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FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLINICA

3° Ano, Turma B1

I° Trimestre

Cadeira: Avaliação Psicologica II

Tema: Teorias de Personalidade

Discentes Docente
Anselmo Moisé Laquimane MA: Afonso Vaquina
Armando Manuel Massuque
Beatriz Castro
Beth da Conceicao Adolfo
Carmen Dinis dos Santos Gomes
Célia Armando M. M João
Dalia Armando João
Dina Francisco Viano
Dário Ismael Francisco

Nampula, Maio de 2023

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FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLINICA

3° Ano, Turma B1

I° Trimestre

Cadeira: Avaliação Psicologica II

Teorias de Personalidade
Trabalho avaliativo de Avaliação
Psicológica, 3º Ano, turma B, curso de
Licenciatura em Psicologia Clinica,
leccionado pelo Docente: MA Afonso
Vaquina

Nampula, Maio de 2023


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Índice
Introdução ..................................................................................................................... 4

Conceituação de Personalidade..................................................................................... 5

Dinâmica da Personalidade ........................................................................................... 6

Teorias Cognitivas ........................................................................................................ 6

Teorias da Aprendizagem ............................................................................................. 8

Teorias Psicodinâmicas................................................................................................. 8

Algumas das principais terapias e modelos .................................................................. 9

Psicologia individual de Adler ...................................................................................... 9

Teoria Humanista/Existencial ....................................................................................... 9

Teorias Biológicas/Evolucionais ................................................................................ 11

Metodologias de Avaliação Psicológica ..................................................................... 12

Conclusão.................................................................................................................... 15

Bibliografia ................................................................................................................. 16

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Introdução
O estudo da personalidade constitui um domínio particularmente interessante nas áreas
Sociais e Humanas. Desde os primórdios, a noção de personalidade tem sofrido significativas
mudanças, o que desde já nos deixa a reflectir acerca do quão complexo é esta temática bem
como de todas as componentes intimamente relacionadas.

É também de relativa importância salientar muito superficialmente as noções de


temperamento, de carácter e de traços da personalidade, sendo assim define-se temperamento
como “traços inatos” da personalidade, cuja origem é iminentemente genética, sublinhando-se
também o facto de os temperamentos poderem ser modificados pela experiência,

independentemente da base hereditária que apresentam (Buss & Plomin, 1984 cit in hansenne,
2003). Por sua vez, o carácter segundo o modelo de Cloninger e tal. (1993, cit in Hansenne,
2003) define-se por disposições duradoiras, que aparecem mais tarde na vida do indivíduo, e
que modificam os temperamentos base.

É claro que esta noção nada tem a ver com a ideia do senso comum, cuja palavra “carácter”é
empregada para realizar algum tipo de apreciação como “Este sujeito possui um carácter
forte”, e quer seja uma expressão positiva ou negativa, constitui sempre um juízo moral.
Quanto ao traço de personalidade, representa uma característica durável, a disposição do
indivíduo para se comportar de uma determinada forma em diversas ocasiões, e deste modo a
noção de traço substitui afavelmente a noção de carácter.

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Conceituação de Personalidade
A palavra personalidade vem do latim “persona” que, antigamente, era uma máscara usada
pelos atores no teatro. Persona é a aparência externa que mostramos aos outros, é o aspecto
visível do caráter, aquilo que impressiona os outros. Mas, a personalidade é mais do que
aparência externa. É o conjunto dos aspectos internos e externos, peculiares a cada pessoa,
relativamente permanentes, e que influencia o comportamento nas diversas situações. Existe
uma interação entre os traços pessoais permanentes e os aspectos mutáveis da situação.
Sabemos que as dinâmicas culturais influenciam a personalidade (CLONINGER, 1999).

Há mais de 70 anos, Gordon Allport (1937), citado por Cloninger (1999, p.49), disse que
personalidade é “a organização dinâmica e interna daqueles sistemas psicofísicos do indivíduo
que determinam seu ajuste individual ao ambiente”. Esse conceito abrange o conhecimento de
um conjunto de características psicofísicas humanas, tais como: a consciência e o perfil das
atividades elétricas do cérebro, o modo, a capacidade ou o potencial de reação a estímulos
internos e externos, os padrões de organização do sistema nervoso autônomo ou a
emotividade, os padrões de atividade do sistema nervoso central e/ou a inteligência e o perfil
bioquímico da constelação hormonal do sujeito, identificando, sobretudo, variantes não
enquadradas na posologia psiquiátrica ou psicopatológica, discriminando, por exemplo, a
interferência de alterações epilépticas do lobo temporal de impulsos homicidas de natureza
voluntária circunstancial ou habitual.
Jacques Lacan aborda a personalidade a partir de um olhar psicanalítico, conceituando-a como
um modo de desejos, necessidades e crenças; o desenvolvimento biográfico; a organização de
reações psicovitais: concepção de si mesmo/responsabilidade pessoal/tensão nas relações
sociais. Para Jung, uma personalidade é um todo vivo e individual, único e autômato, que se
vai construindo a partir do nascimento, por uma integração dinâmica de fatores orgânicos,
intelectuais, éticos, afetivos e sociais (CLONINGER, 1999).

Ao longo das quatros unidades de estudo, iremos aprofundar sobre os diversos conceitos de
personalidade, de acordo com as diferentes abordagens teóricas em psicologia. Neste
momento, basta ficarmos com a ideia de que a personalidade é, igualmente, uma construção
pessoal que decorre ao longo da nossa vida e uma elaboração da nossa história, da forma que
sentimos e interiorizamos as nossas experiências, que acompanha e reflete a maturação
psicológica. Em suma, a personalidade é um processo ativo e que intervém em diferentes
fatores.

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Dinâmica da Personalidade
Não basta, simplesmente, descrever a personalidade. A relação entre personalidade e
comportamentos observáveis, muitas vezes, é sutil e não óbvia. O termo dinâmica da
personalidade refere-se aos mecanismos pelos quais a personalidade se expressa, geralmente
enfocando as motivações que orientam o comportamento. Uma teoria precisa explicar a
dinâmica e o desenvolvimento da personalidade, bem como fornecer conceitos descritivos.
Cloninger (1999) diz que a motivação fornece energia e orientação ao comportamento.

Os teóricos discutem muitos motivos. Alguns estudiosos consideram que as motivações ou os


objetivos de todas as pessoas são similares. Sigmund Freud achava que a motivação sexual
subjaz à personalidade. Carl Rogers supunha uma tendência para avançar em direção a níveis
superiores de desenvolvimento. Outros teóricos, para quem os motivos ou objetivos variam de
uma pessoa para outra, veem essas diferenças como traços.

A dinâmica da personalidade inclui adaptação ou ajustamento dos indivíduos às exigências da


vida e, portanto, tem implicações para a saúde mental. A moderna teoria da personalidade
considera os processos cognitivos o principal aspecto da dinâmica da personalidade. O modo
como pensamos é um determinante significativo das nossas escolhas e da nossa adaptação.
Além disso, a sociedade nos influencia por meio de suas oportunidades e expectativas
(CLONINGER, 1999).

Teorias Cognitivas
Para iniciarmos nosso estudo sobre as teorias da personalidade de cunho cognitivista, é
importante que você compreenda como aconteceu a passagem das teorias behavioristas de
Watson e Skinner para as chamadas teorias cognitivo-comportamentais (TCC). Compreender
esse movimento de transição vai ajudá-lo a entender o que a TCC chama de formas de
funcionamento ou personalidade.

A terapia cognitiva surgiu nos anos de 1950 nos Estados Unidos da América. Nessa época,
alguns autores da psicologia passaram a defender uma abordagem que levasse em
consideração a explicação sobre como as pessoas recebem e processam as informações do
ambiente. Esse processo (receber e processar informações) é o que chamamos de cognição.
Em outras palavras, cognição é o pensamento humano em ação. A proposta da terapia
cognitiva não desconsiderava as descobertas do behaviorismo de Watson e Skinner, mas
acreditava que a cognição, muito mais do que os estímulos externos, exerceria forte influência
sobre a forma como nos comportamos e nos relacionamos com o ambiente.

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A explicação para essa questão está no fato de que, ao compreendermos como as pessoas
recebem e processam as informações sobre o ambiente à sua volta, ou seja, a maneira como os
indivíduos pensam e se relacionam com o mundo, compreendemos também outros aspectos
mais complexos do funcionamento humano, incluindo a personalidade.

A TCC surgiu, justamente, a partir da insatisfação de alguns autores (tanto psicanalistas


quanto behavioristas), tais como Albert Ellis, Michael Mahoney, Albert Bandura e Wolp, em
relação aos modelos de tratamento e diagnóstico das doenças emocionais e transtornos
psiquiátricos. Esses modelos rejeitados eram: o modelo da raiva retroflexa (sob a perspectiva
psicanalítica abordada por Sigmund Freud e seus seguidores) e o condicionamento operante,
estudado e aplicado apenas em animais (dentro do modelo behaviorista estudado por Watson
e Skinner).

A crítica recaía na validade questionável da utilização de tais modelos para o tratamento


clínico em humanos. Foi então que surgiu, nesse contexto, uma nova proposta de atendimento
e olhar para as questões de cunho emocional: uma proposta que se baseava na cognição para
explicar as atitudes e os comportamentos humanos, ou seja, uma resposta do porquê de as
pessoas agirem da forma como agem e por que cada um tem uma forma diferente de se
relacionar com os outros e com o meio.

Wright, Basco e Thase (2009) descrevem que, à medida que a terapia comportamental (de
base behaviorista) se expandia, vários pesquisadores proeminentes – como Meichenbaum
(1977) e Lewinson e colaboradores (1985) - começaram a adotar as teorias e estratégias
cognitivas a seus tratamentos. Eles notaram que a perspectiva cognitiva trazia contexto,
profundidade e entendimento às intervenções comportamentais.

Além disso, Beck defendeu a inclusão de métodos comportamentais desde o início de seu
trabalho, pois reconhecia que essas ferramentas são eficazes para reduzir sintomas, e
conceitualizou um relacionamento estreito entre cognição e comportamento. (WRIGHT;
BASCO; THASE, 2009, p. 16).

Serra (2007) destaca que, desde a década de 1960, houve uma unificação das formulações
cognitivas e comportamentais na psicoterapia, que levou ao nome de terapia cognitivo-
comportamental. Assim, a terapia cognitiva tem sido frequentemente identificada com a
terapia comportamental, e as denominações terapia cognitiva e terapia (ou teoria) cognitivo-
comportamental (TCC), especialmente no Brasil, têm sido intercambiáveis.

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Teorias da Aprendizagem
Skinner considerava que o ambiente determina a maior parte das nossas respostas e que em
função das suas consequências, as mesmas serão ou reproduzidas ou eliminadas. Refere ainda
que os comportamentos respondem a leis: é possível controla-los através de manipulações do
ambiente (Skinner, 1971 cit in Hansenne, 2003).

Para Bandura, os factores mais importantes são os sociais e cognitivos. Insistindo no facto de
que a maioria dos reforços são de natureza social, como a atenção dos outros, a aprovação, os
sorrisos, o interesse e a aceitação. Ponto fulcral da teoria da aprendizagem de Bandura é o
facto de que com base na observação do comportamento de outrem, construímos uma ideia de
como os novos comportamentos são produzidos (Bandura, 1971 cit in Hansenne, 2003).

A teoria de Rotter (1966 ci in Hansenne, 2003), considerava que o ambiente podia controlar
os comportamentos, sendo um dos aspectos fundamentais na sua teoria a ideia de expectativa,
ou seja, uma situação idêntica não ser considerada pela mesma maneira por 2 indivíduos.
Com isto, o autor demonstrou que os indivíduos manifestam 2 tipos de expectativas gerais
que se podem qualificar como 2 formas de representar a relação entre comportamentos e
reforços: trata-se do locus of control.

Teorias Psicodinâmicas
O conceito de teoria psicodinâmica pode parecer único e unitário, mas a verdade é queinclui
um grande número de maneiras de entender a mente humana. Ao falar sobreteorias
psicodinâmicas, estamos falando sobre um conjunto heterogéneo de perspectivasque têm sua
origem em concepções de processos mentais derivados da psicanálise . Nesse sentido, todos
compartilham com a teoria freudiana a ideia de que existemconflitos intrapsíquicos entre o
consciente e o inconsciente , sendo um dos principaisobjectivos da terapia para ajudar o
paciente a entender e gerenciar o conteúdoinconsciente ( trazendo à consciência).Além disso,
as teorias psicodinâmicas também consideram a existência de estratégias emecanismos de
defesa usados pela psique para minimizar o sofrimento causado por esses conflitos e
concordam que a estrutura e a personalidade psíquicas são formadasdurante a infância a partir
da satisfação ou insatisfação das necessidades. A experiênciadas crianças é muito relevante
para essa corrente , bem como a interpretação dessasexperiências e transferências. Eles
também consideram que a interação com o terapeutafará com que o paciente reviva as
experiências e representações reprimidas, voltando-se para o profissional.Esses modelos e
teorias psicodinâmicas diferem da psicanálise, entre outras coisas, namedida em que se
concentram mais no motivo da consulta identificada pelopaciente e não em uma completa

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reestruturação da personalidade. As terapias não sãotão longas e são mais espaçadas, além de
estarem abertas a um grande número dedistúrbios e problemas mentais, e não apenas a
neurose e histeria. Existem outrasdiferenças, mas elas dependerão amplamente do modelo
psicodinâmico específicoobservado.

Algumas das principais terapias e modelos

Psicologia individual de Adler


Um dos principais modelos neofreudianos é o de Adler, um dos autores que se separoude
Freud devido a múltiplas discrepâncias com alguns aspectos da teoria psicanalítica.Esse autor
considerou que a libido não era o principal motor da psique, mas a busca por aceitação e
pertencimento, que geraria ansiedades que, se não supridas, causariamsentimentos de
inferioridade. Ele também considerava o ser humano um ser unitário,compreensível em um
nível holístico, que não é um ser passivo, mas tem a capacidadede escolher. Este autor
considera o estilo de vida como um dos aspectos mais relevantes para trabalhar em conjunto
com o desejo de poder derivado do sentimento deinferioridade e dos objectivos e metas do
sujeito.Sua psicoterapia é entendida como um processo que busca confrontar e mudar
amaneira de o sujeito enfrentar tarefas vitais, tentando explicar a linha directiva deactuação do
sujeito para favorecer sua auto-eficácia e autoconfiança.A partir dessa teoria psicodinâmica,
propõe-se primeiro o estabelecimento de umarelação de confiança e reconhecimento entre
terapeuta e paciente , buscando trazer os objectivos de ambos para a recuperação do segundo.
Posteriormente, são exploradosos problemas em questão e favorecida a observação das forças
e competências do paciente que acabará por utilizá-los para resolvê-los.

Teoria Humanista/Existencial
Iniciaremos nossos estudos sobre a teoria da personalidade de cunho existencial/humanista
com base na análise da teoria da gestalt, que se enquadra nas perspectivas cognitivo-
perceptuais. A palavra alemã gestalt não tem uma tradução adequada para o português, mas,
de forma didática, os autores dizem que ela se aproxima daquilo que compreendemos por
“forma ou configuração”.

A psicologia da gestalt (ou psicologia da forma) foi um movimento que começou na


Alemanha no final do século XIX. Tornou-se bastante influente nesse país na década de 1920
e foi levado para os Estados Unidos na década de 1930. Os princípios centrais da teoria da
gestalt concentram-se em três pontos:

 Os seres humanos buscam estabelecer relações de significado em seu ambiente;

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 Os seres humanos organizam as sensações que têm do mundo ao redor em percepções
significativas; e
 Os estímulos complexos não são redutíveis à soma de suas partes (FRIEDMAN;
SCHUSTACK, 2004).

A compreensão inicial desses pontos será importante para você entender a ideia de
personalidade baseada na teoria da gestalt. Vejamos cada um deles.

A teoria da gestalt afirma que a percepção envolve a busca de significados. Esse significado
pode ser uma propriedade emergente, não encontrada em nenhum por que um mesmo. A
percepção não está no elemento em si, mas na mente de quem o percebe.

A visão da teoria da gestalt é a de que a configuração de um estímulo complexo é a sua


essência (KOHLER, 1947 apud FRIEDMAN; SCHUSTACK, 2004). Com base nessa
perspectiva, os elementos que fazem parte de um estímulo ou de uma experiência não podem
se somar para recriar o original. A essência do original reside em suas complexas relações e
em sua configuração geral, o que é percebido quando as subpartes são analisadas
separadamente. Isso é o que os teóricos gestaltistas dizem sobre o todo ser maior do que a
soma das partes. Na prática, isso quer dizer que não é possível analisarmos partes ou
elementos de uma experiência vivida de forma isolada ou fragmentada, pois a constituição da
experiência muda quando analisamos o todo vivido.

Embora a teoria da gestalt fosse aplicada principalmente nas áreas de percepção e solução de
problemas, vários aspectos (tais como a ideia de dependência de campo e espaço vital) foram
igualmente utilizados para desenvolver uma teoria da personalidade. Vejamos esses conceitos
mais de perto com base na teoria de campo de Kurt Lewin (1965).
Kurt Lewin foi influenciado diretamente pela teoria da gestalt, mas, diferentemente da
maioria dos teóricos gestaltistas, ele se concentrou nas áreas da personalidade e da psicologia
social. Lewin tornou pública sua teoria de campo em 1935. Essa teoria defende que a forma
como uma pessoa interage com o mundo, ou seja, a personalidade, depende, basicamente de
dois fatores:

 Da totalidade dos fatos coexistentes no meio;


 Da influência de forças exercida entre fatos e eventos que acontecem no campo
dinâmico (espaço vital) que é constituído por todas as foças, interna e externas, que
atuam sobre o indivíduo e as relações estruturais entre a pessoa e o meio ambiente.

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Teorias Biológicas/Evolucionais
A teoria da evolução através da seleção natural deixou, recentemente, os domínios exclusivos
da biologia e, atualmente, dá suporte a argumentos em áreas tão variadas quanto a psicologia,
a economia, as ciências sociais e a filosofia. Não apenas o domínio das ciências foi invadido
pelo que Rose (2000 apud YAMAMOTO; MOURA, 2010) chama de espectro de Darwin,
mas também áreas de aplicação, como a agricultura, a medicina e áreas correlatas.

A psicologia evolutiva é uma área relativamente nova, tendo suas raízes na psicologia
cognitiva e na biologia evolutiva. Foi influenciada pela ecologia comportamental, inteligência
artificial, genética, antropologia, arqueologia, biologia e zoologia. A psicologia evolutiva é
fortemente ligada à sociobiologia (veja definição em Vocabulário), mas há diferenças
fundamentais entre elas, o que inclui a ênfase em mecanismos específicos de domínio, em vez
de mecanismos gerais, a relevância de medidas de adaptabilidade e a preferência pela
psicologia sobre o comportamento. Muitos psicólogos evolutivos, contudo, argumentam que a
mente consiste tanto de mecanismos específicos quanto gerais. Muito do que antes era
estudado apenas na sociobiologia, agora é estudado no campo da ecologia comportamental.

Quase 30 anos depois da proposta que uniu os pesquisadores evolucionistas sob a abordagem
da sociobiologia humana, um subgrupo emergiu, com opiniões diferentes acerca das
explicações sobre a origem do comportamento humano. Liderado por Leda Cosmides e John
Tooby, esse grupo estava preocupado com a negligência aos mecanismos psicológicos por
parte da sociobiologia e da ecologia comportamental.

Autointitulou-se como psicólogos evolucionistas e propôs uma mudança na forma de explicar


o comportamento humano. Com isso, passaram a utilizar, como nível de explicação, não mais
o comportamento, e sim, as adaptações que permitem sua expressão, ou seja, os complexos
mecanismos psicológicos evoluídos (COSMIDES; TOOBY; BARKOW, 1992), baseados em
Williams (1966).

Cabe destacar que a psicologia evolucionista possui, como marco fundador, a publicação do
livro A mente adaptada, de Leda Cosmides, John Tooby e Jerome Barkow, publicado em
1992. A obra trata da perspectiva psicológica e evolucionista do comportamento humano e é,
sem dúvida, um dos marcos na área (FREITAS; LAMAS, 2010).

Posteriormente, novas obras sobre a psicologia evolucionista foram publicadas, até mesmo no
Brasil (falaremos mais sobre isso no próximo subtítulo). Entre as publicações, temos o dossiê
de Psicologia Evolucionista, de Yamamoto e Moura (2010), que destacaram que esse novo

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movimento é um dos mais importantes desenvolvimentos na área das ciências do
comportamento nos últimos 20 anos.
Ressaltam, também, que essa abordagem propõe uma compreensão da mente com base nos
mecanismos psicológicos evoluídos, que seriam características universais de nossa espécie,
evocativas do ambiente ancestral onde a mente evoluiu. Esses mecanismos consistem em
emoções, preferências e propensões selecionadas, porque ajudaram nossos ancestrais a
sobreviver e reproduzir no passado, daí a importância de compreendê-los e estudá-los.

Metodologias de Avaliação Psicológica


Teste Psicológico
O que é um teste psicológico? É um instrumento que avalia (mede ou faz uma estimativa)
construtos (também chamados de variáveis latentes) que não podem ser observados
diretamente. Exemplos desses construtos seriam altruísmo, inteligência, extroversão,
otimismo, ansiedade, entre muitos outros. Se conhecemos bem uma pessoa, ou se
observarmos o comportamento dela por um longo período, podemos afirmar que, na nossa
opinião, ela é (ou não) altruísta, ansiosa, otimista, e assim por diante. O psicólogo, contudo,
não tem essa informação da convivência pessoal e, na verdade, precisa de dados mais precisos
do que os gerados pela convivência. Em seguida, veremos como os testes fazem isso.
Urbina (2014, p.2) produz uma definição mais precisa de teste psicológico. Ela diz que o teste
psicológico é um “... procedimento sistemático para coletar amostras de comportamento
relevantes para o funcionamento cognitivo, afetivo ou interpessoal e para pontuar e avaliar
essas amostras de acordo com normas”. Vemos, aqui, a introdução de um novo conceito:
normas. Um teste psico-ógico deve permitir que o resultado obtido por uma pessoa possa ser,
de alguma forma, contextualizado. Por exemplo, um indivíduo faz um teste de inteligência
(QI) e recebe um escore de 108.

O número em si não teria significado se não tivéssemos normas para o teste (ver Cap. 3).
Nesse caso, se for um teste de inteligência clássico, o aplicador saberia que a média da
população é 100. Portanto, essa pessoa está acima da média. Saberia mais ainda. As normas
informam como os escores se distribuem na população (ou pelo menos na amostra de
normatização). O aplicador saberia que apenas 31% das pessoas obtêm escores mais altos que
108. Ou seja, esse sujeito está no percentil 69, isto é, seu escore é superior ao escore obtido
por 68% das pessoas. Dessa forma, temos uma informação mais precisa do que aquela que
seria obtida apenas pela observa-ção ou convivência com a pessoa que fez o teste, e isso pode
facilitar a tomada de decisão em várias situações. Por exemplo, se o teste tivesse sido feito por

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um adolescente cujo rendimento escolar é deficiente, o psicólogo saberia que as dificuldades
na escola não decorrem de problemas de inteligência.

Outros fatores podem estar interferindo em seu desempenho (problemas pessoais ou


familiares, por exemplo). Uma avaliação psicológica levaria a respostas. Essa avaliação não
seria feita apenas com testes. Envolveria também uma série de outras técnicas, especialmente
entrevistas com o próprio adolescente, com seus pais, com professores, com colegas, etc...

Entrevista

Uma entrevista pode ser feita com diferentes finalidades e com vários objetivos. É um
procedimento complexo que requer treinamento especializado. Este capítulo não tem por
objetivo treinar ou ensinar a realizar entrevistas e, muito menos, esgotar uma discussão longa
sobre todas as características e formas que elas podem assumir. Vamos apenas apresentar os
aspectos básicos da entrevista.

No próximo livro da coleção Avaliação Psicológica, que será lançado em breve, haverá uma
série de capítulos que discutirão o uso de entrevistas para a realiza-ção de psicodiagnósticos.

Entrevistas podem ser estruturadas, semiestruturadas ou informais (não estruturadas). As


primeiras seguem um roteiro muito preciso (veremos um exemplo mais adiante), em que o
entrevistador dispõe de um conjunto de perguntas que devem ser feitas. Esse roteiro é
organizado com o objetivo de colher dados específicos que permitam gerar hipóteses
diagnósticas ou produzir comparações entre todas as pessoas entrevistadas. O entrevistador
geralmente faz
anotações ao longo da entrevista. As questões e as perguntas feitas não costumam requerer
respostas longas e, por isso, em geral não são gravadas.

Observação

Técnicas de observação vêm sendo desenvolvidas de forma sistemática desdemeados do


século XX para fins de avaliação psicológica (McReynolds, 1975). A observação é um
método que gera muitas informações. Em maior ou menor escala, está quase sempre presente
nos processos de avaliação psicológica, especialmente quando essa avaliação é individual,
embora também possa ser utilizada com grupos. Quando se aplica um teste, o psicólogo deve
prestar atenção ao comportamento do indivíduo que responde ao instrumento. O respondente
está prestando atenção à tarefa? Ou está pensativo, olhando para cima ou para os lados?

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O respondente faz comentários? Enfim, são detalhes que, embora não sejam utilizados na
pontuação do instrumento, permitem algumas inferências sobre a atitude com relação à
testagem, sobre o estado de ânimo do testando, e podem auxiliar na interpretação dos
resultados. Nas entrevistas, como mencionado anteriormente, a observação é muito
importante. Há toda uma comunica-ção não verbal que precisa ser anotada e levada em
consideração.
A observação geralmente é utilizada em ambientes escolares, em hospitais e clínicas e
também em residências ou mesmo em laboratórios, para examinar comportamentos de
crianças e interações de pais com seus filhos. Em algumas situações, a observação não pode
ser substituída de forma adequada por testes ou entrevistas e deve necessariamente ser
empregada.

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Conclusão

Com este trabalho pode-se constatar e avançar na ideia que a personalidade é um conjunto de
processos cognitivos e automáticos que nos fazem reagir sobre uma determinada forma, tendo
em conta os diversos contextos. Penso que actualmente, a personalidade deve ser entendida
como um misto de factores biológicos e ambientais, estando ambos intimamente relacionados.

É não menos importante de referir que ao longo dos tempos a personalidade começa a ser
considerada importante noutros domínios da psicologia, como na inteligência e nas emoções
(Hansenne, 2003).

É também necessário promover a formação universitária neste âmbito, para que se tenha uma
maior preocupação relativamente ao tema de avaliação, associando-o a uma abordagem do
counselling, tendo por objectivo o respeito do homem em todos os seus componentes
(Bernaud, 1998).

Pretendo com este trabalho apelar a todos os possíveis interessados nesta temática a avançar
deste modo num estudo mais extenso e profundo.

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Bibliografia

Bernaud, J. (1998). Métodos de avaliação da personalidade. Lisboa: Climepsi.

Hansenne, M. (2003). Psicologia da Personalidade. Lisboa: Climepsi.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Revisão
Técnica de Aristides Volpato Cordioli et al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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