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Manual de Curso de licenciatura em Gestão

Ambiental

Avaliação integrada dos Recursos


Naturais e Ordenamento Territorial
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino à Distância
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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,

gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
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E-mail:ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
Carlos Manuel Santos Pires, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e
instituições na elaboração deste manual:

Pela maquetização e revisão final


Elaborado Por: Carlos Manuel Santos Pires (MA)

Licenciado em Geografia e Mestre em Gestão e Administração Educacional


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. i

Índice
Visão geral 3
Benvindo ao estudo da Avaliação Integrada dos Recursos Naturais e Ordenamento
Territorial ........................................................................................................................3
Objectivos do curso...........................................................................................................3
Quem deveria estudar este módulo....................................................................................4
Como está estruturado este módulo...................................................................................4
Ícones de actividade...........................................................................................................5
Habilidades de estudo........................................................................................................5
Precisa de apoio?...............................................................................................................6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação).................................................................................6
Avaliação...........................................................................................................................7

Unidade I 08
Conceitos, aspectos gerais da Avaliação dos R.Naturais e ordenamento do território08
Introdução.......................................................................................................................08
Sumário............................................................................................................................21
Exercícios........................................................................................................................22

Unidade II 23
Bases Teóricas,técnicas e metodologias de avaliação dos Recursos Naturais.............23
Introdução..............................................................................................................23
Sumário............................................................................................................................34
Exercícios........................................................................................................................34

Unidade III 35
Inventariação e Avaliação dos Recursos Naturais........................................................35
Introdução..............................................................................................................35
Sumário............................................................................................................................41
Exercícios........................................................................................................................42

Unidade IV 43
Riscos Relacionados com o Uso dos Recursos Naturais...............................................43
Introdução..............................................................................................................43
Sumário............................................................................................................................52
Exercícios........................................................................................................................52

Unidade V 53
Gestão dos Recursos Naturais........................................................................................53
Introdução..............................................................................................................53
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Sumário............................................................................................................................72
Exercícios........................................................................................................................72

Unidade VI 73
Sistemas Estruturais dos Territórios.......................................................................................73
Introdução..............................................................................................................73
Sumário............................................................................................................................91
Exercícios........................................................................................................................92

Unidade VII 93
A Politica do Ambiente e sua Regulamentação em Moçambique................................93
Introdução..............................................................................................................93
Sumário..........................................................................................................................108
Exercícios......................................................................................................................109

Unidade VIII 110


Planeamento Fisico em Ordenamento Territorial.....................................................110
Introdução............................................................................................................110
Sumário..........................................................................................................................115
Exercícios......................................................................................................................116

Unidade IX 117
Métodos e Técnicas de pesquisa em ordenamento territorial em meio urbano.........117
Introdução............................................................................................................117
Sumário..........................................................................................................................127
Exercícios......................................................................................................................128

Unidade X 129
Métodos e técnicas de pesquisa em ordenamento territorial em meio rural..............129
Introdução............................................................................................................129
Sumário..........................................................................................................................139
Exercícios......................................................................................................................139

Unidade XI 140
Ordenamento Territorial e protecção ambiental........................................................140
Introdução............................................................................................................140
Sumário..........................................................................................................................153
Exercícicios
Questionário……………………………………………………………………………….154
Bibliografia………………………………………………………………………………..156
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Visão geral

Bem-vindo ao estudo da Avaliação integrada dos Recursos


Naturais e Ordenamento Territorial

Esta cadeira visa trazer conhecimentos sobre a avaliação no seu


todo com relação aos recursos naturais e o respectivo ordenamento.
Nesta cadeira os estudantes irão desenvolver competências e
conhecimento no campo teórico e técnicas de Avaliação Integrada
dos Recursos Naturais e Ordenamento, bem como o
desenvolvimento de atitude crítica na análise de processos e
técnicas de Avaliação Integrada dos Recursos Naturais e
Ordenamento Territorial, propondo formas de Intervenção e
Participação em equipas que realizam estudos de âmbito de
Avaliação Integrada dos Recursos Naturais e Ordenamento
Territorial, visando a melhoria da qualidade das formas de
ocupação de espaço no mundo e em particular em Moçambique.

Objectivos do curso

Quando terminar o estudo da Avaliação Integrada dos Recursos


Naturais e Ordenamento Territorial, os estudantes devem ser
capazes de:

 Compreender a importância da gestão racional dos recursos


naturais e das políticas de gestão como instrumentos activos
da economia;
 Conceber a relacionamento entre ordenamento territorial e
Objectivos
o ambiente;
 Desenvolver conceitos de qualidade de vida, através de
gestão racional dos recursos naturais;
 Elaborar planos básicos de planeamento e metodologias de
ordenamento territorial;
 Monitorar a gestão de recursos naturais, através de
ferramentas de planificação e ordenamento territorial.
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Quem deveria estudar este mó dulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram se
formar em Gestão Ambiental e que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Gestão Ambiental, no Centro de Ensino a Distância -
UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos
sobre a Avaliação Integrada dos Recursos naturais e Ordenamento
Territorial.

Como está estruturado este


mó dulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias índice completo.

Uma visão geral detalhada


do curso / módulo,
resumindo os aspectos-chave
que você precisa conhecer
para completar o estudo.
Recomendamos vivamente
que leia esta secção com
atenção antes de começar o
seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na Internet.
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Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar
melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no
estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com
estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar.
Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo
dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o
ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um
intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas
horas/sem interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar
que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas
partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações,
porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e
insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de
memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso
torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde
define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana;
Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
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É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem
o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a
estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens,
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a
melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar
o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc.). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliaçã o e auto-avaliaçã o)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor/docentes.
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Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiaríamos deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)
palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliaçã o
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
Consulte-os.
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Unidade : I. Aspectos Gerais da Avaliação dos Recursos


naturais e Ordenamento Territorial

Aspectos Gerais da Avaliação dos Recursos


Naturais e Ordenamento Territorial
Introdução
Nesta unidade falaremos dos aspectos gerais da Avaliação dos
Recursos naturais e do Ordenamento Territorial. Far-se-á menção
aos conceitos, recursos naturais, Avaliação dos Recursos Naturais
bem como do Ordenamento Territorial e sua relação com os
recursos naturais

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Conhecer os conceitos de
Objectivos Recursos naturais, Avaliação
dos recursos naturais, bem
como do ordenamento
territorial.

Compreender a relação que


os recursos naturais têm com
o território. Explicar como o
ordenamento territorial influi
na avaliação dos recursos
naturais.
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AVALIAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Para se avaliar os recursos naturais deve-se ter em conta:

 Meio Físico - estuda a climatologia, a qualidade do ar, o


ruído, a geologia, a geomorfologia, os recursos hídricos
(hidrologia, hidrologia superficial, oceanografia física,
qualidade das águas, uso da água), e o solo;
 Meio Biológico - estuda o ecossistema terrestre, o
ecossistema aquático e o ecossistema de transição;
 Meio Antrópico - estuda a dinâmica populacional, uso e
ocupação do solo, nível de vida, estrutura produtiva e de
serviço e organização social.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 10

Antes porém começaremos com o conceito Recurso natural e sua


classificação
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 11
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Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 13
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 14
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 15
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 16

A avaliação dos recursos naturais causados por processos de


extracção destes na natureza para responder a demanda e o
desenvolvimento vem sendo estudada de maneira que na economia
se possa internalizar os custos ocorridos com os impactos e uso dos
recursos naturais. Além disso, é notório o interesse mundial pela
conservação, manutenção e recuperação dos recursos naturais,
visando uma melhoria da qualidade de vida e do bem-estar social.

A problemática da avaliação dos recursos naturais passa por dois


factores de suma importância: a análise do problema e sua
mensuração (valoração e custos incorridos). Assim, os critérios de
avaliação dos recursos naturais passam pela determinação de
critérios qualitativos e quantitativos.

A questão da internalização económica do uso dos recursos


naturais, vem levantando o interesse de estudiosos e pesquisadores
desde o início do século. Embora esta preocupação tenha ocorrido
inicialmente em virtude do grande crescimento populacional e
desenvolvimento industrial, visando suprir a vontade do homem em
satisfazer suas necessidades, hoje seu carácter encontra-se atrelado
à sustentabilidade. Ao mesmo tempo, há uma preocupação também
com os suprimentos e direitos das gerações futuras, quanto ao meio
ambiente.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 17

Assim, a área de gestão ambiental muito necessita, ou melhor,


possui um campo vasto para pesquisa e trabalhos direccionados ao
estudo dos custos atrelados ao processo e/ou produtos que fazem
uso dos recursos naturais. Então o problema na área da avaliação
dos recursos naturais consiste em como internalizar e avaliar os
custos do produto através do processo produtivo ou do projecto do
produto, tendo em vista a utilização dos bens retirados do ambiente
e dos gastos com tratamentos de efluentes, lançados ao meio
ambiente.

Embora a avaliação das perdas e prejuízos ambientais para a área


social venha sendo analisada na sua amplitude por diferentes áreas
de estudo (ecologia, economia, etc.), tem-se observado que ainda
são poucos os estudos científicos para a diversificação da questão.
(BYRNE, 1996)

Desta maneira, o foco principal dos estudos de avaliação dos


recursos naturais passa a ser sua quantificação e a determinação
do valor agregado, iniciando no projecto do produto, passando
por sua fabricação (processo produtivo) até seu descarte final.

Assim, conhecer e identificar quais são as variáveis que interferem


no valor agregado do produto ou processo produtivo e como
trabalhá-las, considerando-se a gestão ambiental, constitui-se o
núcleo do trabalho de pesquisa para o tratamento dos custos e sua
internalização.

Desta forma, o estudo e aplicação de metodologias, técnicas, e


métodos para identificar e avaliar os custos dentro da gestão
ambiental passa a ser motivo de competitividade e factor de
estratégia global.

Portanto, as questões relacionadas às perdas, ao uso indiscriminado


dos recursos naturais e lançamentos de efluentes ao meio ambiente
têm conduzido vários estudiosos a questionarem os custos das
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 18

actividades e processos produtivos na busca de soluções para este


problema. Este fato exige que seja conhecida a parcela dos custos
ambientais que farão parte do cálculo dos custos do produto e
quanto a sociedade encontra-se disposta a pagar pelo acréscimo no
preço final do produto.

A internalização dos custos com o uso dos recursos naturais e do


tratamento de efluentes (sólidos, líquidos e gasosos) derivados do
processo produtivo e do uso de produtos, pode vir a se constituir
em uma estratégia de conservação ambiental e melhoria da
qualidade de vida. Apesar disso, há a necessidade de estudos
teóricos e práticos desta questão, de forma mais aprofundada e nos
mais variados sectores produtivos (metal-mecânico, papel e
celulose, etc.).

Observa-se na literatura especializada, um aprimoramento nos


modelos e metodologias de avaliação. Porém, ainda são escassas as
informações estatísticas sistematizadas sobre os custos dos da
avaliação dos recursos naturais no processo produtivo, pois elas
provêm, em geral, de períodos recentes e encontradas somente em
determinados sectores industriais.

A seguir procurar-se-á descrever, sumariamente, as principais


metodologias envolvidas no estudo da problemática da avaliação e
internalização económica da variável ambiental nos custos do
processo produtivo. Não cabe aqui um tratamento extenso de
nenhuma destas metodologias pela própria natureza do trabalho,
mas uma menção é necessária, visto que estas informações
colaboram com o estabelecimento de directrizes gerais do estudo
da avaliação dos recursos naturais, sugerida neste módulo

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)


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A Avaliação de Impacto Ambiental tem sido utilizada há algum


tempo como mecanismo para licenciamento para projectos com
processos e/ou produtos que venham a agredir o meio ambiente,
tornando-se assim um instrumento da política nacional de meio
ambiente, tanto para países industrializados quanto para os países
Impacto Ambiental permite aos dirigentes da organização e
comunidades uma visão ampla de todas as agressões que o
empreendimento possa causar ao meio ambiente em
desenvolvimento.

A Avaliação de, ao ambiente de trabalho e à sua vizinhança,


fazendo com que as decisões por alternativas estejam concentradas
em conjunto, de maneira que as acções sejam orientadas pela meta
da empresa e de seu Gerenciamento Ambiental.

A Avaliação de Impacto Ambiental é estabelecida a partir dos


Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Estes estudos são
constituídos de um conjunto de actividades técnicas e científicas
que incluem o diagnóstico ambiental com a característica de
identificar, prevenir, medir e interpretar, quando possível, os
impactos ambientais. Consequentemente é gerado o RIMA
(Relatório de Impactos Ambientais) - documento que esclarece e
sintetiza as conclusões dos EIA. Deste modo, o RIMA torna-se um
instrumento importante para a política ambiental em geral, visando
avaliar desde a proposta do empreendimento até o exame
sistemático dos impactos ambientais de uma determinada acção.

PIMENTEL (1992), contribui com essa questão ressaltando que a


AIA não é um instrumento de decisão, mas sim de subsídio ao
processo de tomada de decisão. Seu propósito é de obter
informações através do exame sistemático das actividades do
projecto. Isto permite que se possa maximizar os benefícios,
considerando os factores saúde, bem-estar humano e meio
ambiente como elementos dinâmicos no estudo para avaliação.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 20

A Avaliação de Impacto Ambiental pode então ser considerada


como uma componente integrada no desenvolvimento de projecto e
como parte do processo de decisão, proporcionando uma retro
alimentação contínua entre as conclusões e a concepção da
proposta (VERDUM, 1992).

Os métodos utilizados em uma AIA envolvem, além da inter e


multidisciplinaridade exigida pelo tema, as questões de
subjectividade, os parâmetros que permitam quantificação e os
itens qualitativos e quantitativos. Desta forma, torna-se possível
observar a magnitude de importância destes parâmetros e a
probabilidade dos impactos ocorrerem, a fim de se obter dados que
aproximem o estudo de uma conclusão mais realística.

. Considerações sobre o ordenamento do território

 O ordenamento do território é, fundamentalmente, a gestão da


interacção homem/espaço natural. Consiste no planeamento das
ocupações, no potenciar do aproveitamento das infra-estruturas
existentes e no assegurar da preservação de recursos limitados.

Os diferentes planos, para serem eficazes, têm que ser enquadráveis


a diversas escalas de análise, dependendo a efectividade de todos
eles da coerência dos restantes. Um plano nacional de ordenamento
do território tem que se basear na lógica dos planos das diferentes
regiões; estes, por sua vez, têm por base planos municipais que
definem o uso dos solos e estabelecem princípios para a gestão das
cidades e das aldeias do local; os aglomerados deverão ser
organizados por planos operativos que regulem e ordenem a sua
estrutura construída, os seus edifícios, e que definam coerências
para a localização das diferentes funções que neles coexistem – a
indústria, o comércio, a habitação ou a agricultura. São os Planos
de Urbanização, os de Pormenor ou de Salvaguarda que, e mais
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 21

uma vez a escalas diversas, delimitam e desenham as malhas que


estruturam e definem a urbe.

É a interacção destas escalas que permite a determinação de


estratégias de planeamento coerentes: a definição de princípios para
o uso de um certo recurso a uma escala maior condiciona os planos
que dele dependem; no entanto, a possibilidade de compreender
com a devida profundidade as questões que a gestão desse recurso
levanta só poderá ser aferida a escalas menores; e como estabelecer
prioridades sem compreender as dinâmicas existentes no terreno?
Como tentar definir opções sem conhecer a realidade das
populações?

O planeamento tem que ser pensado compreendendo a estrutura das


ocupações humanas: a sua diversidade, as suas inter-relações e
interacções e a complexidade das razões que justificam cada uma
delas.

São diversos os tipos de ocupação do homem no território; são


diferentes os usos impostos ao solo. São variados os aglomerados
humanos resultantes, diferentes em dimensão e em características,
justificando-se e sendo ao mesmo tempo razão das utilizações que
se estabelecem no território. Funções como a agricultura ou a
indústria, o comércio ou os serviços encontram no tipo de
aglomerado os argumentos para o seu estabelecimento, moldando e
transformando a forma destes, estabelecendo relações de
cumplicidade. São modos de ocupar o território, distintos nos seus
conceitos e finalidades, que se complementam, sustentando a
colonização humana. Os aglomerados humanos, sendo todos eles
diversos e complexos nas suas razões, relacionam-se e justificam
entre si a forma que o homem encontrou para se estabelecer, ocupar
e usar os recursos da natureza.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 22

É necessário compreender que uma vila não é uma cidade em ponto


pequeno, assim como uma aldeia não é somente um pequeno
aglomerado, mas sim um povoamento do espaço com um tipo de
vivência próprio que o caracteriza e justifica.

As diferenças entre a urbanidade e a ruralidade advêm de culturas


diversas, de razões completamente dissemelhantes de ocupar e usar
o território, de onde resultam formas de vida singulares.

Ordenar o território Como Forma de Usar racionalmente os


Recursos Naturais

Um dos aspectos que salta à vista quando olhamos para o território


é o desordenamento com que as diversas actividades têm vindo a
ser levadas a cabo, pondo em causa o equilíbrio que deve existir
entre o território, o homem e os recursos naturais. O
desordenamento, caracterizado pela ocupação desregrada e
desorganizada do espaço territorial, agravado pela exploração
insustentável dos recursos naturais, traduz-se, entre muitos outros
problemas, na perda de cobertura florestal, especialmente no que
diz respeito aos ecossistemas considerados sensíveis e, portanto,
dignos de protecção especial. Estes problemas conduziram à
necessidade de se aprovar um novo quadro legal sobre o
ordenamento do território, do qual emerge precisamente a Lei do
Ordenamento do Território (Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho) e o
respectivo Regulamento (aprovado através do Decreto n.º 23/2008,
de 1 de Julho). A Lei define o ordenamento territorial como um
conjunto de princípios, directivas e regras que visam garantir a
organização do espaço nacional através de um processo dinâmico,
contínuo, flexível e participativo na busca do equilíbrio entre o
homem, o meio físico e os recursos naturais, com vista à promoção
do desenvolvimento sustentável. Foi para o efeito definido como
objectivo fundamental do ordenamento do território: “visa
assegurar a organização do espaço nacional e a utilização
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 23

sustentável dos seus recursos naturais, observando as condições


legais, administrativas, culturais e materiais favoráveis ao
desenvolvimento social e económico do país, à promoção da
qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do meio
ambiente”.

Sumá rio

Para se avaliar os recursos naturais deve-se ter em conta: Meio


Biológico, meio físico e meio Antrópico. A problemática da avaliação
dos recursos naturais passa por dois factores de suma importância: a
análise do problema e a sua valorização. O ordenamento do território é,
fundamentalmente, a gestão da interacção homem/espaço natural.
Consiste no planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento
das infra-estruturas existentes e no assegurar da preservação de recursos.
O desordenamento, caracterizado pela ocupação desregrada e
desorganizada do espaço territorial, agravado pela exploração
insustentável dos recursos naturais leva a destruição dos ecossistemas
sensíveis e, portanto, dignos de protecção especial.

Exercícios
1. Qual a relação ordenamento territorial e Recursos naturais

2. Porque avaliar os Recursos naturais

3. O que se deve ter em conta para avaliar os Recursos naturais

4. Enuncie a essência dessa lei: (Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho) e


o respectivo Regulamento (aprovado através do Decreto n.º
23/2008, de 1 de Julho).

5. Explica como o ordenar o território pode ser uma das formas de


usar racionalmente os recursos naturais
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 24

Unidade: II. Bases teóricas, Técnicas e


Metodologias de Avaliação dos Recursos naturais

Introdução
A terra costuma ser definida como uma entidade física, em termos de
sua topografia e sua natureza espacial; uma visão integradora mais
ampla também inclui no conceito os recursos naturais; os solos, os
minérios, a água e abiota que compõem a terra. A terra é um recurso
finito, enquanto os recursos naturais que ela sustenta podem
variar com o tempo e de acordo com as condições de gestão e os
usos a eles atribuídos. As crescentes necessidades humanas e a
expansão das actividades económicas estão exercendo uma pressão
cada vez maior sobre os recursos terrestres, criando competição e
conflitos e tendo como resultado um uso impróprio tanto da terra
como dos recursos naturais. Assim sendo, nesta unidade nos
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 25

propusemos a apresentar as técnicas e metodologias para avaliar esses


recursos naturais de modo a tornar a sua extracção sustentável

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Definir: Recursos Naturais


Conhecer a classificação dos recursos naturais
Descrever os seus valores do ponto de vista económico, social, cultural
e ambiental
Objectivos Definir o valor do recurso natural
Identificar os métodos de valoração dos RN (Recursos Naturais)
Taxonomia dos Explicar cada um desses métodos

Avaliação dos
Recursos Naturais

A AVALIAÇÃO

Segundo GUBA & LINCOLN (1990), a trajectória histórica dos


processos de avaliação, passa de um primeiro estágio, centrado na
medida dos fenómenos analisados, para a focalização das formas de
atingir resultados, evoluindo para um julgamento das intervenções
e, finalmente, tendendo a constituir “um processo de negociação
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 26

entre os atores envolvidos na intervenção a ser avaliada”


(CONSTANDRIOPOULOS, 1997).
O termo “avaliação” é amplamente usado em muitos e diversos
contextos, sempre se referindo a julgamentos. Por exemplo, se
vamos ao cinema ou ao teatro formamos uma opinião pessoal sobre
o que vimos, considerando satisfatório ou não. Quando assistimos a
um jogo de futebol, formamos opinião sobre as habilidades dos
jogadores. E assim por diante. Estes são julgamentos informais que
efectuamos quotidianamente sobre todos os aspectos das nossas
vidas. Porém, há avaliações muito mais rigorosas e formais,
envolvendo julgamentos detalhados e criteriosos, sobre a
consecução de metas, por exemplo, em programas de redução da
exclusão social, melhoria da saúde dos idosos, prevenção da
delinquência juvenil ou diminuição de infecções hospitalares. Essas
correspondem à avaliação formal, que é o exame sistemático de
certos objectos, baseado em procedimentos científicos de colecta e
análise de informação sobre o conteúdo, estrutura, processo,
resultados e/ou impactos de políticas, programas, projectos ou
quaisquer intervenções planejadas na realidade (RUA, 2000).

Mas afinal o que é Avaliação?

As definições de avaliação são muitas, mas um aspecto consensual


é a sua característica de atribuição de valor. A decisão de aplicar
recursos em uma acção pública sugere o reconhecimento do valor
de seus objectivos pela sociedade, sendo assim, sua avaliação deve
“verificar o cumprimento de objectivos e validar continuamente o
valor social incorporado ao cumprimento desses objectivos”
(MOKATE, 2002).
A avaliação representa um potente instrumento de gestão na
medida em que pode – e deve - ser utilizada durante todo o ciclo da
gestão, subsidiando desde o planeamento e formulação de uma
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 27

intervenção, o acompanhamento de sua implementação, os


consequentes ajustes a serem adoptados, e até as decisões sobre sua
manutenção, aperfeiçoamento, mudança de rumo ou interrupção.
Além disso, a avaliação pode contribuir para a viabilização de
todas as actividades de controlo interno, externo, por instituições
públicas e pela sociedade levando maior transparência e
accountability às acções de governo. Por isso, MOKATE (2002)
defende que uma das características chave da avaliação deve ser
sua integração a todo o ciclo de gestão, desenvolvendo-se
simultaneamente a ele, desde o momento inicial da identificação do
problema.
Assim sendo, é possível reconhecer que a avaliação contém duas
dimensões. A primeira é técnica, segundo procedimentos
reconhecidos, A segunda é valorativa.

As restrições orçamentárias impõem à sociedade a necessidade de


responder duas perguntas fundamentais relativas à protecção
ambiental:
(i) quais os recursos ambientais em que devemos centralizar
esforços?
(ii) quais métodos devemos utilizar para atingir os objectivos
desejados?
Resumindo, há que se definir prioridades quanto ao que queremos
conservar e onde. Até agora, a abordagem predominante tem se
baseado no critério ambiental, biológico ou geográfico. Tendo em
mente o propósito deste módulo, é importante enfatizar que,
independente da adopção de um determinado critério, podemos
aumentar a eficiência da gestão ambiental (i.e., capacidade de
atingir os objectivos desejados) com a utilização complementar de
um critério económico. Ou seja, reforçando a dimensão humana da
gestão ambiental. As principais proposições estão aqui sumarizadas
em três tópicos:
(i) Análise Custo-Benefício (ACB)
(ii) Análise Custo-Utilidade (ACU)
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 28

(iii) Análise Custo-Eficiência (ACE)


Como será discutido nas subsecções seguintes, ACB e ACU são
métodos determinantes de prioridades, enquanto ACE é mais
proveitoso para a definição de acções quando prioridades já estão
definidas.
DETERMINANDO PRIORIDADES COM O CRITÉRIO
ECONÔMICO
a) Análise Custo-Benefício (ACB)
A ACB é a técnica económica mais utilizada para a determinação
de prioridades na avaliação de políticas. Seu objectivo é comparar
custos e benefícios associados aos impactos das estratégias
alternativas de políticas em termos de seus valores monetários.
Note que benefícios são aqueles bens e serviços ecológicos, cuja
conservação acarretará na recuperação ou manutenção destes para a
sociedade, impactando positivamente o bem-estar das pessoas. Por
outro lado, os custos representam o bem-estar que se deixou de ter
em função do desvio dos recursos da economia para políticas
ambientais em detrimento de outras actividades económicas. Os
benefícios, assim como os custos, devem ser também definidos
segundo quem se apropria ou sofre as consequências destes.
b) Análise Custo-Utilidade (e viabilidade institucional) (ACU)
Têm-se observado consideráveis esforços de pesquisa para calcular
um indicador de benefícios capaz de integrar os critérios
económicos e ecológico4. Ao invés de usar uma única medida do
valor monetário de um determinado benefício, os indicadores são
calculados para valores económicos e também para o critério
ecológico, como, por exemplo: insubstitutibilidade,
vulnerabilidade, grau de ameaça, representatividade e
criticabilidade.

c) Análise Custo-Eficiência (ACE)


Caso a estimação de benefícios ou utilidade se mostrar muito difícil
ou com custos acima da capacidade institucional, prioridades serão
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 29

ordenadas somente com base somente no critério ecológico. Neste


caso, o que os tomadores de decisão podem fazer é empreender
uma análise custo-eficiência. A ACE considera as várias opções
disponíveis para se alcançar uma prioridade política pré-definida e
compara os custos relativos destas em atingir seus objectivos. Desta
maneira, é possível identificar a opção que assegura a obtenção do
resultado desejado aos menores custos. Note que a ACE não ordena
opções para definir prioridades. A ACE deve ser encarada como
um instrumental para definição de acções, tendo em vista que a
prioridade já foi devidamente definida.

A terra costuma ser definida como uma entidade física, em termos


de sua topografia e sua natureza espacial; uma visão integradora
mais ampla também inclui no conceito os recursos naturais; os
solos, os minérios, a água e a biota que compõem a terra. Esses
componentes estão organizados em ecossistemas que oferecem
uma grande variedade de serviços essenciais para a manutenção da
integridade dos sistemas que sustentam a vida e a capacidade
produtiva do meio ambiente.

Os recursos naturais são usados para inúmeros fins, que interagem


e podem competir uns com os outros; em decorrência, é desejável
avaliar, planear e gerenciar todos os usos de forma integrada. A
integração deve ter lugar em dois níveis, considerando-se, por um
lado, todos os factores ambientais, sociais e económicos (como por
exemplo o impacto dos diversos sectores económicos e sociais
sobre o meio ambiente e os recursos naturais) e, por outro, todos os
componentes ambientais e de recursos reunidos (ou seja, ar, água,
biota, terra e recursos geológicos e naturais). Essa visão integrada
de avaliação dos recursos naturais facilita as opções e alternâncias
adequadas e desse modo maximiza a produtividade e o uso
sustentável.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 30

Análise da avaliação integrada dos Recursos naturais

A avaliação integrada dos Recursos Naturais (RN), quase sempre é


um processo complicado, dada a interdependência das variáveis
ambientais envolvidas, realçando a importância da
interdisciplinaridade. A experiência tem mostrado que a situação
irreversível de muitas acções antrópicas na paisagem, acentuou a
necessidade de uma investigação científica direccionada para as
relações e interacções entre natureza e sociedade, e em especial a
determinação quantitativa de tais relações no meio ambiente.

Valor Econômico do Recurso Ambiental (VERA)

Como Avaliar para Valorizar Economicamente o bem


Ambiental,

Como avaliar e valorizar um bem ambiental uma vez que se trata


de um bem com características tão peculiares? Inicialmente, o
desafio consiste na inexistência de mercado consumidor para
determinados bens. Como avaliar a demanda? A Economia
Ambiental desenvolveu o conceito analítico de Valor Económico
dos Recursos Ambientais (VERA), que encerra quatro formas de
atribuição de valor, de acordo com MOTTA (2006):
VERA = (VUD + VUI + VO) + VE
Os termos podem ser definidos da seguinte forma:
VUD – Valor de Uso Directo: valor que os indivíduos atribuem ao
bem ambiental por sua utilização directa, por exemplo, ao
extractivismo vegetal;
VUI – Valor de Uso Indirecto: valor atribuído ao bem ambiental
pelo benefício obtido por intermédio das relações ecológicas entre
os elementos de um ecossistema, por exemplo, pela manutenção da.
No plano internacional, foram lançados os Princípios do Equador
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 31

em Washington, em 2003 – já adoptados por instituições


financeiras brasileiras, como resultado da reunião de um grupo de
bancos com o Grupo do Banco Mundial em Londres, no ano
anterior, visando à determinação, à avaliação e ao gerenciamento
de riscos ambientais e sociais na concessão de financiamentos a
projectos de desenvolvimento. Dentre eles, aqui merece destaque o
segundo princípio que remete à necessidade de avaliação sócio
ambiental do impacto e dos riscos do projecto a ser financiado,
associada à proposição de medidas mitigadoras e de
gerenciamento. Nele está implícita a ideia de valoração económica
dos bens ambientais, uma vez que ela servirá de base, por exemplo,
para indemnizações civis ou aplicação de sanções pecuniárias.
Apesar de agregar novos elementos à valoração dos bens
ambientais, a denominação Vera encerra viés utilitarista ao referir-
se a recursos ambientais, e não a bens ambientais, uma vez que,
segundo o próprio conceito de Vera, há, em tese, bens ambientais
cujo valor corresponde tão-somente ao seu direito de existência
(VE) em decorrência de sua inutilidade como insumo para a
espécie humana. VO – Valor de Opção: é o valor conferido pelos
indivíduos para preservação de recursos que podem ser utilizados
de modo directo ou indirecto no futuro próximo, por exemplo,
terapias provenientes de substâncias derivadas de plantas tropicais
ainda não catalogadas; VE – Valor de Existência: valor associado
ao direito de existência de espécies distintas da humana e de
riquezas naturais, por motivos altruístas, éticos, morais ou culturais,
desvinculado da possibilidade de seu uso directo, indirecto,
presente ou futuro. Com fundamento no Vera, a valoração
económica dos bens ambientais pode ser realizada por: (a) métodos
da função de produção – método da produtividade marginal e
método de mercados de bens substitutos; e (b) métodos da função
de demanda – método de mercado de bens complementares
(preços hedônicos, métodos do custo de viagem e método da
valoração contingente.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 32

Os métodos da função de produção estimam indirectamente o


valor económico de determinado bem ambiental, levando em conta
a existência de preços de mercado de um bem privado para o qual
sirva de substituto, ou cuja produção o demande como
insumo.

Os métodos da função de demanda, por sua vez, usam formas


directas de estimação do valor económico dos bens ambientais,
com base na disposição dos agentes económicos em pagar ou
aceitar pelos bens ou serviços a ele complementares ou por meio da
criação de mercados hipotéticos específicos.

O Método da Valoração Contingente (MVC) é o único, entre os


apresentados, adequado para estimar o valor existencial dos bens
ambientais. Em síntese, o MVC consiste na elaboração de pesquisa
de campo abrangente sobre a disposição do consumidor em pagar
ou aceitar a variabilidade de determinado bem ambiental e em
calcular a função demanda desse mercado hipotético. O pioneiro na
utilização do MVC foi Robert K. Davis, em área recreacional, em
Maine, nos EUA, na década
de 60 do século XX

Valor de Uso do Recurso Ambiental

• Valor de Uso Direto: deriva do uso do recurso ambiental


na atividade produtiva (ex.: extração) ou no consumo (ex.:
visitação)
• Valor de Uso Indireto: deriva das funções ecossistêmicas
do recurso ambiental (ex.: proteção do solo, proteção de
mananciais hídricos)
• Valor de Opção: deriva da disposição de conservar o
recurso ambiental para uso direto ou indireto no futuro (ex.:
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 33

valor de uso decorrente de fármacos ainda não descobertos,


desenvolvidos a partir da flora nativa de uma região)

Valor de Existência

Valor de “não-uso” que deriva de uma posição moral, cultural,


ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies
não humanas ou de preservação de outras riquezas naturais, mesmo
que não apresentem uso atual ou possibilidade de uso futuro,
como, por exemplo, a preservação de espécies existentes em
regiões remotas do planeta

Métodos Indiretos

Baseados em:
• estimativas de custos associados a danos
• mercados de bens substitutos
• função de produção
Incorporam principalmente o VU
Métodos:
• custos de reposição
• custos de relocalização
• custos defensivos ou de proteção evitados
• custos de controle evitados
• [custo de oportunidade de conservação]

Métodos Directos
Baseados em:
• mercados de bens complementares
– método de preços hedônicos
– método do custo de viagem
– mercados hipotéticos
– método da valoração contingente
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 34

Métodos baseados em custo de produção

Aplicável à valoração de danos ambientais.

Estima os gastos necessários em bens substitutos para restaurar a


capacidade produtiva e as funções ecossistêmicas de um recurso
ambiental degradado:

Métodos de Custo de Reposição

Exemplo: valoração do dano ambiental em


manancial de abastecimento atingido por efluentes de
esgotos sanitários.
qualidade ambiental (bem sem mercado)
x
custos de recuperação (mercados de bens substitutos)

Métodos de Custos Defensivos ou de Protecção Evitados

Aplicável à valoração de um recurso ou dano ambiental.

Estima o valor de um recurso ambiental por meio dos gastos


evitados ou a serem evitados com atividades defensivas, substitutas
ou complementares que podem ser consideradas como uma
aproximação monetária das variações de bem-estar do recurso
ambiental.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento.

Sumá rio
Valor Econômico do Recurso Ambiental (VERA):VERA = (VUD+VUI+VO)
+ VE onde: VERA = valor econômico do recurso ambiental ;VUD = valor de
uso direto ;VUI = valor de uso indireto ;VO = valor de opção ;VE = valor de
existência .Métodos Directos:Baseados em,mercados
complementares,método de preços hedônicos,método do custo de
viagem,mercados hipotéticos,método da valoração contingente.Métodos
de bens

indirectos: custos de reposição,custos de relocalização,custos defensivos ou de


proteção evitados,custos de controle evitados,[custo de oportunidade de
conservação]

Exercícios

1. Explica como se procede as avaliações directas:

a) Métodos de preços hedônicos, método do custo de viagem


35

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Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 36

2. Explica como se avalia os RN usando os métodos indirectos


como: estimativas de custos associados a danos; mercados de
bens substitutos; função de produção
3. Porque é que para avaliar um RN temos que ter em conta o seu
valor de uso directo, usos indirecto e valor de opção

Unidade : III Inventariação e avaliação dos recursos


naturais

Introduçã o

Do ponto de vista científico é muito difícil fazer-se um inventário


mundial das espécies dos animais e plantas, isto é, nenhuma
medida objectiva isolada de biodiversidade é possível. O inventário
dos recursos naturais tem praticidade quando feita localmente e por
espécies. Assim sendo nesta unidade trataremos de demonstrar o
que é e como é feito este inventário dos recursos naturais.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 37

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Conhecer o conceito
Inventário dos RN,

Objectivos Explicar como se processa


esse inventário

Descrever os passos a serem


seguidos para se fazer o
inventário dos RN

Fazer inventário dos RN da


sua região

Conhecer o inventário dos


RN de Moçambique

Inventário dos Recursos Naturais de Moçambique

Moçambique é país vasto com 780,000 km2, incluindo 620,000


km2 cobertos por uma vegetação, e 87,000 km2 de áreas
protegidas, para apenas 21 milhões de habitantes. O seu clima e a
costa marítima, onde desaguam muitos rios, entre os quais o
Zambeze, fazem com que Moçambique seja particularmente
vulnerável aos desastres naturais (cheias, seca, ciclones, etc.). O
País possui abundantes recursos naturais: água, terra arável
cobrindo diferentes zonas agro ecológicas (sendo cultivadas apenas
12%), potencial de energia hidroeléctrica (incluindo Cahora Bassa,
a segunda maior barragem em África), gás e outras riquezas do
subsolo. Significativos recursos minerais e pesqueiros têm jogado
um papel importante como reserva económica. O potencial da
silvicultura do País tem sido certamente subaproveitado, ainda que
haja um grande desperdício com as actuais práticas insustentáveis.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 38

A biodiversidade de Moçambique é impressionante, (com mais de


5,500 espécies de plantas, 220 mamíferos, 690 aves), com uma
grande parte de espécies endémicas. Segundo o Banco Mundial
(2005)1, com 65% da população a viver nas zonas rurais, “a
economia do País continuará sem dúvidas a contar com a grande
parte da sua base no recurso natural.

Mesmo com as rápidas taxas de urbanização, a subsistência e o


bem-estar de grande parte dos Moçambicanos continuará a
depender do seu acesso a terra, recursos de água, produtos
florestais, pescas, minas, e outros recursos naturais.” Ademais, o
desenvolvimento da agricultura comercial, chave para o
crescimento económico e redução da pobreza irá salientar o desafio
de uma gestão inclusiva e sustentável de recursos naturais.

Como medir a biodiversidade

Do ponto de vista previamente definido, nenhuma medida objectiva


isolada de biodiversidade é possível, apenas medidas relacionadas
com propósitos particulares ou aplicações. Para os
conservacionistas práticos, essa medida deveria quantificar um
valor que é, ao mesmo tempo, altamente compartilhado entre as
pessoas localmente afectadas.

Para outros, uma definição mais abrangente e mais defensável


economicamente, é aquela cujas medidas deveriam permitir a
assegurar possibilidades continuadas tanto para a adaptação quanto
para o uso futuro pelas pessoas, assegurando uma sustentabilidade
ambiental. Como consequência, os biólogos argumentaram que
essa medida é possivelmente associada à variedade de genes. Uma
vez que não se pode dizer sempre quais genes são mais prováveis
de serem mais benéficos, a melhor escolha para a conservação é
assegurar a persistência do maior número possível de genes. Para
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 39

os etólogos, essa abordagem às vezes é considerada inadequada e


muito restrita.

Inventário de espécies

A Sistemática mede a biodiversidade simplesmente pela distinção


entre espécies. Pelo menos 1,75 milhões de espécies foram
descritas; entretanto, a estimativa do verdadeiro número de
espécies existentes varia de 3,6 para mais de 100 milhões. Diz-se
que o conhecimento das espécies e das famílias tornou-se
insuficiente e deve ser suplementado por uma maior compreensão
das funções, interacções e comunidades. Além disso, as trocas de
genes que ocorrem entre as espécies tendem a adicionar
complexidade ao inventário.

A biodiversidade está ameaçada / Declínio contemporâneo da


biodiversidade mundial

Durante as últimas décadas, uma grande erosão da biodiversidade


vem sendo observada. A maioria dos biólogos acredita que uma
extinção em massa está a caminho. Apesar de divididos a respeito
dos números, muitos cientistas acreditam que a taxa de perda de
espécies é maior agora do que em qualquer outra época da história
da Terra. Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies
de plantas conhecidas estão sob ameaça de extinção. Alguns dizem
que cerca de 20% de todas as espécies viventes podem desaparecer
em 30 anos. Quase todos dizem que as perdas são decorrentes das
actividades humanas, em particular a destruição dos habitats de
plantas e animais. Alguns justificam a situação não tanto pelo sobre
uso das espécies ou pela degradação do ecossistema quanto pela
conversão deles em ecossistemas muito padronizados (ex.:
monocultura seguida de desmatamento). Antes de 1992, outros
mostraram que nenhum direito de propriedade ou nenhuma
regulamentação de acesso aos recursos necessariamente leva à
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 40

diminuição dos processos de degradação, a menos que haja apoio


da comunidade.

O que é Inventário Florestal

O Inventário Florestal é o procedimento para obter informações


sobre as características quantitativas e qualitativas da floresta e de
muitas outras características das áreas sobre as quais a floresta está
desenvolvendo (HUSH et al. 1993). De acordo com Soares et al.
(2006) um inventário florestal completo pode fornecer diversas
informações entre elas:

a)Estimativa de área; b) Descrição da topografia) Mapeamento da


propriedade; d) Descrição de acessos; e)Facilidade de transporte da
madeira; f)Estimativa da quantidade e qualidade de diferentes
recursos florestais; g)Estimativa de crescimento (se o inventário for
realizado mais de uma vez)

Tipos de Inventário Florestal

De acordo com PÉLLICO NETTO E BRENA (1997), os


inventários florestais podem ser classificados em diversos tipos de
acordo com seus objectivos, abrangência, forma de obtenção dos
dados, abordagem da população no tempo e grau de
detalhadamente dos seus resultados.

a) Quanto aos objectivos

Inventário de cunho táctico

São inventários realizados para atender a demanda de uma empresa


florestal, tais como conhecimento da dinâmica da floresta,
elaboração de plano de manejo e exploração florestal

Inventário de cunho estratégico


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 41

São utilizados para instruir o poder público na formulação de


políticas de conservação, desenvolvimento e uso dos recursos
florestais.

b) Quanto à abrangência

Inventário florestal Nacional

São inventários extensivos que cobrem países inteiros, visando


fornecer as bases para a definição de políticas florestais e para a
elaboração de planos de desenvolvimento e uso das florestas.

Inventário florestal regional

Realizado em grandes áreas com o objectivo de embaçar planos


estratégicos de desenvolvimento regional, adopção de medidas
visando preservar certas espécies, estudos de viabilidade de
empresas florestais.

Inventário florestal de área restrita

São os mais comuns e constituem a maioria dos inventários


florestais. Em geral, visam determinar o potencial florestal para
utilização imediata ou embaçar a elaboração de planos de manejo.

c) Quanto à obtenção dos dados

Enumeração total ou censo

Nesse tipo de inventário todos os indivíduos da população são


observados e medidos, obtendo-se os valores reais ou verdadeiros,
isto é, os parâmetros da população.

d) Quanto à abordagem da população no tempo

Inventário de uma ocasião ou temporários


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 42

São caracterizados por uma única abordagem da população no


tempo. Desse modo a estrutura da amostragem definida para o
inventário é materializada para uma única colecta de dados.

Inventário contínuo

São caracterizados por várias abordagens da população no tempo,


isto é, o inventário é repetido periodicamente. A estrutura de
amostragem é materializada de modo duradouro, tendo em vista as
sucessivas colectas de dados.

e) Quanto ao detalhadamente dos resultados

Inventário exploratório

Este tipo de inventário é aplicado em geral em grandes áreas em


nível de estado ou país. Os principais objectivos dos inventários
exploratórios são: avaliar a cobertura florestal de determinada
região, sua localização, extensão e caracterizar os tipos florestais
existentes.

Inventário faunístico possibilita o levantamento das espécies da


região

Para fazer uma listagem de animais em uma área são necessárias


técnicas específicas para captura, demarcação e devolução do
animal à natureza Assim como as plantas que são colectadas e
catalogadas em herbários, os bichos também precisam ser
documentados para não serem esquecidos pelo tempo e para que
possam servir de material de consulta. Para isso existem os
inventários faunísticos ou levantamentos faunísticos, ou seja, de
animais, que podem ser feitos de várias maneiras e nunca têm um
fim, afinal, a diversidade de espécies é enorme e mutável.

“É praticamente impossível definir todas as espécies, conhecer


todos os bichos de uma região. Dá para ter a amostragem. Às
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 43

vezes, determinados trabalhos ajudam a direcionar mais para


determinadas espécie. Por exemplo, encontrando um felino de
grande porte, sabemos qual outra população pode estar legal.
Porque se tem uma onça parda numa área significa que aquele
ecossistema está sendo recuperado, logo, outras espécies têm
condição de estar ali também”, explica o veterinário Marcos Felipe
Rocha, do Centro de Treinamento Selvagem em Foco.

Um inventário é um levantamento de campo para determinar a


presença de espécies em um determinado lugar. "O primeiro passo,
para qualquer plano de manejo e conservação, é o conhecimento de
sua fauna e flora. Para isso os inventários são realizados. O
inventário de fauna nada mais é que técnicas utilizadas para o
registro e documentação das espécies que ocorrem em uma região
ou uma localidade pré-determinada. De forma geral, os inventários
são utilizados para determinar áreas importantes para conservação e
planos de manejo, podendo ser feitos em qualquer lugar. Os
inventários podem ser usados para conhecimento da fauna da
localidade ou região, registrar espécies ameaçadas em uma dada
região, verificar o estado de conservação ambiental de um local
entre outros

Sumá rio
Um inventário é um levantamento de campo para determinar a presença
de espécies em um determinado lugar. "O primeiro passo, para qualquer
plano de manejo e conservação, é o conhecimento de sua fauna e flora.
Para isso os inventários são realizados. O inventário de fauna nada mais
é que técnicas utilizadas para o registro e documentação das espécies
que ocorrem em uma região ou uma localidade pré-determinada. De
forma geral, os inventários são utilizados para determinar áreas
importantes para conservação e planos de manejo, podendo ser feitos em
qualquer lugar. Existem vários tipos de inventários quer de fauna quer
de flora.

Exercícios
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 44

1. O que é inventário dos recursos naturais


2. Como se processa o inventário dos RN
3. Qual a importância do inventário dos RN
4. Porque é difícil fazer-se um inventário mundial dos RN

Unidade : IV: Riscos Relacionados com o Uso dos


Recursos Naturais
Introduçã o
A A necessidade de controle ambiental da exploração dos recursos
naturais advém da multiplicidade de impactos ambientais que a
actividade, quando exercida de forma indiscriminada, pode
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 45

ocasionar ao meio ambiente. Tal é o caso do maneio em


ecossistemas terrestres - a exploração da madeira, da lenha, dos
subprodutos florestais e a silvicultura (povoamentos florestais) -
cujos impactos ambientais afectam os ecossistemas
comprometendo a existência de formações vegetais nativas,
espécies vegetais e animais endêmicas, fauna migratória, espécies
raras e ameaçadas de extinção, etc. O patrimônio genético e a
biodiversidade podem ser impactados pela introdução de espécies
exóticas, que pode resultar em danos para a biota silvestre, podendo
levar à extinção de espécies e a escassez de vários recursos
naturais, desde os renováveis até aos irrenováveis. Nesta hunidade
vamos abordar os riscos decorrentes da exploração dos recursos
naturais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Conhecer os impactos
positivos e negativos da

Objectivos exploração dos RN

Caracterizar os RN

Descrever os impactos
positivos e negativos do uso
insustentável dos RN

Explicar como a escassez


dos RN poderão provocar
conflitos no futuro

Explicar a relação consumo


e escassez dos RN e seu
impacto para a humanidade

A Relação entre o Consumo e a Escassez dos Recursos


Naturais: uma Abordagem Histórica
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 46

Falar da exploração dos Recursos Naturais (RN), tem de se levar


em conta 03 épocas distintas, onde a humanidade passou por três
fases bem diferentes. A primeira começou a partir da época da pré-
história, aonde se entendia que os recursos naturais retirados da
natureza eram unicamente para o fim de sobrevivência humana.
A segunda fase compreende a partir do momento em que o ser
humano adquire os conhecimentos suficientes para transformar as
matérias-primas em produtos úteis que poderiam gerar e acumular
capital, compreendendo a partir da fase do feudalismo, o
mercantilismo até a transição ao capitalismo, com a reactivação do
comércio a partir do século XIV, após as epidemias que assolaram
a Europa, chegando à mecanização da produção com a Revolução
Industrial (PETTA & OJEDA, 2003).
A terceira e última fase, é a que vivemos actualmente. É a fase da
procura pelo bem-estar, pela obrigação extrema de saciar
necessidades criadas pelos outros em nós e pela substituição de
emoções e sentimentos imateriais em troca da aquisição de bens
materiais, a fim de que se possa supri-los de maneira mais rápida e
prática possível. Em outras palavras, é a cultura na qual fomos
obrigatoriamente inseridos e que ainda impera e regula nossas
vidas: o consumismo.
A pré-história e a revolução agrícola
A primeira fase que compreende este artigo é a fase que abrange
desde a pré-história até o século III. Ela envolve o momento inicial
em que o homem passa a se utilizar daquilo o que está disponível
no ambiente com o qual convive. Há milhares de anos atrás o ser
humano utilizava os recursos naturais exclusivamente como meio
de subsistência, sem outras intenções. Ele ainda não tinha o
conhecimento necessário para transformar em bens aquilo o que
possuía em mãos. Era apenas questão de sobreviver.
Há aproximadamente 10 mil anos, a população humana era cerca
10 milhões e as pessoas viviam como grupos de caçadores e
recolectores nómadas. Em algumas regiões a população já tinha
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 47

começado a exceder as plantas e a caça até então abundantes


(MEADOWS et al, 2007).
MEADOWS et al (2007) citam que para se adaptarem à situação
do desaparecimento dos recursos naturais, uma parte da população
intensificou seu estilo migratório de vida, enquanto que outra parte
começou a domesticar animais, cultivar plantas e a se assentarem
em uma localidade. Ainda se vivia da economia de subsistência,
com famílias de produtores de pequena escala, mas que
acreditavam que os recursos naturais eram abundantes e
inesgotáveis e que eram consumidos de maneira desordenada.
A segunda fase está relacionada com o feudalismo e início do
capitalismo como sistema económico-social remonta à última fase
do feudalismo, levando-se em conta que o mercantilismo serviu de
ponte nessa transição (PETTA & OJEDA, 2003).
A revolução industrial vem promover a passagem de uma
economia agrícola para uma economia industrial em todo o mundo.
A população cresceu abruptamente nesse século, provocando a
necessidade de uma agricultura mais eficiente. A mecanização
agrícola acelerou a produção, reduziu os custos com mão-de-obra e
barateou os produtos, aumentando ainda mais a demanda. A
crescente necessidade de roupas e demanda por alimentos não era
mais suprida pela produção tradicional, provocando também a
mecanização do sector têxtil e a criação de novas técnicas de uso da
água, do carvão e do vapor, que impulsionaram a actividade
industrial e a procura cada vez maior dos RN

Atender o consumo de uma população em constante crescimento


exponencial foi o factor principal das intervenções tecnológicas que
permitiram a Revolução Industrial. Até então os recursos naturais
utilizados pelos seres humanos eram para subsistência e para suprir
a actividade agrícola, até então causadora de baixos impactos
ambientais e que utilizava pouco os insumos retirados do meio
ambiente. A partir da Revolução Industrial, com o incentivo ao
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 48

capitalismo e à produção em larga escala, principalmente para


atender à crescente população, começou uma intensa e desenfreada
utilização dos recursos naturais, tornando a relação entre os seres
humanos e a natureza baseada no mais claro sentido de
instrumentalismo.
A sociedade do Consumo: Consumir para se Desenvolver
Vivemos actualmente numa sociedade que possui uma visão
distorcida sobre o que seria o desenvolvimento de um país ou de
uma sociedade. Qualquer sugestão que limite esse desenvolvimento
traria o tão amargo regresso. A questão acerca do desenvolvimento
sustentável é se ele atrapalha ou não o crescimento e o
desenvolvimento económico de uma nação. A abordagem não
deveria limitar-se somente na questão de que se quer impedir ou
não a industrialização e o consequente crescimento e
desenvolvimento de um país – este é o principal argumento
daqueles que são radicalmente a favor do crescimento a qualquer
custo. O que importa a esses pensadores é o acúmulo de riquezas.

O pensamento acerca do meio ambiente era de que a natureza serve


ao bem-estar do ser humano, tornando-a um fim e não meio para o
seu alcance. Perdemos a noção de que a humanidade faz parte da
natureza como qualquer outro ser vivo com os quais
compartilhamos o planeta. Não somos soberanos à natureza, pelo
contrário, participamos e dependemos dela para tudo.
Há uma desarmonia e desequilíbrio no ambiente em que vivemos.
Causamos um impacto ambiental significativo, consequência da
demanda excessiva por alimentos, moradia, energia, produção
industrial e transporte (PANAROTTO, 2008)

Segundo a ONU o agro negócio coloca em risco os recursos


naturais o uso em larga escala de agro tóxicos, assim como a
mineração e petróleo, promovem grande riscos para os recursos
hídricos, degradam o solo e as actividades pesqueiras, entre outros
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 49

O relatório anual do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o


Meio Ambiente), das Nações Unidas, “A Perspectiva Global sobre
Consumo Sustentável (PCS)”, apontou que o actual modelo de
agricultura exploratória, baseado no agro negócio, ultrapassou os
limites considerados aceitáveis na exploração dos recursos naturais,
devido ao grande risco para os recursos hídricos, a degradação do
solo e das actividades pesqueiras.

A uso intensivo da água para actividades industriais em detrimento


do uso doméstico deverá piorar a situação dos pequenos
agricultores e aumentar os conflitos sociais. As secas deverão ser,
cada vez mais, frequentes e aumentar a escassez e alta dos preços
dos alimentos, o que aumenta as pressões inflacionárias e o
impacto sobre as camadas mais pobres da população mundial.
Hoje, 1,2 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 1 dólar por
dia e mais de dois bilhões com menos de US$ 1,75 por dia. Os altos
preços dos alimentos está na base das revoluções que têm se
expandido pelo mundo árabe.

Sobre a pesca, o PNUMA cita o relatório da FAO, mostrando que


53% dos recursos marinhos corriam o risco de esgotar-se em 2008,
28% estavam excessivamente usados e 3% já haviam se esgotado.
Por trás dessa situação, estão a pesca depredatória por parte das
multinacionais do sector pesqueiro e a exploração de minerais e
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 50

petróleo no mar. As multinacionais petrolíferas, a partir do colapso


capitalista de 2007-2008, também têm promovido as actividades
extractivista para especular com matérias primas, obtidas a baixo
custo, nos mercados financeiros.

 Os agro tóxicos ameaçam a água potável

O relatório PNUMA destaca que o uso abusivo de agros tóxicos


nas lavouras de monocultura está contaminando lençóis freáticos,
cursos de água, reduzindo a biodiversidade, promovendo o
aumento de pragas e de doenças e desgastando o solo em larga
escala. Para conciliar a relação do homem com a natureza e as
inter-relações sociais. O desenvolvimento sustentável expôs um
novo estilo de compreender e solucionar os problemas sócio
económicos mundiais, considerando o ambiente natural, mas
também, as dimensões culturais, política e sociais. O novo
paradigma económico se constituiu viável com aplicabilidade em
várias comunidades, passando a provocar, com maior evidência e
frequência, os conflitos sócio ambientais. Estes se constituem a
partir das diversas lógicas para a gestão dos bens colectivos de uso
comum (exploração da natureza) e surgem em função de
superposição de usos e de percepções diferentes, inclusive
antagónicas, de um determinado espaço geográfico ou recurso
natural. Neste contexto ocorrem disputas que envolvem atores
sociais com perspectivas distintas em relação à natureza,
aparecendo às zonas de tensão que dão origem aos conflitos sócio
ambientais. Estes passaram a ser ponderados como uma questão
importante e se configuraram como elementos que permite
disputas, argumentações e negociações entre grupos sociais e
Estado. A partir da estruturação do modelo de desenvolvimento
sustentável e melhor visualização dos conflitos envolvendo
recursos naturais houve a necessidade de definir teoricamente essa
tipologia de conflito, que embora não determinados, se
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 51

disseminavam em todos os espaços, exigindo urgência no seu


entendimento. Assim, passou a ser imperativo conhecer, delimitar,
analisar e avaliar os conflitos sócio ambientais e sua delimitação
teórica é ponto fundamental para o avanço do desenvolvimento
sustentável. O conflito sócio ambiental se caracteriza por uma
grande diversidade de definições, de âmbito internacional e
nacional

Desflorestação, poluição das águas, dos solos e do ar,


esgotamento dos recursos naturais, estão a levar o nosso
planeta para um estado de degradação incrível.

A Desflorestação tem diversas causas. Vamos aqui tentar expor de


forma clara e esquematizada as causas e algumas consequências
directas da Desflorestação.

Causas:
Desbaste comercial
- Realizado através de maquinaria pesada que para além de destruir
a flora provoca a compactação do solo.
- Agricultura intensiva
A agricultura nos terrenos desflorestados não é compensadora, pois
ao fim de 6/7 anos os solos encontram-se inférteis; dá-se o desgaste
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 52

do solo; e leva à destruição do habitat natural dos animais.


- Exploração de minas, de pedreiras e de petróleo
Para além de destruírem a zona onde estão implantadas
contaminam os solos e a água com produtos tóxicos.
- Construção de barragens, túneis e estradas
Vai encorajar a exploração de madeira e muitas vezes leva à
deslocação de populações.
- Economia / política dos países
Para as nações tropicais a madeira é uma importante fonte de
capital estrangeiro. São os países desenvolvidos que em parte
obrigam ao abate das florestas uma vez que são eles que mais
precisam de matéria-prima.·
Consequências

- Redução da biodiversidade. A biodiversidade é responsável pela


variedade de genes existentes no mundo; estes são necessários para
produção de medicamentos, alimentos e outros produtos (recursos
biológicos).
- Desaparecimento de culturas. Ao entrarem em contacto com
outros povos perdem hábitos importantes que os têm acompanhado
desde sempre.
- Infertilidade do solo. Com a desflorestação os solos ficam
desprotegidos do vento e das chuvas (erosão do solo) o que
provoca o arrastamento de minerais para outros locais.
- Diminuição de oxigénio -> aumento de dióxido de carbono. Na
fotossíntese as árvores consomem CO2 e produzem O2; logo se as
cortarmos estaremos a aumentar os níveis de dióxido de carbono
(vai contribuir para o efeito de estufa) e a diminuir o oxigénio de
que tanto necessitamos para viver.
O aumento de CO2 é também provocado pela queima dos
combustíveis fósseis. Os incêndios são muitas vezes usados como
meio de desflorestação, o que aumenta ainda mais os níveis de
dióxido de carbono.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 53

Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o


Homem, com o objectivo do desenvolvimento da civilização,
sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser
renováveis, como a energia do Sol e do vento. Já a água, o solo e as
árvores, são ja consideradas limitados. E ainda não renováveis,
como os recursos energéticos fósseis, como o petróleo e o gás
natural.

Causas:
O abuso e destruição dos recursos naturais do nosso planeta pela
mão do homem podem contribuir a curto prazo para o
esgotamento dos recursos não renováveis da Terra.

Consequências:
Independentemente do grau de desenvolvimento das sociedades,
os modelos de crescimento com base na exploração dos recursos
naturais provocam um ciclo de degradação e destruição de todo o
ecossistema Terra

Soluções para um mundo melhor

Sendo tanto destes desastres claramente provocados pela mão do


Homem, será urgente criar e estabelecer limites. Limites estes
como, reduzir o uso e abuso dos recursos naturais indispensáveis à
sobrevivência da população mundial. Sendo o ar, solo, água, vida e
energia essencial para a vida humana e para a sobrevivência do
sistema económico será obrigatório repensar nos sistemas actuais.
Para acabarmos com tantos desastres temos diversas soluções tais
como:
- em relação à desflorestação, devemos devastar em igual
proporção ao crescimento; plantar árvores, cada árvore absorve até
10kg de CO2 por ano; conservar as plantas e animais das florestas
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 54

tropicais, através da protecção dos habitats; investir na


reflorestação de modo a criar novas fontes de madeira e reabilitar
as áreas florestais degradadas. em relação à poluição das águas,
recuperação dos rios e mares atingidos pela poluição para que se
garanta à população o abastecimento de água não infectada. Entre
essas medidas, ressalta-se o tratamento dos esgotos urbanos.

Sumá rio
O abuso e destruição dos recursos naturais do nosso planeta pela mão
do homem podem contribuir a curto prazo para o esgotamento dos
recursos não renováveis da Terra. Independentemente do grau de
desenvolvimento das sociedades, os modelos de crescimento com base na
exploração dos recursos naturais provocam um ciclo de degradação e
destruição de todo o ecossistema Terra. será urgente criar e estabelecer
limites. Limites estes como, reduzir o uso e abuso dos recursos naturais
indispensáveis à sobrevivência da população mundial. Sendo o ar, solo,
água, vida e energia essencial para a vida humana e para a
sobrevivência do sistema económico será obrigatório repensar nos
sistemas actuais. Para acabarmos com tantos desastres

Exercícios
1. No período da revolução industrial o pensamento acerca do
meio ambiente era de que a natureza serve ao bem-estar do
ser humano, tornando-a um fim e não meio para o seu
alcance. Comente
2. Explica o que é que esta a causar o desequilíbrio entre o
ambiente e a sociedade
3. Descreva a exploração dos recursos naturais nas suas três
fases
4. Como a escassez de RN pode provocar conflitos no futuro
5. Quais são os riscos da exploração desenfreada dos RN
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 55

Unidade V: Gestão dos Recursos Naturais

Gestão dos Recursos Naturais


Introdução
A gestão dos recursos naturais é um dos componentes essenciais do
processo de regulação das inter-relações entre os sistemas
socioculturais e o meio ambiente biofísico (VIEIRA; WEBER,
2000; GODARD, 2002). Ela abarca a diversidade das
representações dos actores sociais em jogo e a variabilidade
envolvida nas diferentes escalas espaciais (do local ao global) e
temporais (do curto ao longo prazo). De acordo com SEIXAS e
BERKES (2005), possui duas dimensões inter-relacionadas: o
sistema social e o sistema ecológico, geralmente examinadas
separadamente. Contudo, pelo fracasso dos sistemas convencionais
de gestão, começou-se a "investigar a dinâmica desses sistemas de
forma integrada, a fim de contribuir para a gestão sustentável dos
recursos naturais" (SEIXAS; BERKES, 2005, p.113; KALIKOSKI;
LAVKULICH, 2003). Nesta unidade vamos minuciosamente tratar
deste tema gestão dos RN

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Definir Gestão dos Recursos


Naturais

Objectivos Explicar quais os


procedimentos devem ser
seguidos para uma gestão
dos RN

Explicar a importância da
gestão dos RN
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 56

Teoria da gestão integrada e participativa dos recursos naturais de


uso comum

Os recursos de uso comum são aqueles comuns para uma comunidade de


produtores e consumidores, ou seja, são uma classe de recursos para a
qual a exclusão é difícil e o uso compartilhado permite a subtracção
daquilo que pertence a todos (OAKERSON, 1992; BERKES, 2005;
SEIXAS; BERKES, 2005). Fazem parte desta classe de recursos os
peixes, os animais selvagens, as florestas, os sistemas de irrigação e as
águas subterrâneas, por exemplo. Eles podem ser geridos sob quatro
formas "puras" de regimes de apropriação – ou arranjos institucionais que
governam seu acesso e sua utilização (BERKES, 2005; FEENY, 1994):
livre acesso (ausência de direitos de propriedade bem definidos; o acesso
é livre e aberto a todos); propriedade privada (um indivíduo ou
corporação tem o direito de excluir os outros e de regulamentar o uso dos
recursos); propriedade estatal (é o governo quem controla o acesso e
regulamenta o uso); e propriedade comunal ou comunitária (o recurso é
controlado por uma comunidade definida de usuários, que pode excluir
outros usuários e regulamentar a utilização do recurso). Na prática, os
recursos de uso comum tendem a ser controlados mediante combinações
desses regimes, existindo variações nas combinações. Há, porém,
diferentes interesses em jogo, quando se trata de gerir o que é de todos,
dando margem a um debate sobre qual seria o regime de apropriação
mais adequado para determinado recurso natural.

Um dos primeiros e importantes artigos que influenciaram por um longo


tempo os trabalhos sobre os recursos naturais de uso comum foi o de
GARRET HARDIN e sua "tragédia dos commons" – ou "tragédia do
livre acesso" (WEBER, 2002). Em síntese, para HARDIN, os recursos de
uso comum em regime de apropriação comunal são susceptíveis à sobre
exploração e à degradação (FEENY, 1994; WEBER, 2002; BERKES,
2005), ou, em outras palavras, no modo de apropriação comunal
acentuam-se os riscos de destruição dos recursos em consequência das
coações envolvidas na busca egoísta do lucro por parte dos atores
individuais, em detrimento dos interesses do grupo ou da comunidade
vista como um todo (VIEIRA; WEBER, 2000). Assim, HARDIN (1973)
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 57

defende que há somente duas soluções possíveis para uma gestão


eficiente dos recursos naturais: a sua transferência para a propriedade
privada ou para o controle do governo. Todavia, não se apresenta como
uma solução viável transferir os recursos de uso comum para o modo de
apropriação privado ou estatal, já que a propriedade privada ou as
grandes corporações não protegem necessariamente suas propriedades,
fazendo com que os prejuízos recaiam sobre a sociedade como um todo
ou, pela busca contínua de maior eficiência, que os recursos sejam
destruídos (DIEGUES, 2001; WEBER, 2002). Além do mais, "as
soluções para ambos os problemas – exclusão e subtracção – são
passíveis de ser encontradas em cada um dos regimes de apropriação
(privada, estatal ou comunal). Entretanto, nenhum dos regimes de
apropriação, tomado isoladamente, é suficiente para garantir o uso
sustentável dos recursos" (BERKES, 2005, p.64). Este depende da
existência de legislação governamental pertinente e da formação de
relações contratuais que envolvam o sector governamental e o sector
empresarial (VIEIRA, 2005b). Inclusive, segundo WEBER (2002),
recurso comum não é sinónimo de livre acesso, e muitos recursos
explorados no modo de apropriação comunal são geridos de forma viável
no longo prazo. Portanto, a análise de HARDIN exprime uma visão
pessimista e socialmente desmobilizadora da crise e das práticas
hegemónicas de apropriação e de gestão dos recursos naturais de uso
comum, e este "modelo" confere legitimidade às práticas de controle
governamental centralizado e autoritário e justifica o deslocamento do
poder decisório da esfera pública para as "arenas" do sistema financeiro
internacional (VIEIRA, 2005b; VIEIRA, 2005).

No momento actual é essencial pensar em sistemas alternativos de gestão.


Ou seja, torna-se necessário resgatar, crítica e criativamente, o legado dos
sistemas de apropriação comunal dos recursos naturais de uso comum e
de conceber sistemas de gestão alternativos, com base na pesquisa
ecológica humana (VIEIRA, 2008). Além do mais, apesar da análise dos
modos de apropriação dos recursos naturais renováveis, esta deve ser
complementada pela análise dos processos de tomada de decisão dos
diversos atores inseridos no processo (BOUAMRANE; ANTONA,
1998). E, para que este tenha êxito sob a influência da propriedade
comunal, depende-se, principalmente, da capacidade dos usuários de
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 58

forjar instituições adequadas e do funcionamento destas instituições, já


que elas são importantes para mediar as relações entre sociedade e
ambiente.

Tendo conhecimento da limitação da adopção de apenas um regime de


apropriação para gerir os recursos de uso comum e da necessidade de
legislação pertinente, de relações contratuais entre os diferentes níveis de
governanção e de arranjos institucionais adequados, muitos recursos são
geridos sobre sistemas mistos, como no caso da co-gestão –
compartilhamento de poder e de responsabilidade entre os governos e os
usuários dos recursos naturais locais, referindo-se a uma aliança
envolvendo usuários directos, outros indivíduos residentes na área e
agências governamentais (CARLSSON; BERKES, 2005; VIEIRA, 2005;
KALIKOSLI; LAVKULICH, 2003; BROWN et al., 2002). Na prática, o
funcionamento de sistemas de co-gestão pressupõe a articulação de
múltiplos actores, a consideração dos vários níveis de organização
política e das várias escalas pertinentes e as incertezas constitutivas do
processo evolucionário. De acordo com VIEIRA (2008), este sistema
destaca a importância da variável institucional no esforço de gestão
antecipativa-proactiva, ou seja, demonstra a necessidade de sistemas de
regras utilizadas na estruturação das interacções humanas em relação a
sistemas sócio ecológicos, podendo estas regras ser informais ou formais.
Em outras palavras, a co-gestão permite o estabelecimento de conexões
institucionais ou seja, instituições conectadas tanto horizontalmente
(através do espaço) quanto verticalmente (através de níveis de
organização) (BERKES, 2005b).

Isto se torna importante pelo fato de que instituições locais fazem uso do
conhecimento local, conhecimento indígena ou conhecimento ecológico
tradicional – este último, de acordo com BERKES (1995), refere-se a um
corpo cumulativo de saberes e crenças, transmitido através de gerações
pela transmissão cultural sobre o relacionamento de seres vivos com
outros e com o meio ambiente, sendo vivencial e relacionado com
determinados estilos de vida. Por sua vez, as agências de gestão
centralizada tendem a usar práticas científicas internacionalmente aceitas
e desconsideram conhecimentos e práticas locais. Utilizando um sistema
de co-gestão, que permite conexões institucionais transescalares, é
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 59

possível trabalhar com a junção destas duas formas de conhecimento,


promovendo, assim, um diálogo de saberes. Portanto, a co-gestão está
pautada na formulação de um contrato negociado entre os diversos
parceiros. E, para que os processos de tomada de decisão tenham êxito,
são necessárias a eficiência, a sustentabilidade ecológica e a equidade, de
forma a garantir que a acção colectiva seja possível, que no longo prazo
os recursos não seja destruídos, e que todos tenham igualdade de
oportunidades no acesso e na distribuição de riquezas advindas da
utilização dos recursos (VIEIRA, 2005b). Desse modo, em diferentes
graus, todos os atores constituir-se-ão em "gestores da qualidade da
natureza" (OLLAGNON, 2002), influenciando mais ou menos
directamente a qualidade desta.

A análise trade-off
Actualmente, a fim de dar respostas à problemas da degradação
ambiental, a solução geralmente apresentada refere-se
predominantemente à privatização da base de recursos comuns e/ou
à acção estatal baseada na adopção de práticas com perfil
tecnocrático. Não é considerado o potencial contido nos diferentes
sistemas de autoridade construídos e administrados no nível local
nem os diferentes tipos e interesses de atores sociais chaves para a
gestão. As especificidades de cada contexto social, económico e
cultural não são levadas em consideração (BOUAMRANE;
ANTONA, 1998). Mesmo assim, é consenso que há diversos
instrumentos de apoio de tomada de decisão para sistemas de
gestão de recursos naturais de uso comum, ou seja, instrumentos
que auxiliam nas escolhas dos atores sociais entre diferentes
alternativas possíveis. A maioria destes instrumentos –
convencionais – identifica o problema, estabelece os possíveis
cenários e selecciona este cenário de acordo com as preferências
dos tomadores de decisão. Entretanto, para determinar o êxito desse
sistema de gestão, é preciso mais que isso: é essencial a inclusão e
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 60

a interacção dos diferentes atores sociais individuais e/ou


colectivos.
Um instrumento muito importante para auxiliar e promover
uma gestão que seja ao mesmo tempo integrada e participativa é a
análise trade-off (BROWN et al., 2002), que oferece, além de um
conjunto de técnicas variadas, também um modelo de análise.
Segundo os autores, esta ferramenta consiste em harmonizar não
diferentes usos dos recursos com base cenários e seus impactos
possíveis, permitindo a identificação dos diversos actores sociais,
seus diferentes interesses, visões, conhecimentos e valores
envolvidos no sistema de gestão, e, assim, modificá-lo. É uma
análise flexível que pode ser alterada de acordo com o
desenvolvimento das preferências dos atores sociais ou quando
uma nova informação científica ou social se torna disponível, além
de poder ser aplicada iterativamente ao longo do tempo. O processo
de análise de trade-off, através da combinação de processos
deliberativos, avaliação de impactos e construção de consenso,
possibilita que a deliberação e a análise possam coexistir e
contribuir para as tomadas de decisão no sistema de gestão.
Portanto, esta análise é uma abordagem construtiva que promove a
aprendizagem social, que supera as existentes barreiras de
comunicação de um sistema de gestão convencional e encoraja os
diferentes atores sociais a interagirem e a usarem os seus
conhecimentos para tomar decisões sobre a gestão de um
determinado recurso natural.
A metodologia trade-off é composta pela análise do jogo de
actores e pela análise multicritérios. A análise do jogo de atores
visa a i) identificar e descrever os interesses de todos os actores
envolvidos, directa ou indirectamente, na apropriação e na gestão
dos recursos naturais de uso comum; ii) categorizar as informações;
iii) explicar os possíveis conflitos que podem ocorrer entre os
grupos; e iv) analisar áreas onde a aplicação do trade-off seja
possível. A análise multi-critério auxilia a construção de cenários e
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 61

exige: i) uma identificação de possíveis opções de desenvolvimento


e ii) uma avaliação de impactos dessas opções em um conjunto de
critérios de gestão, como critérios sociais, ambientais e
económicos.
Uma questão chave para este tipo de análise é como identificar
os diferentes atores e capacitá-los nos processos de tomada de
decisão. Como resposta a isso, BROWN et al. (2002), por meio do
exemplo do caso do Parque Marinho de Recifes de Corais Buccoo,
no sudoeste de Tobago, oferece sete passos para encontrar formas
de gestão que sejam adequadas para todos os atores sociais,
mantendo padrões mínimos de qualidade ambiental. A seguir serão
apresentadas as etapas da análise trade off definidas por BROWN
et al. (2002).
1º) Identificação dos actores sociais envolvidos no sistema de
gestão. Os actores sociais são indivíduos ou grupos que manifestam
algum tipo de interesse ou alguma reivindicação no processo de
apropriação e gestão de recursos naturais. Incluem instituições
governamentais e não- governamentais, comunidades tradicionais,
universidades, instituições de pesquisa, agências de
desenvolvimento, bancos, financiadores etc. Como fazem parte de
diferentes níveis, são importantes para os tomadores de decisão e
podem influenciar os resultados das decisões. Por isso, torna-se
necessário desenvolver mapas de interesses e influências de cada
um em relação ao recurso natural em questão.
2º) Categorização dos actores sociais em grupos prioritário.
Este passo prioriza identificar os atores engajados activamente no
processo de gestão, os que serão consultados e os que serão apenas
informados de acções e eventos – os actores sociais precisam ser
categorizados de acordo com suas reivindicações e demandas em
relação ao recurso de uso comum. Entretanto, para evitar um
equívoco em sua classificação e, portanto, a exclusão de grupos
importantes, é preciso levar em consideração os limites de cada
grupo de atores sociais, além de seu acesso ao poder e aos recursos.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 62

Neste caso, os níveis relativos de influência (nível de poder que os


atores sociais têm sobre o resultado de uma decisão) e de
importância (grau no qual os atores sociais são o foco na decisão a
ser tomada) permitem-nos categorizá-los entre grupos prioritários:
ou primários, ou secundários ou externos (Quadro 1).
CATEGORIA CARACTERÍSTICAS

-Têm pouca influência sobre os


resultados das decisões de gestão,
Primários -Seu bem-estar é importante para
os tomadores de decisão. Exemplo:
comunidade local.

-Podem influenciar decisões, já


que são responsáveis por elas,
-Estão engajados nas decisões
Secundários
em execução, mas seu bem-estar não
é prioridade. Exemplo: agências
governamentais.

-Podem exercer uma influência


significativa sobre os resultados de
Externos um processo,
-Seu bem-estar não é importante.
Exemplo: grupos de Igrejas.
Categorização dos actores sociais: Fonte: Adaptado de BROWN et
al. (2002).
3º) Explorar os conflito. De acordo com BROWN et al. (2002),
conflito é uma discórdia causada por uma oposição de valores ou
necessidades, advindo de falta de informação, de incompatibilidade
de valores e crenças de ordem religiosa e/ou cultural, de relações
interpessoais (normalmente ocorrem quando há concorrência por
posições), e de interesses e necessidades. O uso do recurso natural
pode causar conflitos na medida em que afecta outros usuários
habilitados a usá-los. Mas, entendendo quem são os actores sociais
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 63

e quais são seus interesses é possível explorar seus conflitos. Para


tanto, primeiramente deve ser reconhecido o tipo de conflito
existente na área para, em seguida, o debate centralizar-se nas
necessidades e interesses de todos os grupos engajados. Nesta
etapa, é necessário levar em conta também o estado emocional dos
actores envolvidos, especialmente o seu grau de confiança e
desconfiança tanto no processo em si quanto nos outros
participantes – caso não haja ou não estejam bem consolidadas as
relações de confiança e de legitimidade do processo de tomada de
decisão, a construção de um sistema de gestão integrado e
participativo dificilmente será concretizada.
SINGH (2003) nos oferece alguns exemplos de conflitos que
podem existir referentes aos recursos naturais, principalmente
quando se trata do uso sustentável desses recursos (Quadro 2). É
possível verificar que há diferentes interesses em jogo quando se
trata de uma área com recursos para uso de todos. Para a gestão
comunitária sustentável é preciso identificar estes conflitos para
tentar resolvê-los ou minimizá-los da melhor maneira possível. No
caso de um conflito interinstitucional, por exemplo, poderíamos
compreendê-lo melhor através da análise dos atores sociais que
compõem estas instituições e de seus interesses. Ou, ainda, se
houvesse uma integração horizontal maior entre os que fazem as
políticas nos vários departamentos envolvidos na gestão dos
recursos de uso comum, os conflitos poderiam ser minimizados.
Para os conflitos que surgem de informações dadas de maneira
incorrecta ou que são omitidas, tanto em nível local quanto em
relação às agências de gestão, o que poderia ser feito é a
compilação destas informações e sua transmissão aos atores
sociais. De acordo com BROWN et al. (2002), fornecer informação
talvez possa ajudar a remover um elemento do conflito, como o
mal-entendimento dos impactos das decisões, mas também pode
revelar outras questões, tais como a divisão de custos de uma
decisão.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 64

NATUREZA DO
SITUAÇAO OBSERVAÇÕES
CONFLITO

Se comunidades
sentem um senso de
propriedade sobre o
recurso elas são
Comunidades geralmente adeptos em
locais estão Conflitos entre as assegurar que estes
exclusivamente necessidades da sejam usados de forma
usando a área comunidade local e as sustentável. Pode
para satisfazer necessidades de uma haver uma distribuição
suas próprias utilização sustentável. injusta dos recursos
necessidades. dentro da comunidade.
Às vezes, pode não ser
oferecida uma
protecção adequada da
biodiversidade.

Comunidades
locais estão
exclusivamente
usando a área Frequentemente
para satisfazer poderosos no meio da
suas próprias Conflitos entre comunidade ganham
necessidades, demandas diversas dentro preferência. Pode não
mas há conflitos da comunidade. ser oferecida uma
de necessidades proteção adequada à
de partes biodiversidade.
diferentes da
comunidade
local.

Ainda que o Conflitos entre as Em muitos casos,


objectivo de necessidades de biomassa se os retornos são altos
conservar a área das comunidades locais e e permitem à
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 65

tenha permitido o
uso sustentável
comunidade mudar
pela comunidade,
seus padrões de
demandas
dependência em
comerciais e/ou
a tentação de benefícios relação ao recurso
de infraestrutura
económicos e natural, pode ser uma
são introduzidas,
financeiros. tendência para permitir
com os
estas outras demandas.
benefícios
Há impactos adversos
circulando pela
para a biodiversidade.
comunidade
local.

Neste caso a
comunidade pode ter
um alto nível de
motivação para
proteger a área. Como
o objectivo da área é o
Conflitos entre as
Igual ao item uso sustentável, a lei
necessidades da
acima, mas com pode estar a favor da
comunidade e a demanda
os benefícios não comunidade. Suas
de exploração comercial
circulando pela habilidades para lutar
ou projectos de infra
comunidade. contra forças externas
estrutura.
poderosas é
questionável. Pode
haver impactos
adversos tanto na
comunidade quanto na
biodiversidade.

Não há Conflitos entre os A maioria das


nenhum uso imperativos da comunidades pode não
humano, ou este conservação da estar disposta ou
é muito limitado, biodiversidade e as habilitada a sacrificar
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 66

determinado pela suas próprias


exigência da necessidades para a
conservação da conservação da
necessidades da
biodiversidade. biodiversidade. Pode
comunidade local.
Nenhuma haver impactos
alternativa é adversos sobre a
fornecida. biodiversidade.

Fundamentalmente
, a maioria das
comunidades pode
Igual ao item
Conflitos entre os desejar conservar a
acima, mas com
interesses da comunidade biodiversidade se elas
fornecimento de
para conservar e algumas tiveram uma chance
alternativas ou
inclinações individuais real e se a conservação
incentivos
para explorar. não ameaçar sua
adequados.
sobrevivência. Não há
impactos adversos
sobre a comunidade.

Área É geralmente
designada para a dificultado pelas
conservação da comunidades rurais
biodiversidade, pobres em privar-se de
Conflitos entre os
mas a pressão de benefícios económicos
imperativos da
infraestrutura ou e financeiros ou outros
conservação da
pressão que semelhante
biodiversidade e a
comerciais situação pode fornecer,
tentação para retornos
introduzidas com especialmente se a
financeiros e
benefícios área lhes permite
económicos.
financeiros e pouco acesso. Isto
económicos pode ter um efeito
circulam pela ruim sobre a
comunidade. biodiversidade.

Igual ao item Conflitos entre o Neste caso, a


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 67

comunidade pode ter


alguns incentivos para
proteger a área, ainda
que ela tenha pouco
controle sobre a área
desejo de conservar a ou pouco acesso a ela.
acima, mas com
biodiversidade e os Suas habilidades para
os benefícios não
perigos e dificuldades em proteger a área contra
circulando pela
oposição aos interesses forças externas
comunidade.
comerciais/infraestrutura. poderosas pode ser
questionada. Pode
haver impactos
adversos tanto na
comunidade quanto na
biodiversidade.

Conflitos entre
Área
crenças
conservada Tradicionalmente,
culturais/religiosas da
tradicionalmente, crenças culturais e
comunidade e as
conservada como religiosas têm
necessidades locais de
um lugar comprovado força
biomassa e renda ou a
sagrado, com suficiente para superar
esperança de justos
controle necessidades e
ganhos financeiros e/ou
completo da tentações.
económicos pela
comunidade.
exploração externa.
Conflitos decorrentes do uso do recurso natural Fonte:
Adaptado de SINGH (2003).
A aplicação da análise de trade-off para a resolução de conflitos
em conjunto com a ideia de construção de consenso pode vir a
indicar algumas direcções importantes para uma gestão integrada e
participativa: a análise dos atores sociais facilita a análise dos
conflitos de uso e dos usuários que existem em determinada área;
os conflitos percebidos e o conflito real sobre o uso do recurso
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 68

natural podem ser reformulados conceitualmente como "problemas


importantes de gestão", identificados por cada uma das partes; e a
análise multi-critério apresenta claramente informações científicas
ou qualitativas, dando às partes uma ideia mais clara da escala de
impactos causados por diferentes acções de gestão.
4º) Analisar quem deve ser incluído ou excluído da deliberação.
A deliberação dá aos diferentes actores sociais a oportunidade de
desenvolver suas ideias através da discussão e debate, gerando
comunicação e confiança e oferecendo tempo e espaço para que
eles se envolvam no processo de tomada de decisão sobre a gestão
de um dado recurso natural. Neste sentido, suas diferentes posições
devem ser reconhecidas e respeitadas
CATEGO
RIA DE
REGRA PRÁTICA
ATORES
SOCIAIS

Incluídos – devem sempre manter se


Primários interessados, comprometidos e participantes no
processo.

Consultados – inclui gestores dos recursos e


Secundári
responsáveis pelas decisões, mas devem evitar
os
encontrar-se com os primários.

Informados – sua presença pode inibir a


discussão e colocar em risco a possibilidade de
Externos
todos os atores sociais trabalharem juntos em um
estágio posterior.
Regra prática da deliberação: Fonte: Adaptado de BROWN et
al. (2002).
A deliberação no sistema de gestão que aqui propomos é
inclusiva, e abrange um leque de processos participativos de
decisões políticas, práticas de gestão e acções comunitárias. Estes
processos ocorrem de várias formas com o objectivo de melhorar e
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 69

aumentar a efectividade da implementação de políticas, de


redistribuir poder e benefícios, e como parte do esforço para ser
feita uma abordagem democrática deliberativa para as tomadas de
decisão ambientais. Ela tem sido aplicada em diferentes contextos
económicos, políticos e culturais.
Uma característica chave da deliberação inclusiva é seu uso
para unir agências governamentais e grupos da sociedade civil em
estratégias de co-gestão para os recursos naturais – serve como
ponte entre estas esferas de gestão e as tomadas de decisão. Em
muitas instâncias, ela é usada como instrumentos de governação
local através de iniciativas tais como a Agenda 21.
5º) Utilização de técnicas de engajamento. Este passo tem como
finalidade fazer com que os actores sociais participem dos
processos deliberativos. O tipo de actor social vai definir o seu grau
de engajamento no processo, e há um grande número de métodos
que pode ser usados, como apresentações públicas, encontros
abertos, grupo focal, entrevistas individuais e semi estruturadas,
pesquisa informal, questionário, entre outros. O benefício é que
todos os atores geralmente excluídos podem participar, já que a
participação pode ocorrer de forma diferenciada, separada ou até
individualmente, existindo diferentes níveis de inclusão.
NÍVEIS DE NATUREZA DA OBSERVAÇÕE
PARTICIPAÇAO PARTICIPAÇAO S

Fornecimento de Há uma mudança Esta prática


livre trabalho para forçar a continua até hoje.
comunidade a fornecer Muitos projectos e
livre trabalho ou outra actividades de
contribuição em desenvolvimento
dinheiro e espécie para rural têm um
projectos públicos, componente de
especialmente aqueles "contribuição
designados por outros beneficiária". Não
para serem em há consultas ou
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 70

aprovação ou
informações prévias
"benefício da às pessoas a
comunidade" respeito dos
projectos ou
actividades

Informações Envolve Este tipo de


prévias sobre informações que participação dá às
projectos/actividades afectam as pessoas, pessoas um "senso
tanto perdedores quanto de envolvimento"
ganhadores, de impedir nos projectos ou
projectos ou actividades actividades e dá
que terão um impacto tempo para aqueles
em suas vidas que podem ser
adversamente
afetados fazerem o
que for melhor. Em
muitos países, como
a Índia, as pessoas
são primeiro
informadas sobre a
intenção do governo
em constituir uma
área como parque
nacional ou
santuário, e para
aqueles que serão
afetados é dada a
oportunidade de
procurar
compensações.
Consultas ou
aprovações da
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 71

comunidade não são


pedidas, nem
qualquer
contribuição sobre a
conveniência do
projeto ou atividade

Nesta forma de
participação é dada
uma oportunidade
para evidenciar suas
desconfianças sobre
a actividade ou
projecto proposto e
Envolve a trazer ao
participação para conhecimento das
afectar pessoas dos autoridades os
detalhes das actividades impactos adversos
Audiências ou projectos propostos e que pode ter sobre
públicas dando a elas uma as pessoas
oportunidade para afectadas. Não há
expressar seus pontos geralmente um
de vista sobre os mecanismo que
impactos do projecto assegure que os
pontos de vista
expressados pelas
pessoas serão
levados em
consideração nas
tomadas de decisão
final

Consulta às Envolve discutir Aqui, é dada aos


pessoas com as pessoas um indivíduos uma
pouco das intervenções oportunidade para
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 72

que sugiram
projectos e
actividades que eles
necessárias para tratar
têm preferência.
dos problemas que eles
Mas não há certeza
estão enfrentando
que os seus pontos
de vista irão
prevalecer

Empodera-se a
comunidade local a
dizer de que forma
seus recursos serão
Envolve procurar a
geridos. Neste
Compartilhando aprovação da
processo, nem o
controle com as comunidade antes que
governo ou outras
pessoas (gestão as actividades ou
agências e nem a
conjunta) projectos sejam
comunidade podem,
iniciados
por eles mesmos,
aprovar qualquer
acção. A aprovação
deve ser conjunta

Este nível
empodera
Envolve unicamente
totalmente uma
a comunidade como
Controle comunidade para
tendo o poder para
absoluto reconhecer os
decidir sobre o uso e a
recursos naturais
gestão do recurso
como existindo sob
seu controle
Tipos de participação e sua natureza: Fonte: Adaptado de Singh
(2003).
6º) Entender as preferências dos atores sociais. Incluir os atores
sociais nos processos de tomada de decisão envolve entender suas
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 73

diferentes preferências, assim como a influência de seu


comportamento e o ambiente em que estão inseridos.
7º) Gerar informações pertinentes sobre impactos de cenários.
Para uma gestão eficiente é importante a existência de informações
sobre os impactos dos cenários possíveis objectivando minimizar
os conflitos. Dessa maneira, a informação é uma condição
necessária (para a racionalidade do processo), mas não suficiente
para a qualidade das decisões, pois depende de outros critérios,
como distribuição equitativa, eficiência e efectividade, e,
principalmente, a legitimidade e a confiança produzidas pelos
atores sociais.

Politica de Exploração dos Recursos Naturais


A nova Ordem Mundial sobre as politicas da exploração dos recursos
naturais se tornam cada vez mais mundiais e cada vez menos estritamente
locais. Destaca-se, entre essas questões de interesse global, o meio-
ambiente e a consciência de que a destruição ambiental não traz
consequências, apenas, a um determinado ecossistema de um país ou de
um continente, mas para todos os que moram no que se convencionou
denominar de "Aldeia Global". Esse cenário foi construído a partir de
modificações filosóficas, genericamente denominadas de "Globalização"
(entrelaçamento das economias, maior interdependência e intercâmbio
entre as nações) ou "Modernização", as quais produziram novos
paradigmas em, praticamente, todos os aspectos da vida moderna. Entre
esses paradigmas, criou-se uma nova visão e tratamento ao "Cliente"
externo e interno de uma instituição, redirigindo todos os esforços da
organização para a busca de sua total satisfação (DEMING, 1987 ,
TOFLER 1992). Além do tradicional consumidor, esses paradigmas
consideram como cliente externo, o meio-ambiente, ao qual deve ser
dispensado o mesmo tratamento dado aos demais clientes. Com o
progressivo crescimento populacional, tornou-se necessário o aumento da
produção de alimentos, minérios e demais bens de consumo essenciais à
manutenção da espécie humana. É evidente que, o atendimento desta
demanda, gera obrigatoriamente, impactos ambientais negativos, quer
pelo desmatamento de florestas nativas para o plantio, quer pela emissão
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 74

de resíduos das fábricas, ou ainda, pela movimentação da terra para a


extracção de minérios entre outros. A maior circulação de mercadorias -
como matéria-prima, máquinas, bens industrializados, semi-
industrializados, etc. - leva também à circulação e, até mesmo, à
imposição de ideias. Assim sendo, a consciência ecológica que chegou
primeiro aos países desenvolvidos, alcançou, também, principalmente por
imposição, os países subdesenvolvidos. Nesses países em processo de
desenvolvimento económico que ainda se utilizam da Vantagem
Competitiva de seus recursos naturais (ADAM SMITH, 1723 in
TOFFLER 1980), há necessidade de explorá-los, uma vez que esses
recursos representam uma das poucas alternativas de obtenção de
recursos financeiros e fonte de renda para a população, comumente pobre
(o Brasil, Moçambique, entre outros), estão inserido nesse contexto
mencionado).
.Sumário
A gestão dos recursos naturais é um dos componentes essenciais do processo de
regulação das inter-relações entre os sistemas socioculturais e o meio ambiente
biofísico. pelo fracasso dos sistemas convencionais de gestão, começou-se a
"investigar a dinâmica desses sistemas de forma integrada, a fim de contribuir
para a gestão sustentável dos recursos naturais" (SEIXAS; BERKES, 2005,
p.113; KALIKOSKI; LAVKULICH, 2003). E, para que o uso de um determinado
recurso comum seja considerado sustentável, deveria haver um feedback
informando a instituição de gestão sobre o estado do recurso, e, da mesma
forma, seria necessário dispor de um feedback entre o regime de gestão e o
usuário do recurso (BERKES, 2005). Os sistemas convencionais de gestão dos
recursos naturais de uso comum continuam tributários do paradigma científico
mecanicista reducionista e da ideologia economicista, que acabam por reforçar
a ética do domínio dos seres humanos sobre a natureza e a mercantilização
progressiva de todas as esferas da vida em sociedade. Em outras palavras, eles
ainda estão voltados para a promoção de um estilo de desenvolvimento
predatório, não para o uso sustentável dos recursos (BERKES, 2005). Por este
motivo, desde a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, as condições de
viabilidade de uma modalidade de gestão simultaneamente integrada e
descentralizada dos recursos naturais vem sendo debatida

Exercícios
1. Defina Gestão dos Recursos naturais

2. Explica como é feita a gestão dos RN na sua comunidade

3. Para a análise da dinâmica de sistemas sócio ecológicos, a teoria


comumente utilizada é a teoria dos recursos de uso comum – ou
teoria dos commons. O que é. Explica
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 75

4. Entre a análise trade-off e Teoria da gestão integrada e


participativa dos recursos naturais de uso comum qual destas achas
ser a ideal para ser adoptada em prol da natureza. Comente

Unidade : VI : Sistemas Estruturais do Território


Sistemas Estruturais do Território

Introduçã o

Objectivo primordial de qualquer política territorial é o


desenvolvimento, no qual o crescimento assume importância
essencial e instrumental. Em termos de metodologia das políticas, o
desenvolvimento será um fim, o crescimento um meio.. O
desenvolvimento, por inerência conceptual, exige preocupações de
eficiência, de sustentabilidade e de equidade (justiça social,
equilíbrio, harmonia). A forma como o espaço se organiza interfere
no desenvolvimento, porque praticamente toda a actividade
humana é localizada. Por isso, o espaço é simultaneamente factor e
sujeito do desenvolvimento. Nesse sentido, o ordenamento do
território, a organização espacial das sociedades humanas e das
suas actividades, a todos os níveis ou patamares, é um pressuposto
essencial para o desenvolvimento. E daqui decorre, naturalmente, a
necessidade e a importância das políticas territoriais que dão corpo
ao planeamento dos sistemas estruturais do território, que
abordaremos nesta unidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 76

 Conhecer a origem do ordenamento territorial


 Conhecer os sistemas do planeamento territorial
 Identificar os objectivos do planeamento territorial

Objectivos
 Explicar a relação planeamento territorial e recursos naturais
 Identificar os sistemas estruturais do território

Origem do Ordenamento do Território


Desde sempre que a localização de pessoas, bens e equipamentos
não se deu ao acaso. FELISBERTO REIGADO (2000 p.127),
aponta alguns factores que influenciam a decisão de localização:
“maximização dos lucros dos produtores, ou das utilidades dos
consumidores, da optimização da utilização dos recursos naturais e
humanos, de estratégias militares ou prazeres individuais”.
Cronologicamente, o urbanismo surge primeiro que o ordenamento
do território, fruto da necessidade de se actuar nos solos urbanos: as
autoridades públicas apenas resolviam problemas dentro dos
núcleos habitacionais (ou áreas urbanas) em questões que iam
desde a estética à salubridade. Fora dessas áreas existia um respeito
mútuo na relação do Homem com o ambiente natural. A
consciência de que a sobrevivência da nossa espécie dependia do
contacto com a natureza levava o Homem a ter uma atitude de
preservação. Esta ligação deixou, contudo, de existir quando a
sociedade passou de uma economia de base agrária para uma
economia de base industrial (FRADE, 1999). Vivia-se uma nova
dinâmica económica e de transformação do uso do território, que
originou desequilíbrio regional não só em termos económicos mas
também, ao nível das oportunidades para a população. Surgiu a
necessidade de se criar sistemas estruturais de território nas áreas
territoriais mais vastas, considerando interesses mais abrangentes
do que aqueles que o urbanismo visava. Nesta perspectiva, o
ordenamento do território passou a integrar “múltiplos sectores e
políticas, que coordena na sua vertente de espacialidade, atingindo
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 77

uma autonomia conceptual e funcional de base urbanística de onde


surgiu (...)” (FRADE, 1999, p. 29 e 30).
Para além disto, a política de ordenamento do território surgiu
ainda com vista à “(...) realização espacial da política económica e
para a busca de uma alteração ao panorama do desequilíbrio
regional.” (FRADE, 1999, p.31). Sem dúvida que é dada uma
grande ênfase ao planeamento económico e à distribuição
igualitária da riqueza com vista à satisfação das necessidades
básicas de toda a população. Também Fernanda Oliveira (2002,
p.11) afirma que “o ordenamento do território teve a sua origem na
planificação económica tendente à correcção dos referidos
desequilíbrios.” Ambas as autoras consideram que as
movimentações da economia e suas evoluções foram o mote da
definição do ordenamento do território em conjunto com a
crescente urbanização do espaço.
Com base nestes problemas o ordenamento do território foi
ganhando sustentação, fruto não só do desenvolvimento das
sociedades mas também, das necessidades. Na Europa, o
ordenamento do território evoluiu em termos cronológicos e
espaciais de modos diferentes nos diversos países.

A expressão do ordenamento do território surge nos anos 20, no


Reino Unido e na Alemanha, derivando da “necessidade de limitar
o desenvolvimento das cidades dentro do seu âmbito territorial
(“hinterland”)” (OLIVEIRA, 2002, p.9). Foi utilizada pela primeira
vez como expressão, em França, em 1950, por Claudius Petit
(Ministro Francês da Reconstrução e do Urbanismo). Neste país, o
ordenamento do território surge inicialmente como resposta à
necessidade de reorganização das cidades destruídas pela guerra,
mais tarde como forma de resolver os problemas gerados pela
existência de disparidades regionais, em termos económicos e
sociais. CLAUDIUS PETIT (referido por OLIVEIRA, 2002, p.9),
definiu-o como sendo a “(...) procura, no quadro geográfico de
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 78

França, de uma melhor repartição dos homens em função dos


recursos naturais e das actividades económicas”. Pretendia
valorizar-se o território por um lado e alcançar desenvolvimento
por outro, contudo, sempre numa perspectiva económica. A política
de ordenamento do território conseguiu, no entanto, desenvolver-se
tornando-se o seu conceito muito mais vasto e dinâmico:
inicialmente incluía apenas aspectos geográficos, económicos e
físicos, mas mais tarde, passou a integrar também o ambiente e a
qualidade de vida. Outros países próximos, tais como Espanha e
Itália, incorporaram no seu sistema de planeamento o modelo
francês de ordenamento do território. No caso de Espanha,
LUCIANO PAREJO ALFONSO (referido por FRADE, 1999,
p.36), “confirma que a experiência espanhola esteve sempre ligada
ao modelo francês, ou seja, a uma concepção tecnocrática do
ordenamento do território como planificação regional que traduz
espacialmente tanto a política económica, como a base da política
de urbanismo, o que pressupõem um sistema político
administrativo centralizado.” As primeiras medidas a alcançar
sucesso ocorreram entre 1964 e 1975, aquando da criação dos
Planos de Desenvolvimento Económico e Social, que vieram
aplicar os princípios da planificação economicista ao ordenamento
do território. Em Itália o ordenamento do território foi pela
primeira vez introduzido em 1962, aquando da revisão da Lei do
Urbanismo. Esta “previa para as regiões a obrigação de adoptarem
um Piano Regulatore Generale que coordenasse as grandes linhas
do ordenamento do território com as opções da planificação
económica nacional” (FRADE, 1999, p.36). Esta orientação
manteve-se presente nos planos territoriais italianos até hoje.
Inicialmente aprovada em 1942, “será o ponto de partida para a
evolução da política urbanística e do seu alargamento até à
planificação da totalidade do espaço nacional (...)” (FRADE, 1999,
p.88).
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 79

Uma nova visão do ordenamento do território desenvolve-se


especialmente no Reino Unido e na França, ganhando terreno
científico durante as décadas de 60 e 70: “(...) uma moderna função
pública orientada para dar uma resposta global aos problemas que a
utilização do espaço coloca, traduzindo a materialização de um
modelo territorial e sendo, por conseguinte, uma matéria que obriga
a uma análise interdisciplinar” (OLIVEIRA, 2002, p.9). Apesar de
terem sido os grandes impulsionadores nas questões de trabalhar o
território e as suas actividades, estes dois países desenvolveram
diferentemente o conceito de ordenamento do território. Assim,
falar de ordenamento do território implica falar de planeamento
pois estes dois conceitos complementam-se.. Planeamento,
segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (2005), é definido
como: “a acção ou efeito de planear ou de planificar; trabalho de
preparação para qualquer empreendimento, no qual se estabelecem
os objectivos, as etapas, os prazos e os meios para a sua
concretização.”
Para FELISBERTO REIGADO (2000, p.48), planeamento é “um
processo de análise (do passado e do presente) de antecipação ao
futuro, de programação, de acção/execução, de controlo, de
correcção e de avaliação dos resultados”. Neste sentido, e ainda
segundo este mesmo autor, algumas das características mais
importantes do processo de planeamento são:
 É feito de tempo;
 Participativo e iterativo;
 Tem ordenação lógica, as etapas relacionadas entre si e
integradas mas, sempre com carácter flexível;
 Processo estratégico de escolha;
 A flexibilidade e a fixação têm de andar lado a lado;
 Criação, tratamento e troca de informação;
 Aprendizagem, amadurecimento e interrogações constantes;
 É cognitivo pois encontra respostas nas dúvidas que
surgem.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 80

Resumindo, “O planeamento na sua visão mais restrita e


tradicional, é uma via para alcançar os objectivos do ordenamento
do território e do desenvolvimento sustentável, mediante um
conjunto de actividades que detalham aqueles objectivos no espaço
e no tempo, geram, avaliam, e seleccionam as diferentes
alternativas possíveis para os alcançar, definem os meios
necessários e a programação da sua utilização e exercem o controlo
e a gestão da execução das acções definidas. Na visão mais
contemporânea, é entendido como um processo negocial que visa
coordenar decisões, gerir conflitos e criar consensos entre os
diversos agentes que intervêm e que estão interessados
(stakeholders) na transformação da organização do território. O
processo de planeamento é, por isso mesmo, uma actividade
contínua, cíclica e deliberada, prescritiva e prepositiva, ligada às
decisões e acções, que envolvem julgamentos de valor, face a
normas ou “standards” de referência que permitem avaliar a sua
eficácia” (ALVES, 2001, p.35).

Apesar de não haver uma relação sequencial entre o ordenamento e


o planeamento, em termos metodológicos, o ordenamento situa-se a
montante, ou seja, enquanto que o ordenamento faz o
reconhecimento da realidade, o planeamento intervém nela sendo
por isso mais operativo (PARDAL E COSTA LOBO, 2000).
ROSÁRIO PARTIDÁRIO (1999), representou muito
simplificadamente a relação entre os dois conceitos analisados..

Conceito de Ordenamento do Território

“O ordenamento do território é a arte de adequar as gentes e a


produção de riqueza ao território numa perspectiva de
desenvolvimento.”(JORGE GASPAR, 1995, p.5). Uma primeira
definição, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa 0n-Line
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 81

(2005), diz que o ordenamento é o “acto de ordenar; ordenação; de


um território: estudo profundo e detalhado de um território (país,
região, etc. ) para conhecer todas as suas características e que
constituirá a base para a elaboração de um plano cuja finalidade é a
utilização racional desse território, ou seja, o aproveitamento das
potencialidades, a maximização da produção a par com a protecção
do ambiente, visando o desenvolvimento socioeconómico e a
melhoria da qualidade de vida.”
Segundo o Dicionário de Geografia (BAUD, BOURGEAT E
BRAS, 1999, p.262), o ordenamento do território “corresponde, na
maior parte dos casos à vontade de corrigir os desequilíbrios de um
espaço nacional ou regional e constitui um dos principais campos
de intervenção da Geografia aplicada. Pressupõe por um lado, uma
percepção e uma concepção de conjunto de um território e, por
outro lado, uma análise prospectiva.” Mais específico, o
Dictionaire de l’urbanisme et de l’aménagement (Merlin e Choay,
2000, p.38), definem que o ordenamento do território “é a acção e a
prática (mais do que a ciência, a técnica ou a arte) de dispor com
ordem, através do espaço de um país e com uma visão prospectiva,
os homens e as suas actividades, os equipamentos e os meios de
comunicação que eles podem utilizar, tendo em conta os
constrangimentos naturais, humanos e económicos.
CARLOS SILVA (2001, p.33) acrescenta outras características do
ordenamento do território, para além de ser uma política sectorial,
é:“Fenómeno social: em que o ordenamento do território se refere
ao modo como o território está organizado, em diversas escalas, às
suas causas e problemas”; “Técnica: como estudo de um território
para identificação das necessidades e potencialidades com vista a
definir um plano de acção”;“Ciência interdisciplinar: que estuda a
organização e o desenvolvimento do território a várias escalas:
local, regional, nacional e supranacional.” O território deve,
também, ser analisado enquanto alvo do processo de ordenamento.
Para se alcançar um elevado patamar no entendimento do território
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 82

é necessário “o conhecimento da actual realidade sócio-territorial,


da sua história, das ideias ou intenções para utilizações e
transformações futuras. É factor decisivo, para o sucesso das
políticas de ordenamento do território e sua aplicação, a percepção
e conhecimento do espaço, de forma global, mas sintetizada.

O ordenamento do território é pluridisciplinar, pois inclui aspectos


da geografia, da economia, da sociologia, do urbanismo, do direito
etc., leva à sua característica de síntese. Para se englobar cada um
destes aspectos no processo de ordenamento do território é
necessário que se realizem sínteses, para que este seja completo
mas não longo. Dito por outras palavras, “O ordenamento do
território deve ter em consideração a existência de múltiplos
poderes de decisão, individuais e institucionais, que influenciam a
organização do espaço, o carácter aleatório de todo o estudo
prospectivo, os constrangimentos do mercado, as particularidades
dos sistemas administrativos, a diversidade das condições socio-
económicas e ambientais” (Conselho da Europa, 1988, p.10). Como
ciência, o ordenamento do território explica-se “(...) na medida em
que pratica metodologias científicas, quer quanto à análise e ao
diagnóstico das situações em que o território se encontra envolvido,
quer quanto às expectativas de uma evolução em que as opções
sejam tomadas como variáveis dos virtuais cenários (...)” (Cruz,
2000, p.123). Pretendendo resumir o conceito, RUI ALVES (2001)
define duas perspectivas do ordenamento do território: o sentido
lato e o sentido restrito. Amplamente, o ordenamento do território
“pode ser visto como uma política pública a que assenta bem o
conceito apontado por MERLIN ET CHOAY (1996, p.35), que o
consideram como o processo que tem em vista a disposição no
espaço e no tempo dos homens e das suas actividades, dos
equipamentos, as infra-estruturas e os meios de comunicação que
eles podem utilizar, numa visão prospectiva e dinâmica, tendo em
conta as condicionantes naturais, humanas e económicas” (ALVES,
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 83

2001, p.19). Restritamente, será “um processo integrado e racional


de organização do espaço biofísico, de acordo com as vocações e
capacidades e que, com base em conhecimento técnicos e
científicos identifica as invariantes do território, com vista “à
demarcação de espaços e fixação de classes de uso do solo”, tendo
em vista o uso e a transformação do território, numa perspectiva
dinâmica e adaptativa em função da evolução das necessidades das
populações e suas actividades.” (COSTA LOBO ET AL., 1990,
p.213). Neste contexto, o ordenamento do território procura
determinar as condições de equilíbrio dinâmico na estrutura
biofísica do território tendo em conta aspectos económicos, sociais,
culturais e políticos, no sentido de as entender como pré-condições
ao processo de planeamento do território” (Alves, 2001, p. 19).

O ordenamento do território não começou por ser uma acção


planeada, mas foi surgindo como resultado das necessidades das
populações e dos territórios assim, o ordenamento do território
nasceu de uma dinâmica não planeada e é o resultado da actuação
de vários factores externos influentes neste processo. O
ordenamento do território consiste portanto numa “forma
voluntária de valorizar um espaço, tendo em consideração as
relações internas e externas que ele mantém”, constituindo uma
resposta específica “a motivações diversas” (BAUD, BOURGEAT
E BRAS, 1999, p.263).

O carácter voluntarista teve origem no principal objectivo do


ordenamento do território: a correcção dos desequilíbrios inter-
regionais. Este objectivo desencadeia muitas acções no sentido de
distribuir, de forma mais equilibrada, os usos e funções dos
territórios e de contrariar as grandes concentrações urbanas. Desta
forma, muitas das acções realizadas pelos poderes públicos visam,
inconscientemente, o ordenamento do território. Assim, este pode
surgir como consequência indirecta dessas mesmas acções.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 84

Também a Carta Europeia do Ordenamento do Território


(Conselho da Europa, 1988), aponta esta característica: as relações
externas podem, até mesmo involuntariamente, influenciar o
ordenamento do território devido às relações entre instituições e
indivíduos e seus interesses, desde que sejam comuns aos do
ordenamento do território.

No que se refere ao carácter prospectivo do ordenamento do


território, veja-se em primeiro lugar a definição de prospectiva,
avançada por LACAZE (1998, p.127): “relação sobre o futuro,
baseada na análise rigorosa das tendências de evolução resultantes
do passa(retrospectiva) e do presente, bem como a pesquisa dos
factos portadores do futuro. A prospectiva distingue-se da
futurologia mais inventiva neste sentido, visto ser antes de mais
uma técnica de ajuda à decisão.”

A prospectiva do território deverá ser entendida igualmente “como


uma reflexão sobre o futuro”, mas que “saiba resistir à tentação da
utopia, que tome em conta o peso das inércias e das tendências
espontâneas, e procure de uma maneira realista as margens de
manobra utilizáveis para inflectir as evoluções no sentido dos
objectivos que nos fixamos. Uma tal iniciativa implica muita
humildade ante os factos e rigor na reflexão. Ela não exclui em
nada a vontade de acção mas, bem pelo contrário, organiza-a em
bases sólidas” (LACAZE, 1998, p.89). O conhecimento
aprofundado aliado a uma percepção realista da situação territorial
leva a uma prospectiva organizada e bem estruturada, enquanto
hipóteses de cenários futuros. Desta forma é necessariamente
“obrigatório” efectuar-se uma retrospectiva de longa duração onde
se consiga explicar as inércias e tendências que levaram a tal
realidade (LACAZE, 1998). Em suma, a prospectiva do
ordenamento do território procura prevenir determinadas situações
afim de serem alcançados, harmoniosamente, os objectivos
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 85

pretendidos e evitadas situações não planeadas. Neste sentido, a


prospectiva é muito importante e tida em conta em acções como
por exemplo, as de prevenção de riscos e fenómenos
potencialmente catastróficos.

Sistema de Planeamento Territorial


O sistema de planeamento territorial compreende o conjunto
integrado dos tipos legais de planos territoriais previstos por lei.
As actividades do planeamento territorial compreendem:
a) elaboração de estudos de diagnóstico e análises das
características do território, e de relatórios necessários à
concretização dos fins e princípios do sistema de ordenamento do
território, à consequente formulação das políticas de ordenamento
do território e à concepção dos respectivos instrumentos de
planeamento territorial;
b) elaboração dos planos territoriais, nos tipos e termos previstos
na Lei e dos respectivos regulamentos regulamentos especiais,
conforme for o caso;
c) avaliação por acompanhamento da execução dos planos
territoriais ou, na sua falta, dos equivalentes instrumentos
sucedâneos e elaboração dos respectivos relatórios, nos termos e
para os efeitos previstos no presente regulamento geral;
d) execução dos planos territoriais, através dos sistemas de
execução previstos o presente regulamento geral, bem como
execução das medidas preventivas e criação das condições que
propiciem a execução das demais operações de ordenamento
territorial.

Objectivos do Planeamento Territorial

São objectivos gerais do sistema de planeamento territorial a


programação da utilização racional dos recursos efectivos e
potencial do espaço físico, para, através da respectiva estrutura,
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 86

viabilizar, a um primeiro nível de enquadramento e orientação da


gestão do espaço territorial, a concretização dos fins do sistema do
ordenamento do território, consagrados por lei e sujeito a critérios
de coordenação e avaliação socioeconómica e ambiental, a nível
regional, e local assegurando, assim, em estreita interacção com o
planeamento económico, a coordenação das políticas do
ordenamento do território com as políticas económica, de ambiente
e conservação da natureza, de educação e cultura, de bem-estar
social e de qualidade de vida.

O Planeamento Territorial tem os Seguintes Objectivos


Específicos:
a) aproveitar racionalmente a terra como recurso finito, através da
correcta localização das actividades produtivas e não produtivas,
assim como a qualificação e classificação dos solos de acordo com
as suas características;
b) contribuir para o melhoramento da qualidade de vida da
população, em especial o acesso a empregos, os serviços e
equipamentos urbanos;
c) alcançar o desenvolvimento territorial equilibrado entre as
regiões, os assentamentos populacionais, no campo e na cidade, e
no âmbito urbano de cidades e povoações;
d) utilizar os recursos naturais, conservar a natureza assim como
proteger e reabilitar o meio ambiente não só natural como o urbano
para atingir o desenvolvimento sustentável, prevendo os desastres
naturais e tecnológicos;
e) preservar o território para o uso social;
f) proteger e reabilitar o património imobiliário, histórico e cultural,
velando pela
qualidade arquitectónica, urbanística e paisagística dos projectos a
construir em áreas urbanas e rurais;
g) propiciar a participação de todos os sectores implicados nas
actividades de planeamento;
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 87

h) cumprir e fazer cumprir o estipulado nos documentos,


normativos próprios da actividade.

Estrutura dos planos territoriais


1. A estrutura dos planos territoriais é, nos termos da lei integrada
em função de três âmbitos territoriais pelos seguintes tipos:
a) no âmbito nacional através do Plano Nacional que corresponde
as Principais Opções de Ordenamento do Território Nacional,
adiante abreviadamente também designadas por principais opções
ou POOTN, de incidência global ou integral em razão das matérias,
bem como os planos sectoriais e dos planos especiais de
ordenamento que contenham directrizes de âmbito nacional com
incidência material parcial;
b) no âmbito provincial através dos planos provinciais que
compreendem os planos Provinciais de Ordenamento Territorial
que com incidência global aplicam a nível provincial as directrizes
estratégicas do Plano Nacional e dos planos sectoriais, podendo
compreender com incidência parcial planos sectoriais provinciais e
planos especiais pré-existentes;
c) no âmbito municipal são materializadas as directrizes
estratégicas nacionais e provinciais através dos planos municipais,
os quais compreendem, por um lado, os planos directores
municipais, os planos directores gerais das grandes cidades e os
planos sectoriais municipais, de incidência material global, e por
outro lado, os planos urbanísticos e planos rurais, os planos de
pormenor e os planos especiais de incidência material parcial. Em
razão da natureza específica dos fins visados e da área territorial

Sistema natural e ecológico

Os planos territoriais devem identificar e caracterizar o sistema


natural e ecológico existente no respectivo âmbito territorial,
descrevendo sumariamente os recursos naturais estratégicos e os
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 88

espaços ou áreas naturais protegidas sobre os quais assenta a


sustentabilidade do equilíbrio ecológico e da renovação e
reprodução dos recursos em termos que assegurem a solidariedade
entre as gerações actuais e futuras, designadamente:
a) tipos de solos e da sua aptidão agrária, sem prejuízo do disposto
sobre as reservas agrícolas e florestais nacionais;
b) tipos de coberto vegetal natural da área abrangida pelo plano em
causa, incluindo os recursos florestais existentes;
c) recursos hidrográficos, fluviais, lacustres e outros;
d) recursos da fauna e áreas reservadas à sua protecção;
e) taxas demográficas de ocupação e uso dos solos;
f) outros recursos naturais, designadamente do subsolo, conhecidos
ou que relevem para a sustentabilidade e a conservação da
natureza;
g) as reservas totais, que nos termos da Lei de Terras, e da
legislação ambiental são estabelecidas para fins de protecção da
natureza.
2. Os planos de âmbito nacional podem limitar-se a consagrar,
através de directivas gerais, uma estratégia de uso, protecção e
conservação dos recursos naturais que os planos provinciais e inter-
provinciais, quando os houver, aplicam e adaptam aos recursos
típica e genericamente identificados para os respectivos âmbitos
espaciais de aplicação.
3. Os planos municipais, para além da identificação detalhada dos
recursos naturais da respectiva área municipal, devem definir os
parâmetros de ocupação e de uso dos solos rurais e urbanos e dos
recursos hídricos compatíveis com os imperativos da
sustentabilidade e conservação dos mesmos.
4. As medidas de usos preferenciais, proibidos e condicionados
impondo critérios de
defesa e conservação da natureza compatíveis com os direitos de
uso e fruição das populações, devem constar dos planos de
pormenor e especiais em razão dos recursos ou matéria em causa.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 89

Planeamento e Gestão do Território

O Planeamento e a Gestão do Território são políticas de natureza


pluridisciplinar
e ganham muito com a abordagem em termos de sistema. O espaço
implica necessariamente a noção de distância, que por sua vez
determina custos de transporte e de localização. Duas importantes
entidades do espaço, porque dele dependem, são a cidade e a
região, que se influenciam mutuamente. O despertar para o
planeamento do território surgiu nos anos 20 do século XX, e
generalizou-se após a Segunda Guerra Mundial. A prática
urbanística tem a idade das cidades, mas a teoria só adquiriu foros
de ramo sistematizado de conhecimentos desde que foi chamada a
resolver problemas urbanos importantes originados pela Revolução
Industrial e pelo acentuado crescimento das cidades. De acordo
com MCLOUGHLIN (1970) ao descreverem o planeamento
regional e urbano como um processo integrado e cíclico, isto é,
desenvolvido em sistema e por ciclos, em cada um destes se
distinguindo fases bem definidas, tais como:
 A análise da situação que, a partir da escala de valores em
presença, revelará as necessidades dos indivíduos e grupos;
 A formulação dos fins e dos objectivos, de forma
hierarquizada, tanto em termos espaciais como temporais;
 A inventariação das estratégias ou orientações de política e
das linhas de acção necessárias para atingir os objectivos
 O confronto das linhas de acção com os meios disponíveis,
os seus custos e vantagens e as opções ou escolhas
necessárias
 A acção, isto é, a actuação através dos instrumentos e
medidas que, modificando as relações do sistema, implicam
a reiniciação de novo ciclo de horizonte temporal mais
alargado.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 90

É esta a essência dos planos, entendidos como modelos ou


instrumentos simultaneamente descritivos, de previsão e,
sobretudo, de acção, de forma a atingir-se a transformação
desejável da realidade. Um aspecto importante das políticas
territoriais é a sua característica interdisciplinar.

Segundo SECCHI (1968), há duas grandes categorias de


fenómenos de carácter ou interesse territorial. A primeira inclui: os
fenómenos de natureza acumulativa que levam à formação de
centros urbanos de diversas dimensões; os que originam um
desenvolvimento diferente dos diversos centros urbanos e também
das grandes áreas ou regiões; os que levam ao estabelecimento de
um determinado sistema de relações espaciais entre os diversos
centros; a segunda grande categoria inclui os fenómenos que
influenciam a distribuição da ocupação do território no interior dos
diferentes centros urbanos ou áreas de acumulação populacional.
Os fenómenos enquadrados na primeira categoria são
tradicionalmente classificados como fenómenos geográficos e os
da segunda categoria como fenómenos urbanísticos. Em ambos os
casos os espaços envolvidos podem ser objecto de políticas
territoriais.

Entende-se por políticas territoriais o conjunto de normas e


intervenções ditadas ou adoptadas pela iniciativa pública, tendo
em vista o ordenamento do território, isto é, a formação e o
desenvolvimento dos centros urbanos, a distribuição espacial da
ocupação do solo no interior dos mesmos e nas regiões
envolventes e a sua utilização por parte dos diversos agentes.
Por planeamento do território entende-se uma estrutura analítica e
estratégica, na sua essência um conjunto coerente de políticas que
estabelecem ou modificam o ordenamento territorial. Em termos
gerais, as políticas territoriais, aliás como quaisquer outras
políticas, pretendem transformar uma situação actual ou existente,
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 91

numa situação desejável ou futura, através de um conjunto de


acções que se designam por meios, instrumentos ou medidas de
política. A situação existente é configurada através de uma análise
de diagnóstico e a situação desejável por meio do estabelecimento
ou fixação dos fins últimos e dos objectivos. Os instrumentos ou as
medidas de política devem ser formulados e accionados em termos
estratégicos e são, como é fácil de entender, a parte nuclear das
políticas. É por isso que, algumas vezes, o termo políticas é
utilizado para designar tão só esta parte de estratégia e de acção,
em vez da globalidade do processo.

Sistemas Territorias

Um Território Pulverizado
Este é um cenário tendencial marcado pelas dinâmicas de
marginalização e de declínio demográfico, social e económico da
região. A imagem que prevalece é a de uma região em perda,
pulverizada e sem massa crítica, essencialmente rural e agrícola,
isolada e fechada sobre si mesmo, que mantém uma fraca inserção
nos principais eixos de desenvolvimento
Um Território Fracturado
Este é um cenário de ajustamento marcado por dinâmicas
territoriais diferenciadas e antagónicas, de marginalização e de
declínio demográfico, social e económico do. A imagem que
prevalece é a de uma região fracturada, desarticulada.
Um Território Arquipélago
Este é um cenário de ruptura marcado pelas dinâmicas de atracção
e de concentração da população e das actividades em torno dos
principais centros urbanos da região, mais concretamente das sedes
de concelho. A imagem que prevalece é a de uma região
arquipélago ou seja de um território estruturado em torno de um
conjunto de espaços/pólos urbanos que atraem e concentram o
essencial dos recursos demográficos, sociais e económicos
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 92

Um Território em Rede
Este cenário é também de ruptura e reflecte uma continuidade
evolutiva relativamente ao anterior, sendo marcado pela extensão
das dinâmicas de atracção e de concentração da população e das
actividades nas sedes de concelho aos territórios envolventes, bem
como por uma maior articulação dos espaços urbanos/rurais e dos
diferentes nós da rede urbana. A imagem que prevalece é a de uma
região em rede ou seja de um território estruturado em torno d e se
complementam

Fernanda Paula Oliveira


Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão
Territorial
Fernanda Paula Oliveira
Fernanda Paula Oliveira
Os tipos de planos
Fernanda Paula Oliveira
 Programa Nacional da Política de Ordenamento do
Território
 Planos especiais de ordenamento do território
 Planos de ordenamento da orla costeira
 Planos de ordenamento de áreas protegidas
 Planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas
 Planos de ordenamento de parques arqueológicos
 Planos sectoriais
 Planos intermunicipais de ordenamento do território
 Planos municipais de ordenamento do território
 Planos directores municipais
 Planos de urbanização
 Planos de pormenor
 De conteúdo normal
 De conteúdo simplificado
Fernanda Paula Oliveira
Instrumentos desenvolvimento territorial
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 93

 Programa Nacional da Política de Ordenamento do


território
 Plano Regional de Ordenamento do Território
 Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território

Instrumentos de Planeamento Sectorial


 Planos sectoriais

Instrumentos de Planeamento Especial

 Planos de ordenamento de áreas protegidas


 Planos de Albufeiras de Águas Públicas
 Planos de Ordenamento da Orla Costeira
 Planos de ordenamento de Parques Arqueológicos

Instrumentos de planeamento territorial ou planos municipais


de ordenamento do território

 Plano Director Municipal


 Plano de Urbanização
 Plano de Pormenor
Fernanda Paula Oliveira
Âmbito Nacional
 Programa Nacional da Política de Ordenamento do
território
 Planos sectoriais
 Planos especiais de ordenamento do território

Âmbito Regional
 Planos regionais de ordenamento do território
Âmbito Municipal
 Planos intermunicipais de ordenamento do território
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 94

 Planos municipais de ordenamento do território


Fernanda Paula Oliveira
Fernanda Paula Oliveira
Sumá rio
Objectivo primordial de qualquer política territorial é o desenvolvimento,
no qual o crescimento assume importância essencial e instrumental. Em
termos de metodologia das políticas, o desenvolvimento será um fim, o
crescimento um meio. O ordenamento do território integra “múltiplos
sectores e políticas, que coordena na sua vertente de espacialidade,
atingindo uma autonomia conceptual e funcional de base urbanística de
onde surgiu (...)” (FRADE, 1999, p. 29 e 30). Assim, falar de
ordenamento do território implica falar de planeamento pois estes dois
conceitos complementam-se.. O sistema de planeamento territorial
compreende o conjunto integrado dos tipos legais de planos territoriais
previstos por lei. As actividades do planeamento territorial
compreendem: Sistemas estruturais: Um Território Pulverizado, Um
Território Fracturado, Um Território Arquipélago e um território em
Rede.

Exercícios
1. Fale da génese do ordenamento territorial
2. Explique como funciona uma estrutura territorial em rede e
fracturado
3. Planeamento esta estritamente interligado ao ordenamento.
Comente
4. Quais são os objectivos dos sistemas estruturais do território
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 95

Unidade : VII: A política do ambiente e sua


regulamentação em Moçambique
A Politica do Ambiente e a sua Regulamentação em
Moçambique

Introduçã o

No jogo do ambiente a consequência, em detrimento da verdade, já


foi, por demasiado tempo, a opção privilegiada – e os danos são
notórios – pelo que, parece-nos ser esta a altura certa de analisar
com seriedade a Lei do Ambiente em Moçambique e
correspondente regulamentação, bem como de reflectir sobre a
eficácia, ou não, das soluções por ela adiantadas, tarefa esta, a que
nos propomos realizar no presente trabalho. Com efeito,
iniciaremos com uma breve abordagem à forma como a Lei do
Ambiente se encontra estruturada, para depois seguirmos na
tentativa de dar resposta a algumas questões essenciais: a) a quem
se aplica; b) que tipo de bens visa proteger; c) que situações
pretende acautelar; e d) como leva a cabo esta protecção. Para, por
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 96

fim, estarmos aptos a tecer algumas considerações sobre a


aplicabilidade, ou não, das soluções apresentadas pela mesma no
ordenamento jurídico moçambicano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Conhecer a lei do ambiente


em Moçambique

Objectivos Interpretar as vários artigos


referentes a esta lei

Explicar os artigos
referentes a gestão dos RN,
ordenamento territorial, lei
de terra

Analisar a aplicabilidade e
viabilidade da lei do
ambiente em Moçambique

Algumas Considerações Sobre a Lei do Ambiente em


Moçambique
Com a Declaração de Estocolmo de 1972, o Ambiente abandonou
o papel secundário que, até àquela data, desempenhara no cenário
internacional, para se transformar no protagonista das preocupações
mundiais. A Declaração de Estocolmo sobre o Ambiente Humano,
1972, dispõe que “O homem tem o direito fundamental à liberdade,
à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um
meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida
digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de
proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e
futuras.”( Declaração de Estocolmo,1972)
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 97

Em 2004, reforça-se esta previsão com a aprovação do novo texto


da Constituição da República de Moçambique, que estipula, logo,
como objectivo fundamental do Estado Moçambicano a “qualidade
de vida dos cidadãos” e, em contrapartida, como dever fundamental
dos indivíduos “defender e conservar o ambiente”. Para além disso,
prevê expressamente no art.º 90.º, com a epígrafe “Direito ao
Ambiente” que “Todo o cidadão tem o direito de viver num
ambiente equilibrado e o dever de o defender. ( LEI do
Ambiente20/97). O Estado e as autarquias locais com a
colaboração das associações na defesa do ambiente, adoptam
políticas de defesa do ambiente e velam pela utilização racional de
todos os recursos naturais”. E, no art.º 117.º, com a epígrafe
“Ambiente e qualidade de vida” que “O Estado promove iniciativas
para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação
do ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um
desenvolvimento sustentável, o Estado adopta políticas visando: a)
prevenir e controlar a poluição e a erosão; b) integrar os objectivos
ambientais nas políticas sectoriais”.(DIOGO,1992)
Em Moçambique o direito do ambiente começa a ganhar destaque
com a Constituição de 1992, quando diz que “todo o cidadão tem
direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender”,
e que, em consequência disso, “o Estado promove iniciativas para
garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do
meio ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos
cidadãos”. (LEI,20/97)
Nessa sequência, pretendendo-se dar corpo às novidades
introduzidas no texto constitucional, em 1997, foi aprovada a Lei
n.º 20/97, de 1 de Outubro, adiante designada Lei do Ambiente
(LA), que vem definir as bases legais para a utilização, gestão
correctas do ambiente e seus componentes, com vista à de um
sistema de desenvolvimento sustentável no país.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 98

Artigo 2.º da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro (Lei do Ambiente).


Não obstante a sua inequívoca importância, esta Lei apresenta
soluções que, apesar de especialmente direccionadas para a
resolução de problemas ambientais, não são, originariamente, de
direito do ambiente mas, antes, de outros ramos do direito, como o
direito civil, o administrativo e o penal. Como tal, na maior parte
dos casos, como teremos oportunidades de constatar, lança mão da
solução jurídica, mas remete a sua regulamentação para legislação
específica, uma vez que o instituto geral carece de ser moldado e
adaptado às especificidades da matéria ambiental.

Estrutura da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro

A Lei do Ambiente em Moçambique antes, porem far-se á uma


breve alusão daquilo que os capítulos da lei enuncia para se
compreender como esta se encontra organizada. Nesse sentido, em
seguida, far-se-a uma breve abordagem à sua estrutura. Assim: O
Capítulo I inicia, no art.º 1.º, com a apresentação de uma série de
definições básicas, entre as quais a de ambiente, associações de
defesa do ambiente, auditoria ambiental, avaliação de impacto
ambiental, biodiversidade, componentes ambientais, degradação do
ambiente, entre outros. Conceitos estes que, para além de
auxiliarem na correcta apreensão da mesma, constituem, na maioria
dos casos, “a primeira tentativa de descrever noções essenciais da
ciência do ambiente”em Moçambique;

Em seguida, ainda no mesmo capítulo, o art.º 4.º consagra alguns


princípios fundamentais em matéria ambiental, como são: a) o do
reconhecimento e valorização das tradições e do saber das
comunidades locais; b) o da precaução e c) o da responsabilização,
entre outros; No Capítulo II, sob a epígrafe “órgãos de gestão
ambiental”, que vai do art.º 5.º ao art.º 8.º, ambos inclusive,
delimita-se o campo de actuação da administração pública e define-
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 99

se o papel dos cidadãos na protecção do ambiente. No Capítulo III,


sob a epígrafe “Poluição do Ambiente”, consagra-se
expressamente, no art.º 9.º, a “proibição de poluir”e impõe-se ao
Estado, no art.º 10.º, a definição de padrões de qualidade
ambiental;
No Capítulo IV, sob a epígrafe “Medidas Especiais de Protecção do
Ambiente”, que vai do art.º 11.º ao art.º 14.º, ambos inclusive,
enumeram-se algumas situações que, pelas suas especiais
características, necessitam de um tratamento diferenciado em
matéria ambiental;
No Capítulo V, sob a epígrafe “Prevenção de Danos Ambientais”,
que vai do art.º 15.º ao 18.º, temos a consagração de algumas das
principais formas de prevenção do dano ao dispor da
Administração Pública e, às quais, dedicaremos maior atenção ao
longo do presente trabalho;
No Capítulo VII, sob a epígrafe “Responsabilidade, Infracções e
Sanções”, que vai do art.º 25.º ao art.º 27.º, inclusive, prevêem-se
algumas soluções de cariz civil, criminal ou contravencional, que
visam fazer face às agressões verificadas no ambiente ou através do
ambiente;. No Capítulo VIII, sob a epígrafe “Fiscalização
Ambiental”, do art.º 28.º ao art.º 30.º, ambos inclusive, faz-se uma
identificação dos agentes responsáveis e salienta-se o papel das
comunidades na fiscalização ambiental. Por fim, no Capítulo IX,
estipula-se a relação desta Lei com a restante legislação sectorial, e
sublinha-se a necessidade de o Governo adoptar medidas
regulamentares com vista à sua efectivação.

O que protege? A quem se aplica? E, em que situações?

Conhecida a Lei, importa, agora, passar para a sua análise mais


pormenorizada. Com efeito, como já referimos, esta Lei estipula as
bases do sistema de prevenção e protecção do ambiente em
Moçambique. No entanto, para a sua correcta compreensão urge
responder a algumas questões iniciais: i) a quem se aplica; ii) que
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 100

tipo de bens visa proteger; iii) que situações pretende acautelar; e


iv) como leva a cabo esta protecção.
Na prática, verifica-se uma tendência, sobretudo por parte da
Administração Pública, para apenas impor deveres de acatamento
dos dispositivos previstos na Lei do Ambiente ao particular,
isentando, de facto, os entes públicos do ónus de a respeitar e
cumprir. No entanto, a Lei é muito clara quanto aos sujeitos
abrangidos pela mesma, definindo expressamente, nos termos do
disposto no art.º 3.º da Lei do Ambiente, que se aplica não apenas
às actividades privadas, mas também às actividades públicas.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 101

Compreendido, então, “a quem”, importa saber “o que” está em


causa. Com efeito, como supra referido, a Lei apresenta alguns
conceitos essenciais e um deles é o de “ambiente”. Ora, Ambiente é
o meio em que o Homem e outros seres vivem e interagem entre si
e com o próprio meio, e inclui: o ar, a luz, a terra, a água, os
ecossistemas, a biodiversidade e as relações ecológicas, toda a
matéria orgânica e inorgânica e todas as condições socioculturais e
económicas que afectam a vida das comunidades. Para além disso,
o art.º 4, al. d) da Lei do Ambiente, dispõe, relativamente ao
princípio da visão global e integral do ambiente, que este deve ser
encarado como um conjunto de ecossistemas interdependentes
naturais e construídos.
Do exposto, pode-se dizer que o conceito de Ambiente adoptado
pela Lei Moçambicana é um conceito amplo, abrangendo não só os
elementos naturais, ou também designados componentes
ambientais, mas também os artificiais (como a paisagem, a cultura,
o saber das comunidades locais, entre outros). Optando, assim, por
uma integração de ambos. Posto isto, definido o bem jurídico
protegido – o Ambiente – importa saber que tipos de ofensas se
encontram abrangidas por esse dispositivo legal

Nos termos do art.º 9.º da Lei do Ambiente, optou-se por se impor


uma proibição de poluir, prevendo, expressamente, que “não é
permitida, no território nacional, a produção, o depósito no solo e
no subsolo, o lançamento para a água ou para a atmosfera, de
quaisquer substâncias tóxicas e poluidoras, assim como a prática de
actividades que acelerem a erosão, a desertificação, o
deflorestamento, ou qualquer outra forma de degradação do
ambiente, fora dos limites legalmente estabelecidos
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 102

Princípios Orientadores

Tanto assim é que, a Lei do Ambiente consagra, expressamente, no


seu art.º 4.º, alguns destes princípios fundamentais em matéria
ambiental, a saber:
(a) Princípio da utilização e gestão racional dos compostos
ambientais – Este princípio aparece no ordenamento jurídico
moçambicano, em 1995, com a aprovação da Política Nacional do
Ambiente (PNA). Nos termos da qual, “a utilização dos recursos
naturais deve ser optimizada6”.

Ponto 2.2, da Resolução n.º 5/95, de 3 de Agosto (Política Nacional


do Ambiente). Sendo a utilização e gestão racional dos recursos
naturais, ambas, condição necessária para a melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos, pode dizer-se que mais não é do que a
concretização e densificação do princípio do desenvolvimento
sustentável no ordenamento jurídico nacional;
(b) Princípio do reconhecimento e valorização das tradições e do
saber das comunidades locais – Este princípio tem como fonte de
inspiração o Princípio XXII, da Declaração do Rio de Janeiro, nos
termos do qual “as populações indígenas e suas comunidades e
outras comunidades locais, desempenham um papel vital na gestão
e desenvolvimento do ambiente devido aos conhecimentos e
práticas tradicionais. Os Estados deverão apoiar e reconhecer
devidamente a sua identidade, cultura e interesses e tornar possível
a sua participação efectiva na concretização de um
desenvolvimento sustentável”.

A questão da protecção das comunidades locais e dos seus saberes,


como forma de protecção e preservação do meio ambiente, ganha
especial relevo em Moçambique onde, apesar de a Terra ser
propriedade do Estado, é daí que há décadas, as famílias retiram a
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 103

sua maior, e muitas vezes única, fonte de sustento. Razão pela qual,
o conhecimento e o saber das comunidades locais constituem
pressuposto fundamental para uma convivência harmoniosa com o
ambiente.
Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro (Lei de Terras).
Artigo 1.º, n.º 1, da Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro (Lei de Terras).
Contudo, para uma acertada compreensão deste princípio, é
essencial chamar à colação o conceito de comunidade local
apresentado em sede de Lei de Terras8 (LT), nos termos da qual,
entende-se por comunidade local “o agrupamento de famílias e
indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de
localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de interesses
comuns através da protecção de áreas habitacionais, áreas
agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de
importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de
expansão”
(c) Princípio da precaução – Este princípio consagra que “a gestão
ambiental deve priorizar o estabelecimento de sistemas de
prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a
ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou
irreversíveis, independentemente da existência de certeza jurídica
sobre a ocorrência de tais impactos”10. Ora, a questão de relevo,
no que a este princípio diz respeito, é, sem dúvida, a tomada de
consciência de que é necessário actuar ainda antes de ter ocorrido o
mal, ou sequer de existir qualquer certeza científica quanto a
ocorrência do dano.

Precaução e prevenção são, muitas vezes, conceitos utilizados


como sinonímicos, contudo a doutrina diverge. Como Ana Martins,
entendemos que existe uma necessidade de autonomização. Com
efeito, o princípio da prevenção dirige-se a impedir a produção de
danos e agressões ambientais, justificando a adopção de medidas
para evitar a concretização de riscos certos e conhecidos, enquanto
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 104

o princípio da precaução surge, assim, como um reforço


qualificado deste, visando a prevenção de riscos cuja intensidade
não representa, ainda, um perigo efectivo e concreto para o
ambiente. Esta autonomização é necessária, sobretudo, quanto a
nós, porque o seu uso indiscriminado pode deixar passar situações
que careceriam de tutela preventiva, mas que, porque o legislador
optou por um ou outro conceito, nele não se enquadram. Assim,
temos situações

Em Moçambique optou-se, em sede de Lei do Ambiente, por


adoptar expressamente o princípio da precaução. Contudo, apesar
de sermos apologistas da referida autonomização entre ambos, do
nosso ponto de vista, sobretudo porque o corpo do dispositivo
assim o indicia, isso não significa que deixou de lado o princípio da
prevenção, muito pelo contrário. Ora, quem permite o mais permite
o menos, e assim, ao abrir hipótese para uma actuação prévia,
independentemente da existência de certeza científica, toma-a por
assumida quando esta se verifique;
(d) Princípio da visão global e integrada do ambiente – Nos
termos deste princípio, o ambiente deve ser visto, e tratado, como
um conjunto de ecossistemas interdependentes, naturais e
construídos, que devem ser geridos de maneira a manter o seu
equilíbrio funcional sem exceder os seus limites intrínsecos. Este
princípio decorre, como refere Carlos Serra, da alteração
substancial que ocorreu no direito internacional do ambiente no que
toca ao seu objecto, uma vez que este não é mais um qualquer dos
componentes naturais individualmente considerados – água, ar,
solo, subsolo, fauna, flora – mas sim a própria biosfera globalmente
considerada e analisada
(e) Princípio da participação dos cidadãos – Este princípio
corresponde ao entendimento segundo o qual a participação dos
cidadãos é a condição, além destes a lei do ambiente prevê outros
princípios do direito ambiental.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 105

Órgãos Competentes

Estes princípios devem ser ponderados, pelos órgãos competentes,


na elaboração e execução das políticas e medidas em matéria
ambiental. Com efeito, o art.º 5.º da Lei do Ambiente prevê que é
ao Governo quem cabe elaborar e executar o Programa Nacional de
Gestão Ambiental16. Consequentemente, nos termos do Decreto
Presidencial n.º 2/94, de 21 de Dezembro, foi criado o Ministério
para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), órgão central
do aparelho do Estado que, de acordo com os princípios, objectivos
e tarefas definidos pelo Conselho de Ministros, dirige a

Órgãos Competentes
Com o Decreto Presidencial n.º 2/94, de 21 de Dezembro foi criado
o MICOA e decreto 2/95, que pretende introduzir uma nova ordem
de desenvolvimento económico-social no mundo. A composição e
funcionamento do CONDES foram estabelecidos pelo Decreto n.º
40/2000, de 17 de Outubro. Em relação a este, chamamos apenas a
atenção para o facto de este reproduzir, no seu art.º 2.º, as
competências então previstas no n.º 3, do art.º 6.º da Lei do
Ambiente. Com excepção, unicamente, daquela prevista na alínea
g) desse artigo “servir de foro de resolução de diferendos
institucionais relacionados com a utilização e gestão de recursos
naturais”.
 Para aconselhar o Governo, e como forma de garantir o
comprometimento de Moçambique com a Agenda 2118, o
art.º 6.º da Lei do Ambiente, criou o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Sustentável (CONDES), tendo como
objectivo garantir uma efectiva e correcta coordenação e
integração dos principios
 A Lei do Ambiente prevê que “a nível local são criados
serviços responsáveis pela implementação da presente Lei
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 106

os quais garantem a coordenação da acção ambiental a esse


nível e a descentralização na sua execução, de modo a
permitir um aproveitamento adequado das iniciativas e
conhecimentos locais”.

Instrumentos de Prevenção do Dano Ambiental

Assim, chegados, então, a esta fase, verificado o “quem”, cumpre


responder ao “como” levar a cabo esta gestão sã e racional do
ambiente, ou seja, como implementar os princípios ambientais
supra referidos, principalmente, o da precaução e o da prevenção,
uma vez que, os danos ao ambiente são de difícil ou quase
impossível reparação, pelo que, importa actuar antes de o mal se
concretizar e, assim, acautelar a ocorrência de danos ao ambiente,
ou ao Homem através do ambiente.
Com efeito, como já constatamos, é ao Governo, através do
MICOA, pessoa colectiva de direito público, a quem cabe a tarefa
de elaborar e executar as políticas em matéria ambiental.

a) Licenciamento ambiental

Nos termos do n.º 1, do art.º 15.º da Lei do Ambiente, “o


licenciamento é o registo das actividades que, pela sua natureza,
localização ou dimensão, sejam susceptíveis de provocar impactos
significativos sobre o ambiente, são feitos de acordo com o regime
a estabelecer pelo Governo, por regulamento específico”. E o n.º 2
acrescenta que, “a emissão de licença ambiental é baseada numa
avaliação do impacto ambiental da proposta de actividade e
precede a emissão de quaisquer outras licenças legalmente exigidas
para cada caso”. Como tal, o processo de licenciamento ambiental
tem em vista a obtenção de uma licença com um conteúdo
específico e característico, para além de licenças ou autorizações
que, há muito, são obrigatórias à luz da legislação sectorial. Mas
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 107

para compreendermos esta figura temos que perceber que ela é o


último patamar do processo de avaliação de impacto ambiental e,
por isso, muitas vezes é tratada apenas em sede deste. Entende-se
que, não obstante ser uma das etapas do processo de avaliação de
impacto ambiental, esta figura pela sua importância, carece de
tratamento autónomo. A Lei do Ambiente é inequívoca ao definir
como regime regra a precedência da licença ambiental à emissão da
licença sectorial, contudo, na prática, nem sempre é isto que se
verifica. Razão atribuída, por um lado, ao mau funcionamento dos
serviços competentes de fiscalização e, por outro, devido à má
opção legislativa adoptada no Decreto n.º 39/2003, de 26 de
Novembro, que aprova o regulamento do Licenciamento da
Actividade Industrial. Nesse diploma, prevê-se, no art.º 11.º, n.º 1,
que para instruir um pedido de licenciamento é necessário a junção
de uma série de documentos, de entre os quais, refere na alínea d),
o “estudo de impacto ambiental aprovado pelo Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental para as actividades constantes na
lista anexa ao Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental…
e documento comprovativo de dispensa para as não constantes da
referida lista”, quando, em rigor, deveria referir ser necessária a
junção da licença ambiental ou documento comprovativo da sua
dispensa. Esta má opção é, assim, responsável pelo esvaziamento
da importância que, na prática, já é atribuída à licença ambiental.

b) Avaliação de Impacto Ambiental

Identificada, então, como a última etapa do processo de Avaliação


de Impacto Ambiental – a Licença Ambiental – é extremamente
relevante na questão da prevenção do dano, sendo mesmo condição
sine qua non para a emissão da licença. nos termos do disposto no
art.º 16.º, “a avaliação de impacto ambiental tem como base um
estudo de impacto ambiental a ser realizado por entidades
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 108

credenciadas pelo Governo”, e devem ser realizadas respeitando os


moldes e demais formalidades previstas em legislação específica.
Ora, porque nem todas as actividades têm o mesmo efeito no
ambiente e representam o mesmo perigo, o art.º 3, do RAIA
classifica-as, de acordo com o impacto que se prevê poderem
provocar no ambiente, em três categorias: A, B e C. As actividades
da categoria A, contidas no Anexo I, estão sujeitas à realização de
Estudo de Impacto Ambiental (EIA); as actividades da categoria B,
que são aquelas que não estando expressamente previstas nem no
Anexo I, nem no Anexo III, são inclusas no Anexo II, como
categoria residual, estão sujeitas à realização de um Estudo
Ambiental Simplificado (EAS) e, por fim, as actividades da
categoria C.
Artigo 10.º, n.º 1, do Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro
(Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental).

Área protegida na legislação Portuguesa

A legislação portuguesa utiliza a designação Área Protegida,


definida como uma zona delimitada em que qualquer intervenção
humana está condicionada e sujeita a regulamentos específicos
tendo em vista a sua protecção ambiental ou outra.

Área protegida na legislação Brasileira

No Brasil, apesar de não serem definidas legalmente, áreas


protegidas podem ser caracterizadas como espaços territorialmente
demarcados cuja principal função é a conservação e/ou a
preservação de recursos, naturais e/ou culturais, a elas associados.
Vários instrumentos legais estão disponíveis para a sua criação.

A Lei Nº 9.985 de 18 de Julho de 2000, que ampara legalmente o


Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 109

(SNUC), define 12 (doze) categorias complementares de Unidades


de Conservação, organizadas de acordo com os objectivos de
manejo e tipos de uso das áreas a serem protegidas.

Além do SNUC e suas unidades de conservação, áreas podem ser


protegidas no Brasil também sob o Novo Código Florestal de 1965
(APPs e Reservas Legais), o Programa MaB (Reservas da
Biosfera), a Convenção sobre Zonas Úmidas (Sítios Ramsar), a
Convenção do Patrimônio Mundial (Sítios do Patrimônio Mundial
Natural), o Estatuto do Índio (Terras Indígenas)3 e o Decreto
Federal Nº 4.887 (Territórios Quilombolas).4 Muitas vezes, essas
tipologias se sobrepõem (por exemplo, todos os Sítios Ramsar
brasileiros são também UCs).

As UCs, embora essencialmente diferentes dos Territórios de


Ocupação Tradicional (Terras Indígenas e Territórios
Quilombolas), formam conjuntamente com os mesmos as áreas
protegidas objeto do Plano Estratégico Nacional de Áreas
Protegidas (PNAP), lançado em 2006.5

Área de Conservação na Legislação Moçambicana

As áreas de conservação são chamadas pela legislação


moçambicana de Área de Protecção Ambiental, estando definidas
pelo artigo 13 da Lei 20/97 de 1 de Outubro.

Quadro Legal e Institucional da Lei do Ambiente em


Moçambique
1) A Lei Fundamental – A constituição da República da
Moçambique de 2004 no seu Art. 90 preceitua: Todo cidadão tem
direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender.
O estado e as autarquias locais, com a colaboração das associações
de defesa do ambiente, adoptam políticas de defesa do ambiente
que velam pela utilização racional de todos recursos naturais.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 110

A lei fundamental estabelece princípios fundamentais para


utilização racional dos recursos, para prevenção de actos lesivos ao
ambiente através de definição de acções concretas e
responsabilização para quem degrada o ambiente
Estes princípios estão expressos nas Políticas de Terras, Ambiente,
Florestas e Fauna Bravia. Sendo instrumento para a materialização
destes princípios foram aprovados pela Assembleia da República as
Leis 19/97 e 20/97 ambos de 1 de Outubro, respectivamente a Lei
da Terra e do Ambiente. Finalmente a Lei 10/99 de 7 de Julho, a
Lei de Florestas e Fauna Bravia.
2) A Lei do Ambiente – Lei nº 20/97 de 1 de Outubro
A materialização do direito do cidadão, consagrados na
constituição da Republica, de viver num ambiente equilibrado,
passa necessariamente por uma gestão correcta do ambiente e seus
componentes pela criação de condições propícias à saúde e ao bem
estar das pessoas, ao desenvolvimento sócio-económico e cultural
das comunidades e a preservação dos recursos naturais que as
sustentam.
3) Lei de Terras – Lei nº 19/97, de 1 de Outubro A Lei de Terra
estabelece que a terra é propriedade do Estado e é o recurso mais
importante e valioso de que o país dispõe e que serve como base
para o desenvolvimento da economia. No âmbito do licenciamento
das actividades económicas, a Lei estabelece, no artigo 20 a
necessidade de protecção do meio ambiente. Adicionalmente, no
artigo 24, reconhece o papel das comunidades locais na gestão dos
recursos naturais com base na utilização de normas e práticas
costumeiras. Para operacionalização da Lei de Terras foi aprovado
o respectivo regulamento, através do Decreto 66/98 de 08 de
Dezembro, que preconiza que os titulares do direito de uso e
aproveitamento de terra devem usar a terra respeitando os
princípios definidos na Constituição e demais legislação em vigor,
e, no caso de exercício de actividades económicas, em
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 111

conformidade com o plano de exploração e de acordo com o


definido na legislação da respectiva actividade.
4) A Lei de Florestas e Fauna Bravia – Lei nº 10/99 de 7 de
Julho
A Lei de Florestas e Fauna Bravia estabelece os princípios e
normas básicas sobre a protecção, conservação e utilização
sustentável dos recursos florestais e
faunísticos no quadro de uma gestão integrada para o
desenvolvimento económico e social do país. A Legislação
complementar a Lei de Florestas e Fauna Bravia, é a Política e
Estratégia de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia que
atribui o papel `as autoridades locais, o estado na fiscalização,
controlo e prevenção de queimadas na sua área de jurisdição.

Sumá rio

Quadro Legal e Institucional da Lei do Ambiente em Moçambique


A Lei Fundamental – A constituição da República da Moçambique de
2004 no seu Art. 90 preceitua: Todo cidadão tem direito de viver num
ambiente equilibrado e o dever de o defender. O estado e as autarquias
locais, com a colaboração das associações de defesa do ambiente,
adoptam políticas de defesa do ambiente que velam pela utilização
racional de todos recursos naturais. A lei fundamental estabelece
princípios fundamentais para utilização racional dos recursos, para
prevenção de actos lesivos ao ambiente através de definição de acções
concretas e responsabilização para quem degrada o ambiente Estes
princípios estão expressos nas Políticas de Terras, Ambiente, Florestas e
Fauna Bravia. Sendo instrumento para a materialização destes
princípios foram aprovados pela Assembleia da República as Leis 19/97
e 20/97 ambos de 1 de
Outubro, respectivamente a Lei da Terra e do Ambiente. Finalmente a
Lei 10/99 de 7 de Julho, a Lei de Florestas e Fauna Bravia. A Lei de
Florestas e Fauna Bravia – Lei nº 10/99 de 7 de Julho, ) Lei de Terras –
Lei nº 19/97, de 1 de Outubro A Lei de Terra, A Lei do Ambiente – Lei nº
20/97 de 1 de Outubro,

Exercícios
1. Qual o quadro jurídico da que sustenta a lei do ambiente em
Moçambique
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 112

2. Quais os princípios Moçambique adoptou para proteger o


ambiente
3. Explica o que diz a lei da Terra
4. A lei do ambiente em Moçambique da destaque ao principio de
precaução. Porquè
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 113

Unidade : VIII: Planeamento físico em ordenamento


territorial

Planeamento físico em Ordenamento Territorial


Introduçã o
O planeamento físico integrado requer a integração vertical e
horizontal de organizações, políticas, planos e programas e ainda,
cooperação e conhecimento da interdependência de todos os
intervenientes no sistema. A gestão deve responder às necessidades
e demandas da população e dos vários agentes privados, públicos e
comunitários, muitas vezes com interesses diametralmente opostos,
da forma mais “harmoniosamente” possível. Assim sendo nesta
unidade abordar-se-a os aspectos gerais do planeamento físico em
ordenamento territorial.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Definir Planeamento físico


territorial
Objectivos
Explicar a importância do
planeamento físico territorial

Identificar os instrumentos
do planeamento físico
territorial

Explicar como se faz um


planeamento físico territorial
integrado

Planeamento físico em Ordenamento


Territorial
O PLANEAMENTO FÍSICO-TERRITORIAL é uma modalidade de
planeamento sectorial, que visa ao ordenamento espacial da área
sob planeamento ou mais especificamente a regulamentação dos
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 114

usos e da ocupação do solo e ao traçado das vias. De acordo com


CELSON FERRARI o planeamento é “predominantemente fisico-
territorial.” (FERRARI, 2004). Mas não se pode concordar com
isso sem verificar cuidadosamente essa sentença. Um Plano
director é um instrumento de planeamento urbano que coloca
directrizes de ordenamento físico-territorial.

O planeamento integrado método de aplicação contínua e


permanente destinado a resolver de maneira racional a
problemática que afecta determinada sociedade, considerando
espaço e tempo. Esta modalidade de plano actua basicamente por
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 115

uma previsão ordenada das mudanças desejadas pela sociedade, em


que se consideram aspectos físico-territoriais, sociais, económicos,
administrativos da realidade. Esta vincula as mudanças pretendidas
a objectivos e a directrizes de planos dos demais escalões
governamentais. O planeamento integrado considera a realidade em
sua complexidade e de forma sistémica; estrutura-se verticalmente
(entre sectores governamentais) e horizontalmente (na abordagem
dos problemas) de modo a obter unidade, coerência, aplicabilidade
em termos da sincronização entre espaço e sociedade. (FERRARI,
2004). Em suma, o planeamento integrado requer a integração
vertical e horizontal de organizações, políticas, planos e programas
e ainda, cooperação e conhecimento da interdependência de todos
os intervenientes no sistema (SILVA, 2001).

Estudiosos sobre gestão urbana ACIOLY E DAVIDSON a definem


o planeamento físico territorial como um conjunto de instrumentos,
actividades, tarefas e funções que visam assegurar o bom
funcionamento de uma cidade. A gestão deve responder às
necessidades e demandas da população e dos vários agentes
privados, públicos e comunitários, muitas vezes com interesses
diametralmente opostos, da forma mais “harmoniosamente”
possível. O aspecto pragmático do planeamento urbano leva a
considerar o momento de gestão (para manter o dinamismo da
cidade) como predominante em relação ao momento de elaboração
do plano. Na gestão urbana são fundamentais: as leis que
regulamentam as diversas propostas dos planos directores, a clareza
do provimento de recursos necessários, o corpo técnico capacitado
para implementar e gerenciar as propostas, os fóruns para o
envolvimento da sociedade civil.

A modelização espacial é uma práxis da disciplina de urbanismo,


segundo FRANÇOISE CHOAY (1985). Esta tem origem em uma
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 116

crítica a uma realidade no presente e a modelização espacial de


uma realidade futura. Para CHOAY a regra e o modelo
correspondem a duas atitudes fundamentalmente diferentes face ao
mundo construtor e ao mundo edificado. As regras são enunciados
prescritivos ou prescritivos (NESBITT, 2006), enquanto os
modelos advém das utopias que tem um ponto de partida não
prático contudo visam servir de instrumento efectivo a concepção
de espaços reais. Um enunciado prescritivo estabelece normas para
as práticas, propõe padrões e inclusive pode propor metodologias
de projecto; enquanto um enunciado prescritivo estabelece “o que
deve ser evitado no projecto”. Os zoneamentos e planos directores
de cidades são exemplos de enunciados prescritivos, pois limitam
as escolhas dos projectistas a modelos pré-estabelecidos de
alinhamentos, de volumetrias, de taxas de ocupação dos lotes, até
os materiais e os estilos de arquitectura (NESBITT, 2006).
Monte-Mór relata que sucede ao urbanismo racionalista o advento
no planeamento centrado na idéia de resolução técnica dos
problemas fisico-teritoriais dos problemas urbanos da aglomeração
urbana, nos anos 1960. Época em que também ocorre a introdução
da visão de planeamento integrado intersectorial (MONTE-MÓR,
2008). Este é executado por uma equipe de engenheiros, arquitetos,
os sociólogos, e economistas para análise de suas áreas de
especialidades.
Marcelo Lopes de Sousa afirma que o planejamento sistêmico, é
instrumental e visa a adequação de meios e fins preestabelecidos
(SOUSA, 2002). O planeamento obedece a várias etapas
sequenciadas, interligadas e continuadas para que o mesmo seja
eficaz e traga resultados satisfatórios. CARVALHO (1997 APUD
BUARQUE,2002, p.103) afirma que são etapas do planeamento “o
conhecimento da realidade, a tomada de decisão, a execução do
plano, o acompanhamento, o controle e a avaliação das
acções”.Para BARRETO (2003, p. 28) as etapas do planeamento
são “a reflexão diagnóstica (estudos e decisões), acção, reflexão
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 117

critica (avaliação e novas decisões)”. Segundo CHIAVENATO


(2004, p.196) o planeamento procura responder as seguintes
questões: (1) Para onde queremos ir? (2) Onde estamos agora? (3)
O que temos pela frente? (4) Quais os caminhos possíveis? (5)
Qual o melhor caminho? (6) Como iremos percorrê-lo?

Durante muito tempo, na história do planeamento territorial, a


dimensão ambiental no trato da organização espacial foi pouco
considerada. As questões urbanas, tanto em países desenvolvidos
como nos subdesenvolvidos, estiveram muito – ou quase
totalmente - dissociadas das questões ambientais. O território
(espaço físico em que habitamos) sempre foi concebido e gerido a
partir de uma complexidade de processos económicos, sociais,
estratégicos, até mesmo valores políticos. Esse processo de
organização do espaço que se instrumentalizava pelo planeamento
(aqui entendido como uma antecipação que define directrizes para
uso racional de um recurso qualquer) foi extremamente dinâmico e
respeitou as regras de demandas vigentes em cada época.
No início o planeamento pautou-se principalmente pelo factor
económico como determinante no processo de decisão. A
reestruturação da sociedade e da ordem económica, o aparecimento
de novas tecnologias e as mudanças nas relações sociais,
decididamente, forçaram novas atitudes/concepções no ato de p
planeamento territorial obedece a leis mais amplas, que incorporam
novas exigências institucionais ou demandas da própria sociedade.
A questão ambiental surge dentro desse contexto: de um lado,
forçada a ser considerada pelos planeadores.
Actualmente não se pode mais conceber formas de intervenção ou
modificação no território que ocupamos, assim como na utilização
dos reservas de recursos naturais, sem um engajamento na temática
ambiental. Pois existem diversos mecanismos na actualidade como
(legislação, consciência popular, pressões internacionais) que não
autorizam a modificação desses espaços e recursos sem uma
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 118

avaliação preliminar dos impactos ambientais e socioeconómicos


dos projectos aí implementados.
A definição de planeamento
Planeamento é um termo que envolve conceitos bastante amplos.
Segundo
GONZALES NETO E FRANCO, o planeamento pode ser visto
como teoria, como processo, como sistema ou como instrumento
aplicáveis a vários tipos e níveis de actividade humana, com
objectivos variados que vão desde a alteração estrutural da
sociedade até a simples composição de programas. O planeamento,
assim, pode ser considerado uma acção contínua que serve de
instrumento dirigido para racionalizar a tomada de decisões
individuais ou colectivas em relação à evolução de um
detem1inado objecto; pode-se afirmar, também, que planeamento é
a aplicação racional do conhecimento do homem ao processo de
tomada de decisões para conseguir uma óptima utilização dos
recursos, a fim de obter o máximo de benefícios para a
colectividade.
Há muitas razões que podem ser apresentadas como justificativa
para a intervenção pública sob a forma de planeamento. Sempre se
afirma que o planeamento do uso de recursos escassos é mais
racional que se deixar as forças do mercado actuarem livremente.
Este é um argumento humanitário e, ao mesmo tempo, pragmático,
baseado na crença de que as necessidades fundamentais de todos,
na colectividade, devem ser supridas. Mesmo alguns defensores das
forças de mercado, como KEYNES, BEVERIDGE E
GALBRAITH, concordam que algum grau de intervenção pública
na economia é necessário para compensar a falta de racionalidade
do mercado em alguns aspectos, e prover ou coordenar serviços
como habitação, educação e saúde para os grupos de baixa renda
que, deixados ao sabor do mercado, não veriam as suas
necessidades atendidas.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 119

Sumá rio
O PLANEJAMENTO FÍSICO-TERRITORIAL é uma modalidade de
planeamento sectorial, que visa ao ordenamento espacial da área sob
planeamento ou mais especificamente a regulamentação dos usos e da
ocupação do solo e ao traçado das vias. O planeamento integrado
considera a realidade em sua complexidade e de forma sistémica;
estrutura-se verticalmente (entre sectores governamentais) e
horizontalmente (na abordagem dos problemas) de modo a obter
unidade, coerência, aplicabilidade em termos da sincronização entre
espaço e sociedade. (FERRARI, 2004). Em suma, o planeamento
integrado requer a integração vertical e horizontal de organizações,
políticas, planos e programas e ainda, cooperação e conhecimento da
interdependência de todos os intervenientes no sistema (SILVA, 2001).

Exercícios
1) Segundo CHIAVENATO (2004, p.196) o planeamento procura
responder as seguintes questões: (1) Para onde queremos ir? (2)
Onde estamos agora? (3) O que temos pela frente? (4) Quais os
caminhos possíveis? (5) Qual o melhor caminho? (6) Como
iremos percorrê-lo? Comente
2) O que entende pró planeamento físico territorial integrado
3) Qual a importância do planeamento físico territórios integrado
4) No início o planeamento pautou-se principalmente pelo factor
económico como determinante no processo de decisão. A
reestruturação da sociedade e da ordem económica, o
aparecimento de novas tecnologias e as mudanças nas relações
sociais, decididamente, forçaram novas atitudes/concepções no
ato de planejar. Porque? Explica
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 120

Unidade : IX: Métodos e Técnicas de pesquisa em


ordenamento territorial no meio urbano

Métodos e Técnicas de Pesquisa em Ordenamento


Territorial no meio urbano
Introdução
O planeamento territorial e urbano, dentre outras finalidades, tem a
função de ordenar e estruturar o território para atender às
necessidades do cidadão, bem como, viabilizar o provimento de
condições básicas tais como saneamento básico, saúde, transporte,
meio ambiente saudável, entre outros direitos garantidos em lei e
fundamentais à materialização da qualidade de vida. Numa
perspectiva histórica, na década de 1970, os planos territoriais se
caracterizavam como conservadores, na dinâmica físico-territorial,
sem levar em conta que a dinâmica social, económica, política,
cultural e espacial iria requerer mudanças dos planos. Na década de
1990 do século passado, a análise dos planos territoriais se
constituiu em novo paradigma do planeamento territorial e
instrumento de realização do planeamento dinâmico, destinado a
abranger a complexidade de factores, variáveis e segmentos sociais
presentes na realidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 121

Explicar como se faz uma


pesquisa em planeamento
urbano
Objectivos
Definir planeamento urbano

Explicar a importância dessa


pesquisa para a gestão
ambiental

O Planeamento Físico -Territorial em Ambiente Urbano

ROSS (1993) argumenta em favor da necessidade de


desenvolvimento do planeamento físico-territorial na perspectiva
económico-social e ambiental, que considere a potencialidade dos
recursos naturais e humanos e a fragilidade dos ambientes face as
diferentes inserções dos homens na natureza.

Estudos integrados de um determinado território pressupõem o


entendimento da dinâmica de funcionamento do ambiente natural
com ou sem a intervenção humana. Assim, a elaboração do
zoneamento ambiental deve partir da adopção de uma
metodologia de trabalho baseada na compreensão das
características e da dinâmica do ambiente natural e do meio
socioeconómico, visando integrar as diversas disciplinas
científicas específicas, por meio da síntese do conhecimento
acerca da realidade pesquisada.

As proposições de zoneamento ambiental devem considerar as


potencialidades do meio natural. O conhecimento das
potencialidades dos recursos naturais passa pelos levantamentos
dos solos, relevo, rochas e minerais, águas, clima, flora e fauna,
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 122

enfim de todas as componentes do estrato geográfico que dão


suporte à vida animal e do homem. Para a análise da fragilidade,
entretanto, exige-se que esses conhecimentos sectorizados sejam
avaliados de forma integrada, calcada sempre no princípio de que
a natureza apresenta funcionalidade intrínseca entre as seus
componentes físicos e bióticos. Razão pelo qual, o espaço urbano
é plausível de ser analisado e planejado no que tange ao seu
território físico e ambiental.  

As fragilidades dos ambientes naturais, quando aplicadas ao


planeamento territorial ambiental, devem ser avaliadas segundo o
conceito de Unidades Ecodinâmicas preconizado por TRICART
(1977). Dentro dessa concepção, o ambiente é analisado sob o
prisma da Teoria dos Sistemas, que parte do pressuposto de que
na natureza as trocas de energia e matéria se processam através de
relações em equilíbrio dinâmico. O que para a geografia passamos
a trabalhar com o conceito de geossistema.

Algumas considerações sobre as questões ambientais em


planeamento urbano

 Uma premissa básica é que a natureza tem capacidade de auto-


recuperação pois o homem, por mais que a altere, não consegue
interferir na sua essência. A segunda reza que é possível utilizar
os recursos da natureza sem dizimá-los, a medida em que se
planifique seu uso e aplique tecnologias que respeitem seus
limites.

A pesquisa ambiental na geografia tem como objecto de análise as


sociedades humanas com seus modos de produção, consumo,
padrões sócio-culturais e o modo como se apropriam dos recursos
naturais e como tratam a natureza. Ela busca entender as relações
das sociedades humanas com a natureza dentro de uma
perspectiva absolutamente dinâmica nos aspectos culturais,
sociais, económicos e naturais.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 123

A abordagem geográfica na pesquisa ambiental urbana é


representada através de mapas, cartogramas, gráficos e tabelas
produzidas a partir da utilização e interpretação de dados
numéricos (estatísticos) bem como dados obtidos por sensores e
levantamentos de campo. Essas informações podem ser
trabalhadas por sistemas informatizados ou por processos
convencionais da cartografia temática e da estatística de dados
geográficos.

Os produtos de síntese dentro da abordagem geográfica são


obrigatoriamente espacializados no território objecto da pesquisa, e
seus conteúdos devem contemplar, de forma sintética, as
informações multi-temáticas pesquisadas nos temas das disciplinas
especializadas. Esses produtos de síntese, devem se basear na
concepção teórica da Teoria dos Sistemas, mesmo nos ambientes
urbanos. Desta forma a geografia, passa a ser um instrumental
importante para o planeamento físico-territorial urbano, gerando
uma infinidade de produtos cartográficos de síntese
PLANEAMENTO URBANO: POSSÍVEIS ETAPAS
Estabelecimento de directrizes e recomendações para os padrões
de uso e ocupação do solo, incluindo, entre outros:
 Zoneamentos especializados (habitações, comércio,
indústria etc.);
 a altura das edificações;
 a construção de parques e praças;
 a construção de arruamentos (podendo influenciar inclusive
na hierarquização viária);
 definições de possíveis áreas de preservação;
 a criação ou a expansão do sistema de saneamento básico.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 124

PLANEJAMENTO E PLANO-PROCESSO NO
ORDENAMENTO URBANO
Para compreender a relevância do plano-processo no ordenamento
territorial urbano é imprescindível considerar o planeamento como
um contínuo adaptado às mudanças da realidade, necessário para se
definir tarefas, metas e optimizar o uso de seus recursos, com
continuidade no tempo. Planejar é tomar um conjunto de decisões
antecipadas, realizar previsões sobre determinadas variáveis,
adquirir informações internas e externas, criar cenários (hipóteses),
problematizar a realidade e indicar acções a seguir, que serão
avaliadas conforme as mudanças ocorridas no âmbito real. No
entender de PELEIAS (2002, p.22):
Planeamento é o processo de definir objectivos e desenvolver
estratégias para atingi-las. Prover mecanismos para coordenar o
desenvolvimento Na concepção de LOURENÇO (2003, p.218):
[...] o plano é um elemento determinante do processo de
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 125

planeamento. Isto é, de um modo mais afirmativo, um processo de


planeamento não pode ser iniciado sem um plano, já que este se
constitui como essência e motor desse processo. Deste modo, é
idealizado o desenrolar de um ciclo de planeamento que se sucede
no tempo sem descontinuidades, mas que vai dando origem a
variáveis de intensidade do ciclo (IC) [...]. Portanto,
essencialmente, o plano não pode ser estático, ele precisa
acompanhar a evolução do espaço-tempo, ser flexível, conter
mecanismos de ajuste, sofrer monitoramento e avaliação
permanente, principalmente nos dias actuais, caracterizados pelo
avanço da globalização
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 126
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 127
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 128
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 129
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 130
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 131

Sumá rio
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 132

A pesquisa no planeamento urbano tem como objecto a análise das


sociedades humanas com seus modos de produção, consumo, padrões
sócio-culturais e o modo como se apropriam dos recursos naturais e
como tratam a natureza. Ela busca entender as relações das sociedades
humanas com a natureza dentro de uma perspectiva absolutamente
dinâmica nos aspectos culturais, sociais, económicos e naturais.A
abordagem geográfica na pesquisa ambiental urbana é representada
através de mapas, cartogramas, gráficos e tabelas produzidas a partir
da utilização e interpretação de dados numéricos (estatísticos) bem
como dados obtidos por sensores e levantamentos de campo.
Planeamento urbano: possíveis etapas-Estabelecimento de directrizes
e recomendações para os padrões de uso e ocupação do solo,
incluindo, entre outros: Zoneamentos especializados (habitações,
comércio, indústria etc.); a altura das edificações; a construção de
parques e praças; a construção de arruamentos (podendo influenciar
inclusive na hierarquização viária); definições de possíveis áreas de
preservação; a criação ou a expansão do sistema de saneamento
básico.

Exercícios
1. Qual a importância das técnicas e métodos de pesquisa em
ordenamento territorial urbano

2. Como se processa o ordenamento urbano

3. Identifique as etapas do ordenamento territorial urbano

4. Como as técnicas de pesquisa em ordenamento territorial


influenciam na gestão ambiental
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 133

Unidade : X: Métodos e Técnicas de pesquisa em


ordenamento territorial no meio rural
Métodos e Técnicas de Pesquisa em
Ordenamento Territorial em meio rural

Introdução

É fundamental, ao pensar a problemática do planeamento e do


ordenamento territorial e das suas técnicas de pesquisa em meio
rural, compreender a importância de cada uma das ocupações
humanas, de cada um dos aglomerados, entender que alterações à
lógica de um desses elementos, à sua importância ou à sua
dimensão, influenciará e desequilibrará a estrutura que é o
ordenamento do território. Se pensarmos que cada região, cada
local, cada povoação tem características próprias, identificáveis e
analisáveis, realidades e necessidades diferentes que variam
substancialmente com o contexto onde se inserem, podemos
concluir que cada sítio terá que ser estudado como entidade
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 134

autónoma. Contextualizando essa análise na lógica das ocupações


do território para se poderem compreender os motivos e as regras
da sua estrutura, bem como cada realidade apresenta técnicas e
métodos de pesquisa diferentes como iremos abordar nesta unidade
com destaque ao ordenamento em meio rural.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Descrever as técnicas de
pesquisa em ordenamento

Objectivos territorial rural

Explicar a importância do
ordenamento territorial no
meio rural

Demonstrar como se
processa a pesquisa em
ordenamento territorial em
meio rural

Na constituição dos assentamentos rurais de reforma agrária, o


planeamento do espaço de produção agrícola é realizado
obedecendo a critérios relativos aos diferentes tipos de unidades
produtivas e formas de uso da terra. Nesse sentido, a organização
territorial dos projectos leva em consideração apenas o carácter
produtivo das unidades delineadas, não dando relevância às
questões relacionadas à convivência e à participação das famílias
envolvidas. Embora possam ocorrer alterações, o processo de
organização territorial dos assentamentos rurais geralmente envolve
o zoneamento e delimitação dos seguintes elementos: Áreas de
Preservação Permanente (APP), Reserva Legal (RL), Áreas
Comunitárias (AC) e Parcelas ou Lotes Familiares.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 135

MÉTODO DO ALGORITMO GENÉTICO PARA


ORDENAMENTO TERRITORIAL EM MEIO RURAL

A etapa de parcelamento dos assentamentos rurais e em processos


de ordenamento territorial rural representa um desafio para os
técnicos encarregados de sua implementação. Isso deve-se à
dificuldade de criar lotes que tenham capacidade produtiva
semelhante. Essa dificuldade está relacionada ao fato de que um
mesmo lote pode apresentar várias classes de solos, que por sua vez
podem ter aptidões agrícolas distintas. Por esse motivo, algumas
famílias conseguem obter em seus lotes melhor desempenho
produtivo que outras. Para o problema estudado, a questão foi
buscar o parcelamento de uma zona de interesse, ajustando a área
ocupada pelos lotes, minimizando as disparidades produtivas entre
os diferentes tipos de solos encontrados em cada um, a fim de que
as famílias assentadas pudessem desenvolver suas actividades
agrícolas de forma semelhante, em termos de produtividade. Tendo
em vista que as possibilidades de parcelamento de uma área são
muito grandes, a utilização de métodos exactos torna-se inviável;
por isso, buscou-se na utilização de um algoritmo genético (AG)
um método alternativo para solucionar o problema em questão.

Na operacionalização de um AG, o ponto fundamental é a


definição do conjunto inicial de soluções (indivíduos) que servirá
de base para a criação das novas gerações. Esse conjunto recebe a
denominação de população inicial. O procedimento de geração de
uma solução inicial adoptado, é realizado da seguinte forma:
aleatoriamente, escolhe-se um conjunto de pontos que servirão para
posicionar os lotes dentro do imóvel (a). A partir daí, os limites dos
lotes são expandidos, respeitando-se o limite da área de interesse e
ocupando os pixels vizinhos ainda não ocupados até que cada pixel
da propriedade esteja associado a um lote. O método proposto
contribui para melhorar o parcelamento da área, equilibrando os
factores especificados pela função de avaliação. Assim, os
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 136

Algoritmos Genéticos podem ser utilizados como ferramenta de


suporte para realização de ordenamento territorial Rural. A
qualidade dos resultados finais obtidos dependerá dos índices de
produtividade atribuídos às classes de aptidão agrícola das terras e
da possibilidade de incorporar ao programa outras variáveis, como
capacidade de uso dos solos, cobertura vegetal, malha hidrográfica,
bem como da definição de uma função de entrada com base em
critérios económicos e sociais.

O planeamento urbano e o urbanismo regem-se por princípios


resultantes dessa sistematização; a própria arquitectura baseia as
suas formas e a gestão das funções dos edifícios em desenhos
claramente urbanos.

E as aldeias? E os aglomerados rurais? E o espaço rural? Não existe


uma sistematização do planeamento rural ou do ruralismo; apenas
alguns tratados (Tratado de Granada), algumas verificações mais
ou menos empíricas, alguns estudos das características das formas
construídas de determinada aldeia. É urgente, se pretende de facto
salvar as aldeias, que se sistematize esse conhecimento, que se
analise profundamente a realidade rural de forma a que se possam,
com coerência, desenvolver princípios de acção que se enquadrem
no contexto das aldeias e que possibilitem de facto um
desenvolvimento baseado no seu conhecimento. É necessário
estabelecer as bases do ruralismo e do planeamento rural enquanto
disciplina.

Se só culturalmente a preservação dos aglomerados rurais já é


justificável, é no ordenamento territorial que a sua reabilitação tem
razões mais imediatas e concretas."

Há que dignificar as aldeias. Mais do que pitorescos aglomerados


para visitar ou elementos essenciais do nosso património cultural,
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 137

justificação da nossa forma de ser, a ruralidade é um factor


fundamental para o ordenamento do território, para a gestão do
nosso espaço natural e construído. É necessário preservá-las e
compreender as vias para o seu desenvolvimento de forma a
renovar a sua razão de existir sem alterar a sua identidade.

"É necessário potenciar os aglomerados rurais de forma a que estes


ganhem de novo razão existencial, para que consigam prender a sua
população residente e se desenvolvam harmoniosamente no
contexto nacional, conseguindo-se, em última análise, uma
diminuição da pressão populacional nos grandes centros,
contribuindo para a facilitação da sua organização e qualificação da
vida das suas populações.

Só se conseguem desenvolver as aldeias estudando-as, analisando-


as e inserindo-as como realidades autónomas na problemática do
planeamento.

Saber quais as realidades económicas, sociais e culturais destes


aglomerados; perceber quais os modelos das suas estruturas de
organização espacial e as pressões neles exercidas; compreender as
formas arquitectónicas e os seus significados formais e culturais.

Só então será possível encontrar formas de desenvolver as aldeias e


compreender as necessidades de maneira a dar-lhes razões
económicas e sociais que viabilizem a sua existência.

Há que compreender os aglomerados rurais e entender o seu papel


no ordenamento territorial do país; há que aplicar esse
conhecimento nos PDM's e PROT's de forma coerente e eficaz,
deixando de tentar salvar as aldeias com medidas desenquadradas e
baseadas em análises rápidas e sem profundidade. Há que construir
uma disciplina autónoma para o estudo destes aglomerados, à
imagem do urbanismo, integrando-a nas problemáticas do
planeamento, em suma, há que desenvolver o ruralismo."
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 138

"As transformações socio-económicas e tecnológicas da civilização


nas últimas décadas modificaram as necessidades e a estrutura
organizativa da sociedade. Estas alterações vivenciais reflectiram-
se na organização regional, nomeadamente, ao nível da
sobrevalorização dos grandes aglomerados em detrimento dos
pequenos.

As aldeias que sobreviviam baseadas nos rendimentos do sector


primário viram esvaziada a sua razão de ser económica com a
industrialização da agricultura e a crescente importância do
comércio e dos serviços.

Sem uma plataforma económica de suporte que os justificasse, os


aglomerados rurais perderiam a sua vitalidade social, verificando-
se um êxodo da sua população residente para os centros urbanos
económica e socialmente atractivos ou para o estrangeiro. Quando
o aumento constante do número de habitantes das grandes cidades
torna extremamente difícil a qualificação de vida das suas
populações e impossibilita uma gestão urbana equilibrada; quando
todas as pessoas preocupadas com assuntos relacionados com o
ordenamento concordam que é problemática a pressão exercida nos
grandes aglomerados por estes fluxos de população; quando o
planeamento regional e local dá os primeiros passos no nosso país
estabelecendo regras para a ocupação do espaço; é quase
contraditório que as aldeias continuem a ser consideradas como
elemento acessório desta problemática e não como factor
fundamental para o equilíbrio e gestão deste ordenamento." (1)

É por isso fundamental, ao pensar a problemática do planeamento e


do ordenamento, compreender a importância de cada uma das
ocupações humanas, de cada um dos aglomerados, entender que
alterações à lógica de um desses elementos, à sua importância ou à
sua dimensão, influenciará e desequilibrará a estrutura que é o
ordenamento do território.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 139

Se pensarmos que cada região, cada local, cada povoação tem


características próprias, identificáveis e analisáveis, realidades e
necessidades diferentes que variam substancialmente com o
contexto onde se inserem, podemos concluir que cada sítio terá que
ser estudado como entidade autónoma. Contextualizando essa
análise na lógica das ocupações do território para se poderem
compreender os motivos e as regras da sua estrutura.

O fundamento do planeamento territorial é a gestão dos recursos,


ordenando e estabelecendo regras para as ocupações, sempre
com o objectivo último de qualificar a vida das populações. Trata-
se de revalorizar ou de preservar o património natural, construído
ou cultural, de prever e de ordenar as transformações e as
dinâmicas dos aglomerados, de estabelecer o equilíbrio necessário
a uma evolução sustentada para as ocupações humanas.

Cada passo dado no sentido da preservação do ambiente natural,


histórico, arquitectónico ou cultural, quer seja no sentido estrito do
conservadorismo ou simplesmente baseado em premissas de gestão
de território e de recursos, tem que, para que possa ser
correctamente implementado, ser aceite pelas populações que
pretende servir ou que, de outro ponto de vista, são por essas
medidas reguladas e condicionadas.

É importante que as populações se envolvam no planeamento dos


seus locais e regiões, que compreendam as medidas que tendem ao
ordenamento do seu território e que em tudo isto colaborem
activamente.

A Plurifuncionalidade e o Ordenamento Territorial nos


Espaços Periurbanos, breves considerações

O fim das barreiras entre cidade e campo mediante a facilidade de


locomoção e a propagação dos meios de comunicação, fez com que
às áreas rurais, sobretudo as periurbanas, atraíssem sectores como
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 140

indústria e serviços. Ao agregar actividades que até então eram


específicas da cidade; a dispersão do urbano face aos espaços de
carácter rural tende a se desenvolver de maneira extensa e
desordenada, tornando-se um risco para o habitat natural que
integra os espaços periurbanos. Apesar de assumirem formas
diferenciadas de uso e ocupação do solo, se comparado a outras
áreas rurais; os espaços periurbanos integram um rico potencial
natural composto por paisagens silvestres e mananciais
responsáveis pelo armazenamento de água para consumo.
Considerando os elementos que formam o espaço periurbano, este
ensaio busca discutir a necessidade de ordenamento territorial no
entorno das cidades, tendo em vista que, essas áreas adoptaram
funções urbanas de uso da terra num ambiente propriamente dito
rural.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 141

A dinâmica territorial que compreende as relações entre o rural e o


urbano no mundo contemporâneo passou a ser caracterizada pela
intensa articulação de ambos os espaços. O rural adquiriu uma nova
configuração, marcada pela influência do urbano no modo de vida
de seus agentes sociais e na funcionalidade dada a um espaço que
até então, era usado exclusivamente para fins agrícolas. Conforme
salienta VEIGA (2000, p.165), as relações entre esses espaços, [...]
mudaram radicalmente na segunda metade deste século. Mas não
foram mudanças que reduziram o contraste entre ambos, como
imaginaram grandes economistas do século passado. O que está
ocorrendo hoje nos países do Primeiro Mundo é que o espaço rural
tende a ser cada vez mais valorizado por tudo o que ele opõe ao
artificialismo das cidades [...] As paisagens naturais, o ar puro e a
calmaria do campo, tornaram-se uma alternativa para aqueles que
necessitam “fugir” do cotidiano estressante das cidades. Quando se
trata de contrastes, percebe-se que os espaços rurais e urbanos se
opõem no que se refere às suas características físicas. O primeiro
compreende um espaço natural pouco modificado, de baixa
densidade demográfica; enquanto o segundo diz respeito ao espaço
artificializado por aglomerações de grande densidade demográfica.
Transmitindo uma ideia de oposição, as diferenças físicas entre os
referidos espaços dão um aspecto dicotômico aos mesmos.
Considerando esta abordagem, o campo seria então, um reflexo de
atraso e pobreza em contraste com a cidade, vista como o espaço
desenvolvido que superou o meio rural, entender a relação entre
rural e urbano a partir desta visão, GRAZIANO DA SILVA (1997,
p.44) explica que, a dicotomia Rural – Urbano representar,
portanto, as classes sociais que contribuíram para o aparecimento
do capitalismo ou a ele se opunham na Europa do século XVII e
não propriamente um corte geográfico É a partir daí que o “urbano”
passou a ser identificado com o "novo", com o "progresso"
capitalista das fábricas; e os rurais - ou a "classe dos proprietários
rurais", com o "velho" (ou seja, a velha ordem social vigente) e
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 142

com o "atraso" no sentido de que procuravam impedir o progresso


das forças sociais [...] Na medida em que as articulações sociais e
económicas entre o campo e a cidade se intensificam, a perspectiva
dicotômica vai perdendo força. Surge uma nova concepção que
defende a coexistência e aproximação de ambos os espaços: o
chamado Continuum rural-urbano. Esta abordagem passa a
representar o “renascimento do rural”; onde as diferenças entre
“cidade” e “campo” tornam-se inúteis enquanto categorias, uma
vez que, as contradições desses espaços são resultantes das relações
entre sistemas de valores com interesses diferentes (CARNEIRO,
2001). Os agentes sociais que actuam nesses dois pólos extremos
são responsáveis por motivar e intermediar as relações que
agregam valores específicos de um espaço no outro,
concomitantemente. Usando como exemplo o campo, RUA (2001,
p.35) afirma que, Novas actividades e funções do rural (incluindo a
função de residência – primeira ou segunda para populações
urbanas), além do importante papel da aposentadoria rural ou o
trabalho a domicilio, por exemplo, marcam estas novas formas de
integração rural-urbana com distinções cada vez mais difíceis de
serem estabelecidas, entre essas duas espacialidades. A marcante
influência do urbano sobre o meio rural, tornou-se possível graças à
expansão dos meios de transportes e comunicação, que facilitaram
o acesso e despertaram o interesse daqueles que viam no campo,
um grande potencial de desenvolvimento. O meio rural deixa de ter
a agricultura como principal actividade económica a ser exercida, à
medida que vão surgindo novas formas de uso e ocupação do solo.
Trata-se da plurifuncionalidade do campo, motivada pelas
tendências do urbano que se estabeleceram e se adaptaram ao modo
de vida do homem no campo. Nas palavras de Vale (2005, p.34), as
novas funcionalidades agregadas ao meio rural por influência do
urbano WANDERLEY (2001, p.34) afere que, Se a vida local é o
resultado do encontro entre o rural e o urbano, o desenvolvimento
local, entendido como o processo de valorização do potencial
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 143

económico, social e cultural da sociedade local, não pode supor o


fim do rural. Neste sentido, é importante precisar que o
desenvolvimento local será tanto mais abrangente e eficaz quanto
for capaz de incorporar e valorizar o potencial de forças sociais
para o desenvolvimento presentes no meio rural local, isto é,
incorporar o próprio desenvolvimento rural. Em meio à integração
cidade-campo, encontra-se o espaço periurbano. Situado no entorno
das cidades, o espaço periurbano agregou ao seu cotidiano funções
e modos de vida especificamente urbanos, que contrastam com uma
aparência de carácter tipicamente rural. Vale (2005, p.65) expõe de
maneira sucinta a complexidade para definir o referido espaço, uma
vez que, o mesmo não pode ser considerado apenas como rural ou
urbano propriamente dito. Para a autora supracitada, Trata-se de
um espaço localizado nas proximidades das cidades, mas que, por
conta de ainda não ter sido incorporado ao perímetro urbano, não
pode ser denominado de urbano. Sendo assim, poderíamos então
considerá-lo como espaço rural? Não exactamente. Acontece que,
mesmo sua paisagem sendo predominantemente rural, geralmente
sua lógica é urbana. (VALE, 2005, p.65)

As diferentes formas de uso e ocupação do solo periurbano, como


as residências, as indústrias, o comércio e o turismo; são
determinantes para a construção social

“TERRITORIOS” URBANOS E SEUS LIMITES


INDEFINIDOS O surgimento de formas espaciais complexas é
marcado pela indefinição dos limites que separam o urbano do
rural. A configuração do espaço urbano, moldada a partir das
acções cotidianas dos agentes sociais; é reflexo tanto do acelerado
crescimento das cidades, como da especulação de uso do solo, que
ao agregar valor a determinadas áreas, se fundamenta em lógicas
capitalistas. Como afirma SOUZA (2003, p.28), o espaço que
compreende as cidades, se destaca como [...] um local onde pessoas
se organizam e interagem com base em interesses e valores os mais
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 144

diversos, formando grupos de afinidade e de interesse, menos ou


mais bem definidos territorialmente com base na identificação entre
certos recursos cobiçados e o espaço, ou na base de identidades
territoriais que os indivíduos buscam manter e preservar. Essas
relações estabelecidas entre os atores que integram e produzem o
espaço urbano, são marcadas pelo dinamismo de áreas que mesmo
fragmentadas, encontram-se articuladas entre si. As diferentes
funções desenvolvidas por aqueles que habitam o espaço em
questão, são responsáveis por incorporar a sua estrutura um
carácter heterogéneo, que muitas vezes se apresenta de maneira
desigual; motivo de conflitos entre classes

Sumá rio
O planeamento rural é realizado obedecendo a formas critérios
relativos aos diferentes tipos de unidades produtivas e de uso da terra.
Nesse sentido, a organização territorial dos projectos leva em
consideração apenas o carácter produtivo das unidades delineadas, não
dando relevância às questões relacionadas à convivência e à
participação das famílias envolvidas. Áreas de Preservação Permanente
(APP), Reserva Legal (RL), Áreas Comunitárias (AC) e Parcelas ou
Lotes Familiares. Os Algoritmos Genéticos podem ser utilizados como
ferramenta de suporte para realização de ordenamento territorial Rural.
a ruralidade é um factor fundamental para o ordenamento do território,
para a gestão do nosso espaço natural e construído. É necessário
preservá-las e compreender as vias para o seu desenvolvimento de forma
a renovar a sua razão de existir sem alterar a sua identidade É por isso
fundamental, ao pensar a problemática do planeamento e do
ordenamento, compreender a importância de cada uma das ocupações
humanas, de cada um dos aglomerados, entender que alterações à lógica
de um desses elementos, à sua importância ou à sua dimensão,
influenciará e desequilibrará a estrutura que é o ordenamento do
território.

Exercícios
1. No planeamento rural é importante observar: AC; APP, RL.
Porque?
2. Algoritmos Genéticos podem ser utilizados como
ferramenta de suporte para realização de ordenamento
territorial Rural. Porque?
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 145

3. O planeamento rural é realizado obedecendo a formas


critérios relativos aos diferentes tipos de unidades
produtivas e de uso da terra.. Comente
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 146

Unidade : XI: Ordenamento territorial e protecção


ambiental
Ordenamento Territorial e protecção Ambiental
Introdução

O homem sempre buscou na natureza as ferramentas


necessárias para o desenvolvimento da sociedade e as
intervenções humanas no meio ambiente revelaram-se
marcantes. Inicialmente, buscou garantir a sobrevivência
mas, posteriormente, utilizou-se da natureza como meio de
reafirmar seu domínio sobre as demais espécies, usando da
biodiversidade para auferir condições mais cómodas em sua
vida. Decorrido longo período de intensa degradação
ambiental, em meados do séc. XX despertaram iniciativas de
conscientização da importância da preservação do meio
ambiente, o que repercutiu no conteúdo da preservação do
meio e cada país constituiu um sistema complexo de
protecção ao meio ambiente, que compreende os esforços
conjugados dos três poderes, a disponibilização de
instrumentos legais protectivos e três esferas de tutela do
meio ambiente. Nesta unidade propõe-se o estudo do
ordenamento territorial e a protecção ambiental, como o
ordenamento territorial pode proteger e preservar o ambiente
e garantir a qualidade de vida.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 147

 Conhecer os conceitos preservação, protecção e


conservação dos RN
 Identificar os problemas ambientais
 Explicar as causas dos problemas ambientais
 Explicar a relação ordenamento territorial e a
protecção ambiental
 Explicar como uma bom ordenamento territorial
pode garantir uma boa gestão dos RN e melhoria de
qualidade de vida

ORDENAMENTO TERRITORIAL E PROTEÇÃO


AMBIENTAL

Um dos principais instrumentos públicos de protecção ambiental é o


Zoneamento Ecológico Económico (ZEE), pois o “zoneamento
consiste em dividir o território em parcelas nas quais se autorizam
determinadas actividades ou interditasse, de modo absoluto ou
relativo, o exercício de outras actividades” (MACHADO,
1999:129). Mesmo não sendo esse o único objectivo do
zoneamento, de modo geral pode-se dizer que as medidas tomadas
no zoneamento, para buscar soluções aos problemas ambientais,
acabam estabelecendo limitações ao direito de propriedade. Nesse
contexto, uma das principais dificuldades ao se discutir o
Zoneamento Ecológico Económico é a delimitação consensual de
seu conteúdo e abrangência. O que entendemos por ZEE?

Quais são os limites legais e institucionais do zoneam


fato, essas duas questões estão presentes no debate sobr
Discutir os princípios, critérios e procedimentos meto
leva-nos a sobre as diferentes concepções de ZEE, a q
se o zoneamento é um instrumento para o ordenamento
e o desenvolvimento regional em bases sustentáveis, ou
não é a própria política de ordenamento territorial. Se r
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 148

pretendemos que o zoneamento tenha a capacidade d


positivamente no ordenamento territorial, precisaremo
ZEE que seja um instrumento político-jurídico e não u
ferramenta técnica de utilização da administração públ
base nessa concepção, discorreremos brevemente
zoneamento, partindo de dois pressupostos: O primeiro
compreensão de que o espaço físico que se orden
determinado território é um espaço socialmente co
portanto um produto humano, e o indivíduo se reconh
parte de sua produção (DOMÍNGUEZ, 161:2000). Não
se o território é fruto de uma divisão política (entr
estados ou municípios), se possui limites comunitári
contém um ecossistema. Assim, dependendo da escala
feito o zoneamento e do objectivo que se quer alcanç
exemplos de distintas percepções de territórios
incompatíveis entre si. O segundo pressuposto é que
geral do ZEE deve ter um certo grau de flexibilidade
excluir as diferentes formas e concepções de se apropr
uso do solo e dos recursos naturais.

Zoneamento Ecológico Económico: conceitos aplicáv

No debate sobre o desenvolvimento sustentável é cada


relevante a noção de gestão integrada dos recursos nat
meio dela indica-se a possibilidade de antever e pr
problemas ambientais; de regular as relações entre o
socioculturais e o meio ambiente biofísico e de g
renovação ou a reservação dos recursos. Acima de tudo
de gestão integrada aparece como um modo de
preservação e desenvolvimento. Como um elemento de
gestão dos recursos naturais aparece o ordenamento t
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 149

entendido como “a busca de um equilíbrio entre os equi


habitacionais e de produção e a distribuição fundam
população”. Além disso, cabe ressaltar que esse ordena
pode funcionar com uma gestão dos recursos naturais.

ÁREAS DE PROTECÇÃO AMB

As áreas de protecção ambiental estão inseridas em um


maior, denominado de Unidades de Conservação - UC. Est
abrange, segundo a Revista Visão e Acção (2000, p.
elenco de categorias de manejo que protege toda a diver
ecossistemas do país, bem como a diversidade de ambiente
e de belezas naturais, o património genético, as espécies
em perigo de extinção, e outros aspectos naturais e cultu
Unidades de Conservação estão divididas em duas categ
Unidades de "Protecção Integral" e as Unidades
Sustentável". As primeiras possuem o objectivo de pr
natureza, sendo admitido apenas o uso indirecto de seus
naturais, com excepção dos casos previstos na lei. En
seguintes categorias de manejo:

Estação Ecológica;

Reserva Biológica;

Parque Nacional;

Monumento Natural

Refúgio da Vida

Destas, apenas nas três últimas tipologias a visitação é p


desde que sujeita às normas do Plano de
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 150

A outra categoria das UCs é de "Uso Sustentável", cujo ob


o de compatibilizar a conservação da natureza com
sustentável dos seus recursos naturais. Essa tipologia en
seguintes categorias de
- Área de Protecção A
- Área de Relevante Interesse Ecológico;

-Floresta Nacional;

Reserva Extractivista;

Reserva de Fauna;

Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

Reserva Particular de Património Natural

Todas estas áreas podem ser utilizadas para o uso rac


recursos naturais, podendo, dessa forma, desenvolver o
sustentável

PROPOSTAS DE PLANEAMENTO SUSTENTÁVE


ÁREAS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL

A criação de áreas de protecção ambiental e demais área


protegidas tem sido um dos principais elementos de estrat
a conservação da natureza, tendo como principal ob
preservação de espaços com atributos ecológicos impor
Planeamento para estas áreas protegidas possui diversas fi
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 151

já citadas como, a preservação e conservação dos recurso


e o ordenamento do uso da terra. Neste item duas estratég
planeamento das áreas protegidas serão citadas, a
HAWKINS (1995) e a do autor MOLINA (1998).

O Ambiente

Ao falar-se de ambiente é importante conhecer c


partir de quando a sociedade, de uma forma global,
a dedicar alguma atenção ao tema, até há pouc
desconhecido da maioria das pessoas, e que, act
ainda é um termo que muitos ouvem e pronunc
alguma desconfiança, dada a sua recente utilização.

O ambiente, tal como a paz, a economia, a socie


democracia, comanda todos os aspectos do desenvo
e tem um impacto sobre todos os países, independe
do seu grau de desenvolvimento. Existe porém algu
ambiente foi desprezado durante décadas, origin
grau de poluição tão elevado que já não é possíve
uma actividade económica duradoura nesses
Originaram assim uma tal diminuição dos recu
comprometeram o futuro do desenvolvimento,
mundial.

Desenvolvimento e ambiente não são conceitos se


é impossível resolver os problemas ligados a um, s
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 152

em consideração as dificuldades inerentes ao


ambiente é um recurso para o desenvolvimento
preservação deve ser uma preocupação constante,
são necessárias políticas que o tenham em conta.
os recursos naturais do planeta e racionalizar o seu
dos problemas mais urgentes que os indivíduos, soc
estados têm de enfrentar.

No campo do desenvolvimento, cada sociedade dev


os seus recursos naturais, procurando preservar o
que eles representam para o futuro, havendo que
um equilíbrio entre necessidades e interesses con
satisfazer as necessidades económicas e sociais do m
sem comprometer a existência desses recursos a lon
nem a viabilidade dos ecossistemas de que depe
gerações presentes e futuras.

A degradação do ambiente reduz a qualidade de


populações e a quantidade de muitos dos recursos
directamente pelas populações, cujas consequên
catastróficas. A água e o ar, que constituem
recursos vitais para todos os seres vivos,
desempenham múltiplas funções de extrema impo
um recurso indispensável à vida na Te
constantemente poluídos das mais variadas formas
graves prejuízos que lhe estão implícitos; o aum
salinidade e da erosão das terras aráveis r
rendimentos agrícolas; a degradação da agricul
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 153

desflorestação agravam a seca e a erosão dos solos e


origem da má nutrição e da fome, cada vez mais f
em certas regiões; a exploração excessiva das pe
desaparecimento de certos recursos marinhos p
perigo colectividades antigas; a destruição das flo
sua excessiva exploração têm feito desaparecer
naturais importantes, reduzindo a biodiversidade
entre outras formas de degradação, que em certos
tornou irreversível, sendo urgente identificar as
causadoras de permanentes prejuízos à saúde, po
fim.

É fundamental que cada segmento da sociedad


particular, cada cidadão, se envolva com as
ambientais, tomando conhecimento dos prob
participando nas suas soluções, importando desenvo
relação entre o meio ambiente e a cidadania, forta
consciência de que o ambiente é um património
comum, e a sua defesa um direito e dever de
cidadãos, sendo necessário um esforço conju
preservar o ambiente na Terra e garantir a me
qualidade de vida das populações.
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 154
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 155
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 156

Sumá rio
No debate sobre o desenvolvimento sustentável é cada vez
mais relevante a noção de gestão integrada dos recursos
naturais. Por meio dela indica-se a possibilidade de antever
e prevenir os problemas ambientais; de regular as relações
entre o sistemas socioculturais e o meio ambiente biofísico e
de garantir a renovação ou a conservação dos recursos. A
criação de áreas de protecção ambiental e demais áreas
naturais protegidas tem sido um dos principais elementos de
estratégia para a conservação da natureza, tendo como
principal objectivo a preservação de espaços com atributos
ecológicos importantes. O Planeamento para estas áreas
protegidas possui diversas finalidades já citadas como, a
preservação e conservação dos recursos naturais e o
ordenamento do uso da terra

Exercícios
1. Quais os maiores problemas ambientais da humanidade na
actualidade
2. Como o ordenamento territorial pode contribuir para uma boa
gestão dos RN
3. Para o bem da natureza o desenvolvimento e ambiente
não são conceitos separados. Comente
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 157

Questionário

1. Quais os maiores problemas ambientais da humanidade na


actualidade
2. Como o ordenamento territorial pode contribuir para uma boa
gestão dos RN
3. Para o bem da natureza o desenvolvimento e ambiente não
são conceitos separados. Comente

4. No planeamento rural é importante observar: AC;


APP,RL. Porque ?
5. Algoritmos Genéticos podem ser utilizados como
ferramenta de suporte para realização de ordenamento
territorial Rural. Porque ?
6. O planeamento rural é realizado obedecendo a formas
critérios relativos aos diferentes tipos de unidades
produtivas e de uso da terra.. Comente
7. Qual a importância das técnicas e métodos de pesquisa
em ordenamento territorial urbano

8. Como se processa o ordenamento urbano

9. Identifique as etapas do ordenamento territorial urbano

10. Como as técnicas de pesquisa em ordenamento territorial


influenciam na gestão ambiental

11. Segundo CHIAVENATO (2004, p.196) o planeamento


procura responder as seguintes questões: (1) Para onde
queremos ir? (2) Onde estamos agora? (3) O que temos
pela frente? (4) Quais os caminhos possíveis? (5) Qual o
melhor caminho? (6) Como iremos percorrê-lo? Comente
12. O que entende pró planeamento físico territorial integrado
13. Qual a importância do planeamento físico territórios
integrado
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 158

14. No início o planeamento pautou-se principalmente pelo


factor económico como determinante no processo de
decisão. A reestruturação da sociedade e da ordem
económica, o aparecimento de novas tecnologias e as
mudanças nas relações sociais, decididamente, forçaram
novas atitudes/concepções no ato de planejar. Porque?
Explica

15. Qual o quadro jurídico da que sustenta a lei do ambiente


em Moçambique
16. Quais os princípios Moçambique adoptou para proteger o
ambiente
17. Explica o que diz a lei da Terra
18. A lei do ambiente em Moçambique da destaque ao
principio de precaução. Porquè
19. 19.Fale da génese do ordenamento territorial
20. Explique como funciona uma estrutura territorial em rede
e fracturado
21. Planeamento esta estritamente interligado ao
ordenamento. Comente
22. Quais são os objectivos dos sistemas estruturais do
território
23. Defina Gestão dos Recursos naturais
24. . Explica como é feita a gestão dos RN na sua comunidade
25. No período da revolução industrial o pensamento acerca
do meio ambiente era de que a natureza serve ao bem-
estar do ser humano, tornando-a um fim e não meio para
o seu alcance. Comente
26. Explica o que é que esta a causar o desequilíbrio entre o
ambiente e a sociedade
27. Descreva a exploração dos recursos naturais nas suas três
fases
28. Como a escassez de RN pode provocar conflitos no futuro
Erro! Não existe nenhum texto com o estilo especificado no documento. 159

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