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Estudo

Bem-Vindo Contemporâneo
e Transversal
- Relações de
Consumo e
Sustentabilidade
PROFESSOR
Dr. Kleber Renan de Souza Santos
EXPEDIENTE

FICHA CATALOGRÁFICA

U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.


Estudo Contemporâneo e Transversal - Relações
de Consumo e Sustentabilidade / Kleber Renan de
Souza Santos. - Indaial, SC: Arqué, 2023.
46 p. : il.

ISBN digital 978-65-5466-038-9

“Graduação - EaD”.
1. Estudo 2. Contemporâneo 3. Transversal. 4. Consumo
5. Sustentabilidade 6. Kleber Renan de Souza Santos I.
Título.

CDD - 363.7

Núcleo de Educação a Distância.

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).


RECURSOS DE
IMERSÃO
PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e trans-


formar. Aproveite este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e


palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva.

NOVAS DESCOBERTAS

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram


a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnolo-
gia a seu favor.

AGORA É COM VOCÊ

Neste elemento, você encontrará diversas informações que serão apre-


sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te
ajudarão no entendimento do conteúdo de forma rápida e clara

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo para leitura


de QR-CODE de sua escolha e tenha acesso aos conteúdos on-line.
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

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6 2
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RELAÇÕES DE LOGÍSTICA
CONSUMO REVERSA

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19
SUSTENTABILIDADE
E OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
UNIDADE 1

MINHAS METAS
• Compreender como as relações de consumo afetam direta
e indiretamente a sustentabilidade do planeta.

• Discutir algumas maneiras de contribuir para promover o


desenvolvimento sustentável.

Olá, bem-vindo à disciplina de Estudos Contemporâneos e Transversais, a qual


abordará conteúdos referentes a relações de consumo e sustentabilidade.
Você deve se perguntar: por que devo estudar relações de consumo e sustenta-
bilidade? Pois bem, antes de explicarmos a importância desse estudo, vamos com-
preender o que contempla a disciplina Estudos Contemporâneos e Transversais.
Os Estudos Contemporâneos e Transversais são temas que se conectam e se
entrelaçam através dos diversos ramos das ciências biológicas, humanas e exatas.
Tratam de temas que incorporam conteúdos múltiplos e essenciais para a formação
de um cidadão consciente do ambiente total, capaz de observar a realidade em que
vive, revisar o passado e buscar um futuro melhor e em harmonia com a natureza e a
sociedade, tudo isso para contribuir com a formação integral da pessoa.
Neste livro, apresentamos como as relações de consumo afetam direta e indire-
tamente a sustentabilidade do planeta e discutimos algumas maneiras de contribuir
para promover o desenvolvimento sustentável.
Você sabia que o Brasil possui uma Política Nacional
das Relações de Consumo? Essa política visa contribuir
para a sustentabilidade da ordem econômica, e está descrita
no art. 4° do Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078
de 1990, que traz uma série de objetivos para o atendimento
das necessidades dos consumidores: o respeito à dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, além da transparência e harmonia das rela-
ções de consumo, visando dar eficácia aos princípios norteadores estabelecidos
no artigo 170 da Constituição Federal (CARVALHO NETO, 2012).

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UNIDADE 1

Desde então, os termos “consumo consciente”, “consumo responsável” e “con-


sumo sustentável” têm se tornado comuns nos meios de comunicação do Brasil e
do mundo, expressando uma ideia de consumo que “extrapola o atendimento das
necessidades individuais. São levados em consideração seus reflexos na sociedade,
economia e meio ambiente” (SILVA et al., 2012, p. 96).
Ainda, falaremos da Logística Reversa, um conceito associado à responsabili-
dade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, em que os produtores devem
receber de volta os resíduos oriundos do consumo de seus produtos. Também apre-
sentaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), conhecidos como
Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. Para além dos ODS,
discutiremos a origem do termo sustentabilidade, demonstrando que, apesar do uso
formal da palavra ser considerado recente, a ideia e aplicação são antigos.
Com essa leitura, você será conduzido a identificar e a refletir sobre a crescente
importância do consumo consciente, da logística reversa, da sustentabilidade e dos
ODS. Boa leitura e aprendizado transversal!

NOVAS DESCOBERTAS

Assista ao vídeo que preparamos para você e vamos iniciar nosso


aprendizado sobre as relações de consumo e sustentabilidade.

RELAÇÕES DE CONSUMO

O termo consumo se refere ao ato de obter ou utilizar um bem ou serviço.


Trata-se de uma realidade marcante nas sociedades modernas. Com o aumen-
to da prática surgiram os termos sociedade de consumo e consumismo, que
significam, respectivamente, a tentativa de expressar as mudanças de consumo
que vêm ocorrendo nas sociedades contemporâneas e a expansão da cultura
do “ter” em detrimento da cultura do “ser” (IDEC, 2005). Assim, as relações de
consumo representam as relações entre o consumidor e o fornecedor, tendo
como elo o produto em questão.

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UNIDADE 1

Observamos que o comportamento de consumo traz em si reflexos diretos e


indiretos na cultura, na política, no meio ambiente e na vida em sociedade como
u m todo. Contudo, a busca de critérios éticos para as relações de consumo é
antiga. Nas Escrituras Sagradas, já se observava uma preo-
cupação de proteger o consumidor, por exemplo, no
Jardim do Éden, no qual Adão e Eva teriam experi-
mentado uma fruta em desobediência à ordem
de Deus. Naquele cenário, o “consumo do des-
necessário” trouxe uma grave consequência, a
expulsão do paraíso. Fazendo uma analo-
gia, podemos dizer que nos dias de hoje
o “consumo do desnecessário” provoca o
desequilíbrio ambiental em que vivemos.

PENSANDO JUNTOS

Você já se perguntou quais são suas necessidades básicas? Do que realmente você preci-
sa para viver bem? São muitos os questionamentos que auxiliam nossa tomada de deci-
são em relação ao consumo, seja sobre a alimentação, a higiene, a saúde, a vestimenta, o
bem-estar. De certo modo, estamos sempre consumindo algo, o diferencial é compreen-
der se o que consumimos é necessário ou supérfluo.

Para demonstrar, em nível mundial, como o comportamento humano de con-


sumo afeta o equilíbrio planetário, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consu-
midor – IDEC (2005, p. 15) apresenta os seguintes dados:


20% da população mundial, que habita principalmente os países
afluentes do hemisfério norte, consome 80% dos recursos naturais e
energia do planeta e produz mais de 80% da poluição e degradação
dos ecossistemas. Enquanto isso, 80% da população mundial, que
habita principalmente os países pobres do hemisfério sul, fica com
apenas 20% dos recursos naturais. Para redução dessas disparida-
des sociais, permitindo aos habitantes dos países do sul atingirem
o mesmo padrão de consumo material médio de um habitante do
norte, seriam necessários, pelo menos, mais dois planetas Terra.

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UNIDADE 1

Fonte: Scarpa e Soares (2012, s.p.)

Esses dados evidenciam a desigualdade em nível mundial e soam como um alerta


para nosso modo de consumo. Afinal, não é possível que todos os habitantes da
Terra tenham o mesmo padrão de consumo médio de um habitante dos países
desenvolvidos do hemisfério norte. Sabe o motivo?
Simplesmente porque estamos ultrapassando a resiliência de nosso planeta,
ultrapassando a capacidade da Terra de se regenerar aos impactos antrópicos pro-
vocados, seja pelo desmatamento, pela contaminação dos rios e mares, o acúmulo
de lixo e resíduos diversos, poluição do ar e do solo, emissões radioativas etc.

PENSANDO JUNTOS

Agora, observe a figura a seguir, e registre suas impressões sobre ela. Sua análise e reflexão
são importantes para favorecer a compreensão dos temas abordados neste livro didático.

Figura 1 – O contraste
na cidade de São Paulo
– distintas realidades
separadas por um
muro: à esquerda a
favela comunidade de
Paraisópolis e à direita o
bairro do Morumbi
FONTE: http://bit.
ly/2LX9XxY. Acesso em:
1 jun. 2019.

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UNIDADE 1

A temática do consumo se
tornou tão proeminente que,
em 2005, o Ministério do
Meio Ambiente publicou um
Manual de Educação para o
Consumo Sustentável, que
apresenta diretrizes para um
consumo consciente, traz dis-
cussões sobre as relações de
consumo e como esse tema
invadiu as esferas das vidas
social, econômica, cultural
e política, indicando que o
tempo e o próprio corpo hu-
mano se transformam em
mercadorias (MMA, 2005).

PENSANDO JUNTOS

Para você, o que é consumo? É algo que vai além do consumo de alimentos, roupas, cal-
çados, meios de transporte, obtenção de informação, entretenimento? Percebe que em
praticamente todo o tempo estamos consumindo? Seja o consumo de produtos ou ser-
viços de modo pago ou gratuito, o fato é que estamos consumindo. Talvez até o ar que
respiramos seja objeto de consu- mo. Felizmente, hoje, não pagamos pelo seu uso, mas
certamente já “pagamos” pela qualidade do ar que respiramos.

Na tentativa de regulamentar as relações de consumo no Brasil, foi publicada, em 1990,


a Lei n° 8.078, que trata do Código de Defesa do Consumidor e institui a Política
Nacional de Relações de Consumo. Conforme o artigo 4°, são princípios desta lei:


I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mer-
cado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o
consumidor:
a. por iniciativa direta;

9
UNIDADE 1

b. por incentivos à criação e desenvolvimento de associações re-


presentativas;
c. pela presença do Estado no mercado de consumo;
d. pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a ne-
cessidade de desenvolvimentos econômico e tecnológico, viabili-
zando os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170,
da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores quanto aos
seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios eficientes de
controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como
de me- canismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados
no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utiliza-
ção indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Um dos aspectos mais relevantes do Código de Defesa do Consumidor diz


respeito ao direito à informação. É previsto a informação adequada sobre
os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantida-
de, características, composição, qualidade, tributos incidentes, preço e os
riscos. Um exemplo de aplicação do direito é a rotulagem das embalagens de
produtos que contenham derivados de organismos geneticamente modificados,
também chamados de transgênicos.
Uma tentativa de reduzir a rotulagem dos transgênicos foi proposta pelo
Projeto de Lei da Câmara n° 34 de 2015, prevendo a alteração da Lei de Biosse-
gurança para liberação do produtor de alimentos de informar ao consumidor
sobre a presença de componentes transgênicos quando for inferior a 1% da
composição total do produto alimentício.

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UNIDADE 1

Atualmente, o PLC 34/2015


encontra-se em tramitação no
Senado e, conforme dados da
consulta pública disponível no
site do Senado, mais de 95% dos
que opinaram são contra essa
proposta de alteração da Lei de
Biossegurança, pois afetaria di-
retamente o direito à informa-
ção e comprometeria o direito
de escolha do consumidor, im-
possibilitando saber se um alimento é realmente livre de transgênicos.

NOVAS DESCOBERTAS

Quer registrar sua opinião sobre o PLC 34/2015?


Seja um cidadão ativo! Clique aqui e participe!

NOVAS DESCOBERTAS

A autora debate sobre a crise de consumo que a sociedade atual vive,


analisando as relações existentes entre família, mídia e educação. O tre-
cho a seguir ilustra a abordagem da autora sobre o tema.

Com entusiasmo, mantenho acesa a chama da esperança na ca-


pacidade de contestar, investigar e reinventar saídas. Convoco pais, educadores
e interessados na luta contra a farsa do bem-estar proporcionada pelo fetiche da
mercadoria, de uma sociedade que se apoia no espetáculo e se sustenta no engo-
do da imagem e na ilusão do excesso [...]. O objetivo é reforçar a crença na possibi-
lidade do sujeito tomar para si as rédeas de seu futuro, de seu destino, refutando
os poderes obscurantistas, quer derivem de uma ciência perversa, quer venham
travestidos do progresso salvacionista, mercantilista e enganador (LEMOS, 2007,
p. 8).

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UNIDADE 1

NOVAS DESCOBERTAS

O vídeo “Vamos falar sobre solos” possui pouco mais de cinco minu-
tos, foi produzido pelo desenhista de animações Uli Henrik Strecken-
bach para a primeira Semana Global de Solos em 2012. O vídeo enfatiza
a dependência da humanidade dos solos e descreve como certas ten-
dências de consumo e de manejo do solo ameaçam o desenvolvimen-
to sustentável. Clique aqui para assistir a ele.

LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa consiste na observância do ciclo de vida dos produtos,


de modo a corresponsabilizar a sociedade e empresas pela recolha dos pro-
dutos do pós-venda e pós-consumo e o encaminhamento para reaproveita-
mento ou destinação segura. Trata-se do reaproveitamento inteligente dos
materiais (LEITE, 2017).
A logística reversa se destaca como a quarta área da logística empresarial,
sendo as três primeiras a logística de suprimentos (responsável pelas ações e
suprir as empresas dos insumos materiais), de apoio à manufatura (respon-
sável pelo planejamento, armazenamento e controle dos fluxos internos) e
distribuição (cuida da entrega dos pedidos recebidos) (LEITE, 2017). Uma
visão geral desse fluxo é apresentada na Figura 2.

Mercado Mercado
Organização
fornecedor consumidor
Logística Logística de Logística
de suprimentos apoio à manufatura de distribuição

Reintegração ao Pós-venda
ciclo de negócios Logística reversa Pós-consumo
ou produtivo

Figura 2 – Visão geral das áreas operacionais da logística empresarial com ênfase na logística reversa
Fonte: Adaptado de Leite (2017)

12
UNIDADE 1

EXPLORANDO IDEIAS

Você deve se perguntar: o que é logística reversa de pós-venda e de pós-consumo?


A pós-venda visa agregar valor a um produto que é devolvido por razões comerciais,
erros no processamento dos pedidos, garantia pelo fabricante, defeitos ou falhas de
funcionamento, avarias no transporte etc. A logística reversa de pós-consumo se refe-
re aos produtos inservíveis ao primeiro proprietário, objetiva o retorno dos produtos
descartados pela sociedade em geral após o uso e inclui tanto os bens duráveis quan-
to os descartáveis, encaminhando-os para reúso, remanufatura ou reciclagem até a
destinação final adequada (LEITE, 2017).

Considerando as facilidades de consumo da vida moderna e a baixa durabilida-


de da maioria dos produtos, é notável a elevada produção de resíduos ao longo
de nossa vida. Quer ver um exemplo? Em 1994, deu-se o início da produção de
latas de alumínio no Brasil, sendo produzidas cerca de 20 bilhões de unidades de
latinhas em 2014. Por sorte, o alumínio é um excelente exemplo de revalorização
econômica, visto que seu processo de reciclagem economiza 95% de energia na
produção, apresentando índices de investimentos em fábricas de reciclagem muito
inferiores àqueles de fábricas de alumínio virgem, portanto, evitando a extração de
bauxita (LEITE, 2017). Isso contribui para o Brasil ser o líder mundial em reciclagem
de alumínio, com índice de 98,4%, enquanto no mundo esse índice é de, aproxima-
damente, 75% (GAMA, 2016).
Por outro lado, no caso do plástico, foram reciclados apenas cerca de 15% em
2014, do total de 6,5 milhões de toneladas produzidas naquele ano no Brasil (LEITE,
2017). Mais recentemente, o Relatório “Solucionar a poluição plástica: transparência
e responsabilização”, do Fundo Mundial para a Natureza – WWF, revelou que o Bra-
sil é o 4° maior produtor de resíduos plásticos do mundo, atrás dos Estados Unidos,
China e Índia, reciclando apenas 1,2% do total produzido em 2016 (WWF, 2019).
O problema do plástico é tão sério que atualmente é tema constante de man-
chetes de jornais e redes sociais no mundo todo, sendo categorizado em três faixas
de tamanho: macro, micro e nanoplástico. Em relação aos microplásticos, um
estudo constatou a contaminação de 93% da água de garrafas provenientes
de 11 marcas diferentes e em nove países. Além disso, ainda são desconhecidos
os efeitos da ingestão de microplásticos nos seres humanos e outras espécies de
animais (WWF, 2019). Esses dados revelam quão urgente é a aplicação da logística
reversa para modificar esse quadro.

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UNIDADE 1

Na Figura 3, é apresentada a visão geral do ciclo de vida do plástico, desde sua


produção até os mercados secundários de reúso e reciclagem. Conforme destacado
pelo relatório do WWF (2019), para solucionar a poluição plástica precisamos de
transparência e responsabilização. Para isso, a organização pede, além de outras
recomendações, que o
público reduza o consu-
mo de plásticos desne- Repensar
cessários, reutilize e re-
cicle o que for utilizado.
Essas recomenda-
Reciclar Recusar
ções são condizentes
com o conceito dos 5 5Rs
Rs: Repensar, Recusar,
Reduzir, Reutilizar e
Reciclar, e visam des-
pertar nas pessoas a Reutilizar Reduzir
prática de hábitos mais
sustentáveis.
1 2 3 4 5
Produção Uso do Coleta dos Tratamento Mercados
do plástico plástico resíduos dos resíduos secundários

Produção de plás- Uso do plástico a Resgate do Tratamento dos Reuso do plástico


tico virgem a partir partir da transfor- resíduo plástico resíduos plásticos dentro de uma
de substâncias quí- mação de mate- descartado pelo separados através economia após o
micas de combus- usuário final e de diversos reprocessamento
Descrição tíveis fósseis por riais em produtos
um processo de específicos até o separação dos métodos como do resíduo
polimerização ou descarte do pro- resíduos em aterros, incineração, em material
policondensação duto como resíduo disversos ciclos reciclagem secundário
pelo usuário final para tratamento e despejo

Empresas Transformadores Clientes finais Autoridades locais e Recicladores de


petroquímicas de plástico Autoridades locais nacionais plástico
Partes Chave Empresas de Clientes finais ou nacionais Corpos regulares Transformadores
óleo e gás (individual, Empresas de Produtores de plástico de plástico
Interessadas
institucional gestão de resíduos Empresas de gestão
e comercial) Trasformadores de resíduos
de plástico Transformadores
de plástico
Observações:(1) Produtores de produtos plásticos em todos os mercados de plástico (ex.: embalagem,
construção, trasnporte) que trasnformem o plástico virgem em produtos específicos para uso dentro da
economia. Esses produtos plásticos podem ser combinados com outros materiais não plásticos durante o
processo de transformação.
Fonte: Análise Delbera. Jambeck & al (2014). Banco Mundial (2018). SITRA (2018)

Figura 3 – Visão geral do ciclo de vida do plástico conforme relatório WWF (2019)

14
UNIDADE 1

Para Leite (2017, p. 69), “a vida útil de um bem é entendida como o tempo
decorrido desde sua produção até o momento em que o primeiro consumi-
dor/cliente se desfaz”. O referido autor destaca que é possível prolongar a
vida útil do bem destinando-o a um novo consumidor/cliente, por exem-
plo com uso de segunda mão, ou destinar o produto para a coleta seletiva,
coletas informais etc., tornando-o um bem de pós-consumo.

Contudo, o que está impulsionando a poluição plástica? Onde estamos errando?

Veja, na Figura 4, uma explicação que responde a essas questões.

1 2 3 4 5
Produção Uso do Coleta dos Tratamento dos Mercados
Ciclos de vida do plástico plástico resíduos resíduos secundários

Falhas do O preço do Plástico barato Baixos índices Baixos índices Qualidade


sistema plástico exclui as resulta na de coleta e de reciclagem inferior e valor
consequências prevalência de separação e altos índices baixo do material
negativas para modelo de limitada dos de resíduos mal secundário
a natureza e negócio focados resíduos em administrados
sociedade nos descartáveis muitas regiões

Resultado
Um terço
dos resíduos plásticos
viram poluição plástica

Figura 4 – Resumo dos insucessos em todo o ciclo de vida dos plásticos que impulsionam a poluição
plástica no mundo / Fonte: WWF (2019)

Essa percepção do ciclo de vida dos produtos é importante, mas não suficiente
para promover mudanças. É preciso estabelecer metas para reduzir ao máxi-
mo a geração de resíduos na natureza. Assim, com foco na problemática do
plástico, o WWF (World Wildlife Fund) (2019) propõe intervenções necessá-
rias no ciclo de vida do produto para migrar rumo ao plástico zero na natureza
a níveis regional e nacional. Confira os detalhes da proposta na Figura 5.

15
UNIDADE 1

Cadeia de
Suprimentos Hoje Futuro Sem Plástico na Natureza

O preço do plástico exclui suas O preço do plástico reflete seu


Produção consequências negativas para as custo real para a natureza
do plástico natureza e para a sociedade e para a sociedade

Plástico barato resulta na Produtos plásticos


prevalência de modelos de negócio desenvolvidos para serem
Uso do
focados nos descartáveis reutilizados ou reciclados
plástico

Baixos índices de coleta índices de coleta em 100%


e separação limitada dos resíduos e separação de resíduos
Coleta de
em muitas regiões sofisticada mundialmente
resíduos

Baixos índices de reciclagem Altos índices de reciclagem


Tratamento e altos índices de resíduos mal e tolerância zero para resíduos
de resíduos administrados mal administrados

Material secundário de alta


Qualidade inferior e valor baixo
Mercados qualidade e mais barato que
o material secundário
secundários o plástico virgem

Figura 5 – intervenções necessárias no ciclo de vida do plástico para migração rumo ao plástico zero
na natureza em níveis regional e nacional, conforme WWF (2019)

Conforme propostas apresentadas no


Relatório WWF (2019), o caminho para
um futuro sem plástico na natureza pas-
sa pela valorização do produto em cada
fase do seu ciclo de vida, agregando va-
lor aos materiais de pós-consumo e oti-
mizando o gerenciamento de resíduos.
No ENADE (Exame Nacional de
Desempenho do Estudante) de 2009,
no âmbito da formação geral, a ter-
ceira questão abordou a temática do
consumo consciente, citando a cam-
panha do Ministério do Meio Am-
biente para redução do uso de sacolas
plásticas. Confira!

16
UNIDADE 1

AGORA É COM VOCÊ

(QUESTÃO ENADE 2009) – O Ministério do Meio


Ambiente, em junho de 2009, lançou campanha
para o consumo consciente de sacolas plásticas,
que já atingem, aproximadamente, o número alar-
mante de 12 bilhões por ano no Brasil.

Veja o slogan dessa campanha:

O possível êxito da campanha ocorrerá porque:

I - se cumpriu a meta de emissão zero de gás carbônico estabelecida pelo Pro-


grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente, revertendo o atual quadro
de elevação das médias térmicas globais.
II - deixaram de ser empregados, na confecção de sacolas plásticas, materiais oxibio-
degradáveis e os chamados bioplásticos que, sob certas condições de luz e
de calor, se fragmentam.
III - foram adotadas, por parcela da sociedade brasileira, ações comprometidas com
mudanças em seu modo de produção e de consumo, atendendo aos objetivos
preconizados pela sustentabilidade.
IV - houve redução tanto no quantitativo de sacolas plásticas descartadas indiscri-
minadamente no ambiente, como também no tempo de decomposição de re-
síduos acumulados em lixões e aterros sanitários.
Estão CORRETAS somente as afirmativas:

( ) I e II.
( ) I e III.
( ) II e III.
( ) II e IV.
( ) III e IV.

Fonte: http://bit.ly/2YWvfiL. Acesso em: 22 jun. 2019.

17
UNIDADE 1

Então, conseguiu responder a questão? Note que ela foi aplicada antes da pu-
blicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), prevendo a
logística reversa. Contudo, as campanhas em prol da redução do consumo de sacolas
plásticas já se faziam presentes em nosso país e em várias partes do mundo, dada
a relevância do problema.
Nesta questão ENADE, as afirmações I e II estão erradas ao dizerem que “se
cumpriu a meta de emissão zero de gás carbônico [...], revertendo o atual quadro de
elevação das médias térmicas globais” e “deixaram de ser empregados, na confecção
de sacolas plásticas, materiais oxibiodegradáveis”. A campanha espera justamente
o contrário, ou seja, requer mudanças de atitude da sociedade, tanto em relação ao
padrão de consumo de plástico pela população quanto aos modos de produção pela
indústria, incluindo o uso de tecnologias para produção de materiais biodegradáveis.
Vale destacar que uma sociedade formada por cidadãos conscientes tem poder para
promover mudanças no nível das empresas e faz uso do plástico de forma consciente
e seletiva (BOCCHESE, 2014). Assim, as afirmações III e IV apontam caminhos
corretos para o possível êxito da campanha, conforme indicado na alternativa E.
A normatização da logística reversa no Brasil se deu com a publicação
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n° 12.305, de 2010, que
trata do tema em seu art. 33, o qual determina que os fabricantes, importadores, dis-
tribuidores e comerciantes são obrigados a estruturar e a implementar sistemas de
logística reversa mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de for-
ma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos para os seguintes produtos: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim
como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; II -
pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V
- lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos
eletroeletrônicos e seus componentes.

EXPLORANDO IDEIAS

Vale destacar que o compartilhamento de responsabilidades, previsto na PNRS, o impacto


causado no mercado pelos produtos ou matérias-primas reaproveitados e a complexida-
de de retorno dos produtos parecem justificar a demora observada na implantação de
programas de logística reversa no Brasil. Além disso, outra dificuldade em efetivar a logís-
tica reversa no país está no custo do transporte, que representa cerca de 50% do custo
logístico direto e da mesma maneira na logística reversa (LEITE, 2017).

18
UNIDADE 1

Conforme determina a PNRS, a logística reversa é uma obrigação legal dos


fabricantes e dos importadores, os quais deverão proceder com a destinação
ambientalmente adequada, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final
ambientalmente adequada.
No ciclo, compete ao consumidor final devolver aos fabricantes ou importadores,
após o uso, os produtos e embalagens de: I - agrotóxicos, II - pilhas e baterias; III -
pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescen-
tes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e
seus componentes. Ainda, compete ao produtor/fornecedor dispor de informações
necessárias aos consumidores sobre a recolha dos resíduos de sua responsabilidade.
No contexto da logística reversa e do ciclo de vida dos produtos e sua durabili-
dade, a “obsolescência programada” se mostra como uma estratégia das empresas de
tecnologia, especialmente da área de eletroeletrônicos e de informática, estimulando
o consumo de novos produtos, divulgando a ideia que os antigos já estariam desa-
tualizados, obsoletos, mesmo que não estejam.

NOVAS DESCOBERTAS

Para se aprofundar no tema do consumismo e como isso compromete


a sustentabilidade, veja o documentário Comprar, tirar, comprar sobre
caducidad programada (em português, Comprar, Jogar fora, Comprar – A
História Secreta da Obsolescência programada). O documentário, produ-
zido pela TVE espanhola apresenta a estratégia de obloscência progra-
mada, que vem senfo fortemente utilizada pelas empresas e tem se tonado responsavel
pela geração de uma grande quantidade de residuos e desperdiçando matéria-prima,
energia e mão de obra.

SUSTENTABILIDADE E OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O que é sustentabilidade? Por que esse tema é tão abordado atualmente?


Desde quando existe essa palavra? A ideia de sustentabilidade é recente?
O desenvolvimento sustentável é possível? O que significa ODS?

19
UNIDADE 1

Essas e tantas outras perguntas fazem ecoar em nossa mente o quanto somos
movidos pela busca do conhecimento. Ainda, cada vez mais que buscamos, novas
perguntas vão surgindo e em um ciclo sem fim.
Iniciar esse tópico com essas perguntas tem o objetivo de demonstrar que
não há um consenso na literatura sobre o conceito de sustentabilidade, porém,
a compreensão da palavra é algo bom, que busca o equilíbrio dinâmico para as
presentes e futuras gerações (FEIL; SCHREIBER, 2017).
Para tentar elucidar essas questões, vamos analisar a Figura 6, que apresenta
um esquema do conceito de sustentabilidade.

Conhecimento + Consciência + Atitude = Sustentabilidade

Figura 6 – Representação esquemática do conceito de sustentabilidade / Fonte: o autor

Note as cores, as palavras e a ideia de equação representadas na Figura 6. O termo


“conhecimento” está sob um fundo branco, representando nossa capacidade de ad-
quiri-lo, como uma página em branco disponível para a escrita. A “consciência”, por
sua vez, em fundo amarelo, representa a luz, algo que ilumina nossa mente nas to-
madas de decisão para distinção do certo e do errado, do bem e do mal, com vistas a
nos ajudar a escolher entre o bem e o melhor. E a “atitude”, em fundo azul, representa
nossas ações, como algo concreto, que provoca mudanças no seu entorno, semelhante
ao que faz a água da chuva, dos rios ou oceanos.
O somatório desses elementos, inclusive suas cores, resulta na SUSTENTABI-
LIDADE. Palavra destacada com uma dimensão maior, em fundo verde, a cor das
plantas, da esperança, a base da vida. O verde que é definido como cor secundária,
proveniente da mistura do amarelo com azul, que são cores primárias. O branco
do conhecimento, geralmente, toma uma tonalidade amarela ou azul, pois estamos
sempre aprendendo com a consciência e as atitudes. Portanto, a sustentabilidade é
resultante do somatório de um conjunto de fatores em prol da melhoria e ma-
nutenção da qualidade e equilíbrios socioeconômico e ambiental do presente

20
UNIDADE 1

e para o futuro. Assim, vamos resgatar, na literatura, o significado e origem das pa-
lavras: sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Para você, essas
palavras são sinônimas?
De acordo com Hofer (2009 apud Feil e Schreiber 2017), o termo sustentável
originou-se da expressão em idioma alemão “Nachhaltend” ou “Nachhaltig” (lon-
gevidade), do livro Lyra, de Carlowitz, em 1713, em francês “durabilité” (durável) e
em holandês duurzaamheid e Duurzaam (sustentável). Já o conceito de desenvol-
vimento sustentável surge pela primeira vez em 1980, em um relatório intitulado “A
Estratégia Global para a Conservação” – publicado pela União Internacional para
a Conservação da Natureza (IUCN). Contudo, a proposição formal do conceito de
desenvolvimento sustentável é atribuída ao Relatório de Brundtland, Our Common
Future – Nosso futuro comum, preparado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, publicado em 1987.
Assim, a literatura parece indicar que a ideia e o conceito de desenvolvimento
sustentável são relativamente recentes, demonstrando distanciamento da história
da humanidade em suas raízes mais profundas. Contudo, mesmo sem utilizar os
termos sustentável, sustentabilidade e/ou desenvolvimento sustentável, o tema já
vem aparecendo em literaturas mais antigas há muitos anos. Observe a Figura 7, a
seguir, e o que ela retrata.

Figura 7 – Representação da multiplicação e partilha dos pães e peixes e a recolha das sobras
Fonte: http://bit.ly/2SlsCo1. Acesso em: 21 jun. 2019.

21
UNIDADE 1

A figura apresenta uma passagem bíblica sobre a multiplicação dos pães e dos
peixes. Contudo, o que isso tem a ver com sustentabilidade?
Observe, a seguir, como o relato bíblico contempla as principais ideias de susten-
tabilidade quando comparado ao conceito proposto pelo Relatório de Brundtland.

Relatório de
João 6, 11-13. Observações
Brundtland, 1987

Entende-se por “Jesus tomou os pães, Ambos os textos:


desenvolvimento deu graças e distribuiu 1. reconhecem
sustentável “o aos que estavam a importância
desenvolvimento que sentados, tanto quanto do satisfazer as
procura satisfazer queriam. E fez o mesmo necessidades
as necessidades com os peixes. Depois humanas atuais
da geração atual, que se fartaram, disse sem comprometer
sem comprometer aos discípulos: “Juntai as futuras;
a capacidade das os pedaços que 2. envolvem as
gerações futuras de sobraram para que pessoas no
satisfazerem as suas nada se perca!” Eles compromisso pela
próprias necessidades, juntaram e encheram partilha daquilo
significa possibilitar doze cestos com os que é necessário
que as pessoas, agora pedaços que sobraram para o bem-estar
e no futuro, atinjam dos cinco pães de humano;
um nível satisfatório cevada que comeram”. 3. chamam ao
de desenvolvimentos trabalho as
social e econômico e pessoas para o
de realização humana não desperdício
e cultural, fazendo, ao e respeito aos
mesmo tempo, um uso demais seres da
razoável dos recursos natureza.
da terra e preservando
as espécies e os
habitats naturais”.

Fonte: o autor

Diante desse contexto, podemos concluir que a ideia de sustentabilidade não


é recente! Já foi relatada há milênios e resgatar essa história é uma maneira de
promover a cidadania.

22
UNIDADE 1

Em um artigo de revisão sobre o significado dos termos sustentável, sus-


tentabilidade e desenvolvimento sustentável, os autores Feil e Schreiber (2017,
p. 678) concluíram que:


Os atributos de sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável, em termos gerais, possuem significados distintos,
não podendo ser utilizados como sinônimos, pois cada um se
relaciona a uma práxis específica. Entretanto, não podem ser
consideradas práticas isoladas, pois o êxito no alcance do sus-
tentável ocorre via combinação do conjunto de atributos da sus-
tentabilidade e do desenvolvimento sustentável.

Portanto, o conjunto dos atributos que compõe o desejo do desenvolvimento


sustentável e a necessidade da sustentabilidade é que permitirá alcançarmos
o sustentável.
Em setembro de 2015, representantes da Organização das Nações Unidas
(ONU) se reuniram em Nova York e adotaram a Agenda 2030 para o Desen-
volvimento Sustentável, um documento que inclui 17 Objetivos de Desen-
volvimento Sustentável – ODS e 169 metas para alcançá-los, o que equivale
a, aproximadamente, 10 metas para cada objetivo. Conforme Preâmbulo da
Agenda 2030, os ODS são integrados e indivisíveis, e equilibram as três di-
mensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental,
o conhecido tripé da sustentabilidade. Em outras palavras, o desenvolvimento
sustentável é aquele que se dá de modo socialmente justo, economicamente
viável e ambientalmente correto.
Vale ressaltar que os ODS são oriundos do aperfeiçoamento dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM), constituídos por 8 objetivos que
vigoraram até o ano de 2015.
Observe, na Figura 8, a seguir, quais são os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. Neste tópico, daremos ênfase aos ODS 2, 6, 7, 11 e 12, apresentan-
do as metas propostas para esses objetivos, concluindo com o objetivo 17, que
visa integrar toda a sociedade em prol do cumprimento dos demais objetivos.

23
UNIDADE 1

Figura 8 – Resumo esquemático dos ODS da Agenda 2030 da ONU


Fonte: http://bit.ly/2Y57JDa. Acesso em: 21 jun. 2019.

Uma característica comum dos ODS é sua universalidade, pois para cada objetivo
é previsto uma intenção positiva que atinja a todas as pessoas, em todas as idades
e em todo o mundo.
Os ODS visam esti-
mular a ação em cinco
áreas de importância
crucial para a humani-
dade e o planeta. Essas
áreas são conhecidas
como os “5 P’s” do De-
senvolvimento Susten-
tável. Observe a Figura
9 a seguir.

Figura 9 – Os 5Ps do
desenvolvimento susten-
tável, conforme Agenda
2030 da ONU
Fonte: http://bit.ly/2Y3GmJz.
Acesso em: 21 jun. 2022.

24
UNIDADE 1

Para conhecer mais sobre os ODS, acompanhe, a seguir, a descrição de cada


um deles e acesse o link dos excelentes vídeos elaborados pelo IBGE para disse-
minar essa informação pelo Brasil.

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 1. Acabar com a pobreza


em todas as suas formas, em todos
os lugares.
Link do vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=wLP6roH0XvU

Objetivo 2. Acabar com a fome,


alcançar a segurança alimentar e
melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=rvET4ADE8JQ

Objetivo 3. Assegurar uma vida


saudável e promover o bem-estar
para todos, em todas as idades.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=LMOynUxsGHo

25
UNIDADE 1

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 4. Assegurar a educação


inclusiva e equitativa e de qualidade,
e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para
todos.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=htHKxLMIWrY

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de


gênero e empoderar
todas as mulheres e meninas.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=Mm0gzKOiJVU

Objetivo 6. Assegurar a
disponibilidade e gestão sustentável
da água e saneamento para todos.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=ydH9YpoxpsI

26
UNIDADE 1

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 7. Assegurar o acesso


confiável, sustentável, moderno e a
preço acessível à energia para todos.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=Qi5EQ_n0DNo

Objetivo 8. Promover o crescimento


econômico sustentado, inclusivo
e sustentável, emprego pleno e
produtivo e traba- lho decente para
todos.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=AGV3rW83UKk

Objetivo 9. Construir
infraestruturas resilientes, promover
a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=ghQZfF0nEdQ

27
UNIDADE 1

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade


dentro dos países e entre eles.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=DGLMC3Mcygc

Objetivo 11. Tornar as cidades e os


assentamentos humanos inclusivos,
seguros, resilientes e sustentáveis.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=GCml3wU2g7g

Objetivo 12. Assegurar padrões


de produção e de consumo
sustentáveis.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=tMtMphzAcK8

28
UNIDADE 1

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 13. Tomar medidas


urgentes para combater a mudança
do clima e seus impactos.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=ruOzd5Mthnc

Objetivo 14. Conservação e uso


sustentável dos oceanos, dos mares
e dos recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=-
Qy6HtE0GZU

Objetivo 15. Proteger, recuperar


e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas,
combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e
deter a perda de biodiversidade.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=Q5TYYyD7HB8

29
UNIDADE 1

ODS Link do vídeo do IBGE

Objetivo 16. Promover sociedades


pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para
todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclu- sivas em todos
os níveis.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=RkRpbUt1fCM

Objetivo 17. Fortalecer os meios


de implementação e revita-
lizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/
watch?v=zzqUdXGKkW0

Fonte: Adaptado de: ONU (2015) e IBGE (2019)

Diante dos desafios de aperfeiçoar meios para cumprir as metas dos ODS, o Bra-
sil participou, na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL), em Santiago (Chile), do III Fórum sobre o Desenvolvimento Sustentável,
realizado de 22 a 26 de abril de 2019. Durante o evento, a delegação brasileira apresen-
tou o relatório “Agenda 2030 – Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável”. Um documento de 546 páginas que, conforme destacado pelo Presidente
do IPEA, Ernesto Lozardo, “com essa iniciativa, o Brasil passa a ser um dos poucos
países do mundo a dispor de um instrumento que orienta a territorialização dos
ODS, mantendo a abrangência e a ambição da proposta original” (IPEA, 2018, p. 9).

30
UNIDADE 1

Acompanhe, no Quadro 1, a descrição das metas e algumas notícias relacio-


nadas aos ODS 2, 6, 7, 11 e 12.

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

2. Acabar
com a fome, Projeto de
alcançar a 2.1 Até 2030, acabar com a fome e combate
segurança garantir o acesso de todas as pessoas, à pobreza
alimentar e em particular os pobres e pessoas em no Ceará é
melhoria da situações vulneráveis, incluindo crianças, apresentado
nutrição e a alimentos seguros, nutritivos e suficien- durante
promover a tes durante todo o ano. seminário em
agricultura Montevidéu.
sustentável.

2.2 Até 2030, acabar com todas as formas


de desnutrição, incluindo atingir, até
2025, as metas acordadas internacio-
nalmente sobre nanismo e caquexia em
crianças menores de cinco anos de ida-
de, e atender às necessidades nutricio-
nais dos adolescentes, mulheres grávidas
e lactantes e pessoas idosas.

2.3 Até 2030, dobrar a produtividade


agrícola e a renda dos pequenos produ-
tores de alimentos, particularmente das
mulheres, povos indígenas, agricultores
familiares, pastores e pescadores, inclusive
por meio de acesso seguro e igual à terra,
outros recursos produtivos e insumos,
conhecimento, serviços financeiros, mer-
cados e oportunidades de agregação de
valor e de emprego não agrícola.

31
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentá-


veis de produção de alimentos e imple-
mentar práticas agrícolas resilientes, que
aumentem a produtividade e a produção,
que ajudem a manter os ecossistemas,
que fortaleçam a capacidade de adapta-
ção às mudanças climáticas, às condições
meteorológicas extremas, secas, inunda-
ções e outros desastres, e que melhorem
progressivamente a qualidade da terra e
do solo.

2.5 Até 2020, manter a diversidade


genética de sementes, plantas cultivadas,
animais de criação e domesticados e suas
respectivas espécies selvagens, inclusi-
ve por meio de bancos de sementes e
plantas diversificadas e bem geridas em
níveis nacional, regional e internacional,
e garantir o acesso e a repartição justa e
equitativa dos benefícios decorrentes da
utilização dos recursos genéticos e conhe-
cimentos tradicionais associados.

2.6 Aumentar o investimento, inclusive


via o reforço da cooperação internacio-
nal, em infraestrutura rural, pesquisa e
extensão de serviços agrícolas, desenvol-
vimento de tecnologia, e os bancos de
genes de plantas e animais, aumentando
a capacidade de produção agrícola nos
países em desenvolvimento, em particu-
lar nos países menos desenvolvidos.

32
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

2.7 Corrigir e prevenir as restrições ao


comércio e distorções nos mercados
agrícolas mundiais, incluindo a eliminação
paralela de todas as formas de subsídios
à exportação e todas as medidas de
exportação com efeito equivalente, de
acordo com o mandato da Rodada de
Desenvolvimento de Doha.

2.8 Adotar medidas para garantir o funcio-


namento adequado dos mercados de
commodities de alimentos e seus deri-
vados, e facilitar o acesso oportuno à in-
formação de mercado, inclusive sobre as
reservas de alimentos, a fim de ajudar a
limitar a volatilidade extrema dos preços
dos alimentos.

6. Assegurar
a disponibi-
ONU: 1 em
lidade e ges-
6.1 Até 2030, alcançar o acesso univer- cada 3 pessoas
tão sustentá-
sal e equitativo à água potável e segura no mundo não
vel da água e
para todos. tem acesso à
saneamento
água potável.
para todas e
todos.

6.2 Até 2030, alcançar o acesso ao


saneamento e à higiene para todos, e
acabar com a defecação a céu aberto,
com especial atenção para as necessida-
des das mulheres e meninas e daqueles
em situação de vulnerabilidade.

33
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da


água, reduzindo a poluição, eliminando
despejo e minimizando a liberação de
produtos químicos e materiais perigosos,
reduzindo pela metade a proporção de
águas residuais não tratadas e aumen-
tando substancialmente a reciclagem e
reutilização segura globalmente.

6.4 Até 2030, aumentar substancialmente


a eficiência do uso da água em todos os
setores e assegurar retiradas sustentáveis
e o abastecimento de água doce para
enfrentar a escassez de água, e reduzir
substancialmente o número de pessoas
que sofrem com a escassez de água.

6.5 Até 2030, implementar a gestão inte-


grada dos recursos hídricos em todos os
níveis, inclusive via cooperação transfron-
teiriça, conforme apropriado.

6.6 Até 2020, proteger e restaurar


ecossistemas relacionados com a água,
incluindo montanhas, florestas, zonas
úmidas, rios, aquíferos e lagos.

6.7 Até 2030, ampliar a cooperação


internacional e o apoio à capacitação
para os países em desenvolvimento em
atividades e programas relacionados à
água e saneamento, incluindo a coleta de
água, a dessalinização, a eficiência no uso
da água, o tratamento de efluentes, a
reciclagem e as tecnologias de reúso.

6.8 Apoiar e fortalecer a participação


das comunidades locais para melhora
da gestão da água e do saneamento.

34
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

7. Assegurar
o acesso Investimento
confiável, em energias
s u s t en t á v renováveis
7.1 Até 2030, assegurar o acesso uni-
el , moderno supera o de
versal, confiável, moderno e a preços
e a preço combustíveis
acessíveis a serviços de energia.
acessível fósseis em
à energia 2018 no mun-
para todas e do.
todos.

7.2 Até 2030, aumentar substancialmen-


te a participação de energias renováveis
na matriz energética global.

7.3 Até 2030, dobrar a taxa global de


melhoria da eficiência energética.

7.4 Até 2030, reforçar a cooperação


internacional para facilitar o acesso à
pesquisa e tecnologias de energia limpa,
incluindo energias renováveis, eficiência
energética e tecnologias de combustíveis
fósseis avançadas e mais limpas, e pro-
mover o investimento em infraestrutura
de energia e em tecnologias de energia
limpa.

7.5 Até 2030, expandir a infraestrutura e


modernizar a tecnologia para o forneci-
mento de serviços de energia modernos
e sustentáveis para todos nos países em
desenvolvimento, particularmente nos
países menos desenvolvidos, nos peque-
nos Estados insulares em desenvolvimen-
to e nos países em desenvolvimento sem
litoral, de acordo com seus respectivos
programas de apoio.

35
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

11. Tornar as
No Rio, semi-
cidades e os
nário global
assentamen- 11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos
discute preven-
tos humanos à habitação segura, adequada e a preço
ção de incên-
inclusivos, acessível, e aos serviços básicos e urbani-
dios na gestão
seguros, zar as favelas.
do patrimônio
resilientes e
cultural.
sustentáveis.

11.2 Até 2030, proporcionar o acesso a


sistemas de transporte seguros, acessí-
veis, sustentáveis e a preço acessível para
todos, melhorando a segurança rodoviária
por meio da expansão dos transportes
públicos, com especial atenção para as
necessidades das pessoas em situação
de vulnerabilidade, mulheres, crianças,
pessoas com deficiência e idosos.

11.3 Até 2030, aumentar a urbanização


inclusiva e sustentável, e as capacidades
para o planejamento e gestão de assenta-
mentos humanos participativos, integra-
dos e sustentáveis e em todos os países.

11.4 Fortalecer esforços para proteger


e salvaguardar o patrimônio cultural e
natural do mundo.

11.5 Até 2030, reduzir significativamente


o número de mortes e o número de pes-
soas afetadas por catástrofes e substan-
cialmente diminuir as perdas econômicas
diretas causadas em relação ao produto
interno bruto global, incluindo os de-
sastres relacionados à água, com o foco
em proteger os pobres e as pessoas em
situação de vulnerabilidade.

36
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

11.6 Até 2030, reduzir o impacto am-


biental negativo per capita das cidades,
inclusive prestando especial atenção à
qualidade do ar, gestão de resíduos mu-
nicipais e outros.

11.7 Até 2030, proporcionar o acesso


universal a espaços públicos seguros,
inclusivos, acessíveis e verdes, particular-
mente para as mulheres e crianças, pes-
soas idosas e pessoas com deficiência.

11.a Apoiar relações econômicas, sociais e


ambientais positivas entre áreas urbanas,
periurbanas e rurais, reforçando o plane-
jamento nacional e regional de desenvol-
vimento.

11.b Até 2020, aumentar substancial-


mente o número de cidades e assen-
tamentos humanos adotando e imple-
mentando políticas e planos integrados
para a inclusão, a eficiência dos recursos,
mitigação e adaptação às mudanças
climáticas, a resiliência a desastres e de-
senvolver e implementar, de acordo com
o Marco de Sendai para a Redução do
Risco de Desastres 2015-2030, o geren-
ciamento holístico do risco de desastres
em todos os níveis.

11.c Apoiar os países menos desenvol-


vidos, inclusive por meio de assistência
técnica e financeira, para construções
sustentáveis e resilientes, utilizando ma-
teriais locais.

37
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

12.1 Implementar o Plano Decenal de


Metade dos co-
12. Assegurar Programas sobre Produção e Consu-
rais do mundo
padrões de mo Sustentáveis, com todos os países
desapareceram
produção e tomando medidas, e os países desenvol-
nos últimos
de consumo vidos assumindo a liderança, tendo em
150 anos, diz
sustentáveis. conta o desenvolvimento e as capacida-
chefe da ONU
des dos países em desenvolvimento.

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentá-


vel e o uso eficiente dos recursos naturais.

12.3 Até 2030, reduzir pela metade o des-


perdício de alimentos per capita mundial,
nos níveis de varejo e do consumidor, e
reduzir as perdas de alimentos ao longo
das cadeias de produção e abastecimen-
to, incluindo as perdas pós-colheita.

12.4 Até 2020, alcançar o manejo am-


bientalmente saudável dos produtos
químicos e todos os resíduos ao longo de
todo o ciclo de vida destes e de acordo
com os marcos internacionais acordados,
e reduzir significativamente a liberação
para o ar, água e solo, minimizando seus
impactos negativos sobre a saúde huma-
na e o meio ambiente.

12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a


geração de resíduos por meio da preven-
ção, redução, reciclagem e reúso.

12.6 Incentivar as empresas, especial-


mente as empresas grandes e transna-
cionais, a adotarem práticas sustentáveis
e a integrarem informações de sustenta-
bilidade em seu ciclo de relatórios.

38
UNIDADE 1

Notícias rela-
ODS Metas relacionadas
cionadas

12.7 Promover práticas de compras


públicas sustentáveis e de acordo com as
políticas e prioridades nacionais.

12.8 Até 2030, garantir que as pessoas,


em todos os lugares, tenham informa-
ção relevante e conscientização para o
desenvolvimento sustentável e estilos de
vida em harmonia com a natureza.

12.a Apoiar países em desenvolvimento


para fortalecerem suas capacidades científi-
cas e tecnológicas, mudando para padrões
mais sustentáveis de produção e consumo.

12.b Desenvolver e implementar ferra-


mentas para monitoramento dos impactos
do de- senvolvimento sustentável para o
turismo sustentável, gerando empregos,
promovendo a cultura e os produtos locais.

12.c Racionalizar subsídios ineficientes que


encorajam o consumo exagerado, elimi-
nan- do as distorções de mercado e de
acordo com as circunstâncias nacionais, in-
clusive por meio da reestruturação fiscal e
a eliminação gradual desses subsídios pre-
judiciais, caso existam, para refletir os seus
impactos ambientais, tendo plenamente
em conta as necessidades específicas e
condições dos países em desenvolvimen-
to e minimizando os possíveis impactos
adversos sobre o seu desenvolvimento de
uma forma que os pobres e as comunida-
des afetadas sejam protegidos.
Quadro 1 – Metas dos ODS 2, 6, 7, 11 E 12 com destaque de algumas notícias relacionadas
Fonte: Adaptado de: http://bit.ly/2Y57JDa. Acesso em: 11 jun. 2019.

A análise e o acompanhamento das ações para o cumprimento das metas e obje-


tivos da Agenda 2030 são os principais desafios para gestão dos ODS.

39
UNIDADE 1

Afinal, como mensurar o cumprimento das metas estabelecidas? Como avaliar


o avanço ou não na realização das ações para atingir as metas em nível global?

Para isso, foram criados e estão em contínua adequação os Indicadores Glo-


bais para os ODS, num total de 232 indicadores. Contudo, no Brasil, aproxi-
madamente 40 indicadores não possuem dados disponíveis no país, incluindo
temas como perdas econômicas atribuídas a desastres, agricultura sustentável,
uso de métodos de planejamento familiar, consumo de materiais, tráfico de
animais silvestres, vítimas de violência, tráfico de pessoas, entre vários outros
temas (KRONEMBERGER, 2019).
Conforme Kronemberger (2019), para facilitar a implementação do quadro
de indicadores globais, foi adotada uma classificação dos indicadores em Tiers.
Confira no Quadro.

Número de
Grupo de Indicadores
indicadores

Tier I: indicador é conceitualmente claro, tem metodologia


e padrões internacionalmente estabelecidos e os dados são
produzidos regularmente pelos países para, no mínimo, 50% 100
dos países e da população em cada região onde o indicador
é relevante.

Tier II: indicador é conceitualmente claro, tem metodologia e


padrões internacionalmente

estabelecidos, mas os dados não são produzidos regular-


82
mente pelos países.

Tier III: não tem metodologia e padrões internacionalmente


estabelecidos, mas a metodologia está sendo (ou será) de- 44
senvolvida ou o indicador testado.

Múltiplos Tiers* 6

Total 232

*Indicadores formados por subindicadores com diferentes classificações.


Quadro 2 – Distribuição do número de indicadores ODS globais, segundo a classificação em tiers –
atualização em 27 de novembro de 2018 / Fonte: Adaptado de Kronemberger (2019, p. 41)

40
UNIDADE 1

Note que o desafio é grande para a aplicação dos indicadores, visto que mais de
40 deles ainda não possuem metodologia, demonstrando a enorme lacuna entre o
desejável e o realizado.
Para acompanhar em tempo real os indicadores ODS do Brasil, foi criado
um site operado em conjunto pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística e pela PR/SEGOV/SNAS – Secretaria Nacional de Articulação Social
(https://odsbrasil.gov.br/relatorio/sintese). Conforme a última atualização
disponibilizada em 01/12/2022, o relatório aponta o total de 254 indicadores e
com as seguintes proporções no Brasil: 116 indicadores produzidos, 75 em aná-
lise/construção, 5 3 não possuem dados, e 10 não se aplicam ao Brasil.
Para destacar a relevância da temática da sustentabilidade nas provas do ENA-
DE, analise a questão a seguir.

AGORA É COM VOCÊ


(QUESTÃO ENADE 2017) – Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
compõem uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas so-
bre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015. Na agenda, representa-
da na figura a seguir, são previstas ações em diversas áreas para o estabelecimento
de parcerias, grupos e redes que favoreçam o cumprimento desses objetivos.

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UNIDADE 1

Considerando que os ODS devem ser implementados por meio de ações que inte-
grem a economia, a sociedade e a biosfera, avalie as afirmações a seguir.

I - O capital humano deve ser capacitado para atender às demandas por pesquisa
e inovação em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável.
II - A padronização cultural dinamiza a difusão dos conhecimentos científico
e tecnológico entre as nações para a promoção do
III - desenvolvimento sustentável.
IV - Os países devem incentivar políticas de desenvolvimento do empreendedoris-
mo e de atividades produtivas com geração de empregos, garantindo a digni-
dade da pessoa humana.
É correto o que se afirma em:

( ) II, apenas.
( ) III, apenas.
( ) I e II, apenas.
( ) I e III, apenas.
( ) I, II e III.
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enade/
provas-e-gabaritos. Acesso em: 21 jun. 2019.

Então, conseguiu responder com facilidade? Observe que as afirmações I e III


estão corretas, pois destacam a importância da capacitação humana para atender
às demandas dos ODS e o dever dos países na incentivação do empreendedorismo
com respeito à dignidade da pessoa. Essas ações são coerentes com o que se espera
para promover o desenvolvimento sustentável.
A afirmação II está errada por considerar que “a padronização cultural dina-
miza a difusão do conhecimento científico [...]”. Tal frase está fora do contexto dos
ODS, pois estes se fundamentam nos direitos humanos universais, com respeito
à diversidade cultural e à dignidade da pessoa. Além disso, a difusão do conhe-
cimento não é dinamizada pela padronização da cultura. Portanto, a alternativa
“D” (I e III, apenas) é a resposta correta desta questão ENADE.
Analisaremos agora outra questão ENADE relacionada à sustentabilidade.
Observe que a questão inicia com uma imagem (charge) e solicita avaliar duas
asserções em relação à charge.

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UNIDADE 1

AGORA É COM VOCÊ


(QUESTÃO ENADE 2016) - A par-
tir das ideias sugeridas pela char-
ge, avalie as asserções a seguir
e a relação proposta entre elas.

V - A adoção de posturas de
consumo sustentável, com
descarte correto dos resí-
duos gerados, favorece a
preservação da diversidade
biológica.
PORQUE

VI - Refletir sobre os problemas


socioambientais resulta em
melhoria da qualidade de
vida.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.


( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta de I.
( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
( ) As asserções I e II são proposições falsas.
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enade/
provas-e-gabaritos. Acesso em: 21 jun. 2019.

O uso de figuras nas questões ENADE tem se tornado cada vez mais frequente,
especialmente nas questões relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade.
Sobre a questão apresentada, a asserção I é uma proposição verdadeira, pois
associa a adoção de posturas de consumo consciente e descarte correto dos
resíduos como medidas favoráveis para a preservação da biodiversidade. A
proposição II é errada e não justifica a proposição I, pois apenas “refletir” sobre
os problemas não resulta em melhoria da qualidade de vida. Assim, a alterna-

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UNIDADE 1

tiva “C” (A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição


falsa) é a resposta correta desta questão.
No ENADE, aplicado em 2018, também foi abordado o tema susten-
tabilidade no âmbito da Formação Geral, com uma questão relacionada à
mobilidade urbana e cidade sustentável. Vale a pena rever aquele conteúdo
e ficar por dentro.

O Objetivo 17 menciona: Fortalecer os meios de implementação e


revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Isso é
fortalecer as parcerias pelas metas. Esse objetivo é fundamental para o
sucesso de cada um dos demais 16 objetivos. Talvez você se pergunte:
como assim estabelecer parcerias pelas metas? Se cada um fizer a sua
parte sozinho já está bom... Será?

Diante do avanço dos meios de comunicação, é esperado que a humanidade


tenha facilidade em se comunicar e formar uma rede em prol do cumpri-
mento dos ODS, contudo, a história nos mostra quanto tem sido difícil o ser
humano estabelecer vínculos éticos e permanentes com um objetivo comum,
tendo em vista o não cumprimento das diversas recomendações das Confe-
rências Mundiais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com
destaque às de Estocolmo (Suécia) em 1972, a do Rio de Janeiro (ECO92)
em 1992, a de Johanesburgo (África, Rio+10) em 2002, e a do Rio de Janeiro
(Rio+20) em 2012.
Apesar dos desafios, a esperança nos motiva a continuarmos acreditando
na humanidade. Ainda, como parte dela, devemos nos esforçar para fazer a
nossa parte por um mundo mais sustentável.
É com satisfação que chegamos ao fim da disciplina Estudos Contempo-
râneos e Transversais I, que teve como objetivo auxiliá-lo na compreensão dos
temas RELAÇÕES DE CONSUMO E SUSTENTABILIDADE.
Com certeza, você constatou a importância desses temas para sua vida pessoal
e profissional, e como esses conhecimentos são úteis para tomada de decisão mais
consciente e para a execução de ações mais inteligentes em prol da sua qualidade
de vida, a do próximo e a do planeta como um todo.
Desejamos sucesso em sua trajetória. Saudações sustentáveis!

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BOCCHESE, J. da C. ENADE comentado componente: formação geral edições 2009, 2010,
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