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Aula 1 – O QUE É A UMBANDA?

1- O QUE É A UMBANDA
1.1. Umbanda: Uma Religião com seus Próprios Fundamentos
1.2. Religião e Religiosidade
1.3. Diferenças: Umbanda, Candomblé e Kardecismo
1.4. A História de Rubens Saraceni

“Um pão sempre poderá ser partido e compartilhado, de modo a saciar a


todos e gerar o novo, o respeito e a diversidade cultural entre todos os
povos! Saravá a Umbanda Sagrada! Salve!”.
Por: Jayldo Melo
Aula 1 – O QUE É A UMBANDA?

1. O QUE É A UMBANDA

1.1. Umbanda: Uma Religião com seus Próprios Fundamentos


Toda religião tem na sua teologia os conhecimentos superiores que a define,
que a amolda e a caracteriza individualizando-a entre tantas outras religiões. A
Umbanda reúne num mesmo espaço (o terreiro) o culto às divindades naturais
regentes do planeta (os Orixás) e as práticas religiosas realizadas pelos espíritos
que incorporam nos médiuns e dão consultas, orientações, esclarecem, cortam
magias negras, afastam obsessores, desmancham trabalhos feitos (despachos),
desenvolvem a mediunidade de pessoas possuidoras desse dom, falam em
nome dos Orixás(das divindades), são manifestadores de mistérios e de dons,
etc. Os guias de Umbanda são espíritos altamente preparados para assumir a
guarda de seus filhos-médiuns. Nem todos os guias de Umbanda são "guias de
lei" (espíritos já assentados à direita ou à esquerda dos senhores Orixás), mas
os que ainda não alcançaram o grau de "guias de lei" assentam-se à direita ou
à esquerda de um "guia de lei" e incorporam usando o nome simbólico que o
distingue e o individualiza, pois é o chefe de toda uma corrente espiritual ou linha
de trabalho de Umbanda Sagrada.
Um "guia de lei" de Umbanda é um atrator natural de espíritos e tanto os
acolhe em sua linha de trabalho quanto os doutrina e os assenta, dando-lhes
condições para iniciarem um trabalho junto aos seus afins encarnados. Os
fundamentos da Umbanda são:
Aceleração da evolução do ser por meio de ensinamentos doutrinários,
mediúnicos, religiosos e espiritualistas;
Função: Auxílio religioso e magístico; Culto aos Sagrados Orixás;
Integração do ser às hierarquias Naturais e Divinas; Esgotamento e
transmutação dos Karmas do ser;
Como religião, a Umbanda oferece a seus fiéis tudo o que as outras oferecem.
Como "via evolutiva", reconduz às hierarquias naturais regidas pelos Orixás os
seus filhos naturais que foram afastados de seus domínios, pois foram
conduzidos para o estágio humano da evolução.
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1.2. Religião e Religiosidade


O ser humano é, por natureza, um ser religioso que, na ausência de uma religião,
tende a sentir-se vazio, desmotivado e fragilizado e, por isso, muitas vezes, se
entrega a vícios que o depreciam.
A religiosidade refreia os instintos e desperta nas pessoas a reflexão, pois as
induz a pensar nas consequências de seus atos antes de cometê-los. Com isso,
o comportamento tempestuoso e instintivo é refreado e a razão se impõe sobre
a emoção.
Religiosidade significa a vivenciação dos princípios Divinos que regem a criação
desde que Deus deu origem a tudo.
A verdadeira religiosidade é o cultivo da fé em Deus, amor à sua criação Divina,
respeito com as criaturas e um sentimento de fraternidade com seus
semelhantes, não importando a raça, a cor ou a religião que seguem.
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A FÉ NA UMBANDA
Por Rubens Saraceni
A Umbanda é uma religião eminentemente espiritista e espiritualizadora.
Portanto, a fé professada pelos seus praticantes, médiuns em sua maioria, exige
uma crença forte em Deus e na existência do mundo espiritual que interage o
tempo todo com o plano material. Analogicamente, podemos comparar a crença
umbandista à do cristianismo, que tem em Deus o Criador Supremo (Olodumare
ou Olorum) e em Jesus o seu maior mistério (sincretizado com Oxalá). Mas, tal
como no cristianismo há as coortes de anjos, arcanjos, querubins, serafins, etc.,
na Umbanda há hierarquias de Orixás (Ogum, Xangô, Oxóssi, Iemanjá, Oxum,
Iansã, etc.) que têm funções análogas, ainda que sejam enfocadas e cultuados
segundo rituais próprios.
Para entender a fé na Umbanda é preciso mergulhar fundo em sua essência
religiosa, porque um umbandista convicto não é uma pessoa contemplativa e
interage o tempo todo com o mundo espiritual e também com o universo divino,
já que é, em si um templo vivo e através do qual os Sagrados Orixás manifestam
Suas vontades. A fé, na Umbanda, é mais que uma questão de crença. É um
verdadeiro ato de fé, pois um umbandista é o meio natural por onde a religião flui
com intensidade e mostra-se em toda a sua grandeza e divindade, ainda que de
forma simples e adaptável às condições do seu adepto.
A fé, na Umbanda, transcende e torna-se um estado de espírito através do qual
são realizadas as engiras ou sessões de atendimento das pessoas necessitadas
de auxílio espiritual e de orientação doutrinária e religiosa. Fé, na Umbanda é
sinônimo de trabalho em prol do próximo, de evolução consciencial e
transcendência espiritual para os seus adeptos e seus médiuns praticantes. A fé
é ensinada como a integração da pessoa ao seu Orixá Regente, que é sua
ligação superior com Deus, com Oludumare, o Senhor do nosso destino e da
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nossa vida. Crer em Deus e nos Seres Divinos manifestadores dos Seus
Mistérios Sagrados é natural nos umbandistas e dispensa maiores esforços
nesse sentido, já que a mediunidade é o meio mais rápido de integração com
Ele e Seus manifestadores, os Orixás.
A Umbanda é Sagrada porque é uma religião onde os mistérios de Deus têm
uma feição humanitária e estão voltados para nossa evolução e nosso amparo
espiritual, assim como de todas as pessoas que frequentam seus templos,
também denominados de tendas. Cremos em um Criador Supremo; cremos na
existência das hierarquias divinas; cremos na manifestação dos Sagrados Orixás
através da incorporação de suas vibrações mentais; cremos na existência do
mundo espiritual; cremos na interação deste mundo superior com o nosso mundo
material.
Enfim, a fé, na Umbanda é mais que uma questão de crença, é um estado de
espírito e é muito mais que o ato de crer em Deus, é o ato de realizar-se Nele,
enquanto seres espirituais gerados por Ele, o Senhor Olorum, o nosso Divino
Criador!
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1.3. Diferenças: Umbanda, Candomblé e Kardecismo


1.3.1. Umbanda / Candomblé
1.3.2. Umbanda / Kardecismo
1.3.3. Umbanda (As Quatro Correntes de Umbanda)

1.3.1. Umbanda / Candomblé

Da África: ao contrário do que muitos podem pensar, a religião na terra-mãe dos


escravos aqui aportados era e ainda é muito rica e bem diversificada, pois o
nome continente “negro” era todo dividido em nações (tribos ou povos) e cada
uma tinha seu culto voltado para uma ou mais divindades diferentes.
Para mantê-los sob controle os senhores de engenho costumavam misturar na
mesma senzala negros de várias nações, em sua maioria inimigas, tornando-os
vulneráveis, uma vez que não se entendiam e muito menos se uniam contra seus
“donos”. A rivalidade na África era tão grande que dispensava maior trabalho,
uma vez que os povos africanos se escravizavam uns aos outros e vendiam seus
prisioneiros de guerra a troco de armas e ferramentas. Depois, eles eram
revendidos a peso de ouro aqui nas Américas.
Para minorar as condições deles, foi-lhes concedida a licença para que
pudessem fazer seus toques ou batuques.
Logo os batuques se transformaram em culto religioso aos Orixás (que
predominaram na Bahia) e Voduns (aparecer no Maranhão com a casa de
Minas). Este culto não podia ser como na África, onde cada povo cultuava
panteão. Então se tocava para todos eles quando se manifestam e deixavam no
corpo e na alma de seus filhos os seus axés de amor, coragem e esperança.
Enquanto incorporados, não falavam nada, apenas se faziam sentir. Suas
mensagens vinham por intermédio do jogo de búzios. De Ifá, o Mistério da
Revelação.
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Assim sintetizando todo um trabalho complexo surgiu o Candomblé, e os Orixás
foram trazidos à nossa terra.
Diferenças entre Umbanda e candomblé
Mais simples é começarmos dizendo o que há em comum entre a Umbanda e o
Candomblé, que é a incorporação mediúnica e o culto aos Orixás, estes já
renovados pela Umbanda.
Quanto às práticas e rituais, são diferentes; enquanto na Umbanda as consultas
são feitas através dos espíritos de caboclos, pretos velhos, crianças, boiadeiros,
marinheiros, baianos, ciganos, exus, pombagiras, exus mirins e pombagiras
mirins, no Candomblé as consultas são feitas através do jogo de búziosou Ifá,
não aceitando a comunicação de espíritos (eguns), sendo portanto vetada sua
incorporação. Esta é a principal diferença, visto que as outras missões
pertinentes à atuação das entidades guias em seus trabalhos na Umbanda e aos
rituais internos do Candomblé.
Texto extraído do livro do autor “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada
- A Religião dos mistérios - Um hino de amor à vida”. - Editora Madras,
Rubens Saraceni

16 diferenças entre Umbanda e Candomblé que você ainda não


sabia
Temos semelhanças, mas não somos iguais!
Para entendermos as diferenças e possíveis semelhanças dessas duas
vertentes religiosas, vamos fazer um breve comentário sobre o contexto histórico
do Candomblé.
Na África antes e durante o processo de escravidão existia – hoje em proporções
quase nulas – o culto aos Orixás. No Continente ele acontecia como um culto
familiar e tinha relação com as regiões povoadas pelas tribos e reinos, era como
se cada território pertencesse a um Orixá.
Estima-se que existiam mais de 300 Orixás distribuídos nas mais variadas
formas de cultos.
Essas tradições foram trazidas para o Brasil pelos diversos grupos de povos
africanos e aqui passaram por processos que acabaram culminando no que hoje,
nós conhecemos como Candomblé. A religião dos cultos de nação se classifica
como uma religião afro-brasileira, pois nasce em solo brasileiro mas possui
matriz africana, buscando o resgate dos aportes religiosos e culturais africanos.
A Ekedi, Prof. e Dra. Patricia Globo explica no estudo sobre a Tradição do
Candomblé, que a crença é fruto de uma condição histórica específica,
conhecida como escravidão e que se consolidou no Brasil no mesmo processo
em que a Santeria aconteceu em Cuba e o Vodoo no Haiti.
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Nesta explicação simplificada de como a religião se estabeleceu no país, já
começamos a entender sobre suas diferenciações, tais como sua base de
fundamentação.
Veja abaixo algumas DIFERENÇAS entre Candomblé e Umbanda:
1 – Origem: Candomblé é um culto afro-brasileiro, Umbanda é uma religião
genuinamente brasileira (agrega influências dos cultos africanos, porém
incorpora outras crenças também, evocando o aspecto miscigenado do país).
2 – Orixás: Mesmo sendo duas religiões que mantém o culto aos Orixás, cada
uma trata de uma forma diferente esse culto. Orixá na Umbanda é um mistério
de Deus, para o Candomblé Orixás são ancestrais divinificados, considerados
Deuses da natureza.
3 – Espíritos: Umbanda reconhece nas entidades de trabalho, espíritos de
pessoas que desencarnaram e ao transcender atingiram o grau de mestres
espirituais, que voltam à terra (por meio da incorporação do médium) para prática
da caridade. No Candomblé mais tradicional, espírito humano que volta à terra
para a manifestação por meio de alguém encarnado é um Egun, espécie de alma
penada.
4 – Assistência: No Candomblé o atendimento das pessoas é feito por meio da
consulta de búzios, já na Umbanda o passe – benção/limpeza espiritual – e a
conversa com os espíritos através dos médiuns incorporados durante a gira, é a
maneira mais comum dos visitantes do terreiro se relacionarem com a
espiritualidade.
5 – Transe X Incorporação: No Candomblé (mais ortodoxo) espírito humano
(Egun) não pode se manifestar e o transe acontece no Ori (cabeça da pessoa).
Nessa ritualística a manifestação acontece de dentro para fora e se dá com seu
Orixá pessoal, que vem para se apresentar e dançar ao som dos atabaques. De
uma maneira geral o candomblecista não tem como prática a incorporação e a
mediunidade portanto, não é um precedente dessa religião. Na Umbanda o
transe ocorre pelo acoplamento dos chácras (Guia X Médium) a partir do 3º ou
4º corpo.
6 – Esquerda: Exu na Umbanda agrega espírito desencarnado em processo
evolutivo com graus de Magia, que remete a figura de Guardiões. No Candomblé
Exu é Orixá e Ponto.
7 – Abate de animais: Na Umbanda não se tem como prática litúrgica abate
religioso de animais, no Candomblé em determinadas datas do ano acontece as
festas dos Orixás, onde os animais serão abatidos para servir a mesa dos filhos
da casa e da comunidade que frequenta o Ilê, ademais o sangue e vísceras não
utilizados para consumo são oferecidos para os Orixás.
8 – Sincretismo Religioso: A Umbanda assume o sincretismo com a Pajelança
do índio, com o culto aos Orixás do negro africano e com a vertente Católica dos
europeus. Já o Candomblé em suas maiores expressões tem como premissa o
movimento de retirada dos santos católicos dos Ilês, em decorrência dos
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acontecimentos históricos no período da escravidão, onde movimentos de
catequisação e opressão da fé africana aconteciam veementemente no país.
9 – Ilês e Terreiros: A estrutura física dos Ilês (casa de culto do Candomblé) se
difere em muito do terreiro umbandista. No Candomblé não é característico como
na Umbanda a presença da estrutura do altar por exemplo. Na forma mais
tradicional o ilê é um salão espaçoso, que podem ser encontrados em formato
de círculo, onde no centro encontramos um pilar, chamado de ‘Ari Axé’, nesse
espaço acontece as festas públicas, onde os filhos de santo em transe com os
Orixás se apresentam para toda a comunidade. Além disso, para os Orixás,
existem também os quartos, chamados pelos adeptos de ‘pejis’.
Lá se encontram os assentamentos e é também, onde os filhos de santo em
preparação permanecem durante suas iniciações. O terreiro de Umbanda além
do altar já colocado no início do tópico, é comum que se tenha uma
fonte/cachoeira e assentamentos com imagens de Santos, Orixás e entidades.
Normalmente é de frente para o Congá (altar) que as cadeiras estarão
posicionadas, onde a corrente mediúnica e sacerdote se encontram para
palestra pública e atendimento.
10 – Iniciação: No Candomblé diz-se sobre a iniciação “dar obrigação”. Esse é
o momento que a pessoa reconhecida (normalmente pelo jogo de búzios) para
ocupar algum cargo no terreiro, escolhe se vai querer ser iniciada ou não. Na
Umbanda nós chamamos o preparo do novo médium, cambone ou ogã, de
desenvolvimento mediúnico e a forma que ele acontece pode variar de terreiro
para terreiro, normalmente apresenta-se e abre à esses, os mistérios dos
Sagrados Orixás à qual a casa cultua.
No Candomblé a iniciação normalmente implica na vivência e na reclusa (dias,
semanas ou meses) desse filho para prática e aprendizado de atividades
desenvolvidas no terreiro (cantos, comidas dos Orixás, rezas, mitos, saudações
e etc). O filho de axé irá passar por esse processo outras vezes, assim que a
iniciação tenha completado 1 ano, depois 3 anos, 5 anos e por fim 7 anos.
11 – Hierarquia: No Candomblé, antiguidade é posto, por isso os mais velhos
da religião são reverenciados pelos mais novos, esse tempo é contado pelo
tempo de iniciação (comentado acima) da pessoa. Pode ser que uma pessoa de
20 anos seja hierarquicamente mais velha que uma de 50. Na Umbanda as
hierarquias só acontecem entre os cargos, por exemplo o primeiro cargo de um
terreiro é o Pai de Santo, seguido pelos Ogãs, Cambones e Médiuns.
12 – Candomblecista e Umbandista: Na Umbanda todo mundo que frequenta
um terreiro e vive seus princípios em sua vida é umbandista. No Candomblé todo
mundo é filho de santo, mas somente os iniciados são do Candomblé.
13 – Vida pós morte: No Candomblé assim como na Umbanda, na medida de
suas diferenças de interpretações, acredita-se no retorno do espírito para a terra
após a morte. A reencarnação no Candomblé interage com o culto aos Egunguns
(ancestrais) e não tem um objetivo fundamental para que aconteça. Para o
candomblecista o retorno se dá por três fatores, 1) a vida em terra é boa, 2)
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Karmas, e 3) Missão. Na Umbanda cada vida é uma oportunidade de
aprendermos e evoluirmos, para que ao transcender possamos passar para
outro estágio de forma de vida.
14 – Vestimentas: Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, o uso do branco
é algo muito presente, entretanto, para o Umbandista tem-se o uniforme que
pode ser no modelo de saia e camiseta branca ou calça e camiseta branca,
variando para o uso de vermelho e/ou preto nas giras de Exu e Pombagira,
ademais haverá terreiro em que as entidades usam elementos como capas,
cartolas, lenços e etc, mas o uniforme padrão ainda continua sobreposto e isso
já é algo que existia na Tenda Nossa Senhora da Piedade, considerada a
primeira casa de Umbanda.
Já no Candomblé o uso de adornos (balangandãs), roupas específicas para cada
Orixá sempre trazendo muita cor e brilho, pinturas no corpo e rosto é algo da
tradição. Nessa crença, para se ter poder é preciso estar Odara. Odara na língua
iorubá é o bom e o bonito em uma mesma conjunção.
15 – Elementos: No terreiro de Umbanda é comum o uso de objetos magísticos
e sagrados, onde alguns deles como os búzios, as contas e guias, ervas,
sementes, raízes, otás (pedras), instrumentos remontam a estruturas da
ritualística africana, presente no Candomblé, entretanto em cada uma dessas
vertentes utilizam essas objetos com um fundamento e funções diferenciadas.
16 – Atabaque: No Candomblé sem música o Orixá não vem em terra, a
presença do tambor é algo extremamente importante para o ritual de transe dos
Orixás. Na Umbanda há casas que se utilizam dos atabaques para o toque dos
chamados pontos de Umbanda, que também são diferentes dos cânticos
africanos aos Orixás do Candomblé normalmente entoados na língua africana
que aquele ilê tem como vertente.
No terreiro de Zélio Fernandino de Morais, fundador da Umbanda, por exemplo,
não se fazia o uso do atabaque e os pontos eram entoados somente
acompanhados pelo vocal dos médiuns e assistência, entretanto hoje a maioria
dos terreiros umbandistas adotam os instrumentos.
Cada uma dessas religiões possui suas fundamentações, ritos e estrutura
religiosa específica e que diferem (e muito!) entre si.
Fonte: www.umbandalogia.com.br/candomble (Ekedi, Prof. e Dra. Patricia Globo)

UMBANDA É UMBANDA CANDOMBLÉ É CANDOMBLÉ!


Cada uma no seu campo de atuação! Respeite e aceite essa realidade!

“Quem não tem fé nos fundamentos de sua Religião, deve abandoná-la e firmar
seus passos na outra. Não misturem os cultos!
Se fosse para misturar, não teria qualquer sentido a Divindade fazer nascer a
Umbanda no meio”. Por Jaydo Melo
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1.3.2. Umbanda / Kardecismo

O Kardecismo é um trabalho iniciado na França com Allan Kardec (Hippolyte


Leon Denizard rivail), que codificou a doutrina espírita em cinco volumes, a
saber: O Livro dos Espíritos (abril de 1857); O Livro dos Médiuns (janeiro de
1861); O Evangelho Segundo o Espiritismo (abril de 1864); O céu e o inferno
(agosto de 1865); A Génese (janeiro de 1868).
No Brasil, o Kardecismo adquiriu maior notoriedade por meio da obra de Chico
Xavier (mais de 400 livros psicografados).
No Espiritismo Kardecista, existe todo um trabalho social voltado para
comunidade. Dentro do aspecto religioso, podemos afirmar que procuram seguir
a mensagem de Cristo, segundo a visão espírita.
Numerosíssimo hoje no Brasil, boa parte de seus esforços na doutrinação de
encarnados e desencarnados e passes mediúnicos, creem na reencarnação e
buscam na “lei do carma” a causa, em nossos atos passados, para situação em
que cada um de nós se encontra hoje, segundo nosso merecimento.
Diferenças entre Umbanda e Kardecismo
A diferença entre a Umbanda e o Kardecismo é que a primeira é um trabalho de
resgate das religiões e tradições naturais, assentado na mediunidade de
incorporação e com origem nos próprios Orixás, os quais aparecem de forma
renovada como Divindades de Deus, presentes em tudo e em todos os lugares
e, por isso, vistos como Forças de Deus na Natureza, tendo nos seres
encantados e nos espíritos sua manifestação mediúnica. A Umbanda tem muitas
faces e facetas, englobando em si muitos aspectos. E um dos que mais chamam
a atenção é sua atuação no campo da magia, visando o combate ao mal que a
muitos aflige, por conta da magia negativa manipulada pelo baixo astral. A
Umbanda, assim como o Kardecismo, tem em suas práticas um trabalho
caritativo e isento de cobranças de ordem material.
Texto extraído do livro do autor “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada
- A Religião dos mistérios - Um hino de amor à vida”. - Editora Madras,
Rubens Saraceni

“Algumas diferenças vivenciadas na prática”.


Por Jayldo Melo

A grande maioria das pessoas que não tem conhecimento da doutrina espírita e
da umbanda, acham que ambas são a mesma coisa, mas estão completamente
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enganados. Elas têm o espírito o cerne de suas questões doutrinárias, porém,
enumeramos as diferenças delas abaixo:
Pontos em comum entre ambas:
São espiritualistas;
As duas acreditam em Deus;
Ocorrem fenômenos mediúnicos;
Aceitam reencarnação;
Praticam a caridade;
Exigem o estudo dos praticantes.

Pontos em que ocorre a diferença:


O Espiritismo não admite uso de imagens. Já na Umbanda tem imagens
firmadas e assentadas em seus altares;
O Espiritismo não tem culto voltado para a natureza. Já na Umbanda
ocorre e é a base fundamental de sua realização (os Mistérios Naturais
de Deus;
Espiritismo não cultura os Orixás. Os Orixás e os seus poderes, que são
Mistérios de Deus, são em si o sustentáculos dos Mistérios Religiosos e
Magísticos de Umbanda.
Espiritismo rege por um corpo de doutrina homogênea, codificada por
Allan Kardec. A Umbanda não se rege por essa doutrina e tem
fundamentos próprios, diversificando-se e unificando-a.
Espiritismo não tem sinais cabalísticos nem símbolos. Um dos pilares
sustentadores dos Mistérios de Umbanda é a Geometria Divina, com a
qual os Guias Mestres riscam o que conhecemos como os “pontos
riscados” Ligados aos Mistérios e poderes dos Orixás.
Espiritismo não prescreve qualquer forma de parâmetro nem comporta o
formalismo de funções sacerdotais. Já a Umbanda é religião e tem toda
uma ritualística que deve ser muito bem estudada e conhecida pelos seus
praticantes.
Mas de qualquer forma, ambas têm suas vantagens e são válidas para a
evolução do espírito. Acredito que devemos conhecer de tudo um pouco e não
ter preconceito contra nenhum tipo de religiosidade. Não julguemos para não
sermos julgados, como diria Jesus, em sua infinita sabedoria. Todas as doutrinas
são valiosas e servem de consolo diante das dificuldades.

1.3.3. Umbanda (As Quatro Correntes de Umbanda)


Se a Umbanda é uma religião nova, seus valores religiosos fundamentais são
ancestrais e foram herdados de culturas religiosas anteriores ao Cristianismo.
A Umbanda tem na sua base de informação os cultos afros, os cultos nativos, a
doutrina espírita kardecista, a religião católica e um pouco da religião oriental
(budismo e hinduísmo) e também da magia, pois é uma religião magística por
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excelência o que a distingue e a honra, porque dentro dos seus templos a magia
é combatida e anulada pelos espíritos que neles se manifestam incorporando
nos seus médiuns.
Dos elementos formadores das bases da Umbanda surgiram as suas principais
correntes religiosas, as quais interpretamos assim:
1ª Corrente: Formada pelos espíritos nativos que aqui viviam antes da chegada
dos estrangeiros conquistadores. Esses espíritos já conheciam o fenômeno da
mediunidade de incorporação, pois o xamanismo multimilenar já era praticado
pelos seus pajés em suas cerimônias. Eles já acreditavam na imortalidade do
espírito, na existência do mundo sobrenatural e na capacidade de “os mortos”
interferirem na vida dos encarnados. Também acreditavam na existência de
divindades associadas a aspectos da natureza e da Criação Divina. Tinham um
panteão ao qual temiam, respeitavam e recorriam sempre que se sentiam
ameaçados pela natureza, pelos inimigos ou pelo mundo sobrenatural. Também
acreditavam na existência de espíritos malignos e de demônios infernais, mas
sem a elaboração da religião cristã que aqui se estabeleceu.
2ª Corrente: Os cultos de nação africana, sem contato com os nativos
brasileiros, tinham essas mesmas crenças, só que mais elaboradas e muito bem
definidas. Seus sacerdotes praticavam rituais e magias para equilibrar as
influências do mundo sobrenatural sobre o mundo terreno e também para
equilibrar as pessoas.
Acreditavam na imortalidade dos espíritos e no poder deles sobre os
encarnados, chegando mesmo a criar um culto para eles (o culto de egungum
dos povos nigerianos).
Também cultuavam os ancestrais por meios de ritos elaboradíssimos e que
perduram até hoje, pois são um dos pilares de suas crenças religiosas.
Sua cultura era transmitida oralmente de pai para filho, na forma de lendas,
preservando conhecimentos muito antigos, como a criação do mundo, dos
homens e até eventos análogos ao dilúvio bíblico.
A Umbanda herdou dos cultos de nação afro o seu vasto panteão Divino e tem
no culto às divindades de Deus um dos seus fundamentos religiosos, tendo
desenvolvido rituais próprios do religamento do encarnado com sua divindade.
O panteão Divino dos cultos afros era pontificado por um Ser Supremo e
povoado por divindades quês são os executores e manifestadores Dele junto aos
seres humanos, assim como são seus auxiliares Divinos que o ajudaram na
concretização do mundo material, demonstrando-nos que, de forma simples,
tinham uma noção exata, ainda que limitada por fatores culturais, da forma como
se nos mostra Deus e seu universo Divino.
3ª Corrente: Formada pelos kardecistas de mesa, que incorporavam espíritos
de índios, de ex escravos negros, de orientais, etc. Criaram a corrente
denominada “Umbanda Branca”, nos moldes espíritas, mas na qual aceitavam a
manifestação de caboclos, pretos-velhos e crianças.
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Esta corrente pode ser descrita como um meio termo entre o espiritismo, os
cultos nativos e os afros, pois se fundamenta na doutrina cristã, mas cultua
valores religiosos herdados dos índios e negros.
Não abre seus cultos com cantos e atabaques, mas sim com orações a Jesus
Cristo. As suas sessões são mais próximas dos kardecistas que das
umbandistas genuínas, que usam cantos, palmas e atabaques. Seus membros
se identificam como Espíritas de Umbanda.
4ª Corrente: A magia é comum a toda a humanidade e as pessoas recorrem a
ela sempre que se sentem ameaçadas por fatores desconhecidos ou pelo mundo
sobrenatural, principalmente pela atuação de espíritos malignos e por processos
de magia negra ou negativa.
Dentro da Umbanda, o uso da magia branca ou magia positiva se disseminou de
forma tão abrangente que se tornou parte da religião, sendo impossível separar
os trabalhos religiosos espirituais puros dos trabalhos espirituais mágicos.
Muitas pessoas desconhecem a magia classificada como magia religiosa. Mas
esta nada mais é que a fusão da religião com a magia.
Estas são as principais correntes religiosas e doutrinarias que formam as bases
da Umbanda. E isso sem falarmos do sincretismo religioso, pela qual a religião
católica nos forneceu as suas imagens que, colocadas em nossos altares,
facilitaram o processo de transição de católicos para a Umbanda.
A estrutura religiosa espiritual da Umbanda já está pronta e só falta ser
estruturada aqui, no plano material, para dar-lhe uma feição uniforme, quando
seus valores religiosos e seus fundamentos Divinos serão definitivos, deixando
de mudar ao sabor das suas correntes mais expressivas.
Os mensageiros espirituais nos alertam que esta estruturação deve ser feita de
forma lenta e muito bem pensada. Nós temos certeza de que no futuro a
Umbanda terá uma feição religiosa muito bem definida, pois suas correntes
formadoras se unificarão e se uniformizarão, fortalecendo a Umbanda como
religião.
Texto extraído do livro do autor “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada
- A Religião dos mistérios - Um hino de amor à vida”. - Editora Madras,
Rubens Saraceni

“UMBANDA É UMBANDA
Umbanda não é Candomblé
Umbanda não é Espiritismo
Umbanda não é Catolicismo
Umbanda não é Xamanismo
Umbanda não é Budismo
Umbanda não é Quimbanda
Umbanda não é Feitiçaria
Aula 1 – O QUE É A UMBANDA?
Umbanda não é Mironga de senzala
Na Umbanda você umbandista e não tem como fugir disso. Renegue e
serás renegado(a)!
A Umbanda, como toda e qualquer religião em seu início, se espelhou nessas
religiosidades apenas para nascer, mas firmou-se e possui fundamentos
próprios que a individualizaram e a modelaram em todos sentidos.
Umbanda é única em todo o universo e tem fundamentos proprios. É preciso se
preparar estudando-a!
É preciso despertar o AMOR AO PRÓXIMO para vivenciar a Umbanda em si.”
Jaydo Melo
Aula 1 – O QUE É A UMBANDA?

1.4 . A História de Rubens Saraceni

Escritor Rubens Saraceni na Umbanda


Rubens Saraceni, homem simples, tranquilo e de sorriso fácil, é até hoje o autor
umbandista mais lido no Brasil. Foi Sacerdote Umbandista, criou o Colégio de
Umbanda Sagrada ''Pai Benedito de Aruanda" onde ministrou cursos de
desenvolvimento mediúnico, teologia e sacerdócio, por meio dos quais se
formaram adeptos, dirigentes e ministrantes do ensino religioso umbandista.
Pai Rubens Saraceni também foi mestre de Magia Divina e idealizador do
Colégio Tradição de Magia Divina, pôde iniciar mais de dez mil praticantes da
Arte Real, num curto período de dez anos.
Manteve o programa Magia da Vida pela Rádio Mundial. Em suas atividades ''de
terreiro '', ao lado de sua esposa Alzira Saraceni e das Filhas Graziela e Stela,
cuidou de mais de 500 médiuns recebendo semanalmente uma média de 1.500
"consulentes” frequentadores de seu templo.

Nascimento de Rubens Saraceni

Nasceu no município paulista de Osvaldo Cruz, em 18 de outubro de 1951, foi


batizado e crismado no catolicismo. Cresceu em ambiente rural, no qual
aprendeu com sua avó e sua mãe a benzer e fazer rezas que curavam as
pessoas da região. Em 1963, mudou-se para a Vila Matilde na cidade de São
Paulo, onde, ao lado de sua residência havia um "Centro de Umbanda'' em que
teve o primeiro contato com a religião

Início de Rubens Saraceni na Umbanda

Anos mais tarde, viria a participar de um Centro Espírita sob a direção do Sr.
Francisco, ''Seu Chico", tio de sua cunhada. Rubens revela que a primeira
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entidade a se manifestar, por meio de sua mediunidade na "mesa branca" foi
Exu, ou melhor, o seu ''querido Exu Cascavel", apontando qual seria o seu
caminho dentro da espiritualidade.
Passou a trabalhar mediunicamente no Centro de Umbanda de Ogum Megê 7
Espadas, dirigido pela saudosa sacerdotisa Olga de Barros, filha espiritual do
saudoso Pai Jaú, precursor da Umbanda paulista.
Já pelos idos de 1983, por orientação de seus mentores, deu início aos trabalhos
de Umbanda em sua própria residência, que logo se tornou um terreiro devido
ao número de pessoas que o procuravam para se desenvolver mediunicamente
e centenas de consulentes em busca de uma orientação espiritual.

Primeiro Terreiro de Rubens Saraceni

Fundou-se a Tenda de Umbanda Ogum Beira Mar e Pai João da Mina. Nesse
momento as responsabilidades aumentaram, levando-o ao encontro de Pai
Ronaldo Linares, com a intenção de federar-se a FUGABC - Federação
Umbandista do Grande ABC.
Pai Ronaldo, presidente dessa federação, recomendou, além da filiação, o Curso
de Dirigentes de Terreiro e Sacerdócio ministrado por ele com auxílio de Baba
Esmeralda, Baba Dirce e Pai Diamantino Trindade entre outros. Desde 1987
Rubens Saraceni foi filho espiritual de Ronaldo Linares.

Primeiras Psicografias de Rubens Saraceni

Começou a psicografar no ano de 1990, e em 1992 Pai Benedito de Aruanda


pediu que "fechasse para o externo e abrisse para o interno”, pois daria início a
uma nova missão. Mudou-se para Uberlândia, dedicando todo seu tempo livre a
esta nova atividade, a psicografia umbandista.

Seu filho espiritual, Pai Nilson, preparado por Rubens Saraceni nesse primeiro
período de caminhada umbandista, mantém até hoje os trabalhos da tenda
fundada por ele naquela época.

O Primeiro livro publicado por Rubens Saraceni

Em 1991, Rubens publicou seu primeiro título, por conta própria, Hash-Meir – O
Guardião dos Sete Portais. Em 1995, volta a São Paulo com mais seis títulos
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publicados (O Guardião da Meia-Noite, O Cavaleiro da Estrela Guia, O Ancestral
Místico, Diálogo com um Executor e Umbanda – O Ritual do Culto a Natureza),
trazendo na bagagem mais de 60 títulos que esperam cada um deles, a hora
certa de vir ao público.
Esses primeiros títulos causaram grande impacto na comunidade umbandista e
espiritualista em geral, especialmente “O Guardião da Meia Noite” que conta de
forma romanceada, a história de um Exu Guardião, mostrando sua encarnação,
desencarne, queda e ascensão no astral, assentando-se nas Linhas de Lei da
Umbanda.
Podemos dividir sua literatura entre livros romanceados, doutrinários e de magia
divina, a maioria deles publicados pela Madras Editora.
Entre os romances, encontramos um conjunto de títulos voltados ao
esclarecimento do que é o Guardião na Umbanda, revelando Mestres do Astral
que estão para além do tempo e do espaço umbandista. Participaram da criação
da Umbanda no astral e nela permanecem e se manifestam por opção,
acompanhando médiuns e templos dedicados a "prática do espírito para a
caridade", como diria o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Alguns romances demonstram a forma de trabalhar das entidades de Umbanda
no mundo dos espíritos e outros apresentam contos que não se relacionam
diretamente com a Umbanda, mas com diferentes encarnações de entidades
que hoje militam nesta religião. O objetivo é apresentar histórias de vida que
possam nos ajudar na condução de nossas vidas frente às dificuldades.

Rubens Saraceni e a Teologia de Umbanda Sagrada

Muitos umbandistas o procuraram com a intenção de entender melhor a


Umbanda e beber na fonte dos ensinamentos, transmitidos por seus mentores
via psicografia. Nesse momento, Pai Benedito de Aruanda esclareceu uma outra
parte de sua missão: levar o conhecimento e o preparo necessário para aqueles
que viessem ao seu encontro com este objetivo: estudar a religião de Umbanda
de uma forma teórica.
Foi iniciado o estudo teológico umbandista, sob a orientação do astral, com
objetivo de criar uma consciência teológica umbandista, para um entendimento
mais amplo da mesma enquanto religião. Esse estudo não visou formatar ou
ensinar como devem ser os trabalhos espirituais, e sim a revelação dos mistérios
ocultos nestas práticas aparentemente simples de Umbanda, fundamentada em
uma ciência divina que dá sentido a cada um dos elementos em sua liturgia.
Em 1996, começou a ministrar o Curso de Teologia de Umbanda Sagrada, na
garagem de sua casa, mesmo espaço onde recomeçou o atendimento
mediúnico, junto a um pequeno grupo de médiuns que se disponibilizou para
colaborar nesta tarefa. Costumava dizer que não era um terreiro ainda, mas
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apenas um trabalho assistencial realizado a pedido de seu caboclo; o Sr. Arranca
Toco.

Rubens Saraceni e a Magia Divina

Costumava atender cerca de 300 pessoas semanalmente, nesse espaço


limitado. Mesmo nos dias de aula, centenas de alunos se aglomeravam para
ouvi-lo e no final lhe pediam auxílio para este ou aquele problema. Boa parte
desses alunos reclamava de demandas espirituais, trabalhos feitos ou situações
em que percebiam uma influência negativa em suas vidas. Alguns alunos eram
convidados a vir nos dias de atendimento espiritual; esporadicamente, alguma
entidade se manifestava fora desses dias prescritos; no entanto, quando se fazia
necessário, Rubens atendia com Pontos Riscados e Mandalas feitas com
pemba, velas, ervas e pedras.
Já era um trabalho de Magia que vinha praticando além da Umbanda. Seu
mentor, o Mestre Seiman Hamiser-yê, vinha preparando-o havia anos para a
abertura da Magia Divina no Plano Material. Riscava espaços mágicos, muito
semelhantes aos de Umbanda, com símbolos conhecidos e outras vezes
desconhecidos a nós. Acendia as velas, e ajoelhado fazia uma espécie de prece
ou invocação que dava vida a esta magia. Colocava o aluno dentro de tal espaço,
onde se realiza um procedimento para a limpeza espiritual, descarga de energias
negativas, corte de ligações nocivas, atração de bons fluidos, etc. A curiosidade
sobre tal prática era muito grande, mas apenas em 1999, recebeu autorização
de iniciar outras pessoas em Magia Divina, começando pela Magia do Fogo.

Expansão dos conhecimentos de Rubens Saraceni

Rubens, nesse período, começou a viajar ao interior para ministrar Teologia de


Umbanda e da Magia do Fogo. Com o primeiro curso, os alunos se sentiam
seguros e esclarecidos com relação a Umbanda, e com o segundo se
capacitavam para descarregar pessoas e ambientes, cortar e neutralizar magias
negativas, mesmo quando desincorporados, facilitando uma maior desenvoltura
espiritual e tranquilidade ao lidar com os choques e demandas tão característicos
na Umbanda.
Tão logo se estabeleceu na Zona Leste, no bairro do Belenzinho, os trabalhos
mediúnicos e os cursos continuaram a se expandir, atraindo e preparando novos
adeptos, simpatizantes, médiuns e sacerdotes para a Religião de Umbanda.
Com o tempo, prosseguiu nos estudos de Magia Divina abrindo ao Plano Material
outros graus de Magia, como Magia das Pedras, Ervas, Anjos, Gênios,
Elementais, Cores, Conchas, Raios, Mantos, Espadas, Giros, Eixos, Símbolos e
Pós.
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Rubens Saraceni e a Madras Editora

Graças a um trabalho árduo, dedicação e determinação, em parceria com a


Madras Editora e seu presidente Wagner Veneziani Costa, a literatura
umbandista passou a ser vista com outros olhos. Hoje encontramos títulos de
Umbanda nas grandes livrarias e mais médiuns de Umbanda vêm se dedicando
à psicografia. O interesse pelo estudo teórico e prático da religião vem
crescendo, o que é fundamental para a expansão da religião, a conquista de
novos espaços e do respeito da sociedade em geral.

Fundação da AUEESP e morte de Rubens Saraceni

Fundou a AUEESP - Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São


Paulo , cujo objetivo é reunir os templos que atuam com a Umbanda Sagrada e
ensinamentos de Rubens Saraceni.
Fumante desde os 20 anos de idade, largou o vício após o diagnóstico de câncer.
Veio a desencarnar no dia 09 de março de 2015, Rubens Saraceni morreu aos
63 anos devido a um enfisema pulmonar.
A postura de Rubens Saraceni foi ímpar e seu trabalho, exemplar. Como pai de
família, sabe-se o quanto se abdicou para se dedicar religião, e como pessoa
concentrou esforços “sobre humanos” para a realização das tarefas por ele
assumidas, dentro e fora da Religião.

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