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Curso: Doutrina de Umbanda – Aula 4

Facilitador: Filipi Brasil


Umbanda: diferenças e semelhanças
Hoje abordaremos a pluralidade das
religiões e cultos afro-brasileiros e
espiritualistas que por vezes,
antecederam e se mesclam a nossa
Umbanda.

O objetivo é analisarmos as religiões


de forma comparada, a fim de
compreendermos com clareza a
nossa Umbanda.

Lembrando que: “Umbanda é a


manifestação do espírito para a
prática da caridade”.
Candomblé
O candomblé é uma religião de origem afro-brasileira, trazida pelos negros de diferentes etnias que
difundiram a cultura nagô-iorubá e o culto aos Orixás. A religião conseguiu se manter durante o período da
escravatura, se adaptando as terras brasileiras até os dias de hoje.

O panteão dos deuses africanos era formado por


centenas de Orixás, sendo que o culto no Brasil se
restringiu a cerca de dezesseis divindades.

O culto era realizado por regiões, como, por exemplo,


em Oyó, que era realizado o culto Xangô e Iansã. Já
em Ketu, o culto a Oxóssi. Em Ijexá, o culto a Oxum.
Porém, existindo a peculiaridade que o Orixá Exu era
cultuado em todas as nações.

As diferentes culturas e etnias exerceram influências


conforme a localidade em que viveram no Brasil.
Candomblé
O candomblé tem uma ritualística própria (ex.: cores dos Orixás), pautada em uma hierarquia, costumes
bem delineados e alguns ritos apenas para iniciados.

Nas iniciações - feitura de santo do candomblé, é


realizado com os yaôs (iniciados) o ritual da
raspagem, no qual os cabelos são raspados como
simbolismo do nascimento para a religião.

O jogo de búzios, o merindilogun, é um oráculo


no qual os Orixás se comunicam e são
ministradas as consultas.

Diferente da Umbanda, na maioria das nações


do candomblé, os iniciados só trabalham com o
Orixá de frente e o Erê, que é responsável em
trazer os recados dos Orixás.
Batuque

O batuque é uma religião afro-brasileira,


praticada no Rio Grande do Sul,
caracterizada pelo culto aos Orixás,
Inquinces e Voduns. Também detendo ritos
iniciáticos, sacralização animal, cânticos em
dialeto africano e jogo de búzios.

As casas de batuque cultuam as seguintes


divindades: Bara, Ogum, Odé, Otim, Iansã,
Beji, Obá, Xangô, Ossanha, Xapanã, Oxum,
Iemanjá, Nanã, Oxalá
Culto a Ifá

O culto a Ifá convencionou-se chamar de Religião


Tradicional Iorubá. É oriundo da Nigéria, todavia,
também encontrado no Benin e Brasil

Ifá é considerado o porta voz de Orumilá e dos


Orixás. Os sacerdotes dessa religião são
chamados de Babalaô e Iyanifá e esses usam os
seguintes sistemas divinatórios: Ikin Ifá
(sementes sagradas de Ifá) e Opelé Ifá.

O oráculo de Ifá traz explicações através dos odus


(destino) que funcionam como presságio, visando
a transformação do indivíduo pela renovação do
axé através da realização dos ebós.
Espiritismo
O espiritismo surgiu no século XIX, na Europa, antecedido pelo fenômeno das mesas girantes, que chamou a
atenção de alguns cientistas da época, tais como Pestalozzi e Hippolyte Leon Denizard Rivail.

Rivail, pedagogo francês, não se convenceu de imediato e resolveu


pesquisar metodologicamente os eventos até que constatou a presença
de espíritos entre os homens. Rivail fez centenas de perguntas aos
espíritos embasadas na razão. Assim nasceu o Livro dos Espíritos, no
qual Rivail adotou o pseudônimo de Allan Kardec.

A doutrina sistematizada e codificada por Kardec tem a base cientifica,


religiosa e filosófica. Desta forma, Kardec alicerçou a religião espírita sob
os pilares do pentateuco:
Livros dos Espíritos – 1857
Livro dos Médiuns - 1861
Evangelho Segundo o Espiritismo – 1864
O Céu e o Inferno – 1865
A Gênese - 1868
Espiritismo X Umbanda

Umbanda Espiritismo
• A Umbanda tem rituais (oferendas, casamento, batismo
• No espiritismo não há rituais;
etc.);

• Na Umbanda é realizada a consulta com guias espirituais; • No espiritismo não há rituais;

• A Umbanda não tem uma sistematização do seu rito, o • Já o espiritismo, segue uma doutrina pautada nos
sacerdote seguirá as influências do seu desenvolvimento ensinamentos de Kardec e as casas são regidas por uma
espiritual e raíz; autarquia – a FEB;
• Na Umbanda utilizamos elementos ritualísticos (vela, fumo,
• No espiritismo não há rituais.
bebidas, imagens, vestimos o branco etc.);

Cabe frisar que o Espiritismo e a Umbanda são religiões distintas e que é incorreto usar o termo popular “espirita
umbandista”.
Cabula
Culto afro-religioso, quase extinto, praticado no
estado de Espírito Santo, no final do séc. XIX.

A reunião dos cabulistas era denominada como


“Mesa”, sendo dirigida pelo “Embanda” e com
auxílio do “Cambono”.

Os iniciados no culto eram chamados de


“Camanás”, enquanto a prática ritualística era
conhecida como “Engira” que ocorria em locais
afastados, na mata, devido a perseguição religiosa.

Nesta prática, não se identifica o culto a


divindades (ex.: Orixás etc.). Todavia, as entidades
que se manifestavam eram chamadas de “Tatá”
(ex.: Tatá Rompe Serra, “Tatá Flor da Calunga,
“Tatá Guerreiro etc.).
Calundu
O calundu é a pratica espiritual preconizada por
Luiza Pinta, negra angolana, escravizada, trazida
para terras brasileiras no séc. XVIII.

Luiza Pinta viveu em Sabará - MG, onde conseguiu


sua alforria, exercendo o culto do Calundu, que se
caracterizava através de trabalhos de cura
espiritual, manifestações e comunicações
espirituais.

A médium foi denunciada a Santa Inquisição sendo


levada para Lisboa e condenada. Por dois anos foi
submetida a inúmeras humilhações, depois
relegada ao degredo na região do Algarve, não se
tendo mais notícias dela.
Catimbó
O Catimbó, também conhecido como “Jurema Sagrada”, “Ciência dos Encantados” ou a “Linha dos Mestres
da Jurema”, surgiu no nordeste, sendo uma religião muito forte em Pernambuco e na Paraíba. Na Paraíba
existe a “cidade dos catimbozeiros”, que se chama Alhandra.

A religião do Catimbó surge do encontro da cultura


indígena, da cultura europeia (catolicismo) e dos
negros.

A Jurema Sagrada traz fortemente influencias da


pajelança cabocla, das orações e o culto dos santos
católicos, da feitiçaria europeia e dos negros.

No culto da Jurema é usada uma erva de poder do


mesmo nome que quando ingerida gera estado
alterado de consciência.
Catimbó
Um dos principais instrumentos da Jurema Sagrada é o cachimbo de angico e o chocalho (maraca) que
tem o simbolismo:
“...o cabo da maraca simboliza o eterno masculino, a
cabaça simboliza o eterno feminino e as sementes que tem
dentro dela, simbolizam as forças da natureza, as estrelas
do céu, a presença das divindades, dos espíritos e os
desenhos em torno dela representam o encontro dessas
forças de dentro pra fora, de fora pra dentro, o toque da
maraca é considerado um toque de movimentação de
energia, de força e de poder.” – Alexandre Cumino.

O ritual do Catimbó muito se assemelha à Umbanda e aos


nossos fundamentos.
Os espíritos trabalhadores nesta religião são chamados de Mestres: José Pelintra; Tupinambá, Maria
Padilha, Zé Bebinho, Jardecina, Malunguinho, Zé dos Cocos, Teresa Légua, Catarina, Carlos, Bem-Te-Vi,
Tertuliano etc.
Quimbanda
Quimbanda é uma palavra é oriunda da Angola que designa aquele que pratica a cura - o xamã, o feiticeiro,
o doutor, o mago, o sacerdote.

No Brasil, a Quimbanda foi associada a linha da


esquerda da Umbanda, ao trabalho de Exu e
Pomba Gira, pois no inicio da nossa religião, muitas
casas não cultuavam os Exus.

Os trabalhos na Quimbanda são em sua maioria


conduzidos por Exus, Pomba Giras, Malandros,
tendo também a presença de Caboclos
Quimbandeiros (ex.: Pantera Negra) e Pretos
Velhos que trabalham cortando feitiços conjugados
com Exu.
Tambor de Mina:

Tambor de Mina – é uma religião praticada no


Maranhão que se estende a outros estados do
norte e nordeste.

Tem uma linhagem Jeje, aonde se cultuam os


voduns e uma linhagem nagô, onde a o culto
aos orixás e aos encantados.

Detém, estreita ligação com a cultura e os


folguedos populares, como, a festa do Divino
Espírito Santo, Tambor de Crioula, Bumba-
meu-boi etc.
Terecô

Terecô – religião afro-brasileira, também


conhecida como tambor da mata, tambor de
caboclo etc., tradicional na cidade de Codó –
MA. Ficou afamada através do médium Mestre
Bita do Barão.

O culto é composto por entidades oriundas do


Candomblé de Caboclo, da Umbanda, do
Tambor de Minas, Babaçuê, Jarê, Encantaria
etc. As cantigas dessa religião são chamadas de
doutrina.
Alguns outros Cultos:

Babaçuê – religião afro-brasileira sincrética,


com influências da pajelança amazônica, do
culto de Orixás e Voduns, do candomblé de
caboclo, do Xangô de Pernambuco, do
catimbó, praticada nos estados do norte e
nordeste. Os cânticos dessa religião também
são chamados de doutrina.

Xangô de Pernambuco – religião afro-


brasileira, regional do nordeste brasileiro, onde
é realizado o culto aos orixás.
Literatura Indicada
“É a força que nos dá vida”

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