Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Itajaí-SC, julho/2019
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIA JURÍDICA – PPCJ
CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA JURÍDICA – CMCJ
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTOS DO DIREITO POSITIVO
Itajaí-SC, julho/2019
AGRADECIMENTOS
Aos familiares e amigos, por quem busco ser uma pessoa melhor.
DEDICATÓRIA
1 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos / Annie Leonard com Ariane Conrad; revisão técnica André Piani Besserman Vianna;
tradução Heloisa Mourão. – Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p. 159.
2 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 159.
3 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico / atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Priscila Pereira
sociedade de consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de;
ARMADA, Charles Alexandre de (orgs.). Teoria Jurídica e Transnacionalidade, volume I, Itajaí,
2014, p. 183.
5 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 08 jul. 2018.
consumidor precisará trocá-lo, ou seja, descartar o que já tem e consumir outra vez.
6 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria/ Zygmunt
Bauman; tradução Carlos Alberto Medeiros. – Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 71.
7 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida / Zygmunt Bauman; tradução de Plínio Dentzien, Zahar,
2001, p. 57.
8 BOFF, Leonardo. Sustentabilidade : o que é : o que não é / Leonardo Boff. 2. Ed. – Petrópolis, RJ:
INTRODUÇÃO p. 13
1 SOCIEDADE DE CONSUMO p. 16
1.1 REFLEXÕES INICIAIS SOBRE A SOCIEDADE DE CONSUMO p. 16
1.1.1 O que a Sociedade Pós-moderna consome? p. 17
1.1.2 Consumo x Consumismo p. 18
1.1.3 Sociedade de Consumo x Cultura de Consumo p. 20
1.2 ANOTAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE DE CONSUMO
p. 20
1.3 NOTAS SOBRE O CONSUMOCENTRISMO E SOBRE A PERSPECTIVA PÓS-
MODERNA DE CONSUMO p. 25
1.4 O PAPEL DAS CORPORAÇÕES NA CONSERVAÇÃO DA SOCIEDADE DE
CONSUMO p. 32
2 SUSTENTABILIDADE p. 35
2.1 O HOMEM E O PLANETA TERRA p. 35
2.2 PRIMEIRAS CRISES AMBIENTAIS p. 37
2.3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL p. 39
2.4 AS CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE E A
CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL p. 44
2.5 SUSTENTABILIDADE VERSUS DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL p. 49
2.6 SUSTENTABILIDADE: CONCEITO E DIMENSÕES CLÁSSICAS p. 54
2.7 TEORIA DO DECRESCIMENTO: PARA SER SUSTENTÁVEL A SOCIEDADE
PRECISA CRESCER OU DECRESCER? p. 59
3 OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA p. 70
3.1 A OBSOLESCÊNCIA E SUAS FORMAS p. 70
3.2 A OBSOLESCÊNCIA COMO ESTRATÉGIA DE MERCADO p. 76
3.3 OS REFLEXOS DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA E DA
OBSOLESCÊNCIA PSICOLÓGICA NO MEIO AMBIENTE p. 80
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SOCIEDADE DE CONSUMO
13 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 70.
14 BARBOSA, Lívia. Sociedade de Consumo, p. 7-8.
15 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente / Édis Milaré. – 8. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Editora
Para Leonard24:
22 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 41.
23 MAYA, Ornella Cristine. A sociedade de consumo na era digital: os desafios e paradigmas de
um desenvolvimento econômico sustentável. 2018. 108. Mestrado em Ciência Jurídica. Linha de
pesquisa Direito Ambiental, Transnacionalidade e Sustentabilidade – Universidade do Vale do Itajaí,
Itajaí, p. 28.
24 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 159.
25 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 78.
20
Cultura e sociedade são esferas da vida social que nem sempre estão
atreladas:
Além disso, era o trabalho que conferia existência civil, política e social ao
indivíduo, “era ainda pelo trabalho que o indivíduo ganhava sua personalidade moral
pelo seu compromisso e seu dever para com a Nação”.29
31 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 43.
32 BARBOSA, Lívia. Sociedade de Consumo, p. 19.
23
Diz-se que a produção em larga escala foi uma das molas propulsoras
para o início do Consumismo, pois, diante de tantas coisas disponíveis, abandonou-
se por completo a noção do que era e do que não era essencial para a satisfação
das necessidades reais, atribuindo-se novo significado aos atos de “consumir” e de
“ter”.34
Nesse sentido:
37 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 159.
38 SADER, Emir apud PIMENTA, Solange Maria (coord.). Sociedade e Consumo: múltiplas
consumimos, p. 174.
25
quesitos cores, modelos e tamanhos, o que, por ser inovador, despertava muito
interesse na sociedade, embora fosse acessível apenas a uma pequena classe.
40BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 41-42.
41BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 38.
42 PIMENTA, Solange Maria (coord.). Sociedade e Consumo: múltiplas dimensões da
contemporaneidade, p. 119.
26
Programada, para viver ao redor do Consumo, isto é, viver para o Consumo, dando
ensejo ao que Pereira43 chama de consumocentrismo:
43 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea. Revista
Direito Ambiental e sociedade, v. 6, n. 2, 2016, p. 267.
44 SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes; SOARES, Josemar Sidinei. Sociedade de consumo e
47 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea, p. 268.
48 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Para Baudrillard54:
Pimenta55 complementa:
pessoas gastam seu salário com bens que não necessitam. Assim, cresce a
massa de endividados no País – e, também, a legião de excluídos que, não
conseguindo consumir, são deixados à margem da sociedade.62
62 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea, p. 272.
63 PIMENTA, Solange Maria (coord.). Sociedade e Consumo: múltiplas dimensões da
contemporaneidade, p. 52.
64 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 71.
65 PIMENTA, Solange Maria (coord.). Sociedade e Consumo: múltiplas dimensões da
contemporaneidade, p. 119.
66 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 112.
32
Latouche. Traducción del francês de Rosa Bertran Alcázar, Editora Octaedro, 2012, P. 33-34.
33
Pereira69 reflete:
69 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea, p. 270.
70 LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes,
2009, p. 17.
71 PIAZZETTA, Clauderson; PEZZINI, Marina Ferri; CALGARO, Cleide. Danos ambientais e
e incompletude. Isso faz com que as pessoas sintam o desejo de ter novas coisas,
ainda que para tê-las seja preciso descartar aquelas cuja aquisição, outrora,
proporcionou tanta alegria.
72 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea, p. 271.
73 BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria, p. 45.
35
CAPÍTULO 2
SUSTENTABILIDADE
31.
86 BOFF, Leonardo. Sustentabilidade : o que é : o que não é, p. 32-33.
87 BOSSELMANN, Klaus. O princípio da sustentabilidade : transformando direito e governança, p.
31.
39
Conforme Granziera88:
“Devemos tratar a madeira com cuidado (man muss mit dem Holz pfleglich
umgeben), caso contrário, acabar-se-á o negócio e cessará o lucro’. Mais
diretamente: ‘corte somente aquele tanto de lenha que a floresta pode
suportar e que permite a continuidade de seu crescimento”.
relação entre o homem e o Planeta Terra. A fase da industrialização tem uma face
negativa e uma positiva na história da Sustentabilidade, pois ao mesmo tempo em
que agravou a crise ambiental existente, serviu de mola propulsora para o início de
uma conscientização ambiental em nível mundial.
Embora não seja possível dizer em que ano exatamente teve início a
Revolução Industrial, fala-se, genericamente, que começou em 1769 quando um
escocês chamado James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor, um ano depois de um
outro senhor de nome Arkwright haver aperfeiçoado o tear hidráulico para a indústria
têxtil.90
consumimos, p. 119.
42
continuaram a ocorrer, ficando nítido que o centro das atenções humanas era o lucro
proporcionado pela expansão da produção e do Consumo.
base na economia verde e a teoria do decrescimento. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v.13, n. 25,
p.133-153, Janeiro/Abril de 2016, p. 136.
43
101 GARCIA, Denise Schmitt Siqueira. Dimensão econômica da sustentabilidade: uma análise com
base na economia verde e a teoria do decrescimento, p. 136.
102 MATEO, Ramón Martin. Tratado de derecho ambiental, Vol. I, Editorial Trivium, 1991, p. 29. “A
consciência ambiental é uma resposta, visivelmente tardia, à insensível e obstinada ação destrutiva
do homem sobre a natureza, que atinge uma importância notável a partir da revolução industrial”.
Livre tradução da autora.
103 MATEO, Ramón Martin. Tratado de derecho ambiental, Vol. I, p. 30-31.
104 MATEO, Ramón Martin. Tratado de derecho ambiental, Vol. I, p. 30-31.
44
74.
109 MAÑAS, José Luis Piñar. Desarrollo sostenible y protección del medio ambiente, p. 26. “Era
hora de questionar o desenvolvimentismo dos anos setenta e oitenta, que, como eu disse antes,
colocou em risco o equilíbrio ecológico da Terra, assim como o equilíbrio social da humanidade”.
Livre tradução da autora.
45
material radioativo, que foi levada pelo vento aos países vizinhos. Também em 1986
uma empresa química Suíça sofreu um incêndio e, como consequência, o Rio Reno
foi contaminado por produtos químicos agrícolas, solventes e mercúrio, matando a
fauna aquática e ameaçando o abastecimento de água potável em países
vizinhos.115
1987, no Relatório Brudtland, que já conhecemos, propomos o que será mostrado como uma
proposta revolucionária: desenvolvimento sustentável”. Livre tradução da autora.
118 Nosso futuro comum / Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. – 2. ed. –
50.
47
ficou conhecido, é um apelo por justiça distributiva global, entre ricos e pobres,
natureza das presentes e futuras gerações e seres humanos.121
Neste sentido:
“Em apenas cinco folhas, em 27 princípios, são lançadas as bases para as atuais políticas de
erradicação da pobreza, responsabilidade ambiental, avaliação do impacto ambiental, aplicação do
princípio da precaução para proteger o meio ambiente, participação em questões ambientais de
cidadãos interessados, promoção de modelos econômicos que respeitem o meio ambiente, direito à
informação sobre atividades que possam ter efeitos ambientais, defesa e reconhecimento das
populações indígenas”. Livre tradução da autora.
48
Para os analistas ficava cada vez mais clara a contradição existente entre a
lógica do desenvolvimento de tipo capitalista, que sempre procura
maximizar os lucros às expensas da natureza, criando grandes
desigualdades sociais (injustiças), e entre a dinâmica do meio ambiente,
que se rege pelo equilíbrio, pela interdependência de todos com todos e
pela reciclagem de todos os resíduos (a natureza não conhece lixo). 129
sociedade de consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de;
ARMADA, Charles Alexandre de (orgs.). Teoria Jurídica e Transnacionalidade, volume I, Itajaí,
2014, p. 183.
50
134 BODNAR, Zenildo; FREITAS, Vladimir Passos de; SILVA, Kaira Cristina. A epistemologia
interdisciplinar da sustentabilidade: por uma ecologia integral para a sustentação da casa
comum. Revista Brasileira de Direito, 12(2): 59-70, jul.-dez. 2016, p. 63.
135 BODNAR, Zenildo; FREITAS, Vladimir Passos de; SILVA, Kaira Cristina. A epistemologia
26. ed, rev., ampl., e atual. – São Paulo : Malheiros, 2018, p. 67.
138 SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes; ARMADA, Charles Alexandre Souza. Desenvolvimento
25-26.
141 CRUZ, Paulo Márcio; FERRER, Gabriel Real. Direito, Sustentabilidade e a Premissa
sociedade de consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de;
ARMADA, Charles Alexandre de (orgs.). Teoria Jurídica e Transnacionalidade, volume I, Itajaí,
2014, p. 182.
52
Ferrer143, por sua vez, recomenda que os referidos conceitos não sejam
utilizados de forma indiscriminada, trivial e espúria, para evitar que se esvaziem,
demonstrando preocupação com esta distinção conceitual:
Las palabras sirven para definir conceptos, pero a veces se usan para
ocultarlos, para distraernos sobre su autentico significado. Igualmente, su
uso indiscriminado, espurio y banalizante, hace que se corra el riesgo de
que unas y otras, palabras y conceptos, se diluyan en la nada, máxime
cuando, como es el caso, se toman como una moda, como complemento a
cualquier discurso políticamente correcto. Desarrollo sostenible y
sostenibilidad son términos que se usan profusamente y suelen identificarse
y, de hecho, las denominaciones de las cumbres juegan a ello, pero no son
lo mismo.
145 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro, Paulo Affonso Leme Machado. –
26. ed, rev., ampl., e atual. – São Paulo : Malheiros, 2018, p. 68.
146 BOFF, Leonardo. Sustentabilidade : o que é : o que não é, p. 45.
147 BOFF, Leonardo. Sustentabilidade : o que é : o que não é, p. 45.
54
causado na dimensão econômica da sustentabilidade. In: SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes
de; VIEIRA, Ricardo Stanziola; FERRER, Gabriel Real (orgs.); GARCIA, Denise Schmitt Siqueira,
55
CURZ, Paulo Márcio (cords.). Consumo sustentável, agroindústria e recursos hídricos. Itajaí,
2018, p. 53.
151 FREITAS, Juarez. Sustentabilidade - Direito ao Futuro, Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 133-
134.
152 AQUINO, Sérgio Ricardo Fernandes de. O princípio (jurídico) esquecido da Sustentabilidade.
Direito Constitucional. Tékhne - Revista de Estudos Politécnicos. versão impressa ISSN 1645-9911.
Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
99112010000100002#a01. Acesso em 10 dez. 2018.
56
relacionamento das gerações com o meio ambiente não poderá ser levado
a efeito de forma separada, como se presença humana no planeta não
fosse uma cadeia de elos sucessivos (...) A continuidade da vida no planeta
pede que esta solidariedade não fique represada na mesma geração, mas
ultrapasse a própria geração, levando em conta as gerações que virão após.
Há um novo tipo de responsabilidade jurídica: a equidade intergeracional.
Europea por Michael Decleris, Oficina de Publicaciones Oficiales de las Comunidades Europeas apud
MAÑAS, José Luis Piñar. Desarrollo sostenible y protección del medio ambiente, p. 31. “Justiça
significa a) total harmonização de todas as políticas públicas, a fim de eliminar as desigualdades
nacionais e sociais (justiça social), b) convergência e alinhamento de todas as políticas para a
recuperação da natureza (destruída) e a construção do meio ambiente para o futuro (justiça para
natureza e gerações futuras), c) regulação e redirecionamento das relações entre indivíduos para os
objetivos a) e b) (justiça entre indivíduos).” Livre tradução da autora.
58
Desenvolvimento Sustentável vai além da mera harmonização da economia e ecologia, inclui valores
morais relacionados à solidariedade.” Livre tradução da autora.
59
Nesse cenário, uma das perguntas mais tormentosas que se pode fazer
hoje é: Como compatibilizar o desenvolvimento humano com a sustentação do
Planeta Terra?
consumimos, p. 17.
168 OLIVEIRA DA SILVA, Maria Beatriz Beatriz. Obsolescência programada e teoria do
169 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 163.
170 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 164.
63
Há perguntas demais neste mundo aqui de baixo, nos diz Woody Allen: de
onde viemos? para onde vamos? e o que vamos comer hoje a noite? Se,
para dois terços da humanidade, a terceira questão é a mais importante,
para nós, do Norte, os empanzinados do hiperconsumo, ela não é uma
preocupação. Consumimos carne demais, gordura demais, açúcar demais,
sal demais. Corremos o risco de sofrer de diabetes, cirrose do fígado,
colesterol e obesidade. Estaríamos melhor se fizéssemos dieta.
Esquecemos as duas outras perguntas que, menos urgentes, são contudo
mais importantes.172
171 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, 2011, p. 171-172.
172 LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno, p. XI.
64
Meio Ambiente e, portanto, para si, para a espécie humana e para pessoas que
sequer nasceram, mas que habitarão este espaço um dia.
Conforme Pimenta184:
OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
185 Dicionário Jurídico : Academia Brasileira de Letras Jurídicas / Organização J. M. Othon Sidou
...[et.al]. - 11. ed., rev. e atual. - Rio de Janeiro : Forense, 2016, p. 430.
71
Um iPhone pode, da noite para o dia, tornar-se obsoleto para uma pessoa
que está integrada na Sociedade de Consumo e que pratica o Consumismo, ante o
simples lançamento de um novo modelo. Já para uma pessoa que não pratica o
Consumismo – o chamado “consumidor falho” – aquele mesmo iPhone, dito
obsoleto, pode ser fantástico, inovador, perfeitamente útil e talvez financeiramente
inacessível.
Em outras palavras:
contemporaneidade, p. 90.
188 LATOUCHE, Serge. Hecho para tirar: La irracionalidade de la obsolescencia programada, p. 33-
Leonard190 assevera:
Como se vê, não significa dizer que o produto descartado estará, de fato,
inapto ao uso, já que muitas vezes será capaz de servir, satisfatoriamente, uma
segunda pessoa (talvez uma terceira, quarta ou quinta), que na maior parte dos
189 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 176.
190 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p.176.
73
192 SEGRELLES, José Antonio. La ecologia y el Dessarrolo sostenible frente al capitalismo: Una
contradicción insuperable. Revista Nera, ano 11, n. 13, julho/dezembro de 2008, p. 131. “O
crescimento capitalista é baseado em uma permanente criação de necessidades, muitas delas
artificiais, para sustentar a demanda de novas pessoas que o nutrem. A sociedade capitalista de
nossos dias, enraizou sua existência na produção industrial de bens de consumo de massa, bens
que exigem permanente desvalorização e são descartados para continuar fabricando novos produtos
que os substituam, num processo que poderia ser chamado de obsolescência programada.” Livre
tradução da autora.
193 LATOUCHE, Serge. Hecho para tirar: La irracionalidade de la obsolescencia programada, p. 34.
“Desde o início, o fabricante concebe o produto de forma que ele tenha uma vida útil limitada, e isso
graças à introdução sistemática de um dispositivo ad hoc. Pode ser, por exemplo, um chip eletrônico
inserido em uma impressora para bloquear após 18.000 cópias, ou uma peça frágil que deve causar
a falha do dispositivo quando a duração da garantia expirar.” Livre tradução da autora.
75
Os celulares de hoje, que têm uma vida útil média de apenas um ano,
quase nunca estão tecnicamente obsoletos quando os descartamos os
substituímos por novos. Trata-se simplesmente da ideia de “obsolescência
planejada” em ação.195
195 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 175.
196 PEREIRA, Marília do Nascimento. Consumo sustentável: a problemática da obsolescência
programada e o descarte de produtos. Revista Redes: R. Eletr. Dire. Doc., Canos, v.5, n. 2. P. 209-
220, nov. 2017, p. 217.
76
197 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 172.
198 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 174.
77
199 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 174.
200 OLIVEIRA DA SILVA, Maria Beatriz Beatriz. Obsolescência programada e teoria do
programada e o descarte de produtos. Revista Redes: R. Eletr. Dire. Doc., Canos, v.5, n. 2. P. 209-
220, nov. 2017, p. 213.
78
Conforme Latouche204:
202 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 172-173.
203 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 175.
204 LATOUCHE, Serge. Hecho para tirar: La irracionalidade de la obsolescencia programada, p. 20.
“Já em 1950, Victor Lebow, analista do mercado americano, havia entendido a lógica consumista:
Nossa economia, imensamente produtiva, exige que façamos do consumo o nosso modo de vida [...].
Precisamos que nossos objetos sejam consumidos, queimados, substituídos e lançados de acordo
com um índice em contínuo aumento.” Livre tradução da autora.
79
205 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 173-174.
206 LATOUCHE, Serge. Hecho para tirar: La irracionalidade de la obsolescencia programada, p. 21.
“Esses três ingredientes, na verdade, são necessários para que a sociedade de consumo busque sua
rodada diabólica: a publicidade cria o desejo de consumir, o crédito provê os meios e a obsolescência
programada renova a necessidade. Esses recursos da sociedade do crescimento são autênticos
indutores do crime em relação aos ecossistemas e aceleram sua destruição.” Livre tradução da
autora.
207 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 191.
80
209 PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; CALGARO, Cleide; PEREIRA, Henrique Mioranza Koppe Pereira.
Consumocentrismo e seus reflexos socioambientais na sociedade contemporânea, p. 267.
210 MAYA, Ornella Cristine. A sociedade de consumo na era digital: os desafios e paradigmas de
Annie Leonard, cientista ambiental, viajou por duas décadas com intento
de entender para onde vão as coisas que consumimos diariamente, resumindo os
resultados de sua pesquisa no vídeo “The Story of Stuff”, um fenômeno da internet e
que já foi acessado por mais de 12 milhões de pessoas em 200 países, sendo
posteriormente transformado no livro “A História das Coisas”.
212LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 22.
83
213 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 29-237.
214 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 29.
84
Segundo Leonard, cultivar algodão para uma camiseta requer 970 litros
de água. Produzir, envasar e transportar os grãos de café faz com que uma xícara
do produto demande o uso de 136 litros de água. Por fim, a produção de um carro
exige o uso de aproximadamente 150 mil litros de água.215
215 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 41.
216 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
cuja produção, a exemplo das camisetas de algodão e dos carros, exige milhares de
litros de água e toneladas de outros materiais.
Por isso, tem razão Milaré217 quando diz que a Sociedade de Consumo é
uma ameaça global:
consumimos, p. 30-31.
219 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 65.
220 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 72.
221 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 75.
222 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 75.
87
223 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 75.
224 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 75.
225 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 76.
226 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 83.
88
227 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 86.
228 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 123.
89
Muitas empresas famosas já não produzem nada por conta própria. Elas
apenas compram e etiquetam Coisas que outras fazem. A Nike não produz
sapatos. A Apple não produz computadores. A Gap não produz roupas. Elas
compram sapatos, computadores e roupas (e os componentes para fabricá-
los) de diversas fábricas ao redor do mundo. Na prática, o que acontece é
que uma mesma fábrica acaba fazendo produtos para diversas marcas
concorrentes, que se distinguem apenas quando a etiqueta é aplicada sobre
eles.”229
229 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 125.
230 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 125.
231 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 125.
90
232LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 191.
91
E eles podem chegar a 7,6 bilhões de toneladas por ano 234, dentre as
quais se inserem muitos materiais perigosos para a vida humana, bem como para a
fauna e a flora.
233 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 193.
234 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 194.
235 LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos, p. 210-221.
92
LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com
tudo que consumimos / Annie Leonard com Ariane Conrad; revisão técnica André
Piani Besserman Vianna; tradução Heloisa Mourão. – Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro, Paulo Affonso Leme
Machado. – 26. ed, rev., ampl., e atual. – São Paulo : Malheiros, 2018.
MAÑAS, José Luis Piñar. Desarrollo sostenible y protección del medio ambiente.
Civitas, 2002.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente / Édis Milaré. – 8. ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2013.
SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de; SOUZA, Greyce Kelly Antunes.
Sustentabilidade e sociedade de consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria
Cláudia da Silva Antunes de; ARMADA, Charles Alexandre de (orgs.). Teoria
Jurídica e Transnacionalidade, volume I, Itajaí, 2014.