de Resíduos: Caso descumpram essa
obrigação ficam proibidas de receber recursos de fontes federais, destinadas ao
gerenciamento de resíduos, inclusive empréstimos (CEF, BNDES e outras.).

47
As empresas e demais instituições públicas e privadas devem desenvolver um
“Plano de Gerenciamento de Resíduos”, integrado ao Plano Municipal
(independentemente da sua existência); Os municípios terão de implantar um sistema
de coleta seletiva; As cooperativas de catadores terão prioridade na coleta seletiva,
sendo dispensada a licitação; Para a elaboração, implementação, operacionalização
e monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos,
nelas incluído o controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos,
será designado responsável técnico devidamente habilitado.

A estratégia ambiental determina o alinhamento entre a proteção ambiental e


o crescimento econômico da empresa. O desenvolvimento da estratégia
ambiental deve analisar os concorrentes, os parceiros, os produtos, as
matérias-primas, as perdas e os resíduos da empresa. (HOFFMAN, 2000,
apud PEDROSO, 2007).

19.1 Quem obedece deve obedecer à nova Lei

Em princípio todas as empresas, as administrações públicas (federais,


estaduais e municipais) e os cidadãos, conforme o Art. 1º. § 1o “Estão sujeitas à
observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado,
responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que
desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
resíduos sólidos”.
Essa obrigação é mais especificada no Capítulo III da lei, onde se estabelecem
as responsabilidades dos geradores de resíduos e do poder público:
Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis
pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei
e em seu regulamento.
Por força desse princípio da Lei, as empresas envolvidas na produção,
importação, distribuição e comercialização de determinados produtos, estão
obrigadas também a estruturarem e implementarem sistemas de logísticas reversa,
mediante retorno dos produtos e embalagens após o uso, de forma independente do
serviço público de limpeza urbana.

48
19.2 A Lei obriga à logística reversa

I - Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja


embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de
gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas
técnicas;
II - Pilhas e baterias;
III - Pneus;
IV - Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
§ 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos
de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas
previstos no caput serão estendidos a produtos comercializados em embalagens
plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando,
prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente
dos resíduos gerados.

19.3 Responsabilidade da coleta

Em princípio, a responsabilidade sobre os serviços de manejo de resíduos


sólidos é da administração municipal, porém somente no que concerne aos resíduos
domiciliares e os provenientes da limpeza urbana. No que tange às atividades
industriais, comerciais e de serviços privados, esta responsabilidade é do próprio
gerador do resíduo.
Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis
pela implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24.
§ 1º. A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte,
transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos sólidos, ou de disposição final
de rejeitos, não isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da

49
responsabilidade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento
inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.
Quando o recolhimento dos resíduos (inclusive os assemelhados aos resíduos
domiciliares) for executado pelo serviço municipal de limpeza urbana, devemos
observar que, conforme a Lei 12.305/2010, esta prática deve cessar, sendo ilegal a
continuidade dessas ações por parte das administrações municipais sem
remuneração, conforme dispõe o § 7º do Art.33:
§ 7º. Se o titular do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, por acordo setorial ou termo de compromisso firmado com o setor
empresarial, encarregar-se de atividades de responsabilidade dos fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes nos sistemas de logística reversa dos
produtos e embalagens a que se refere este artigo, as ações do poder público serão
devidamente remuneradas, na forma previamente acordada entre as partes.
Esse dispositivo da Lei tem reforço no Inciso IV do Art. 36.
Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos:
IV - Realizar as atividades definidas por acordo setorial ou termo de
compromisso na forma do § 7o do art. 33, mediante a devida remuneração pelo setor
empresarial;
E mais ainda, quando a Lei trata dos Planos de Gerenciamento de Resíduos:
Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis
pela implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24. (...)
§ 2º. Nos casos abrangidos pelo art. 20, as etapas sob responsabilidade do
gerador que forem realizadas pelo poder público serão devidamente remuneradas
pelas pessoas físicas ou jurídicas responsáveis, observado o disposto no § 5º. do art.
19.
(art. 19. § 5o “Na definição de responsabilidades na forma do inciso VIII do
caput deste artigo, é vedado atribuir ao serviço público de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos a realização de etapas do gerenciamento dos resíduos a que se

50
refere o art. 20 em desacordo com a respectiva licença ambiental ou com normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS”.)

19.4 Descumprimento da Lei

Caso os resíduos estejam acondicionados, armazenados ou destinados em


condições não condizentes com a Lei e com as normas Conama/Anvisa, significando
dano ou ameaça ao meio ambiente e à saúde pública, a prefeitura deve proceder ao
seu recolhimento, acondicionamento, armazenagem e destinação, respeitando as
normas de saúde e segurança ocupacional e com licença ambiental específica,
cobrando dos responsáveis todas os custos e despesas envolvidas:
Art. 29. Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar
ou cessar o dano, logo que tome conhecimento de evento lesivo ao meio ambiente ou
à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo dano ressarcirão integralmente o poder
público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas na forma do caput.
Em casos extremos, o órgão de fiscalização ambiental pode até valer-se de
medidas mais drásticas:
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da existência de
culpa, reparar os danos causados, a ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas
que importe inobservância aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os
infratores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei no 9.605, de 12
de fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências”, e em seu regulamento.
Lei no 9.605 Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar
produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos:
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem

51
I - Abandona os produtos ou substâncias referidas no caput ou os utiliza em
desacordo com as normas ambientais ou de segurança;
II - Manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá
destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
regulamento.
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada
de um sexto a um terço.
§ 3º Se o crime é culposo:
Pena: detenção, de seis meses a um ano, e multa.

19.5 Resultados e consequências

As diferenças estabelecidas entre o conceito de resíduos e rejeitos, sendo o


primeiro considerado pela Lei como “ um bem econômico e de valor social, gerador
de trabalho e renda e promotor de cidadania” e a forte carga que a Lei faz na proibição
da disposição de resíduos aproveitáveis em aterros sanitários, aliados à
obrigatoriedade da compostagem dos rejeitos orgânicos, eliminará paulatinamente a
existência de grandes aterros sanitários, propiciando a expansão da sua vida útil,
tendo como consequências esperadas em médio prazo: A readequação das
atividades industriais de destinação final de resíduos sólidos; O crescimento das
atividades industriais de reciclagem; e a inclusão socioeconômica dos catadores de
resíduos, organizados em cooperativas. Capacidade de articulação entre indústrias,
distribuidores, comércio operadores logísticos, associação de catadores e prefeituras;
Existência de indústrias de reciclagem, a jusante da cadeia, com capacidade instalada
para absorver o grande volume de entrada de matéria-prima, proveniente dos fluxos
reversos estabelecidos. Disponibilidade de tecnologias nacionais, adequadas para
processamento de recicláveis, principalmente os constantes da obrigatoriedade de
logística reversa. Viabilidade dos mercados demandantes de itens recicláveis.

52
20 RECURSOS HÍDRICOS

Fonte: ceco.org.br

A água doce é um dos recursos naturais mais escassos e importantes, se não


o mais importante, de todos os que constituem a vida sobre o planeta. Está
relacionada tanto com a própria sobrevivência humana, animal e vegetal, quanto com
a realização de atividades e serviços que vão atender os seres vivos em suas
necessidades, desde as mais básicas, como consumo próprio e produção de
alimentos, até as mais subjetivas (porém não menos necessárias e valorizadas), como
o lazer (LEAL, 1998).

Desse modo, o Brasil tem muita água, mesmo no Nordeste. Porém, o seu uso
cada vez mais eficiente desempenhará, certamente, um papel vital na saúde
atual e futura da nossa sociedade e na produção de alimentos,
principalmente. O uso eficiente da água dos rios do Brasil significa a
possibilidade de suprir as necessidades humanas básicas, sem destruir o
meio ambiente, a qualidade da água, garantir o crescimento econômico e
social com proteção ambiental. (REBOUÇAS, 2004, apud OLIVEIRA, 2011,
p. 18).

Para entender como funciona a gestão desses recursos, torna-se necessário


compreender como funcionam os mecanismos básicos que envolvem o ciclo da água
na natureza. É nesse ponto que os conceitos de Hidrologia, que serão abordados a
seguir, tornam-se tão importantes.

53
20.1 Ciclo hidrológico

Apesar de a maior parte da superfície do nosso planeta ser formada por água,
97% desse recurso encontram-se nos mares e oceanos. O que efetivamente sobra
para o consumo e o desenvolvimento de atividades como agricultura é uma
quantidade muito inferior e se encontra mal distribuída no globo terrestre.
Além das desigualdades naturalmente envolvidas nessa distribuição da água
através das diversas regiões da Terra, determinadas ações antrópicas podem agravar
ainda mais essa má distribuição. Isso se deve principalmente às alterações causadas
ao meio ambiente e, consequentemente, ao ciclo da água.
O movimento realizado pela água entre os continentes, oceanos e a atmosfera
é chamado de ciclo hidrológico. O Ciclo hidrológico é um fenômeno global de
circulação fechada da água que é impulsionada fundamentalmente pela energia solar
associada à gravidade e à rotação do planeta.
A compreensão desse sistema possibilita que os gestores tomem decisões
acertadas sobre como utilizar os recursos causando os menores danos possíveis ao
conjunto. Os tópicos principais que fazem parte do ciclo hidrológico são abordados na
sequência.

20.2 Precipitação

Em hidrologia, considera-se como precipitação toda a água proveniente da


atmosfera e que atinge a superfície terrestre, podendo variar segundo o estado da
água, em: neblina, chuva, granizo, orvalho, geada e neve.
A variabilidade temporal e espacial da precipitação influencia a disponibilidade
hídrica de uma bacia hidrográfica, porque a precipitação é a variável mais importante
do sistema e representa a sua alimentação. Mas o que é uma bacia hidrográfica?
Pode-se definir uma bacia hidrográfica como sendo uma área de captação
natural da água da precipitação, que faz convergir os escoamentos para um único
ponto de saída, o seu exutório ou foz. É uma área geográfica natural delimitada pelos
pontos mais altos do seu relevo.
A disponibilidade, ao longo do ano, de dados de quantificação e distribuição da
precipitação em uma bacia hidrográfica possibilita determinar ou estimar a

54
necessidade de irrigação de culturas, o abastecimento doméstico e industrial, estudos
para controle e prevenção de enchentes, planejamento de drenagens urbanas, além
de permitir a gestão do uso do solo e um melhor controle de erosões.

20.3 Evaporação e evapotranspiração

A evaporação e a evapotranspiração são a conversão da água do seu estado


líquido para vapor de água, estado no qual a água é transferida para a atmosfera.
Esses processos necessitam do ingresso de energia no sistema, que pode ser
proveniente do sol, da atmosfera ou de ambas as fontes, e serão controladas pela
taxa de energia disponível.
Essas taxas se constituem em informações quantitativas de extrema
importância dentro do processo do ciclo hidrológico, pois são utilizadas na resolução
de diferentes problemas e planejamentos. Pode-se citar estudos para áreas agrícolas
de sequeiro ou irrigadas, previsão de cheias e enchentes, construção e operação de
reservatórios, entre outros.

20.4 Água subterrânea

A escassez de água doce, que há muito tempo vem sendo prevista, tem se
tornado, cada vez mais, uma grande ameaça ao desenvolvimento socioeconômico e
à própria vida do planeta.
Entre uma das soluções para esse problema, está o completo conhecimento
do ciclo hidrológico, de forma a possibilitar uma correta avaliação da disponibilidade
dos recursos hídricos de cada região. Uma das partes mais importantes é entender o
que acontece com as águas subterrâneas que é uma das fases menos conhecidas
desse ciclo.
Água subterrânea pode ser considerada toda a água que ocupa os vazios de
uma formação geológica. Mas o sistema natural formado pelas águas subterrâneas
pode ser modificado pela interferência do homem. Entre as principais ações está a
alteração do ambiente natural com a construção de barragens, canalização de rios,
perfuração de poços e irrigação.

55
Esses sistemas hidrogeológicos podem ser classificados em Aquíferos,
Aquiclude e Aquitardo. Quanto à umidade, pode-se dividir em duas zonas: Zona de
Saturação e Zona de Aeração.

20.5 Escoamento superficial

A origem do escoamento superficial é, fundamentalmente, nas precipitações ou


eventos de chuva. Quando a chuva chega ao solo, parte da água se infiltra, parte é
retida nas depressões da superfície e parte se escoa. Na primeira fase a água se
infiltra, mas tão logo a intensidade da chuva exceda a capacidade de infiltração do
solo, a água passa a ser coletada pelas pequenas depressões existentes. Quando os
níveis das águas que estão sendo retidas se elevam e começa a ocorrer a
transposição desses obstáculos, o fluxo ou escoamento superficial se inicia, seguindo
a tendência da maior para a menor depressão. Esse escoamento vai se somar a
outros escoamentos que, juntos, formam sucessivamente as enxurradas, os córregos,
os ribeirões, os rios, os reservatórios e os lagos.
O escoamento superficial, entre as outras partes do ciclo hidrológico, é a fase
de maior importância para a compreensão e o estudo dos recursos hídricos. Isso
porque a maior parte dos estudos hidrológicos está ligada ao aproveitamento da água
superficial, a sua previsão e aos efeitos da sua transposição.
Assim, a vazão de um corpo d’água em uma bacia hidrográfica é o resultado
da interação de todos os componentes do ciclo hidrológico, entre eles a precipitação,
a infiltração e o escoamento superficial.
Nos mais diversos estudos e levantamentos estudos hidrológicos utiliza-se um
gráfico denominado hidrograma, que é a relação entre a vazão e o tempo, para avaliar
e separar esses componentes. A forma e o comportamento do hidrograma pode
variar, dependendo de um grande número de fatores, tais como: relevo, cobertura da
bacia, solo, modificações artificiais no rio e distribuição da precipitação, além da sua
intensidade e duração.
A gestão dos recursos hídricos se realiza mediante procedimentos integrados
de planejamento e de administração. Esse planejamento deverá visar à avaliação
prospectiva das demandas e das disponibilidades desses recursos, além da sua

56
alocação entre os usos múltiplos para que se obtenha os máximos benefícios
econômicos e sociais, mas com a mínima degradação ambiental.
Para tanto é necessário que ocorra a redução das fontes potenciais de
poluição, se implementem políticas de uso e manejo adequados do solo e se viabilize
a ocorrência de possíveis impactos sociais positivos para a região a ser gerenciada.
Assim, o gerenciamento dos recursos hídricos é composto por ações do poder
público que procuram adequar os usos, o controle e a proteção das águas às
necessidades sociais e ambientais. Entre as principais ações, pode-se citar: o
gerenciamento dos usos setoriais da água; o gerenciamento interinstitucional; o
gerenciamento das intervenções para compatibilização e integração dos
planejamentos; o gerenciamento da oferta de água; e o gerenciamento ambiental que
engloba o monitoramento da área, licenciamento de projetos, fiscalização e medidas
administrativas e legais.

20.6 Hidrografia

Hidrografia é a área que estuda as águas do planeta ou de uma região,


abrangendo, portanto, rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da
atmosfera. O estudo da hidrografia é fundamental para a identificação dos
componentes naturais e antropogênicos envolvidos no fluxo hidráulico. Este estudo
permite quantificar cada um dos componentes envolvidos na dinâmica da bacia,
identificando suas magnitudes, frequências e durações, sempre considerando sua
importância geográfica e ecológica e a determinação do volume mínimo requerido
para um pré-determinado estado de conservação (ZUCCARI, 2005).

20.7 Processos erosivos

Nos últimos anos, tem se reconhecido a necessidade de se incluir estratégias


de controle de sedimentos dentro de projetos de gerenciamento de bacias
hidrográficas, isso porque as fontes de produção de sedimentos estão relacionadas
com os tipos de processos erosivos que ocorrem em uma bacia hidrográfica. Assim,
as informações sobre as fontes de sedimentos transportados por um determinado rio,
são dados importantes para as estratégias de controle efetivo do aporte de

57
sedimentos nos corpos d’água e, portanto, para controlar ou diminuir o seu
assoreamento.
Os tipos de erosão que ocorrem em uma bacia hidrográfica são basicamente a
erosão hídrica, a erosão fluvial, a erosão eólica e a remoção em massa.
Os processos que compõem a dinâmica da produção de sedimentos em uma
área hidrográfica estão o transporte e a deposição de sedimentos que poderão gerar
o assoreamento dos corpos d’água e lagos. Esses processos possuem similaridades
com o que ocorre em uma bacia urbana.
Mas, além dos problemas de assoreamento dos corpos d’água, os problemas
erosivos podem comprometer todo o ecossistema aquático e o meio ambiente do
entorno.

[...] esse tipo de processo erosivo atinge grandes dimensões, gerando vários
impactos ambientais na sua área de ação e na drenagem a jusante, tornando-
se um complicador para o uso do solo nessas áreas. Formadas pelo
aprofundamento das ravinas e interceptação do lençol freático, onde se pode
observar grande complexidade de processos do meio físico (piping,
liquefação de areia, escorregamentos laterais, erosão superficial) devido à
ação concomitante das águas superficiais e subsuperficiais (Rodrigues, 1982;
1984, apud ALMEIDA, 2008).

20.8 Assoreamento de corpos d’água

Grande parte dos sedimentos transportados em bacias hidrográficas ocorre


durante os eventos de chuva. Por isso, a avaliação temporal da concentração de
sedimentos deve ser realizada por meio de um programa de monitoramento capaz de
coletar amostras durante os eventos de cheia.
Entretanto, podem ocorrer diversas dificuldades ao se executar um programa
de monitoramento. Por exemplo, um grande problema enfrentado em pequenas
bacias urbanas é que os eventos ocorrem em poucas horas e algumas vezes durante
a noite, o que normalmente dificulta qualquer tipo de avaliação. Muitas vezes tenta-se
utilizar mostradores automáticos para facilitar a obtenção de amostras, mas algumas
bacias hidrográficas possuem altas concentrações de resíduos sólidos e matéria
orgânica, fazendo com que normalmente os aparelhos sejam danificados, ou
simplesmente, obstruídos.
Os sedimentos podem ser definidos como fragmentos de rochas e de solo
desagregados que são transportados por um fluido. Além das partículas minerais, as
58
partículas orgânicas transportadas por um determinado fluido, também são
denominadas de sedimentos.
Em ambientes fluviais encontram-se três tipos de sedimentos: grosseiros, finos
e orgânicos. A proporção de cada um dependerá de vários fatores como a geologia,
o relevo, o uso do solo, o clima, a localização da calha fluvial e a ação antrópica de
lançamento ou não de efluentes.
Em geral, em regiões próximas às nascentes, a calha fluvial terá uma proporção
grande de sedimentos grosseiros compostos por fragmentos de rochas, enquanto que
nos trechos inferiores da bacia é mais comum encontrar-se sedimentos originados da
erosão do solo que são compostos basicamente por partículas que variam de tamanho
entre areia e argila.
Um dos problemas físicos gerados pelos sedimentos é o assoreamento dos
corpos d’água. Mas um dos fatores mais importantes nos estudos sedimentológicos é
a existência de uma estreita relação entre a qualidade da água e os sedimentos
fluviais. A simples presença dos sedimentos na água afeta as condições de
potabilidade através do aumento da sua turbidez. Além desse aspecto, os sedimentos
fluviais representam um potencial poluidor para a água devido a sua natureza
geoquímica que possibilita a transferência de poluentes da bacia vertente para calha
fluvial.

20.9 Gestão de bacias urbanas

O desenvolvimento urbano, além das alterações causadas ao ecossistema


terrestre, traz profundas alterações ao ecossistema aquático. Entre as muitas ações
antrópicas que poderão provocar desde pequenas alterações ou até mesmo a
completa degradação dos sistemas aquáticos, estão a substituição da vegetação
original por áreas impermeáveis, a concentração e o lançamento de grandes cargas
de esgoto in natura e a adição de contaminantes químicos através das mais diversas
fontes.
As alterações antrópicas na bacia hidrográfica, principalmente a urbanização,
geram alterações severas ao hidrograma que em parte explicam os problemas de
inundações urbanas, atualmente enfrentados.

59
A permeabilidade do solo é substituída por superfícies impermeáveis tal como
ruas, telhados, estacionamentos e calçadas, que acumulam pouca água, reduzem a
infiltração de água no solo e aceleram o escoamento superficial em redes e canais de
drenagem. Uma alta porcentagem de área impermeabilizada, onde os eventos de
chuva tendem a ter um tempo de concentração menor e picos de vazão maiores, se
reflete em alterações nos hidrogramas.
Assim, para que os efeitos da urbanização sejam minimizados, o gestor deverá
procurar alternativas para equilibrar o sistema novamente. Entre as possibilidades
encontradas para melhorar a infiltração das águas da chuva no solo e reduzir o
escoamento superficial, estão: a construção de pavimentos permeáveis e/ou
semipermeáveis e a adoção do sistema conhecido como “Bairro Ecológico”.
Em ambos os casos, vários experimentos e estudos foram realizados e os
resultados foram tecnicamente muito bons.

20.10 Cobrança pelo uso da água

A expectativa que apenas os órgãos governamentais seriam suficientes para


gerenciar os recursos hídricos foi uma das principais falhas ocorridas nesse setor.
Esse desempenho insatisfatório levou muitos países a repensarem suas estruturas
organizacionais e buscarem uma maior eficiência com a aplicação de tarifas e o apoio
com incentivos.
De um modo geral, a tarifação e os incentivos procuram motivar os
consumidores a adotarem práticas eficientes de uso da água, que pode ser maior ou
menor de acordo com o valor relativo da água.
Em muitas regiões do mundo, a subtarifação causou e ainda tem causado
sérios problemas de abusos e desperdícios com relação ao uso da água. Um exemplo
disso é quando a região possui abundância de água de boa qualidade, o que a torna
barata e, portanto, pode inviabilizar o investimento em projetos de monitoramento e
de tarifação de alto custo. Entretanto, torna-se viável medir, monitorar e tarifar a água
à medida que esta vai se tornando um recurso mais escasso.
Alguns autores defendem a possibilidade de ajuste de tarifas de acordo com a
demanda. Para HOWE (1998), poder-se-ia adotar preços variáveis, aumentando as

60
tarifas em períodos secos, para forçar a redução do consumo. Ainda, o mesmo poderia
ser empregado em horários diários de picos de consumo.
Uma forma indireta de cobrança para usuários de larga escala, segundo
WINPENNY (1994), que reproduz resultados similares, é a taxação através do volume
de efluentes. Essa é uma forma interessante de incentivar as indústrias na busca por
métodos e equipamentos que desperdicem ou utilizem uma menor quantidade de
água.
Por outro lado, um dos maiores consumidores de água é a irrigação para a
agricultura, entretanto, segundo EASTER, BEEKEN E TSUR (1997), é o setor que
menos pode pagar e acaba sendo subsidiado pelos governos. Como consequência,
esses consumidores acabam sendo incentivados, pelas baixas tarifas, a consumir
cada vez mais água durante o processo.
Dentro deste contexto, e para viabilizar um uso equilibrado e consciente da
água, deve-se destacar as seguintes medidas para melhorar o gerenciamento dos
recursos hídricos: adotar-se valores diferentes para os usos urbanos e rurais; realizar
estudos de realocação de água; implementar preços diferenciados para os usos
industriais; criar tarifas diferenciadas para a irrigação; buscar a conservação dos
recursos hídricos; e privatizar parte dos recursos e incentivar a participação dos
usuários nos programas de descentralização.

21 CONTROLE DE ENCHENTES

Durante o processo de urbanização ocorre a retirada da cobertura vegetal para


dar espaço a novas áreas quase totalmente impermeabilizadas. Mas a cobertura
vegetal, além do seu aspecto ecológico, tem como efeito a interceptação de parte da
precipitação, ou seja, a redução do escoamento superficial e a proteção natural do
solo contra a erosão. Assim, a perda dessa cobertura vegetal terá como uma das
principais consequências o aumento da frequência de inundações devido à falta de
interceptação das precipitações, consequentemente a ocorrência de uma redução na
taxa de infiltração, e o aumento do escoamento dos rios.

Áreas de risco, como encostas íngremes, topos de morros, baixadas áreas


alagáveis e margens de corpos d’água são ocupadas pelo mercado formal e
informal o que leva a perdas econômicas, sociais e ambientais, e a
acontecimentos muitas vezes trágicos (NETTO, 2005 apud HERZOG, 2010).
61
21.1 Medidas para controle de inundações

As medidas para o controle de inundações podem ser de dois tipos: estruturais


e não-estruturais. Quando o sistema fluvial é modificado para se evitar os prejuízos
causados pelas enchentes, denominam-se de alterações provenientes de medidas
estruturais. As medidas não-estruturais procuram adequar o meio de forma natural ou
alternativa, com estudos e projetos que possam recuperar em parte as características
originais da área (taxas de retenção e infiltração das precipitações).
Entre as medidas estruturais podem-se destacar a construção de reservatórios,
diques e barragens, a melhoria do canal ou das canalizações e mudança do canal –
retificação. Quanto às medidas não-estruturais, pode-se citar regulação do uso do solo
e construções à prova de enchentes.

21.2 Zoneamento de áreas de inundações

Um dos principais aspectos relacionados com a proteção ambiental e a


drenagem urbana se refere à faixa marginal dos arroios urbanos. O Código Florestal
prevê a distância de trinta metros da margem dos arroios, definida pela seção
transversal de leito menor. No desenvolvimento da grande maioria das cidades
brasileiras este limite não é obedecido, o que dificulta o controle da infraestrutura.
Assim, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental deve prever o correto
zoneamento dessas áreas, para evitar a sua ocupação, e os consequentes riscos de
inundação.
A aplicação de um zoneamento local das áreas inundáveis engloba etapas
como a determinação do risco de enchentes, o mapeamento das áreas sujeitas à
inundação e o seu zoneamento. A utilização e o desenvolvimento dessa ferramenta
possibilitam um maior planejamento da bacia hidrográfica e permite a criação de
mapas de alerta.

22 USO RACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

O uso racional dos recursos hídricos tem como objetivo assegurar que a água,
um recurso natural essencial à vida, cumpra o seu papel no desenvolvimento
62
econômico e no bem-estar social das comunidades, e seja suficiente para continuar
como um fator de equilíbrio dos ecossistemas. Para possibilitar esse desenvolvimento,
metas e planejamentos estruturados e com rigorosos estudos científicos devem ser
realizados a fim de propiciar o controle e a utilização da água em padrões de qualidade
satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras.
Para atingir esse nível de desenvolvimento, tornam-se necessários profundos
conhecimentos dos riscos e danos em diferentes áreas e grupos, para entender,
planejar e evitar possíveis danos ao ecossistema local. Em um período em que uma
grande ênfase está sendo dada a projetos que viabilizem o uso dos recursos hídricos,
faz-se uma abordagem mais aprofundada nos itens a seguir.

22.1 Navegação e aproveitamento hidrelétrico

Uma das formas mais antigas de aproveitamento dos recursos hídricos é a


navegação. Além de um sistema eficiente, é um dos mais baratos. No Brasil ainda tem
muito por fazer nessa área, seja pela falta de infraestrutura ou mesmo pela ausência
de incentivos ao seu desenvolvimento e aproveitamento mais eficiente.
Por outro lado, o aproveitamento hidrelétrico brasileiro é exemplo internacional.
Nessa área o Brasil exporta tecnologia para diversos países do mundo.
Mas é importante ressaltar que um sistema pode interferir no outro. Um
exemplo disso, são as hidrelétricas que não possuem sistemas de eclusas para a
transposição deste “obstáculo” para que os rios sejam completamente navegáveis.
Assim, faz-se de suma importância um perfeito planejamento e viabilização de obras
futuras, bem como a adequação de plantas já existentes.
Outros fatores que se deve levar em consideração, ao se construir uma
hidrelétrica, são as alterações que poderão ser ocasionadas na região pelo lago
formado. Alguns dos efeitos que podem ocorrer, vão desde alterações no microclima
e destruição de espécies de peixes nativos, até o assoreamento do corpo d’água
devido à criação de um novo sistema de águas lênticas.

63
22.2 Abastecimento

A utilização da água como fonte de abastecimento residencial é uma das mais


nobres dos recursos hídricos. A sua efetivação pode ocorrer tanto pelo
aproveitamento de recursos superficiais, quanto subterrâneos ou de ambos.
Apesar de possuirmos grande abundância de água no Brasil, várias regiões já
sofrem com a sua escassez e chegam a buscá-la a quilômetros de distância do local
de consumo. Assim, cada vez mais torna-se necessário que sejam estabelecidas
metas de redução de consumo e sistemas de reaproveitamento da água como forma
de uso racional. Outras medidas podem ser adotadas, como por exemplo, o incentivo
da captação e reserva da água das chuvas para usos menos nobres, além de projetos
hidráulicos residenciais e industriais mais eficientes.

22.3 Irrigação e vazão ecológica

A irrigação é uma forma de aproveitamento dos recursos hídricos que possui


uma importância estratégica para o País. Além de melhorar o abastecimento interno,
tem sido uma excelente fonte de riquezas ampliando as exportações de alimentos de
excelente qualidade e competitividade.
Mas nem tudo é tão perfeito assim. Se a irrigação, como qualquer outro uso
que se faz da água, perde o controle ou ultrapassa os limites ambientais da região,
pode causar danos ambientais ao ecossistema e conflitos regionais na defesa de
interesses econômicos locais.
Deve-se lembrar que existem limites ambientalmente suportáveis para a
retirada de água de um sistema ou ambiente. O excesso de exploração pode levar a
um colapso desse sistema, afetando inicialmente o ecossistema aquático e
posteriormente toda a fauna e flora local.
Mas muitas dúvidas e perguntas sobre esse tema ainda estão sendo discutidas
e estudadas. De uma maneira geral, todo excesso cometido causa algum tipo de
desequilíbrio e deve ser evitado através da fiscalização e cobrança por usos mais
eficientes.

64
22.4 Transposição de corpos d’água

Com o objetivo de aumentar a capacidade e quantidade de água de um


determinado corpo d’água, a transposição é uma ferramenta que pode ser utilizada.
Essa transferência de água de um local para outro vem sendo utilizada há muito tempo
e para os mais diversos fins (irrigação, abastecimento, regularização, etc.).
Mas, assim como em outras atividades, a transposição deve ter critérios rígidos
quanto ao controle de danos ambientais que possam ser ocasionados e ao
estabelecimento de limites de volume e parâmetros que serão adotados.
Tudo deve seguir rigorosos conceitos hidráulicos e ecológicos para que a
solução de uns não se torne problema para todos!

23 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A legislação ambiental no Brasil é uma das mais completas e avançadas do


mundo. Criada com o intuito de proteger o meio ambiente e reduzir ao mínimo as
consequências de ações devastadoras, seu cumprimento diz respeito tanto às
pessoas físicas quanto às jurídicas.
Essas leis ambientais definem normas e infrações e devem ser conhecidas,
entendidas e praticadas. Afinal, há um processo de mudança de comportamento na
sociedade civil e no mundo empresarial, que não está associado apenas às eventuais
penalidades legais, mas à adoção de uma postura de responsabilidade compartilhada
entre todos para vencer os desafios ambientais, que já vivenciamos.
Lei 9.605/1998 - Lei dos Crimes Ambientais - Reordena a legislação ambiental
quanto às infrações e punições. Concede à sociedade, aos órgãos ambientais e ao
Ministério Público mecanismo para punir os infratores do meio ambiente. Destaca-se,
por exemplo, a possibilidade de penalização das pessoas jurídicas no caso de
ocorrência de crimes ambientais.
Lei 12.305/2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e
altera a Lei 9.605/1998 - Estabelece diretrizes à gestão integrada e ao gerenciamento
ambiental adequado dos resíduos sólidos. Propõe regras para o cumprimento de seus
objetivos em amplitude nacional e interpreta a responsabilidade como compartilhada
entre governo, empresas e sociedade. Na prática, define que todo resíduo deverá ser
65
processado apropriadamente antes da destinação final e que o infrator está sujeito a
penas passivas, inclusive, de prisão.

23.1 Outras importantes leis a serem citadas

Lei 11.445/2007 - Estabelece a Política Nacional de Saneamento


Básico - Versa sobre todos os setores do saneamento (drenagem urbana,
abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos).
Lei 9.985/2000 - Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – Entre seus objetivos estão a conservação de variedades de espécies
biológicas e dos recursos genéticos, a preservação e restauração da diversidade de
ecossistemas naturais e a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos
recursos naturais.
Lei 6.766/1979 - Lei do Parcelamento do Solo Urbano – Estabelece regras para
loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação ecológicas, naquelas onde
a poluição representa perigo à saúde e em terrenos alagadiços.
Lei 6.938/1981 - Institui a Política e o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
Estipula e define, por exemplo, que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais
que causar, independente da culpa, e que o Ministério Público pode propor ações
de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, como a obrigação de recuperar
e/ou indenizar prejuízos causados.
Lei 7.347/1985 - Lei da Ação Civil Pública – Trata da ação civil pública de
responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e ao
patrimônio artístico, turístico ou paisagístico, de responsabilidade do Ministério
Público Brasileiro.
Lei 9.433/1997- Lei de Recursos Hídricos – Institui a Política e o Sistema
Nacional de Recursos Hídricos - Define a água como recurso natural limitado, dotado
de valor econômico. Prevê também a criação do Sistema Nacional para a coleta,
tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e
fatores intervenientes em sua gestão.
Lei nº 11284/2006 - Lei de Gestão de Florestas Públicas - Normatiza o sistema
de gestão florestal em áreas públicas e com a criação do órgão regulador (Serviço
Florestal Brasileiro) e do Fundo de Desenvolvimento Florestal.

66
Lei 12.651/2012 - Novo Código Florestal Brasileiro – Revoga o Código Florestal
Brasileiro de 1965 e define que a proteção do meio ambiente natural é obrigação do
proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos de propriedade privada,
divididos entre Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
É importante lembrar que as leis enumeradas são apenas parte do Direito
Ambiental do País, que ainda possui inúmeras outras matérias, como decretos,
resoluções e atos normativos.
Há também regulamentações de órgãos comprometidos para que as leis sejam
cumpridas, como é o caso do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e do
Ministério do Meio Ambiente.
Também é preciso ter conhecimento da legislação específica de cada Estado
e, ao seguir as normas estabelecidas pela legislação federal ou estadual, sempre é
aconselhável optar pelas mais restritivas para não correr o risco de sofrer punições.

Uma organização socialmente responsável não é aquela que trata a questão


como um complemento opcional, nem como um ato de filantropia, mas sim
aquela que possui um negócio rentável, que demonstra preocupação com os
ativos e passivos ambientais, sociais e os efeitos econômicos que exerce
sobre a sociedade. (DAHLSRUD,2008, apud LUIZ, 2013).

24 POLÍTICA AMBIENTAL

Fonte: addn.com.br

67
Política Ambiental é um conjunto de ações ordenadas e práticas tomadas por
empresas e governos com o propósito de preservar o meio ambiente e garantir o
desenvolvimento sustentável do planeta. Esta política ambiental deve ser norteada
por princípios e valores ambientais que levem em consideração a sustentabilidade.
Atualmente, quase todos os governos e grandes empresas possuem políticas
ambientais. Além de mostrar para os cidadãos e consumidores quais são os princípios
ambientais seguidos, as políticas ambientais servem para minimizar os impactos
ambientais gerados pelo crescimento econômico e urbano.
Estas políticas são, portanto, importantes instrumentos para a garantia de um
futuro com desenvolvimento e preservação ambiental. São também fundamentais
para o combate ao aquecimento global do planeta (verificado nas últimas décadas),
redução significativa da poluição ambiental (ar, rios, solo e oceanos) e melhoria na
qualidade de vida das pessoas (principalmente dos grandes centros urbanos).

24.1 Ações práticas de uma política ambiental (exemplos)

Adoção de processos de reciclagem; Ações que visem à redução do consumo


de energia; Ações práticas para evitar o desperdício de água, incentivando o seu
consumo racional; Planejamento urbano adequado por parte dos governos (nestas
ações são importantes a preservação de áreas verdes e projetos de arborização
urbana); Uso, sempre que possível, de fontes de energia limpa como, por exemplo,
eólica e solar; As empresas que geram qualquer tipo de poluição em seu processo
produtivo devem adotar medidas eficazes para que estes poluentes não sejam
despejados no meio ambiente (ar, rios, lagos, oceanos e solo); As empresas devem
criar produtos com baixo consumo de energia e, sempre que possível, usar materiais
recicláveis; Criação de projetos governamentais voltados para a educação ambiental,
principalmente em escolas; Implantação das normas do ISO 14000 e obtenção do
certificado.

25 DIREITO AMBIENTAL, PRINCÍPIOS PRÓPRIOS DO DIREITO AMBIENTAL

O Direito Ambiental é referido como um dos chamados "direitos de terceira


geração", juntamente com o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito de
68
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direito de comunicação.
Possui como princípios a finalidade básica de proteger a vida em quaisquer das
formas em que está se apresente e, para garantir um padrão de existência digno para
os seres humanos, desta e das futuras gerações. Tem ainda o propósito de conciliar
a pretensão da sociedade de evoluir tecnologicamente e socialmente, com a
necessidade de garantir a preservação do equilíbrio ambiental, situação referida na
doutrina e na própria legislação ambiental como sustentabilidade.
Os princípios jurídicos ambientais podem ser implícitos e explícitos. Explícitos
são aqueles que estão claramente escritos nos textos legais e, fundamentalmente, na
Constituição da República. Implícitos serão aqueles que decorrem do sistema
normativo, em que pese não se encontrem escritos. Isso equivale a dizer que, no
ordenamento jurídico brasileiro, deve-se buscar os princípios ambientais, primeiro, em
nossa Carta Constitucional, sem prejuízo de alcançá-los nas normas
infraconstitucionais e nos fundamentos éticos e valorativos que, antes de tudo, devem
nortear as relações entre o homem e as demais formas de vida ou de manifestação
da natureza.
O Princípio do Direito Humano ao Meio Ambiente Sadio tem berço no art. 225,
caput da Constituição da República. Este princípio busca garantir a utilização
continuidade dos recursos naturais, que apesar de poderem ser utilizados, carecem
de quatro proteções, para que também possam ser dispostos pelas futuras gerações.
Para tanto é necessário que as atuais gerações tenham o direito de não serem postas
em situações de total desarmonia ambiental.
Temos o direito de viver em um ambiente sadio e livre de poluição sobre
qualquer das formas, sem que sejamos postos diante de situações que acarretem
prejuízos à qualidade de vida, em razão de posturas contrárias aos dogmas de
preservação do meio ambiente.
Trata-se de um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental, tanto no
âmbito nacional, como no internacional. Tanto é que a Declaração de Estocolmo de
1972 trouxe como direito fundamental do ser humano, a garantia de condições de vida
adequadas, em um meio ambiente de qualidade, suficiente para assegurar o bem-
estar.
Na Conferência do Rio, realizada em 1992 da Cidade do Rio de Janeiro, o
Princípio do Direito Humano ao Meio Ambiente Sadio foi reconhecido como o direito
69
dos seres humanos a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
Este princípio, que reputamos ser o mais importante a sustentar o Direito Ambiental,
deve ser lido como um alerta ao aplicador das normas ambientais. Isto porque além
de representar uma garantia ao ser humano, representa também a exigência de que
o administrador público destine especial atenção à preservação do meio ambiente nas
mais diversas formas apresentadas pela legislação ambiental.
Neste sentido e, por sua topografia no texto constitucional, o Princípio do Direito
Humano Fundamental ao Meio Ambiente Sadio deve ser interpretado como a
necessidade de o Estado focar suas ações em medidas de preservação, apenas
acolhendo subsidiariamente outras medidas de repressão ou de recomposição dos
prejuízos ambientais.

25.1 Lei de Política Nacional do Meio Ambiente

A Lei nº 6.938/81, recepcionada pela Constituição da República de 1988, cuida


da Política Nacional do Meio Ambiente. Esta lei aponta uma séria de medidas de
ordem administrativa e civil, que à época de sua edição foram tidas como necessárias
à tutela do meio ambiente.
Decerto, como veremos adiante, hoje, outras medidas foram apontadas pelo
legislador como complementares às já adotadas pela Lei nº 6.938/81, no sentido de
aprimorar a tutela do meio ambiente.
A fim de traçar um marco eficaz de atuação da Administração Pública e dos
particulares na proteção do meio ambiente, a Lei nº 6.938/81, além de apontar a
estrutura de alguns órgãos públicos, trouxe ainda os denominados instrumentos de
política ambiental.
O art. 9º da Lei nº 6.938/81 aponta os instrumentos de política ambiental, são
eles: padrões de qualidade ambiental, zoneamento ambiental, avaliação dos impactos
ambientais, licenciamento ambiental, incentivos às tecnologias voltadas para a
proteção do meio ambiente, criação de espaços territoriais protegidos, sistema
nacional de informações ambientais, cadastro técnico federal, penalidades
disciplinares e compensatórias, concessão florestal e servidão florestal (Lei nº
11.284/06).

70
O art. 6º da Lei nº 6938/81 traz o Sistema Nacional do Meio Ambiente –
SISNAMA, assim tido, em síntese, como a congregação dos órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como as fundações
públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.
O art. 8º da Lei nº 6.938/198 e o art. 4º do Decreto nº 99274/1990, trazem a
composição do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão integrante
do SISNAMA e que tem várias competências em matéria ambiental.
Dentre suas competências, damos destaque a duas, que vêm sendo objeto de
questionamento pelos examinadores, são elas:
A competência de editar normas e critérios de licenciamento ambiental (arts.
8º, I da Lei nº 6.938/1981 e 7º, I do Decreto nº 99.274/1990) e a; de decidir, como
última instância administrativa, sobre as penalidades aplicadas pelo IBAMA (art. 8º, III
da Lei nº 6.938/1981 e 7º, III do Decreto nº 99.274/1990).

25.2 Licenciamento ambiental

A norma ambiental é bem clara ao apresentar as atividades e empreendimentos


que se submetem ao prévio licenciamento ambiental. Neste sentido, temos o art. 10
da Lei nº 6.938/81, cuja redação adiante é apontada:
“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente,
integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo,
sem prejuízo de outras licenças exigíveis”.
Na mesma linha, temos o art. 2º da Resolução CONAMA n° 237/1997, cujo
texto abaixo transcrevemos:
“Art. 2º- A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos
capazes, sob 18 qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de

71
prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças
legalmente exigíveis.”
Em resumo, submetem-se ao prévio licenciamento ambiental qualquer
atividade ou empreendimento passível de causar poluição, independentemente de
quem as desempenhe.

26 DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL

Segundo NUNES (2005), desde o seu surgimento, o Direito Ambiental vem


ganhando força na legislação brasileira com o intuito de se garantir o meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Este fato se deve ao desenvolvimento econômico que
vem ocorrendo no país desde a época da colonização, com a exploração da riqueza
natural existente em solos brasileiros de forma rudimentar e predatória com o lema de
que “para crescer é necessário destruir”.

Paulo de Bessa Antunes defende que o Direito Ambiental é um fenômeno


recente em todos os países, não possuindo mais do que quarenta anos.
(ANTUNES, 2010, apud SANTOS, 2012).

A má utilização dos recursos naturais e o uso inadequado das atividades


humanas juntamente com o avanço tecnológico têm contribuído para o aumento de
danos ao meio ambiente, em escala cada vez maior, ocasionando assim um
comprometimento à saúde e à qualidade de vida tanto das presentes como das futuras
gerações.
Os problemas ambientais brasileiros, vividos mais gravemente de meados do
século XX até os dias atuais, são sobras da visão equivocada de desenvolvimento
perpetrada pelas gerações passadas e que, talvez, não dispunham de mecanismos
para dimensionar a situação hoje suportada pelas presentes gerações. (NUNES,
2005, p27).
O grande caos vivido pela sociedade nos dias de hoje é resultado da falta de
conhecimento dos povos de antigamente. A mentalidade de uma sociedade focada
somente na ideia de que é necessário se desenvolver e que para isso acontecer não
importam as consequências de suas atitudes fizeram com que as gerações de hoje, e
consequentemente as futuras enfrentem problemas gravíssimos na luta pela
sobrevivência e na luta pelo seu bem-estar.
72
“O principal desafio deste século – para os cientistas sociais, os cientistas da
natureza e todas as pessoas – será a construção de comunidades
ecologicamente sustentáveis, organizadas de tal modo que suas tecnologias
e instituições sociais – suas estruturas materiais e sociais – não prejudiquem
a capacidade intrínseca da natureza de sustentar a vida” (CAPRA, 2005,
apud NASCIMENTO, 2009).

Uma sociedade que buscou apenas os próprios interesses na luta pelo


crescimento ocasionou os problemas que a nossa geração tem vivido e para isso
foram necessárias medidas para que esses problemas não se tornassem
catastróficos.
Como resultado dessas medidas o sistema jurídico brasileiro passou a ser
composto por normas jurídicas infraconstitucionais que visam à preservação do meio
natural, entre elas a Lei nº 4.771/65 (Código Florestal) que estabelece que as florestas
e demais vegetações que existem no território nacional são bens de interesse comum
da sociedade e que o direito de propriedade deve ser exercido observando-a; a Lei nº
6.902/81 (Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental) que dispõe sobre a
criação pelo governo federal, pelos estados e municípios, de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental e as permissões para a exploração desses solos; a Lei
nº 9.433/97 (Lei dos Recursos Hídricos) que criou o Sistema Nacional de Recursos
Hídricos e instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, e a Lei nº 9.605/98 (Lei
dos Crimes Ambientais) que para as condutas lesivas ao meio ambiente estabelece
sanções penais e administrativas e dá outras providências aos crimes ambientais.
Uma lei importante e que merece destaque é a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de
1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos
de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente, cria o
Conselho Nacional do Meio Ambiente e institui o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e instrumentos de Defesa Ambiental. A respeito desta Lei o autor Gleucio
Santos Nunes (2005, p. 31) assim conclui:

Suas virtudes podem ser sintetizadas na definição do conceito de poluição e


poluidor, bem como no estabelecimento de diretrizes a serem implementadas
pelo Poder Público e pela sociedade, a fim de minimizarem-se os efeitos da
exploração predatória dos recursos naturais. (NUNES, 2005, apud EDDINE,
2009)

Porém somente a partir de 5 de outubro de 1988, com a promulgação da


Constituição Federal brasileira, que “o meio ambiente passou a ser formalmente
considerado um bem jurídico.” (NUNES, p. 33). Os artigos 1º a 4º da Constituição
73
Federal estabelecem princípios fundamentais a serem observados pelo Estado
Democrático de Direito, dentre eles:
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamento:
I – a soberania
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
De acordo com Celso Antônio Pacheco Fiorillo e Renata Marques Ferreira
(2005, p. 4 e 5) é necessário que esses fundamentos elencados no art. 1º da Carta
Magna sejam obedecidos a fim de existir um direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Para eles, “a pessoa humana é verdadeira razão de ser do direito
ambiental brasileiro.”
O fundamento da soberania, primeiro inciso do artigo citado pressupõe que “O
direito ambiental está situado dentro de nosso poder de fazer e anular leis de forma
exclusiva em nosso território, organizando nossa racionalização jurídica.”
O segundo fundamento é o da cidadania, que pressupõe a dignidade social a
todos os brasileiros e estrangeiros no país, “independentemente da inserção
econômica, social, cultural e política.”
A dignidade da pessoa humana é o terceiro inciso do artigo 1º da Constituição
e assegura que “O direito ambiental brasileiro é construído a partir da dignidade da
pessoa humana.”
O quarto fundamento constitucional dos valores do trabalho e da livre iniciativa
garante que:

A economia capitalista que visa à obtenção do lucro estará sempre presente


nas relações jurídicas ambientais, balizada pelos valores maiores e
superiores da dignidade da pessoa humana, o que significa harmonizar a
ordem econômica com a defesa do meio ambiente. (art. 170, VI, da
Constituição Federal). (FIORILLO, e FERREIRA, 2005, p. 4).

E por último temos o quinto fundamento que é o pluralismo político que


“depende das formas de controle ligadas as estruturas de poder dentro do Estado
Democrático de Direito.”
74
Além desses fundamentos a serem observados na aplicação de normas
ambientais dispostas nos primeiros artigos da Carta Magna, podemos nos direcionar
especificamente ao estudo do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, em seu
título VIII, que tratou de cuidar especialmente em seu Capítulo VI da matéria do meio
ambiente:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse
direito, incumbe ao poder público:

I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas;
II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais à crueldade (...).
Com o decorrer dos anos é possível perceber que a defesa e proteção ao Meio
Ambiente têm recebido especial destaque no território brasileiro, por intermédio da
criação de leis, projetos de leis e decretos. São decisões que consagram a sua
preservação de modo cada vez mais minucioso, dando poder não a um ente da
federação apenas, mas atribuindo à União, Estados, Municípios e Distrito Federal
75
competência para legislarem sobre a matéria ambiental. São normas e diretrizes
estabelecidas para que a qualidade de vida em nosso território seja garantida de forma
igualitária a todas as pessoas que habitam e desfrutam de todos os elementos que
constituem o meio ambiente que os cercam.

26.1 Princípios fundamentais do direito ambiental brasileiro

Com relação aos princípios inerentes ao Direto Ambiental presentes no art. 225
da Carta Magna, uma breve análise será feita. Esses princípios são fundamentos de
sistemas de governo e têm sido adotados internacionalmente diante da necessidade
de se preservar a natureza, com o objetivo de se garantir uma melhoria na qualidade
de vida planetária. É também com a finalidade principal de se alcançar um meio
ecologicamente equilibrado que os Estados os têm colocado em prática.
A seguir, o entendimento de Celso Antônio Pacheco Fiorillo em sua obra Curso
de Direito Ambiental Brasileiro de 2001:

Aludidos princípios constituem pedras basilares dos sistemas político


jurídicos dos Estados civilizados, sendo adotado internacionalmente como
fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada e indicativos do caminho
adequado para a proteção ambiental, em conformidade com a realidade
social e os valores culturais de cada Estado. (FIORILLO, 2001, ps. 22 e 23).

Os princípios do direito ambiental na Constituição Federal podem ser tratados


como princípios da Política Global do Meio Ambiente, conforme FIORILLO (2001),
pois se tratam de “princípios genéricos e diretores aplicáveis à proteção do meio
ambiente.”

A formação de um sistema de gerenciamento dos riscos ambientais decorre


das irritações provocadas por uma nova sociedade industrial, produzindo
desvios nas estruturas jurídicas vigentes em ressonância aos ruídos do
ambiente. (DE CARVALHO, 2009, apud OLIVEIRA, 2012).

76
27 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Fonte: grupossolos.com

Restauração: o conceito de restauração remete ao objetivo de reproduzir as


condições originais exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela
intervenção. Um exemplo de restauração é o plantio misto de espécies nativas para
regeneração da vegetação original, de acordo com as normas do Código Florestal.
Recuperação: o conceito de recuperação está associado à ideia de que o local
alterado deverá ter qualidades próximas às anteriores, devolvendo o equilíbrio dos
processos ambientais. Os Sistemas Agroflorestais (SAF) regenerativos, que
consistem em sistemas produtivos diversificados e com estrutura semelhante à
vegetação original, têm sido usados com êxito na região norte do país para recuperar
áreas degradadas por pastagens.
Reabilitação: a reabilitação é um recurso utilizado quando a melhor (ou talvez
a única viável) solução for o desenvolvimento de uma atividade alternativa adequada
ao uso humano e não aquela de reconstituir a vegetação original, mas desde que seja
planejada de modo a não causar impactos negativos no ambiente. A conversão de
sistemas agrícolas convencionais para o sistema agroecológico é uma forma
importante de reabilitação, que vem melhorando a qualidade ambiental e a dos
alimentos produzidos.

77
27.1 Áreas degradadas: formas e exemplos de degradação

Até 1920, à exceção das secas do Nordeste, a água no Brasil não


representou problemas ou limitações. A cultura da abundância atualmente
prevalecente teve origem nesse período. Ao longo da década de 70 e mais
acentuadamente na de 80, a sociedade começou a despertar para as
ameaças a que estaria sujeita se não mudasse de comportamento quanto ao
uso de seus recursos hídricos. Foram instituídas nesses anos várias
comissões interministeriais para encontrar meios de aprimorar o sistema de
uso múltiplo dos recursos hídricos e minimizar os riscos de comprometimento
de sua qualidade, principalmente no que se refere às futuras gerações, pois
a vulnerabilidade desse recurso natural já começava a se fazer sentir.
(RODRIGUEZ, 1998, apud MORAES, 2002).

Em termos gerais, qualquer alteração causada pelo Homem no ambiente gera,


em última análise, algum tipo de degradação ambiental. Na pesquisa para elaboração
deste material, constatamos que as definições de área degradada e degradação
ambiental variam muito de acordo com o referencial. O Guia de Recuperação de Áreas
Degradadas, publicado pela SABESP, (2003, p. 4) define degradação ambiental,
como sendo “as modificações impostas pela sociedade aos ecossistemas naturais,
alterando (degradando) as suas características físicas, químicas e biológicas,
comprometendo, assim, a qualidade de vida dos seres humanos.”
Em “Meio Ambiente: Aplicando a Lei”, Neves e Tostes (1992, p. 20) colocam a
seguinte definição para o ato de degradar: “Degradar é deteriorar, estragar. É o
processo de transformação do meio ambiente que leva à perda de suas características
positivas e até à sua extinção”. Os autores lembram que, ao longo do tempo, tanto
aqueles que exercem atividades econômicas, quanto o Poder Público, têm provocado
degradação ambiental. Com relação ao Estado são citadas as seguintes fontes de
degradação: as estatais poluidoras, más gestões de saneamento, e incentivos fiscais
a atividades degradantes (como foi observado com o incentivo à pecuária na região
amazônica).

Já Luís Enrique SÁNCHEZ (2001) define a degradação do solo, como um


termo mais amplo do que poluição (do solo), englobando: “(I) a perda de
matéria devido à erosão ou a movimentos de massa, (II) o acúmulo de matéria
alóctone (de fora do local) recobrindo o solo, (III) a alteração negativa de suas
propriedades físicas, tais como sua estrutura ou grau de compacidade, (IV) a
alteração das características químicas, (V) a morte ou alteração das
comunidades de organismos vivos do solo”. (SÁNCHEZ, 2001, apud PIOLLI,
2004, p. 8)

78
Todos estes tipos de degradação, levantados por Sánchez, podem ser
intensificados no caso de desflorestamento das áreas de preservação permanente, o
que já justificaria a importância de recuperar, o mais rápido possível, a vegetação
original dessas áreas.
O meio urbano degradado: No meio urbano, o simples fato da maior parte
das áreas serem desflorestadas já constitui um sério problema ambiental. No entanto,
as cidades acumulam inúmeros outros problemas ambientais. Os veículos movidos a
combustíveis fósseis lançam no ar toneladas de partículas poluentes, que prejudicam
o funcionamento de todos os ambientes próximos, além de serem a causa de diversos
problemas de saúde para o ser humano. Outra consequência do uso de combustíveis
fósseis é a formação de ácidos, a partir dos óxidos de carbono e enxofre, que resultam
nas chuvas ácidas. Esse fenômeno altera de forma negativa os ecossistemas
aquáticos, prejudicando a agricultura e as florestas.
Especialistas na matéria há tempos têm advertido o poder público e a
sociedade sobre a necessidade imediata de um replanejamento do destino de todos
os resíduos sólidos. O modo de vida nas cidades tem gerado sérios problemas em
decorrência do excesso de produção de lixo, que inutilizam e poluem grandes áreas.
A questão dos lixões e o esgotamento dos Aterros Sanitários é um sério problema
para todos os municípios. A preocupação com o destino desses resíduos vem
crescendo: ao invés de causar prejuízos sociais e ambientais o lixo pode gerar lucro.
A criação de cooperativas de “catadores de lixo”, é um exemplo de solução que
associa o sustento econômico de muitas famílias à preservação ambiental.
Outro sério problema nos centros urbanos é o lançamento de esgotos
domésticos e industriais considerados a principal forma de poluição das águas. A
advertência dos ecólogos sobre a necessidade de tratamento adequado também não
é recente. Porém, mesmo nos países ricos, a recuperação de rios começou a
acontecer nos últimos anos, sendo que ainda há muito que se fazer. O Rio Tietê em
São Paulo talvez seja o exemplo mais gritante nessa questão, onde bilhões de dólares
estão sendo investidos para recuperar o estrago causado pela atividade humana.

79
27.2 Planejamento Urbano Influindo na degradação ambiental

A falta de planejamento nas grandes cidades leva a uma mudança brusca no


ciclo natural das águas, gerando uma série de problemas ambientais. O mais comum
deles são as inundações. A falta de áreas verdes, a impermeabilização do solo e
canalização dos rios e córregos, são apontados como os principais causadores das
inundações. Além disso, o acúmulo de resíduos lançados pelo Homem nos cursos
d’água provoca o assoreamento do leito, intensificando o problema das inundações e
diminuindo as chances de vida de inúmeras espécies. Portanto, projetos de
despoluição e reflorestamento (não só à beira dos rios) nas cidades são fundamentais
para o equilíbrio ambiental e para o bem-estar social, proporcionando um regime de
águas mais próximo ao natural.
Resíduos industriais: As indústrias lançam nas águas, diariamente, toneladas
de substâncias que não podem ser decompostas por processos naturais, e que
consequentemente acumulam-se nos seres vivos. Os chamados metais pesados. Os
resíduos industriais podem ainda se acumular no solo, tornando extensas áreas
impróprias para a maior parte das atividades humanas. A recente contaminação do
solo no condomínio de chácaras no município de Paulínia, é apenas um exemplo das
consequências desse tipo de degradação: quando o problema foi detectado, dezenas
de pessoas já haviam sido contaminadas de forma irreversível ao se alimentaram de
frutas e verduras produzidas em solo contaminado.
O Modelo Agrícola: Há muito tem se discutido os impactos negativos das
atividades agrícolas resultantes da chamada Revolução Verde. Nesse modelo
agrícola, o uso de adubos industriais, herbicidas e inseticidas tem poluído o ambiente,
além de contaminar os alimentos com substâncias tóxicas. A monocultura, adotada
nesse modelo, além de ser dependente de constantes intervenções geradoras de
poluição e erosão do solo, provoca a redução da biodiversidade local e em muitos
casos comprometem o patrimônio genético da agricultura.
Para se ter uma noção da influência da expansão das fronteiras agrícolas na
degradação ambiental, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente, 33% da
vegetação do cerrado das nascentes do Rio Xingu e de seus afluentes já foram
destruídas. A bacia do Rio Xingu atravessa dois importantes biomas brasileiros, o
Cerrado e a Floresta Amazônica, com um território de 2,6 mil hectares e o principal

80
vetor deste ritmo de degradação é o modelo de atividade agropecuária, implantado a
partir da década de 60.
Várias alternativas vêm sendo desenvolvidas no intuito de gerar formas de
produção de alimentos mais saudáveis e menos impactantes para o meio ambiente.
A permacultura, sistemas agroflorestais, agricultura biodinâmica e controle biológico
de pragas são algumas das principais formas de produção agrícola – chamadas
genericamente de agricultura orgânica ou agroecológica – que respeitam o ambiente
e a saúde humana. No entanto, o estabelecimento e viabilidade da agroecologia
sofrem fortes resistências dos céticos e, principalmente, de grandes grupos
econômicos que se beneficiam de todo o conjunto de produtos industriais (tratores,
sementes, fertilizantes e defensivos) que acompanham o modelo da Revolução Verde.
Ainda são necessários investimentos em pesquisas e divulgação dos benefícios e
modos de produção orgânica, para efetivamente diminuir os impactos desastrosos
que a atividade agrícola convencional vem promovendo. Deve-se agregar ainda o fato
de que 20% da safra de soja 2004/2005 ter sido plantada com sementes transgênicas.
A erosão: O problema da erosão – quase sempre resultante de algum tipo de
degradação ambiental – pode gerar mais degradação na medida em que se
desenvolve, como, por exemplo, o assoreamento de rios e perda de área agrícola.
Práticas agrícolas incorretas e desmatamento indiscriminado podem ser apontados
como os principais responsáveis pelos processos erosivos. Nesses casos, o
reflorestamento e as mudanças nos sistemas de cultivo poderiam atenuar de maneira
significativa o problema; em áreas rurais, vários fatores interagem para determinar a
intensidade desse processo erosivo. Entre eles, podemos destacar: Índice
pluviométrico; Características do solo (textura e estrutura); Tamanho e declividade da
encosta; Tipos de uso e manejo do solo; Práticas conservacionistas adotadas
(conjunto de práticas no sentido de diminuir a erosão).
No ambiente urbano a erosão pode ser ainda mais desastrosa: deslizamentos
de terra nas encostas dos morros, resultam em milhares de vítimas e desabrigados,
provocam o assoreamento dos rios e, além de gerar prejuízos, transmitem doenças
contagiosas. Para atenuar esses problemas, o reflorestamento, pelo menos de áreas
críticas e de preservação permanente, se faz urgente.

81
28 A IMPORTÂNCIA DA MATA CILIAR

Fonte: ecodebate.com.br

A quantidade de água em contato com o solo é um dos fatores determinantes


no processo de erosão; as margens dos rios são, portanto, extremamente vulneráveis
a ela, o que pode causar danos gravíssimos, como assoreamento e perdas de solo
para agricultura. Na natureza, ao longo dos anos, a instalação de uma vegetação nas
margens dos rios foi fundamental para a estabilização e existência dos leitos: as Matas
Ciliares, assim denominadas pela similaridade da ação exercida pelos cílios na
proteção dos olhos.
As Matas Ciliares também atuam como um filtro natural para eventuais resíduos
de produtos químicos, fertilizantes e agrotóxicos, e o próprio processo erosivo. Os
cursos d’água que apresentam sua mata ciliar íntegra são menos impactados por
estes agentes. Formam longos corredores de vegetação ao longo dos rios
contribuindo para a manutenção da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas.

O Brasil é, a nível mundial, um dos países de maior biodiversidade, haja vista


que apresenta cerca de 10% dos organismos existentes no mundo e 30% das
florestas tropicais (MITTERMEIR et al., 1992, apud COSTA, 2014).

82
28.1 Formas de recuperação da mata ciliar

O processo de instalação lento e gradual de organismos em um determinado


local é chamado de sucessão ecológica. No caso desse processo ocorrer em uma
área até então desabitada, diz-se que ocorre sucessão primária; no caso de instalação
de organismos em uma área que já se constituía como um ecossistema, como, por
exemplo, uma área de mata desmatada ou queimada, dizemos que ocorre sucessão
secundária.
A sucessão primária pode ocorrer em rochas inabitadas, em áreas cobertas por
lava vulcânica resfriada ou ainda em telhados antigos. A ausência de nutrientes
orgânicos não permite a sobrevivência de organismos heterótrofos (que não
produzem o próprio alimento), e a escassez de nutrientes inorgânicos dificulta a
sobrevivência de autótrofos (que produzem o seu alimento) de grande porte. Devido
à capacidade de síntese de matéria orgânica e ao pequeno porte os primeiros
organismos a se desenvolverem nessas condições são os liquens, as cianobactérias
e os musgos, que são chamados de organismos pioneiros e constituem, juntamente
com os consumidores e decompositores desses seres, as comunidades pioneiras.
Com o passar do tempo, a decomposição de fezes, tecidos e organismos
mortos produz nutrientes inorgânicos, como os nitratos e os fosfatos, permitindo a
sobrevivência de gramíneas, herbáceas, e animais invertebrados e vertebrados de
pequeno porte. Esses organismos constituem as chamadas comunidades
intermediárias ou seres.
As comunidades intermediárias ou seres, propiciam o desenvolvimento das
árvores da vegetação “adulta” (geralmente de ciclo de vida longo), que formam as
comunidades clímax. Já o processo de sucessão secundária ocorre em locais
anteriormente povoados, cujas comunidades saíram do estágio de clímax por
modificações climáticas, pela intervenção humana (como em um terreno desmatado
ou queimado), ou pela queda de uma árvore na mata abrindo uma clareira na floresta.
Nesses casos, a sucessão se dá a partir das comunidades intermediárias (seres), e
na ausência de perturbações ambientais – como por exemplo, queimadas, poluição
do ar e do solo, agrotóxicos e novos desmatamentos – a comunidade pode se
desenvolver até atingir o clímax, como descrito para a sucessão primária. No entanto,
quase sempre os fatores de perturbação ambiental ocorrem, dificultando e, às vezes,

83
até impedindo o processo de sucessão natural. O tempo para esse processo
acontecer é muito longo, podendo ultrapassar 60 anos, para alguns tipos de
ambientes, mesmo na ausência total de problemas ambientais. O estudo dos detalhes
do processo de sucessão ecológica é, portanto, fundamental para que possamos
auxiliar, de maneira positiva, o processo de dinâmica do desenvolvimento da
vegetação, seja aumentando a velocidade da recomposição da vegetação ou
contornando as perturbações ambientais. Um fator importante que deve ser sempre
levado em consideração é que as espécies arbóreas têm diferentes necessidades e
resistências com relação à luz solar.
Algumas espécies só se desenvolvem com radiação solar direta, durante todo
o ciclo de vida (são as árvores pioneiras). Essas plantas são interessantes para iniciar
o processo de recuperação, gerando sombra para aquelas árvores que necessitam
de menos luz. As árvores predominantes na vegetação adulta (clímax), chamadas de
climáticas, têm pouquíssima tolerância à luz durante seu desenvolvimento. Um
terceiro grupo, o das secundárias, que necessitam de mais luz que as climácicas,
porém, não suportam tão bem o excesso de luz quanto as pioneiras. As árvores
secundárias, em alguns casos, são subdivididas em grupos, de acordo com sua
tolerância à luz (que pode ser maior ou menor). Maiores detalhes com relação a essas
características serão abordados no capítulo seguinte: o reflorestamento.

29 PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA O SUCESSO DO REFLORESTAMENTO,


SELEÇÃO DE ESPÉCIES.

Para a recomposição da mata nativa devem ser usadas somente espécies


originais do próprio local, pois, além de reconstituir com mais fidelidade o ambiente
original, as plantas nativas têm muito mais chances de se adaptarem ao ambiente.
Quando se trata da recuperação da mata ciliar, devem ser tomados alguns cuidados
especiais, tais como:
Condições do solo; Elevação do nível do rio; escolha das espécies mais
adequadas e o seu ciclo de vida.
Muitas vezes, as áreas na beira dos rios estão sujeitas a alagamentos
temporários, portanto, não basta escolher espécies nativas da região, elas têm que se
adaptar às condições específicas deste ambiente.
84
Outro fator a ser levado em conta, são as raízes das plantas. Muitas delas
atingem o lençol freático, portanto as espécies escolhidas devem se desenvolver bem
nessas situações.

30 CONCLUSÃO

A definição mais aceita para Desenvolvimento Sustentável, é o


desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Desde o ano de 1992, um movimento internacional foi lançado pela Comissão
para o Desenvolvimento Sustentável (CSD) das Nações Unidas com o objetivo de
construir indicadores de sustentabilidade. Reunindo governos nacionais, instituições
acadêmicas, ONG’s, organizações do sistema das Nações Unidas e especialistas de
todo o mundo, esse movimento pretende colocar em prática os capítulos 8 e 40 da
“Agenda 21” firmada na Eco- 92, referentes à necessidade de informações para a
tomada de decisões. (ONU, 1992).
Sustentabilidade estratégica: Refere-se aos investimentos ligados ao core
business (negócio central) da empresa e baseiam-se nas restrições e nos problemas
ambientais e sociais existentes. Uma estratégia corporativa ampla e de longo-prazo,
integrada com os objetivos centrais do negócio e com as suas competências
essenciais atuando para criar mudança social positiva e valor para o negócio e que
está inserida nas operações negociais do dia a dia é o que se pode chamar de CSR
Estratégica ou ainda Sustentabilidade Estratégica.

31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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